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Zcb Ureteres Anatomia Os ureteres têm 25 a 30 cm de comprimento. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) São tubos estreitos de paredes espessas, que variam entre 1 e 10 mm de diâmetro ao longo do seu trajeto entre a pelve renal e a bexiga urinária. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Cada ureter começa superiormente, no nível de LII, como uma continuação da pelve renal. A partir daí, ele desce na posição retroperitoneal através do abdome, entra na pelve verdadeira ao cruzar a cavidade pélvica na junção sacroilíaca, entra no ângulo posterolateral da bexiga e depois segue medialmente dentro da parede posterior da bexiga antes de se abrir para o interior da bexiga. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Como os rins, os ureteres são retroperitoneais. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Na base da bexiga urinária, os ureteres se curvam medialmente e atravessam obliquamente a parede da face posterior da bexiga urinária (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Essa entrada oblíqua na bexiga evita o refluxo de urina da bexiga para os ureteres, pois qualquer aumento de pressão dentro da bexiga comprime a parede desse órgão, fechando assim as extremidades distais dos ureteres. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Embora não haja uma válvula anatômica na abertura de cada ureter na bexiga urinária, uma válvula fisiológica é bastante efetiva. À medida que a bexiga se enche com urina, a pressão em seu interior comprime as aberturas oblíquas para os ureteres e impede o refluxo de urina. Quando esta válvula fisiológica não está funcionando corretamente, é possível que microrganismos passem da bexiga urinária para os ureteres, infectando um ou ambos os rins. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Histologia A estrutura histológica dos ureteres tubulares é a mesma dos cálices renais e da pelve renal; as paredes possuem três camadas básicas: mucosa, muscular e adventícia (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) A mucosa de revestimento é composta por um epitélio transicional, que estica quando os ureteres se enchem de urina, e uma lâmina própria, composta por um tecido conjuntivo fibroelástico contendo placas de tecido linfático (TORTORA, DERRICKSON, 2016) O muco secretado pelas células caliciformes da túnica mucosa impede que as células entrem em contato com a urina, cuja concentração de soluto e cujo pH podem diferir drasticamente do citosol das células que formam a parede dos ureteres (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A camada muscular intermediária consiste em duas camadas de músculo liso: uma camada longitudinal interna e uma camada circular externa. Uma terceira camada muscular, a camada longitudinal externa, aparece no terço inferior do ureter (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Esta disposição é oposta à do canal alimentar, que contém camadas circulares internas e longitudinais externas (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A túnica muscular do terço distal dos ureteres também contém uma camada externa de fibras musculares longitudinais. Assim, a túnica muscular do terço distal do ureter é longitudinal internamente, circular centralmente e longitudinal externamente. O peristaltismo é a principal função da túnica muscular. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A adventícia (externa) da parede do ureter é um tecido conjuntivo típico, uma camada de tecido conjuntivo areolar que contém vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos que suprem a túnica muscular e a túnica mucosa. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A túnica adventícia mescla-se a áreas de tecido conjuntivo e mantém os ureteres em posição. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Fisiologia Cada um dos dois ureteres transporta a urina da pelve renal de um rim para a bexiga urinária (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Contrações peristálticas das paredes musculares dos ureteres empurram a urina para a bexiga urinária, mas a pressão hidrostática e a gravidade também contribuem. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Embora os ureteres sejam inervados por fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas, o controle neural da peristalse parece insignificante comparado à resposta de estiramento local do músculo liso ureteral (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Ondas peristálticas que vão da pelve renal à bexiga urinária variam em frequência de 1 a 5 por minuto, dependendo da Infecção Urinária Julia Soares • 4° período de medicina • tutoria 15 velocidade em que a urina está sendo formada. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Bexiga urinária Anatomia A bexiga urinária, um reservatório (bolsa) muscular dobrável que armazena e expele urina, situa-se abaixo da cavidade peritoneal no assoalho pélvico, imediatamente posterior à sínfise púbica (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Pregas do peritônio mantêm a bexiga em sua posição. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Quando ligeiramente distendida em decorrência do acúmulo de urina, a bexiga urinária é esférica. Quando está vazia, ela se achata. Conforme o volume de urina aumenta, torna-se piriforme e ascende para a cavidade abdominal. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A capacidade média da bexiga urinária é de 700 a 800 mℓ. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) No assoalho da bexiga urinária encontra-se uma pequena área triangular chamada trígono da bexiga. Os dois cantos posteriores do trígono da bexiga contêm os dois óstios dos ureteres; a abertura para a uretra, o óstio interno da uretra, encontra-se no canto anterior. Como a sua túnica mucosa está firmemente ligada à túnica muscular, o trígono da bexiga tem uma aparência lisa. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Nos homens, a bexiga situa-se na posição anterior ao reto; nas mulheres, a bexiga localiza-se imediatamente anterior à vagina e ao útero. Ela é menor nas mulheres, porque o útero ocupa o espaço imediatamente superior à bexiga urinária. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) No ângulo anterior da bexiga (ou ápice) há uma faixa fibrosa chamada úraco (“canal urinário do feto”), o remanescente fechado de um tubo embrionário chamado alantoide (TORTORA, DERRICKSON, 2016) O ângulo inferior (colo) converge para a uretra. Nos homens, a próstata, uma glândula do sistema genital, situa-se diretamente inferior à bexiga, onde circunda a uretra (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Histologia A mucosa dessas estruturas é formada por um epitélio de transição e por uma lâmina própria de tecido conjuntivo, que varia do frouxo ao denso. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Em torno da mucosa há feixes de tecido muscular liso (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) As células mais superficiais do epitélio de transição são responsáveis pela barreira osmótica entre a urina e os fluidos teciduais. (JUNQUEIRA E CARNEIRO) Quando a bexiga se esvazia, a membrana se dobra nas regiões delgadas, e as placas espessas se invaginam e se enrolam, formando vesículas fusiformes intracitoplasmáticas, que permanecem próximo à superfície celular. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Quando a bexiga se enche novamente, sua parede se distende, e ocorre um processo inverso, com transformação das vesículas citoplasmáticas fusiformes em placas que se inserem na membrana, aumentando a superfície das células. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Essa membrana plasmática especial é sintetizada no complexo de Golgi e tem uma composição química peculiar: os cerebrosídeos constituem o principal componente da fração dos lipídios polares. (VANPUTTE, JENNIFER, RUSSO, 2016) Em torno da túnica mucosa está a intermediária túnica muscular, também chamada músculo detrusor da bexiga, que é formada por três camadas de fibras de músculo liso: as camadas longitudinal internamente, circular na parte intermédia e longitudinal externamente. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Em torno da abertura da uretra, as fibras circulares formam o músculo esfíncter interno da uretra; abaixo dele está o músculo esfíncter externo da uretra, composto por músculo esquelético e proveniente do músculo transverso profundodo períneo (TORTORA, DERRICKSON, 2016) O revestimento mais superficial da bexiga urinária nas faces posterior e inferior é a túnica adventícia, uma camada de tecido conjuntivo areolar que é contínua com a dos ureteres. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Sobre a face superior da bexiga urinária está a túnica serosa, uma camada de peritônio visceral. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Fisiologia A eliminação de urina da bexiga urinária é chamada micção. A micção ocorre por meio de uma combinação de contrações musculares involuntárias e voluntárias. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Quando o volume de urina na bexiga excede 200 a 400 mℓ, a pressão intravesical aumenta consideravelmente, e receptores de estiramento em suas paredes transmitem os impulsos nervosos para a medula espinal. Esses impulsos se propagam até o centro da micção nos segmentos medulares sacrais S2 e S3 e desencadeiam um reflexo espinal chamado reflexo de micção. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Neste arco reflexo, impulsos parassimpáticos do centro da micção se propagam para a parede da bexiga urinária e músculo esfíncter interno da uretra. Os impulsos nervosos provocam a contração do músculo detrusor da bexiga e o relaxamento do músculo esfíncter interno da uretra. Ao mesmo tempo, o centro de micção inibe neurônios motores somáticos que inervam o músculo esquelético esfíncter externo da uretra. Com a contração da parede da bexiga urinária e o relaxamento dos esfíncteres, ocorre a micção. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) O enchimento da bexiga urinária provoca uma sensação de plenitude, que inicia um desejo consciente de urinar antes de o reflexo miccional efetivamente ocorrer. Embora o esvaziamento da bexiga urinária seja um reflexo, na primeira infância aprendemos a iniciá-lo e interrompê-lo de modo voluntário. Por meio do controle aprendido sobre o músculo esfíncter externo da uretra e determinados músculos do assoalho pélvico, o córtex cerebral pode iniciar a micção ou retardar o seu aparecimento por um período de tempo limitado (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Uretra Anatomia A uretra é um pequeno tubo que vai do óstio interno da uretra no assoalho da bexiga urinária até o exterior do corpo (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Em homens e mulheres, a uretra é a parte terminal do sistema urinário e a via de passagem para a descarga de urina do corpo. Nos homens, também libera o sêmen (líquido que contém espermatozoides). (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Nas mulheres, a uretra encontra-se diretamente posterior à sínfise púbica; é dirigida obliquamente, inferiormente e anteriormente; e tem um comprimento de 4 cm A abertura da uretra para o exterior, o óstio externo da uretra, está localizada entre o clitóris e a abertura vaginal (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Nos homens, a uretra também se estende do óstio interno da uretra até o exterior, mas o seu comprimento e via de passagem através do corpo são consideravelmente diferentes do que nas mulheres A uretra masculina primeiro atravessa a próstata, em seguida o músculo transverso profundo do períneo e, finalmente, o pênis, percorrendo uma distância de aproximadamente 20 cm. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A uretra masculina, que também consiste em uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial, é subdividida em três regiões anatômicas (TORTORA, DERRICKSON, 2016) • A parte prostática, que passa através da próstata. • A parte membranácea, a porção mais curta, que atravessa o músculo transverso profundo do períneo. • A parte esponjosa, a mais longa, que atravessa o pênis. O epitélio da parte prostática é contínuo com o da bexiga urinária e consiste em epitélio de transição, que se torna epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado mais distalmente (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A parte prostática da uretra contém as aberturas (1) dos ductos que transportam secreções da próstata e (2) das glândulas seminais e do ducto deferente, que liberam os espermatozoides para a uretra e fornecem secreções que neutralizam a acidez do sistema genital feminino e contribuem para a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Os ductos das glândulas bulbouretrais se abrem na parte esponjosa da uretra. Eles liberam uma substância alcalina antes da ejaculação, que neutraliza a acidez da uretra. As glândulas também secretam muco, que lubrifica a extremidade do pênis durante a excitação sexual. Ao longo da uretra, mas especialmente na parte esponjosa da uretra, as aberturas dos ductos das glândulas uretrais liberam muco durante a excitação sexual e a ejaculação. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Histologia O epitélio da parte prostática é contínuo com o da bexiga urinária e consiste em epitélio de transição, que se torna epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado mais distalmente. A túnica mucosa da parte membranácea contém epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado. O epitélio da parte esponjosa é composto por epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado, exceto perto do óstio externo da uretra. Neste local, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A lâmina própria da uretra masculina é composta por tecido conjuntivo areolar, com fibras elásticas e um plexo de veias. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A túnica muscular da parte prostática é composta principalmente por fibras de músculo liso circulares superficiais à lâmina própria; estas fibras circulares ajudam a formar o músculo esfíncter interno da uretra da bexiga urinária. A túnica muscular da parte membranácea consiste em fibras musculares esqueléticas provenientes do músculo transverso profundo do períneo dispostas circularmente, que ajudam a formar o músculo esfíncter externo da uretra. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A parede da uretra feminina é constituída por uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial. A túnica mucosa é uma membrana mucosa composta por epitélio e lâmina própria (tecido conjuntivo areolar com fibras elásticas e um plexo de veias). Perto da bexiga urinária, a túnica mucosa contém epitélio de transição, que é contínuo com o da bexiga urinária; perto do óstio externo da uretra, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Entre estas áreas, a túnica mucosa contém epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) A túnica muscular consiste em fibras musculares lisas dispostas circularmente e é contínua com a da bexiga urinária. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Fisiologia A uretra é a parte terminal do sistema urinário e a via de passagem para a descarga de urina do corpo. (TORTORA, DERRICKSON, 2016) Infecção Urinária Definição A infecção do trato urinário (ITU) pode ser definida como a presença de um microrganismo patogênico na urina e, consequentemente, nas estruturas que compõem o aparelho urinário – uretra, bexiga, rim ou na próstata. (SANAR FLIX) Infecção do trato urinário (ITU) é a denominac ̧ão aplicada a diversas condic ̧ões clínicas, que variam desde a presenc ̧a assintomática de bactérias na urina até a infecc ̧ão renal grave, resultando em sepse. (TANAGHO, 2007) Classificação da infecção urinária Quanto ao sítio anatômico pode ser uma infecção do trato urinário baixo (cistites) ou do trato urinário alto (pielonefrites). (SANARFLIX) • Não complicada descreve uma infecção em um paciente saudável com via urinária normal dos pontos de vista estrutural e funcional. A maioria desses pacientes consiste em mulheres com cistite bacteriana isolada ou recorrente ou com pielonefrite aguda, e os patógenos infecciosos são habitualmente sensíveis e erradicados por um ciclo curto de antibioticoterapia oral de baixo custo.(WEIN, 2018) • Uma infecção complicada está associada a fatores que aumentam a probabilidade de adquirir bactérias e à diminuição da eficácia da terapia A estrutura e a função das vias urinárias estão anormais, o hospedeiro está comprometido e/ou as bactérias apresentam virulência aumentada ou resistência aos agentes antimicrobianos. Esses pacientes são, em sua maioria, homens. (WEIN, 2018) • Uma primeira infecção ou infecção isolada é a que ocorre em um indivíduo que nunca teve uma ITU ou que apresenta uma infecção remota de ITU prévia. (WEIN, 2018) • Uma infecção não resolvida é a que não respondeu à terapia antimicrobiana e é documentada pelo mesmo microrganismo, com perfil de resistência semelhante. (WEIN, 2018) • Uma infecção recorrente é a que ocorre após resolução bem-sucedida e documentada de infecção antecedente. Existem dois tipos diferentes de infecção recorrente: (WEIN, 2018) 1) A reinfecção descreve um novo evento associado à reintrodução de bactérias do meio externo para dentro das vias urinárias. (WEIN, 2018) 2) A persistência bacteriana refere-se a uma ITU recorrente causada pela mesma bactéria que reemerge a partir de um foco dentro das vias urinárias, como cálculo infeccioso ou próstata. O termo recidiva é frequentemente usado como sinônimo. (WEIN, 2018) ITU recorrente é aquela que ocorre pelo menos 3 vezes ao ano ou quando ocorre 2 episódios nos últimos 6 meses (SANARFLIX) No que diz respeito a origem do patógeno, este pode ser advindo da comunidade caracterizando uma ITU comunitária ou hospitalar quando o patógeno é adquirido em ambiente hospitalar. (SANARFLIX) Fala-se em ITU associada a cateter se refere àquela que ocorre em pessoas em uso de cateterismo do trato urinário ou que tenha feito uso de cateter nas últimas 48h, estes pacientes podem apresentar sintomas tanto do trato urinário alto como baixo, podendo haver além disso obstrução do cateter. (SANARFLIX) Epidemiologia Esta infecção ocorre tanto indivíduos hospitalizados, quanto naqueles que estão na comunidade, representando o 2o sítio mais comum de infecção na população em geral e importante causa de internação hospitalar. (SANAR FLIX) Infecção do trato urinário (ITU) pode ocorrer em ambos os sexos e tem prevalência variada, de acordo com a faixa etária e as situações individuais em relação à idade e ao sexo. (PLANMARK, 2010) Em neonatos e em bebês com até 1 ano de idade, a bacteriúria está presente em 2,7% dos meninos e em 0,7% das meninas. A incide ̂ncia de ITU em bebês do sexo masculino não circuncidados é mais elevada que em bebe ̂s circuncidados (1,12% em comparação com 0,11%) durante os 6 primeiros meses de vida. (TANAGHO, 2007) Em crianças com idades entre 1 e 5 anos, a incide ̂ncia de bacteriúria em meninas aumenta para 4,5%, enquanto em meninos diminui para 0,5%. (TANAGHO, 2007) Na maioria dos casos, ITUs em crianças com menos de 5 anos estão associadas a anormalidades conge ̂nitas do trato urinário, como refluxo vesicoureteral ou obstruc ̧ão. (TANAGHO, 2007) A incide ̂ncia de bacteriúria permanece relativamente constante em crianças com 6- 15 anos de idade. Contudo, nessas crianc ̧as é mais provável que as ITUs estejam associadas a anormalidades funcionais do trato urinário, como disfunc ̧ão miccional. (TANAGHO, 2007) Durante a adolescência, a incide ̂ncia de ITU aumenta de modo significativo (para 20%) em mulheres jovens e permanece constante em homens jovens. (TANAGHO, 2007) Cerca de 7 milhões de casos de cistite aguda são diagnosticados anualmente em mulheres jovens; é provável que essa seja uma subestimativa da verdadeira incide ̂ncia de ITU, porque pelo menos 50% de todas as ITUs não chegam a ter atenção médica. (TANAGHO, 2007) No entanto, é mais comum em mulheres devido a menor extensão da uretra feminina e sua proximidade com o ânus o que favorece a ascensão de patógenos pelo aparelho urinário, sobretudo, naquelas com vida sexual ativa, de modo que na vida adulta as mulheres têm 50 vezes mais chance de adquirir ITU do que os homens sendo 30% sintomáticas ao longo da vida. (SANAR FLIX) Porém, a incidência de ITU aumenta nos homens acima de 50 anos, relacionada a doenças prostáticas. (SANAR FLIX) Com base em dados do Urologic Diseases in North America Project, a prevale ̂ncia em geral de ITU durante a vida foi estimada em 14 mil por 100 mil homens e 53 mil por 100 mil mulheres. Os gastos médicos em geral para o tratamento de ITU nos EUA foram estimados em 1 bilhão de dólares para homens e 2,5 bilhões de dólares para mulheres. (TANAGHO, 2014) Fatores de risco Como já foi dito, a uretra feminina além de mais próxima do ânus é mais curta, o que a ascensão das bactérias que costumam estar presentes na região retal como a E. coli. (SANAR FLIX) Além disso, a atividade sexual pode favorecer a entrada das bactérias e, o uso de espermicidas por alterarem o pH e a flora do introito vaginal está associado ao aumento das nfecções por E. coli e consequentemente da incidência de cistites. (SANAR FLIX) Para as mulheres na pós-menopausa, os fatores de risco são diferentes e incluem, comumente, deficiência de estrogênio, diminuição de lactobacilos vaginais, procidência da parede vaginal anterior (cistocele), cirurgia urogenital, volume residual pós-miccional elevado e ITU prévia. (FERNANDES, 2019) Quanto às gestantes, alguns fatores são predisponentes pela frequência de ITU sintomática ou não, são eles: modificação da posição da bexiga, aumento da capacidade vesical devido à redução do tônus da bexiga, relaxamento da musculatura da bexiga e ureter, assim como a dilatação deste último e da pelve renal favorecendo o refluxo vesicoureteral. (SANAR FLIX) Essas complicações são mais frequentes no terceiro trimestre da gravidez e o melhor período para verificação de possível bacteriúria é na 16ª semana. (PLANMARK, 2010) Os principais fatores de risco para mulheres com 16-35 anos de idade relacionam-se ao intercurso sexual e ao uso de diafragmas. (TANAGHO, 2014) Para mulheres com idades entre 36 e 65 anos, cirurgia ginecológica e prolapso de bexiga parecem ser fatores de risco importantes. (TANAGHO, 2014) Para pacientes com mais de 65 anos, a incide ̂ncia de ITU continua a aumentar nos dois sexos. Em pacientes com menos de 1 ano e com mais de 65 anos, a morbidade e a morta- lidade de ITU alcanc ̧am seus maiores índice. (TANAGHO, 2014) A diabetes mellitus e a hiperglicemia são fatores de risco para infecções urinarias, pois podem favorecer o desenvolvimento das bactérias. (DA SILVA, 2021) Vários fatores estão relacionados a este maior risco: controle glicêmico inadequado, duração da doença, microangiopatia diabética, disfunção leucocitária secundária a hiperglicemia e vaginites de repetição. Além dos agentes patogênicos já citados, pacientes com DM podem ter ITU causada por Acinetobacter spp., estreptococos do grupo B e cândida. (SANAR FLIX) Fatores que interferem no fluxo urinário podem resultar em estase urinária, favorecendo a proliferação bacteriana e distensão vesical. Tais fatores podem ser desde estenose uretral, hipertrofia prostática até mesmo litíase e tumores no trato urinário. (SANAR FLIX) Tal fato ocorre pela introdução de um componente não orgânico na uretra que pode estar contaminado ou ter se contaminado durante a técnica de passagem de sonda, e, além disso, repetidas introduções de cateteres urinários, ou seu uso por vários dias tornam-se meios de colonização de microrganismos, especialmente bactérias que podem causa infecções no trato urinário dos pacientes. (DA SILVA, 2021) A doença é causada por micro-organismos como o Escherichia Coli (E. Coli), que colonizam a parede do cólon, a região perianal e também o introito vaginal. Em casos de falta de higiene, esses micro-organismos seproliferam e podem ascender pela uretra e chegar à bexiga ou rins, causando a infecção urinária. Define-se ITU de repetição como infecção comprovada por urinocultura que tenha ocorrido pelo menos duas vezes em seis meses ou três vezes em um ano. (DA SILVA, 2021) Há, também, evidências que indicam que o envolvimento genético, associado à alteração na resposta do hospedeiro, pode predispor algumas mulheres a desenvolverem ITU de repetição. (DA SILVA, 2021) As práticas sexuais desprotegidas, pois pessoas que não utilizam camisinha além do risco de contraírem infecções sexualmente transmissíveis (IST), tem maior chance de contraírem infecções no trato urinário devido as bactérias ou fungos provenientes das mucosas contaminadas dos parceiros sexuais. (DA SILVA, 2021) A resistência a antibióticos, pois devido ao fácil acesso a esses fármacos e ao consumo desenfreado, o organismo de um paciente submetido a doses errôneas de antibióticos frequentemente pode deixar as bactérias resistentes, e estas podem atacar as defesas do corpo com mais facilidades causando uma série de malefícios a saúde, entre eles as infecções urinarias. (DA SILVA, 2021) Fatores de proteção Todavia o excesso de higiene, principalmente nas mulheres, altera o pH da área genital, e as bactérias invasoras podem se difundir para o trato urinário causando infecções. (DA SILVA, 2021) Recomenda-se, para aqueles que não possuem restrição hídrica, a ingestão de 2 a 4 litros de água durante o dia, tanto na forma pura quanto presente em alimentos e sucos. A água auxilia o funcionamento do trato urinário desde o processo de filtração do sangue pelo rim, até a diluição da urina, deixando- a menos concentrada. Além disso, a ingestão de água aumenta o volume urinário e a micção irá “lavar” a uretra com mais frequência expulsando microrganismos em migração. Seguindo a mesma lógica, evite segurar a urina por muito tempo, pois a urina parada facilita a proliferação de bactérias e, também, a formação de cálculos. Os probióticos são microorganismos que podem exercer benefícios ao nosso organismo. Os probióticos mais utilizados são os Lactobacillus e Bifidobacterium. Eles ajudam no tratamento e prevenção de doenças, pois mantêm o pH ácido, previnem a colonização do patógeno, promovem atividade antimicrobiana, degradam toxinas e estimulam a imunidade. A manutenção do pH e a produção de peróxido de hidrogênio impede o crescimento da E.coli; além de atenuar o processo inflamatório. • Alho e cebola - Tanto o alho quanto a cebola contém alicina na sua composição, uma substância que, além de ter uma ótima ação antioxidante, também é muito eficaz na eliminação de bactérias do organismo. • Frutas cítricas - Grandes aliadas do sistema imunológico, as frutas cítricas não devem ser deixadas de lado no cardápio. As melhores opções para infecção urinária são abacaxi, laranja e limão. • Cranberry - O cranberry é uma fruta rica em antioxidantes e que também atua como um alimento diurético. Além de fazer sucos, outra sugestão é apostar na barrinha de nuts com coco e cranberry Taeq. • Uvas - Além dos vários benefícios da uva para o corpo, essa fruta também auxilia na recuperação da infecção urinária porque age como um anti-inflamatório natural. O suco de uva Taeq é excelente para isso! https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/frutas-citricas-saiba-quem-faz-parte-desse-grupo-e-o-seus-principais-beneficios_a7222/1 https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/o-que-sao-agentes-antioxidantes-entenda-como-eles-agem-em-defesa-do-organismo_a3668/1 https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/saude-integral-conheca-4-beneficios-da-uva-para-o-corpo_a1300/1 • Mamão - Esse é um dos melhores alimentos para cuidar da saúde da bexiga. O mamão papaya orgânico Taeq "limpa" o corpo e evita a proliferação de bactérias no sistema urinário. • Diuréticos - Optar por alimentos diuréticos naturais, como a melancia, melão e pepino, é uma ótima maneira de prevenir e tratar a infecção urinária. Eles ajudam a drenar o líquido do corpo. Realize a higiene íntima logo antes do ato sexual sempre que possível; esvazie a bexiga após a relação, o jato urinário ajuda a expelir os microrganismos que, porventura, foram carreadas para a uretra; evite sexo anal sem proteção. Tomar banho na banheira pode ser bonito, gostoso e relaxante, contudo a água quentinha torna-se rapidamente povoada por bactérias. Além disso, se a limpeza e desinfecção da banheira não forem adequadas, pode haver a presença de fungos. Troque o absorvente íntimo com frequência, o sangue é um meio de cultura rico para os microrganismos e a presença de umidade facilita sua proliferação e, consequentemente, aumenta o risco de infecção. O ideal é realizar a troca a cada 4 horas e sempre que necessário. Roupas de algodão ou tecidos leves favorecem a circulação de ar e reduzem a umidade local. Roupas apertadas também são contraindicadas, pois dificultam a circulação de ar e aumentam a temperatura da região. Etiologia As ITUs não complicadas superior e inferior são mais frequentemente causadas por E. coli, presente em 70% a 95% dos casos, e Staphylococcus saprophyticus, presente entre 5% a mais de 20% dos casos. (JOHNSON, 2016) O S. saprophyticus só raramente provoca pielonefrite aguda. (JOHNSON, 2016) Bactérias menos comuns causadoras de ITU não complicada incluem outras Enterobacteriaceae (p. ex., Proteus mirabilis, Klebsiella spp.) e, raramente, Pseudomonas aeruginosa, espécies de Citrobacter (spp.), ou outros uropatógenos. (JOHNSON, 2016) Entre as mulheres não grávidas saudáveis, o isolamento de organismos, como os lactobacilos, os enterococos, os estreptococos do grupo B e os estafilococos coagulase- negativos outros que não S. saprophyticus representam mais frequentemente contaminação da amostra de urina. No entanto, esses organismos devem ser considerados prováveis agentes causadores de ITU em mulheres sintomáticas quando encontrados em amostra de jato médio de urina, colhida após antissepsia, em contagens elevadas e crescimento puro. (JOHNSON, 2016) Uma gama mais ampla de bactérias pode provocar ITU complicada, e muitas delas são resistentes aos agentes antimicrobianos de amplo espectro. (JOHNSON, 2016) Embora a E. coli seja o agente mais comum, Citrobacter spp., Enterobacter spp., P. aeruginosa, enterococos e S. aureus contribuem com uma proporção relativamente mais elevada em comparação aos casos de infecções do trato urinário não complicada. (JOHNSON, 2016) A proporção de infecções causadas por fungos, sobretudo as espécies de Candida, vem aumentando. (JOHNSON, 2016) Os pacientes com condições crônicas, como lesão medular e bexiga neurogênica, são mais propensos a infecções polimicrobianas e multidroga resistentes. (JOHNSON, 2016) Fisiopatologia Há quatro maneiras possíveis de entrada de bactérias no trato geniturinário. De um modo geral, é aceito que bactérias periuretrais ascendendo no trato urinário causem a maioria das ITUs. (MCANNOH, LUE, 2014) A maior parte dos casos de pielonefrite é causada pela subida de bactérias a partir da bexiga, através do ureter e para dentro do parênquima renal. Consequentemente, a natureza curta da uretra feminina, em combinac ̧ão com sua proximidade íntima com o vestíbulo vaginal e o reto, provavelmente predispõem as mulheres a ITUs mais frequentes que os homens (MCANNOH, LUE, 2014) Outras formas de penetrac ̧ão bacteriana são causas inco- muns de ITU. (MCANNOH, LUE, 2014) A disseminação hematoge ̂nica pode ocorrer em pacientes imunocomprometidos e em neonatos. (MCANNOH, LUE, 2014) https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/melancia-a-refrescante-fruta-que-hidrata-o-corpo-de-forma-saudavel-e-nutritiva_a4261/1 https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/melancia-a-refrescante-fruta-que-hidrata-o-corpo-de-forma-saudavel-e-nutritiva_a4261/1Staphylococcus aureus, espécies de Candida e Mycobacterium tuberculosis são patógenos comuns que viajam pelo sangue para infectar o trato urinário. (MCANNOH, LUE, 2014) A disseminac ̧ão linfática ao longo dos vasos linfáticos retais, colo ̂nicos e periuterinos tem sido postulada como uma causa de ITU; contudo, atualmente, há pouco suporte científico para sugerir que a disseminac ̧ão de bactérias por meio de canais linfáticos desempenhe um papel na patoge ̂nese da ITU. (MCANNOH, LUE, 2014) Extensão direta de bactérias de órgãos adjacentes para dentro do trato urinário pode ocorrer em pacientes com abscessos intraperitoneais ou fístulas vesicointestinais ou vesicovaginais. (MCANNOH, LUE, 2014) Infecção recidivante a partir de um foco tratado inadequada- mente na próstata ou no rim pode surgir em outras partes dos tratos urinários. (MCANNOH, LUE, 2014) Os fatores relacionados com o hospedeiro têm um papel essencial na patoge ̂nese de ITUs. (MCANNOH, LUE, 2014) Fluxo urinário não obstruído com a consequente lavagem de bactérias ascendentes é fundamental na prevenção de ITU. (MCANNOH, LUE, 2014) Além disso, a própria urina tem caraterísticas específicas (osmolalidade, concentração de ureia, concentrac ̧ão de ácidos orgânicos e pH) que inibem o crescimento e a colonizac ̧ão bacteriana. Ela também contém fatores que inibem a adere ̂ncia bacteriana, como a glicoproteína de Tamm-Horsfall – (THG). (MCANNOH, LUE, 2014) Tem sido observado que a gravidade da bacteriúria e o grau de alterações inflamatórias no trato urinário foram muito maiores em camundongos com déficit de THG, sugerindo que a THG ajuda a eliminar a infec- ção bacteriana do trato urinário e age como um fator geral de defesa do hospedeiro contra ITUs. (MCANNOH, LUE, 2014) Retenção urinária, estase ou refluxo de urina para o trato urinário superior podem promover crescimento bacteriano e infecção subsequente. Consequentemente, qualquer anormalidade ana- tômica ou funcional do trato urinário que impec ̧a o fluxo da urina pode aumentar a suscetibilidade do hospedeiro a ITUs. Essas anormalidades incluem condições obstrutivas em qualquer nível do trato urinário, doenc ̧as neurológicas afetando a func ̧ão do trato urinário inferior, diabetes e gravidez. De modo semelhante, a presenc ̧a de corpos estranhos (como cálculos, cateteres e stents) permite que as bactérias se escondam das defesas do hospedeiro. O epitélio que reveste o trato urinário não somente prove ̂ uma barreira física à infecc ̧ão, mas também tem a capacidade de reconhecer bactérias, a fim de ativar as defesas do hospedeiro. As células uroteliais expressam receptores toll-like (TLR), que, após o engajamento por componentes bacterianos específicos, levam à produc ̧ão de mediadores inflamatórios. Em resposta à presenc ̧a de bactérias, as células de revestimento do trato urinário secretam atraidores químicos, como a interleucina 8, para recrutar neutrófilos à área e limitar a invasão tecidual Anticorpos específicos séricos e urinários são produzidos pelo rim para aumentar a opsonizac ̧ão bacteriana e a fagocitose, e para inibir a aderência bacteriana. O papel protetor da imunidade, tanto de mediac ̧ão celular como humoral, na prevenção de ITUs permanece obscuro; deficiência de função de células B ou células T não tem sido associada à frequência aumentada de ITU, nem alterado o curso da infecc ̧ão. Entretanto, deve-se notar que os mesmos mecanismos de defesa do hospedeiro que ajudam a prevenir/limitar a infecc ̧ão (como as respostas inflamatórias) podem levar a dano celular e tecidual. A aderência aumentada pode ser devida a ter mais locais de ligação para adesinas bacterianas em suas células da mucosa. Alterna- tivamente, essas pacientes podem não secretar compostos solúveis, que normalmente competem pelos mesmos receptores que se ligam às adesinas bacterianas. Antígenos de grupo sanguíneo podem compor um grupo desses compostos solúveis que inibem a adere ̂ncia bacteriana Esses achados sugeririam uma predisposic ̧ão genética a ITU. (MCANNOH, LUE, 2014) Entre outros fatores do hospedeiro importantes estão incluídas a flora normal da área periuretral ou da próstata, e a presença de refluxo vesicoureteral. (MCANNOH, LUE, 2014) Nas mulheres, a flora normal da área periuretral, composta de microrganismos como os lactobacilos, fornece uma defesa contra a colonizac ̧ão por bactérias uropatoge ̂nicas. Alterac ̧ões no ambiente periuretral (como mudanc ̧as no pH ou nos níveis de estrogênios, ou o uso de antibióticos) podem danificar a flora periuretral, permitindo que uropatógenos colonizem e, subsequentemente, infectem o trato urinário (MCANNOH, LUE, 2014) Nos homens, a próstata secreta líquido contendo zinco, que tem atividade antimicrobiana potente (MCANNOH, LUE, 2014) Nem todas as bactérias são capazes de aderir ao trato urinário e infectá-lo. Das muitas cepas de Escherichia coli, as uropatogênicas pertencem a um número muito limitado de sorogrupos O, K e H. Elas te ̂m propriedades de aderência aumentada a células uroepiteliais, resiste ̂ncia à atividade bactericida do soro humano, produção de hemolisina e a expressão aumentada do antígeno capsular K (MCANNOH, LUE, 2014) A capacidade da E. coli de aderir a células epiteliais é mediada por ligantes localizados nas pontas das fímbrias bacterianas (pilosidades). (MCANNOH, LUE, 2014) Os ligantes prendem-se a receptores de glicolipídeos ou glicoproteínas na membrana superficial das células uroepiteliais. (MCANNOH, LUE, 2014) As fímbrias são classificadas por sua capacidade de causar hemaglutinação e pelo tipo de açúcar que pode bloquear esse processo. (MCANNOH, LUE, 2014) ➢ As fímbrias P, que podem aglutinar sangue humano, ligam- se a receptores de glicolipídeos nas células uroepiteliais, eritrócitos (antígenos P de grupo sanguíneo) e células tubulares renais (MCANNOH, LUE, 2014) ➢ As fimbrias tipo 1, que podem aglutinar sangue de cobaias, ligam-se a resíduos de manosídeo em células uroepiteliais (MCANNOH, LUE, 2014) Fímbrias P são observadas em 90% das cepas de E. coli que causam pielonefrite, mas em menos de 20% das cepas que causam ITUs baixas. Em contrapartida, as fímbrias tipo 1 podem ajudar bactérias a aderir à mucosa da bexiga. A maioria das E. coli uropatogênicas tem ambos os tipos de fímbrias. (MCANNOH, LUE, 2014) Uma vez que ocorra ligac ̧ão às células uroepiteliais, outros fatores patogênicos bacterianos tornam-se importantes. A maioria das cepas uropatoge ̂nicas de E. coli produz hemolisina, que inicia a invasão tecidual e torna o ferro disponível para os patógenos infectantes (MCANNOH, LUE, 2014) A presenc ̧a do antígeno K nas bactérias invasoras protege-as da fagocitose por neutrófilos (MCANNOH, LUE, 2014) Tem sido observado que muitas bactérias, como a E. coli, te ̂m a capacidade de invadir as células do hospedeiro, atuando como patógenos intracelulares oportunistas. Tem sido mostrado que o fator necrosante citotóxico, as adesinas Afa/Dr e fímbrias tipo 1 promovem a invasão das células do hospedeiro. (MCANNOH, LUE, 2014) A ligac ̧ão da adesina FimH na extremidade distal de fímbrias tipo 1 à membrana do hospedeiro leva ao recrutamento de adesina quinase focal, fosfoinositídeo-3-quinases, actinina-a e vinculina, o que resulta em rearranjos localizados de actina e deglutição da bactéria presa por fechamento da membrana em volta das bactérias (MCANNOH, LUE, 2014) As bactérias intracelulares amadurecem em biofilmes, criando protuberâncias semelhantes a vagens sobre a superfície do urotélio. As vagens contêm bactérias enclausuradas em uma matriz rica em polissacarídeos circundada por uma casca protetora de uroplaquina. (MCANNOH, LUE, 2014) Manifestações Clínicas O quadro clínico da ITU é variável. No entanto, apesar da diversidadede sintomas podemos elencar alguns sintomas mais sugestivos de infecção do trato urinário baixo (bexiga), configurando então as cistites, e, a partir de outros sintomas pensar no diagnóstico clínico de pielonefrites ou de infecção do trato urinário alto (rins). Cistite Sintomas de disúria (dor ou dificuldade de micção) associado a polaciúria, urgência miccional, dor em região suprapúbica e hematúria. (SANAR FLIX) Idosos podem ter apresentações atípicas como alteração do nível de consciência e/ou alterações do comportamento. (SANAR FLIX) Pielonefrite aguda Os pacientes com pielonefrite aguda apresentam calafrios, febre e dor à palpac ̧ão do a ̂ngulo costovertebral. Frequentemente, eles te ̂m sintomas do trato inferior associados, como disúria, polaciúria e urge ̂ncia miccional. Sepse pode ocorrer, com 20 a 30% de todas as sepses siste ̂micas resultando de uma infecc ̧ão urinária. (WEIR, 2018) É importante ressaltar que a sinais e sintomas sistêmicos direcionam para o quadro clínico de pielonefrite tais como febre, vômitos e náuseas. (SANAR FLIX) Além destes, o sinal de Giordano (punho percussão da loja renal) positivo, dor lombar. (SANAR FLIX) A pielonefrite pode ser oligossintomática, principalmente em grupos como as gestantes, havendo também superposição com os sintomas de cistite. (SANARFLIX) É importante avaliar o estado geral do paciente e considerar internação uma vez que haja suspeita de pielonefrite complicada devido ao risco de progressão para um quadro de sepse. (SANARFLIX) Pielonefrite enfisematosa A pielonefrite enfisematosa é uma infecc ̧ão necrosante caracterizada por presenc ̧a de gás dentro do pare ̂nquima renal ou do tecido perinéfrico. Em torno de 80 a 90% dos pacientes com pielonefrite enfisematosa têm diabetes; o restante dos casos está associado à obstruc ̧ão do trato urinário por cálculos ou à necrose da papila (WEIR, 2018) Os pacientes com pielonefrite enfisematosa apresentam-se com febre, dor no flanco e vo ̂mitos que não respondem ao tratamento inicial com antibióticos parenterais Pneumatúria pode estar presente (WEIR, 2018) Pielonefrite crônica A pielonefrite cro ̂nica resulta de infecção renal repetida, o que leva a retração cicatricial, atrofia do rim e insuficie ̂ncia renal subsequente. O diagnóstico é feito por exame radiológico ou patológico, em vez de pela apresentação clínica. (WEIR, 2018) Muitos indivíduos com pielonefrite cro ̂nica não te ̂m sintomas, mas eles podem ter uma história de ITU frequente. Em Como os pacientes com pielonefrite cro ̂nica frequentemente são assintomáticos, o diagnóstico é feito de modo incidental quando se inicia investigac ̧ão radiológica para avaliar complicações associadas à insuficie ̂ncia renal, como hipertensão, distúrbios visuais, cefaleias, fadiga e poliúria. (WEIN, 2018) Pielonefrite xantogranulomatosa A pielonefrite xantogranulomatosa (PXG) é uma forma de infecção bacteriana crônica do rim. O rim afetado quase sempre está hidronefrótico e obstruído. Na maioria dos casos, a PXG ocorre unilateralmente. A inflamação grave e a necrose obliteram o pare ̂nquima renal. Caracteristicamente, histiócitos espumosos cheios de lipídeos (células de xantoma) estão presentes, podendo ser confundidos com carcinoma renal de células clara (WEIN, 2018) Os pacientes com PXG apresentam-se normalmente com dor no flanco, febre, calafrios e bacteriúria persistente. Uma história de urolitíase está presente em cerca de 35% dos pacientes (WEIN, 2018 No exame físico, muitas vezes pode ser palpada uma tumorac ̧ão no flanco. (WEIN, 2018) Prostatite Prostatite refere-se à inflamação da próstata associada a ITU. Pensa-se que a infecc ̧ão resulte de infecc ̧ão uretral ascendente ou de refluxo de urina infectada da bexiga para os ductos prostáticos. (WERI, 2018) Os pacientes com prostatite bacteriana aguda geralmente se apresentam com um início abrupto de sintomas siste ̂micos (febre, calafrios, mal-estar geral, artralgia, mialgia, dor lombar inferior/retal/perineal) e urinários (polaciúria, urge ̂ncia, disúria). Eles também apresentam retenção urinária devido à inchac ̧ão da próstata. (WEIR, 2018) O toque retal revela gla ̂ndula aumentada dolorosa à palpac ̧ão, que é irregular e quente (WEIR, 2018) O sumário de urina geralmente demonstra leucócitos e, ocasional- mente, hematúria (WEIR, 2018) Diagnóstico A avaliação por meio da anamnese e exame físico é fundamental para o diagnóstico. Inclusive, aqueles pacientes que apresentam sinais e sintomas de cistite e que não apresentam nenhum fator de risco para ITU complicada, sequer necessitam ser avaliados por meio de exames complementares para proceder com o tratamento pensando naqueles patógenos mais prevalentes que já comentamos. (SANAR FLIX) Sumário de urina Com maior freque ̂ncia, a urina é obtida de uma amostra obtida por micção. Em crianças sem treinamento para uso do toalete, um dispositivo para coleta de urina, como um saquinho plástico, é colocado sobre a genitália, e a urina é cultivada do espécime assim coletado. Esses dois métodos de coleta de urina são fáceis de se obterem, mas pode ocorrer contaminac ̧ão a partir da vagina e da área perirretal. Há uma taxa alta de falso-positivos, especialmente em espécimes de sacos coletores. A aspirac ̧ão suprapúbica evita a contaminac ̧ão potencial; contudo, devido a seu caráter invasivo, é usada raramente, exceto em crianc ̧as e em pacientes selecionados. A coleta de urina obtida por um cateter urinário é menos invasiva que uma aspiração suprapúbica e tem menor probabilidade de contaminac ̧ão do que um espécime obtido por micc ̧ão. Se um paciente tem uma sonda de permane ̂ncia, um espécime de urina deve ser coletado do portal de coleta do cateter.(MCANNOH, LUE, 2014) Exames de urina são realizados para revelar bactérias na urina e diagnosticar infecção urinária. Um critério diagnóstico amplamente aceito de infecção urinária é a detecção de 100.000 unidades formadoras de colônia (UFC) ou mais bactérias por mililitro (μℓ) de urina (NORRIS, 2021). A amostra de urina pode ser examinada com fita reagente ou microscopia óptica a procura de biomarcadores de infecção. Dois exames simples são a pesquisa de nitrito e de esterase leucocitária (NORRIS, 2021) A urina pode ser avaliada imediatamente para esterase leucocitária, um composto produzido pela fragmentac ̧ão de leucócitos na urina. (MCANNOH, LUE, 2014) O nitrito urinário é produzido pela redução dos nitratos da dieta por muitas bactérias gram-negativas. (MCANNOH, LUE, 2014) Esterase e nitrito podem ser detectados por um teste de fita na urina, e são mais confiáveis quando a contagem bacteriana é . 100.000 unidades formadoras de colônias (UFC) por mililitro. (MCANNOH, LUE, 2014) O exame microscópico da urina para leucócitos e bactérias é feito após centrifugação. Quando as contagens de bactérias são . 100.000 UFC/mL, as bactérias podem ser detectadas à microscopia. Mais de tre ̂s leucócitos por campo de grande aumento sugerem uma possível infecc ̧ão. (MCANNOH, LUE, 2014) O teste do nitrito urinário é altamente específico, mas não sensível, ao passo que os outros três exames te ̂m uma sensibilidade e especificidade de aproximadamente 80%. Uma combinação desses exames pode ajudar a identificar aqueles pacientes nos quais a urocultura será positiva. Inversamente, quando esterase, nitrito, sangue e proteína estão ausentes em uma amostra urinária , 2% das amostras de urina serão positivas por cultura, fornecendo um valor pre- ditivo negativo . 98% e uma sensibilidade de 98% (MCANNOH, LUE, 2014) • Colonização: é a multiplicação dos microrganismos no hospedeiro, sem indícios aparentes de invasividade ou lesão dos tecidos (NORRIS, 2021). • Piúria: existência de mais de 5 a 8 leucócitos por campo de grande aumento) indicareação do hospedeiro à infecção, em vez de colonização bacteriana assintomática (NORRIS, 2021) Urocultura O padrão-ouro para a identificac ̧ão de ITU é a cultura de urina quantitativa para bactérias específicas. A urina deve ser coletada em um recipiente estéril e cultivada imediatamente após a coleta. Quando isso não é possível, a urina pode ser guardada no refrigerador por até 24 horas (MCANNOH, LUE, 2014) A amostra então é diluída e semeada em placas de cultura. Cada bactéria formará uma única colônia nas placas. O número de colo ̂nias é contado e ajustado por mililitro de urina (UFC/mL). Definir a quantidade de UFC/mL que representa infecção clinicamente significativa pode ser difícil. Depende do método de coleta, do sexo do paciente e do tipo de bactéria isolado. Tradicionalmente, 100.000 UFC/mL é usado para excluir contaminação. Entretanto, estudos te ̂m demonstrado claramente que ITU clinicamente significativa pode ocorrer com , 100.000 UFC/mL de bactérias na urina (MCANNOH, LUE, 2014) Exames de imagem Na maioria dos casos de ITU, não há necessidade de exames de imagem, visto que os achados clínicos e laboratoriais são suficientes para estabelecer um diagnóstico correto e instituir um tratamento adequado na maioria dos pacientes. (WIEN, 2018) Todavia, a infecção na maioria dos homens, ou em um hospedeiro imunocomprometido, as infecções febris, a presença de sinais ou sintomas de obstrução das vias urinárias, ausência de resposta à terapia adequada e um padrão de infecções recorrentes sugerindo uma persistência bacteriana nas vias urinárias justificam a obtenção de exames de imagem para identificar as anormalidades subjacentes que exigem uma modificação do tratamento clínico ou uma intervenção percutânea ou cirúrgica. (WEIN, 2018) A ultrassonografia renal é uma importante técnica de diagnóstico por imagem, visto que não é invasiva, é rápida e fácil de realizar e não oferece nenhum risco de radiação ou de meios de contraste para o paciente. A ultrassonografia mostra-se particularmente útil para a identificação de cálculos, hidronefrose, pionefrose e abscessos perirrenais. A ultrassonografia deve ser acompanhada de uma única radiografia para cálculos. A ultrassonografia também é útil para o diagnóstico de urina residual pós-miccional. (WEIN, 2018) As modalidades radiológicas que oferecem os melhores detalhes anatômicos são a TC e a RM. Esses exames são mais sensíveis do que a urografia excretora ou a ultrassonografia para o diagnóstico de nefrite bacteriana focal aguda, abscessos renais e perirrenais e cálculos radiotransparentes (WEIN, 2018) A cistouretrografia miccional é um exame importante na avaliação do refluxo vesicoureteral. Pode ser utilizada para avaliar pacientes com bexiga neuropática e os raros casos em que uma mulher apresenta divertículo uretral como causa de infecções persistentes. (WEIN, 2018) Tratamento O sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) é usado comumente para tratar muitas ITUs, exceto aquelas causadas por Enterococcus e Pseudomonas spp. (MCANNOH, LUE, 2014) Ele interfere no metabolismo bacteriano do folato. (MCANNOH, LUE, 2014) O SMX-TMP não deve ser usado em pacientes que tenham deficie ̂ncia de ácido fólico, deficie ̂ncia de glicose-6-fosfato desidrogenase, síndrome da imunodeficie ̂ncia adquirida (aids) ou em mulheres grávidas. (MCANNOH, LUE, 2014) As fluoroquinolonas têm um amplo espectro de atividade, especialmente contra bactérias gram-negativas. Embora tenham atividade adequada contra espécies de estafilococos, as fluoroquinolonas não te ̂m boa atividade contra espécies de estreptococos e bactérias anaeróbias. (MCANNOH, LUE, 2014) Elas interferem na girase do DNA bacteriano, impedindo a replicac ̧ão das bactérias. Embora elas sejam altamente eficazes no tratamento de ITU, as fluoroquinolonas são relativamente caras. (MCANNOH, LUE, 2014) As fluoroquinolonas não devem ser usadas em pacientes grávidas e devem ser usadas criteriosamente em crianc ̧as devido ao seu potencial de dano à cartilagem em desenvolvimento (MCANNOH, LUE, 2014) A nitrofurantoína tem boa atividade contra a maioria das bactérias gram-negativas (exceto Pseudomonas e Proteus spp.), estafilococos e espécies de enterococos. . (MCANNOH, LUE, 2014) Ela inibe enzimas bacterianas e atividade de DNA. (MCANNOH, LUE, 2014) A nitrofurantoína é altamente eficaz no tratamento de ITU e é relativamente barata. (MCANNOH, LUE, 2014) Os aminoglicosídeos são usados comumente no tratamento de ITU complicada. Eles são altamente efetivos contra a maioria das bactérias gram-negativas. Quando combinados com ampicilina, eles são eficazes contra enterococos. (MCANNOH, LUE, 2014) Eles inibem a síntese bacteriana de DNA e RNA. (MCANNOH, LUE, 2014) Os aminoglicosídeos são usados principalmente em pacientes com ITU complicada que precisam de antibióticos intravenosos (MCANNOH, LUE, 2014) As cefalosporinas te ̂m boa atividade contra a maioria dos uropatógenos As cefalosporinas de primeira gerac ̧ão te ̂m boa atividade contra bactérias gram-positivas, E. coli e Proteus e Klebsiella spp. As cefalosporinas de segunda gerac ̧ão te ̂m atividade aumentada contra anaeróbios e Haemophilus influenzae. As cefalosporinas de terceira gerac ̧ão te ̂m cobertura mais ampla contra bactérias gram-negativas, porém menor contra bactérias gram-positivas. (MCANNOH, LUE, 2014) As cefalosporinas inibem a síntese da parede celular bacteriana. (MCANNOH, LUE, 2014) As penicilinas de primeira gerac ̧ão são ineficazes contra a maioria dos uropatógenos e não são usadas comumente no tratamento de ITU. Entretanto, as aminopenicilinas (amoxicilina e ampicilina) te ̂m boa atividade contra enterococos, estafilococos, E. coli e Proteus mirabilis. Contudo, as bactérias gram--negativas podem desenvolver resiste ̂ncia rapidamente a muitas aminopenicilinas. A adic ̧ão de inibidores da betalactamase, como o ácido clavula ̂nico, torna as aminopenicilinas mais ativas contra as bactérias gram-negativas. (MCANNOH, LUE, 2014) Referências: DA SILVA, Pedro Paulo Assunção et al. Fatores de risco para infecções no trato urinário: revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1, p. e5812-e5812, 2021. Johnson, Richard J. Nefrologia Clínica . Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2016. Wein, Alan J. Campbell-Walsh Urologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Grupo GEN, 2018. McAninch, Jack, W. e Tom F. Lue. Urologia geral de Smith e Tanagho. Disponível em: Minha Biblioteca, (18ª edição). Grupo A, 2014.
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