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www.portaleducacao.com.br www.portaleducacao.com.br Celso Antunes, educador brasileiro, nascido em São Paulo no ano de 1937. Formação Licenciado em Geografia. Especialista em Inteligência e Cognição. Mestre em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo. Atuação Membro da Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar (UNESCO). Embajador de la Educacion – Organización de Estados Americanos (OEA). Membro fundador da entidade “Todos Pela Educação”. Consultor educacional da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura). Exército Brasileiro – colaborador emérito. Obras publicadas Autor de mais de 180 livros didáticos – Ed. do Brasil, Ed. Scipione., Ed Ao Livro Técnico, entre outras. Autor de cerca de 100 livros sobre temas de Educação – Ed. Vozes., Ed. Papirus., Ed. Paulus, Ed. Loyola, Ed. Artmed., Ed. Rovelle, Ed. Ciranda Cultural, entre outras. Obras traduzidas: Argentina, México, Peru, Colômbia, Espanha, Portugal, entre outros países. Eventos Ministrou palestras e cursos em todos os estados do país, mais de 500 municípios. Ministrou palestras e cursos na Argentina, Uruguai, Peru, México, Portugal, Espanha, entre outros países. Sobre o autor www.portaleducacao.com.br Este curso possui videoaulas com o conteúdo essencial do curso, em um ambiente de aprendizagem pensado para você, com uma navegação fácil e objetiva. Antes de começar os estudos, navegue e explore o ambiente. Cada videoaula possui um fórum específico para que você possa esclarecer suas dúvidas, construir e compartilhar seu conhecimento entre colegas. Recomendamos que você, ao se deparar com o exercício, somente responda após ter estudado de modo coerente. O objetivo do exercício é enriquecer e fixar o aprendizado de forma constante durante o período de curso, favorecendo a busca de conhecimentos múltiplos acerca de uma formação continuada eficaz. Durante o período do curso, você pode ver e rever o conteúdo quantas vezes quiser! Nossa proposta possui objetos de aprendizagem complementares, como recursos digitais que podem contar com estudos de caso, simulações, artigos, textos, ilustrações, fotos, links, entre outros. Aproveite esses materiais também para complementar seu aprendizado e aperfeiçoar seu conhecimento. Leia o conteúdo da apostila (e-book) do curso e aproveite ainda mais o seu tempo para explorar os assuntos mais relevantes. E, quando surgir qualquer dúvida, conte com a tutoria on-line, estamos aqui para ajudar e disponibilizar conhecimento para mudar vidas. Bons estudos! Equipe Portal Educação Sobre o curso www.portaleducacao.com.br ÍNDICE Notas do Autor Introdução 1. Seja o Protagonista 1.1 Sala de aula como laboratório 2. Valores e Emoções 2.1 Como trabalhar valores, emoções e sentimentos 3. PLACA 3.1 Estratégias pedagógicas dinâmicas 4. Jogo de Palavras 4.1 Ferramenta didática 5. Autódromo 5.1 O Autódromo como estratégia de aula 6. Encerramento 6.1 A prática: momento de reflexão www.portaleducacao.com.br Notas do Autor O tema “Estratégias Pedagógicas Dinâmicas” para o desenvolvimento da aprendizagem substitui a monotonia antiquada de aulas somente discursivas e expositivas por estratégias de ensino com intenso protagonismo de desenvolvimento de múltiplas linguagens. O uso criativo de habilidades operatórias, integral “construção” de significados e consciente autoavaliação em todas as aulas e em cada aluno, não apenas para as provas, mas para a vida. Não somente pelo êxito nas notas, mas pela progressiva transformação de um aluno em uma autêntica pessoa. CELSO ANTUNES www.portaleducacao.com.br Introdução Desço o elevador e ao meu lado vai o Thomas. Ensino médio, quinze anos, mochila carregada, reclama: - É isso aí, Celso. Provas chegando e eu tenho que decorar como um louco. Decorar história, decorar ciências, decorar geografia... tem horas que minha cabeça parece que vai explodir... O elevador chega ao térreo, vou para um lado, o Thomas para outro e suas queixas tomam conta de meus pensamentos: como é possível, Deus meu, em pleno século XXI quando quase tudo se conhece sobre a memória humana, existirem professores que pensam avaliação como quem mede memorização e existem vítimas, como o Thomas e outros muitos, que não concebem aprender sem o suplício de decorar. O pior nesse dilema não é apenas a tortura que os alunos são submetidos, mas a absurda inutilidade desse esforço insano e, por outro lado, pensar que ainda existem professores que acreditam que uma memorização mecânica preste para alguma coisa. Penso, entretanto, que a responsabilidade não cabe apenas ao professor, mas ao próprio sistema que o acolhe e que supõe que, para ministrar aulas, basta dominar saberes. Se assim fosse, o mundo não precisaria de professores: por acaso, engenheiros não sabem matemática? Veterinários não conhecem biologia? Advogados não são bons em língua portuguesa? A triste realidade desse sistema imperfeito é não acreditar que o conteúdo específico da disciplina na qual é o professor especialista é importante atributo para se ministrar aula, mas é apenas “um” atributo. Os professores precisam dominar conteúdos que trabalham, mas precisam conhecer como o cérebro aprende, como acessa informações, como fabrica pensamentos divergentes e, sobretudo, de que forma produz memórias significativas, estas sim, essenciais para se viver. www.portaleducacao.com.br Nenhuma aula livra o aluno da torturante “decoreba”, se não se mostra plena em significações, se não liga os fatos curriculares à vida que se vive, ao futebol que se joga, aos caminhos que se percorre. Existe bem mais “química” em um churrasco que se prepara que em tabelas periódicas e, é evidente, existe muito mais biologia, geografia, história e línguas em um campeonato de futebol que em grossos e insossos compêndios. A aula somente se justifica quando ensina o aluno a aprender, a pesquisar, a argumentar, a criar e, dominando experiências, saber agir. Fiquei sem saber se a tortura que assola meu vizinho e cujas queixas o elevador escutou é responsabilidade sua de não perceber que aprender não é decorar, se é responsabilidade do professor que ainda pensa que avaliar é medir capacidades mnemônicas ou se, em verdade, de um sistema de ensino que recusa a doçura e o encanto da significação transformadora que simboliza a verdadeira aprendizagem e faz da aula um castigo e transforma provas em lembranças macabras de pesadelos inúteis... É essencial se repensar em outras, muitas outras estratégias de aula... assumir-se enfim como simplório e magnânimo professor Filepo. Seja o Protagonista Sala de aula como laboratório O tema “Estratégias Pedagógicas Dinâmicas” é uma nova maneira de pensar o agir educacionalmente, de buscar outros caminhos. Para começar, quero fazer uma proposta, talvez não muito simpática, mas acredito que muito eficaz. Vou lançar um problema e desejo que você interaja com esse problema de tal forma que, ao terminar, eu lhe peça uma solução e você a tenha na ponta da língua, para, assim, eu ter a oportunidade de analisar o porquê foi apresentado dessa maneira. Por isso, exijo um pouco mais que se colocar na posição de ouvinte, mas ser protagonista, entre comigo nessa viaje e participe. www.portaleducacao.com.brFaça de conta que eu tenho em um ponto, um ônibus, e ele vai sair do ponto inicial fazendo o itinerário de 4 pontos. Em cada ponto que ele parar, subirão e descerão passageiros e, quando ele chegar ao ponto final, perguntarei quantos passageiros restam no ônibus. O ônibus saiu do seu ponto inicial com três passageiros, parou no primeiro ponto e subiram quatro e desceu um. No segundo ponto desceram dois e subiram três. No terceiro ponto subiram quatro e desceu um. No penúltimo ponto desceram dois e não subiu nenhum. Chegou no último ponto, subiram três e desceu apenas um. Não importa qual resposta você deu, não importa se é eventualmente certa ou errada, mas observe que por meio dessa atividade eu coloquei um intenso e significativo exercício mental, eu coloquei o seu cérebro para trabalhar, aquilo que parecia apenas uma relação entre uma imagem que se vê e aquilo que se escuta, durante alguns segundos, você somou e subtraiu, subtraiu, somou. E, como você não tinha o apelo da escrita, você teve que forçar a sua memória. Mas qual é o nome dessa atividade? Viagem de ônibus? Não importa o nome que se dá, mas observe que foi uma atividade neurológica, eu trabalhei o seu cérebro. Aquilo que para você pareceu apenas uma brincadeira, na verdade era um treino. Qualquer treino só tem valor significativo na sua transformação se ele se tornar repetido, se ele se tornar frequente, porque amanhã ou depois você pode até estar com peso acima da média, você pode até sentir que seu colesterol está alto e ser orientado por um médico a perder peso, esse médico lhe indica que uma das maneiras de perder peso é fazer caminhadas. E você faz uma caminhada, adianta alguma coisa? Não, porque a repetição daquela atividade é que vai desenvolver Agora responda: quantos passageiros têm no ônibus? Você não poderá usar nem lápis, caneta e nem digitalizar porque irei trabalhar a sua memória. Atenção! Reflita www.portaleducacao.com.br a sua estrutura muscular e a sua própria estrutura corporal. E isso acontece também com o cérebro, a atividade que eu desenvolvi na verdade era um estímulo à sua inteligência lógico-matemática. FIGURA 1 - EXERCÍCIO MENTAL Mas por que nessa oportunidade eu estou trazendo essa experiência com você como protagonista? Onde mais do que ouvir havia um trabalho. Porque eu quero mostrar que isso não pode preservar distante da sala de aula, que o professor deve Atividade neurológica Exercício mental Significado e transformação www.portaleducacao.com.br compreender alguns desses fundamentos, porque não se trata de pegar um aluno de hoje e fazer que ele memorize, mas para que ele se torne mais inteligente, para que ele treine as suas habilidades e, portanto, seja capaz de fazer. Por isso, a sala de aula precisa assumir um novo formato, porque a sala de aula é um verdadeiro laboratório para aprender conceitos, mas também torna a inteligência mais hábil a se desenvolver. Mas não se esqueça, fazer de vez em quando, fazer acidentalmente é a mesma coisa do não fazer, porque o cérebro responde a estilos como o corpo também responde. Mas será que se eu desenvolver essas que levam o aluno a ampliar o seu expecto de inteligência, que eu leve o aluno a melhorar suas condições emocionais, será que eu conseguirei cumprir o programa, será que eu sou capaz de dar conta daquele volume de matéria? É perfeitamente possível porque essas atividades que vai se propor vão lhe tomar no máximo 1 aula por mês. Imagine em uma escola que a equipe docente saiba trabalhar essa atividade, a primeira semana uma aula de matemática ou pelo menos aquelas atividades no que seria uma aula de matemática, na segunda semana essas atividades naquilo eu seria uma aula de português, na outra semana aquilo que seria aquela atividade na aula de geografia. Se analisarmos o contexto geral, o professor perdeu três, quatro aulas por ano ou talvez por semestre, mas ele produziu uma transformação significativa no aluno, não precisa nem mudar a estrutura da aula, seria apertar um pouco mais as aulas de conteúdos conceituais, ele é capaz de cumprir a programação e reservar aquela aula para entrar na classe e dizer: “Gente, hoje não é dia de se falar nos conteúdos conceituais, é de se trabalhar a inteligência.” Por isso, por favor, não me pergunte quantos passageiros têm no ônibus, não darei essa resposta, mas saiba que vamos falar de maneiras diferentes, dinâmicas de se trabalhar a aula que se dá, ao conteúdo que se passa, o ambiente relacional entre o professor e o aluno. Isso faz de você uma diferença significativa, é muito importante ser professor, mas um educador e um professor que agrega suas condições de trabalhar aquele conteúdo conceitual, outras condições de abrir a mente e tornar o aluno mais apto, desenvolvê-lo no sentido melhor! www.portaleducacao.com.br Valores e Emoções Como trabalhar valores, emoções e sentimentos Me recordo que há muito tempo eu era professor de geografia em uma escola em São Paulo. Uma escola que era consensualmente considerada uma escola de bom padrão. Um dia fui chamado pela diretora para uma conversa, compareci ao encontro e ela me fez uma proposta: – Celso, eu sinto que os alunos desta escola pertencem a uma família de boas condições financeiras, as nossas mensalidades são salgadas, portanto quem aqui matricula um filho tem uma certa condição de vida satisfatória. Eu percebi que essa garotada tem tudo, mas não tem valores, não trabalha suas emoções, eles pedem o que querem, mas aquilo que é crucial realmente eles não têm. Como nós poderíamos, sem diminuir a qualidade do ensino que se faz, trabalhar valores, emoções, desenvolver algumas prerrogativas que pudessem dar um diferencial à escola? Evidentemente, eu não tinha resposta e pedi a ela um mês, porque iria pesquisar. Obtive essa concessão e fui fazer uma pesquisa. Ao terminar, procurei a diretora e expliquei que não era difícil de trabalhar emoções, valores e sentimentos. O que precisamos trazer para essa escola são estratégias pedagógicas dinâmicas. Ela muito interessada perguntou o que precisava e qual tipo de investimento. Eu expliquei que nenhum investimento, que não custava recursos materiais, custava obviamente um tempo. Agora é preciso que exista um tempo para trabalhar os alunos e, naturalmente, se você tirar de cada disciplina um número de aulas semanais, os professores com justa razão vão reclamar que não estão tendo tempo para desenvolver os conteúdos. Então pensei, se você reservar uma aula por semana de uma determinada disciplina, na outra semana, de outra e assim sucessivamente não trará danos negativos www.portaleducacao.com.br para os alunos. Mas para fazer essas atividades dinâmicas elas não poderiam ser feitas na escola, porque a escola é muito contaminada pela rotina, os sinais são programados a bater na hora certa, os alunos que nesse dia terão essa aula diferenciada irão conviver com alunos que têm aulas convencionais. Portanto, eu gostaria de um espaço neutro. – Mas isso não é nenhum problema, eu tenho há alguns quilômetros da escola um sítio semiabandonado e é um lugar que poderia ser usado. Mas eu gostaria também de ser acompanhado por uma coordenadora educacional, porque eu posso desenvolver algumas estratégias que eu li, que eu vi, mas o cotidiano é acompanhado por aquela coordenadora educacional. O local era uma casa com poucas mobílias. E passamos a desenvolver com os alunos uma atividade chamada “CHAPADÃO”. Não me pergunte o porquêdo nome, talvez por eu ser professor de geografia eu imaginava que o ambiente era de um planalto e de que uma certa forma parecia uma região plana, um “CHAPADÃO”. E passamos a desenvolver atividades dinâmicas no Chapadão. Eu não tenho nenhuma hesitação em afirmar que foi a experiência mais gratificante da minha vida, porque, ainda que inseguro por aquelas estratégias que eu tinha colhido, ainda errando muitas vezes, eu fui percebendo que naquele dia, um pequeno dia que se tomava, aqueles alunos não falavam dos conceitos de geografia, matemática, história, falavam de bondade, dignidade, honra, solidariedade, companheirismo, inteligência e habilidade. Foi de uma forma tão forte, tão marcante que hoje passados muitos anos e eu muito distante já daquela instituição, às vezes reencontro alunos daquele tempo, obviamente que eu não os reconheço, a vida é implacável e, na mudança do tempo, aquela garota, garoto de 12, 14 anos hoje é um homem e mulher de 50, 60 anos, seguramente não há como identificar. Mas algumas vezes eles me reconhecem, às vezes me constrangem, me emocionam, me cercam naquele shopping, naquela rua, trazem aquele abraço que no primeiro momento me parece algo surpreendente e não raro me dizem: – Celso, aquele chapadão mudou a minha vida! O que eu aprendi, guardei para sempre! www.portaleducacao.com.br E quase no gesto de despedida às vezes até dizem: – Ah, eu até gostava daquela aula de matemática que você dava! Eu nunca dei aula de matemática, certamente eles esqueceram a disciplina que eu dei, mas lembraram muito dessas atividades dinâmicas que representam uma essencial ferramenta para transformar o aluno. E são essas atividades das quais eu quero lhe passar e reiterar um dado muito importante, que isso não significa deixar de administrar as aulas que se dá, não significa deixar de cumprir o compromisso que se tem, desenvolver o programa que se desenvolve, porque se isso for um conhecimento de uma equipe de professores e se um deles fizer isso duas vezes por ano com a classe que trabalha, como o aluno tem vários professores na classe, aquela classe perderá no semestre uma aula de geografia, uma aula de matemática, de história, mas ganhará bondade, serenidade, confiança, trabalho com as emoções, enfim estímulos para o cérebro se tornar mais inteligente e estímulos que eu comecei mostrando quando eu fiz a você aquela proposta do jogo do ônibus. Portanto, vamos abordar esse conteúdo e vamos carregar a esperança de que, de repente, aquele aluno vá para escola com outro espírito. Eu me lembro que uma vez eu fui chamado à diretoria da escola que trabalhava e lá estava um pai a reclamar, ele queria falar com determinado professor, porque ele queria dar uma bronca e o professor era eu. Quando cheguei diante dele perguntando onde eu havia errado, ele disse: - Estou indignado com você professor, o Paulinho estava com febre e o médico o proibiu de sair da cama, ele pulou a janela e fugiu para ir à escola. Um absurdo vocês não respeitarem isso! Mas, pelo amor de Deus, eu não sabia disso! – Professor, ele veio para sua aula! Mas eu não o convoquei, eu não sabia desse estado! Vamos falar com o seu filho! Procurei o aluno e, com os olhinhos brilhando pela febre, perguntei: www.portaleducacao.com.br – Meu bem, por que você veio? Por que você fugiu? – Porque hoje vai ter chapadão! E naquele momento ele retornou aquela ideia de que a febre poderia impedi-lo de fazer determinadas atividades desgastantes, poderia até dispensá-lo, mas aquela atividade era muito significativa. E por isso do jogo do ônibus e de outros jogos estimulantes, vamos nesta oportunidade falar para você. PLACA Estratégias pedagógicas dinâmicas Uma (boa) aula expositiva? Você já percebeu que a aula expositiva é uma excelente “ferramenta” de ensino. Fato que não significa afirmar que deva ser a única ferramenta utilizada pelo professor. Uma sala de aula deve ter espaço para se ministrar muitas aulas expositivas, mas também para se aplicar outras e diversificadas situações de aprendizagens. Acreditamos que, para uma aula expositiva ser considerada “uma aula bem ministrada”, é essencial que provoque “aprendizagens significativas” da mesma forma que uma intervenção médica possa ser considerada uma boa intervenção, quando leva o paciente à reconquista da saúde. Não pensamos que as propostas apresentadas devam ser assumidas de forma ritualística e, portanto, encaradas com o cuidado de se aferir se o que está sendo apresentado é compatível com o jeito de ser do professor, sua forma de trabalhar, lembrando-se que toda “boa aula” é a que os alunos compreendem e possam transferir os conteúdos conceituais adquiridos. www.portaleducacao.com.br Dessa maneira, para que o aluno efetivamente aprenda por meio de uma aula expositiva, é importante jamais se esquecer: www.portaleducacao.com.br www.portaleducacao.com.br As atividades propostas a seguir envolvem sempre formatos protagonismos em grupo, essenciais por seu valor na consolidação de aprendizagens cooperativas e, sobretudo, porque o mundo do trabalho para o qual se encaminha o aluno há muito já assumiu a plena consciência de que toda ação empreendedora envolve a ação sistêmica das pessoas. Vivemos em grupo e sempre trabalhamos em grupo ou para grupos e, nesse sentido, não se justifica a prevalência exclusiva de aulas ritualizadas, rotineiras, estáticas e monolíticas que privam o aluno de ações protagonistas e não o ensinam o insuperável desafio de aprender a conviver. Jogo de Palavras Ferramenta didática O primeiro passo para o uso desta estratégia será a de garantir que os alunos tenham conhecimento e estudo sobre o tema a ser trabalhado, conquistando-o por meio de uma leitura ou de outro processo de informação. O segundo passo será o de organizar os alunos em duplas, trios ou quartetos e, dessa forma, fazendo-os debater e trocar ideias sobre seus conhecimentos ou suas dúvidas; e, finalmente, organizando, com critério e acuidade, uma, duas ou três sentenças sobre o assunto escolhido e que representem “ideias-âncoras”, essenciais à compreensão do tema trabalhado. Após a www.portaleducacao.com.br seleção dessas sentenças, fragmentá-las em palavras que serão escritas em um pequeno quadrado de papel. Mais fácil é quadricular-se uma folha antes, escrever as palavras em cada um dos quadrados e somente depois cortá-la. Esse emaranhado de palavras, amontoadas ao acaso e unidas fora de ordem, compõe o recurso material do “jogo das palavras”. FIGURA 2 - JOGO DAS PALAVRAS Faça tantas cópias desse material quantos grupos se contarem em classe, basta entregá-las aos alunos destacando que sua tarefa, tal como quem monta quebra- cabeças, será a de ordenar as frases, emprestando-lhe sentido lógico, sem, entretanto, pode mudar o gênero, número e grau das palavras recebidas. Ao se empenharem no desafio que essa atividade propõe, os alunos encontraram motivação por ver substituída sua postura passiva de ouvinte por ação protagonistas e solidária. Em vez de alunos colocados de forma passiva diante de um texto, formam-se grupos e estariam exercitando esquemas de assimilação em atividade desafiadora. www.portaleducacao.com.br Mas observe o que há de diferente entre o jogo de palavrase a aula expositiva convencional. Existe aquilo que chamo de Placa, ou seja, o acróstico de 5 fundamentos que toda atividade começa a ter: 1. Protagonismo 2. Linguagens diferentes 3. Administração de habilidades 4. Construir um saber 5. Autoavaliação Um jogo de palavras não tem um aluno com os olhos vazios olhando para o relógio constantemente para ver quando a aula vai acabar, ele está ali o tempo inteiro discutindo, construindo, ajudando. Portanto, ele é o protagonista, ele não é o expectador. As linguagens diferentes, ou seja, ele falou, conversou, ele expressou, argumentou, observe que em um turbilhão, em uma verdadeira tempestade cerebral, ele desenvolveu toda uma gama de atividades operatórias. Na administração das habilidades, ele comparou, ele trabalhou diferenciação. Ele teve a construção, quando chegou àquele resultado, ele não sabia aquele resultado, aquela frase que vai cair na prova, mas todo aquele turbilhão mental que chegara à construção daquela frase o revelou e ele tem finalmente uma autoavaliação, talvez ele nem saiba o quanto ele aprendeu, mas ele perceberá que ele aprendeu sempre e tudo isso requer o quê? Nada, não há investimentos materiais, se você quiser quantificar o custo material para o jogo de palavras: Duas folhas de sulfite ou pelo menos uma para cada grupo e no mais conhecer a estratégia para fazer. Mas não se iluda, o jogo de palavras é apenas uma de uma porção de estratégias dinâmicas que leva ao aluno mais que aprender, aprender a fazer, aprender a relacionar, aprender a transformar o saber e fazer, e, como preconiza a UNESCO, aprender a ser, é o jogo de palavras. www.portaleducacao.com.br Autódromo O autódromo como estratégia de aula O autódromo é também uma alternativa desafiadora e, embora cause motivação, interesse, envolvimento e participação dos alunos, a frequência de seu uso pode desgastá-lo, razão para que se use de forma alternada a outras estratégias. Para essa atividade, os alunos devem estar organizados em grupos e cada equipe deve abrigar um mínimo de quatro e um máximo de sete componentes. Com as equipes constituídas, o professor explica o(s) tema(s) ou conteúdo que serão cobrados durante o autódromo. A atividade requer que o professor organize uma listagem de questões sobre o assunto trabalhado, agrupadas duas a duas, como no exemplo abaixo. Como cada questão pode ser verdadeira (V) ou falsa (F), as duas juntas permitem quatro respostas possíveis: VV – As duas questões são verdadeiras. VF – A primeira questão é verdadeira e a segunda falsa. FF – As duas questões são falsas. FV – A primeira questão é falsa e a segunda verdadeira. Com 10 a 15 questões duplas e naturalmente circunscritas ao tema estabelecido para a atividade, o professor dispõe do recurso que utilizará o autódromo. Solicita, a seguir, que cada grupo prepare em meia folha de papel, com giz colorido, quatro papeletas, onde aparecem com destaque as alternativas possíveis de respostas (VV – VF – FF – FV). A ação docente essencial à qualidade do autódromo é o cuidado no preparo das afirmações verdadeiras ou falsas. Estas devem se afastar de respostas alcançáveis pela memorização ou aprendizagem mecânica e suscitarem reflexões, raciocínios lógicos, capacidade de análise e transferências de informações em efetivo www.portaleducacao.com.br conhecimento. Organizada a lousa para o autódromo, o professor escreve o nome das equipes um abaixo do outro como demonstra o exemplo: Com a “pista” desse imaginário autódromo desenhada na lousa, cada grupo com suas quatro papeletas e o professor com a relação das questões estão prontos para o início da atividade. Antes de iniciá-la, entretanto, o professor passará em cada equipe começando pela que mais alunos tiver e atribuirá aleatoriamente a cada um deles uma letra do alfabeto. Assim um aluno será o “A” ou outro “B” e assim por diante. Procederá da mesma forma nas demais equipes e, caso uma delas tenha menos alunos, um mesmo ficará com duas letras. Por exemplo: a equipe verde possui seis alunos e, dessa forma, um aluno será o “A”, o outro o “B”, até o último que será o “F”. Dirigindo-se à equipe amarela e percebendo que nesta existem apenas quatro alunos, um deles será o “A” e “F”, o outro “B” e “E”, o terceiro “C” e o quarto “D”. Agindo dessa forma cada equipe contará com representantes para todas as letras atribuídas. Providências tomadas, inicia-se o autódromo. O professor lê a primeira questão, concede às equipes um espaço de tempo de 10 a 15 segundos para optarem por uma das quatro soluções possíveis e, após esse tempo, dá um sinal avisando que o prazo terminou. Chama a seguir uma letra, por www.portaleducacao.com.br exemplo, a letra “C” e os alunos de todas as equipes que tiverem essa letra deverão ficar imediatamente de pé, com uma das quatro papeletas escolhidas voltadas contra o peito. A seguir, o professor chama cada uma das equipes e o aluno exibe a papeleta com a qual acredita ser a resposta correta. O professor anota essa resposta na lousa, sem anunciá- la como “certa” ou como “errada” e, após a manifestação do último grupo, anuncia a resposta correta. Em seguida, marca no espaço da lousa os grupos que acertaram e passam a fazer jus a 100 pontos. Vamos supor que apenas as equipes AMARELA e BRANCA acertaram. A lousa ficará assim: Registrado o desempenho das equipes, faz-se a segunda questão e assim sucessivamente até o final da aula. O sucesso do autódromo depende sempre da qualidade das questões organizadas. Uma relação de questões apenas memorativa em nada contribui para a aprendizagem dos alunos, mas o professor que prepara questões intrigantes e desafiadoras obterá empenho, interesse e, sobretudo, aprendizagem. www.portaleducacao.com.br Jogo do Telefone O jogo do telefone é outra situação de aprendizagem desafiadora e que possui a propriedade de despertar envolvimento, interesse, criatividade e plena participação dos alunos. Para a realização dessa atividade, é necessário que o professor prepare um diálogo telefônico imaginário entre duas pessoas (vivas ou mortas, reais ou imaginárias) abordando o assunto escolhido para a atividade. Veja o exemplo. É essencial que o diálogo proposto envolva desafios reflexivos, explore diferentes habilidades operatórias (comparar, analisar, classificar, sintetizar, relacionar, entre outras) e, principalmente, provoque estímulos à criatividade dos grupos, ainda que relacionadas à capacidade de uma argumentação lógica e contextualizadas ao tema proposto pelo professor. Por exemplo: www.portaleducacao.com.br Como destaca o exemplo, o diálogo imaginário prossegue com cada um dos personagens apresentando umas 8 a 10 falas até encerrar-se a “conversa”. Com o diálogo telefônico bem organizado, basta preparar uma cópia para cada equipe, tomando, entretanto, o cuidado de apresentar a fala de apenas um dos personagens (Cláudio e Vanessa), cabendo aos alunos, organizados em grupos, construírem a fala do outro personagem, baseando-se nos elementos que dispõem. A tarefa de cada um dos grupos não é a de tentar “adivinhar” o texto originalmente preparado pelo professor, mas, tomando por base as colocações de um dos personagens, a de criar uma estrutura lógica e contextualizada ao tema de sequência do diálogo. É evidente que a resposta de um grupo jamais será idêntica à de outro, mas pode revelar qualidade se no trabalho existir coerência e envolvimento lógico. O jogo do telefone, quando desafiador, requer decada equipe pleno domínio dos conteúdos conceituais, raciocínio lógico e extrema criatividade. Além dessas estratégias, inúmeras outras podem ser propostas localizando-as na bibliografia relacionada ao final deste volume. Transformando pontos ganhos pelas equipes em notas? Caso o professor pretenda desenvolver jogos operatórios e situações de aprendizagens sem lhes atribuir valor que se transformem em notas, pensamos estar agindo de forma tão acertada quanto outro que decide por fazer dos jogos operatórios uma forma de se obter notas mais elevadas. A nota atribuída pelo professor vale somente como referência para que o aluno ou o grupo acompanhe seu desempenho, jamais um critério para selecionar bons ou maus alunos. O principal compromisso do professor em relação a seus alunos é com a aprendizagem significativa, e a nota, que atribui apenas elemento que expressa essa aprendizagem, portanto a transformação de pontos ganhos pelas equipes em notas, constitui decisão do professor que poderá dispensá-la se acredita que os alunos estão aprendendo o que ensina de forma significativa. Caso, entretanto, acredite que o desempenho dos alunos nas situações de aprendizagens cooperativas desenvolvidas resultou de um esforço significativo e pretenda destacar a diferença entre os que mais e que menos se esforçaram, sugerimos www.portaleducacao.com.br propostas de transformação de pontos em notas. Alguns, por exemplo, combinam com a classe que o primeiro lugar em seu desempenho nos diferentes jogos pode valer um ou dois pontos na avaliação final e, dessa forma, atribui pontos sem, entretanto, estabelecer uma relação direta entre cada atividade e o desempenho revelado. Outra forma de avaliação consiste em se somar os pontos obtidos pelos grupos nas atividades propostas, tal como o de equipes que disputam um campeonato, chegando a uma classificação. Por exemplo: durante um bimestre, o professor trabalhou com a classe ministrando aulas expositivas diversas e ainda aplicou, por exemplo, um arquipélago, um autódromo e um cochicho. Totalizou os pontos e o resultado final do bimestre foi: No exemplo destacado do quadro ao alto, a equipe que mais pontos alcançou no bimestre foi a equipe F (1.800) e, nessa circunstância, merece receber a mais alta nota (que pode ser 10,0). Considerando que 1.800 pontos equivalem a 10,0, uma regra de três simples nos revela que a cada 180 pontos conquistados por qualquer equipe devem equivaler a 1,0. (um). www.portaleducacao.com.br Portanto: Considerando esse exemplo, cada aluno de cada equipe, se tivesse participado de todos os jogos operatórios, teria direito à nota recebida pela equipe. Fica a critério de o professor descontar ou não, do aluno que não tenha participado de um ou de outro jogo, os pontos auferidos pela equipe durante sua aplicação. Os pontos ganhos pelos alunos nessa atividade poderiam compor uma de suas notas e esta teria o peso correspondente, atribuído pelo professor. Seria assim possível o professor atribuir, por exemplo, peso 7 para as provas individuais e peso 3 para a participação dos alunos em jogos operatórios ou outras situações de aprendizagens cooperativas ou não. Encerramento A prática: momento de reflexão Tivemos a oportunidade de conversar sobre estratégias pedagógicas, estimulação cerebral e eu gostaria de deixar duas mensagens: a primeira é autêntica, www.portaleducacao.com.br sincera, ilimitada de agradecimento da sua atenção, mas, principalmente, por essa vontade interior de aprender a mudar e de querer levar para a sala de aula o dinamismo de atividades que enriquecem o aprender e que enriquecem o fazer. Portanto, muito obrigado pela sua atenção, pelo seu cuidado, e, principalmente, se ao terminar a apresentação, ficar dentro de você aquela ideia: “Ah eu não vejo a hora de chegar o dia da minha aula para começar a desenvolver!”. Mas não se esqueça que existem outras atividades para compor a aula, não só o jogo de palavras, autódromo, arquipélago etc. São nomes de ferramentas que vitalizam o espírito da aula e que dão ao professor uma dimensão de se fazer verdadeiramente educador, porque durante a atividade ele não coleta apenas saber ou não saber, acertar ou errar, mas a participação, a sociabilidade, aquele sentimento de grupo! Agradeço a atenção e, principalmente, por essa vontade de ser um professor novinho em folha tendo a experiência que tiver! Enfim Esperamos que tenha aproveitado cada palavra escrita, cada segundo de vídeo, cada material complementar para que tenhamos plantado a vontade de aprender cada vez mais, que tenhamos contribuído com o seu aprendizado e, ao compartilhar suas experiências no fórum, você também contribuiu com o aprendizado dos colegas, por isso, obrigado pela oportunidade de estarmos juntos nesses momentos. Enfim, sucesso na jornada do aprendizado e até o próximo curso! Equipe Portal Educação