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Estratégias Pedagógicas Dinâmicas


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Celso Antunes, educador brasileiro, nascido em São Paulo no ano de 1937. 
Formação 
 Licenciado em Geografia. 
 Especialista em Inteligência e Cognição. 
 Mestre em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo. 
 
Atuação 
 Membro da Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar 
(UNESCO). 
 Embajador de la Educacion – Organización de Estados Americanos (OEA). 
 Membro fundador da entidade “Todos Pela Educação”. 
 Consultor educacional da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura). 
 Exército Brasileiro – colaborador emérito. 
 
Obras publicadas 
 Autor de mais de 180 livros didáticos – Ed. do Brasil, Ed. Scipione., Ed Ao 
Livro Técnico, entre outras. 
 Autor de cerca de 100 livros sobre temas de Educação – Ed. Vozes., Ed. 
Papirus., Ed. Paulus, Ed. Loyola, Ed. Artmed., Ed. Rovelle, Ed. Ciranda 
Cultural, entre outras. 
 Obras traduzidas: Argentina, México, Peru, Colômbia, Espanha, Portugal, 
entre outros países. 
 
Eventos 
 Ministrou palestras e cursos em todos os estados do país, mais de 500 
municípios. 
 Ministrou palestras e cursos na Argentina, Uruguai, Peru, México, 
Portugal, Espanha, entre outros países. 
 
 
 
Sobre o autor 
 
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Este curso possui videoaulas com o conteúdo essencial do 
curso, em um ambiente de aprendizagem pensado para você, com 
uma navegação fácil e objetiva. 
 Antes de começar os estudos, navegue e explore o ambiente. Cada videoaula 
possui um fórum específico para que você possa esclarecer suas dúvidas, construir e 
compartilhar seu conhecimento entre colegas. 
Recomendamos que você, ao se deparar com o exercício, somente responda 
após ter estudado de modo coerente. O objetivo do exercício é enriquecer e fixar o 
aprendizado de forma constante durante o período de curso, favorecendo a busca de 
conhecimentos múltiplos acerca de uma formação continuada eficaz. Durante o período 
do curso, você pode ver e rever o conteúdo quantas vezes quiser! 
Nossa proposta possui objetos de aprendizagem complementares, como 
recursos digitais que podem contar com estudos de caso, simulações, artigos, textos, 
ilustrações, fotos, links, entre outros. Aproveite esses materiais também para 
complementar seu aprendizado e aperfeiçoar seu conhecimento. 
Leia o conteúdo da apostila (e-book) do curso e aproveite ainda mais o seu 
tempo para explorar os assuntos mais relevantes. E, quando surgir qualquer dúvida, 
conte com a tutoria on-line, estamos aqui para ajudar e disponibilizar conhecimento 
para mudar vidas. 
 
Bons estudos! 
Equipe Portal Educação 
 
 
Sobre o curso 
 
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ÍNDICE 
 
Notas do Autor 
Introdução 
1. Seja o Protagonista 
1.1 Sala de aula como laboratório 
2. Valores e Emoções 
2.1 Como trabalhar valores, emoções e sentimentos 
3. PLACA 
3.1 Estratégias pedagógicas dinâmicas 
4. Jogo de Palavras 
4.1 Ferramenta didática 
5. Autódromo 
5.1 O Autódromo como estratégia de aula 
6. Encerramento 
6.1 A prática: momento de reflexão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Notas do Autor 
 
O tema “Estratégias Pedagógicas Dinâmicas” para o desenvolvimento da 
aprendizagem substitui a monotonia antiquada de aulas somente discursivas e 
expositivas por estratégias de ensino com intenso protagonismo de desenvolvimento de 
múltiplas linguagens. O uso criativo de habilidades operatórias, integral “construção” de 
significados e consciente autoavaliação em todas as aulas e em cada aluno, não apenas 
para as provas, mas para a vida. Não somente pelo êxito nas notas, mas pela progressiva 
transformação de um aluno em uma autêntica pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CELSO ANTUNES 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Desço o elevador e ao meu lado vai o Thomas. Ensino médio, quinze anos, 
mochila carregada, reclama: 
- É isso aí, Celso. Provas chegando e eu tenho que decorar como um louco. 
Decorar história, decorar ciências, decorar geografia... tem horas que minha cabeça 
parece que vai explodir... 
O elevador chega ao térreo, vou para um lado, o Thomas para 
outro e suas queixas tomam conta de meus pensamentos: como é 
possível, Deus meu, em pleno século XXI quando quase tudo se 
conhece sobre a memória humana, existirem professores que 
pensam avaliação como quem mede memorização e 
existem vítimas, como o Thomas e outros muitos, que 
não concebem aprender sem o suplício de decorar. 
O pior nesse dilema não é apenas a tortura que os alunos são submetidos, mas 
a absurda inutilidade desse esforço insano e, por outro lado, pensar que ainda existem 
professores que acreditam que uma memorização mecânica preste para alguma coisa. 
Penso, entretanto, que a responsabilidade não cabe apenas ao professor, mas 
ao próprio sistema que o acolhe e que supõe que, para ministrar aulas, basta dominar 
saberes. Se assim fosse, o mundo não precisaria de professores: por acaso, engenheiros 
não sabem matemática? Veterinários não conhecem biologia? Advogados não são bons 
em língua portuguesa? 
A triste realidade desse sistema imperfeito é não acreditar que o conteúdo 
específico da disciplina na qual é o professor especialista é importante atributo para se 
ministrar aula, mas é apenas “um” atributo. Os professores precisam dominar 
conteúdos que trabalham, mas precisam conhecer como o cérebro aprende, como 
acessa informações, como fabrica pensamentos divergentes e, sobretudo, de que forma 
produz memórias significativas, estas sim, essenciais para se viver. 
 
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Nenhuma aula livra o aluno da torturante “decoreba”, se não se mostra plena 
em significações, se não liga os fatos curriculares à vida que se vive, ao futebol que se 
joga, aos caminhos que se percorre. Existe bem mais “química” em um churrasco que 
se prepara que em tabelas periódicas e, é evidente, existe muito mais biologia, 
geografia, história e línguas em um campeonato de futebol que em grossos e insossos 
compêndios. A aula somente se justifica quando ensina o aluno a aprender, a pesquisar, 
a argumentar, a criar e, dominando experiências, saber agir. 
Fiquei sem saber se a tortura que assola meu vizinho e cujas queixas o elevador 
escutou é responsabilidade sua de não perceber que aprender não é decorar, se é 
responsabilidade do professor que ainda pensa que avaliar é medir capacidades 
mnemônicas ou se, em verdade, de um sistema de ensino que recusa a doçura e o 
encanto da significação transformadora que simboliza a verdadeira aprendizagem e faz 
da aula um castigo e transforma provas em lembranças macabras de pesadelos inúteis... 
É essencial se repensar em outras, muitas outras estratégias de aula... assumir-se enfim 
como simplório e magnânimo professor Filepo. 
 
Seja o Protagonista 
 
Sala de aula como laboratório 
 
O tema “Estratégias Pedagógicas Dinâmicas” é uma nova maneira de pensar o 
agir educacionalmente, de buscar outros caminhos. Para começar, quero fazer uma 
proposta, talvez não muito simpática, mas acredito que muito eficaz. Vou lançar um 
problema e desejo que você interaja com esse problema de tal forma que, ao terminar, 
eu lhe peça uma solução e você a tenha na ponta da língua, para, assim, eu ter a 
oportunidade de analisar o porquê foi apresentado dessa maneira. Por isso, exijo um 
pouco mais que se colocar na posição de ouvinte, mas ser protagonista, entre comigo 
nessa viaje e participe. 
 
www.portaleducacao.com.brFaça de conta que eu tenho em um ponto, um ônibus, e ele vai sair do ponto 
inicial fazendo o itinerário de 4 pontos. Em cada ponto que ele parar, 
subirão e descerão passageiros e, quando ele chegar ao ponto final, 
perguntarei quantos passageiros restam no ônibus. 
 
 
 
 
 
O ônibus saiu do seu ponto inicial com três passageiros, parou no primeiro 
ponto e subiram quatro e desceu um. No segundo ponto desceram dois e subiram três. 
No terceiro ponto subiram quatro e desceu um. No penúltimo ponto desceram dois e 
não subiu nenhum. Chegou no último ponto, subiram três e desceu apenas um. 
 
 
 
 
Não importa qual resposta você deu, não importa se é eventualmente certa ou 
errada, mas observe que por meio dessa atividade eu coloquei um intenso e significativo 
exercício mental, eu coloquei o seu cérebro para trabalhar, aquilo que parecia apenas 
uma relação entre uma imagem que se vê e aquilo que se escuta, durante alguns 
segundos, você somou e subtraiu, subtraiu, somou. E, como você não tinha o apelo da 
escrita, você teve que forçar a sua memória. Mas qual é o nome dessa atividade? Viagem 
de ônibus? Não importa o nome que se dá, mas observe que foi uma atividade 
neurológica, eu trabalhei o seu cérebro. Aquilo que para você pareceu apenas uma 
brincadeira, na verdade era um treino. Qualquer treino só tem valor significativo na sua 
transformação se ele se tornar repetido, se ele se tornar frequente, porque amanhã ou 
depois você pode até estar com peso acima da média, você pode até sentir que seu 
colesterol está alto e ser orientado por um médico a perder peso, esse médico lhe indica 
que uma das maneiras de perder peso é fazer caminhadas. E você faz uma caminhada, 
adianta alguma coisa? Não, porque a repetição daquela atividade é que vai desenvolver 
Agora responda: quantos passageiros têm no ônibus? 
Você não poderá usar nem lápis, caneta e nem digitalizar porque irei 
trabalhar a sua memória. 
 Atenção! 
 Reflita 
 
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a sua estrutura muscular e a sua própria estrutura corporal. E isso acontece também 
com o cérebro, a atividade que eu desenvolvi na verdade era um estímulo à sua 
inteligência lógico-matemática. 
 
 
 
 FIGURA 1 - EXERCÍCIO MENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mas por que nessa oportunidade eu estou trazendo essa experiência com você 
como protagonista? Onde mais do que ouvir havia um trabalho. Porque eu quero 
mostrar que isso não pode preservar distante da sala de aula, que o professor deve 
Atividade neurológica 
Exercício mental 
Significado e transformação 
 
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compreender alguns desses fundamentos, porque não se trata de pegar um aluno de 
hoje e fazer que ele memorize, mas para que ele se torne mais inteligente, para que ele 
treine as suas habilidades e, portanto, seja capaz de fazer. Por isso, a sala de aula precisa 
assumir um novo formato, porque a sala de aula é um verdadeiro laboratório para 
aprender conceitos, mas também torna a inteligência mais hábil a se desenvolver. 
 Mas não se esqueça, fazer de vez em quando, fazer acidentalmente é a mesma 
coisa do não fazer, porque o cérebro responde a estilos como o corpo também 
responde. Mas será que se eu desenvolver essas que levam o aluno a ampliar o seu 
expecto de inteligência, que eu leve o aluno a melhorar suas condições emocionais, será 
que eu conseguirei cumprir o programa, será que eu sou capaz de dar conta daquele 
volume de matéria? É perfeitamente possível porque essas atividades que vai se propor 
vão lhe tomar no máximo 1 aula por mês. Imagine em uma escola que a equipe docente 
saiba trabalhar essa atividade, a primeira semana uma aula de matemática ou pelo 
menos aquelas atividades no que seria uma aula de matemática, na segunda semana 
essas atividades naquilo eu seria uma aula de português, na outra semana aquilo que 
seria aquela atividade na aula de geografia. Se analisarmos o contexto geral, o professor 
perdeu três, quatro aulas por ano ou talvez por semestre, mas ele produziu uma 
transformação significativa no aluno, não precisa nem mudar a estrutura da aula, seria 
apertar um pouco mais as aulas de conteúdos conceituais, ele é capaz de cumprir a 
programação e reservar aquela aula para entrar na classe e dizer: “Gente, hoje não é dia 
de se falar nos conteúdos conceituais, é de se trabalhar a inteligência.” 
 Por isso, por favor, não me pergunte quantos passageiros têm no ônibus, 
não darei essa resposta, mas saiba que vamos falar de maneiras diferentes, dinâmicas 
de se trabalhar a aula que se dá, ao conteúdo que se passa, o ambiente relacional entre 
o professor e o aluno. Isso faz de você uma diferença significativa, é muito importante 
ser professor, mas um educador e um professor que agrega suas condições de trabalhar 
aquele conteúdo conceitual, outras condições de abrir a mente e tornar o aluno mais 
apto, desenvolvê-lo no sentido melhor! 
 
 
 
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Valores e Emoções 
 
Como trabalhar valores, emoções e sentimentos 
 
 Me recordo que há muito tempo eu era professor de geografia em uma escola 
em São Paulo. Uma escola que era consensualmente considerada uma escola de bom 
padrão. Um dia fui chamado pela diretora para uma conversa, compareci ao encontro e 
ela me fez uma proposta: 
 – Celso, eu sinto que os alunos desta escola pertencem a uma família de 
boas condições financeiras, as nossas mensalidades são salgadas, portanto quem aqui 
matricula um filho tem uma certa condição de vida satisfatória. Eu percebi que essa 
garotada tem tudo, mas não tem valores, não trabalha suas emoções, eles pedem o que 
querem, mas aquilo que é crucial realmente eles não têm. Como nós poderíamos, sem 
diminuir a qualidade do ensino que se faz, trabalhar valores, emoções, desenvolver 
algumas prerrogativas que pudessem dar um diferencial à escola? 
 Evidentemente, eu não tinha resposta e pedi a ela um mês, porque iria 
pesquisar. Obtive essa concessão e fui fazer uma pesquisa. Ao terminar, procurei a 
diretora e expliquei que não era difícil de trabalhar emoções, valores e sentimentos. O 
que precisamos trazer para essa escola são estratégias pedagógicas dinâmicas. Ela muito 
interessada perguntou o que precisava e qual tipo de 
investimento. Eu expliquei que nenhum investimento, que não 
custava recursos materiais, custava obviamente um tempo. 
Agora é preciso que exista um tempo para trabalhar os alunos e, 
naturalmente, se você tirar de cada disciplina um número de 
aulas semanais, os professores com justa razão vão reclamar que 
não estão tendo tempo para desenvolver os conteúdos. 
 Então pensei, se você reservar uma aula por semana de uma determinada 
disciplina, na outra semana, de outra e assim sucessivamente não trará danos negativos 
 
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para os alunos. Mas para fazer essas atividades dinâmicas elas não poderiam ser feitas 
na escola, porque a escola é muito contaminada pela rotina, os sinais são programados 
a bater na hora certa, os alunos que nesse dia terão essa aula diferenciada irão conviver 
com alunos que têm aulas convencionais. Portanto, eu gostaria de um espaço neutro. 
 – Mas isso não é nenhum problema, eu tenho há alguns quilômetros da 
escola um sítio semiabandonado e é um lugar que poderia ser usado. 
 Mas eu gostaria também de ser acompanhado por uma coordenadora 
educacional, porque eu posso desenvolver algumas estratégias que eu li, que eu vi, mas 
o cotidiano é acompanhado por aquela coordenadora educacional. O local era uma casa 
com poucas mobílias. E passamos a desenvolver com os alunos uma atividade chamada 
“CHAPADÃO”. Não me pergunte o porquêdo nome, talvez por eu ser professor de 
geografia eu imaginava que o ambiente era de um planalto e de que uma certa forma 
parecia uma região plana, um “CHAPADÃO”. 
 E passamos a desenvolver atividades dinâmicas no Chapadão. Eu não tenho 
nenhuma hesitação em afirmar que foi a experiência mais gratificante da minha vida, 
porque, ainda que inseguro por aquelas estratégias que eu tinha colhido, ainda errando 
muitas vezes, eu fui percebendo que naquele dia, um pequeno dia que se tomava, 
aqueles alunos não falavam dos conceitos de geografia, matemática, história, falavam 
de bondade, dignidade, honra, solidariedade, companheirismo, inteligência e 
habilidade. Foi de uma forma tão forte, tão marcante que hoje passados muitos anos e 
eu muito distante já daquela instituição, às vezes reencontro alunos daquele tempo, 
obviamente que eu não os reconheço, a vida é implacável e, na mudança do tempo, 
aquela garota, garoto de 12, 14 anos hoje é um homem e mulher de 50, 60 anos, 
seguramente não há como identificar. Mas algumas vezes eles me reconhecem, às vezes 
me constrangem, me emocionam, me cercam naquele shopping, naquela rua, trazem 
aquele abraço que no primeiro momento me parece algo surpreendente e não raro me 
dizem: 
 – Celso, aquele chapadão mudou a minha vida! O que eu aprendi, 
guardei para sempre! 
 
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 E quase no gesto de despedida às vezes até dizem: 
 – Ah, eu até gostava daquela aula de matemática que você dava! 
 Eu nunca dei aula de matemática, certamente eles esqueceram a disciplina 
que eu dei, mas lembraram muito dessas atividades dinâmicas que representam uma 
essencial ferramenta para transformar o aluno. E são essas atividades das quais eu 
quero lhe passar e reiterar um dado muito importante, que isso não 
significa deixar de administrar as aulas que se dá, não significa deixar 
de cumprir o compromisso que se tem, desenvolver o programa 
que se desenvolve, porque se isso for um 
conhecimento de uma equipe de professores e se um 
deles fizer isso duas vezes por ano com a classe que trabalha, 
como o aluno tem vários professores na classe, aquela classe perderá no semestre uma 
aula de geografia, uma aula de matemática, de história, mas ganhará bondade, 
serenidade, confiança, trabalho com as emoções, enfim estímulos para o cérebro se 
tornar mais inteligente e estímulos que eu comecei mostrando quando eu fiz a você 
aquela proposta do jogo do ônibus. Portanto, vamos abordar esse conteúdo e vamos 
carregar a esperança de que, de repente, aquele aluno vá para escola com outro 
espírito. 
 Eu me lembro que uma vez eu fui chamado à diretoria da escola que 
trabalhava e lá estava um pai a reclamar, ele queria falar com determinado professor, 
porque ele queria dar uma bronca e o professor era eu. Quando cheguei diante dele 
perguntando onde eu havia errado, ele disse: 
 - Estou indignado com você professor, o Paulinho estava com febre e o 
médico o proibiu de sair da cama, ele pulou a janela e fugiu para ir à escola. Um absurdo 
vocês não respeitarem isso! 
 Mas, pelo amor de Deus, eu não sabia disso! 
 – Professor, ele veio para sua aula! 
 Mas eu não o convoquei, eu não sabia desse estado! Vamos falar com o seu 
filho! Procurei o aluno e, com os olhinhos brilhando pela febre, perguntei: 
 
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 – Meu bem, por que você veio? Por que você fugiu? 
 – Porque hoje vai ter chapadão! 
 E naquele momento ele retornou aquela ideia de que a febre poderia 
impedi-lo de fazer determinadas atividades desgastantes, poderia até dispensá-lo, mas 
aquela atividade era muito significativa. E por isso do jogo do ônibus e de outros jogos 
estimulantes, vamos nesta oportunidade falar para você. 
 
PLACA 
 
Estratégias pedagógicas dinâmicas 
 
Uma (boa) aula expositiva? 
 Você já percebeu que a aula expositiva é uma excelente “ferramenta” 
de ensino. Fato que não significa afirmar que deva ser a única ferramenta utilizada pelo 
professor. Uma sala de aula deve ter espaço para se ministrar muitas aulas expositivas, 
mas também para se aplicar outras e diversificadas situações de aprendizagens. 
Acreditamos que, para uma aula expositiva ser considerada 
“uma aula bem ministrada”, é essencial que provoque 
“aprendizagens significativas” da mesma forma que 
uma intervenção médica possa ser considerada uma 
boa intervenção, quando leva o paciente à reconquista 
da saúde. Não pensamos que as propostas apresentadas 
devam ser assumidas de forma ritualística e, portanto, 
encaradas com o cuidado de se aferir se o que está sendo 
apresentado é compatível com o jeito de ser do professor, sua forma de trabalhar, 
lembrando-se que toda “boa aula” é a que os alunos compreendem e possam transferir 
os conteúdos conceituais adquiridos. 
 
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 Dessa maneira, para que o aluno efetivamente aprenda por meio de uma 
aula expositiva, é importante jamais se esquecer: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 As atividades propostas a seguir envolvem sempre formatos protagonismos 
em grupo, essenciais por seu valor na consolidação de aprendizagens cooperativas e, 
sobretudo, porque o mundo do trabalho para o qual se encaminha o aluno há muito já 
assumiu a plena consciência de que toda ação empreendedora envolve a ação sistêmica 
das pessoas. Vivemos em grupo e sempre trabalhamos em grupo ou para grupos e, 
nesse sentido, não se justifica a prevalência exclusiva de aulas ritualizadas, rotineiras, 
estáticas e monolíticas que privam o aluno de ações protagonistas e não o ensinam o 
insuperável desafio de aprender a conviver. 
 
Jogo de Palavras 
Ferramenta didática 
 
O primeiro passo para o uso desta estratégia será a de garantir que os alunos 
tenham conhecimento e estudo sobre o tema a ser trabalhado, conquistando-o por 
meio de uma leitura ou de outro processo de informação. O segundo passo será o de 
organizar os alunos em duplas, trios ou quartetos e, dessa forma, fazendo-os debater e 
trocar ideias sobre seus conhecimentos ou suas dúvidas; e, finalmente, organizando, 
com critério e acuidade, uma, duas ou três sentenças sobre o assunto escolhido e que 
representem “ideias-âncoras”, essenciais à compreensão do tema trabalhado. Após a 
 
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seleção dessas sentenças, fragmentá-las em palavras que serão escritas em um pequeno 
quadrado de papel. Mais fácil é quadricular-se uma folha antes, escrever as palavras em 
cada um dos quadrados e somente depois cortá-la. Esse emaranhado de palavras, 
amontoadas ao acaso e unidas fora de ordem, compõe o recurso material do “jogo das 
palavras”. 
FIGURA 2 - JOGO DAS PALAVRAS 
 
 
 Faça tantas cópias desse material quantos grupos se contarem em classe, 
basta entregá-las aos alunos destacando que sua tarefa, tal como quem monta quebra-
cabeças, será a de ordenar as frases, emprestando-lhe sentido lógico, sem, entretanto, 
pode mudar o gênero, número e grau das palavras recebidas. Ao se empenharem no 
desafio que essa atividade propõe, os alunos encontraram motivação por ver substituída 
sua postura passiva de ouvinte por ação protagonistas e solidária. Em vez de alunos 
colocados de forma passiva diante de um texto, formam-se grupos e estariam 
exercitando esquemas de assimilação em atividade desafiadora. 
 
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Mas observe o que há de diferente entre o jogo de palavrase a aula expositiva 
convencional. Existe aquilo que chamo de Placa, ou seja, o acróstico de 5 fundamentos 
que toda atividade começa a ter: 
1. Protagonismo 
2. Linguagens diferentes 
3. Administração de habilidades 
4. Construir um saber 
5. Autoavaliação 
Um jogo de palavras não tem um aluno com os olhos vazios olhando para o 
relógio constantemente para ver quando a aula vai acabar, ele está ali o tempo inteiro 
discutindo, construindo, ajudando. Portanto, ele é o protagonista, ele não é o 
expectador. 
As linguagens diferentes, ou seja, ele falou, conversou, ele expressou, 
argumentou, observe que em um turbilhão, em uma verdadeira tempestade cerebral, 
ele desenvolveu toda uma gama de atividades operatórias. Na administração das 
habilidades, ele comparou, ele trabalhou diferenciação. Ele teve a construção, quando 
chegou àquele resultado, ele não sabia aquele resultado, aquela frase que vai cair na 
prova, mas todo aquele turbilhão mental que chegara à construção daquela frase o 
revelou e ele tem finalmente uma autoavaliação, talvez ele nem saiba o quanto ele 
aprendeu, mas ele perceberá que ele aprendeu sempre e tudo isso requer o quê? Nada, 
não há investimentos materiais, se você quiser quantificar o custo material para o jogo 
de palavras: 
Duas folhas de sulfite ou pelo menos uma para cada grupo e no mais conhecer 
a estratégia para fazer. Mas não se iluda, o jogo de palavras é apenas uma de uma 
porção de estratégias dinâmicas que leva ao aluno mais que aprender, aprender a fazer, 
aprender a relacionar, aprender a transformar o saber e fazer, e, como preconiza a 
UNESCO, aprender a ser, é o jogo de palavras. 
 
 
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Autódromo 
 
O autódromo como estratégia de aula 
 
O autódromo é também uma alternativa desafiadora e, embora cause 
motivação, interesse, envolvimento e participação dos alunos, a frequência de seu uso 
pode desgastá-lo, razão para que se use de forma alternada a outras estratégias. Para 
essa atividade, os alunos devem estar organizados em grupos e cada equipe deve abrigar 
um mínimo de quatro e um máximo de sete componentes. Com as equipes constituídas, 
o professor explica o(s) tema(s) ou conteúdo que serão cobrados durante o autódromo. 
A atividade requer que o professor organize uma listagem de questões sobre o assunto 
trabalhado, agrupadas duas a duas, como no exemplo abaixo. Como cada questão pode 
ser verdadeira (V) ou falsa (F), as duas juntas permitem quatro respostas possíveis: 
VV – As duas questões são verdadeiras. 
VF – A primeira questão é verdadeira e a segunda falsa. 
FF – As duas questões são falsas. 
FV – A primeira questão é falsa e a segunda verdadeira. 
Com 10 a 15 questões duplas e naturalmente circunscritas ao tema 
estabelecido para a atividade, o professor dispõe do recurso que utilizará o autódromo. 
Solicita, a seguir, que cada grupo prepare em meia folha de papel, com giz 
colorido, quatro papeletas, onde aparecem com destaque as alternativas possíveis de 
respostas (VV – VF – FF – FV). 
 A ação docente essencial à qualidade do autódromo é o cuidado no preparo 
das afirmações verdadeiras ou falsas. Estas devem se afastar de respostas alcançáveis 
pela memorização ou aprendizagem mecânica e suscitarem reflexões, raciocínios 
lógicos, capacidade de análise e transferências de informações em efetivo 
 
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conhecimento. Organizada a lousa para o autódromo, o professor escreve o nome das 
equipes um abaixo do outro como demonstra o exemplo: 
 
 
 Com a “pista” desse imaginário autódromo desenhada na lousa, cada grupo 
com suas quatro papeletas e o professor com a relação das questões estão prontos para 
o início da atividade. Antes de iniciá-la, entretanto, o professor passará em cada equipe 
começando pela que mais alunos tiver e atribuirá aleatoriamente a cada um deles uma 
letra do alfabeto. Assim um aluno será o “A” ou outro “B” e assim por diante. Procederá 
da mesma forma nas demais equipes e, caso uma delas tenha menos alunos, um mesmo 
ficará com duas letras. Por exemplo: a equipe verde possui seis alunos e, dessa forma, 
um aluno será o “A”, o outro o “B”, até o último que será o “F”. Dirigindo-se à equipe 
amarela e percebendo que nesta existem apenas quatro alunos, um deles será o “A” e 
“F”, o outro “B” e “E”, o terceiro “C” e o quarto “D”. Agindo dessa forma cada equipe 
contará com representantes para todas as letras atribuídas. Providências tomadas, 
inicia-se o autódromo. 
 
O professor lê a primeira questão, concede às equipes um espaço de tempo de 
10 a 15 segundos para optarem por uma das quatro soluções possíveis e, após esse 
tempo, dá um sinal avisando que o prazo terminou. Chama a seguir uma letra, por 
 
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exemplo, a letra “C” e os alunos de todas as equipes que tiverem essa letra deverão ficar 
imediatamente de pé, com uma das quatro papeletas escolhidas voltadas contra o peito. 
A seguir, o professor chama cada uma das equipes e o aluno exibe a papeleta com a qual 
acredita ser a resposta correta. O professor anota essa resposta na lousa, sem anunciá-
la como “certa” ou como “errada” e, após a manifestação do último grupo, anuncia a 
resposta correta. Em seguida, marca no espaço da lousa os grupos que acertaram e 
passam a fazer jus a 100 pontos. Vamos supor que apenas as equipes AMARELA e 
BRANCA acertaram. A lousa ficará assim: 
 
 
 Registrado o desempenho das equipes, faz-se a segunda questão e assim 
sucessivamente até o final da aula. 
 O sucesso do autódromo depende sempre da qualidade das questões 
organizadas. Uma relação de questões apenas memorativa em nada contribui para a 
aprendizagem dos alunos, mas o professor que prepara 
questões intrigantes e desafiadoras obterá 
empenho, interesse e, sobretudo, 
aprendizagem. 
 
 
 
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Jogo do Telefone 
 
 O jogo do telefone é outra situação de aprendizagem desafiadora e que possui 
a propriedade de despertar envolvimento, interesse, criatividade e plena participação 
dos alunos. Para a realização dessa atividade, é necessário que o professor prepare um 
diálogo telefônico imaginário entre duas pessoas (vivas ou mortas, reais ou imaginárias) 
abordando o assunto escolhido para a atividade. Veja o exemplo. É essencial que o 
diálogo proposto envolva desafios reflexivos, explore diferentes habilidades operatórias 
(comparar, analisar, classificar, sintetizar, relacionar, entre outras) e, principalmente, 
provoque estímulos à criatividade dos grupos, ainda que relacionadas à capacidade de 
uma argumentação lógica e contextualizadas ao tema proposto pelo professor. 
Por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Como destaca o exemplo, o diálogo imaginário prossegue com cada um dos 
personagens apresentando umas 8 a 10 falas até encerrar-se a “conversa”. Com o 
diálogo telefônico bem organizado, basta preparar uma cópia para cada equipe, 
tomando, entretanto, o cuidado de apresentar a fala de apenas um dos personagens 
(Cláudio e Vanessa), cabendo aos alunos, organizados em grupos, construírem a fala do 
outro personagem, baseando-se nos elementos que dispõem. A tarefa de cada um dos 
grupos não é a de tentar “adivinhar” o texto originalmente preparado pelo professor, 
mas, tomando por base as colocações de um dos personagens, a de criar uma estrutura 
lógica e contextualizada ao tema de sequência do diálogo. É evidente que a resposta de 
um grupo jamais será idêntica à de outro, mas pode revelar qualidade se no trabalho 
existir coerência e envolvimento lógico. O jogo do telefone, quando desafiador, requer 
decada equipe pleno domínio dos conteúdos conceituais, raciocínio lógico e extrema 
criatividade. 
Além dessas estratégias, inúmeras outras podem ser propostas localizando-as 
na bibliografia relacionada ao final deste volume. 
Transformando pontos ganhos pelas equipes em notas? 
Caso o professor pretenda desenvolver jogos operatórios e situações de 
aprendizagens sem lhes atribuir valor que se transformem em notas, pensamos estar 
agindo de forma tão acertada quanto outro que decide por fazer dos jogos operatórios 
uma forma de se obter notas mais elevadas. A nota atribuída pelo professor vale 
somente como referência para que o aluno ou o grupo acompanhe seu desempenho, 
jamais um critério para selecionar bons ou maus alunos. O principal compromisso do 
professor em relação a seus alunos é com a aprendizagem significativa, e a nota, que 
atribui apenas elemento que expressa essa aprendizagem, portanto a transformação de 
pontos ganhos pelas equipes em notas, constitui decisão do professor que poderá 
dispensá-la se acredita que os alunos estão aprendendo o que ensina de forma 
significativa. Caso, entretanto, acredite que o desempenho dos alunos nas situações de 
aprendizagens cooperativas desenvolvidas resultou de um esforço significativo e 
pretenda destacar a diferença entre os que mais e que menos se esforçaram, sugerimos 
 
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propostas de transformação de pontos em notas. Alguns, por exemplo, combinam com 
a classe que o primeiro lugar em seu desempenho nos diferentes jogos pode valer um 
ou dois pontos na avaliação final e, dessa forma, atribui pontos sem, entretanto, 
estabelecer uma relação direta entre cada atividade e o desempenho revelado. Outra 
forma de avaliação consiste em se somar os pontos obtidos pelos grupos nas atividades 
propostas, tal como o de equipes que disputam um campeonato, chegando a uma 
classificação. 
 
Por exemplo: durante um bimestre, o professor trabalhou com a classe 
ministrando aulas expositivas diversas e ainda aplicou, por exemplo, um arquipélago, 
um autódromo e um cochicho. Totalizou os pontos e o resultado final do bimestre foi: 
 No exemplo destacado do quadro ao alto, a equipe que mais pontos 
alcançou no bimestre foi a equipe F (1.800) e, nessa circunstância, merece receber a 
mais alta nota (que pode ser 10,0). Considerando que 1.800 pontos equivalem a 10,0, 
uma regra de três simples nos revela que a cada 180 pontos conquistados por qualquer 
equipe devem equivaler a 1,0. (um). 
 
 
 
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Portanto: 
 
 
 
Considerando esse exemplo, cada aluno de cada equipe, se tivesse participado 
de todos os jogos operatórios, teria direito à nota recebida pela equipe. Fica a critério 
de o professor descontar ou não, do aluno que não tenha participado de um ou de outro 
jogo, os pontos auferidos pela equipe durante sua aplicação. Os pontos ganhos pelos 
alunos nessa atividade poderiam compor uma de suas notas e esta teria o peso 
correspondente, atribuído pelo professor. Seria assim possível o professor atribuir, por 
exemplo, peso 7 para as provas individuais e peso 3 para a participação dos alunos em 
jogos operatórios ou outras situações de aprendizagens cooperativas ou não. 
 
Encerramento 
 
A prática: momento de reflexão 
 
 Tivemos a oportunidade de conversar sobre estratégias pedagógicas, 
estimulação cerebral e eu gostaria de deixar duas mensagens: a primeira é autêntica, 
 
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sincera, ilimitada de agradecimento da sua atenção, mas, principalmente, por essa 
vontade interior de aprender a mudar e de querer levar para a sala de aula o dinamismo 
de atividades que enriquecem o aprender e que enriquecem o fazer. Portanto, muito 
obrigado pela sua atenção, pelo seu cuidado, e, principalmente, se ao terminar a 
apresentação, ficar dentro de você aquela ideia: “Ah eu não vejo a hora de chegar o dia 
da minha aula para começar a desenvolver!”. 
 Mas não se esqueça que existem outras atividades para compor a aula, 
não só o jogo de palavras, autódromo, arquipélago etc. São nomes de ferramentas que 
vitalizam o espírito da aula e que dão ao professor uma dimensão de se fazer 
verdadeiramente educador, porque durante a atividade ele não coleta apenas saber ou 
não saber, acertar ou errar, mas a participação, a sociabilidade, aquele sentimento de 
grupo! 
Agradeço a atenção e, principalmente, por essa vontade de ser um professor 
novinho em folha tendo a experiência que tiver! 
 
Enfim 
 
Esperamos que tenha aproveitado cada palavra escrita, cada segundo de vídeo, 
cada material complementar para que tenhamos plantado a vontade de aprender cada 
vez mais, que tenhamos contribuído com o seu aprendizado e, ao compartilhar suas 
experiências no fórum, você também contribuiu com o aprendizado dos colegas, por 
isso, obrigado pela oportunidade de estarmos juntos nesses momentos. 
Enfim, sucesso na jornada do aprendizado e até o próximo curso! 
 
Equipe Portal Educação

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