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Trabalho Discente Efetivo 5 – Inflação Acadêmica: Camila Raquel Thomaz Os efeitos da inflação dependem exclusivamente de dois fatores: de que a inflação seja esperada ou não, e de que a economia tenha ajustado suas instituições para enfrentá-la, ou seja, no fator de inflação esperada, as entidades passaram a se adaptar para compensar esses efeitos, os custos da inflação são classificados em dois tipos. Podemos destacar primeiro o custo denominado “sola de sapatos”, que surge devido à inconveniência de ter que visitar frequentemente as instituições financeiras para sacar dinheiro e ajustar os saldos reais desejados à perda de poder de compra da moeda causada pela inflação, ou seja, são os recursos desperdiçados devido à necessidade de reduzir a quantidade de dinheiro mantida em mãos devido à inflação. Esse custo acaba estimulando os indivíduos a realizar transações monetárias com maior frequência para evitar a perda de valor da moeda ao longo do tempo. Outro tipo de custos que decorre é o da necessidade de realizar mudanças constantes nos preços, o que implica na alteração de listas de preços e menus. Esses custos são geralmente denominados "custos de ajuste de menu”. Quando há um cenário de inflação, os preços necessitam ser ajustados com maior frequência para acompanhar as mudanças no poder de compra da moeda. Isso implica em alterar as listas de preços, menus de restaurantes e outras informações relacionadas aos preços. Essas mudanças requerem recursos adicionais, como tempo e dinheiro, para atualizar e comunicar os novos valores aos consumidores do fornecedor. Mesmo quando a inflação é esperada, surgem custos adicionais e que são principalmente decorrentes das distorções fiscais. Com a inflação, ocorre uma mudança nas faixas tributárias, o que significa que a proporção de impostos pagos em relação a uma determinada quantia de renda real aumenta. Isso ocorre porque os sistemas tributários geralmente são projetados levando em consideração a renda nominal dos contribuintes. No entanto, quando há inflação, a renda nominal aumenta, mas a renda real (ajustada pela inflação) permanece constante ou pode até diminuir. Se os impostos fossem proporcionais à renda nominal, os contribuintes pagariam a mesma proporção de sua renda em impostos, independentemente do aumento da inflação. No entanto, como a renda nominal aumenta devido à inflação, mas a renda real não acompanha esse aumento, a proporção dos impostos pagos em relação à renda real efetiva aumenta. Durante os períodos de inflação, os juros também são alterados, os prestamistas exigem taxas de juros mais altas para compensar a desvalorização do poder de compra da moeda que estão emprestando. Isso ocorre porque eles querem garantir que o valor real do dinheiro que estão emprestando não seja reduzido devido à inflação. Portanto, a taxa de juros tende a incluir uma parcela adicional de dinheiro para compensar a perda de poder de compra do valor emprestado. Em resumo, os prestamistas aumentam as taxas de juros para proteger seu retorno real e compensar a inflação. Pode-se usar a equação de Fisher para calcular essa quantia extra. Já os efeitos da inflação não esperada no sistema econômico podem ser categorizados em dois principais grupos: efeitos na distribuição da renda e riqueza, e efeitos na alocação dos recursos produtivos. O primeiro é o mais visível e perceptível, pois se referem-se às mudanças na distribuição dos ganhos monetários entre os diferentes agentes econômicos. A inflação pode afetar de forma desigual os indivíduos, beneficiando alguns e prejudicando outros, dependendo de fatores e da capacidade de reajustar seus rendimentos. Por exemplo, os devedores podem se beneficiar da inflação, já que o valor real das dívidas pode diminuir, enquanto os credores podem sofrer perdas de poder aquisitivo. Isso pode resultar em mudanças na distribuição de riqueza e renda na sociedade. Na maioria das vezes, a inflação beneficia os devedores nominais e prejudica os credores em termos monetários. Os efeitos sobre a alocação dos recursos afeta negativamente a atividade econômica ao criar incerteza, distorcer os sinais de preços relativos e prejudicar o planejamento e investimento de longo prazo. A incerteza gerada pode levar a comportamentos de cautela por parte dos consumidores e das empresas, que podem reduzir seus gastos e investimentos em face da instabilidade dos preços. Isso pode levar a uma desaceleração do crescimento econômico e da demanda agregada. Além disso, a inflação distorce os sinais de preços relativos, dificultando a tomada de decisões eficientes de alocação de recursos. Isso pode levar consequências negativas e prejudicar o planejamento e investimento de longo prazo para a produtividade e a eficiência econômica. A luta contra a inflação envolve a participação de diversos agentes econômicos, como governo, bancos centrais, empresas e nelas os indivíduos. Cada um desempenha um papel importante na tentativa de controlar e reduzir os efeitos negativos da inflação na economia. Os trabalhadores consideram não apenas o salário nominal, mas também o salário real que esperam receber, levando em conta a taxa de inflação prevista. Se os preços aumentarem, o poder de compra diminui. Para evitar essa perda, os trabalhadores podem pressionar por aumentos salariais nominais, o que pode levar as empresas a aumentarem os preços para compensar os custos adicionais. Isso cria uma “espiral preço-salários”, onde os aumentos nos preços levam a demandas por aumentos salariais, e esses aumentos salariais, por sua vez, levam a novos aumentos nos preços, se tornando assim um ciclo vicioso. Para combater a inflação, são adotadas políticas contracionistas de demanda e custo, incluindo medidas monetárias e fiscais. É importante controlar o crescimento da oferta monetária e vinculá-lo às necessidades produtivas. A indexação generalizada de contratos e preços é uma alternativa, mas apresenta desafios e dificuldades em evitar desequilíbrios fiscais. É crucial combater a inflação devido aos custos significativos. Internacionalmente, é necessário enfrentar a inflação para evitar perdas de competitividade, o que requer políticas monetárias restritivas e fiscais rigorosas para romper com as expectativas inflacionárias. A inflação não é uma novidade no Brasil, a hiperinflação no Brasil nas décadas de 1980 e 1990 foi um desafio para a política econômica. O Plano Real, com o elemento heterodoxo da URV, proporcionou a resolução da hiperinflação, mas acabou por ocasionar efeitos adversos na piora dos resultados fiscais, monetários e do setor externo. Os níveis de desemprego aumentaram, a pobreza estabilizou-se e a desigualdade cresceu. O Plano Real consistiu em três âncoras para ser implementado: âncora fiscal, âncora cambial e âncora monetária. A rápida eliminação da hiperinflação acabou por desestabilizar as contas públicas em nível federal, estadual e municipal.. A contabilidade pública falhou, e o controle da hiperinflação usando o câmbio agravou a situação fiscal. A política monetária enfrentou problemas de liquidez e juros altos. A hiperinflação teve um impacto significativo na sociedade e na economia do país.
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