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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens - Módulo-3

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Prévia do material em texto

Autoras
Ana Carina Stelko-Pereira
Sabrina Martins Barroso
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
ESCOLA E REDES SOCIAIS NAS 
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
DE ADOLESCENTES E JOVENS
Autoras
Ana Carina Stelko-Pereira
Sabrina Martins Barroso
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
ESCOLA E REDES SOCIAIS NAS 
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES
23-144557 CDD-362.21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Stelko-Pereira, Ana Carina
 Escola e redes sociais nas adolescências e
juventudes [livro eletrônico] / Ana Carina
Stelko-Pereira, Sabrina Martins Barroso ; organização
Rita Maria Lino Tarcia, Sílvia Helena Mendonça de
Moraes, Débora Dupas Gonçalves do Nascimento. --
Campo Grande, MS : Fiocruz Pantanal, 2023.
 PDF 
 Bibliografia.
 ISBN 978-85-66909-43-2
 1. Adolescência 2. Bullying nas escolas 
3. Educação - Finalidade e objetivos 4. Jovens -
Aspectos sociais 5. Redes sociais 6. Violência na
escola I. Barroso, Sabrina Martins. II. Tarcia, Rita
Maria Lino. III. Moraes, Sílvia Helena Mendonça de.
IV. Nascimento, Débora Dupas Gonçalves do. V. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Adolescentes : Política de saúde mental : 
 Bem-estar social 362.21
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
© 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância – 
UNICEF. Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul.
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, 
disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em 
sua totalidade, nos Termos de uso do ARES. Deve ser 
citada a fonte e é vedada sua utilização comercial. 
UNICEF
Representante Interina
Paola Babos
Coordenação do Programa de Desenvolvimento e 
Participação de Adolescentes
Mário Volpi
Coordenador
Programa de Desenvolvimento e Participação de 
Adolescentes
Gabriela Mora
Joana Fontoura
Luiza Leitão
Rayanne França
Oficiais do Programa
Daniela Costa
Higor Cunha
Marina Oliveira
Thaís Santos
Consultores do Programa
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Mario Santos Moreira
Presidente em exercício
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul – 
Fiocruz MS
Jislaine de Fátima Guilhermino
Coordenadora
Coordenação de Educação da Fiocruz MS
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Vice- coordenadora de Educação
Secretaria-Executiva da Universidade Aberta do SUS 
– UNA-SUS 
Maria Fabiana Damásio Passos
Secretária-executiva
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul 
(Fiocruz MS)
Rua Gabriel Abrão, 92 – Jardim das Nações, Campo 
Grande/MS
CEP 79081-746
Telefone: (67) 3346-7220
E-mail: educacao.ms@fiocruz.br
Site: www.matogrossodosul.fiocruz.br
CRÉDITOS
Coordenação Geral 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Coordenadora Acadêmica Geral
Léia Conche da Cunha 
Coordenadora Pedagógica Geral
Rita Maria Lino Tarcia
Coordenador Acadêmico do Módulo
Alberto Mesaque Martins
Coordenadora Pedagógica do Módulo
Eliane Maria da Silva Anunciação
Autoras 
Sabrina Martins Barroso
Ana Carina Stelko Pereira
Revisora Técnico-científica
Alessandra Silva Xavier
Apoio técnico-administrativo 
Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto
Adriana Carvalho dos Santos
Coordenador de Produção 
Marcos Paulo dos Santos de Souza
Designer Instrucional
Felipe Vieira Pacheco
Webdesigner
Stephanie Oliveira Moraes Silva
Designers Gráficos
Hélder Rafael Regina Nunes Dias
Renato Silva Garcia
Desenvolvedor
David Carlos Pereira da Cunha
Desenvolvedores AVA MOODLE
Luiz Gustavo de Costa
Vinicius Vicente Soares
Editor de Audiovisual
Adilson Santério da Silva
lustrador
Kelvin Rodrigues de Oliveira
Revisor 
Davi Bagnatori Tavares
Apresentação do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A ESCOLA COMO ESPAÇO DE POSSIBILIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
MAS QUANTAS PESSOAS ESTÃO NA FOTO DA VIOLÊNCIA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DE TODA ESSA VIOLÊNCIA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TANTA DOR, TANTA TRISTEZA . . . O QUE GERA TUDO ISSO? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
INFLUÊNCIAS PARA ESTAR VÍTIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
INFLUÊNCIAS PARA ESTAR AUTOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
AS SITUAÇÕES PODEM MUDAR SE TODOS NOS ENVOLVERMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Encerramento do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Minicurrículo das autoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Material de apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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SUMÁRIO
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 6
apresentação do módulo
 Todos sonhamos com um país em que a educação 
seja valorizada; com um mundo em que todos os jovens pos-
sam desenvolver espírito curioso e relacionamentos felizes e 
respeitosos, que os preparem para vidas plenas e significati-
vas; com um país em que não precisemos nos preocupar com 
qualquer tipo de violência . 
 No Brasil, isso parece utópico, e, talvez, seja mesmo . 
Apenas para ilustrar, em 2021, 10,8% dos jovens entre 15 e 17 
anos estavam fora das escolas (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022a). Ao verificar a violência 
em nosso contexto, apenas em 2019 houve 45 .503 homicídios 
no território nacional (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA 
APLICADA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇAPÚBLICA; 
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES, 2021), e essa não é 
a única forma de violência que enfrentamos todos os dias . 
 Há realmente muita violência no mundo e podemos ter 
a percepção de que novas formas de maldade surgem a cada 
dia . Com o avanço da tecnologia, passamos a ter medo tam-
bém de que nossos cartões de crédito sejam clonados, que 
nossa intimidade seja vazada na internet ou que alguém que 
amamos seja vítima de cyberbullying .
 Esses dados nos afastam da nossa visão utópica, cer-
to? Mas o que será do mundo sem os sonhadores? É por isso 
que, neste módulo, convidamos você a dar uma chance ao 
“talvez” e a pensar no que podemos fazer para que um raio de 
esperança se mantenha, mesmo quando a violência e a escu-
ridão se aproximam de nós . 
 O “talvez”, aqui, terá a função de nos lembrar de que 
temos amigos ou de que podemos usar as redes sociais para 
ficar próximos de pessoas de quem gostamos; será como 
aquele bilhete que um professor recebe com notícias de um 
ex-aluno agradecendo o incentivo que recebeu enquanto es-
tudava e contando o impacto que isso teve em sua vida . Esses 
são exemplos de momentos em que a mágica acontece! 
Proposição
De qual momento você se recorda em que a mágica da pos-
sibilidade aconteceu?
Feedback positivo: 
Estamos certas de que houve diversos momentos em sua 
atuação profissional em que você viu sentido, pela reação 
das pessoas, no esforço que você fez. Essa reação pode ter 
sido um bilhete de agradecimento, um elogio espontâneo e 
até mesmo um sorriso largo. Esses momentos são importan-
tes, tanto para quem os oferta quanto para quem os recebe. 
Eles podem ser compartilhados com todos e em qualquer 
lugar, como na família, no trabalho, na comunidade ou em 
qualquer local de sua convivência.
?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 7
 Sim, vamos conversar sobre vários temas, mas a escola 
será um dos assuntos centrais, porque, para termos uma chan-
ce de chegar à nossa utopia, a escola terá um papel funda-
mental . Por isso, este é nosso convite a você: falarmos sobre 
a realidade das escolas brasileiras e sua influência nesse perí-
odo especial que é a adolescência . Vamos apresentar poten-
cialidades e dificuldades relacionadas ao contexto escolar e o 
impacto das redes sociais e do bullying nos jovens e em sua 
saúde mental . No entanto, também falaremos sobre alternati-
vas . E, “talvez”, ao abordar esses assuntos, poderemos cami-
nhar alguns passos rumo à utopia em que algum dia quere-
mos viver . 
 Para dar mais sentido a esse caminho, traremos um 
caso que, embora ilustrativo, poderia estar no cotidiano de 
muitos de nós . Pretendemos, em especial, mostrar que a esco-
la pode ser um imenso “talvez” para esse assunto, um espaço 
criativo e potente não apenas para o aprendizado formal, mas, 
também, para a saúde mental dos jovens . A escola pode aju-
dar a mediar a relação dos adolescentes com as redes sociais 
e com alguns de seus medos e dúvidas . Pode ser um espaço 
acolhedor, que contribui para que os jovens entendam seus 
direitos e deveres e aprendam sobre respeito e a buscar ajuda, 
passando a ser outros fomentadores da utopia, novos adeptos 
do “talvez” .
 
Feedback orientador: 
É muito importante colecionar os momentos de pequenos 
sucessos em nossa profissão. Se puder, pause um pouqui-
nho a leitura e faça agora um registro, em um caderno ou em 
um documento on-line, de seus diversos pequenos suces-
sos. Se preferir, coloque uma música de sua preferência, fe-
che os olhos e recorde alguns desses momentos. Estamos 
certas de que, ao recordar, se sentirá bem e confiante. Quan-
do houver um desafio maior a ser vencido na sua ocupação, 
resgate esse registro.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 8
A escola como espaço 
de possibilidades 
 O primeiro passo para qualquer ação é ter uma boa fo-
tografia do contexto. Nos módulos 1 e 2, você conheceu mais 
sobre os adolescentes, como os aspectos de sua saúde mental 
e as violências a que estão mais sujeitos . Neste módulo, nossa 
conversa abordará vivências nas escolas, as relações dos ado-
lescentes com as redes sociais e alternativas envolvendo a esco-
la, a família e os próprios adolescentes para melhorar a convivên-
cia dentro e fora do mundo das telas .
 A escola ocupa papel central na formação dos cidadãos 
e na ampliação das possibilidades profissionais das pessoas. In-
divíduos com Ensino Superior completo, no Brasil, ganham, em 
média, 2,4 vezes mais do que quem terminou apenas o Ensino 
Médio (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVI-
MENTO ECONÔMICO, 2018) . No entanto, a escola é bem mais 
do que um trampolim profissional. Ela é uma das memórias afeti-
vas mais importantes na vida de muitos de nós .
 A escola pode ser parte do problema ou uma das forças 
mais ricas que temos para o nosso “talvez” . Se nossa experiência 
foi boa, podemos lembrar para sempre dos colegas de infância, 
do gosto do lanche que era servido na sexta-feira, da professora 
que nos ensinou a ler, da primeira pessoa que quisemos namo-
rar e de vários outros momentos especiais em nossas vidas que 
ocorreram na escola . Por outro lado, se tivemos a tristeza de fre-
quentar uma escola pouco afetiva, que não tinha condições de 
atender às nossas necessidades ou em que o bullying era prática 
constante, a história muda . No lugar de lembranças felizes, pode-
mos carregar traumas e cicatrizes que também ficarão conosco 
por toda a nossa vida . 
Proposição
Como você se recorda da escola? Como eram suas relações 
com colegas e docentes? Será que o modo como você vi-
venciou o período escolar influencia na sua atuação profis-
sional?
Feedback positivo: 
Esperamos que você tenha tido lindas recordações das es-
colas em que estudou. No caso do bullying, as suas vivên-
cias enquanto aluno podem impactar a forma como atua. Em 
uma pesquisa com docentes, percebeu-se que aqueles que 
eram autores de bullying tendiam a acreditar que esse é um 
fenômeno pouco grave e que não gera importantes conse-
quências negativas. Já os docentes que sofreram bullying 
quando crianças ou adolescentes se mostraram mais empá-
ticos às vítimas e mais conscientes da importância de enfren-
tar o problema (LUNA et al., no prelo). 
?
Feedback orientador: 
Enquanto profissional, é importante refletir sobre suas expe-
riências infantojuvenis, verificando se elas estão influencian-
do a sua ação quando nota agressões entre estudantes. Fi-
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 9
 
 O objetivo explícito das escolas envolve ensinar conteú-
dos acadêmicos, mas todos podemos ver que seu alcance vai 
muito além disso . Na escola, aprendemos regras sociais e a ne-
gociar fora de nossas famílias; convivemos com pessoas com 
hábitos e culturas distintas da nossa, o que nos permite desen-
volver identidade e tolerância; mesclamos obrigações e lazer, 
aprendendo a valorizar responsabilidade e descanso; e, se nos-
sa escola for cuidadosa, ainda temos a chance de desenvolver 
nossas competências emocionais, como aprender a reconhecer 
como nos sentimos, a identificar como as pessoas à nossa vol-
ta se sentem e que devemos avaliar nossas ações para evitar as 
consequências de agir sem pensar . O impacto positivo de cuidar 
do bem-estar e das competências emocionais dos estudantes 
tem sido visto em diversos aspectos da vida deles, incluindo em 
sua capacidade de aprender (DIAS-VIANA; NORONHA, 2022) . 
 A importância do desenvolvimento de competências so-
cioemocionais tem sido considerada tão relevante que Secretarias 
Estaduais da Educação têm incluído o tema em suas pautas. Para 
citar apenas algumas: Secretaria do Estado de São Paulo (2019), Se-
cretaria do Estado da Educação e do Desporto do Amazonas (2020) 
e Secretaria do Estado do Mato Grosso (2021) discutiram esse tema 
ao longo dos últimos anos, como pode ser avaliado verificando as 
pautas debatidas em seus sites oficiais.
 
 Ensinar os adolescentes a respeitarem a si próprios e aos 
colegas está ainda mais complexo . A escola precisa ajudá-los a 
lidar com uma vida híbrida – metade ao vivo e metade on-line – e 
a combater a violência entre pares que ocorre nesses ambientes . 
Saiba mais
Quer entender mais sobre competências 
socioemocionais? Convidamos você a 
ler sobre o tema no site do Instituto Ayrton 
Senna.
clique e
acesse
que em alerta caso se perceba dizendo frases como: “Essas 
brigas são normais entre os alunos”, “Quem nunca entrou 
em uma luta na escola?”, “Aprender a brigar ajuda a ser mais 
forte no futuro”. Conversas com os estudantes e com cole-
gas de profissão, assim como fazer cursos sobre o tema da 
convivência, podem ajudar a perceber se estamos tratando 
do tema das relações interpessoais estudantis com a serie-
dade necessária. 
Proposição
Sempre ouvimos falar dos riscos da tecnologia. Convidamos 
você a pensar nos principais pontos sobre os quais os ado-
lescentes precisam ser orientados no que se refere ao uso da 
internet e das redes sociais.
?
Feedback positivo: 
Os educadores (e adultos em geral) sabem que precisam 
orientar os adolescentes sobre o uso da tecnologia, mas, por 
vezes, não sabem exatamente quais riscos esse uso oferece. 
O interesse em ajudar é ótimo e poderá ser potencializado se 
pensarmos em pontos-chave para essa conversa. 
https://institutoayrtonsenna.org.br/o-que-defendemos/socioemocional-estudantes/?gclid=Cj0KCQiA-oqdBhDfARIsAO0TrGEwW1xQtTWJr-RZz9njxRsjuDvOwCa9P6lyEt1P3wCG4GWdi-Xy0LoaAstgEALw_wcB
https://institutoayrtonsenna.org.br/o-que-defendemos/socioemocional-estudantes/?gclid=Cj0KCQiA-oqdBhDfARIsAO0TrGEwW1xQtTWJr-RZz9njxRsjuDvOwCa9P6lyEt1P3wCG4GWdi-Xy0LoaAstgEALw_wcB
https://institutoayrtonsenna.org.br/o-que-defendemos/socioemocional-estudantes/?gclid=Cj0KCQiA-oqdBhDfARIsAO0TrGEwW1xQtTWJr-RZz9njxRsjuDvOwCa9P6lyEt1P3wCG4GWdi-Xy0LoaAstgEALw_wcB
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 10
Nunca devemos esquecer: 
1 . A sociedade incorporou rapidamente tecnologias e redes so-
ciais à educação e a várias outras áreas das nossas vidas, mas 
não temos experiência social com essa forma de viver . A mes-
ma ferramenta que nos ajuda a manter contato com pessoas fi-
sicamente distantes ou nos permite trabalhar com mais conforto 
pode gerar problemas por excesso de uso ou superexposição de 
nossas vidas;
2 . Não são apenas as agressões físicas que devem ser motivo de 
preocupação . Todo tipo de violência deve ser combatido, seja 
qual for: uma exclusão proposital de uma brincadeira ou evento, 
ignorar a pessoa, xingá-la, ameaçá-la diretamente ou esconder 
seus pertences, produzir rumores sobre ela, destruir seus perten-
ces, colocar comentários inadequados nas redes sociais, entre 
muitos outros . Todas as agressões acarretam importantes preju-
ízos;
3 . Todos os tipos de violência podem provocar prejuízos emo-
cionais (tristeza, ansiedade, desesperança, aumento da agressi-
vidade, entre outros), físicos (doenças psicossomáticas, cansa-
ço, insônia, entre outros) e perdas sociais e educacionais (evasão 
escolar, falta de motivação, perda de desempenho acadêmico, 
entre outras) . E o bullying tem se tornado um tipo de violência 
frequente no ambiente escolar; 
4 . O bullying é um tipo de violência entre pessoas de mesmo status 
social (entre colegas de escola, por exemplo) que envolve a perse-
guição de outra pessoa, sem que a vítima tenha feito qualquer tipo 
de provocação (OLWEUS, 1993) . Se a violência for entre pessoas de 
diferentes status sociais, recebe outra nomenclatura .
Feedback orientador: 
É importante orientar os adolescentes sobre permissões 
ocultas solicitadas por aplicativos e jogos que instalamos, 
pois podemos estar autorizando o uso de nossas informa-
ções, localização e fotos para fins que não conhecemos. 
Pergunte-se por que um aplicativo ou jogo precisa acessar 
as fotos do seu aparelho e seus documentos. Se achar que 
estão pedindo mais do que o necessário, não instale o apli-
cativo ou jogo. Em especial, precisamos ficar atentos a se os 
aplicativos e jogos serão ou foram instalados em aparelhos 
de telefone com acesso a aplicativos de banco ou cartão de 
crédito, pois podem ser usados para roubar nossas senhas 
e dinheiro. 
É igualmente importante alertar para a exposição excessiva 
de nossa vida, mostrando o risco de postar fotos com uni-
formes escolares e fotos íntimas ou de compartilhar nossa 
localização. Esses dados podem ser usados por pessoas 
mal-intencionadas. Quando pensamos especialmente nos 
adolescentes, precisamos mostrar que as informações e fo-
tos publicadas na internet podem ser alteradas ou parciais, 
sendo perigoso, portanto, tomá-las como representações 
da verdade e parâmetros para definir nossa beleza, valor ou 
autoestima. Quanto ao cyberbullying, é necessário mostrar 
as formas que ele pode assumir e o que fazer para não nos 
tornarmos vítimas.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 11
5 . Quando as redes sociais ou outras tecnologias da informação 
e comunicação (celular, computador, tablet) são usadas para fa-
zer bullying, dá-se o nome de cyberbullying (JENARO; FLORES; 
FRÍAS, 2018) . Esse tipo de bullying tem crescido nos últimos 
anos porque os adolescentes têm usado bastante as redes so-
ciais para se expressar e nem sempre o fazem de uma forma po-
sitiva (veja a caixa “Saiba mais sobre cyberbullying” mais adiante 
neste módulo) . 
 Seguindo com nossa fotografia, pode ser importante en-
tender alguns pontos sobre a educação e os atuais adolescentes 
brasileiros . O direito à educação gratuita e de qualidade é um di-
reito da população brasileira previsto no artigo 60 da Constitui-
ção Federal (BRASIL, 1988) e reafirmado no Estatuto da Criança 
e do Adolescente (BRASIL, 1990) . No entanto, prometemos a 
você sinceridade neste texto, por isso vamos assumir que nem 
sempre esse direito é respeitado .
 Temos um número alto de crianças e adolescentes sem 
acesso à educação, e um número ainda maior de jovens que fre-
quentam escolas, mas que recebem um ensino que não atende 
às suas necessidades, o que leva às altas taxas de defasagem 
idade-série (para saber mais sobre a exclusão escolar no Brasil, 
ver relatório da Organização das Nações Unidas para a Educa-
ção, a Ciência e a Cultura [UNESCO], 2021) . Do outro lado des-
sa moeda, há escolas no Brasil que se mantêm abertas quase 
sem recursos, sustentadas no amor dos profissionais que as 
compõem e em sua percepção sobre o impacto que a educação 
pode ter na vida das pessoas. Vemos, por exemplo, profissionais 
que, mesmo ganhando menos do que merecem, compram itens 
para usar no trabalho, porque acreditam no poder transformador 
do que fazem. E os desafios não param por aí.
 O contexto social do Brasil é diverso, o que já torna um 
desafio pensar a educação no país em termos nacionais. Dois 
novos dilemas surgiram com a ampliação da importância das tec-
nologias: 1 . O aumento da discrepância social dentro do sistema 
de ensino, devido ao acesso desigual à internet; e 2 . A poderosa 
influência das redes sociais sobre a autoimagem, a convivência 
entre adolescentes e a saúde mental dos jovens .
 Como muitas das novas propostas educacionais ba-
seiam-se no acesso às Tecnologias de Informação e Comuni-
cação (TICs), que dependem do contato com computadores, 
smartphones ou outra fonte que permita o acesso à internet,algumas diferenças sociais no Brasil tornaram-se ainda mais gri-
tantes . Há os que não têm acesso ou têm acesso reduzido às 
TICs e à internet, como apenas em bibliotecas, lan houses, em-
prestando de colegas ou familiares, e mesmo redes municipais 
de ensino precisam de adequações para o acesso à internet nas 
escolas (UNICEF, 2021) . Esse quadro se agravou durante a pan-
demia de Covid-19, quando a alternativa para manter as aulas foi 
ministrá-las no formato virtual . Quem não tinha um equipamento 
eletrônico ou internet ficou privado da escola, ainda que por um 
tempo . 
Proposição
Você sabe qual é a realidade de acesso à internet dos ado-
lescentes com quem convive? Qual é a frequência, horários 
e dias que mais utilizam? Com quais finalidades?
?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 12
 
 
 Entretanto, como seres criativos que somos, buscamos 
alternativas, e muitas redes de solidariedade se criaram . Depois, 
o ensino presencial foi retomado, mas as tecnologias não foram 
(e nem serão) abandonadas, até porque os adolescentes não es-
tão dispostos a abrir mão dessa forma de comunicação .
 O uso da internet é um fenômeno global em rápida ex-
pansão. No Brasil, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE) mostrou que:
 
 
 Pensando nos adolescentes, sabe-se que os principais 
usos que eles fazem da internet são os de interagir em redes so-
ciais e jogar .
 Redes sociais é o nome dado a locais virtuais que ofere-
cem espaço para compartilhamento de fotos, vídeos, comentá-
rios e informações . São exemplos de redes sociais os blogs, Twit-
ter, Instagram, TikTok, Facebook, Wattpad e Be Real (ROSA et al ., 
2021) . O brasileiro utiliza bastante esse tipo de tecnologia . Em 
2020, éramos o quarto maior usuário do Facebook no mundo 
(ROSA et al ., 2021) . Nossos jovens fazem uso intenso dessas 
redes sociais, dedicando muitas horas do dia a elas . 
82%
da população tinha acesso à 
internet em casa (IBGE, 2021).
2021
17%
da população que tinha acesso 
à internet em casa (IBGE, 2021).
Em 5 anos aumento de
65%
da população que tinha 
acesso à internet em casa.
2016
Feedback positivo: 
Sem dúvida a internet tornou as vidas de quem tem acesso a 
ela muito mais fáceis. Podemos, em poucos segundos, pa-
gar uma conta, responder a uma dúvida, encontrar um vídeo 
de uma receita culinária, descobrir o caminho para ir a um 
local, comprar e obter um bilhete de ônibus interestadual, 
assistir a uma aula que ocorre em outro estado brasileiro ou 
mesmo em outro país, conversar olhando no olho de um 
amigo distante, assistir a filmes e reportagens, entre outros.
Feedback orientador: 
Caso o adolescente com quem convive não tenha acesso 
à internet, busque maneiras de ele utilizá-la. Por vezes, há 
computadores disponíveis para empréstimo em bibliotecas, 
ONGs e na instituição educacional. Por outro lado, se notar 
que a utilização está excessiva, comprometendo a realização 
de atividades físicas, a participação em momentos de lazer 
com amigos ou familiares e a conclusão das atividades aca-
dêmicas, é importante elaborar, em parceria com o adoles-
cente, estratégias de autocontrole. Algumas estratégias po-
dem ser: desligar o celular e o computador após um horário 
fixo, cronometrar o tempo de uso e nunca fazer as refeições 
diante de telas.
Proposição
Você utiliza alguma rede social? Se sim, há adolescentes que 
te seguem e que você os segue?
?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 13
 
 Embora pareça fora de contexto explicar isso aqui, essa 
é uma informação muito importante para as escolas e para qual-
quer outro profissional que trabalhe com adolescentes. Sabe por 
quê? Porque os estudos sobre redes sociais mostram um poten-
cial imenso dessas redes, tanto para auxiliar no bem-estar e auto-
estima de quem as utiliza, quanto para prejudicar enormemente a 
saúde mental de seus usuários (ANDREASSEN; PALLESEN; GRIF-
FITHS, 2017; ROSA et al ., 2021) . Durante a adolescência, quando 
a construção da identidade está sendo testada, o potencial ne-
gativo das redes, pode ser intensificado, devido aos excessivos 
comportamentos de se exibir, à necessidade de buscar perten-
cimento e ao fato de a opinião alheia ter um peso diferenciado 
nessa fase da vida . Na história que compartilhamos com você 
(Um amigo a qualquer custo: a história de Vitor), a personagem 
Gabriela ilustra como as redes sociais são importantes: o peso 
de ter seguidores, a importância de receber likes e comentários 
ou a forma como podemos nos sentir quando alguém usa essas 
redes para nos provocar ou humilhar .
Feedback orientador: 
Como não sabemos exatamente quem terá acesso ao que 
postamos, comentamos e curtimos nas redes sociais, é 
muito, mas muito relevante que cuidemos dos nossos atos 
digitais, assim como cuidaríamos presencialmente. Se acei-
tamos ter adolescentes nos seguindo nas redes sociais, nos-
sa responsabilidade terá que ser redobrada. Pense sobre 
o exemplo que você está dando ao adolescente ao realizar 
suas postagens. 
Feedback positivo: 
As redes sociais se tornaram uma maneira de nos relacionar 
com quase todas as pessoas, desde as mais próximas e ínti-
mas até as mais distantes e desconhecidas. A quem encon-
tramos diariamente, por vezes, enviamos imagens e textos 
que nos chamaram a atenção e que queremos compartilhar. 
Quando comentamos uma publicação de um amigo, cria-
mos a oportunidade de que todos os amigos desse amigo 
se conectem conosco por meio do comentário.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 14
 
 
 Outro motivo para que os profissionais que trabalham 
com adolescentes saibam sobre uso de tecnologia e internet é 
que, com esse conhecimento, podem perceber o risco de uso 
problemático da internet . Esse termo (uso problemático) é adota-
do quando o tempo que a pessoa passa na internet ou o tipo de 
atividade que realiza (jogar, fazer compras) afeta a vida da pes-
soa fora da rede, contribuindo para que tenha problemas psico-
lógicos, sociais, escolares ou no trabalho (LEMOS, 2019) . 
 Nem sempre o uso é problemático por ser excessivo, em-
bora isso seja o mais comum. Algumas vezes, ele é classificado 
assim porque a pessoa: gasta dinheiro na internet a ponto de 
comprometer seu orçamento ou sem a autorização de seus pais; 
deixa compromissos reais de lado porque permanece envolvi-
do em algo na internet; ou ainda porque começa alguma prática 
arriscada em sua vida seguindo orientações da internet, como 
uma dieta que restringe demais o que a pessoa pode comer ou 
que orienta o jovem a ficar dias inteiros sem se alimentar. Espe-
cialmente nos jovens, as pesquisas mostram que o uso proble-
mático da internet piora a autoestima, o sentimento de solidão, 
o bem-estar psicológico e o rendimento acadêmico (KORMAS 
et al ., 2011; MORETTA; BUODO, 2020; WIDYANTO; GRIFFITHS, 
2011); além, é claro, de aumentar o risco de o adolescente ser 
Feedback positivo: 
Não podemos ser injustos e sabemos que as pessoas podem 
mentir, por isso procurar provas de que alguém foi realmente 
vítima de uma violência faz sentido. No entanto, quando sa-
bemos que vários tipos de bullying não deixam provas con-
cretas, precisamos nos conscientizar sobre como investigar 
o assunto sem agredir e machucar ainda mais as vítimas. 
Feedback orientador: 
Ouvir todos os envolvidos em um episódio de violência é 
muito importante, mas isso deve ser feito separadamente 
para que a vítima não seja intimidada, o que pode fazê-la se 
calar ou inventar uma história. Outro cuidado que precisa-
mos ter é o de não desacreditar a história, mesmo quetenha-
mos identificado lacunas ou contradições. Todas as versões 
são peças do quebra-cabeça que estamos montando sobre 
o que está acontecendo. Evitar expressões contendo julga-
mentos morais que menosprezem a vítima, como “Mas você 
ficou desse jeito por causa de uma besteira dessas?”, “O que 
você fez para provocar?”, “E por que você não revidou?”, 
Proposição
Há vários tipos de manifestação de bullying, sendo o verbal 
e o psicológico os mais praticados nas escolas. Convidamos 
você a pensar sobre como nossas dúvidas sobre as vítimas 
podem contribuir para esses tipos de violência.
? e adotar expressões que mostrem compreensão, como “O 
que você sentiu quando escutou isso?”, “Como podemos te 
auxiliar?” ou “Tente relatar a situação da maneira como con-
seguir”, pode ajudar a vítima a se sentir compreendida e falar 
mais francamente sobre o que ocorreu.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 15
vítima de bullying pela internet, o que caracteriza cyberbullying .
 Antes de abordar esse tipo específico de violência, pode 
ser interessante entender que os estudos sobre a violência na 
escola ganharam destaque a partir da década de 1970, tendo 
sido o professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen (que 
fica na Noruega, um dos países com o melhor sistema educacio-
nal do mundo), um dos primeiros pesquisadores a publicar sobre 
o tema. O professor Olweus já havia identificado, por exemplo, 
que os alvos não precisam ter feito nada para se tornarem vítimas 
da violência . Sua simples presença no ambiente escolar basta 
para que os agressores impliquem com algo em sua aparência, 
orientação sexual, história de vida ou classe social e passem a 
agredi-los (OLWEUS, 1978) .
 A partir da década de 1990, o termo bullying passou a 
ser muito conhecido, sendo usado para retratar um tipo de vio-
lência intencional e repetitiva que ocorre entre pares (crianças 
contra crianças, adolescentes contra adolescentes) . Sua mani-
festação pode envolver qualquer tipo de violência e acontecer 
tanto presencialmente quanto de forma on-line . Infelizmente, é 
um tipo de violência comum nas escolas . 
 Os tipos mais frequentes de bullying no contexto esco-
lar são o verbal e o psicológico . Retomando a história de Vitor, 
pode-se identificar nela violência física, verbal, psicológica, além 
do cyberbullying . É interessante que, apesar de não ser a forma 
de violência mais frequente, a violência física é a que mais preo-
cupa os pais dos estudantes (GALUCH, 2020) . No entanto, a que 
mais cresce é o cyberbullying . Uma das possíveis explicações 
para isso é que, embora o sofrimento emocional causado por 
violências seja geralmente mais intenso, ele não deixa marcas vi-
síveis como a violência física . Por isso, é importante lembrar que 
a violência na escola pode acontecer de forma bem visível, dei-
xando marcas e provas fáceis de identificar, mas também pode 
ocorrer de forma sutil ou camuflada, parecendo até brincadeira, 
o que exige que a atenção à sua existência seja ininterrupta .
 Algumas brincadeiras são violentas e usadas para aco-
bertar o bullying, merecendo atenção dos educadores para evi-
tá-las no ambiente escolar . Brincadeiras como “rasteira”, “mon-
tinho”, “hoje não” e “quartel” são todas baseadas em realizar 
uma agressão física contra um colega que deixa de fazer uma 
saudação ou ação específica (rasteira, hoje não e quartel), ou sal-
tar sobre os colegas, derrubando-os no chão, sob o pretexto de 
comemorar algo . 
SAIBA MAIS SOBRE A VIOLÊNCIA VIRTUAL: Você co-
nhece os tipos de violência virtual que ocorrem por meio 
de redes sociais, aplicativos de mensagens ou e-mail? 
Conforme Peled (2019), são estes:
- Mensagens ofensivas de uma pessoa ou de um grupo 
para a vítima: insultos, uso de apelidos, criação de boa-
tos ou envio de mensagens depreciativas .
- Fraping: acessar as contas da rede social ou e-mail da 
vítima e se passar por ela para realizar comentários e pos-
tagens agressivas ou degradantes, afetando a identida-
de, a reputação e as relações interpessoais da vítima .
- Grooming: um adulto contata uma criança ou adoles-
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 16
cente pela internet e ganha sua confiança e sua amizade 
para abusar dela sexualmente . Esse abuso pode ocorrer 
estabelecendo uma conversa de natureza sexual, pedin-
do envio de fotos, vídeos ou mesmo realizando práticas 
sexuais virtuais ou presenciais .
- Stalking ou cyberstalking ou perseguição: o autor da 
violência tem um comportamento obsessivo em relação 
à vítima, monitorando o que ela faz na internet, tentando 
atrair sua atenção, por vezes de forma excessiva ou inco-
mum (curtindo imediatamente todas as fotos que posta 
nas redes sociais e elogiando ou criticando todas as pos-
tagens que faz, o que ocasiona apreensão e medo na ví-
tima) . O autor pode ou não conhecer a vítima presencial-
mente, assim como pode ou não saber quem é a vítima, 
pois podem usar perfis falsos e escolher o alvo de forma 
aleatória . 
- Sexting: o autor consegue fotos ou vídeos íntimos da 
vítima e os divulga sem consentimento . Essa divulgação 
pode ocorrer publicamente ou para contatos próximos 
da vítima, mas sempre tem a finalidade de prejudicá-la e 
constrangê-la . Quando o autor busca conseguir dinheiro 
por meio de ameaça de uso indevido dessas imagens, o 
ato se chama sextortion ou sextorsão . 
- Flaming: intimidações e ameaças realizadas por um cur-
to período . 
- Denigration: difamar o alvo nas redes sociais ou em si-
tes de comunicação da internet (Wikipédia, por exemplo), 
espalhando boatos e/ou informações falsas com o intuito 
de causar danos à vítima .
- Masquerading: fingir ser outra pessoa, acessando ou 
até mesmo roubando a conta do alvo para compartilhar 
informações nocivas, roubar pessoas se passando pela 
vítima ou prejudicá-la de alguma forma .
- Trickery e outing: induzir a vítima a fornecer informa-
ções pessoais e delicadas . Essa prática deixa a vítima em 
uma posição de risco, pois suas informações podem ser 
usadas para prejudicá-la . 
- Exclusão: deixar a vítima fora do grupo, propositalmen-
te, de modo que se sinta indesejada . É comum que ocor-
ra em atividades sociais, tarefas escolares em grupo e em 
grupos ou chats virtuais .
- Trolling: é insultar um indivíduo em ambiente on-line 
para provocá-lo até que se obtenha uma resposta ou re-
ação .
- Catfishing: o autor da violência rouba a identidade on-
-line de alguém para recriar perfis de redes sociais para 
fins enganosos, como se inscrever em serviços em nome 
da vítima para que a vítima receba e-mails ou ofertas de 
coisas potencialmente embaraçosas, como boletins so-
bre tratamento de incontinência, doenças sexualmente 
transmissíveis ou encontros sexuais . 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 17
 Saber o papel das redes sociais e que o tipo de bullying 
que mais cresce entre adolescentes é o cyberbullying faz com 
que entendamos a importância de conversar sobre esses assun-
tos . No entanto, quem são esses personagens envolvidos nas 
situações de bullying escolar e cyberbullying?
 Há o autor (ou autores) que está praticando os atos 
violentos com a intenção de causar mal ou dano (IMUTA et al ., 
2022) . Aqui existe uma subdivisão, pois os autores podem ser: 
autor líder, que é aquele que inicia e planeja as agressões; ou 
autor seguidor ou incentivador, que adiciona elementos às 
agressões, auxilia em sua realização, impede que a vítima rece-
ba ajuda e/ou valoriza o que o autor líder executa (IMUTA et al ., 
2022) . Quem nunca presenciou uma confusão na escola ou na 
porta dela,com vários alunos rindo, assistindo, filmando e até in-
centivando uma violência? “Briga, briga, briga!” Nesses casos, é 
importante entender que as pessoas que estão à volta são auto-
res incentivadores e precisam ser acompanhados tanto quanto 
os autores líderes .
 
 
 A vítima ou alvo é quem recebe a violência . Pode ter 
sido escolhido por ser mais fraco fisicamente ou menos popular, 
por ter mais dificuldade para aprender, por ter habilidades so-
cioemocionais menos desenvolvidas, por ter menor habilidade 
para o uso de tecnologias da informação ou por qualquer outra 
característica que o faça “diferente” ou “inferior” . No relato, Vitor 
recebeu um apelido ofensivo (Majin Boo) porque era gordo, mas 
poderia ter sido por qualquer motivo que os autores das agres-
sões identificassem como alguma fragilidade dele.
 As testemunhas podem observar diretamente os atos 
violentos ou apenas saber que eles ocorrem com seus colegas 
por virem as marcas físicas ou consequências emocionais des-
ses atos, como tristeza e choro . Há testemunhas que podem 
parecer indiferentes e outras que tentam confortar a vítima . Em 
uma situação de bullying na escola, é comum que os estudantes 
riam das vítimas ou apenas observem a violência sendo cometi-
da . Pode até parecer que estão apenas assistindo, mas cada vez 
Fonte: Pixabay
- Phishing: é uma tática que envolve enganar, persuadir 
ou manipular o alvo para que revele informações pesso-
ais e/ou financeiras de si mesmo e/ou de seus entes que-
ridos para tirar vantagens disso .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 18
mais vemos que esses eventos também comprometem a saúde 
mental das testemunhas, que, geralmente, imaginam: “E se eu for 
o próximo?”
 Uma situação frequente e muito complicada é quando 
uma pessoa é vítima e autora de bullying . É possível que uma 
pessoa tenha pouco controle emocional e inicie disputas que 
não conseguirá vencer, seja hostil e desconfiada. Nessas situ-
ações, a pessoa inicia os conflitos, mas acaba por ser a vítima. 
Pode acontecer, ainda, de a pessoa ser a vítima em um contexto 
e autora em outro . Na história de Vitor, ele ocupou os papéis de 
vítima, autor e testemunha de bullying . O garoto viveu agressões 
físicas e verbais, mas confessa que também praticou violência 
física contra outros colegas . Quanto à Gabriela, ao acompanhar 
o que aconteceu com ela, fica evidente que a adolescente foi 
testemunha de um tipo diferente de violência, o cyberbullying . 
Ao pensarmos sobre suas ações, vemos que não foram motiva-
das por uma “índole ruim”, mas por fatores diversos e complexos, 
sobre os quais conversaremos mais adiante . 
 Se é possível ocupar mais de um papel, e até mudar de 
papel, você já deve ter entendido que as situações de violência 
na escola não são como em filmes de heróis, em que temos um 
vilão e um herói . Esse é o ponto em que reside nossa esperança! 
As pessoas estão vítimas, autores ou testemunhas da violência, 
não são tais papéis . Por isso, “talvez”, se mudarmos a forma 
como lidamos com as agressões, aprendendo mais sobre o tema 
e criando alternativas para incentivar comportamentos acolhe-
dores e colaborativos, todos os envolvidos deixem de estar em 
suas posições atuais . Talvez eles possam assumir o papel de es-
tudantes, em escolas seguras física e emocionalmente, focados 
em aprender e se tornar cidadãos melhores para o nosso Brasil . 
 Agora que você já conhece o “básico do básico” sobre o 
papel da escola, o que são redes sociais e o principal tipo de vio-
lência que ocorre nas escolas, podemos conversar sobre alguns 
outros assuntos . 
Saiba mais
Se estiver curioso para saber mais detalhes 
sobre violência escolar, leia o artigo que as 
professoras Ana Carina Stelko-Pereira e 
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams 
escreveram sobre esse tema. clique e
acesse
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v18n1/v18n1a05.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v18n1/v18n1a05.pdf
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 19
Mas quantas pessoas estão na foto da violência? 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 20
Saiba mais
Você mora em uma capital do Brasil e quer 
conferir como estão os índices de bullying 
na sua cidade? É possível ver as últimas 
estatísticas do IBGE clicando aqui e indo 
na página 45 do documento. INSTITUTO 
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022a).
clique e
acesse
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101955.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101955.pdf
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 21
E quais são as consequências 
de toda essa violência?
 Em algum momento da sua vida você já sofreu alguma 
violência . Você pode ter tido um celular roubado, ter recebido 
um xingamento ou passado por uma humilhação . Se puxar pela 
memória, verá que não é difícil lembrar de ter sentido emoções 
negativas, como tristeza, raiva, frustração e desejo de reparação 
ou vingança . Sabemos que é pouco provável ser vítima de uma 
violência e não ser afetado por ela, por isso é até fácil compreen-
der o que os alvos do bullying sofrem . 
 A vítima de bullying e cyberbullying, constantemente, 
vive esses sentimentos negativos, pela violência em si e por não 
conseguir se defender ou evitar que as agressões se repitam . As 
pesquisas feitas na área têm nos ajudado a conhecer algumas 
das consequências mais comuns e a identificar algumas menos 
óbvias e que só surgem muito tempo depois . O aumento da tris-
teza, a piora da autoestima e sentimentos de isolamento social e 
de solidão têm sido observados em praticamente todas as inves-
tigações sobre o tema (BISWAS et al ., 2020; FORLIM; STELKO-
-PEREIRA; WILLIAMS, 2014; RIZZOTTO; FRANÇA, 2020) . Outras 
consequências que vêm sendo muito observadas são a vonta-
de de esquecer a situação, dificuldade de dormir ou manter o 
sono, pesadelos sobre a escola e medo de sofrer novas violên-
cias, dificuldades para comer, pensamentos recorrentes sobre 
as agressões sofridas, ansiedade sobre qual será a violência se-
guinte e aumento no consumo de bebidas alcoólicas e/ou outras 
drogas (ATHANASIOU et al ., 2018; FORLIM; STELKO-PEREIRA; 
WILLIAMS, 2014; LEREYA et al ., 2015) . 
 Outros problemas observados nas vítimas de 
bullying são: comprometimento do rendimento acadêmico, 
esquecimento de coisas já aprendidas, vontade de abandonar 
a escola ou realmente de parar de estudar (VALLE et al ., 2018) . 
Além disso, existe o risco de as interações sociais fora da escola 
ficarem mais restritas ou terem pior qualidade, sendo comum 
os relatos de brigas com a família, comportamento agressivo 
com outras pessoas e, até mesmo, pensamentos e tentativas de 
automutilação e suicídio (BISWAS et al ., 2020) . 
 Algumas vezes, as pessoas que sofrem bullying tentam 
outras reações . Elas podem se infantilizar, voltando a ter compor-
tamentos comuns em crianças mais jovens e que já não tinham 
mais, como fazer xixi na cama ou chorar quando os pais saem 
para trabalhar; podem, ainda, tentar fazer de tudo para que os 
colegas gostem delas, em uma tentativa para que as agressões 
parem . Isso pode gerar determinados comportamentos, como 
dar para os colegas todo o seu material escolar, oferecer-se para 
fazer as tarefas de casa de outros estudantes ou tentar muito 
agradar os professores . Esses comportamentos são chamados 
de regressivos, quando a criança busca parecer mais jovem, ou 
hipercompensatórios, quando a criança tenta agradar a qual-
quer custo (GALUCH etal ., 2020) .
 Lembrando do Caso Complexo, o personagem central 
de nossa história, Vitor, sentiu na pele algumas das consequên-
cias que listamos . Ele teve problemas para dormir, sentiu dor fí-
sica por ter sido agredido e teve sentimentos negativos (tristeza, 
medo etc .), assim como pensamentos e sensações de rejeição e 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 22
de inferioridade . Vitor perdeu a motivação e a vontade de estar 
na escola, mesmo o prédio físico em que estudava sendo bonito 
e sua família tendo sonhos e desejos que envolviam o que a es-
cola possibilitaria para ele no futuro . A violência afetou seu ren-
dimento a ponto de os professores notarem . Ele também tentou 
se isolar dos colegas e hipercompensar, ficando o tempo todo 
perto dos professores. Por fim, tentou imitar os agressores, na 
tentativa de ser aceito em seu grupo e parar de sofrer bullying .
 
 
 Sua colega Gabriela demonstrou consequências um 
pouco diferentes da violência que sofreu, embora igualmente 
ruins. Ela ficou muito triste, faltou à escola, chorou muito e preci-
sou ser acolhida . Que bom que alguns colegas ajudaram nesse 
acolhimento e que, de alguma forma, ela podia contar com sua 
família, mesmo que a família não tenha pensado na melhor so-
lução para resolver o problema, mas nem sempre o adolescen-
te recebe esse apoio . Esses exemplos apenas ilustram que não 
há uma reação única à violência e que precisamos estar atentos 
para reconhecer o sofrimento . 
 
Proposição
Quais estratégias você utiliza para compreender os senti-
mentos dos adolescentes com quem atua?
Feedback positivo: 
Tentar entender os sentimentos, pensamentos e ações dos 
adolescentes é essencial para criar possibilidades de auxílio 
e desenvolvimento social, moral e acadêmico. Utilizamos o 
diálogo como principal estratégia para conhecer os adoles-
centes, porém nem sempre alcançamos bons resultados por 
essa via.
?
Feedback orientador: 
As expressões faciais e corporais dos adolescentes podem 
ser importantes pistas de como se sentem e do que estão 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 23
 
 A vítima sofre . Isso é fácil de reconhecer . Entretanto, você 
pode pensar que nada de ruim acontece com os autores do 
bullying e do cyberbullying, o que não é verdade . Como os agres-
sores costumam conseguir vantagens em curto prazo por terem 
um comportamento truculento, esse comportamento se fortalece 
neles, o que faz com que reduzam ou não desenvolvam habilida-
des para negociar, não precisem pedir desculpas nem ser gentis, o 
que os fará ser excluídos de grupos que valorizam essa forma de se 
comportar (MENDOZA-GONZÁLEZ; DELGADO NIETO; MANDUJA-
NO, 2020; RETTEW; PAWLOWSKI, 2016) . Isso faz com que tenham 
a tendência a conviver com pessoas que praticam a violência como 
eles, e eles não serão os mais fortes em todos os contextos . Por isso, 
os autores têm mais chances de consumir e abusar de álcool e de 
drogas ilícitas, fumar tabaco, envolver-se em furtos e roubos, assim 
como de vivenciar a violência entre parceiros amorosos (ALVES et 
al ., 2021; PRADO; PILLON; STELKO-PEREIRA, 2019; TTOFI et al ., 
2016), mas também têm mais chances de se tornarem vítimas de 
violência . É recorrente, ainda, que os agressores acabem por se de-
sinteressar pelos estudos e tenham muitas dificuldades para manter 
o rendimento acadêmico .
 Se relembrarmos a história de Vitor, o próprio garoto se 
questionou se andar com Augusto e tornar-se um agressor não 
teria sido o caminho que Pedro construiu para ser aceito e não 
ser outra vítima . Se pensarmos em suas características (negro, 
alto, forte, com dificuldades de aprendizagem, que já havia re-
petido de ano duas vezes), talvez encontremos elementos que 
deem força para essa interpretação . O fato de ele não chorar, 
como Gabriela, está longe de ser uma indicação de que ele não 
sofre e que não está sendo prejudicado pela violência no contex-
to escolar . 
 As consequências para os autores que também são víti-
mas geralmente são piores do que para aqueles que são só au-
tores ou só vítimas, porque, além de tudo o que dissemos antes, 
por praticarem também violência, acabam gerando menos em-
patia por parte dos adultos e de testemunhas (MATOS; STELKO-
-PEREIRA; LOURINHO, 2020) . Esse contexto faz com que as pes-
soas os tratem de forma menos acolhedora .
 Por fim, as testemunhas também são afetadas, tanto 
aquelas que acolhem as vítimas e podem sentir medo de se-
rem as próximas a sofrer algum tipo de violência em retaliação 
ou sentem culpa por não conseguirem parar as agressões efeti-
vamente (JENARO; FLORES; FRÍAS, 2018), como as que tentam 
não se envolver, que podem passar a embotar seus sentimentos 
como forma de evitar o sofrimento, começar a evitar a escola ou 
situações sociais com colegas ou mesmo se arrepender de não 
terem feito nada para impedir as agressões .
 Há estudos que mostram que as consequências da vio-
lência no contexto escolar podem perdurar por toda a vida . As 
pensando. Criar situações fictícias para os adolescentes in-
dicarem o que pensam sobre os personagens e sobre como 
eles deveriam se comportar também dá indicativos da opi-
nião e sentimentos deles sobre o tema. Frases para serem 
completadas pelos adolescentes também podem ser úteis, 
como “Se eu fosse professor da minha escola, faria...”, “Se 
eu tivesse um super poder, este seria...”, “Um momento top 
da escola foi...” e “O pior momento na escola até agora foi...”.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 24
investigações sobre o tema têm mostrado que as pessoas que 
estiveram envolvidas em bullying durante a infância e adoles-
cência, em especial ocupando o papel de vítimas, têm maior ris-
co de desenvolver transtornos mentais na vida adulta (GARCIA; 
SOUZA, 2022; MATOS et al ., 2020) .
 Se há consequências para todos os envolvidos: escutar e 
dar auxílio é urgente e necessário!
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 25
Tanta dor, tanta tristeza... 
o que gera tudo isso?
 Sabemos que os números sobre a violência escolar são pre-
ocupantes e suas consequências são muitas e duradouras . Toda 
essa situação pode fazer você se esquecer de nosso convite para 
pensar no “talvez”, mas não é hora de perder a esperança . Toda 
situação tem seus pontos fortes; sim, sempre, toda situação, ainda 
que em um primeiro momento não consigamos ver ou admitir! 
 Pense por este lado: o primeiro passo para mudar uma 
situação de que não gostamos é saber que ela existe e quão 
importante ela é . Agora sabemos quantas pessoas são afetadas 
pela violência e não gostamos de ver que são muitas, mas temos 
a chance de usar esse conhecimento para entender melhor o 
que causa o bullying e o que podemos fazer para combatê-lo .
 Desde que existe escola, pode-se dizer que existe 
bullying escolar . No entanto, da mesma forma que evoluímos 
como sociedade em termos tecnológicos (carros, aviões, inter-
net, celulares, computadores, medicamentos etc .), precisamos 
avançar na qualidade das relações entre as pessoas . Sabemos 
que as pesquisas sobre a violência escolar começaram na dé-
cada de 1970, que as discussões sobre bullying começaram a 
ganhar força nos anos de 1980 e que a importância do tema foi 
reconhecida no Brasil em 2015, passando a existir uma lei (Lei 
n0 13 .185) destinada aos programas de combate ao bullying no 
país (BRASIL, 2015) . Já em 2016, foi promulgada outra lei (Lei n0 
13.277), que definiu o dia 7 de abril de cada ano como “Dia Na-cional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola” (BRA-
SIL, 2016). Por fim, em 2018, a Lei n0 13 .663 incluiu a promoção 
da conscientização e a prevenção e combate a todos os tipos de 
violência entre os compromissos das instituições de ensino do 
país (BRASIL, 2018) .
 
 As pesquisas sobre bullying têm indicado os fatores 
que vão se somando e interagindo entre si para que alguém se 
envolva ou deixe de se envolver em situações de bullying (ES-
PELAGE, 2014; SCHULTZ et al ., 2012) . Note que falamos em fa-
tores, no plural, porque é sempre um conjunto deles; não se tra-
ta, portanto, de uma relação de causa e efeito . É como fazer um 
bolo . Há vários ingredientes que precisam ser misturados, cada 
um em uma quantidade específica. Não se faz um bolo com um 
único ingrediente e, se você errar na quantidade dos ingredien-
tes, esquecer algum ou até mesmo não considerar a temperatura 
ambiente, o resultado não sairá como o esperado . 
 Portanto, tome cuidado! Às vezes, podemos cometer o 
deslize de afirmar que alguém é autor ou vítima de bullying por-
que é “assim ou assado”, reduzindo inadequadamente a comple-
xidade do fenômeno . Quem nunca escutou algo como: “Fulano 
é muito agressivo, mas, também, com aquela mãe . . .”? Podemos, 
considerando a história de Vitor, achar, equivocadamente, que 
alguém que agisse igual a ele não seria vítima de bullying se fos-
Saiba mais
Quer saber o que está previsto na lei de 
combate ao bullying? Leia o texto integral 
da Lei n013.185 clicando aqui.
clique e
acesse
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 26
se magra e rica. Ou, ainda, podemos simplificar o problema, des-
crevendo os estudantes como heróis ou vilões, achando que a 
solução para tudo é expulsar os autores de bullying . 
 Existem diversos níveis de influência para envolver-se 
com bullying e cyberbullying . Há características da pessoa (ida-
de, sexo, aparência física, raça etc .); dos contextos em que intera-
ge (entre amigos, familiar, escolar, clubes recreativos e/ou grupos 
religiosos etc .); das relações entre esses contextos; e questões 
sócio-históricas que perpassam por tudo . Puxa, é tanto aspecto a 
ser levado em consideração, que talvez você até esteja confuso . 
Então, vamos por partes. Primeiro, vamos conhecer as influên-
cias para ocupar o papel de vítima e depois para agir como autor .
Feedback positivo: 
A tentativa de analisar uma situação de violência e dar conse-
quências justas e que promovam a aprendizagem dos envol-
vidos é importante. Nessa tentativa, por força do hábito de 
enxergar o mundo de maneira binária, do tipo sim ou não, 
podemos cometer o erro de classificar as pessoas, colocan-
do-as nas categorias de boas ou más.
Feedback orientador: 
Não existem pessoas inteiramente boas ou inteiramente 
más. É importante entender os comportamentos dos ado-
lescentes dentro dos contextos em que ocorrem para tentar 
encontrar os fatores que motivaram tanto as ações positivas 
quanto as negativas. Conhecendo-se esses fatores, eles po-
dem ser aumentados ou diminuídos, sendo esta uma pers-
pectiva muito mais útil do que buscar culpados ou qualificar 
as pessoas.
Proposição
Você já reparou como a maioria das histórias dos filmes e li-
vros classifica os personagens em “bons” e “maus”? Na sua 
opinião, essas histórias traduzem a vida real?
?
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 27
Influências para estar vítima
Veja os cards a seguir e verifique as afirmações falsas e as verdadeiras 
sobre alguns dos fatores relacionados a estar vítima de bullying .
Verdadeiro
Verdadeiro
Falso
Negros, pardos, migrantes e imigrantes 
têm maiores chances de serem vítimas de 
bullying (ESPELAGE, 2014)
Os estudantes vítimas geralmente têm 
poucas habilidades sociais para iniciar e 
manter amizades, expressar opinião e es-
tabelecer limites nos relacionamentos .
Temos o direito de expressar o que pensa-
mos sobre se é errado ser homossexual, 
travesti, entre outros (LGBTQIA+) . Expres-
sar-se contra alguém por essa pessoa ser 
LGBTQIA+ não é bullying .
O racismo e a xenofobia, principalmente em 
relação a nordestinos, haitianos e venezuela-
nos, estão presentes em nossa sociedade e 
adentram a escola .
Para enfrentar o bullying, uma importante 
estratégia é criar oportunidades para que os 
estudantes vítimas estabeleçam amizades e 
desenvolvam habilidades sociais (KENDRI-
CK; JUTENGREN; STATTIN, 2012) .
A Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos é para todos (ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS, 1948) . Infelizmente, a 
cultura e algumas interpretações religiosas 
fomentam o desrespeito às pessoas que 
não seguem a heteronormatividade, tentan-
do impor uma única maneira de expressar 
a sexualidade . Assim, pessoas LGBTQIA+ 
têm maiores chances de serem vítimas de 
bullying . Cerca de 54% o são, segundo estu-
do da Organização das Nações Unidas para 
a Educação, a Ciência e a Cultura em parce-
ria com a International Lesbian, Gay, Bisexu-
al, Transgender, Queer & Intersex Youth And 
Student Organization (2021) .
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 Além das características que você conheceu nos cards, 
há aspectos da família, dos amigos, da escola e da sociedade 
que também são importantes . Citaremos alguns dos aspectos 
considerados muito relevantes depois de mais de 40 anos de es-
tudos sobre bullying: 
Quanto à família: cuidadores autoritários, agressivos e negli-
gentes podem fazer com que o indivíduo se sinta amedrontado 
diante das situações da vida ou podem fazê-lo acreditar que seja 
merecedor das agressões na escola, uma vez que seus próprios 
cuidadores já o tratam mal . Famílias que não supervisionam as 
redes sociais e o uso da internet pelas crianças e adolescentes 
Falso Falso
Falso
Estudantes obesos, por aparentarem for-
ça física, não têm chances aumentadas de 
sofrer bullying . 
Quanto mais um estudante usa a internet, 
mais terá condições de se proteger e se 
defender do bullying e cyberbullying
Pessoas autistas não se importam com 
xingamentos e exclusões propositais 
na escola, pois pouco compreendem as 
emoções . 
Há forte pressão social para se seguir um 
único padrão corporal, de modo que os estu-
dantes que destoam desse padrão têm chan-
ces aumentadas de serem vítimas . Assim, 
pessoas muito baixas, muito altas ou com 
alguma característica distintiva (mancha, ta-
manho de orelha, nariz, entre outros) podem 
se tornar alvos (SCHULTZ et al ., 2012) .
Quanto mais um estudante usa a internet, 
mais se expõe a contatos interpessoais virtu-
ais e ao mundo virtual, portanto convive me-
nos presencialmente com outras pessoas, 
faz menos amizades, interage menos com 
a natureza e faz menos exercícios físicos . 
Além disso, pode afastar-se de pessoas de 
seu entorno, inclusive familiares . Com isso, 
habilidades importantes de convívio e nego-
ciação deixam de ser treinadas, uma vez que 
no mundo virtual é mais fácil cortar relações . 
Falso: Ninguém gosta de ser ofendido . O fato 
de alguém ter o diagnóstico de Transtorno 
do Espectro Autista não autoriza desrespeito 
e exclusão . Infelizmente, ser autista ou ter de-
ficiência é fator de risco para sofrer bullying 
(FALCÃO; STELKO-PEREIRA; ALVES, 2021) .
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também os colocam em risco, pois o comportamento na inter-
net não é natural e precisaser aprendido com exemplos e regras, 
como os demais comportamentos sociais . 
Quanto aos amigos: os estudantes que fazem poucas amizades 
têm maiores chances de estar na posição de alvos da violência . Outra situação que caracteriza risco aumentado de sofrer violên-
cia é ter amigos que supervalorizam as redes sociais e as ativida-
des on-line, em comparação com os momentos presenciais . A 
vida on-line é superficial e editável, podendo passar a impressão 
de uma realidade que não existe, mas que pode afetar a autoes-
tima e o desenvolvimento das pessoas .
Quanto à escola: quando há, na escola, um número elevado de 
alunos por funcionário, pouca supervisão estudantil e currículo 
que não engloba o ensino de habilidades sociais, de convivên-
cia ética e de princípios morais, há maior risco de violência . O 
mesmo ocorre quando não se fala sobre esse tema ou quando a 
formação sobre bullying e cyberbullying é insuficiente. Escolas 
que não têm estratégias inclusivas para pessoas com transtornos 
de aprendizagem e deficiências, ou aquelas nas quais o aluno 
que aprende mais lentamente as disciplinas formais é percebido 
como inferior, também vivenciam mais casos de violência .
Quanto à sociedade: incentivar perspectivas machistas, de 
acordo com as quais meninos precisam parecer fortes e pessoas 
não podem expressar medo e tristeza, favorece reações agressi-
vas . Manter práticas que não valorizam as diferenças e que dão 
importância a uma pessoa pelo que ela tem ou aparenta reforça 
concepções de que algumas pessoas têm o direito de vitimizar 
outras porque são superiores, o que incentiva o bullying .
Quanto à relação família e escola: quando escola e família não 
Feedback positivo: 
Amigos são muito importantes, pois com eles podemos 
aprender novas informações e habilidades e desfrutar da na-
tureza, de momentos de brincadeira e lazer. Em momentos 
de desafios, dificuldades, frustrações e lutos, as palavras de 
ânimo, a atenção e o colo dos amigos são essenciais. 
Feedback orientador: 
Apesar de as amizades serem fundamentais, não é fácil esta-
belecê-las nem mantê-las. Habilidades diversas são neces-
sárias para isso, como de iniciar e manter conversas, con-
vidar para atividades, parabenizar nos aniversários, apoiar 
nos momentos difíceis, permitir intimidade, entre outras. O 
profissional que atua com adolescentes e as escolas devem 
oferecer espaços para que as amizades floresçam, por exem-
Proposição
Ah, você deve conhecer aquela música Canção da América 
do Milton Nascimento, que tem o trecho “Amigo é coisa para 
se guardar, de baixo de sete chaves, dentro do coração...”. 
?
plo: privilegiar trabalhos em grupo, permitir momentos de 
interações livres de objetivos acadêmicos e instruir sobre 
habilidades sociais.
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 30
constroem relações de parceria, de modo a compartilhar infor-
mações, inquietações, potencialidades e dificuldades sobre as 
crianças e adolescentes, há mais chances de a violência escolar 
existir e ninguém saber nada a respeito . Caso um estudante es-
teja sendo vítima de violência e a família busque a escola para 
relatar o que sabe, se a escola desacreditar a família, minimizar 
o que pode ter ocorrido, não aplicar medidas preventivas e de 
acompanhamento e se preocupar mais em se eximir da culpa 
do que em ser parte da solução para a situação, a chance de o 
estudante continuar a estar vítima aumenta . Por outro lado, se a 
família ignorar os pedidos de diálogo da escola ou tiver o mesmo 
comportamento de desacreditar, minimizar ou tentar encontrar 
um culpado externo, a vítima seguirá sem apoio e proteção .
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Influências para estar autor 
Veja os cards a seguir e confira as afirmações falsas e verdadeiras sobre alguns 
dos fatores relacionados a estar autor de bullying . 
Falso
Verdadeiro
Alunos autores nasceram agressivos, são 
maldosos e precisam sentir na “própria 
pele” quanto é ruim sofrer violência para 
aprender a conviver socialmente . 
Autores de bullying e cyberbullying po-
dem ter sofrido violência ao longo da vida, 
seja em suas próprias famílias, seja na es-
cola, seja ainda em outros contextos .
Há um conjunto de fatores que nos leva a ser 
agressivo . Estar autor de bullying e/ou cyber-
bullying não é uma característica como a cor 
dos olhos . Você mesmo pode reconhecer 
que, em algum momento da sua vida, pode 
ter agido de um modo que não se orgulha, 
como ter xingado ou ofendido alguém . Ser 
violento com alguém que é autor de bullying 
o fará pensar que atos violentos são real-
mente uma possibilidade nas relações hu-
manas . Deve-se aproveitar a oportunidade 
para exemplificar como resolver conflitos de 
modo pacífico e baseado na justiça restaura-
tiva .
Quando alguém sofre violência, pode passar 
a manifestar comportamentos violentos com 
outras pessoas ou até contra si mesmo . As-
sim, é importante desenvolver diálogo com 
os que estão autores para tentar entendê-los 
e auxiliá-los a elaborar as suas vivências . Isso 
não quer dizer que viver uma história difícil 
justifica a violência. É importante estabele-
cer limites com afeto e focar em ações para 
desenvolver princípios morais de igualdade, 
justiça, honestidade e compaixão . 
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 Agora que você já conhece os fatores relacionados a es-
tar autor de bullying apresentados nos cards, que tal explorar-
mos um pouco mais as influências para ocupar o papel de autor 
de uma violência? Como fizemos com a vítima, vamos apresentar 
os principais achados dos estudos sobre os aspectos da famí-
lia, amigos, escola e sociedade importantes para estar autor de 
bullying e cyberbullying ou autor e vítima ao mesmo tempo .
Quanto à família: cuidadores que valorizam e “resolvem” seus 
problemas por meio da violência e que transmitem valores de 
competição exacerbada e de que se deve tirar proveito de pes-
soas mais frágeis ou de ganhar mesmo em situações injustas 
aumentam as chances de que os jovens sob seus cuidados se 
envolvam em bullying e cyberbullying . O comportamento nem 
sempre é claro, mas essa valorização e incentivo aparecem em 
frases como: “O mundo é dos espertos”, “É a lei da selva, só os 
mais fortes sobrevivem” ou “Deixa ele tentar, sou mais forte, que-
bro todos os dentes daquela boca” . Quando há prática de vio-
lência entre os membros da família, principalmente genitores, há 
maiores possibilidades de os integrantes da família praticarem 
Falso Falso
Autores de bullying e cyberbullying têm 
autoestima elevada e consideram-se 
poderosos .
Autores de cyberbullying sabem todo o 
mal que irão causar e verdadeiramente 
não se importam . 
Os estudos são controversos no que diz res-
peito a como os autores de bullying e cyber-
bullying se percebem e a quanto se sentem 
importantes . Independentemente dessa in-
consistência, envolver os adolescentes em 
estratégias para desenvolver autoestima é 
essencial . Por exemplo, é importante promo-
ver debates que abordem a pressão exercida 
pela sociedade para que as pessoas sigam 
um único padrão corporal e tenham os mes-
mos interesses e objetivos, assim como de-
bates que reflitam sobre as implicações des-
sa pressão na felicidade/infelicidade .
Em alguns casos, o ato agressivo on-line 
ocorre por impulsividade . É difícil avaliar 
quanto a postagem se espalhará pelas redes 
sociais e por quanto tempo permanecerá cir-
culando e revitimizando a pessoa . Assim, é 
essencial discutir com os jovens sobre a im-
portância de desenvolver autocontrole para 
evitarque, em um momento de raiva, utilizem 
as redes sociais para extravasar e, então, se 
arrependam por causar sofrimento a outra 
pessoa . 
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bullying . Quando há muita permissividade, também, como ocor-
re quando a família não se importa com a rotina de suas crianças 
e adolescentes e são eles, os filhos, que decidem quanto e como 
irão usar as redes sociais, também há maior risco de envolvimen-
to em situações de violência . 
Quanto aos amigos: o ditado “Diga-me com quem andas e eu 
te direi quem tu és” é de certo modo verdadeiro com relação ao 
bullying e cyberbullying . Comumente, os autores formam grupos 
de amizades que incentivam práticas violentas, que fornecem 
recursos e auxiliam nas situações agressivas e que valorizam a 
quebra de limites e regras sociais, inclusive com relação ao uso e 
abuso do consumo de bebidas alcoólicas e substâncias ilegais . 
Muitas vezes, o autor de bullying e cyberbullying ganha um sta-
tus social que não saberia alcançar de modo não agressivo .
Quanto à escola: docentes que consideram que a função da 
escola se resume ao ensino de habilidades acadêmicas, des-
considerando estratégias que promovam habilidades sociais, o 
exercício da democracia e o desenvolvimento, podem favorecer 
o surgimento do bullying . Essas estratégias nem sempre são sis-
temáticas . Vale aquela conversa “olho no olho” em que dizemos 
que nos importamos, escutamos o que o jovem tem a dizer e le-
vantamos juntos alternativas para ser uma pessoa melhor . Vale 
também aquele momento em que há um conflito entre adoles-
centes e optamos por parar o que estamos fazendo para ensi-
ná-los a negociar e escutar um ao outro . Também é importante 
pensarmos duas vezes antes de dar uma resposta malcriada a 
alguém que nos ofendeu, porque sabemos que somos exemplo 
ou que buscamos juntos uma solução construtiva e não punitiva 
para uma situação-problema . 
Feedback positivo: 
As situações de violência no contexto escolar são comple-
xas, em especial pelo importantíssimo papel das escolas na 
formação dos jovens. A vontade de “se ver livre do proble-
ma” é grande, portanto não é difícil entender por que assu-
mir uma atitude rápida e drástica é muitas vezes a primeira 
opção. No entanto, o bullying é uma situação complexa e, 
se apenas punir os diretamente envolvidos resolvesse, esse 
tipo de problema não teria crescido tanto.
Feedback orientador: 
Quando a opção da escola é a de usar sempre medidas pu-
nitivas quando alguém se envolve em casos de bullying, é 
frequente que a situação se torne um ciclo. Um caso é des-
coberto, alguém é punido, as violências se tornam mais es-
condidas e chegamos a acreditar que pararam e que essa so-
lução funcionou. Contudo, na verdade, os autores só estão 
mais cuidadosos para não serem pegos, e as vítimas estão 
mais assustadas. Em pouco tempo, outro caso surge e o ci-
clo recomeça. Quando a escola investe em conscientização, 
Proposição
O texto indica a necessidade de combater o bullying, mas se 
posiciona contra medidas punitivas como primeira e princi-
pal estratégia. Convidamos você a pensar nos motivos desse 
posicionamento.
?
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Módulo: Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes 34
Quanto à sociedade: crenças e práticas sociais que não pro-
movem a paz e os Direitos Humanos contribuem para a prática 
de bullying . Desde pequenos, somos estimulados a acreditar 
que “o ataque é a melhor defesa”, que precisamos “dar o troco” 
perante uma ofensa ou que “não podemos levar desaforo para 
casa” . No Brasil, somos extremamente permissivos diante da 
violência, especialmente quando praticada contra grupos mino-
ritários por pessoas com prestígio público ou cargos de poder . 
Programas televisivos policiais frequentemente apresentam si-
tuações de violência quase sugerindo que a vítima mereceu o 
ato e que aquela foi uma forma de “dar uma lição” para que ela 
aprendesse a comportar-se bem . Esses programas, muitas ve-
zes, desrespeitam o que a Constituição preconiza sobre o direito 
à defesa, sobre presunção de inocência, entre outros aspectos . 
Esse contexto incentiva atos violentos .
Quanto à relação família-escola: deve haver harmonia e parceria 
entre família e escola, de modo que ambas consigam se apoiar na 
busca de caminhos e alternativas para que as crianças e adoles-
centes deixem de ser autores de violência . Se a família é advertida 
pela escola de que o adolescente comete bullying e cyberbullying 
e nada faz a respeito, assumindo uma postura de negar o envolvi-
mento, culpabilizar a escola ou mesmo ir para o outro extremo e ser 
violenta com o jovem, a situação tende a piorar .
 A história de Vitor pode ser mais uma vez retomada aqui . 
A condição social de sua família, o fato de ser um migrante, o mo-
mento em que ingressou na escola, seu peso e sua cor podem 
sim ter contribuído para que Vitor ocupasse uma posição de víti-
ma, mas esses fatores sozinhos não explicam a violência, como 
bem lembrou Enzo, na história . 
 Ele, Enzo, tinha algumas dessas características, mas não 
todas e sofreu violência relacional . Gabriela não se encaixava 
no estereótipo de negra e pobre, mas sofreu cyberbullying . O 
contexto social e o contexto da instituição, assim como a pró-
pria família do garoto, não podem ser ignorados ao tentarmos 
entender por que a violência ocorreu . A diretora da escola mos-
trou-se acolhedora, mas dentro da mesma escola havia pesso-
as que sustentavam uma posição puramente punitiva, como se 
dar uma suspensão aos dois estudantes que se envolveram em 
uma agressão física fosse impedir que aquele tipo de violência 
voltasse a ocorrer . Houve, ainda, um comportamento que preci-
saria ser mais bem compreendido . A professora suspeitou que a 
história de Vitor sobre ter se machucado ajudando o pai poderia 
não representar o que realmente havia acontecido e ofereceu 
informações sobre o Conselho Tutelar, o que é importante . No 
entanto, a história não fala sobre outro importante papel da esco-
la, que é o de estar mais atenta quando há suspeita de violência . 
Uma ligação para a família poderia ter esclarecido que as versões 
desenvolvimento moral, ensino de habilidades sociais e na 
promoção de relações mais saudáveis, o fim da violência é 
gradual, mas depois duradouro. Isso quer dizer que os ca-
sos começam a ser menos graves antes de realmente di-
minuírem de frequência, mas, com o tempo e manutenção 
do trabalho em competências sociais, respeito e empatia, o 
bullying deixa de fazer sentido. Os próprios estudantes aler-
tam e barram tentativas de novas violências e todos ganham 
cidadãos mais conscientes e respeitosos.
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de Vitor sobre o incidente não eram iguais e ter servido de luz 
vermelha tanto para a escola quanto para a família de que algu-
ma coisa errada estava acontecendo com o jovem . 
 A família de Vitor também poderia ter tido uma atitude 
mais assertiva e sensível . Acreditar que o garoto caiu por ser de-
sastrado e que teve a “sorte” de ficar com uma marca similar a 
um soco no olho pode indicar inocência ou desinteresse . Não 
estamos incentivando um clima de desconfiança entre familia-
res, mas omitir, esconder e criar desculpas são comportamentos 
comuns de adolescentes, uma vez que suas habilidades sociais 
e de responsabilizar-se pelo que fazem ainda estão em desen-
volvimento . Cabe aos adultos, que já passaram dessa etapa e, 
em tese, desenvolveram mais habilidades, supervisionar o que 
acontece com os jovens . 
 Não estamos tentando fazer uma fila e distribuir culpas; 
apenas alertar

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