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Exemplo – Icms Normal e com subst. tributária Uma venda de R$20.000,00, tributada com ICMS de 18%, é composta da seguinte maneira: (+) Preço de venda dos produtos: R$16.000,00 (+) Frete e seguro: R$2.000,00 (-) Descontos concedidos: (R$500,00) (+) IPI: 2.500,00 Total da nota: R$20.000,00 Base de cálculo do ICMS: R$17.500,00 ICMS 18%: R$3.150,00 (ICMS próprio) Ainda de acordo com o exemplo acima, caso essa mercadoria esteja sujeita à Substituição Tributária com MVA de 40% e ICMS de 18%, o cálculo será: Exemplo: BASE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA (+) Preço de venda R$16.000,00 (+) Frete e seguro R$2.000,00 (+) IPI R$2.500 BASE PARA APLICAÇÃO MVA = R$20.500,00 Margem MVA (40%): R$8.200,00 Basa da Substituição: R$28.700,00 (R$20.500,00 + R$8.200,00) ICMS total: R$5.166,00 ICMS ST (ICMS TOTAL menos ICMS PRÓPRIO) = R$2.016,00 (R$5.166,00 - R$3.150,00) Exemplo prático A Cia. Porto Belo, que comercializa produtos diversos, está submetida ao regime de tributação de lucro presumido. Em janeiro do ano 1, a empresa apresentou os seguintes resultados em suas contas: (+) Receita com venda de mercadorias: R$600.000,00 (80% tributada normalmente =480.000,00) (–) Devolução de vendas: R$15.000,00 (–) Descontos incondicionais concedidos: R$10.000,00 (–) Descontos financeiros concedidos: R$7.000,00 (+) Receitas financeiras: R$8.000,00 Observação: 20% das vendas realizadas pela Cia. Porto Belo são de produtos com tributação monofásica. E as devoluções e os descontos são de produtos tributados normalmente. Vamos aos cálculos: Cálculo do PIS/PASEP e da COFINS Total de receitas (Tributadas normalmente) 80% do total: R$480.000,00 (–) Devolução de vendas: (R$15.000,00) (–) Descontos incondicionais concedidos: (R$10.000,00) Base de cálculo PIS/PASEP e COFINS: R$455.000,00 PI/PASEP (0,65%) = R$2.957,50 COFINS (3%) = R$13.650,00 ISSQN: Exemplo Suponha que, durante o mês de janeiro do ano X1, a empresa de consultoria Beta prestou serviços no valor de R$100.000,00. A alíquota do ISS a que esse serviço está sujeito é de 3%. O valor de ISS devido é de R$3.000,00. Os lançamentos contábeis serão: Débito: Ativo circulante (Contas a receber de clientes) = R$100.000,00 Crédito: Contas de resultado (Receita Bruta de Serviços) = R$100.000,00 Débito: Deduções da receita bruta (Impostos incidentes sobre serviços) = R$3.000,00 Crédito: Passivo circulante (ISS a recolher) = R$3.000,00 Nas situações em que o contribuinte apresentar o ISS retido na fonte, é preciso ter atenção ao registro contábil correto, pois, além de incorrer em um erro de registro, também pode impactar na base de cálculo de outros tributos, como PIS/PASEP e COFINS. Para compreender o assunto, veja o exemplo a seguir. Exemplo A Cia. Gama é uma empresa prestadora de serviços sujeita à alíquota de 5% de ISS e à determinação de retenção na fonte pela legislação municipal. A empresa prestou um serviço no valor de R$1.000,00. Os lançamentos contábeis serão: Cálculo do ISS devido: 5% de R$1.000,00 = R$50,00 Débito: Ativo (contas a receber) = R$950,00 Débito: Ativo (ISS a compensar) = R$50,00 Crédito: Contas de resultado (Receita de serviços) = R$1.000,00 Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) Apresentação e aspectos históricos Na primeira Constituição republicana (1981), o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), antes denominado “Imposto de Indústrias e Profissões”, era um tributo estadual. Passou a ser de responsabilidade dos Municípios a partir de 1934. Atualmente, encontra-se previsto no inciso III do art. 156 da CF/1988, de acordo com o qual “Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II [...]”, ou seja, serviços inerentes ao ICMS. O ISSQN encontra-se, em âmbito federal, regulamentado pela Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Conceitos Hipótese de incidência e fato gerador A hipótese de incidência do ISSQN ou ISS é a prestação de serviços de qualquer natureza (exceto os serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação – que são fatos geradores do ICMS). Dessa maneira, o fato gerador é prestar tais serviços. Também recai ISSQN sobre serviços iniciados ou provenientes do exterior, hipóteses em que o responsável será, respectivamente, o prestador do serviço e o tomador do serviço. Saiba mais: Observe que, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF) – AI nº 84.008-8 ED-AgR/DF –, o fato gerador do ISS acontece quando, efetivamente, ocorre a prestação do serviço, e não quando se contrata tal prestação. Em outras palavras, o momento da incidência do imposto acontece quando ocorre seu fato gerador, ou seja, o ISS é devido no momento da prestação do serviço. A LC nº 116/2003 excluiu da incidência do ISS as exportações de serviços. O ISS também não incide em serviços com relação de emprego, em serviços com valor intermediado no mercado financeiro e em serviços de locação de bens. Alíquota Por se tratar de um tributo de competência municipal, os municípios e o Distrito Federal determinam a alíquota do ISS. Mas existe a determinação de limites. Nos termos do art. 8º da LC nº 116/2003, a alíquota máxima do ISS é de 5%. E sua alíquota mínima é de 2%, conforme o artigo 88 do ADCT, com redação dada pela EC 3 de 12/06/2002. Base de cálculo A base de cálculo do ISS é o preço do serviço prestado, compreendido como o valor total cobrado na prestação do serviço, sem qualquer dedução. O ISS, portanto, incide sobre a receita bruta. Por exemplo, imagine uma empresa que preste um serviço técnico e cobre do cliente R$1.000,00 por esse serviço. A base de cálculo do ISS será esse valor cobrado do cliente. Se a alíquota do ISS para esse serviço técnico for de 3%, então, o tributo devido será R$30,00. Contribuinte e responsável O contribuinte do ISS é o prestador do serviço. Contudo, a legislação possibilita que os municípios e o Distrito Federal atribuam, mediante lei, a responsabilidade pelo crédito tributário à terceira pessoa que seja vinculada diretamente ao fato gerador do imposto. Assim, o responsável passa a ser obrigado a reter na fonte o ISS devido da operação. Sua obrigação não se finaliza com o recolhimento do valor integral do ISS, no prazo fixado na lei municipal. Além disso, ele terá de recolher as multas e os acréscimos legais quando devidos. Local da prestação do serviço A legislação federal estabelece que o ISS deve ser recolhido no local do estabelecimento ou, diante de sua falta, no domicílio do prestador do serviço. Existem algumas hipóteses previstas no art. 3º da LC no 116/2003 que modificam o local de recolhimento do tributo. Nesses casos, o imposto é devido, por exemplo, no local: “do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado” (inciso I); “da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas” (inciso II); “da execução da obra” (inciso III); “da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo” (inciso VI); “da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores” (inciso VIII); “do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem” (inciso XVII); “da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres” (inciso XVIII). Os serviços não destacados na Lei Complementar devem seguir a regra geral de que o imposto é devido no local do estabelecimento prestador, cuja definição legislativa é importante, pois muitas empresastentam se beneficiar de alíquotas menores, indicando o endereço de estabelecimento de matriz em municípios diferentes. Retenção A retenção do ISS está prevista no art. 6º da Lei Complementar nº 116/2003, sendo realizada quando o serviço é prestado em um local diferente (outro município) do estabelecimento prestador. Quando isso ocorrer, o imposto será devido no local da prestação e deverá ser recolhido pelo tomador do serviço (quem o contratou). Assim, o tomador do serviço não realiza o pagamento da totalidade do preço do serviço ao prestador. Ele retém o valor devido de ISS e recolhe para a Secretaria de Fazenda. Atenção! Para a aplicação da retenção do ISS, deve existir previsão na legislação municipal, transferindo essa responsabilidade ao tomador de serviço, conforme atividades relacionadas no art. 6º da Lei Complementar nº 116/2003. Caso não haja previsão, a retenção não é devida. A responsabilidade de retenção é do tomador do serviço. Mesmo se ele deixar reter o ISS, terá a obrigação de recolhê-lo. Outra observação é sobre a retenção do ISS em Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) optantes do Simples Nacional. Quando estas forem tomadoras do serviço, o procedimento será o mesmo: elas deverão reter e recolher o imposto. Mas quando as ME e EPP forem as prestadoras do serviço, e esse for sujeito à retenção na fonte, elas deverão destacar na nota fiscal o valor a ser retido pelo tomador do serviço, seguindo o regramento do Simples Nacional, e não da legislação municipal. A retenção do ISS contribui para a redução da inadimplência do tributo e, consequentemente, aumenta a arrecadação dos municípios. Cálculo e contabilização O registro contábil do ISS é muito simples: é preciso debitar a despesa com o correspondente crédito no passivo, em conta de ISS a pagar. Já na Demonstração do Resultado, o ISS é registrado como uma dedução da receita bruta adquirida com serviços. Conceitos, contabilização e cálculos Hipótese de incidência e fato gerador - ICMS Para facilitar a compreensão deste tributo, a doutrina e a legislação dividem a incidência do ICMS em oito tópicos. De acordo com a Lei Complementar nº 87/1996: Art. 2º O imposto incide sobre: I. operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive alimentos e bebidas consumidos em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II. prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III. prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV. fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V. fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. § 1º O imposto incide também: I. sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade; II. sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III. sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.” Sobre tais hipóteses, é preciso destacar que: PIS/PASEP e COFINS sobre o faturamento O PIS/PASEP e a COFINS são devidos pelas pessoas jurídicas. São considerados contribuintes as pessoas jurídicas de direito privado ou equiparadas, incluindo empresas públicas e sociedades de economia mista. Cumulatividade e não cumulatividade Tanto o PIS/PASEP quanto a COFINS são tributos não cumulativos e cumulativos. A Lei nº 10.637/2002 (PIS/PASEP) e a Lei nº 10.833/2003 (COFINS) possibilitaram o sistema não cumulativo, mas ainda permitiram que algumas pessoas jurídicas permanecessem no sistema cumulativo. Fato gerador O fato gerador dos tributos é o faturamento mensal, ou seja, o total de receitas obtidas pela pessoa jurídica. Alíquotas Em regra geral, as alíquotas do PIS/ PASEP e da COFINS são: • regime não cumulativo: PIS/PASEP = 1,65% e COFINS = 7,6% • regime cumulativo: PIS/PASEP 0,65% e COFINS = 3% Impostos nas empresas submetidas à tributação pelos lucros presumido ou arbitrado As empresas submetidas aos regimes de tributação pelo lucros presumido ou arbitrado utilizam a regra da cumulatividade para o cálculo do PIS/PASEP da COFINS. Lembre-se de que as alíquotas nesse regime são de 0,65% para o PIS/PASEP e 3% para a COFINS. A incidência desses tributos será sobre a receita bruta reduzida das exclusões permitidas. A legislação permite as seguintes exclusões: I. as vendas canceladas; II. os descontos incondicionais concedidos; III. o IPI destacado em nota; IV. ICMS, quando cobrados pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário (ICMS ST). Também são retiradas da base as receitas que possuem isenção ou exclusão permitida. O art. 14 da Medida Provisória nº 2.158-35/2001 cita as possibilidades de isenções. As principais são: “[...] II - de exportação de mercadorias para o exterior; III - dos serviços prestados à pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; [...] IX - de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”. As pessoas jurídicas submetidas ao regime de apuração não cumulativa podem, ainda, descontar créditos de revendas de produtos com alíquota zero e receitas com revendas de produtos com tributação monofásica ou concentrada (art. 3º da Lei nº 10.833/2003). Atenção! O modelo de tributação monofásica ou concentrada é semelhante ao modelo de substituição tributária adotado no ICMS. Nesse modelo, os tributos (PIS/PASEP e COFINS) são recolhidos em sua totalidade, com alíquota maior que a usual. Nas operações seguintes, é adotada a aplicação da alíquota zero. Impostos nas empresas tributadas pelo lucro real As empresas tributadas pelo regime do lucro real utilizam o método não cumulativo no cálculo do PIS/PASEP e da COFINS. No método não cumulativo, as alíquotas são 1,65% e 7,6%, respectivamente. A base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS parte do total de receitas da empresa. Desse total, é permitida a exclusão de algumas receitas que não são tributadas pelo PIS/PASEP e pela COFINS. São permitidas as mesmas exclusões do sistema cumulativo. As empresas sujeitas ao método não cumulativo têm o direito de utilizar o crédito referente ao montante da alíquota do PIS/PASEP e da COFINS aplicado sobre itens especificados na legislação (art. 3º da Lei nº 10.637/2002). Os principais créditos admissíveis são: - mercadorias adquiridas para revenda (art. 3º, inciso I, da Lei nº 10.637/2002); -“aluguéis de prédios máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados na atividade da empresa” (art. 3º, inciso IV, da Lei nº 10.637/2002); - depreciação de “edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa” (art. 3º, inciso VII, da Lei nº 10.833/2003); -“energia elétrica consumida nos estabelecimentos da [empresa]” (art. 3º, inciso IX, da Lei nº 10.637/2002)”. Para compreender a tributação do PIS/PASEP e da COFINS com baseno regime do lucro real, vamos ver um exemplo: A Cia. Asa Delta, que comercializa produtos diversos, está submetida ao regime de tributação de lucro real. Em janeiro do ano 1, a empresa apresentou os seguintes resultados em suas contas: (+) Receita com venda de mercadorias: R$105.000,00 (–) Devolução de vendas: R$5.000,00 (–) Descontos incondicionais concedidos: R$10.000,00 (–) Descontos financeiros concedidos: R$7.000,00 (+) Receitas financeiras: R$8.000,00 A Cia. Asa Delta ainda realizou compras de mercadorias líquidas de IPI no valor de R$50.000,00 e teve despesas com energia no montante de R$5.000,00. Vamos aos cálculos: Primeira parte do cálculo (semelhante ao sistema cumulativo): Total de receita apurada no período: R$105.000,00 Exclusões: (–) Devolução de vendas R$5.000,00 (–) Descontos incondicionais concedidos R$10.000,00 Base de cálculo: R$90.000,00 PIS/PASEP (1,65%): R$1.485,00 COFINS (7,6%): R$6.840,00 Segunda parte do cálculo (Os créditos): Operações geradoras de crédito Compras de mercadorias: R$50.000,00 Despesas com energia: R$5.000,00 Base de cálculo do crédito: R$55.000,00 Crédito do PIS/PASEP (1,65% de R$55.000,00) = R$907,50 Crédito da COFINS (7,6% de R$55.000,00) = R$4.180, 00 Total a recolher do PIS/PASEP PIS/PASEP calculado – Crédito PI PIS/PASEP R$1.485,00 - R$907,50 =R$577,50 Total a recolher COFINS COFINS calculada – Crédito COFINS R$6.840,00 - R$4.180,00 = R$2.660,00 Contabilização e provisionamento de crédito As empresas registram os direitos aos créditos assim que ocorrem os fatos contábeis. Vamos utilizar o exemplo anterior da Cia. Asa Delta para fazer os registros das provisões de créditos. Lembre-se de que a empresa realizou compras de mercadorias líquidas de IPI no valor de R$50.000,00 e teve despesas com energia no montante de R$5.000,00. Vamos aos cálculos: Compra de mercadorias para venda Débito ativo (estoque de mercadorias): R$45.375,00 Débito ativo (PIS/PASEP a recuperar): R$825,00 Débito ativo (COFINS a recuperar): R$3.800,00 Crédito passivo (fornecedores): R$50.000,00 Despesas com energia Débito contas de resultado (energia elétrica): R$4.537,50 Débito ativo (PIS/PASEP a recuperar): R$82,50 Débito ativo (COFINS a recuperar): R$380,00 Crédito passivo (Contas a pagar): R$5.000,00 Incide PIS e COFINS sobre as receitas financeiras? Uma dúvida comum dos contribuintes empresariais é saber se incide PIS e COFINS sobre as receitas financeiras. O primeiro ponto é entender que há dois regimes de apuração do PIS e da COFINS, que são os regimes cumulativo e não-cumulativo, além de existirem também diversos tipos de receitas financeiras. Acompanhe a leitura desse post e entenda como funciona a tributação dessas receitas financeiras! O que é Receita Financeira? O conceito de receita financeira não é exato na legislação tributária brasileira, mas há uma previsão no art. 397 do Decreto n° 9.580/2018 dispondo o seguinte: “Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos ou os lucros de aplicações financeiras de renda fixa ou variável, que tenham sido ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos de renda fixa com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem”. Há também o art. 9º da Lei n° 9.718/1998 dispondo que: “As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso”. Diante da interpretação dos dispositivos legais acima, podemos concluir que a regra geral é que não incide PIS e COFINS sobre as receitas financeiras no regime cumulativo, conforme previsão da Lei n° 9.718/1998, artigo 2º e 3º e Decreto-Lei n° 1.598/1977, artigo 12. Por outro lado, a Receita Federal entende em algumas situações especiais, como em respostas a consultas de determinados contribuintes, por exemplo, que receitas de caráter financeiro oriundas do exercício da atividade empresarial do contribuinte devem ser consideradas como sendo uma “espécie de faturamento”, e, portanto, estará sujeita à incidência de PIS e COFINS. As receitas financeiras são um tema delicado e sempre objeto de discussão nas esferas administrativa e judicial, inclusive sujeitas a mudanças no entendimento da Receita Federal, sendo necessário estudar cuidadosamente caso a caso a questão da incidência de PIS e COFINS, mas em linhas gerais, não se sujeitam a tributação as seguintes receitas: Juros sobre Capital Próprio (JCP); Variação Cambial; Operações de Cobertura (Hedge); Descontos Obtidos Junto a Fornecedores; Por outro lado, em regra, as seguintes receitas financeiras estão sujeitas à incidência de PIS e COFINS: Juros de Mora por Inadimplência de Clientes; No regime não-cumulativo aplicável para as empresas do Lucro Real, o PIS e a COFINS incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, conforme previsão da Lei n° 10.637/2002, artigo 1° e do artigo 2°; Lei n° 10.833/2003, artigo 1° e artigo 2°. Assim, as receitas financeiras auferidas pela empresa no regime não-cumulativo serão tributadas às alíquotas de 0,65% para o PIS e 4% para a COFINS, conforme disposto no Decreto n° 8.426/2015, artigo 1° e na Instrução Normativa RFB n° 1.911/2019, artigo 739. Dessa forma, a regra geral, respondendo à pergunta inicial, é que incide sim PIS e COFINS sobre as receitas financeiras se o regime for não-cumulativo. Desta forma, no regime cumulativo, o PIS e a COFINS incidem apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas, sendo que as receitas financeiras não entram no conceito de faturamento. PLANEJANDO IMPOSTOS FEDERAIS Exemplo Uma empresa do setor de serviços possui receita de R$ 15.000.000,00 e despesas dedutíveis de R$ 12.000.000,00. Qual regime de apuração do imposto de renda seria melhor para ela? Em primeiro lugar, temos de lembrar que a alíquota para determinar a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica para empresas do ramo de serviços é de 32%. Nesse caso, a empresa pagaria de imposto de renda o valor obtido através do seguinte cálculo: (32% x R$ 15.000.000,00) x 25% = R$ 4.800.000,00 x 25% = R$ 1.200.000,00. No caso do lucro real, o cálculo seria de (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00) x 25% = R$ 3.000.000,00 x 25% = R$ 750.000,00. Vemos, então, que a opção pelo lucro real resulta em uma economia de R$ 1.200.000,00 - R$ 750.000,00 = R$ 450.000,00 para a empresa. A segunda forma de fazer esse cálculo é estimar a diferença na base de cálculo e, então, aplicar a alíquota nessa diferença da seguinte forma: ((32% x R$ 15.000.000,00) - (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00)) x 25% = (R$ 4.800.000,00 - R$ 3.000.000,00) x 25% = R$ 1.800.000,00 x 25% = R$ 450.000,00. Utilizando como base o exemplo anterior, qual seria a economia que a empresa teria de imposto de renda mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na adoção da apuração pelo lucro presumido? Nesse caso, temos de lembrar que a alíquota da CSLL é de 9%. Portanto, a empresa paga 34% de imposto de renda mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sobre a base de cálculo. Assim, temos de refazer os cálculos alterando a alíquota de 25% para 34%. No caso do lucro presumido, o cálculo é: (32% x R$ 15.000.000,00) x 34% = R$ 4.800.000,00 x 34% = R$ 1.632.000,00. No caso do lucro real, o cálculo seria (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00) x 34% = R$ 3.000.000,00 x 34% = R$ 1.020.000,00. A economia no pagamento de IRPJ mais CSLLé de: R$ 1.632.000,00 - R$ 1.020.000,00 = R$ 612.000,00. Assim como no exemplo anterior, podemos chegar a esse valor de forma direta: ((32% x R$ 15.000.000,00) - (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00)) x 34% = (R$ 4.800.000,00 - R$ 3.000.000,00) x 34% = R$ 1.800.000,00 x 34% = R$ 612.000,00. No lucro real, é possível compensar prejuízos anteriores em períodos subsequentes. Isso significa que, se a empresa teve um prejuízo de R$ 15 mil no ano 1 e, no ano 2, um lucro de R$ 100 mil, ela pagará o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica apenas sobre 85 mil reais, e não sobre os 100 mil reais. Um ponto importante é que a empresa só poderá compensar até 30% do lucro com prejuízos anteriores. Porém, estes poderão ser compensados em qualquer prazo. Isso é vantajoso para empresas que sabem que começarão com prejuízos, obtendo lucro apenas com o passar do tempo. Um exemplo são empresas do tipo startup, que normalmente demoram muitos anos até começarem a dar lucro. Assim, quando elas passarem a dar lucro, poderão compensar os prejuízos incorridos e abatê-los da sua base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. Outro ponto importante utilizado no planejamento tributário de empresas é o pagamento de dividendos. Embora a pessoa jurídica não pague imposto de renda sobre os valores recebidos a título de dividendos, a empresa pagou o valor relativo a 34% de imposto sobre esses valores (25% de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica mais 9% de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido). Porém, existe no Brasil a figura Juros Sobre Capital Próprio (JSCP), na qual a pessoa física paga 15% de imposto de renda, mas a empresa pode deduzir esse valor como despesa no seu cálculo de IRPJ/CSLL, gerando um ganho tributário de 34% - 15% = 19%. Portanto, se a empresa tivesse R$ 100,00 para distribuir a seus acionistas, ela poderia distribuir como dividendos apenas R$ 66,00, pois teria de pagar R$ 34,00 a título de IRPJ/CSLL. Porém, no caso de pagamento via JSCP, o valor seria de R$ 85,00, pois apenas R$ 15,00 seriam pagos para IRPF. Uma empresa não pode distribuir qualquer valor via JSCP (juros sobre capital próprio). Existem dois limites legais para isso: a. A multiplicação da TJLP (taxa de juros a longo prazo) pelo patrimônio líquido. b. 50% dos lucros acumulados de exercícios anteriores ou 50% dos lucros do exercício (qual for o maior). A taxa de juros a longo prazo (TJLP) é calculada com base em dois parâmetros principais: a meta de inflação, baseada nas metas anuais fixadas pelo Conselho Monetário Nacional, e um prêmio de risco. A TJLP é divulgada trimestralmente pelo Banco Central do Brasil até o último dia útil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigência para as posições de 1º de janeiro, 1º de abril, 1º de julho e 1º de outubro, sendo expressa em percentual ao ano. O valor pode ser consultado no site do Banco Central do Brasil. Uma empresa possui R$ 3.000.000,00 de lucros acumulados, R$ 1.800.000,00 de lucros no período e patrimônio líquido de R$ 25.000.000,00. Ela calculou que pretende distribuir R$ 1.400.000,00 para seus acionistas. Qual o planejamento tributário que a empresa pode adotar para pagar menos imposto de renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido sabendo que a TJLP é de 5% a.a.? Em primeiro lugar, precisamos calcular os limitantes para saber o quanto a empresa pode deduzir através do pagamento via Juros sobre Capital Próprio. Ela pode distribuir o maior entre 50% dos lucros acumulados de exercícios anteriores ou 50% dos lucros do exercício. Tendo em vista que ela possui R$ 3.000.000,00 de lucros acumulados versus R$ 1.800.000,00 de lucros no período, ela pode distribuir 50% x R$ 3.000.000,00 = R$ 1.500.000,00. Porém, ainda há o limite da taxa de juros a longo prazo multiplicado pelo patrimônio líquido: 5% x R$ 25.000.000,00 = R$ 1.250.000,00. Como esse valor é menor que R$ 1.500.000,00, a empresa só poderá distribuir R$ 1.250.000,00 via JSCP com a respectiva dedução no IRPJ. Portanto, para distribuir R$ 1.400.000,00 para seus acionistas, o melhor é distribuir R$ 1.250.000,00 via JSCP e R$ 150.000,00 via dividendos. Assim, a empresa terá um ganho tributário de R$ 1.250.000,00 x 19% = R$ 237.500,00. Portanto, o lucro da empresa passou de R$ 1.800.000,00 para R$ 1.800.000,00 + R$ 237.500,00 = R$ 2.037.500,00. A fim de resumo sobre esses impostos, os pontos a serem considerados são os seguintes: A escolha do regime tributário de lucro real ou lucro presumido para a apuração do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, sendo o regime do lucro real favorável para empresas que tenham margens de lucro pequenas (menor que 32% para empresas de serviços e 8% para comércio e indústria) ou que tenham prejuízos para compensar em períodos subsequentes (limite de 30% de compensação por período). Caso a empresa tenha adotado o regime de apuração do lucro real para a apuração do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ainda tem de calcular o quanto ela poderá distribuir a seus acionistas via Juros Sobre Capital Próprio (JSCP), a fim de obter um desconto de 19% no IRPJ/CSLL (sendo 19% a diferença entre 34% de IRPJ/CSLL no caso de pagamento via dividendos versus 15% de IRPF no caso de JSCP). Além das considerações anteriores, a empresa optante pelo lucro real deverá analisar o impacto dessa escolha no recolhimento de PIS/COFINS. Conforme abordado no tópico anterior, as empresas do lucro presumido pagam 3,65% de PIS/COFINS, não podendo considerar os créditos de compras nesse valor. Já as empresas optantes pelo lucro real pagam 9,25% 1,65% + 7,60% de PIS/COFINS, podendo utilizar esses créditos. Assim sendo, o efeito do PIS/COFINS afetará uma possível economia da empresa pela opção pelo lucro real. Uma empresa comercial possui receita de venda de produtos de R$ 10.000.000,00 e custo de mercadorias vendidas de R$ 8.000.000,00, com demais despesas de R$ 1.000.000,00 e lucro de R$ 1.000.000,00. Essa empresa deverá optar pelo lucro presumido ou real? Em primeiro lugar, calcularemos o valor de IRPJ/CSLL no regime de lucro presumido (8% de alíquota para chegarmos à base de cálculo de empresas comerciais): (8% x R$ 10.000.000,00) x 34% = R$ 800.000,00 x 34% = R$ 272.000,00. Porém, temos também de considerar o efeito de PIS/COFINS de 3,65% x R$ 10.000.000,00 = R$ 365.000,00. Portanto, no lucro presumido, a empresa paga R$ 272.000,00 + R$ 365.000,00 = R$ 637.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS. Já no caso do lucro real, a empresa paga R$ 1.000.000 x 34% = R$ 340.000,00 de IRPJ/CSLL. Para o cálculo do PIS/COFINS, temos de considerar os créditos das compras no cálculo: (R$ 10.000.000,00 - R$ 8.000.000,00) x 9,25% = R$ 2.000.000,00 x 9,25% = R$ 185.000,00. Portanto, a empresa pagará R$ 340.000,00 + R$ 185.000,00 = R$ 595.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, sendo esse valor menor do que o valor de R$ 637.000,00 do lucro presumido. Note que, mesmo que o valor do IRPJ/CSLL do lucro presumido seja menor, o impacto do PIS/COFINS cumulativo acabou com esse benefício tributário. Um último ponto que pode ser mencionado na adoção do lucro real como forma de apuração do imposto de renda mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é que, caso a empresa realmente se enquadre no lucro real, ela poderá utilizar estrategicamente sua estrutura de custos para obter benefícios tributários. Um exemplo disso é a decisão sobre comprar ou fazer leasing de veículos. Exemplo Vamos supor que o custo anual para uma empresa comprar veículos, fazer sua manutenção e revendê-los como usados é de 400 mil reais por ano, podendo deduzir 200 mil reais por ano de depreciação dos veículos mais outras despesas. Ela poderia alugar os mesmos veículos por 450 mil reais por ano, com essa despesa podendo ser inteiramente utilizada para fins de dedução no IR/CSLL. Assim sendo, no primeiro caso,a empresa está pagando R$ 400.000,00 - R$ 200.000,00 x 34% (ganho tributário), o que dá R$ 400.000,00 - R$ 68.000,00 = R$ 332.000,00. No segundo caso, a empresa está pagando 66% x R$ 450.000,00 (já que toda a despesa pode ser usada para um ganho tributário de 34%), o que dá um valor de R$ 297.000,00. Portanto, a empresa tem um ganho de R$ 332.000,00 - R$ 297.000,00 = R$ 35.000,00 na locação dos veículos, mesmo que os veículos custem, nominalmente, 50 mil reais a mais para serem alugados ao invés de comprados. Justamente por esse motivo, muitas grandes empresas, em vez de comprarem suas sedes, frotas de veículos, entre outros bens, preferem alugá-los (prática também chamada de contrato de leasing), pois isso dá a elas um benefício tributário, o que compensa os custos do aluguel. Esse é um exemplo de como o planejamento tributário influencia as decisões reais de empresas quanto à forma de investirem em seus negócios. Atenção Uma nota de cuidado deve ser adotada em cálculos sobre a economicidade da adoção por uma empresa do regime de apuração do Imposto de Renda via Lucro Real: ele demanda muito mais custos e controle interno da empresa para sua apuração. No lucro presumido, o principal trabalho da contabilidade da empresa é estimar corretamente a receita bruta da empresa; no lucro real, a empresa deverá cuidadosamente contabilizar as suas despesas, pois elas serão usadas para o cálculo do imposto, o que demanda maiores custos para departamentos de contabilidade e controle interno, ou para terceirização da contabilidade. PLANEJANDO IMPOSTOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS Diferentemente dos impostos federais, os estaduais e municipais não possuem muitas formas de gerenciamento, tendo em vista que sempre incidem sobre a receita, e não sobre o lucro. Portanto, a apuração desses impostos não tem as nuances dos impostos federais, em que existem diversas formas de apuração (lucro real versus lucro presumido, regime cumulativo versus regime não cumulativo), existindo apenas a aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, que quase sempre é o valor da nota fiscal. Assim sendo, a principal maneira de gerenciar tais tributos é justamente a escolha de forma inteligente dos domicílios fiscais. Certos estados possuem ICMS menores que outros, e a mesma coisa vale para os municípios. Além disso, alguns estados e municípios possuem incentivos fiscais para determinados setores, o que torna mais atrativa a instalação da sede da empresa em uma localidade em detrimento da outra. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO (PAT) O Processo Administrativo Tributário (PAT), também conhecido como “ação fiscal”, ou “processo administrativo fiscal”, é o processo, juntamente ao conjunto de atos, em que a administração tributária faz com que o contribuinte aja de acordo com determinada legislação, ou interpretação da legislação tributária. Normalmente, esse cumprimento é referente ao pagamento de valores recolhidos a menor, mas também, em alguns casos, pode ser para apresentação de declaração de informações acessórias. O PAT é regido pelo artigo 5º inciso LV da Constituição Federal de 1988, que diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. O artigo 138 do Código Tributário Nacional versa sobre a exclusão de responsabilidade ao se denunciar espontaneamente uma infração. De acordo com o supracitado artigo, “[...] a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração”. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo de competência da União: Princípio da não cumulatividade Dentre os princípios tributários presentes na Constituição, encontra-se o princípio da não cumulatividade. O art. 153, § 3º, inciso II, diz que o IPI é um tributo não cumulativo, ou seja, ocorre a compensação de créditos de valores pagos em operações anteriores. Na prática, significa que o valor do imposto a recolher sobre um produto industrializado poderá ter um desconto do valor do imposto pago anteriormente sobre aquele produto ou insumos para a sua fabricação. O princípio da não cumulatividade tem a finalidade de impedir a ocorrência da acumulação da cobrança do tributo (efeito em cascata ou bitributação), isto é, que ele seja cobrado em várias etapas do processo produtivo e econômico do produto, o que acabaria ocasionando uma cobrança muito onerosa ao contribuinte de fato do imposto – o consumidor final. Conceitos, contabilização e cálculos O Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966) define, em seu art. 46, que o Imposto sobre Produtos Industrializados tem como fato gerador: “I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos [industriais ou equiparados]; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão”. Já o Decreto nº 7.212/2010 afirma que o fato gerador do IPI é o “desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira” ou “a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial”. É importante destacar o conceito de produtos industrializados na nossa legislação. Produtos industrializados são os produtos que tenham passado por qualquer processo que lhes “modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação, a finalidade [...], ou aperfeiçoe [o produto original] para consumo” (Decreto nº 7.212/2010, art. 4º). Algumas características e modalidades de industrialização são definidas na legislação (Decreto nº 7.212/2010, art. 4º). Vamos conhecê-las: Transformação Processo aplicado na matéria-prima ou em produto intermediário que dá origem a um novo produto. Beneficiamento Modificação ou aperfeiçoamento do “funcionamento, [da] utilização, [do] acabamento ou [da] aparência do produto”. Montagem “União de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal”. Acondicionamento ou reacondicionamento Processo de alteração da “apresentação do produto, pela colocação de embalagem, ainda que em substituição da original”. Renovação ou recondicionamento Processo que “renova ou restaura o produto para utilização”. Ainda sobre os processos classificados como industrialização pela legislação, é importante dar atenção ao art. 5º do Decreto nº 7.212/2010, que apresenta exclusões ou o que não é considerado industrialização. Alguns exemplos são: I. “o preparo de refrigerantes [em] máquinas, automáticas ou não, [por] restaurantes, bares e estabelecimentos similares, para venda direta a consumidor” (inciso II); II. A elaboração de produto de artesanato; III. A manipulação de medicamentos ou receitas em farmácia, para venda direta a consumidor; IV. “a moagem de café torrado, realizada por estabelecimento comercial varejista como atividade acessória” (inciso VII); V. “a montagem de óculos, mediante receita médica” (inciso IX); VI. “o reparo de produtos com defeito de fabricação, inclusive mediante substituição de partes e peças, quando a operação for executada gratuitamente [...] em virtude de garantia dada pelo fabricante” (inciso XII); VII. “a mistura de tintas entre si, ou com concentrados de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou usuário, realizada em estabelecimento comercial varejista [...]” (inciso XIV). Contribuintes e equiparação De acordo com o art.24 do Decreto nº 7.212/2010: “São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: I - o importador [...]; II - o industrial [...]; III - o estabelecimento equiparado a industrial [...]”. Contudo, é necessário observar que IPI tem como contribuinte, de fato, o consumidor final. O estabelecimento industrial ou equiparado, por determinação legal, é depositário da União, ou seja, é o responsável por cobrar o tributo e repassá-lo. Vamos entender isso na prática? Exemplo Imagine a venda de um produto industrializado, negociado por R$100,00. A alíquota do IPI é de 15%. Na nota fiscal de venda, constará: • Preço do produto = R$100,00 • IPI 15% = R$15,00 • Total da nota = R$115,00 Nesse caso, o vendedor (responsável) torna-se depositário desse IPI cobrado do comprador (contribuinte de fato). Base de cálculo Nas operações internas, a base de cálculo no IPI é o valor da operação pela qual a mercadoria deixa o estabelecimento do industrial ou do comerciante a ele equiparado. Já nas operações de importação, a base de cálculo do IPI é o valor utilizado no cálculo dos tributos aduaneiros, acrescida do valor destes e dos encargos aduaneiros pagos pelo importador. Vejamos algumas observações importantes sobre a base de cálculo do IPI: I. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) está incluído na base de cálculo do IPI. Isso ocorre, porque o ICMS é um tributo “por dentro”, ou seja, seu valor está incluído no valor do produto. II. Fretes, seguros e outras despesas também fazem parte da composição do valor do produto e, por isso, também são considerados na base de cálculo do IPI. III. Os descontos incondicionais que reduzem a base do ICMS não são descontados na base de cálculo do IPI. Por exemplo, se um produto é vendido por R$100,00 (cem reais), e, na venda, é concedido um desconto de R$10,00 (dez reais) para o comprador, o valor do desconto não será retirado da base de cálculo do IPI. A base permanece nos R$100,00 (cem reais). Então, a mecânica de definição da base de cálculo do IPI será: Base de cálculo = (valor do produto + frete + seguro + outras despesas acessórias) Outra característica relevante da base do IPI é que o valor devido do tributo não é embutido no preço de venda, como ocorre no ICMS. O valor devido do tributo é somado ao valor do produto, e esse montante é devido pelo cliente. Em outros termos: Preço do produto + IPI = valor pago pelo cliente Alíquotas e tabela TIPI As alíquotas do IPI são variadas e determinadas de acordo com o princípio da seletividade, ou seja, levam em consideração a essencialidade da mercadoria. Por exemplo, itens mais essenciais tendem a ter alíquotas menores do que itens menos essenciais. As alíquotas estabelecidas pela União podem ser consultadas na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), que tem por base a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). As alíquotas, comumente, variam entre 0 (zero) e 30%. Exemplo • Águas, incluindo as minerais e as gaseificadas, adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes ou aromatizadas (NCM 2202.10.00) – alíquota IPI 4%. • Refrigeradores do tipo doméstico (NCM 8418.29.00) – alíquota IPI 15%. Entretanto, a alíquota do IPI pode chegar a até 300%, como ocorre em cigarros que contenham tabaco (NCM 2402.20.00). Crédito – regra geral O IPI é, por determinação legal, um imposto não cumulativo, ou seja, do imposto devido em cada operação, pelo qual pode ser compensado o valor pago na operação anterior. Por exemplo, o contribuinte tem o direito de utilizar o crédito do IPI cobrado na aquisição de matéria-prima e insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Para garantir o direito do crédito do imposto, o contribuinte deve seguir todos os requisitos legais exigidos, como, por exemplo: 1- Destacar em documento fiscal (livros contábeis) o crédito. 2- Ter a venda tributada. 3- Apropriar-se do crédito em até cinco anos da emissão do documento fiscal. Imunidade A imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributação. Segundo a determinação do art. 18 do Decreto nº 7.212/2010, são imunes ao IPI: “I - os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; II - os produtos industrializados destinados ao exterior; III - o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; IV - a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País”. Isenção A isenção é a dispensa de pagamento do tributo por determinação legal. Não ocorre a anulação da obrigação, mas do dever de cumpri-la. De acordo com o art. 54 do Decreto nº 7.212/2010, são exemplos de produtos isentos ao IPI: “as amostras de produtos para distribuição gratuita” (inciso III); “as panelas e outros artefatos semelhantes, de uso doméstico, de fabricação rústica, de pedra ou barro bruto” (inciso IX); “os aparelhos transmissores e receptores de radiotelefonia e radiotelegrafia, os veículos para patrulhamento policial” (inciso XXVIII). Contabilização e registro contábil Para facilitar o entendimento do cálculo e da contabilização do IPI, vamos pensar em um exemplo prático. Exemplo A Cia. Alfa é uma fabricante de escadas de aço. Ela adquire R$10.000,00 de aço laminado para esse processo de fabricação. A alíquota de IPI na aquisição do aço é de 5%. Então, já sabemos como ficará a nota fiscal de aquisição do aço laminado: • Preço do produto = R$10.000,00 • IPI 5% = R$500,00 • Total da nota = R$10.500,00 (valor pago pela Cia. Alfa na aquisição do aço laminado) No mesmo período da aquisição da matéria-prima, a Cia. Alfa fabricou um total de R$50.000,00 em escadas. Quando vendidas, as escadas serão tributadas pelo IPI a uma alíquota de 10%, totalizando R$5.000,00 do imposto. Logo, o total cobrado pela venda das escadas será de R$55.000 (preço do produto + valor do IPI). A contabilização para a Cia. Alfa será: É importante destacar o registro na conta IPI a Recuperar. O registro só deverá ser realizado se existir a previsão para compensação do crédito em operações futuras, e se todos os requisitos legais exigidos para o crédito forem cumpridos. Utilizando, então, o direito do crédito do IPI, a Cia. Alfa deverá recolher somente R$4.500,00 do tributo, pois: • IPI a recolher = R$5.000,00 • IPI a recuperar = R$500,00 • Saldo a recolher = R$4.500,00 (R$5.000,00 - R$500,00) Prazo de recolhimento O período de apuração do IPI é mensal e a data de vencimento do tributo é no mês subsequente. De maneira geral, segundo o art. 262, inciso III, do Decreto nº 7.212/2010, o prazo de recolhimento do IPI é “até o vigésimo quinto dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos geradores”. Alguns produtos têm prazos específicos, como os produtos de importação, em que o IPI deve ser recolhido antes da saída deles do país. Outros produtos com prazo de recolhimento diferenciado são aqueles classificados na Tabela TIPI no grupo de NCM iniciados com 24.02 ‒ Charutos, cigarrilhas e cigarros, de tabaco ou dos seus sucedâneos. Esses produtos devem ter o recolhimento do IPI realizado até o “décimo dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos geradores” (art. 262, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010). Tributos sobre patrimônio: Descrição Principais espécies tributárias incidentes sobre o patrimônio previstas pelo Sistema Tributário Nacional. Origem desses tributos, fundamentação legislativa e elementos, como: fato gerador, base de cálculos, sujeitos ativos e passivos e alíquotas. Tributo Federal: ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (União) O ITR é um tributo de competência da União previsto no inciso VI do artigo 153 da Constituição Federal (CF). Ele é disciplinado pela Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e regulado pelo Decreto Federal nº 4.382, de 19 desetembro de 2002. Ao contrário do IPTU, o ITR tem como prioridade a função extrafiscal, já que busca auxiliar o disciplinamento da propriedade rural em atenção ao princípio da função social da propriedade e, com isso (dentro do possível), mitigar os latifúndios improdutivos. Dessa maneira, o ITR: O ITR, portanto, é um imposto que, a depender das condições da propriedade rural, assume o caráter progressivo (inciso I do §4º do artigo 153 da CF) com alíquotas crescentes em função da improdutividade. A despeito de se tratar de um imposto de competência da União, compete ao município em que se situa a sede da propriedade do imóvel rural, caso assim escolha, fiscalizar e cobrar o tributo desde que isso não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. A norma que regulamenta tal dispositivo é a Lei Federal nº 11.250, de 27 de dezembro de 2005. Essa norma prevê que a União, por intermédio da Secretaria da Receita Federal, pode celebrar – para fins do disposto no inciso III do §4º do artigo 153 da CF – convênios com o Distrito Federal e os municípios que assim optarem a fim de delegar, sem prejuízo da competência supletiva da Secretaria da Receita Federal, as atribuições de: Fiscalização Inclusive a de lançamento dos créditos tributários. Cobrança do ITR Que trata o inciso VI do artigo 153 da CF. Uma vez instituído o convênio, o valor recolhido pertencerá ao município que o arrecadar. Essa previsão, conforme se observa, reforça que o objetivo do tributo não é propriamente arrecadar receita tributária (natureza fiscal), e sim promover e estimular políticas agrárias que estejam de acordo com as diretrizes da Constituição – em especial, com a função social da propriedade. Hipótese de incidência e fato gerador Apurado anualmente (elemento temporal), o ITR pode ter como fato gerador: A propriedade. O domínio útil. A posse de imóvel por natureza localizado fora da zona urbana do município (elemento espacial) em 1º de janeiro de cada ano. Atenção! Pode haver tratamento diferenciado para as áreas rurais que se encontram na zona de expansão urbana. O município, por meio da legislação própria, é capaz de considerar “urbanas” as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana, mesmo que elas estejam localizadas fora da zona urbana definida pela lei municipal e não preencham os dois requisitos mínimos conforme o mandamento inserto no §1º do artigo 32 do Código Tributário Nacional (CTN) - vide Súmula nº 626 do STJ. Com efeito, o tributo aplicável a essas áreas é o IPTU. Sujeito passivo da obrigação tributária São sujeitos passivos do ITR (contribuinte) o: Proprietário de imóvel rural (pleno, de domínio exclusivo ou na condição de coproprietário). Titular do domínio útil (enfiteuta e usufrutuário). Possuidor (ad usucapionem) a qualquer título: Refere-se à “posse” com possibilidade de aquisição do domínio ou à propriedade por meio da usucapião (posse com animus dominii). Base de cálculo De acordo com o artigo 30 do CTN, combinado com o 8º da Lei nº 9.393, de 1996, e o 32 do Decreto Federal nº 4.382, de 2002, a base de cálculo é o valor fundiário do imóvel. Nos termos do artigo 32 desse decreto, tal valor corresponde ao valor da terra nua (VTN). O VTN é o valor de mercado do imóvel após a exclusão dos valores de mercado relativos a: construções, instalações e benfeitorias; culturas permanentes e temporárias; pastagens cultivadas e melhoradas; e florestas plantadas. O VTN reflete o preço de mercado de terras apurado em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador, sendo considerado autoavaliação da terra nua a preço de mercado. Alíquota e exemplos de legislações estaduais Prevista no artigo 34 do Decreto Federal nº 4.382, de 2002, a alíquota utilizada para cálculo do ITR é estabelecida para cada imóvel rural com base em sua área total e no respectivo grau de utilização. Observe a tabela a seguir: Imunidade Nos termos da legislação tributária consolidada por intermédio do artigo 3º do Decreto Federal nº 4.382, de 2002, algumas propriedades são imunes ao ITR. São elas: 1. A pequena gleba rural Desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família, e não possua outro imóvel (vide § 4º do art. 153 da CR/88); 2. Os imóveis rurais da administração direta Pertecentes à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (vide alínea “a” do inciso VI do art. 150 da CR/88). 3. Os imóveis rurais da administração indireta Os imóveis rurais de autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes (vide alínea “a” do inciso VI do art. 150 da CR/88 c/c § 2º). 4. Os imóveis rurais educacionais e assistenciais Os imóveis rurais de instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, relacionados às suas finalidades essenciais (vide alínea “a” do inciso VI do art. 150 da CR/88 c/c § 4º). É importante observar a definição de pequena propriedade rural. Segundo especifica o parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 9.393, de 1996, ela é o imóvel com área igual ou inferior a: Cem hectares (se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense). Cinquenta hectares (em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental). Trinta hectares (em qualquer outro município). Isenção Quanto às hipóteses de isenção previstas pela União, o artigo 3º da Lei Federal nº 9.393, de 1996, prevê que as seguintes propriedades são isentas do ITR: Imóvel rural incluído em programa oficial de reforma agrária: Quando devidamente tipificado como assentamento explorado por associação ou cooperativa de produção, com área dentro dos limites legais e que o assentado não possua outro imóvel. Conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário Quando a área total não ultrapassa o limite de enquadramento em “pequena propriedade”, explorando só com mão de obra familiar e cujo proprietário não possua imóvel urbano. Procedimentos contábeis dos tributos sobre o patrimônio: Contabilização dos tributos sobre o patrimônio Tributos e a composição do preço de aquisição Quando adquirimos um veículo ou um imóvel, sabemos que vamos ter alguns gastos no momento da aquisição de tais bens. Um desses gastos é o chamado pagamento de tributos, como por exemplo o Imposto de transmissão (ITBI). Exemplo Uma empresa adquire um veículo no valor de R$300.000,00 no mês de julho do ano X1. Para tê-lo circulando conforme determina a regulamentação, a empresa também precisa quitar o IPVA dele no valor de R$6.000,00. O desembolso total dessa empresa é de R$306.000,00. Como será o registro desse veículo no ativo da empresa? O valor do IPVA é somado ao de compra do bem? Se o bem adquirido fosse um imóvel, o ITBI da transmissão do bem teria o mesmo reconhecimento? Para responder a essas perguntas, é preciso observar as diretrizes do CPC 27 - Ativo imobilizado emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Para o CPC 27, um item do ativo imobilizado deve ser mensurado pelo seu custo. Tal custo compreende: Preço de compra Acrescido de impostos de importação e daqueles não recuperáveis sobre a compra após a dedução dos descontos comerciais e dos abatimentos. Custos diretamente atribuíveis Com a finalidade de colocar o ativo imobilizado no local e na condição necessários para ele ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração. Estimativa dos custos O valor estimado inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual ele está localizado. Em síntese, observamos que os impostos não recuperáveis e as demais despesas geradas para colocar o bem em condições normais de uso devem ser registrados como custo de aquisição, somando-se ao valor do bem para compor o custoque será ativado. Dentro desse grupo, destacamos o valor do ITBI pago pelo alienante na aquisição do imóvel alienado. O valor dispendido com o ITBI compõe o custo de aquisição do imóvel, mesmo que o pagamento ocorra posteriormente. Exemplo Na aquisição de um imóvel por R$5 milhões, há um ITBI de R$50 mil que deve compor o valor total do bem. Algo diferente ocorre com os gastos com IPVA e IPTU. As diferenças de custo dos impostos são: ITBI O valor dispendido com o ITBI devem vir integrados ao custo de aquisição do imóvel, mesmo que o pagamento ocorra posteriormente. IPVA E IPTU Ambos são necessários para a regularização situacional daquele bem durante exercício e não devem ser acrescentados ao custo de bens aquisitivos. Contabilização do IPVA As empresas adquirem veículos por diversos motivos. Listaremos três deles a seguir: Composição de frota para entregas; Utilização de seus funcionários; Exploração do seu uso como transportadora ou empresa de ônibus. Independentemente do uso, a simples propriedade dos veículos é fato gerador do IPVA. Do ponto de vista contábil, esse imposto é um gasto anual necessário para a utilização legal dos veículos. Esse gasto pode ser lançado como um custo ou uma despesa operacional. Tal lançamento depende da finalidade e da utilização do veículo. Tal gasto, portanto, pode ser lançado como: Custo de produção O IPVA é reconhecido como custo de produção quando os veículos são utilizados na produção de bens ou serviços. Exemplos: veículos de empresas transportadoras, locadoras de veículos e empresas transporte de passageiros. Despesa operacional O IPVA é reconhecido como despesa operacional quando eles são empregados em áreas administrativas e comerciais. Exemplos: veículos utilizados pela diretoria administrativa e outros funcionários, assim como pelo setor de vendas. O pagamento do IPVA é exigido no início do ano, mas o tributo é considerado um gasto antecipado e seu dispêndio precisa ser distribuído uniformemente durante o exercício, evidenciando o seu custo mensal. Desse modo, ao quitarmos o IPVA, pagamos o tributo de um exercício fiscal. Nesse caso, o lançamento contábil tem de ser feito em uma conta do grupo do Ativo circulante, IPVA a apropriar. Vamos supor que a Cia. Beta, uma indústria do ramo alimentício, possua 10 veículos utilizados para entregas de seus produtos. Em janeiro do ano X1, a Cia. Beta emite a guia de pagamento do IPVA de cada um dos seus veículos, o que totaliza R$30.000,00 (R$3.000,00 de cada veículo). Esse imposto será quitado em três quotas com vencimentos em janeiro, fevereiro e março do ano X1. Nesse caso, a Cia. Beta terá de fazer os seguintes lançamentos contábeis: Contabilização do IPTU Para a contabilização do IPTU nas organizações, devemos observar primeiramente o tipo do negócio. Em grande parte das organizações, esse imposto precisa ser registrado dentro do grupo de despesas operacionais simplesmente como uma despesa tributária. Em empresas de atividades industriais, porém, o IPTU referente às instalações de produção, por exemplo, tem de ser contabilizado como uma parte do custo do produto. Exemplo Se uma indústria de calçados paga um valor total de R$1.000,00 mensais de IPTU referente ao galpão de produção, esse valor é rateado pelo número de calçados produzidos e faz parte da composição do custo de produção desses calçados. Mesmo sendo um imposto com fato gerador no início do ano, o IPTU refere-se a todo o exercício; por isso, compreende-se que a despesa com o tributo deve ser distribuída mensalmente. Quando for pago antecipadamente, ele deverá ter o seu registro em Tributos a apropriar no ativo. Para uma melhor compreensão, imaginemos que a Cia. Alfa, uma empresa de varejo, efetua o pagamento do IPTU do ano X1 no mês de janeiro, em cota única, no valor de R$1.500,00. A opção de pagamento em cota única proporciona um desconto de 5% no valor do tributo (R$75,00). O valor desembolsado pela Cia. Alfa, então, é de R$1.425,00. Seu registro contábil precisa ser feito da seguinte forma: Mês de janeiro Débito de R$1425,00: IPTU a apropriar (ativo). Crédito de R$1425,00: IPTU a pagar. Débito de R$1425,00: IPTU a pagar. Crédito de R$1425,00: Caixa. Registro mensal Débito de R$118,78 (valor mensal do IPTU): Despesas administrativas –IPTU. Crédito de R$118,78: IPTU a apropriar (ativo). Divulgação dos tributos sobre o patrimônio nas demonstrações contábeis O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações úteis sobre a posição patrimonial e financeira de uma entidade para auxiliar no processo de decisão dos usuários da contabilidade. Cada demonstração contábil representa a estrutura da entidade enfatizando determinado tipo de informação. O conjunto completo das demonstrações proporciona a visão geral necessária para o entendimento da posição patrimonial e financeira da organização. Fundamentais na evidenciação dos tributos, as demonstrações contábeis exercem as respectivas ações: Apurar São utilizadas para apurações de alguns tributos. Evidenciar São aplicadas para evidenciar o contexto fiscal em que as empresas operam. Demonstrar São usadas para demonstrar os impactos dos tributos nos resultados presentes e futuros das empresas. Até 2008 não havia instruções especificas para a evidenciação de tributos no Brasil. Após a adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil, já existem normas contábeis que disciplinam a evidenciação contábil de tributos. A maior parte dessa normatização está dedicada aos tributos sobre o lucro e àqueles sobre o consumo. As demais informações sobre os tributos estão distribuídas pelas demonstrações contábeis. Saiba mais O tratamento contábil dos tributos sobre o lucro está estabelecido na NBC TG 32 – Tributos sobre o lucro. De forma complementar, outros pronunciamentos da NBC regulam a evidenciação das informações tributárias – nesses casos, não somente os tributos sobre o lucro, mas também as provisões de natureza fiscal relacionadas a diversos tributos, as subvenções e as assistências governamentais. Eis alguns exemplos: Em seguida, destacaremos a divulgação de tributos sobre o patrimônio em algumas demonstrações contábeis. Balanço patrimonial (BP) O BP é um relatório que demonstra a situação financeira de uma empresa por meio da descrição de bens, direitos e obrigações dela. Exatamente pelo fato de evidenciar esses itens, tal balanço destaca os tributos sobre o patrimônio, os quais, na maioria das vezes, são obrigações das entidades. Descreveremos adiante as contas que divulgam os tributos: Passivo circulante: impostos, taxas e contribuições a recolher São evidenciadas nele as obrigações das entidades quanto ao recolhimento dos tributos. Um exemplo é a conta Impostos, taxas e contribuições a recolher. Nessa conta, existe o registro de IPTU e IPVA a pagar. Registro do IPTU: Conta com natureza credora e finalidade de registrar a obrigação da entidade perante o município relativa ao Imposto Predial e Territorial Urbano de imóveis próprios ou alugados. Registro do IPVA: Conta com natureza credora e finalidade de registrar a obrigação da entidade perante o governo estadual relativa ao IPVA. Ativo circulante: valores a apropriar Devido à característica de tais tributos serem pagos antecipadamente e se referirem a todo um exercício fiscal, é comum o registro de uma conta de Tributos a apropriar ser creditada mensalmente até a finalização da apropriação. Veja, a seguir, o exemplo de estrutura de balanço patrimonial. Ativo Passivo Circulante Circulante Não circulante Não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Patrimônio líquido Ativo Passivo Intangível Demonstração do resultado (DRE) A demonstração do resultado do exercício (DRE) é o relatório financeiroque evidencia o resultado econômico da entidade. Essa demonstração apresenta as receitas e as despesas ordenadas de maneira dedutível (vertical), isto é, das receitas subtraem-se as despesas até se alcançar o resultado da entidade, que pode ser lucro ou prejuízo. Os tributos são evidenciados em diversos itens da DRE, tendo destaque somente aqueles sobre o consumo e o lucro. Já os tributos sobre o patrimônio são divulgados dentro dos itens de despesas e podem ser evidenciados em: Despesas operacionais; Despesas administrativas; Resultados financeiros; Custo de produtos ou serviços vendidos (em determinadas situações). Para entender melhor, veja o exemplo. Receita operacional bruta Vendas de produtos Prestação de serviços (-) Deduções da receita bruta Devoluções de vendas /abatimentos Impostos e contribuições incidentes sobre vendas = Receita operacional líquida (-) Custos das vendas produtos e serviços Custo dos produtos vendidos Custo dos serviços prestados = Resultado operacional bruto (-) Despesas operacionais Despesas com vendas Despesas administrativas (-) Despesas financeiras líquidas Despesas financeiras (-) Receitas financeiras Outras receitas e despesas = Resultado operacional antes do imposto de renda e da contribuição social e sobre o lucro (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro = Lucro líquido antes das participações (-) Participações (=) Resultado líquido do exercício Demonstração de fluxo de caixa (DFC) A DFC evidencia as saídas e as entradas de capital do caixa durante o período e o resultado desse fluxo de movimentações. O relatório dessa demonstração é dividido em três áreas: Atividades operacionais; Atividades de investimento; Atividades de financiamento. Os tributos são destacados no grupo de atividades operacionais, incluindo aqueles sobre o patrimônio. Essas atividades incluem a produção e a entrega de bens e serviços, relacionando-se normalmente com as transações que aparecem na DRE. No grupo dessas atividades, destaca-se a conta destinada aos registros de pagamentos aos governos federal, estadual e municipal. Tais pagamentos são referentes a impostos, multas, alfândega e outros tributos e taxas. Demonstração do valor adicionado (DVA) A DVA é o relatório contábil que evidencia os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e à sua respectiva distribuição. A apuração dessa demonstração possibilita a obtenção, no mesmo item, de todos os encargos com impostos, taxas e contribuições suportados pela empresa. Atenção! A DVA é a única demonstração em que ocorre essa segregação. Ao agrupar esses itens, seu objetivo é representar a parcela do valor adicionado distribuída ao governo. Há algumas vantagens dessa visão de todos os encargos com impostos, taxas e contribuições em um único item. Entre elas, está a possibilidade de avaliar a carga tributária que incide sobre a empresa, bem como compará-la com a de outras empresas. Veremos a seguir um exemplo de estrutura de DVA. 1 - Receitas Vendas de mercadoria, produtos e serviços Provisão p/devedores duvidosos – reversão/(constituição) Não operacionais 2 - Insumos adquiridos de terceiros (inclui ICMS E IPI) Matérias-primas consumidas Custos das mercadorias e serviços vendidos Materiais, energia, serviços de terceiros e outros Perda/recuperação de valores ativos 3 – Valor adicionado bruto (1-2) 4 – Retenções Depreciação, amortização e exaustão 5 –Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4) 6 – Valor adicionado recebido em transferência Resultado de equivalência patrimonial Receitas financeiras 7 – Valor adicionado total a distribuir (5+6) 8 – Distribuição do valor adicionado Pessoal e encargos Impostos, taxas e contribuições Juros e aluguéis Juros s/ capital próprio e dividendos Lucros retidos / prejuízo do exercício Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) A DMPL evidencia a movimentação das contas que compõem o patrimônio líquido durante um exercício social, destacando a formação e a utilização das reservas de capital. Essa demonstração não tem destaque na divulgação dos tributos sobre o patrimônio. QUAL METODOLOGIA DEVO USAR PARA DECIDIR SOBRE A APURAÇÃO DO IRPJ: LUCRO REAL OU LUCRO PRESUMIDO? Alexandre Galhardo – exclusivo para o Portal Tributário® Este artigo serve para lembrar aos contabilistas e administradores que início de cada ano é a hora de fazer uma análise sobre qual metodologia deve ser aplicada com relação a apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica que a vossa empresa adotará para todo o ano fiscal. Esta análise se faz extremamente necessária, pois uma escolha equivocada certamente trará perdas financeiras para vossa empresa e por consequência a perda na competitividade. E mediante a esta preocupação, faço questão de todo início de ano repetir este auxílio contábil-fiscal. Várias pequenas e médias empresas que não optaram ou estão impossibilitadas de operarem através do SIMPLES, por enquanto, e que estejam dentro do limite e autorizadas, por lei, a operar através do Lucro Presumido ficam em dúvida na hora de optar por qual método de tributação irão adotar para apurarem o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido): Lucro Real Estimativa ou Lucro Presumido. Primeiramente o responsável pela Área Fiscal deve verificar se a sua atividade econômica conta na relação das empresas que não estão autorizadas ao Lucro Presumido (artigo 14º da Lei 9.718/1998, alterado pela Lei 10.637/2002) e observar o limite de receita do ano calendário anterior. A base de cálculo que servirá para apurar o IRPJ e CSLL será diferenciada nos métodos de apuração, porém os percentuais de presunção de lucro que incidirão sobre a Receita Bruta da atividade econômica serão os mesmos. A título de exemplo, o percentual de lucro que incidirá sobre a Receita Bruta para as empresas classificadas como indústria ou comércio serão 8% para o cálculo do IRPJ e 12% para o cálculo da CSLL. As alíquotas de IRPJ e CSLL são respectivamente 15% e 9% (total de 24%) e a carga tributária desses tributos é 1,20% e 1,08% (total de 2,28%). A carga tributária nada mais é que o multiplicador das alíquotas sobre as parcelas de lucro, isto é: . IRPJ = 8% x 15% = 1,20% (não levando em consideração o adicional de IR); . CSLL = 12% x 9% = 1,08% Baseado nos valores acima, poderemos definir um breakeven, isto é, um ponto de equilíbrio (p.e.) que irá direcionar para qual critério de apuração será adotado . Este ponto de equilíbrio é calculado pela seguinte equação: p.e. = (Carga Tributária/Total das Alíquotas) (2,28% / 24%) = 9,5% p.e. = 9,5% Após a definição do “p.e.” será tomado como base o Lucro que a empresa levantará antes do cômputo do IRPJ e da CSLL e poderá ser adotada as seguintes equações: . p.e. > Lucro antes do IRPJ e CSLL = Optar pelo Lucro Real Estimado; . p.e. < Lucro antes do IRPJ e CSLL = Optar pelo Lucro Presumido. Outros pontos que devem ser analisados juntamente com a definição do “p.e.” é o critério a ser adotado também para a apuração do PIS e da COFINS, pois após a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2004 as contribuições para o PIS e COFINS passaram a ser regidas pelo princípio da não-cumulatividade para as empresas que optarem pelo Regime de Apuração através do Lucro Real, isto é, as empresas podem se creditar dos insumos e produtos adquiridos para industrialização e comercialização, porém houve o aumento de suas alíquotas para 1,65% e 7,60%, respectivamente. Para as empresas que continuaram a apurar pelo método do Lucro Presumido, as contribuições para o PIS e COFINS permaneceram regidas pelo princípio da cumulatividade, isto é, não podendo ser compensada a parcelacorrespondente aos referidos tributos custeados em operações anteriores, porém as suas alíquotas são menores, isto é, 0,65% para o PIS e 3,00% para a COFINS. Além das análises feitas sobre o “p.e.” e o regime de apuração do PIS e COFINS deve ser levado em consideração o volume das despesas ligadas intrinsecamente a atividade fim da empresa, pois no método do Lucro Presumido tais despesas não podem ser abatidas da base de cálculo do IRPJ e CSLL.