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FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO 1 semestre

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97
 Manual Guia de Estudos EAD UNIGRANET - 2018
Pós Graduação a Distância
MBA EM GESTÃO DE COOPERATIVAS
1º Semestre
FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO
97
Pós - Graduação a Distância
FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO
 
Professor Luiz Adriano Melo
97
Apresentação do docente 
 Luiz Adriano Melo é graduado em Direito pela 
UNIGRAN 2007, MBA em Gestão de Cooperativas 
(FUNDACE/USP- 2015), Corretor de Imóveis e Perito Judicial, 
Consultor de Cooperativas e Sócio fundador da COOPERSUL 
(Cooperativa de Apoio aos transportadores Rodoviários de Mato 
Grosso do Sul) .
97
Sumário:
Apresentação do docente
Conversa inicial 
Aula 01
Fundamentos do cooperativismo
Aula 02
Noções gerais sobre forma cooperativa, aspectos sócio-históricos e 
Evolução histórica da legislação cooperativista no Brasil
Aula 03
Caracterização das estruturas de representatividade dos ramos do 
cooperativismo
Aula 04
Principiologia, Definição, Natureza Jurídica Das Cooperativas, 
Objeto E Classificação Das Sociedades Cooperativas.
Referências
97
 Conversa inicial 
Olá estimados Pós Graduandos em MBA em Gestão de Cooperativas 
na UNIGRAN Net, é uma satisfação imensa ser o mediador (professor) 
dessa disciplina de Fundamentos do Cooperativismo, Tenho Certeza que ao 
final de cada aula alguma coisa será acrescentar a você, seja no campo 
profissional ou pessoal. 
Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi 
organizada em 06 aulas, com temas e sub-temas que, por sua vez, são 
subdivididos em seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de 
ensino-aprendizagem.
Não há como se pensar em um movimento tão amplo como o do 
Cooperativismo - que envolve qualquer atividade econômica possível - sem 
organizá-lo em modalidades que demonstrem as especificidades das diversas 
estruturas que constituem as cooperativas.
Princípios básicos são comuns a toda e qualquer forma de 
Cooperativa, mas, por vezes, o sentido da prestação de serviços que cada 
ramo de cooperativa promove para os respectivos associados pode ser 
diverso. 
Exemplo disso é a diferença entre cooperativas de consumo e 
cooperativas de produção. Enquanto as primeiras promovem uma prestação 
de serviços de compra em comum – e este é o ato tido em cooperação – as 
segundas vendem em comum, sendo-lhes peculiar não a união de esforços 
para comprar, mas sim, para vender melhor.
Em ambos os ramos, busca-se a ausência do lucro do terceiro que 
explora os interesses de compra e venda, mas, em razão das peculiaridades 
de cada um deles, há um sentido, um norte, para a prestação de serviços.
Enfim, inúmeras são as possibilidades de estruturação do 
cooperativismo e, por isso, é fundamental que se avalie ramo a ramo de 
maneira sistematizada, para que seja possível, melhor e acertadamente, 
aplicar os conceitos comuns a todo o Movimento Cooperativista. Esperamos 
que você sinta-se entusiasmado por este tema. 
Saudações cooperativistas!
Professor Luiz Adrian Melo
Boa leitura!
97
AULA 01
FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO
Para a análise e o estudo do Fundamento do Cooperativismo, é 
necessário que você desenvolva um entendimento do espírito cooperativista, 
reconhecer o papel e a importância do Cooperativismo e quais são os fatores 
de identificação da peculiar forma cooperativa. 
E é essa a proposta da presente unidade: promover o conhecimento de 
uma sociedade cooperativa, que são os conceitos que garantem a Identidade 
Cooperativa. 
Assim, as seções de estudo a seguir ordenam a lógica da cooperação 
tida em uma comunidade e que se materializa na cooperativa. Vamos 
analisar desde a necessidade da união que leva à cooperação, até o espírito 
da cooperação que garante a ordem estrutural dessa sociedade. 
Com essa análise, abraçamos a identificação das razões que levam à 
cooperação e às cooperativas. Dessa forma, quando do estudo dos Ramos 
especificamente, você terá subsídios suficientes para entender com exatidão 
quais são as características que permeiam cada especialidade cooperativa.
Boa Aula !
97
.
Objetivos de aprendizagem
 Entender o que são como e por que se organizam as 
sociedades cooperativas;
 Reconhecer o papel e a importância do Cooperativismo;
 Distinguir os objetivos sociais de uma Cooperativa.
Seções de estudo
Seção 1 O espírito cooperativista
Seção 2 A cooperação: forma e estrutura cooperativa
Seção 3 A cooperativa
Seção 4 Os objetivos sociais
Seção 5 O estado de cooperação e a estrutura cooperativa
Seção 1 – O espírito cooperativista
O espírito cooperativista é um conjunto de sentimentos de amor ao 
próximo, um comprometimento coletivo e solidário, em que a 
responsabilidade está intimamente ligada a este comprometimento com o 
grupo e à necessidade de união para prosperar. Cattani relaciona a utopia da 
seguinte forma: a liberdade criadora que busca a emancipação social se 
manifesta na luta contra os dogmatismos, messianismos e determinismos 
estruturais, contra a servidão e violência, enfim, contra o domínio das 
minorias reacionárias o
tutelares (CATTANI, 2004, p. 347). 
Historicamente, este espírito já se encontrava presente em antigas 
civilizações, como a dos Incas, Mapuches e Guaranis. Sobre as Reduções 
criadas pelas Missões Jesuítas, vale lembrar que os povos Guaranis 
possuíam um espírito ainda mais cooperativo do que os jesuítas com suas 
propostas. O trabalho coletivo era uma instituição e não se pensava no 
trabalho limitado somente da família, como era a proposta dos Missioneiros 
que vieram da Europa. 
Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no Século XVIII, o 
espírito cooperativista ressurge com os ideais utópicos de Robert Owen 
(1771 – 1858) e Charles Fourier (1772 –1837).
97
O espírito cooperativista vem em contraposição ao Espírito do 
Capitalismo descrito por Marx Weber (1985). Weber explica que o espírito 
do capitalismo compreende a geração de dinheiro como objetivo final, “o 
homem é dominado pela geração de dinheiro, pela aquisição como propósito 
final da vida” (WEBER, 1985, p. 21). Quando Weber diz que “a aquisição 
econômica não mais está subordinada ao homem como um meio para a 
satisfação de suas necessidades materiais” (1985, p. 21), ele quer dizer que o 
homem está submetido à exploração do capital, e a necessidade de 
reprodução de suas vidas não vale tanto quanto a valorização do dinheiro; 
considerando que o contrário seria irracional.
Outra questão defendida é a do trabalho, na qual é discutida a questão 
da geração de lucro. Fundamentado neste espírito do capitalismo, o lucro 
significa a parcela do trabalho que não é paga pelo capitalista, de acordo 
com Marx em sua obra O Capital (1996). Isto significa que o empresário tem 
lucro porque ele não paga tudo que o trabalhador produz. Esta teoria 
desenvolvida por Marx vem ao encontro do que Weber defende: “um 
excesso de mão de obra que possa ser empregada a baixo preço no mercado 
de trabalho é uma necessidade para o desenvolvimento do
capitalismo”. (WEBER, 1985, p. 24). 
Bom, sabemos que lucro é uma coisa, sobra é outra. Cooperativa não 
tem lucro, tem sobra. Sobra possui um significado diferente, em que se 
realiza uma remuneração proporcional ao trabalho realizado. Com isso, não 
resta lucro no final das contas. 
Voltando ao espírito cooperativista, Donida (2004, p.119) explica que 
possuir espírito cooperativista não deve significar um Sentimento de 
renúncia:
É fundamental saber harmonizar conflitos desta ordem e ter claro até 
aonde chega, ou deve chegar, o espírito de cooperação e de solidariedade, e 
quando este deixa de ser um referencial a sustentar. Benecker (1980) ensina 
que a solidariedade cooperativa deve ser racional. Com isso, entende-se que 
as vantagens da união associativa devem sobressair aos efeitos negativos das 
divergências entre interesses e objetivos pessoais e os que prevaleçam para o 
conjunto dos associados. O resultado global de pertencer à associação deve 
ser vantajoso para cada associado e não uma permanente necessidade de 
renúncia. (Tradução nossa).
97Precisamos, ainda, fazer uma diferenciação entre espírito 
cooperativista, explicado anteriormente, e os princípios cooperativistas. Em 
sua definição, os princípios cooperativistas são linhas orientadoras que as 
cooperativas seguem de forma a levar os seus valores à prática. Os 
princípios do cooperativismo são sete:
1º - Adesão voluntária e livre.
2º - Gestão democrática.
3º - Participação econômica dos membros.
4º - Autonomia e independência.
5º - Educação, formação e informação.
6º - Intercooperação.
7º - Interesse pela comunidade.
O conceito de responsabilidade social é relativamente novo para a 
maioria das empresas. Entretanto, para as cooperativas, esse conceito advém 
dos princípios e valores do cooperativismo. A preocupação com a cidadania, 
com o meio ambiente, com o bem-estar social, com a educação, com a 
saúde, com a qualidade de vida dos associados, funcionários, comunidade, 
clientes, fornecedores e consumidores faz parte da cultura cooperativista.
As cooperativas, por sua própria essência, são entidades 
solidárias, nas quais pessoas de um mesmo grupo social ou econômico se 
reúnem com a finalidade de ajuda mútua. O ato cooperativo, por natureza e 
vocação, visa ao benefício comum. No cooperativismo, a solidariedade é 
prática diária, e representa melhoria de perspectiva de vida e bem-estar para 
milhares de pessoas. Responsabilidade social, nesse contexto, é regra de 
conduta e hábito arraigado, praticado há décadas, muito antes de o termo 
ganhar a dimensão e o status que hoje recebe. O que é uma novidade nas 
empresas privadas, para as cooperativas é atividade comum.
As cooperativas passam por momentos de grandes transformações, em 
função da globalização. Para crescerem diante de um mercado cada vez mais 
competitivo é preciso que invistam cada vez mais na profissionalização de 
seus negócios, no investimento em educação, na qualidade de seus produtos, 
na produtividade e na busca de novos mercados. E que continuem sempre 
desenvolvendo ações sociais consequentes, porque o cooperativismo é, 
primordialmente, apoio, solidariedade e amor.
97
O espírito de cooperação e de solidariedade sempre existiu na alma 
do homem. A ajuda mútua é encontrada nas diversas relações de trabalho 
coletivo, em várias épocas da vida, aproximando o trabalho com o exercício 
da cooperação e da solidariedade. As origens históricas do cooperativismo 
moderno têm como referência a sociedade inglesa do século XIX.
Numa época em que o pensamento humano vivia sob a égide do 
mecanicismo, nascia o cooperativismo. O advento da era das máquinas 
modifica profundamente não só o pensamento humano, mas as relações de 
produção e consequentemente a divisão do trabalho, divisão esta que norteia 
o pensamento, reducionista, que influenciava todas as atividades humanas da 
época. 
O cooperativismo surgiu como um instrumento eficaz para a 
organização da sociedade, para a democracia dos investimentos, para a 
distribuição da renda, para a regularização do mercado, para a geração de 
empregos e a justiça social. O cooperativismo integra organizações de 
economia social, que, com objetivos baseados na solidariedade e na 
democracia, dão primazia às pessoas e ao trabalho sobre o capital na 
distribuição dos benefícios.
A base da doutrina cooperativista é formada pelos valores e princípios 
juntos com as ideias gerais.
 Os valores têm caráter abrangente e perene no tempo, enquanto 
os princípios interpretam os valores e se adaptam ao tempo e ao 
lugar, fazendo ponte entre a teoria e a prática cooperativista, 
transformando ideias em ações.
 Incluem-se entre as ideias gerais do cooperativismo: 
modificação pacífica e gradativa do meio econômico social, 
prestação de serviços, substituição da concorrência pela 
cooperação como gerador de negócios, eliminação do salariado, 
eliminação do lucro, obtenção do “justo preço”, transação das 
cooperativas somente com os cooperados, constituição de um 
patrimônio cooperativo indivisível (propriedade cooperativa). 
Os valores básicos do cooperativismo são: solidariedade, equidade, 
justiça social, liberdade e democracia. Acompanhe a seguir o entendimento 
sobre cada um desses valores.
97
Solidariedade é a base do cooperativismo, pois empreendimentos em 
comum exigem pessoas solidárias, dispostas a estabelecer vínculos entre si, 
baseados no apoio mútuo, no sentido recíproco da união e de 
responsabilidades. Quem pratica a solidariedade o faz como um fim e não 
como um meio. 
Equidade é o valor que está na alma do cooperativismo, pois não se 
pode dizer que há cooperação se não houver equidade. No cooperativismo 
devem existir deveres e direitos gerais e iguais para todos. Deve existir 
distribuição proporcional à participação de cada cooperado. No 
cooperativismo, cada cooperado deve receber assistência de acordo com suas 
necessidades.
Justiça social é outro valor do cooperativismo, relacionado à 
promoção das pessoas, para levar a estes benefícios econômicos, 
educacionais e culturais, para que tenham uma melhor qualidade de vida, 
com oportunidades de trabalho e de realização pessoal. Um cooperado tem 
as mesmas obrigações que todos os outros,
sempre desempenhando as funções que lhe forem designadas.
Liberdade é usar à vontade, em oposição aos instintos, aos impulsos e 
às iniciativas elementares para fazer o que é correto, o que ético. 
Democracia é o valor que significa participação em todas as reuniões, 
o direito de opinião, a oportunidade do exercício das funções diretivas, o 
respeito ao direito das pessoas, ainda que divergentes, o direito ao voto. 
Acima de tudo, democracia pressupõe a manifestação da vontade coletiva. 
Democracia e voto têm uma ligação íntima, pois o voto é um instrumento de 
tomada de decisões e, portanto, é o meio pelo qual a democracia é posta em 
prática.
Os princípios do cooperativismo interpretam os valores e se adaptam 
ao tempo e ao lugar, fazendo ponte entre a teoria e a prática cooperativista, 
transformando ideias em ação.
97
Seção 2 – A cooperação: forma e estrutura cooperativa
Ato Cooperativo
A cooperativa, como empreendimento econômico comum, desenvolve 
as suas atividades em dois sentidos: internamente, operando com os sócios, e 
externamente, negociando com terceiros, no mercado. 
Denominam-se atos cooperativos os praticados entre a cooperativa e 
seus associados, entre seus associados e a cooperativa e pelas cooperativas 
entre si quando associados, para consecução dos objetivos sociais, nos 
termos do art. 79 da Lei 5.764/71. (BRASIL, 1971).
O legislador de 1971 conceituou ato cooperativo, e deste conceito 
legal se depreendem os seguintes elementos:
1. Cooperativa;
2. Associado ou cooperado;
3. Objetivo social.
Estes três elementos são imprescindíveis para a concretização e 
classificação do ato cooperativo e precisam estar presentes na sua totalidade, 
pois, caso falhe algum elemento ou não se concretize inteiramente sua 
natureza jurídica, não haverá ato cooperativo perfeito. Acompanhe-os nas 
próximas seções. 
Ato cooperativo é um só, e como tal se manifesta definido pelo artigo 
79 da Lei 5.764/71:
Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os 
praticados entre as cooperativas e seus associados, 
entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si 
quando associados, para a consecução dos 
objetivos sociais. (BRASIL, 1971).
O artigo 79 traz elementos que precisam ser examinados e 
confrontados com os artigos 3º, 4º e 5º da lei cooperativista, 
independentemente do ramo a que pertença a cooperativa. 
97
O exame do ato cooperativo do ramo agropecuário, saúde, crédito ou 
qualquer outro, não é senão a tradução fiel e adequada da prestação de 
serviços ao sócio cooperado, condição que o fez participar da sociedade.
O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de 
compra e venda de produto ou mercadoria, segundo o parágrafo único do 
mesmo artigo.
As características dos atos cooperativos estão relacionadas com as 
atividades de cada ramo.
Desse modo, falaremos de “atos cooperativosde fornecimento”, nas 
cooperativas de consumo; de “atos cooperativos de cessão de uso de 
unidades de moradia”, nas cooperativas habitacionais; de “atos cooperativos 
de trabalho”, nas cooperativas de trabalho; de “atos cooperativos de 
empréstimos aos associados”, nas cooperativas de crédito, e assim por 
diante.
Assim, podemos citar como exemplos de atos cooperativos a entrega 
de produtos dos associados à cooperativa para beneficiamento, 
armazenamento e industrialização e comercialização, bem como o repasse 
aos associados dos valores, pela cooperativa, decorrentes dessa 
comercialização, nas cooperativas agropecuárias.
Portanto, é preciso analisar o ato em relação aos liames societários 
determinados nos objetivos das cooperativas, verificando a sua estreita 
vinculação entre a operação da cooperativa e o seu destinatário.
Atos não cooperativos
` Os atos não cooperativos são os praticados com terceiros 
nãoassociados. São exemplos, dentre outros, os seguintes, contidos na Lei 
5.764/71 (BRASIL, 1971):
 No Art. 85: a comercialização ou industrialização, pelas 
cooperativas agropecuárias ou de pesca, de produtos adquiridos 
de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para 
completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou 
para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais; 
 No Art. 86: o fornecimento de bens ou serviços a não 
associados. Tal faculdade deve atender aos objetivos sociais e 
97
estar em conformidade com a lei, como nas cooperativas de 
consumo abertas;
 No Art. 88: participação das cooperativas em sociedades não 
cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de 
objetivos acessórios ou complementares, mediante prévia e 
expressa autorização concedidas pelo respectivo órgão federal.
Outros casos relacionados aos atos não cooperativos são os referentes 
às aplicações financeiras e à contratação de bens e serviços de terceiros não 
associados praticados por todos os ramos do cooperativismo.
O art. 87 da Lei 5.764/71 estabelece que: as sociedades cooperativas 
devem contabilizar em separado os resultados das operações com não-
associados, de forma a permitir o cálculo de tributos.
A Medida Provisória 1.858-9 (BRASIL, 1999), em seu art. 15, § 2o, 
dispõe que os valores excluídos da base de cálculo do PIS e da Cofins, 
relativos às operações com os associados, deverão ser contabilizados 
destacadamente, pela cooperativa, e comprovados mediante documentação 
hábil e idônea, com identificação do adquirente, do valor da operação, da 
espécie de bem ou mercadoria e quantidades vendidas.
Leis e planos de leis de incentivo ao cooperativismo foram 
promulgados pelo Governo Federal e nas seguintes Unidades de Federação:
 Lei 11.995/03 no estado do Rio Grande do Sul;
 Lei 1.598/04 no estado do Acre;
 Lei 15.075/04 no estado de Minas Gerais;
 Lei 2.830/04 no estado do Mato Grosso do Sul;
 Lei 15.109/05 no estado de Goiás;
 Lei 12.226/06 no estado de São Paulo;
 Projeto de Lei 1.694/2005 no Distrito Federal;
 Lei 10.666 do Governo Federal.
Estrutura Lei 5.764/71
Art. 3º. Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas 
que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços 
para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, 
sem objetivo de lucro.
97
Art. 4º. As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e 
natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à 
falência, constituídas para prestar serviços aos associados, 
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes 
características: [...]. 
Art. 5º. As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto 
qualquer gênero de serviço, operações ou atividade, assegurando -
lhes o direito exclusivo e exigindo- lhes a obrigação do uso da 
expressão “cooperativa” em sua denominação. (BRASIL, 1971).
O termo ramo (SILVA, 1987) designa divisão, classificação, e se 
encontra no corpo da lei cooperativista, artigo 105 e suas alíneas:
Art. 105: A representação do sistema 
cooperativista nacional cabe à organização das 
Cooperativas Brasileiras - OCB, sociedade 
civil, com sede na Capital Federal, órgão 
técnico-consultivo do Governo, estruturada 
nos termos desta Lei, sem finalidade lucrativa, 
competindo lhe precipuamente:
[...] b)- integrar todos os ramos das atividades 
cooperativistas. (BRASIL, 1971).
Essa divisão em ramos cooperativistas é um ato conceitual, 
explicativo e eminentemente doutrinário, para conceituar, na verdade, o 
objeto das sociedades cooperativas. De acordo com o art. 5º da lei 5.764 
(BRASIL, 1971), objeto diz respeito à manifestação da prestação de 
serviços. Esta forma de divisão nada mais é do que o esclarecimento, na 
prática, do desenvolvimento de seu único objetivo – a prestação de serviços 
ao associado (conforme art. 4º e 5º).
As sociedades cooperativas possuem objetivo e objeto, sendo o 
primeiro, conforme dispõe o artigo 4º, a prestação direta dos serviços aos 
seus sócios cooperados e o segundo, o conjunto de operações que 
concretizarão tal prestação de serviços, ou seja, operações revestidas de 
serventia econômica do grupo que constituiu e pertence à sociedade.
Utilizando os artigos considerados “estruturais” da lei 
cooperativista, chega-se à ideia de que para existir uma cooperativa no 
Brasil, são necessários três elementos:
97
1. um grupo de pessoas;
2. uma dificuldade econômica comum a ser vencida;
3. a solução/facilitação desta dificuldade na cooperativa.
Por grupo, tem-se, imediatamente, a ideia de conjunto de pessoas 
delimitadas no presente caso do artigo 3º – aquelas que se obrigam a 
contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade 
econômica, de proveito comum, isto é, não dirigido apenas a parte do grupo.
A pessoa, ao ingressar na cooperativa, já analisou e concluiu que a 
pessoa jurídica da sociedade lhe será útil, ante suas expectativas no campo 
econômico. A isto se chama delimitação do grupo, ou seja, conjunto de 
pessoas que possuem dificuldade econômica e cuja máquina/estrutura criada 
lhes facilitará economicamente a vida, de modo que possam contribuir com 
bens ou serviços para o proveito comum.
Desta forma, um grupo de agricultores com dificuldade na sua 
atividade econômica de produtores rurais e que decide constituir uma 
sociedade que lhe preste serviços dentro desta atividade econômica é o 
elemento necessário à conceituação do tipo societário cooperativa, do ramo 
agropecuário; da mesma maneira, os médicos se reúnem em torno de uma 
sociedade cooperativa criada por eles para lhes facilitar a sua atividade 
econômica, classificada de sociedade cooperativa do ramo saúde, e assim 
por diante, nos treze ramos conhecidos e conceituados pela Organização das 
Cooperativas Brasileiras – OCB. 
No Brasil, as sociedades cooperativas são regidas pela Lei Federal 
5.764/71 e têm suas estruturas estabelecidas por ela. No entanto, o 
Presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou a Lei 9.867 (BRASIL, 
1999) que cria as Cooperativas Sociais e regula o seu funcionamento.
Os artigos 3º, 4º e 5º são 
considerados estruturais pois 
delimitam e constituem o conceito 
de sociedade cooperativa. 
Acrescente-se agora o artigo 1.094 
do Código Civil de 2002. (BRASIL, 
2002).
97
Este ato contribuiu com o desenvolvimento de novos segmentos 
econômicos como a economia solidária, movimento social que se preocupa 
também com o público a que se destina a Lei 9.867/99:
I – os deficientes físicos e sensoriais;
II – os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas 
dependentes de acompanhamento psiquiátrico 
permanente, e os egressos de hospitais psiquiátricos;
III – os dependentes químicos;
IV – os egressos de prisões;
V – vetado;
VI – os condenados a penas alternativas à detenção;
VII – os adolescentes em idade adequada ao trabalho, e 
situação familiar difícil do ponto de vista econômico, 
social ou afetivo. (BRASIL, 1999).
De acordo com a UNISOL BRASIL (2009), “as cooperativas sociais 
são empreendimentos que têm como objetivo principal a melhoria da vida 
daspessoas em dificuldades permanentes ou temporárias”.
O único objetivo de existência da cooperativa, segundo o artigo 4º, é a 
prestação de serviços aos seus donos, o conjunto de sócios cooperados. A 
maneira pela qual se dará tal prestação é a base para conceituação do ramo a 
qual pertencerá à cooperativa. 
Assim entendidos os sócios 
cooperados, com capital empregado 
na sociedade e responsabilidade 
perante terceiros.
Neste caso, a prestação de serviços resultará na prática de operações 
que facilitem ou auxiliem o exercício da atividade econômica do sócio 
cooperado, como determina o artigo 4º da Lei 5.764/71, que se realizará nos 
limites da atividade agropecuária. 
Este conjunto de operações deverá estar elencado no Estatuto Social 
da Sociedade Cooperativa por força do comando do artigo 21, I, da lei 
cooperativista de 1971.
Art. 21. O estatuto da cooperativa, 
além de atender ao disposto no 
Artigo 4º, deverá indicar: I - a 
97
denominação, sede, prazo de 
duração, área de ação, objeto da 
sociedade, fixação do exercício social 
e da data do levantamento do balanço 
geral; [...]. (BRASIL, 1971).
Seção 3 - A cooperativa
Por cooperativa entende-se a pessoa jurídica delimitada pelo capítulo 
VII do Código Civil de 2002 e pela Lei 5.764/71, principalmente pelos 
artigos 1.094, 3º, 4º e seus incisos e V. A totalidade das normas da Lei 
5.764/71 deve estar respeitada e cumprida para assim ser considerada 
sociedade cooperativa.
O associado
“Associado”, “cooperado” ou tecnicamente “sócio cooperado” são 
vocábulos que designam, na verdade, o dono da sociedade cooperativa e, 
portanto, o detentor de parcela desta (cota parte), ou nos dizeres modernos, 
do Código Civil (BRASIL, 2002), “responsável de alguma forma pelo seu 
resultado”. 
Dessa forma, a pessoa que integrou a pessoa jurídica cooperativa, em 
busca da resolução ou facilitação de sua dificuldade econômica na 
cooperativa, será associado, nos termos do artigo 79. A doutrina e a 
legislação classificam a cooperativa como sendo uma sociedade de pessoas, 
e como tal, interessa o que poderíamos traduzir como o elemento 
classificador do grupo que constituiu a cooperativa e a que ela pertence.
Para tanto, é necessário que a utilização da máquina/ empreendimento 
(sociedade cooperativa) pelo sócio cooperado aconteça para a minoração da 
sua dificuldade econômica. 
Neste sentido, não cabe a existência do chamado sócio cooperado inativo, ou 
aquele sócio suspenso das atividades ou mesmo aquele tido como sócio 
infiel. (Diz-se associado ou sócio infiel aquele que desvia seus produtos e 
bens, entregando-os a um ente estranho à sociedade, fato que concorre 
economicamente com a sociedade cooperativa e tira-lhe a força).
97
A característica de sócio cooperado é provada e comprovada, sempre e 
dinamicamente, a cada operação da cooperativa. É necessária a identificação 
de que a razão para a prática de tal ato/operação seja o sócio cooperado. O 
conceito de cooperado passa, portanto, por vários elementos caracterizadores 
e confirmadores, todos imprescindíveis.
Para ser considerada sócio cooperado, a pessoa deve, em primeiro 
lugar, pertencer ao grupo delimitado, como já salientado, ou seja, apresentar 
a característica de ser parte do grupo cuja dificuldade econômica seja 
comum e que a “atuação/atividade” da cooperativa a atenda, fazendo com 
que ao utilizar o “instrumento sociedade cooperativa”, tenha facilitação desta 
dificuldade.
Deve ainda se observar o contido no artigo 3º da lei cooperativista, 
isto é, a prática da contribuição de bens ou serviços para uma atividade 
econômica de proveito comum que significa: praticar operações com a 
cooperativa. 
Isto implica operar com a cooperativa, participar de suas operações, 
exercitando a segunda e terceira características doutrinárias atribuídas ao 
sócio cooperado – ser usuário e fornecedor da cooperativa.
Não basta a característica do sócio cooperado dono, é necessário que 
também estejam presentes as características de sócio cooperado usuário e 
sócio cooperado fornecedor.
Ser dono da cooperativa significa ter responsabilidade pelos seus atos, 
participar de suas deliberações e possuir uma parcela desta sociedade 
através de uma cota parte integralizada, pelo menos. 
Ser fornecedor é exercitar o artigo 3º da lei cooperativista, ou seja, 
entregar seu bem ou produto na cooperativa para que esta possa lhe prestar 
serviços e, portanto, fazer com que o associado seja um usuário. Ser usuário 
é utilizar-se do empreendimento que se constituiu. 
As três características se inter-relacionam de maneira tão intrínseca e 
tão indissociável que é difícil tratar de cada uma delas separadamente. O fato 
de ser dono de um empreendimento pressupõe interesse e engajamento; ser 
dono e usuário aumenta ainda mais o nível de interesse no sucesso do 
empreendimento, pois a pessoa que constitui uma sociedade da qual será 
usuária só pode perseguir e objetivar o sucesso. 
Seção 4 – Os objetivos sociais
97
O conceito de “objetivo social” é dado pelo sócio cooperado. Sua 
amplitude obedece à necessidade econômica do grupo que constituiu e que 
pertence à sociedade. Quando o grupo se reuniu no momento que antecedeu 
à constituição da sociedade cooperativa, elencou quais os atos necessários 
para a prestabilidade da sociedade e que imprescindivelmente deveriam ser 
desenvolvidos por ela. 
A sociedade só foi criada e só existe se atender as necessidades do 
corpo de sócios cooperados. Este conjunto de atos e operações praticados 
pela cooperativa com este escopo chama-se de objetivo social, e deve estar 
descrito e contido no corpo do Estatuto Social, segundo o artigo 21, inciso I, 
da Lei 5.764. (BRASIL, 1971). 
O objetivo social confunde-se com o motivo que identifica o grupo 
que constituiu a cooperativa. Poderia até se apontar que o objetivo social é a 
tradução em atos do que a cooperativa fará para auxiliar o sócio cooperado a 
resolver ou minorar a dificuldade econômica comum ao grupo, motivo que o 
fez unir-se em torno de uma estrutura que lhe pudesse auxiliar e mais: 
motivo que fez com que o grupo constituísse a cooperativa. A mesma 
explicação se aplica aos sócios cooperados que ingressam na sociedade 
depois de esta já estar constituída.
A condição que os fez cooperar é a tradução de que o desenrolar do 
objetivo social lhes atende e os faz ingressar e permanecer na sociedade. Os 
objetivos sociais da cooperativa são as ações que a cooperativa se propõe a 
tomar para resolver a dificuldade econômica que o grupo possui. 
Na prática, o interesse do associado em pertencer à cooperativa só 
existe e se mantém se houver efetivamente operações que atendam a tal 
interesse, isto é, o sentimento de saciedade do associado em relação à 
cooperativa só ocorre com a prática de atos, por parte desta, que exercitem a 
característica de usuário/ fornecedor – atos estes praticados em razão do seu 
escopo que se traduz no objetivo, ou seja, a prestação de serviços diretos ao 
sócio cooperado com a prática do objeto social, consistindo no conjunto de 
atos e operações razão da sua criação (vontade de saciedade do associado).
Exemplo: A cooperativa fictícia 
chamada COOPERDETAL possui 
no seu estatuto o seguinte objetivo 
social:
97
CAPÍTULO V - DOS OBJETIVOS 
SOCIAIS.
Art. 1º. – O objetivo social da 
cooperativa é a prestação direta de 
serviços aos seus cooperados na 
melhoria econômica e social, na 
orientação e na organização das 
atividades de prestação de serviços, 
as quais serão executadas pelos seus 
cooperados, buscando promover o 
acesso destes ao mercado de 
trabalho pela integração de suas 
competências.
O objeto social
Comumente há a referência aos objetivos sociais quando se está 
tratando do objeto social. Mas é primordial que sejam diferenciados, uma 
vez que os objetivos são as pretensões comuns aos associados, ou seja, os 
elementos que constituem os anseios de melhoria das respectivas condições 
de vida.
Já quanto ao objeto social, deve-se destacar, trata-se da atividadeeconômica eleita pelo grupo constituinte da cooperativa. Nesse sentido, tem-
se o crédito nas cooperativas de crédito, a produção agropecuária na 
cooperativa constituída por produtores rurais, o transporte na cooperativa de 
transportes, e assim por diante.
Tal reflexão é primordial, uma vez que, na classificação aplicada às 
diversas estruturas de cooperativas, será o objeto social o caracterizador da 
diferenciação e enquadramento. 
Exemplo A mesma cooperativa 
fictícia COOPERDETAL possui no 
seu estatuto o seguinte objeto 
social:
CAPÍTULO IV - DO OBJETO 
SOCIAL.
97
Art. 1º - A Cooperativa terá como 
objeto social a:
a) realização de projetos, 
espetáculos, manifestações e ações 
culturais, cursos, palestras, 
seminários, aulas, treinamento, 
oficinas, “workshops”, “shows” 
executados pelos cooperados em 
caráter permanente ou temporário, 
independente ou junto às 
instituições públicas e/ou privadas;
b) a produção e/ou construção de 
infraestrutura necessária para a 
produção, criação, edição e 
comercialização de obras de arte 
construídas ou empreendidas pelos 
cooperados.
Seção 5 – O estado de cooperação e a estrutura cooperativa
Para iniciar a trajetória pela estrutura cooperativa, vamos conhecer um 
pouco a lição do Padre Don José Maria Arizmendiarreta,( Fundador e 
dinamizador da denominada Experiência Cooperativa de Mondragón, 
cidade espanhola (País Basco) onde hoje está sediada a Mondragón 
Corporación Cooperativa – MCC, uma das referências mundiais do 
cooperativismo) que conceituou essa modalidade de sociedade da seguinte 
forma: la empresa cooperativa es un organismo vivo; es uma sociedad de 
personas en una comunidad, cuyo soporte es la solidaridad, y la conciencia 
de esta solidaridad es La fuerza impulsora en la que debemos confiar. 
(IRION, 1997, p. 182).
Com base no entendimento de Arizmendiarrieta (1997), podemos 
afirmar que a estrutura cooperativa é um organismo vivo, pois somente 
existe se há o senso de comunidade e vida comum dos associados que a 
constituem. Aliás, extrapola a mera associação para fins de exploração de 
atividade econômica, pois também está sediada na solidariedade comum aos 
integrantes dessa instituição.
Tal solidariedade cria vínculo associativo diferenciado, uma vez que 
apenas com base na força comum dos associados é que uma sociedade pode 
97
existir. As ações pessoais de cada associado são as ações da cooperativa, 
mesmo porque servir o associado, que ao mesmo tempo é o proprietário e o 
tomador de serviços da instituição, é o meio pelo qual a sociedade pode 
alcançar o fim para o qual foi constituída.
Sem as ações pessoais de cada associado, a sociedade não pode prestar 
os serviços para os quais foi criada. 
Como exemplo, em uma cooperativa de crédito, é inimaginável a 
concessão de empréstimos se não houver captação de recursos dos próprios 
associados. Enquanto uns contribuem com a aplicação de recursos, outros os 
tomam, mas isso durante certo lapso de tempo, pois, em vista do permanente 
estado de cooperação, as figuras se alternam.
Logo, a responsabilidade de cada associado cooperativista vai além da 
própria associação ou da mediata relação que mantém com a sociedade que 
compõe, vez que está inserido em uma comunidade onde as figuras 
alternam-se paulatinamente e, em diversas ocasiões, ocorrem 
simultaneamente.
Portanto, a análise das relações cooperativistas sem o foco amplo, 
sediado na própria estrutura cooperativa, é desrespeito à peculiar affectio 
societatis cooperativa. Em se consagrando o associado cooperativista apenas 
como proprietário, que, por meio dessa sociedade, busca o exercício de uma 
atividade econômica, tem-se perda do conceito de tomador de serviços da 
instituição, o que também lhe é devido.
No caminho inverso, em se prestigiando apenas com a coroa de 
tomador de serviços, desrespeita-se sua atividade de empresa com caráter 
associativo a que ora buscou quando se admitiu na cooperativa. De um lado 
ou de outro, quando se analisa somente um deles, tem-se perdas e, em ambos 
os casos, somente para o associado. 
Ao se reportar ao conceito de cooperativa formulado pelo Congresso 
do Centenário da Aliança Cooperativa Internacional, o jurista argentino 
Dante Cracogna afirma trata-se de “uma simbiosis com uma asociación de 
personas para lograr objetivos de caráter económico, social y cultural”. 
(1985, p. 11).
Da lição de Cracogna, nota-se que, na análise aplicada às relações 
cooperativistas, cabe a avaliação integral da própria cooperativa. Isso se dá 
pela constatação de que se está avaliando uma associação tão intrínseca que 
chega a ser simbiótica e, por que não dizer, viva. Logo, características 
97
essenciais a conclusões racionais estão difundidas em um todo, tal como no 
funcionamento de um organismo humano, em que fatores de um 
determinado componente podem gerar consequências em outros e, em certos 
casos, até em todo o ser vivo.
Dada essa condição vital unificada, as cooperativas são instituídas 
com base em princípios que orientam sua atuação. Tais princípios são únicos 
para as cooperativas e em virtude deles tem-se relações sociais não 
observadas em outras instituições comumente utilizadas para compará-las 
conceitualmente.
Tais princípios, ainda, garantem uma forma de atuação econômica 
peculiar, uma vez que nas cooperativas não se busca o objetivo de lucro ou 
de proveito próprio da instituição, mas sim, como leciona Walmor Franke 
(1973, p. 23), “a promoção da defesa ou fomento da economia dos 
cooperados, mediante prestação de serviços”.
Assim sendo, tem-se diferenciadores essenciais, em que a cooperativa 
é um meio, um instrumento, e que tem orientação em princípios formulados 
para que isso seja garantido. Como exemplo desses diferenciadores 
essenciais, podemos citar a prestação de serviços aos associados.
A cooperativa somente existe pelos associados cooperativistas e 
quaisquer implicações negativas na análise das relações envolvidas poderão 
apenas trazer-lhes prejuízos – talvez nem mesmo identificados por eles 
próprios.
Ainda em relação aos princípios cooperativistas, ensina o doutrinador 
do Direito Cooperativo Waldirio Bulgarelli (1988,p. 11) que cooperativa 
“trata-se de empresa cuja conformação e procedimentos estão influenciados 
pelos princípios doutrinários do sistema de que é instrumento”. 
Dentre os princípios cooperativistas, salientamos a adesão livre, que é 
consagrada expressamente na ordem jurídica brasileira, conforme artigo 29 
da Lei 5.764 (BRASIL, 1971). Por ordem desse princípio, e no caso 
brasileiro por comando legal, qualquer pessoa que esteja abarcada na 
categoria de cooperativa que pretende se admitir tem o que se denomina 
portas abertas (Vale o registro de que, para Waldirio Bulgarelli, as portas 
abertas constituem-se em desdobramento do princípio da livre adesão. 
(1988, p. 13).). 
97
Assim, o denominado “princípio das portas abertas” é mandamento 
ideológico do livre acesso, ou seja, tanto para ingressar quanto para se 
retirar. E isso é uma premissa básica do cooperativismo.
Assim sendo, para se alcançar o status de associado cooperativista, o 
ingresso é livre, desde que a cooperativa tenha condições técnicas de lhe 
prestar serviços, vide art. 4°, inciso I, Lei 5.764 (BRASIL, 1971), e, uma vez 
associado cooperativista, se desejar demitir-se, tal medida não lhe será 
negada, conforme art. 32 da mesma Lei. 
A própria ideia de se ingressar ou se retirar por ato voluntário 
restringe conduta somente aos próprios associados cooperativistas que 
compõem a instituição. Aliás, essa liberdade de trânsito concede a qualquer 
indivíduo a possibilidade de escolher a sociedade cooperativa que mais tenha 
identificação com seus interesses pessoais. 
Quanto a esse entendimento, acompanhe o que afirma Gress (2003, p. 
87): o princípio das portas abertas é, portanto, mais um desdobramento do 
direito à liberdade do ser humano, possibilitando ao cidadão a livre escolha 
em aderir ou não aderir à sociedade cooperativa e dela se retirar,conforme 
seu arbítrio, sempre respeitando os direitos oriundos das liberdades de seus 
iguais. 
À lição de Cátia Denise Gress, podemos acrescentar a consideração de 
que, uma vez dentro da sociedade cooperativa, caso o associado 
cooperativista não intente demitir-se, deve arcar com a responsabilidade 
inerente à associação, a fim de contribuir para a harmonia social cooperativa, 
não prejudicando o livre exercício de direitos dos demais associados – 
mesmo porque, nas palavras da citada autora, “todo indivíduo, como célula 
de uma sociedade, tem papel vital a desempenhar”. (2003, p. 87). 
Em conjugação com o princípio das portas abertas, outro princípio 
cooperativista, o da gestão democrática, merece consideração. Por meio 
desse princípio, estão as cooperativas adstritas ao mecanismo de 
administração aberta aos associados cooperativistas.
Pondera Guilherme Krueger, em A disciplina das cooperativas no 
novo Código Civil– a ressalva da Lei 5.764/71, capítulo da obra coletiva 
Problemas Atuais do Direito Cooperativo, quando aborda a gestão 
democrática, que “a diretoria é o ponto de interseção entre a razão 
97
comunicativa e a instrumental na cooperativa. Manifesta a primeira, tem 
fixados os seus limites, metas e diretrizes emanadas dos órgãos societários 
deliberativos, notadamente a Assembleia Geral”. (2003, p. 105).
Em vista disso, confere-se ao associado cooperativista o poder de 
avaliar os negócios da cooperativa e de, inclusive, participar das decisões da 
sociedade, nelas influenciando diretamente.
Logo, na conjugação com o livre acesso, o associado cooperativista 
tem liberdade para verificar se aquela instituição específica identifica-se com 
seus objetivos próprios. 
Em caso negativo, ainda lhe restam duas opções:
 A primeira, mais breve, é a de se demitir.
 Na segunda, a qual se entende a verdadeira affectiosocietatis 
cooperativa, há a possibilidade de mudar a realidade da 
cooperativa, uma vez que não necessita de detenção majoritária 
de capital para tanto, nem mesmo precisa ser integrante do 
quadro de administradores, bastando ao associado 
cooperativista interagir com a sociedade que lhe é própria, seja 
em assembleias gerais, em reuniões específicas, seja 
incentivando a mudança de administradores, ou ainda trazendo 
ideias para que a administração altere a linha ideológica e 
estratégica de atuação; enfim, cuidando com todo o esmero das 
obrigações que assumiu.
Como você já leu, o associado cooperativista não é mero cliente ou 
mero proprietário, mas sim é a conjugação dessas duas figuras, inseridas no 
contexto de uma sociedade cujas decisões são o fruto da vontade dos 
indivíduos que as compõem, e isso cumulado às ações pessoais de cada 
indivíduo.
Os associados cooperativistas formam, então, em conjunto voluntário, 
um organismo avivado por seus próprios atos individuais para com a 
instituição. Tais atos são responsabilidades pessoais de cada um deles, vez 
que, caso não evidenciados ou cumpridos, podem implicar a perda do fôlego 
de vida da cooperativa ou a perda da relação societária, prejudicando 
sobremaneira a comunidade que pretenderam construir.
97
Enfim, tem-se que o conceito cooperativo, assim como o da 
responsabilidade cooperativa, como você verá nas próximas unidades, 
transcende às próprias relações cooperativistas tidas pelos associados e 
respectivas cooperativas.
Não se trata de uma ordem estrutural apenas, seja em composição 
societária, seja em categorização econômica, mas sim de uma união viva 
com nuances diversas que extrapolam os mundos constituídos por relações 
individuais. Assim sendo, para que se possam aferir responsabilidades, tem-
se que compreender o organismo e sua vida, em estado permanente que, no 
presente caso, está sediado na cooperação.
RETOMANDO A CONVERSA INICIAL (síntese da aula).
As sociedades cooperativas formam-se a partir da consciência de 
grupo de pessoas que têm alguma necessidade comum. Nesse sentido, 
constituem uma sociedade marcada por princípios de mutualidade, que lhes 
garante a possibilidade de melhoria nas respectivas condições econômicas, 
com base em uma estrutura única voltada ao compartilhamento de custos.
Essas sociedades detêm objetivo único, e isso é comum a qualquer 
Ramo, qual seja, se prestam para prestar serviços aos associados, 
possibilitando-lhes a melhoria das respectivas condições pessoais.
Não se pode confundir esse objetivo comum (que é o fim da 
cooperativa) com o objeto econômico que o seu grupo constituinte.
Tendo como fim (objetivo) a prestação de serviços aos associados, 
uma cooperativa pode exercer qualquer atividade econômica, desde que 
prevista no respectivo estatuto social. 
Mesmo sendo únicas em sua forma, as cooperativas podem ainda ser 
classificadas conforme o objeto econômico que escolhem e é nesse ponto 
que se alcança a definição de cada Ramo do Cooperativismo Brasileiro.
97
Saiba mais
CATTANI, Antonio David (Org.). La otra economía. Buenos Aires: 
UNGS/Editorial Altamira/Fundación OSDE, 2004.
KRUEGER, Guilherme. Adequação fenomenológica para o tratamento ao 
ato cooperativo previsto na constituição federal.
In: V ENCONTRO DE PESQUISADORES LATINOAMERICANOS DE 
COOPERATIVISMO, 2008, Ribeirão Preto. Anais eletrônicos... Ribeirão 
Preto, 2008.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 4 ed. São 
Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1985.
97
AULA 02
NOÇÕES GERAIS SOBRE FORMA COOPERATIVA, ASPECTOS 
SÓCIO-HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO 
COOPERATIVISTA NO BRASIL
Nesta aula, abordaremos o âmbito histórico dos ramos do 
cooperativismo analisando, primeiramente, o surgimento do cooperativismo, 
passando à abordagem histórica da legislação Cooperativista no Brasil que 
deu vida aos ramos do cooperativismo. 
Logo em seguida, vamos abrir nossos horizontes com a análise do 
cooperativismo no âmbito internacional. A importância que o 
cooperativismo e seus ramos têm para o mundo está explicitamente 
declarada pela Organização das Nações Unidas.
Fechamos esta unidade com a descrição de uma das mais importantes 
cooperativas do mundo e atuante no mercado internacional: Grupo 
Cooperativo Mondragón. Além disso, analisaremos os principais ramos do 
cooperativismo existentes dentro de Mondragón. 
Boa Aula 
97
Objetivos de aprendizagem
 Conhecer a forma como se organizaram as primeiras 
cooperativas no Brasil e no mundo;
 Analisar a evolução dos conceitos jurídicos sobre 
Cooperativismo frente às inovações legislativas.
 Proporcionar pensamento sobre os processos legislativos que 
tratam do Cooperativismo e pensam na reforma da legislação 
cooperativista brasileira.
 Reconhecer a importância das sociedades cooperativistas para a 
história universal;
 Conhecer a evolução e o impacto dos ramos no 
desenvolvimento das nações
Seções de estudo
Seção 1 Panorama histórico do cooperativismo e o 
cooperativismo no Brasil;
Seção 2 Delineamento das normas do Cooperativismo;
Seção 3 Prospecção para a reforma da atual lei de regência do 
Cooperativismo brasileiro
Seção 4 O ambiente internacional
Seção 1 – Panorama histórico do cooperativismo e o cooperativismo no 
Brasil
 
 Desde a pré-história até o início de nosso século encontram se 
registros de diversas formas de associações de pessoas, que demonstram que 
a cooperação tem sido uma constante nas relações entre os seres humanos. O 
cooperativismo é encontrado desde a Antiguidade, quando os homens já 
demonstravam a tendência de viver em grupos para defender seus interesses 
comuns. Na Babilônia, no Egito e na Grécia já existiam formas de 
cooperação nos campos de trigo e no artesanato.
No século XV, quando do descobrimento da América, foram 
constatadas formas bem definidas de cooperação nas civilizações asteca, 
inca e maia, nas quais os povos viviam em regime de ajuda mútua.
97
O cooperativismo moderno
O cooperativismo moderno surgiu na primeira fase da Revolução 
Industrial (1760-1850) – com o surgimento das máquinas a vapor – como 
forma de amenizaros traumas econômicos e sociais que afetavam a classe de 
trabalhadores. 
Durante décadas, na Inglaterra e na França, foram organizadas 
diversas sociedades com características de cooperativas. Esses movimentos 
de cooperação foram conduzidos por idealistas, como Robert Owen, Louis 
Blanc, Charles Fourier, entre outros, que defendiam propostas baseadas nas 
ideias de ajuda mútua, igualdade, associativismo e autogestão.
Considerados por muitos como precursores do cooperativismo, estes 
pensadores socialistas começaram a estudar as formas de organização das 
civilizações antigas, descobrindo a cooperação como instrumento de 
organização social. Com isto, começaram a divulgar ideias e experiências 
destinadas a modificar o comportamento da sociedade.
O processo de industrialização, na sua primeira etapa, fez com que os 
artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos 
pelas fábricas em busca de melhores condições de vida. Essa migração fez 
com que houvesse excesso de mão de obra, resultando na exploração do 
trabalhador de forma abusiva e desumana. Ao serem prejudicados pelo novo 
modelo industrial que substituiu o trabalho artesanal, 28 tecelões do bairro 
de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, decidiram pela criação de uma 
sociedade de consumo, baseada no cooperativismo puro. 
Em 21 de dezembro de 1844, foi fundada a “Sociedade dos Probos 
Pioneiros de Rochdale”. Estes tecelões fundaram um armazém comunitário, 
com um capital inicial de 28 libras, representando uma libra que cada um do 
grupo havia economizado. Assim nasceu a primeira cooperativa de consumo 
da história.
Dispondo de pequenos estoques de farinha, açúcar e aveia, este 
modesto estabelecimento, administrado pelos seus próprios fundadores, foi 
alvo de deboche dos tradicionais comerciantes da cidade. Porém, despertou a 
atenção dos consumidores locais e, principalmente, das classes 
trabalhadoras, pela considerável prosperidade. O que aparentemente parecia 
apenas um armazém, idealizado para oferecer aos seus associados artigos de 
97
primeira necessidade, transformou-se na semente do movimento 
cooperativista.
Os tecelões aperfeiçoaram o sistema e desenvolveram um conjunto de 
princípios, conhecidos mais tarde como “Princípios Básicos do 
Cooperativismo”, adotados posteriormente por cooperativas surgidas em 
diversos países do mundo. Com o tempo, ocorreram algumas modificações, 
contudo, sua essência se manteve, sendo os princípios atualmente os 
seguintes:
1. adesão voluntária e livre;
2. gestão democrática;
3. participação econômica dos associados;
4. autonomia e independência;
5. educação, formação, informação;
6. cooperação entre cooperativas;
7. interesse pela comunidade.
A origem do cooperativismo no Brasil
Por volta de 1610, quando foram fundadas no Brasil as Reduções 
Jesuíticas, houve a primeira tentativa de criar um Estado em que 
prevalecesse a ajuda mútua. Incentivada pelos padres jesuítas e baseada no 
princípio do auxílio mútuo (mutirão), esta prática, encontrada entre os 
indígenas brasileiros e em quase todos os povos primitivos desde os 
primeiros tempos da humanidade, vigorou por cerca de 150 anos. 
Porém, é em 1847 que situamos o início do movimento cooperativista 
no Brasil, quando diversas sociedades foram fundadas com esse espírito, 
mas sem continuidade.
Ramos do cooperativismo: origens no Brasil - evolução da nomenclatura 
e classificação
O primeiro mecanismo legal que sistematizou as atividades 
cooperativas foi o Decreto 22.239 (BRASIL, 1932), que classificou as 
atividades em ramos cooperativistas, a saber: produção agrícola, produção 
industrial, trabalho, beneficiamento de produtos, compras em comum, 
vendas em comum, de consumo, de abastecimento, de crédito, de seguros, 
97
de construção de casas populares, de editores e cultura intelectual, escolares 
e mistas.
Com a promulgação da Lei 5.764 (BRASIL, 1971), regulamentou-se a 
ideia de estruturação em ramos no cooperativismo, embora esta lei não os 
especifique. Os artigos a seguir servem como exemplo:
Art. 5º. As sociedades cooperativas 
poderão adotar por objeto qualquer 
gênero de serviço, operação ou 
atividade, assegurando-lhes o direito 
exclusivo e exigindo-lhes a 
obrigação do uso da expressão 
“cooperativa” em sua denominação. 
(BRASIL, 1971).
No art. 10, as cooperativas se classificam também de acordo com o 
objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus 
associados. 
Art. 105. A representação do sistema 
cooperativista nacional cabe à 
Organização das Cooperativas 
Brasileiras – OCB, sociedade civil, 
com sede na Capital Federal, órgão 
técnico-consultivo do governo, 
estruturada nos termos desta lei, sem 
finalidade lucrativa, competindo-lhe 
precipuamente: [...] dispor de setores 
consultivos especializados, de acordo 
com os ramos de cooperativismo. 
(BRASIL, 1971).
SEÇÃO 2 - Delineamento das normas do Cooperativismo
Com o advento do Decreto 979, já em 1903, que tratou de regular as 
atividades dos sindicatos de profissionais da agricultura e das atividades 
rurais e de cooperativas de produção e consumo, pode-se dizer que o Brasil 
teve uma normatização relativa ao Cooperativismo, mesmo que em fase 
embrionária.
97
Nos idos de 1907, teve-se uma normatização mais ampla em relação 
ao Cooperativismo no Brasil, ora com a publicação do Decreto-Lei 1.637, 
que previu a criação de sindicatos e sociedades cooperativas.
É importante destacar que o Decreto-Lei 1.637/1907 não classificou 
ou propôs uma metodologia taxionômica para as sociedades cooperativas, 
contudo foi primordial para marcar no ordenamento jurídico brasileiro o 
papel e a forma cooperativa. 
Nesse decreto-lei foi prevista a constituição de cooperativas como 
sociedades marcadas por peculiares condições, tais como variabilidade de 
capital social, número ilimitado de sócios e inacessibilidade das cotas – ou 
ações, como era permitido àquela época – a terceiros. 
Outra importante condição marcada flagrantemente no decreto-lei 
mencionado foi a proporcionalidade da responsabilidade dos associados 
frente às operações sociais, tanto para resultados positivos como para os 
negativos.
O Decreto-Lei 1.637 também foi um marco importante no sentido de 
definir as sociedades cooperativas não como uma simples forma societária, 
mas sim como uma forma jurídica única, definida por princípios próprios.
O decreto previa que as sociedades cooperativas poderiam assumir 
três formas societárias, quais sejam: sociedades anônimas, em comandita 
simples ou em nome coletivo. 
Posteriormente, em 1932, teve-se uma importante atualização do 
ordenamento jurídico com o advento do Decreto-Lei 22.239, o qual ampliou 
a descrição das características da forma cooperativa. 
Mais ainda, o Decreto-Lei 22.239/1932 foi enfático em definir o termo 
“contrato de sociedade cooperativa”, ora firmado por pessoas naturais que 
mutuamente se obrigavam a combinar esforços para lograr fins econômicos, 
conforme a principiologia cooperativa. Ilustra-se com os artigos 1º e 2º do 
citado decreto lei: Art. 1º. Dá-se o contrato de sociedade cooperativa quando 
sete ou mais pessoas naturais, mutuamente se obrigam a combinar seus 
esforços, sem capital fixo predeterminado, para lograr fi ns comuns de 
ordem econômica, desde que observem, em sua formação, as prescrições do 
presente decreto. Parágrafo único. Excepcionalmente se permite que 
97
cooperativas várias possam, como pessoas jurídicas, formar entre si um novo 
contrato de sociedade cooperativa para constituir cooperativas centrais ou 
federações, nos termos do que se dispõe nos arts. 36 e 37. Art. 2º. As 
sociedades cooperativas, qualquer que seja a sua natureza, civil ou mercantil, 
são sociedades de pessoas e não de capitais, de forma jurídica suigeneris, 
que se distinguem das demais sociedades pelos pontos característicos que se 
seguem, não podendo os estatutos consignar disposições que os infrinjam: 
a) variabilidade do capital social, para aquelas que se constituemcom 
capital social declarado;
b) não limitação do número de associados, sendo, entretanto, este 
número no mínimo de sete;
c) limitação do valor da soma de quotas-partes do capital social que 
cada associado poderá possuir;
d) inacessibilidade das quotas-partes do capital social, a terceiros 
estranhos à sociedade, ainda mesmo em causa mortis; 
e) quorum para funcionar e deliberar a assembleia geral fundado no 
número de associados presentes à reunião e não no capital social 
representado;
f) distribuição de lucros ou sobras proporcionalmente ao valor das 
operações efetuadas pelo associado com a sociedade, podendo ser atribuído 
ao capital-social um juro fixo, não maior de 9% ao ano, previamente 
estabelecido nos estatutos, - ou ausência completa de distribuição de lucros - 
ou, no caso de fixação de um dividendo a distribuir aos associados, ser o 
mesmo determinado também nos estatutos até o máximo de 12 % ao ano, 
proporcional ao valor realizado das quotas partes do capital;
g) indivisibilidade do fundo de reserva entre os associados, mesmo em 
caso de dissolução da sociedade; 
h) singularidade de voto nas deliberações, isto é, cada associado tem 
um só voto, quer a sociedade tenha, ou não, capital-social, e esse direito é 
pessoal e não admite representação, senão em casos especiais, taxativamente 
expressos nos estatutos, não sendo, nesses casos, permitido a um associado 
representar mais que um outro;
i) área de ação determinada.
Art. 3º. A prova da formação do contrato de sociedade cooperativa é o 
ato constitutivo, o qual pode efetivar-se: 
a) por deliberação da assembleia geral dos fundadores, constante da 
respectiva ata;
b) por instrumento particular, nos termos do art. 135, do Código Civil;
97
c) por escritura pública.
Após outras normas que tratavam apenas das sociedades cooperativas, 
em 1966, por meio do Decreto-Lei 59, foi instituída no país uma Política de 
Estado, voltada ao Cooperativismo, ou seja, previu-se que o movimento 
cooperativista passaria a ter uma ação do Estado própria ao seu incentivo e 
fomento.
Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo a 
atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, 
originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si, 
desde que reconhecido seu interesse público (art. 1º, Lei 5.764).
Foi criado também no Decreto-Lei 59/1966 o Conselho Nacional de 
Cooperativismo, ora o agente incumbido de promover a Política Nacional 
de Cooperativismo. 
A atual legislação especial sobre o Cooperativismo surgiu alguns anos 
mais tarde, com a publicação da Lei 5.764, em 21 de dezembro de 1971. 
Esta lei foi marcada pela união das cooperativas brasileiras no sentido 
de buscar uma representação própria para a defesa dos interesses dessas 
sociedades, afora para consolidar no país a Política Nacional de 
Cooperativismo.
É importante destacar que a Lei 5.764/1971 foi estruturada sobre dois 
aspectos fundamentais hoje reproduzidos na Constituição Federal de 1988, 
quais sejam: o apoio e o estímulo ao Cooperativismo. 
Aliás, em 1988, a promulgação da Carta de Constituição do Brasil, 
pela primeira vez na história de nosso país, fez menção às sociedades 
cooperativas e em sete artigos. São eles: 
 art. 5º, XVIII;
 art. 146, III, alínea ‘c’;
 art. 174, §2º, § 3º e §4º;
 art. 187, VI;
 art. 192.
Dentre outros aspectos relevantes, a Constituição Federal de 1988 
determina que a associação em cooperativas seja livre, não permitindo 
qualquer interferência no funcionamento dessas sociedades. No entanto, 
determina que isso deva se dar na forma da lei, ou seja, conforme prescrito 
97
na Lei 5.764/1971, a qual prevê as condições essenciais para a 
caracterização de uma sociedade cooperativa. A Carta Constitucional 
também prevê que o Cooperativismo deverá ser apoiado e estimulado (art. 
174, § 2º), além de definir que, para fins de tributação, deverá o ato 
cooperativo ter tratamento adequado.
Quanto à questão do adequado tratamento tributário, que será 
abordada com maiores detalhes no livro didático Legislação Tributária nas 
Cooperativas, deve-se ressaltar que existem peculiaridades no sistema 
operacional das sociedades cooperativas, sendo que isto garante a essas 
instituições a não incidência tributária, mesmo porque nelas não se 
acumulam renda ou lucros. 
Abaixo segue quadro sintético com a evolução das normas sobre 
Cooperativismo no país:
DECRETO-LEI 1.637 de 5 de janeiro de 1907 Cria sindicatos 
profissionais e sociedades cooperativas.
DECRETO-LEI 17.339 de 2 de junho de 1926 Aprova o 
regulamento destinado a reger a fiscalização gratuita da organização e 
funcionamento das Caixas Raiffeisen e bancos Luzzatti.
DECRETO-LEI 22.239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as 
disposições do Decreto Legislativo 1.637. de 5 de janeiro de 1907, na parte 
referente ás sociedades cooperativas.
DECRETO 24.647 de 10 de julho de 1934 Revoga o decreto 22.239, 
de 19 de dezembro de 1932; estabelece bases, normas e princípios para a 
cooperação profissional e para a cooperação social; faculta auxílios diretos e 
indiretos às cooperativas; e institui o Patrimônio dos Consórcios 
Profissionais Cooperativos.
DECRETO-LEI 581 de 1º de agosto de 1938 Dispõe sobre registro, 
fiscalização e assistência de sociedades cooperativas; revoga os decretos 
23.611, de 20 de dezembro de 1933 e 24.647, de 10 de julho de 1934; e 
revigora o decreto 22.239, de 19 de dezembro de 1932.
DECRETO 5.893 de 19 de outubro de 1943 Dispõe sobre a 
organização, funcionamento e fiscalização das cooperativas.
97
DECRETO-LEI 8.401 de 19 de dezembro de 1945 Revoga os 
decretos-lei 5.893 de 19 de outubro de 1943 e 6.274 de 14 de fevereiro de 
1944, exceto disposições dos arts. 104 a 118 e seus parágrafos, revigorando 
o Decreto-lei 581, de 1º de agosto de 1938 e a Lei 22.239, de 19 de 
dezembro de 1932. 
DECRETO-LEI 59 de 21 de novembro de 1966 Define a política 
nacional de cooperativismo, cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e 
dá outras providências.
DECRETO 60.597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-
Lei 59 (*), de 21 de novembro de 1966. 
LEI 5.764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de 
Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá 
outras providências.
SEÇÃO 3 - Prospecção para a reforma da atual lei de regência do 
Cooperativismo brasileiro
A Lei 5.764/1971 vem sendo analisada pelo Congresso Nacional 
desde os idos da promulgação da Constituição Federal de 1988. Para essa 
alteração já foram propostos projetos de lei pelos senadores Osmar Dias 
(PLS 171/1999) Uma das principais inovações do projeto do senador 
Osmar Dias é a que se refere ao fim da tutela do Estado sobre o sistema 
cooperativista. Na prática, significa a manutenção do princípio da 
unicidade de representação, antiga posição do sistema cooperativo, 
reiterada em diversos congressos nacionais, Eduardo Suplicy (PLS 
605/1999) e José Fogaça (428/1999).
Com a mudança da legislatura, em 2007, permaneceram em trâmite no 
Congresso Nacional os projetos dos senadores Osmar Dias e Eduardo 
Suplicy, ora renumerados, respectivamente, para PLS 003/2007 e PLS 
153/2007.
Tais projetos trazem avanços operacionais para as sociedades 
cooperativas, como a previsão de modalidades de financiamento baseadas 
em títulos próprios de dívidas, para as cooperativas compatíveis às 
debêntures das sociedades por ações, ora denominadas certificados de aporte 
de capital. As cooperativas poderão, caso aprovado o texto no Congresso 
97
Nacional, emitir títulos de dívida, que serão postos à venda no mercado. As 
receitas reverterão às cooperativas e por elas serão pagas em vencimentos 
apontados nos próprios títulos. 
Por exemplo, uma cooperativa poderá emitir mil certificados de aporte 
de capital no valor de R$ 10.000,00 com vencimento em dois anos. Após 
esse prazo, conforme, as condições descritas no próprio título, inclusive de 
atualização monetária e remuneração, deverá pagar ao adquirentedos 
certificados os valores correspondentes a cada um deles, podendo então 
também reverter em participação no capital social da instituição, desde que o 
adquirente possua condições para ingresso na sociedade. 
Essa inovação é uma possibilidade de nova linha de financiamento, 
tomado diretamente do mercado para as cooperativas, e que poderá (caso 
aprovado no Congresso) ser aproveitada no sentido de diminuir impactos de 
taxas de juros na captação de recursos para investimentos, por exemplo. 
Outras possibilidades negociais também estão sendo avaliadas nos projetos 
de lei comentados e podem vir a proporcionar novas perspectivas para a ação 
mercadológica das sociedades cooperativas brasileiras.
Que tal fazer uma pesquisa sobre os projetos de lei relacionados ao 
Cooperativismo que estão em tramitação?
São, enfim, evoluções que poderão ser muito úteis para os 
administradores de sociedades cooperativas no Brasil. 
Outro aspecto relevante é o intenso trabalho no Congresso Nacional 
para a edição de uma lei que defina o adequado tratamento tributário aos 
atos cooperativos. Atualmente, essa é uma discussão muito flagrante no 
Congresso Nacional, envolvendo, mormente, o PLC 198/2007, de autoria 
dos deputados federais da Frente Parlamentar do Cooperativismo, 
capitaneados pelo deputado Odacir Zonta, presidente da Frencoop.
Seção 4 - O ambiente internacional e Impacto dos ramos do 
cooperativismo no desenvolvimento das nações
A Organização das Nações Unidas (ONU), em suas diversas 
instâncias, trata do cooperativismo como instituição necessária para o 
desenvolvimento socioeconômico das Nações. Não há um estudo completo 
97
do impacto do cooperativismo no desenvolvimento das nações, mas 
encontram-se indícios de sua importância neste âmbito socioeconômico.
Reflexo disso é a determinação da Assembleia Geral das Nações 
Unidas do ano de 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, assim 
como o Ano Internacional da Energia Sustentável. O Secretário-Geral da 
ONU, Ban Ki-moon, diz que: “As cooperativas são um exemplo para a 
comunidade internacional de que é possível perseguir tanto a viabilidade 
econômica quanto a responsabilidade social”. (HUMANITARE, 2010).
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (2011), o motivo da instituição do Ano Internacional das 
Cooperativas é, portanto, reconhecer a contribuição que estes atores trazem 
para o desenvolvimento socioeconômico, principalmente o seu impacto na 
redução da pobreza, geração de empregos e integração social e a realização 
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 
A proposta da Assembleia Geral da ONU incentiva todos os Estados 
membros da ONU, em conjunto com a Aliança Cooperativa Internacional 
(ACI), a promoverem cooperativas e criarem um sentido de consciência 
sobre sua contribuição para o desenvolvimento social e econômico. Além 
disso, a proposta promove a formação e crescimento de cooperativas. 
Voltando ao tema dos ODM, O Brasil apresentou o Relatório 
Nacional de Acompanhamento das ações para se alcançar os Objetivos do 
Milênio em 2004 (IPEA, 2004). No documento, o cooperativismo aparece 
em diferentes âmbitos como ator necessário para implementação dos 
Objetivos do Milênio. No objetivo “Erradicar a Extrema Pobreza e a Fome”, 
a organização da agricultura familiar deve estar centrada também na 
constituição de cooperativas agrícolas para receber os benefícios, como o 
PRONAF e contribuir para o alcance da meta de melhora significativa na 
vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de assentamentos precários 
até 2020. O governo lançou, em 2004, o Programa Crédito Solidário para 
desenvolver projetos em parceria com cooperativas e associações populares 
e ampliar os recursos destinados ao Programa de Subsídio Habitacional.
Segundo o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009, p. 2), As Cooperativas promovem e apoiam o 
desenvolvimento empresarial, criando emprego produtivo, originando 
receitas e ajudando a reduzir a pobreza, ao mesmo tempo em que reforçam a 
inclusão social, a proteção social e a estruturação da comunidade. Assim, 
97
enquanto beneficiam diretamente os seus membros, oferecem igualmente 
externalidades positivas ao resto da sociedade e têm um impacto 
transformacional sobre a economia. 
Ban Ki-moon (NAÇÕES UNIDAS, 2009) considera as cooperativas 
como importantes atores econômicos. Explica que as cooperativas 
financeiras, abrangendo as Caixas de Crédito, servem a milhões de 
cooperados. As Cooperativas agrícolas são responsáveis por uma parte 
expressiva da produção agrícola. Complementa: (...) na tentativa de avaliar a 
escala do Movimento Cooperativo Global e do seu contributo para a 
economia global, a ACI compilou a lista GLOBAL 300, que classifica as 
300 organizações cooperativas e mutualistas globais de topo. A lista de 2008 
revela que as 300 cooperativas de topo são responsáveis por um volume de 
negócios global de 1,1 bilhões (1.000.000.000.000) de
dólares. (NAÇÕES UNIDAS, p. 3).
AS COOPERATIVAS: ALGUNS FATOS ESSENCIAIS
 O Sector Cooperativo, em nível mundial, conta com cerca de 
800 milhões de membros em mais de 100 países, através de 
organizações membros da ACI. No total, calcula-se que as 
cooperativas proporcionem mais de 100 milhões de empregos em 
todo o mundo. Em termos de percentagem do PIB por país 
atribuível às cooperativas, ela é mais elevada no Quênia (45%), 
seguida da Nova Zelândia (22%). 
 As Cooperativas Agrícolas são responsáveis por 80 a 99% da 
produção de leite na Noruega, na Nova Zelândia e nos Estados 
Unidos; as cooperativas representam 71% das pescas na Coreia e 
40% da agricultura no Brasil. 
 As Cooperativas Elétricas são importantes fornecedoras nas 
áreas rurais. Em Bangladesh, prestam serviços a 28 milhões de 
pessoas. Nos Estados Unidos, 900 cooperativas elétricas rurais 
servem 37 milhões de pessoas e são proprietárias de quase metade 
das linhas de distribuição elétrica do país.
 49.000 Caixas de Crédito servem 177 milhões de membros em 
96 países, sob a égide do Conselho Mundial das Caixas de Crédito.
 4.200 bancos cooperativos Europeus, no âmbito da Associação 
Europeia de Bancos Cooperativos, servem 149 milhões de 
membros, incluindo PME’s.
Fonte: Nações Unidas (2009, p. 3).
97
Na visão da ONU, as cooperativas são uma ótima ferramenta de 
inclusão social. Elas são criadas para apoiar e organizar os trabalhadores 
pertencentes da economia informal. As cooperativas de crédito ganham 
importância nas comunidades de áreas rurais onde o acesso aos serviços 
bancários é escasso.
Cooperativas na área da saúde
Algo que existe em muitos países, diferentemente do Brasil, são as 
cooperativas que fornecem serviços de proteção social, especialmente na 
área da saúde. Estas cooperativas participam, igualmente, na gestão de 
seguros obrigatórios de saúde ou fornecem serviços através das suas redes de 
saúde e serviços sociais. Estas instituições atendem a mais de: 
 69 milhões de pessoas na Ásia;
 13 milhões na América Latina;
 25 milhões na África; e,
 5 milhões no Oriente Médio.
De acordo com o relatório de Ban Ki-monn (NAÇÕES UNIDAS, 
2009, P. 3), “a Cooperativa de Prestação de Serviços de Saúde aos 
Agricultores YESHSVINI, da Índia, que serve 2 milhões de pessoas, é 
financiada em parte por subsídios governamentais.”
Cooperativas na área agropecuária
Uma amostra do impacto do ramo do cooperativismo agropecuário é o 
caso da Índia, onde existem cerca de 150.000 cooperativas agrícolas e de 
crédito que atendem a mais de 157 milhões de produtores agrícolas rurais. 
Na Coreia, por exemplo, as cooperativas agrícolas possuem uma base 
associativa de mais de 2 milhões de agricultores, o que representa 90% dos 
agricultores. No Japão, as Cooperativas Agrícolas abrangem 90% do total de 
agricultores. Na França, são responsáveis por 60% dos inputs agrícolas, 57% 
da produção agrícola e 35% do processamento agrícola (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009).
No Brasil, por exemplo, as cooperativas são responsáveispor 40% do PIB 
agrícola e 6% das exportações agrícolas. Ainda na América Latina, a 
Nicarágua, por exemplo, possui a PRODECOOP, (Central de Cooperativas 
de Serviços Múltiplos) uma instituição composta por pequenas cooperativas 
de produção de café. Esta Federação implementou uma estratégia de 
97
integração de cooperativas que melhorou a qualidade do café e da 
comercialização no mercado internacional. 
Na África, as cooperativas agrícolas promovem uma economia de 
permuta, ou seja, de trocas. Para ajudar no desenvolvimento dos mercados 
nas áreas rurais mais longínquas, promoveram estratégias de redução dos 
custos de transação. As próprias cooperativas promovem a participação e a 
integração dos pequenos agricultores na economia mundial. No entanto, 
assim como no Brasil, um fator que reduz a participação destes pequenos 
agricultores nas cooperativas de comercialização é a desconfiança histórica 
em relação às cooperativas como instrumentos estatais ou paraestatais.
A ONU apresenta impactos negativos tanto por parte das cooperativas 
como a formação de monopólios, influenciando os valores de mercado e 
limitando o acesso de grande parte da população. Da mesma forma, ocorre o 
contrário, “os grandes distribuidores globais detêm, muitas vezes um maior 
poder de negociação e possuem melhor informação e estão numa posição 
mais forte para arrancar condições desfavoráveis de comercialização ou 
cedências por parte das cooperativas”. (NAÇÕES UNIDAS, 2009). 
Uma ação ainda muito tímida, mas que sempre envolve as 
organizações coletivas de produção como as cooperativas, é o Movimento 
Comércio Justo. Conforme Schneider, Comércio Justo é a estratégia para a 
diminuição da pobreza e o desenvolvimento sustentável. Seu propósito é de 
gerar oportunidades para produtores que foram explorados economicamente 
ou marginalizados pelo sistema convencional de comércio. (2007, p. 31).
O impacto recai diretamente sobre a qualidade de vida dos produtores 
e o respeito ao meio ambiente, dentro de uma concepção de 
desenvolvimento sustentável: [...] é garantido aos produtores um preço que 
cobre o custo de produção mais uma margem justa. Em contrapartida, 
espera-se que os produtores cumpram os Padrões do Comércio Justo – 
sociais, econômicos e ambientais, tais como evitar a utilização de trabalho 
infantil, as normas sobre a utilização de pesticidas, a reciclagem. (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009, p. 7).
O ramo agropecuário está muito ligado ao cooperativismo de crédito.
Um exemplo disso ocorre em Moçambique, onde a Cooperativa de 
Produtores de Cana-de-açúcar da Maraga possui um acordo com o maior 
97
banco cooperativo agrícola do mundo, o RABOBANK. Esta relação 
compreende a colheita e o processamento da cana na fábrica do açúcar com 
o apoio do Banco.
Ramos do cooperativismo de crédito (financeiro)
Os principais impactos que os ramos do cooperativismo de crédito vão 
ter sobre as Nações são os seguintes:
 A democratização no sistema financeiro;
 O acesso a serviços bancários e financeiros de forma autônima e 
igualitária; e
 A redução da pobreza.
Calcula-se que, na globalidade, as Cooperativas Financeiras cheguem 
a 78 milhões de clientes que vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, que 
auferem menos de 2 dólares/dia. Na Ásia, por exemplo, 54,5% dos que 
contraem empréstimos e que auferem menos de 2 dólares/ dia são servidos 
por cooperativas, em comparação com 19% servidos por outros fornecedores 
de microcrédito. (NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 9). 
Em números globais, as cooperativas de crédito atendem cerca de 857 
milhões de pessoas, isto é, 13% da população mundial. No Canadá e nos 
Estados Unidos, as cooperativas de crédito têm 46% de penetração no 
mercado, significando uma importância para o desenvolvimento 
socioeconômico destes países.
Com isso, vemos os sinais dos impactos socioeconômicos dos 
diferentes ramos do cooperativismo que transpassam a contribuição para a 
produção de alimentos e a segurança alimentar, fornecem acesso a serviços 
financeiros e aportam para o desenvolvimento de um sistema financeiro 
resistente. Além disso, geram emprego e aumentam os rendimentos dos 
membros. Em alguns países, as cooperativas encontram-se entre os maiores 
participantes econômicos no setor produção, distribuição e serviços. “Elas 
promovem igualmente as capacidades e a formação nas comunidades locais, 
promovendo as mulheres e os segmentos marginalizados da sociedade”. 
(NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 11).
97
Experiências internacionais: o caso Mondragón Corporación Cooperativa 
– MCC
Em países como a Espanha, esses ramos estão bem desenvolvidos. O 
maior grupo cooperativo do mundo, com sede em Bilbao, País Basco, na 
Espanha, conta com aproximadamente 42.000 postos de trabalho, 
constituindo um grupo empresarial integrado por mais de 120 empresas. Este 
grupo nos ilustra uma experiência que envolve várias cooperativas 
pertencentes a diversos ramos. 
A Mondragón Corporación Cooperativa – MCC é estruturada nos 
setores financeiro, industrial e de distribuição.
 No setor financeiro, possui um banco próprio chamado “Caixa 
Laboral”, que oferece serviços financeiros para todas as 
cooperativas do MCC e a terceiros. Desenvolve também, com 
outra entidade, um serviço de leasing, de seguros e de 
previdência social, que orienta a atividade financeira, 
otimizando a rentabilidade e os fundos patrimoniais.
 Na distribuição, a MCC possui hipermercados, agências de 
viagens, estacionamentos e postos de gasolina.
 Já no setor industrial, a corporação é formada por quase 90 
empresas, divididas em grandes setores.
Comercializando desde máquinas pesadas até eletrodomésticos, a 
cooperativa tem como bases a educação e a solidariedade. A área 
educacional do projeto conta hoje com cinco centros de formação e três de 
pesquisa e tecnologia. O crescimento do grupo vem comprovando a 
qualidade de seus serviços, a importância da união, da participação, da 
cooperação e, principalmente, da educação. 
A MCC também possui escolas técnicas e universidades cooperativas, 
de formação e desenvolvimento de pesquisa mercadológica e científica, 
fomentando continuamente o sentimento de participação e cooperação entre 
os alunos, sedimentando a cultura cooperativista.
Além das cooperativas industriais, a MCC também possui 
cooperativas agropecuárias, de consumo, transporte, trabalho e, como você 
já sabe, cooperativas educacionais, de crédito e industriais.
A estrutura de governança baseia-se num modelo de gestão próprio. 
Por meio do planejamento estratégico da corporação e de cada cooperativa, o 
97
sistema de governança comanda e avalia o desempenho de cada cooperativa 
do grupo, centralizando as decisões estratégicas. 
A intercooperação se dá pelo sistema de contribuição financeira das 
cooperativas para com a corporação MCC, permitindo que ajustes 
financeiros sejam realizados entre cooperativas com melhor resultado para 
com outras de pior desempenho econômico, o que de certa forma justifica a 
centralização de decisões e ações da corporação e reforça a coesão das 
cooperativas ao sistema.
Através destes ajustes financeiros e dos fundos de reserva – 
capitalização do capital social (sobras) –, é possível garantir certa 
estabilidade financeira às cooperativas. Além disso, a intercooperação 
também ocorre através do sistema de proteção de emprego aos associados, já 
que os associados de uma cooperativa desativada são absorvidos nas outras 
cooperativas em atividade. 
A transferência de sócios, a redistribuição e a recomposição financeira 
garantem uma economia de pleno emprego, beneficiando o associado e a 
economia regional. Assim, nota-se a importância da MCC como um modelo 
de arranjo organizacional, extremamente criativo, que transformou a 
corporação no sétimo grupo empresarial da Espanha, atualmente englobando 
120 cooperativas, 59 plantas em outros países e sete delegações corporativas.
O sistema Mondragón forma o maior grupo cooperativo do mundo, 
com um faturamento de 10,459 bilhões de Euros em

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