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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Levantamento de obras paralisadas - Dezembro/2019 – Grupo de Trabalho para Governança de Investimentos em Infraestrutura Exercício 2020 25 de setembro de 2020 Controladoria-Geral da União - CGU Secretaria Federal de Controle Interno RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Órgão: Diversos Unidade Examinada: Diversos Município/UF: Brasília/Distrito Federal Ordem de Serviço: 843821 Missão Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto. Auditoria Interna Governamental Atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização; deve buscar auxiliar as organizações públicas a realizarem seus objetivos, a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controles internos. SUMÁRIO SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 5 RESULTADOS DOS EXAMES 6 1. DAS OBRAS PARALISADAS EM DEZEMBRO DE 2019 6 1.2 - OBRAS PARALISADAS POR ESTADO 16 1.3 - PERFIL DOS MUNICÍPIOS COM OBRAS PARALISADAS 19 1.4 - DOS CONTRATOS VIGENTES A LONGA DATA 24 1.5 DAS LIMITAÇÕES DO LEVANTAMENTO 28 2. DA EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DE OBRAS PARALISADAS 30 3. AÇÕES PARA REDUZIR A QUANTIDADE DE OBRAS PARALISADAS 37 3.1 - TRANSPARÊNCIA NAS INFORMAÇÕES PARA VIABILIZAR O RECEBIMENTO E O CONTROLE SOCIAL DAS EMENDAS PARLAMENTARES 41 3.2 PORTARIA Nº 348/2016 45 3.3 - MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO DAS TRANSFERÊNCIAS DA UNIÃO - MEG-TR 46 3.4 – APERFEIÇOAMENTOS DOS SISTEMAS DE ACOMPANHAMENTO DE OBRAS E TRANSFERÊNCIAS 47 4. DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE PARALISAÇÃO DE OBRAS E DAS AÇÕES NECESSÁRIAS PARA RETOMADA E CONCLUSÃO 48 4.1 – DA CARÊNCIA DE RECURSOS 53 4.1.1 - RECURSOS PARADOS A LONGA DATA NAS CONTAS DAS OBRAS PARALISADAS 57 4.2 PLANEJAMENTO 60 4.3 – DAS DIFICULDADES DE COORDENAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DA FEDERAÇÃO E FALTA DE CAPACIDADE DOS ENTES FEDERADOS 62 4.4 – DEFICIÊNCIA DE PROJETOS 64 4.5 – ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE, MEIO AMBIENTE E AÇÕES JUDICIAIS 68 5. RESUMO DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO 71 RECOMENDAÇÕES 74 CONCLUSÃO 78 ANEXOS 80 ANEXO I – SURVEY FISCAIS E GESTORES 80 ANEXO II – ANÁLISE DA SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS X OBRAS PARALISDAS 95 ANEXO III - COMPARATIVO DA SITUAÇÃO EM DEZ/2019 E A RETRATADA PELO TCU COM DADOS DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 98 ANEXO IV - OBRAS INACABADAS FNDE 100 ANEXO V – MINUTA CCO E BREVE FUNDAMENTAÇÃO 101 ANEXO VI – FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DE CAUSAS E AÇÕES NECESSÁRIAS A RETOMADA DE OBRAS PARALISADAS 105 ANEXO VII – TABELAS EM EXCEL 107 QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO PELA CGU? Levantamento junto aos Ministérios dos quantitativos de obras paralisadas, inclusive com a extração de dados em sistemas, para identificar as obras com recursos federais paralisadas em dezembro/2019. Foram realizadas pesquisas com os gestores e fiscais de obras para auxiliar a compreensão dos dados. Solicitou-se ainda que os gestores indicassem as ações que já haviam sido empreendidas para enfrentar o problema, além de análises complementares para identificar as principais causas e, especialmente, as ações necessárias para retomada e conclusão desses empreendimentos. POR QUE A CGU REALIZOU ESSE TRABALHO? O relatório é decorrente do plano de trabalho do Grupo de Trabalho para Governança de Investimentos em Infraestrutura (GT Infraestrutura), no qual restou consignado que a CGU realizaria estudo de alternativas para o enfrentamento de obras paralisadas e para o incentivo à conclusão e operação desses empreendimentos. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS AS RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO SER ADOTADAS? O levantamento realizado indicou a existência de 10.916 instrumentos paralisados em dez/2019, compondo um investimento total de R$ 165,9 bilhões. Esse quantitativo é menor em 28,1% que aquele trazido no Acórdão nº 1.079/2019 - TCU - Plenário. Conforme mais recente levantamento (jun/2020), a tendência de redução continuou no primeiro semestre de 2020, com uma redução adicional de 8% na quantidade de obras paralisadas nas mesas bases. As necessidades de recursos da carteira contratada ainda são maiores que as disponibilidades de curto e médio prazos, logo as ações de adequação da carteira às disponibilidades devem ser mantidas e são conforme os elementos obtidos um dos grandes motivos da redução do número de instrumentos paralisados. Nesse sentido, devem ser evitados lançamentos de novos empreendimentos e recomenda-se o cancelamento daqueles contratados a longa data e que ainda não se iniciaram. Devem ser providenciados também o cancelamento ou postergação daqueles empreendimentos com desempenho ruim, concentrando os escassos recursos do erário federal e os esforços das equipes de fiscalização naquelas iniciativas com maior probabilidade de entregas efetivas à população. Para tanto, propõe-se uma racionalização da carteira com o encerramento de instrumentos identificados como de baixo desempenho. Nessa linha, propõe-se possibilitar a celebração de Compromisso de Conclusão de Obras – CCO como última tentativa de concluir as avenças com baixo desempenho. Também se faz necessária a divulgação das informações suficientes e tempestivas para que haja um accountability efetivo, permitindo um controle social da gestão e, inclusive, que a sociedade possa avaliar as decisões alocativas de recursos, tanto aquelas realizadas pelo Executivo quanto pelo Parlamento. Em relação às transferências voluntárias que concentram a maior quantidade de obras paralisadas, foi constatada a existência de um número significativo de obras paralisadas em pequenos municípios com dificuldades na gestão fiscal. Assim, se faz necessário que a União reconheça esse maior risco de inexecução das obras nesses entes e adote medidas para mitigá-los. Ainda em relação às transferências, entende-se importante a busca pela padronização de procedimentos entre os Ministérios e a concentração das transferências gradativamente na Plataforma+Brasil. Ademais é importante criar e fortalecer instrumentos de incentivo à melhoria de gestão e governança, como o Modelo de Excelência em Gestão das Transferências da União - MEG-Tr. Por fim, observa-se que há espaço para o centro de governo coordenar as diversas ações que já estão em andamento para retomada das obras paralisadas, assim como para melhorar a comunicação entre os órgãos envolvidos, controladores, licenciadores ambientais, inclusive, criando um foro permanente para mediação de eventuais conflitos. INTRODUÇÃO 1. A Resolução nº 1/2019 do Comitê Interministerial de Governança, dentre outras ações, instituiu Grupo de Trabalho para Governança de Investimentos em Infraestrutura (GT Infraestrutura), com objetivo de estabelecer orientação estratégica de investimento em infraestrutura de longo prazo, medidas e diretrizes aos Comitês Internos de Governança para melhoria da gestão desses investimentos e priorização dos investimentos plurianuais e orientação aos Comitês setoriais. 2. O plano de trabalho aprovado no GT Infraestrutura definiu que a CGU elaboraria estudo de alternativas para o enfrentamento de obras paralisadas e para o incentivo à conclusão e operação desses empreendimentos, e, em conjunto com a Secretaria de Gestão do Ministério da Economia (SEGES/ME), procederia à revisão de normativos para a desburocratização das transferências voluntárias e incentivos à entrega de obras. 3. Para cumprir esse objetivo, a CGU, inicialmente, buscou reuniões com os ministérios que possuíamas maiores carteiras de obras paralisadas, quais sejam: Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Infraestrutura (MInfra), Ministério da Saúde (MS), Ministério do Turismo (MTur) e Ministério da Cidadania (MC). Nessas reuniões, foi apresentada minuta de planilha para levantamento da situação de cada obra custeada com o Orçamento Geral da União (OGU). Com essas pastas setoriais foi realizado um levantamento piloto solicitando informações de 10 obras de cada Ministério. 4. Em 26/11/2019, foi emitido o OFÍCIO CIRCULAR Nº 247/2019/CAOB/DI/SFC-CGU da Controladoria Geral da União solicitando diversas informações às pastas setoriais sobre as obras em andamento. De forma suplementar foram retirados relatórios das bases de dados que a CGU tinha acesso em dezembro de 2019. 5. No período de 11/02/2020 a 09/03/2020, foram realizados dois Surveys (pesquisas eletrônicas) com o intuito de buscar as impressões dos fiscais de contratos de obras e dos gestores para que essas opiniões pudessem complementar e ajudar nas análises dos dados. 6. O presente relatório traz a consolidação das análises dos dados obtidos e propõe ações para tentar minimizar o problema das obras paralisadas e maximizar as entregas de infraestrutura à população. Vale destacar que o presente trabalho tem cunho híbrido de consultoria e avaliação, assim, a princípio, não haverá monitoramento quanto à implementação das recomendações que serão propostas, salvo caso específico a depender de orientação do centro de governo. 7. Observa-se que o foco desse relatório são as obras custeadas pelo OGU, apesar de os dados incluírem obras que integravam a carteira do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), mas que não compõem o OGU, apenas para comparação com levantamentos anteriores, por exemplo: contratos de financiamento do FGTS e obras das estatais não dependentes. 8. As obras do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, por suas especificidades, também não compõem o escopo do presente levantamento e estão sendo tratadas no âmbito do grupo de trabalho específico para as modalidades que operam com recursos do FAR, FDS e PNHR, cuja execução esteja atrasada ou paralisada, com participação da Secretaria Nacional de Habitação (SNH/MDR), CAIXA e Banco do Brasil (BB). Os resultados desse outro grupo serão acompanhados posteriormente por essa Controladoria. RESULTADOS DOS EXAMES 1. DAS OBRAS PARALISADAS EM DEZEMBRO DE 2019 9. Conforme relatado inicialmente, por meio do Ofício Circular nº 247/2019/CAOB/DI/SFC-CGU1, foram solicitadas diversas informações a todas as pastas setoriais2. Da união dessas informações com aquelas extraídas pela CGU das bases de dados, tem-se o seguinte quadro em relação às obras paralisadas em dezembro/2019. Tabela 1: Quantitativo de obras com recursos Federais em DEZ/2019 em execução e paralisadas. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 10. Assim, existiam 10.916 instrumentos paralisados em dezembro de 2019, que recebiam de alguma maneira recursos Federais3, compondo um investimento total de R$ 165,9 bilhões, dentro de um universo de 32.415 instrumentos em andamento, compondo uma carteira de aproximadamente R$ 945 bilhões. 11. As fontes de dados utilizadas são discriminadas na tabela a seguir4: Tabela 2: Obras em execução por fontes de dados utilizadas no levantamento. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas. 1 A lista de obras relacionadas ao programa 2065 - Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas, e obras decorrentes de Plano Básico Ambiental -PBA e PBAI, recebidas posteriormente à emissão do relatório preliminar, também não foram incluídas, porém a lista destas 167 obras no valor de pouco mais de R$ 58 milhões, incluído 4 paralisadas, estão relacionadas em anexo a esse relatório. 2 Conforme Nota Técnica nº 309 CAOB/DI/SFC/CGU (SEI nº: 1399557), só foram incluídas neste relatório as informações encaminhadas pelas pastas setoriais em tempo hábil para elaboração deste documento. 3 Além das obras OGU também estão incluídas as obras da carteira do financiamento do MDR e de estatais não dependentes incluídas no antigo PAC. 4 Todos documentos acostados no Processo nº 00190.110929/2019-74. Quantidade Valor do investimento 32.480 945.218.450.611,59R$ 10.916 33,6% 165.864.923.787,94R$ 17,5% Em execução Paralisadas Quantidade Valor do investimento Quantidade Valor do investimento Balanço PAC apenas MME**(jun/2019) 136 524.643.831.592,60R$ Resposta MDEFESA (ref. dez/2019) 874 128.637.622.833,62R$ Resposta MDR OGU Consolidação (ref. dez/2019) 8.198 90.667.043.329,09R$ Resposta Financiamento MDR (PAC) (ref. dez/2019) 798 96.474.691.700,43R$ Resposta MINFRA (ref. dez/2019) 804 66.729.362.132,38R$ Extração SIMEC Obras 2.0-FNDE (ref. 17/12/2019) 7.651 8.585.111.967,17R$ Base de dados DB_Gestores CAIXA (sem MDR, Defesa e Justiça) (ref. 17/12/2019) 6.079 7.743.493.794,23R$ Resposta MCTIC (Memorando nº 4759/2020/MCTIC) 218 7.347.607.081,44R$ Extração relatório SIGA-FUNASA ( ref. 18/12/2019) 2.342 5.502.481.908,51R$ Resposta SIMEC-SUP (ref. dez/2019) 553 3.245.049.939,79R$ Resposta MJustiça (ref. Dez/2019) 279 2.389.330.330,66R$ Extração SISMOB SAÚDE (ref. 17/12/2019) 4.074 1.794.601.445,53R$ SIMEC-TEC Resposta (dez/2019) 304 627.826.445,97R$ MTurismo fora CAIXA (ref. Dez/2019) 97 444.551.011,24R$ Resposta MEconomia(ref. Dez/2019) 64 378.231.082,58R$ Extração SIMEC-HOSP (ref. 17/12/2019) 9 7.614.016,35R$ Total 32.480 945.218.450.611,59R$ Fonte dos Dados Em execução 12. Os números das obras paralisadas em cada uma dessas bases e o percentual sobre o total são apresentados em seguir: Tabela 3: Obras paralisadas por fontes de dados utilizadas no levantamento. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas. 13. Ainda preliminarmente vale destacar que, em termos de quantidade, a maioria das obras paralisadas são empreendimentos executados via transferências voluntárias, enquanto, em termos de valor, as obras paralisadas são em sua maioria decorrentes de financiamentos concedidos aos entes federais ou executadas pela União, principalmente aquelas do Ministério de Minas e Energia (MME), executadas por estatais não dependentes com recursos não integrantes do OGU. Tendo em vista as particularidades desse último grupo, com uma menor governança da União, neste documento não haverá aprofundamento sobre essas obras, trazendo apenas os dados disponíveis nos últimos balanços do PAC para permitir a comparação de levantamentos anteriores, como aquele realizado pelo TCU, que subsidiou o Acórdão 1.079/2019 – Plenário/TCU. Gráfico 1 – Quantidade de obras paralisadas por ministério – DEZ/2019 Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. Balanço PAC apenas MME**(jun/2019) 14 10,3% 54.725.647.593,00R$ 10,4% Resposta MDEFESA (ref. dez/2019) 9 1,0% 16.523.925,21R$ 0,0% Resposta MDR OGU Consolidação (ref. dez/2019) 3.114 38,0% 33.798.331.731,50R$ 37,3% Resposta Financiamento MDR (PAC) (ref. dez/2019) 249 31,2% 46.073.833.837,60R$ 47,8% Resposta MINFRA (ref. dez/2019) 58 7,2% 20.122.223.617,55R$ 30,2% Extração SIMEC Obras 2.0-FNDE (ref. 17/12/2019) 3.088 40,4% 3.085.988.423,32R$ 35,9% Base de dados DB_Gestores CAIXA (sem MDR, Defesa e Justiça) (ref. 17/12/2019) 3.361 55,3% 4.298.511.551,56R$ 55,5% Resposta MCTIC (Memorando nº 4759/2020/MCTIC) 104 47,7% 77.238.661,87R$ 1,1% Extração relatório SIGA-FUNASA ( ref. 18/12/2019) 301 12,9% 791.132.265,59R$ 14,4% Resposta SIMEC-SUP (ref. dez/2019) 291 52,6% 1.988.195.545,22R$ 61,3% RespostaMJustiça (ref. Dez/2019) 28 10,0% 349.912.430,00R$ 14,6% Extração SISMOB SAÚDE (ref. 17/12/2019) 172 4,2% 65.334.026,50R$ 3,6% SIMEC-TEC Resposta (dez/2019) 81 26,6% 193.469.398,29R$ 30,8% MTurismo fora CAIXA (ref. Dez/2019) 15 15,5% 145.268.395,05R$ 32,7% Resposta MEconomia(ref. Dez/2019) 30 46,9% 133.203.707,21R$ 35,2% Extração SIMEC-HOSP (ref. 17/12/2019) 1 11,1% 108.678,47R$ 1,4% Total 10.916 33,6% 165.864.923.787,94R$ 17,5% Fonte dos Dados Paralisadas Quantidade Valor do investimento 14. Vale notar que a maior quantidade de obras paralisadas estaria sob a governança do MDR, MEC, MC5 e MTur, enquanto em termos financeiros se destacariam o MME, MDR (inclusive via financiamento) e MInfra, conforme se observa no Gráfico 2 subsequente. Gráfico 2 – Valor das obras paralisadas por ministério -DEZ/2019 Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 15. Cabe destacar que cada órgão, ou base de dados, tem seus próprios status e critérios de classificação da situação do instrumento, conforme já relatado no Acórdão nº 1.079/2019 – Plenário/TCU. Essa falta de padronização do que viria a ser uma obra “paralisada” dificulta a comparação entre desempenho e necessidades entre os Ministérios Setoriais. Nos termos do citado acórdão: 25. A falta de uniformização desse conceito compromete a transparência e pode prejudicar a tomada de decisões, bem como a priorização da alocação dos recursos para aqueles projetos que gerarão mais benefícios à sociedade. 16. Assim, tem-se que fazer ressalvas quando da comparação dos resultados entre as diferentes bases e/ou ministérios, pois os critérios de classificação dos status das obras podem ser diferentes em cada pasta. Ademais, o próprio critério de obra e empreendimento leva a distorções na análises, visto que um empreendimento pode ser composto de várias obras (instrumentos), de sorte que, quando se faz a contagem em sistemas que controlam empreendimentos, como o antigo SisPAC (Sistema de Monitoramento do PAC), tem-se resultado diverso do obtido a partir dos sistemas que controlam contratos ou instrumentos de repasse, como é o caso da maioria dos demais sistemas. 17. Para exemplificar essa diferença, tomemos como exemplo o empreendimento de duplicação de 227,14 km na rodovia BR-116/RS, entre as cidades de Guaíba/RS e Pelotas/RS, código SisPAC: 5.748. Nos dados do último balanço do PAC de junho/2019, 5 Notadamente na Secretaria Especial do Esporte. observa-se 1 empreendimento em execução com investimento estimado de aproximadamente R$ 2 bilhões. Tabela 4: Registro do empreendimento duplicação BR-116/RS no SisPAC. Fonte: Balanço do PAC junho/2019. 18. Porém, se analisarmos os dados do SIAC (Sistema de Acompanhamento de Contratos) do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), esse empreendimento corresponderia a 4 obras paralisadas e 5 em andamento. Isso porque o empreendimento foi dividido em 9 lotes6, cada um correspondendo a um contrato, conforme abaixo: Tabela 5: Registro do SIAC para o mesmo empreendimento duplicação BR-116/RS correspondendo a 9 registros de obras. Fonte: NOTA TÉCNICA Nº 2115/2018/CGEOB/DG/SFC-CGU. 19. Assim, os resultados podem ser bastante diversos a depender do parâmetro utilizado. Diga-se que não há critério único e mais adequado, sendo evidente que os órgãos organizam e gerem as informações em função de suas particularidades. No exemplo acima, a Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura (SDI/ME), como órgão central de planejamento em infraestrutura, necessitava de informações mais agregadas, para tanto utilizava como referência os empreendimentos no SisPAC. Por sua vez, o DNIT possui a necessidade de controlar cada contrato para operacionalizar as construções. 20. Fechando este parêntese e voltando ao panorama atual das obras paralisadas, há que se observar que diferentes ministérios realizam obras com tipologias semelhantes, como exemplo: quadras esportivas e poliesportivas são realizadas pelo Ministério da Defesa (MD) no programa Calha Norte, pela Secretaria Especial do Esporte/MC e pelo FNDE, nas escolas. Outro exemplo seriam os serviços de pavimentação urbana realizados por vários ministérios, apesar da preponderância do MDR. 21. Assim, em termos de quantidades, os tipos de obras paralisadas mais comuns são as “Pavimentações e calçamentos urbanos7”, correspondendo a 2.499 obras, 23% do 6 Dados da NOTA TÉCNICA Nº 2115/2018/CGEOB/DG/SFC-CGU e do Relatório de Eficiência Alocativa (Relatório 201801352). 7 Havendo que se notar que as obras de pavimentação e calçamento favorecem propostas de redução de metas para conclusão dos empreendimentos, apesar do pequeno valor médio das avenças. Identifica dor Nome do empreendimento Tipo Subtipo Estágio em JUN-19 Valor do investimento Execução Física (%) em JUN-19 5748 BR-116/RS - Duplicação de Guaíba à Pelotas Rodovias Duplicação Em obras 1.987.388.094,82 13,5 Segmento Lote da Obra Contrato Status do Contrato Valor Total Percentual execução 300.54 ao 325 Lote 01 00457/2012 Paralisado 183.570.506,26 62,3% 325 ao 351.34 Lote 02 00458/2012 Paralisado 161.673.412,48 70,5% 351.34 ao 373.22 Lote 03 00459/2012 Paralisado 102.593.432,99 63,3% 373.22 ao 397.2 Lote 04 00460/2012 Ativo 140.611.841,65 55,7% 397.18 ao 422.3 Lote 05 00461/2012 Ativo 170.601.786,37 43,1% 422.3 ao Km 428.16 / 428.84 ao Km 447.97 Lote 06 462/2012 Ativo 148.890.627,27 50,7% 448.5 ao 470.1 Lote 07 00463/2012 Ativo 150.437.083,93 52,2% 470.1 ao 489 Lote 08 00464/2012 Paralisado 139.316.076,58 77,2% 489 ao 511.76 Lote 09 465/2012 Ativo 147.216.425,29 75,6% B R -1 1 6 /R S - D u p li c a ç ã o G u a íb a à P e lo ta s total de empreendimentos, seguidos por escolas, creches e espaços educacionais (1.998 obras, 18,4%) e “Campos, quadras e coberturas de quadras esportivas e poliesportivas, inclusive escolares”, com 1.439 ocorrências, representando 13,2% do total. Logo esses três tipos de obras correspondem a mais da metade (54,6%) dos empreendimentos paralisados e inacabados em termos de quantidade. Gráfico 3 – Quantidade de obras paralisadas por Tipologia Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 22. Por sua vez em termos de valores as tipologias mais representativas seriam aquelas relacionadas a exploração e refino do petróleo e gás (R$ 53,9 bilhões), seguidas pelas de mobilidade urbana (R$ 45,9 bilhões) e rodovias (R$ 19,32 bilhões). Gráfico 4 – Valor das obras paralisadas por Tipologia (R$ Bilhões) Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 23. Como dito, as obras do MME, como as relacionadas a petróleo e gás, não são custeadas pelo OGU, assim como boa parte dos recursos dos empreendimentos de mobilidade, saneamento e abastecimento de águas, que são onerosos aos entes federados, já que disponibilizados mediante financiamentos. Se limitarem as tipologias pelo OGU, foco deste relatório, o quadro seria o seguinte. Gráfico 5 – Valor OGU das obras paralisadas por Tipologia (R$ Bilhões) Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 24. Ainda em relação às tipologias, chama a atenção que, das 3.381 obras que estavam paralisadas e receberam recursos de emendas parlamentares, a maior parte se destinava a recursos de pavimentação e calçamentos urbanos, num total de 1.749 (51,7%). Diga-se, que a maior parte desses instrumentos, na ação orçamentária “1D73 – Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano”, num total de 1.586 instrumentos paralisados nessa ação orçamentária que receberam recursos de emendas. Tabela 6: Obras paralisadas que receberam recursos de emendas parlamentares por tipologia8 Fonte: Elaboração própria comos dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 25. Vale observar que a ação 1D73 foi avaliada anteriormente pelo TCU no processo nº TC 016.327/2017-9, no qual a corte de contas observou: 11. Os créditos orçamentários da Ação 1D73 costumam derivar de dotações nominalmente identificadas (emendas parlamentares) . Nos últimos três anos (2015- 2017) , 85% de todos os repasses advieram de emendas parlamentares. Apesar de a ação ter em seu nome referência à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, 87% 8 Destaca-se que, para as transferências voluntárias, foram tratados como “obras” os instrumentos relacionados a aquisição de máquinas e equipamentos, projetos e planos, assim como considerado no levantamento do TCU, pois entendesse que as recomendações emitidas também são aplicáveis a esses instrumentos. Tipologia Pavimentação e calçamentos urbanos 1749 51,7% 1.142.568.424,21 37,7% Outras obras de infraestrutura desportiva 222 6,6% 107.534.646,94 3,5% Saúde 202 6,0% 168.984.616,74 5,6% Máquinas e equipamentos 181 5,4% 91.832.453,56 3,0% Campos, Quadras e Coberturas de Quadras Escolares, Esporte e Poliesportivas 178 5,3% 77.206.757,62 2,5% Praças 163 4,8% 83.565.007,73 2,8% Estádios, Ginásios e Centros Esportivos 127 3,8% 83.126.528,39 2,7% Estradas vicinais 79 2,3% 43.384.662,22 1,4% Demais Tipologias 480 14,2% 1.232.051.443,51 40,7% Obras paralisdas com recursos de emendas Quantidade Valor do Investimento 3.030.254.540,92 3381 dos recursos foram destinados apenas a obras de pavimentação urbana ou serviços de recapeamento entre 2014 a 2017. A conjunção desses dois dados permite afirmar que a Ação 1D73 trata-se, de fato, principalmente, de uma política pública de pavimentação urbana conduzida em grande parte por parlamentares federais. (Acórdão nº 2359/2018 - PLENÁRIO/TCU, grifo nosso) 26. Diga-se, que o conforme tratado no item 4.1, o Congresso Nacional também tem disponibilizado significativos recursos para a ação 1D73 na LOA de 2020, mesmo sem solicitação do Executivo no PLOA 2020 para investimentos vinculados à ação. 27. Há que se notar que 10.110 das obras paralisadas identificadas nesses relatórios, correspondentes a 93% dos empreendimentos paralisados, tinham valor inferior a R$ 10 milhões, porém esse espectro só representa 6,5% do investimento total. Por sua vez, existem apenas 28 empreendimentos de valor superior a R$ 1 bilhão, contudo esses empreendimentos juntos correspondem a 66% do valor da carteira de instrumentos paralisados. Gráfico 6 – Obras paralisadas por faixa de Valor Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 28. Detalhando um pouco mais a faixa de obras paralisadas de menor valor, percebemos que 4.336 são obras de valor de investimento menor que R$ 500 mil, e 4.039 na faixa, entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhões. Assim, 76,7% das obras paralisadas possuíam valor menor que R$ 1,5 milhões e, portanto, podem ser consideradas pequenas obras. https://contas.tcu.gov.br/sagas/SvlVisualizarRelVotoAcRtf?codFiltro=SAGAS-SESSAO-ENCERRADA&seOcultaPagina=S&item0=632171 Gráfico 7 – Obras paralisadas faixa de Valor – detalhamento obras menores que R$ 10 milhões. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 29. Em relação ao estágio em que se encontra esses empreendimentos, segmentaram-se as obras pelo percentual de execução física, conforme gráfico a seguir: Gráfico 8 – Obras paralisadas por percentual de execução física. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 30. Assim, em termos de quantidade de empreendimentos, 5.285 obras paralisadas teriam 50% ou mais de execução, correspondendo a 49% do número de empreendimentos. Em termos de valor de investimento, essas obras que teriam avançado mais da metade corresponderiam a pouco mais de R$ 48 bilhões, aproximadamente 29% do valor total de investimento do universo de obras paralisadas. Isso se deve a um grande número relativo de obras de grande valor paralisadas em seus estágios iniciais. 31. Logo, diante do elevado número de obras de valor mais elevado paralisadas em fase embrionária, e como, obviamente, esses empreendimentos em estágio inicial demandarão mais recursos para sua conclusão que aqueles em estágio mais avançado, tem-se que para a conclusão das obras com até 20% de execução seriam necessários R$ 10,8 bilhões, ou 54,4% dos R$ 19,8 bilhões de valores a título de OGU necessários para a conclusão da carteira OGU paralisada em dezembro/2019. A tabela a seguir apresenta o quantum orçamentário necessário para a conclusão das obras de acordo com o percentual de execução9. Tabela 7 : Valor necessário para concluir as obras paralisadas x % de Execução. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 32. Vale observar que o valor total de R$ 19,8 bilhões é notadamente subestimado, pois: 1) muitas das obras estão paralisadas justamente porque estão em revisão de projeto e, provavelmente, necessitarão de recursos adicionais; 2) muitas das obras estão com o valor do investimento registrado pelo seu valor histórico, ou seja, sem os reajustes devidos; 3) existem algumas inconsistências nas informações prestadas. Diga- se, ainda, que esse valor se refere ao débito orçamentário, sendo o valor financeiro requerido ainda maior. 33. Ademais, o valor para retomada e conclusão das obras paralisadas não pode ser tomado em separado das obras em andamento. Há que se observar que um dos maiores problemas na gestão das carteiras é a pulverização dos recursos em várias obras para que elas não parem, porém concedidos em valor insuficiente para que elas consigam realizar as entregas em um prazo razoável10. Gráficos 9 – Obras paralisadas por percentual de execução física MINFRA e MDR. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 9 Retiradas as obras incluídas na carteira de financiamento do MDR e do MME que não são OGU. 10 Nesse sentido vide Relatório nº 201801352 desta CGU, disponível em: https://auditoria.cgu.gov.br/download/12692.pdf. % de Execução Física Soma de Valor do Investimento Soma de Total empenhado Soma de Valor da Contrapartida 0-5% 21.821.145.183,62 4.819.166.678,73 10.018.789.166,91 6.983.189.337,98 35% 5-20% 6.295.089.120,96 2.028.139.889,64 443.967.933,93 3.822.981.297,39 19% 20-50% 9.128.019.755,95 4.607.435.598,76 828.242.981,78 3.692.341.175,41 19% 50-80% 12.715.810.411,50 7.790.687.542,44 2.402.054.121,10 2.523.068.747,96 13% 80-95% 4.791.429.535,83 3.745.301.012,50 366.688.983,48 679.439.539,85 3% maior que 95% 9.254.855.502,97 7.088.604.581,14 983.306.472,54 1.182.944.449,29 6% Não informado 1.059.092.846,51 57.536.591,00 15.054.130,51 986.502.125,00 5% Estimativa do valor orçamentário do OGU para conclusão dessas obras (R$)= Quanto faltaria de orçamento 19.870.466.672,88 https://auditoria.cgu.gov.br/download/12692.pdf 34. Por fim, é possível observar uma concentração dessas obras paralisadas em estágio inicial (menos de 20%) em alguns ministérios, como o MInfra e o MDR. Vale observar, nos gráficos a seguir, que a quantidade de obras com execução até 20% é a soma das duas primeiras colunas. 35. Parte desse comportamento pode ser explicado no MDR pela edição da Portaria nº 715, de 28 de dezembro de 2017, do antigo Ministério das Cidades, a qual estabelece, para controle de riscos na execução orçamentária, a necessidade de avaliação dos impactos orçamentários quando da emissão da Síntese de Projeto Aprovado (SPA) ou concessão de Autorizaçãode Início de Objeto (AIO). Assim, no MDR há um instrumento de controle orçamentário no momento do início efetivo da obra, além daquele executado na celebração do instrumento, previsto na Lei nº 8.666/93. Esse controle adicional é importante quando se tem obras que são iniciadas um longo tempo após a assinatura do ajuste, pois as condições orçamentárias podem ter mudado significativamente nesse ínterim11. 36. Além das transferências voluntárias que são firmadas usualmente com cláusulas suspensivas, esse tipo de controle pode ser necessário nas obras executadas por contratação integrada, na qual, a fase de elaboração e aprovação de projeto tem levado um tempo significativo12. 37. Cabe observar que a paralisação de uma obra em seus estágios iniciais é, geralmente, menos gravosa que a paralisação em estágios mais avançados, tanto em razão do menor valor imobilizado quanto da menor probabilidade de perda de serviços já executados. Assim, a postergação dos empreendimentos ainda em fases iniciais, ou mesmo o cancelamento, buscando a priorização de obras em estágio mais avançado é uma situação que se impõe. 38. Outro dado importante para as análises é a idade destes instrumentos. Há que se observar que, em média, esses instrumentos foram celebrados há cerca de 10 anos, em decorrência da existência de instrumentos celebrados há mais de 20 anos13 escalando essa média. Na sequência, apresenta-se a distribuição dessas obras paralisadas por ano de celebração. 11 Há que se observar também que esse controle implica em um grande número de instrumentos de contratos de repasse contratados e não iniciados, especialmente em algumas carteiras como a de saneamento, vide itens 1.4 e 4.1 deste relatório. 12 Em relatório de avaliação nº 201505075 o tempo médio entre a assinatura do instrumento e o início das medições era de 191 dias. Ainda nesta linha no Relatório nº 201900044 esta CGU realizou recomendação ao DNIT para que regulamentasse a emissão de ordens de início de obras determinando, especificamente, para que seja avaliada, previamente ao início efetivo das obras, a compatibilidade entre o orçamento disponível e o planejado, para os próximos dois anos, em vassalagem ao disposto nos incisos I e II do art. 16 e no art. 45, ambos da LRF, além de outras prescrições de leis orçamentárias (LOAs e LDOs); 13 Como o TC-08-004/1999 para a implantação do Rodoanel em São Paulo assinado em 30/04/1999 valor de R$13 bilhões, como também instrumentos de transferência pequenos e simples como o Convênio 146059, assinado em 05/07/2002 com o Município de São José de Ubá/RJ, para aquisição de trator, recuperação de estrada vicinal e telefonia rural num valor de R$ 205 mil. Gráficos 10 – Obras paralisadas em dezembro/2019 por ano de Contratação. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 39. Vale observar no gráfico acima a grande concentração de instrumentos hoje paralisados celebrados nos anos de 2013 e 2014, correlacionado com as elevadas contratações de instrumentos nesses anos. 1.2 - OBRAS PARALISADAS POR ESTADO 40. Os estados com mais obras paralisadas são Bahia (1.012), Maranhão (905), Minas Gerais (877) e São Paulo (832). Apresenta-se a seguir mapa de calor com os empreendimentos: Gráficos 11 – Quantidade de Obras paralisadas por Unidade da Federação Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. Observação: para a elaboração do mapa, foram desconsiderados 12 instrumentos, localizados em mais de uma UF. Em termos de valores os estados com mais obras paralisadas são: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, conforme a seguir: Gráficos 12 – Valor de Obras paralisadas por Unidade da Federação Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. Observação: para a elaboração do mapa, foram desconsiderados 12 instrumentos localizados em mais de uma UF. 41. A seguir apresenta-se mapa de calor com as posições georreferenciadas das obras paralisadas14 no Brasil, no qual se verifica a grande concentração de obras paralisadas na região nordeste e nos municípios próximos a São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, indicados na cor amarela. 14 Foi utilizada a posição georreferenciada da sede do município onde se localiza a obra, Gráficos 13 – Mapa de calor obras paralisadas no Brasil Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 42. Abaixo apresenta-se mapa ilustrando parte do Brasil, com destaque para a região nordeste e parte da região norte, no qual os círculos representam as sedes dos municípios que possuem obras paralisadas. Vale esclarecer que, quanto mais escura (vermelha) a cor, maior o número de obras paralisadas no município. Gráficos 14 – Visão geral obras paralisadas nos municípios do Nordeste Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 43. Assim, se observa grande concentração de obras paralisadas em municípios do interior do nordeste. 1.3 - PERFIL DOS MUNICÍPIOS COM OBRAS PARALISADAS 44. Se forem isoladas para análises as obras executadas nos municípios - portanto, desconsiderando aquelas obras em rodovias que passam por diversos municípios, assim como aqueles convênios firmados com os estados para execução de obras em diversas cidades, observa-se que a maioria das obras que estavam paralisadas em dezembro/2019 eram executadas em municípios de pequeno porte, com menos de 50 mil habitantes, correspondendo a 6.698 empreendimentos, ou 64,3% do total de obras paralisadas15. Porém, as obras nas cidades menores correspondem a apenas 19,5% do valor das obras paralisadas. Tabela 8:Obras paralisadas por tamanho da população do município. Observação: Não estão sendo contadas as obras em mais de um município Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. Gráficos 15 – Municípios menores e médios com mais obras paralisadas. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3 15 Para essa análise, não se consideram aqueles instrumentos que preveem obras em diversos municípios, obras rodoviárias do MINFRA e os financiamentos, por isso o número de 10.420. 16 Índice Firjan de Gestão Fiscal – IFGF calculado com base em resultados fiscais oficiais, declarados pelas próprias prefeituras. Essas informações são disponibilizadas anualmente pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN, maiores detalhes no Anexo II - ANÁLISE DA SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS X OBRAS PARALISADAS. 45. Apesar da pulverização desses investimentos, alguns municípios concentram um número significativo de obras paralisadas, ao lado apresenta-se os 10 Municípios com mais obras paralisadas para as faixas de população de até 50 mil habitantes e de 50 a 500 mil/habitantes. 46. Cabe notar que esses municípios que concentram os maiores números de obras paralisadas são em sua maioria da região norte e nordeste. Outra semelhança é que estão em situação fiscal ruim. A título de exemplo, o Município de Breves no Estado do Pará possuía 34 obras com recursos federais paralisadas ou inacabadas possui um IFGF16 médio nos últimos 10 anos de 0,227 que o coloca em situação da gestão fiscal tida como crítica. População do Município Quantidade de obras Paralisadas % Valor do Investimento Obras Paralisadas % Maior que 500 mil 827 7,9% 14.841.736.454,16 41,0% Entre 50 mil e 500 mil 2925 28,1% 14.284.177.644,78 39,5% Menor que 50 mil 6698 64,3% 7.052.291.396,47 19,5% Total Geral 10420 36.178.205.495,41 47. Neste diapasão, se for confrontada a situação fiscal dos municípios (pela utilização do índice IFGF publicado pela FIRJAN) nos últimos anos com a situação das obras em dezembro/2019(obtida no SIMEC FNDE OBRAS 2.017), obtêm-se o seguinte resultado: Gráficos 16 – Situação das obras contratadas de acordo com a situação da gestão fiscal dos municípios. Fonte: Elaboração própria com os dados extraídos do SIMEC-Obras 2.0 em 17-12-2019 e com o índice IFGF, da FIRJAN. 48. Do gráfico acima, é possível verificar o pior desempenho dos municípios em situação fiscal tida como “crítica” e com “dificuldade” quando comparados com aqueles em melhor situação fiscal em média nos últimos 10 anos, pois esses têm mais obras paralisadas e um menor número de obras concluídas, em relação às obras custeadas pelo FNDE. De fato, os Municípios em pior situação fiscal têm um percentual de obras paralisadas em média 3 vezes maior que aqueles em situação “boa” ou “excelente”. No Anexo II, apresenta-se estudo utilizando a base de dados da CAIXA DB_Gestores, e a situação fiscal média de 5 e 10 anos, obtendo resultados convergentes no sentido do pior desempenho dos municípios com maiores dificuldades nas questões fiscais. 49. Não é surpresa que municípios com gestão fiscal ruim concentrem o maior número de obras paralisadas. Para ilustrar tal situação, apresentam-se abaixo duas imagens com as coordenadas dos municípios com obras paralisadas, nas quais, os diâmetros das circunferências são proporcionais à quantidade de obras paralisadas, e as cores indicam a situação fiscal: vermelha – crítica; laranja– dificuldade; verde – boa; roxo - não informada. 17 Nesses estudos utilizamos apenas as bases de dados do SIMEC e da CAIXA, pois é necessário o histórico da execução contratual e não apenas dos instrumentos vigentes em 2019. Gráficos 17 – Mapa situação das obras contratadas x situação da gestão fiscal dos municípios. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 50. É possível observar no mapa a maior concentração de obras paralisadas em municípios em situação crítica, representada pelos círculos vermelhos, na região norte e nordeste no primeiro mapa, especialmente quando comparada com a situação dos municípios das demais regiões do Brasil. Gráficos 18 – Mapa situação das obras contratadas x situação da gestão fiscal dos municípios. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 51. Ainda nessa toada há que se observar que atualmente mais de 80% das obras paralisadas se encontram em municípios em situação crítica ou com dificuldade na gestão fiscal, logo, com baixa capacidade de investimento18. Assim, as soluções a serem propostas para conclusão dessas obras paralisadas tem que levar em conta as limitações de investimento dos entes federais. Tabela 9: Obras paralisadas por situação fiscal do município. Fonte: Elaboração própria com os dados obtidos nas bases referenciadas nas tabelas 2 e 3. 52. Tal quadro indica a necessidade de aperfeiçoamento dos controles utilizados para aferição da capacidade financeira-orçamentária dos entes federados quando da celebração de instrumentos de repasse. Porém, tal decisão pode implicar em maior concentração de investimentos nas regiões mais desenvolvidas em detrimento daquelas mais carentes e que possuem maior necessidade desses investimentos. 53. Assim, tendo em vista a necessidade de investimentos públicos federais nesses municípios em situação fiscal difícil e, consequentemente, com elevados riscos de incapacidade de cumprimento da contrapartida financeira, inclusive dos recursos de custeio para futura operação e manutenção dos empreendimentos, faz-se necessário que a União assuma maiores responsabilidades no processo, especialmente porque há correlação entre a gestão fiscal ruim e a falta de capacidade institucional desses entes19. 54. Para tanto, poder-se-ia focar e ampliar os investimentos em obras nesses municípios contratadas pela União por meio de seus órgãos de fomento, como: a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) , a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), dentre outros. Porém, tal solução parece não se ajustar com a atual posição do governo de privilegiar um novo federalismo com maior participação dos entes federados20. Ademais, experiências passadas também demonstram dificuldades na gestão desse modelo centralizado, especialmente, no momento da transferência da gestão dos empreendimentos construídos aos entes e, consequentemente, dos custos de operação e manutenção. 18 Um dos indicadores que compõe o IFGF é a capacidade de investimentos, medido pelo valor dos investimentos dividido pela receita total. 19Essa visão também é compartilhada com os fiscais e gestores, pois obtiveram-se 66% de 57% de concordância, respectivamente, para o questionamento sobre se a falta de capacidade de gestão de obras de alguns entes subnacionais, a União ou sua mandatária deveriam assumir maiores responsabilidades no processo, além de ampliar o suporte técnico. (mais detalhes constam do ANEXO I SURVEY FISCAIS E GESTORES) 20 Em verdade, a solução da problemática da falta de capacidade institucional de determinados municípios e sua elevada dependência da União perpassa a discussão do “Novo Federalismo”. Situação fiscal segundo o IFGF médio 10 anos Quantidade de obras Paralisadas % Valor do Investimento Obras Paralisadas % Excelência 14 0,1% 27.441.030,43 0,1% Boa 1911 18,3% 19.239.151.416,83 53,2% Dificuldade 4777 45,8% 11.499.808.696,35 31,8% Crítica 3707 35,6% 5.368.821.156,25 14,8% Sem informação 41 0,4% 32.938.138,11 0,1% Total Geral 10420 36.178.205.495,41 55. Também é importante que os órgãos repassadores de recursos e suas mandatárias promovam mais ações de suporte técnico e capacitação desses entes, porém sabe-se que por vezes essas ações não trazem os resultados esperados devido à descontinuidade administrativa, com a troca dos servidores e responsáveis por acompanhar as transferências. 56. Vale destacar também que é usual que as transferências voluntárias sejam firmadas com cláusula estabelecendo que a responsabilidade pelos reajustes contratuais é exclusiva do ente recebedor dos recursos. Tal dispositivo busca induzir os convenentes a executar o ajuste mais rapidamente para minimizar seus custos com a avença. 57. Apesar desse incentivo aparentemente benéfico, atualmente existe um elevado número de instrumentos de transferência paralisados celebrados há mais de 5 anos, e para instrumentos antigos, pode haver desinteresse do ente em dar continuidade à avença, pois essas obras estariam mais “caras” em termos de recursos locais, quando comparada à celebração de outro convênio para uma nova obra. 58. Para melhor ilustrar esse argumento, vale apresentar como exemplo um convênio para a construção de uma creche celebrado em dezembro/2014 no valor original de R$ 1 milhão, sendo 90% do custo sob responsabilidade da União e 10% a título de contrapartida. Suponha-se que as obras foram realizadas até sua metade no primeiro ano da avença, os custos foram pagos proporcionalmente entre contrapartida e repasses federais, mas a obra se encontra paralisada desde então. Supondo que não houve perdas dos serviços executados, restariam R$ 500 mil a serem arcados proporcionalmente pelas partes, R$ 450 mil para União e R$ 50 mil para o ente, acrescidos dos reajustes, um encargo exclusivo do convenente. Tendo em vista que o INCC-M21 entre dez/2014 e dez/2019 foi de aproximadamente 30%, concluir a obra custaria em valores atualizados R$ 650 mil, dos quais, R$ 200 mil seriam de responsabilidade do convenente. Vale observar que o valor a título de conclusão do remanescente é bem maior que o custo de uma contrapartida de, por exemplo, uma creche nova de R$ 1,3 milhão na mesma proporção de 10%, logo, R$ 130 mil. 59. Obviamente que para o poder público como um todo a construçãoda segunda creche seria mais onerosa quando comparada à conclusão do remanescente de obra, porém, exclusivamente em relação ao erário do ente federal, a posição é inversa. 60. Buscando minimizar esse risco de desinteresse dos entes nos remanescentes de obras, é importante impedir a lavratura de novos instrumentos de repasses com objetos semelhantes às obras paralisadas, ou mesmo concluídas, mas sem operação. 61. Vale observar que atualmente vige a Portaria Interministerial nº 424/2016, a qual dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. A referida portaria traz em seu art. 41, § 15, dispositivo que veda a liberação da primeira parcela de recursos para o início de execução de novos instrumentos quando o convenente tiver instrumentos apoiados com recursos do Governo Federal sem execução financeira por prazo superior a 180 (cento e oitenta) dias. 62. Nesse mesmo diapasão de incentivar a conclusão dos ajustes existentes em detrimento ao início de novas obras, sugere-se que na assinatura do CCO (Compromisso 21 Índice Nacional de Custo da Construção – M: mede a evolução do valor dos custos de construções com fins habitacionais. de Conclusão de Obras) se possibilite a destinação de emendas parlamentares para custear os aumentos nas contrapartidas e, assim, incentivar a priorização dessas obras também pelos demais entes nacionais. 63. Sugere-se ainda que se reconheça a limitada capacidade de investimentos desses entes e, consequentemente, a impossibilidade de assumir novos compromissos financeiros com a União a título de contrapartida. Frisa-se que não se defende que os entes em dificuldades fiscais não recebam recursos via transferências voluntárias, mas, tendo em vista o elevado risco de que esses venham a faltar com suas responsabilidades, uma solução possível para tratar esse risco é minimizar a necessidade de contrapartidas desses entes na celebração dos instrumentos de transferências. 64. Vale observar que o controle da capacidade financeira dos proponentes para celebração de instrumentos de transferência é, em geral, bastante limitado, sendo usualmente exigida apenas uma declaração de previsão orçamentária da contrapartida associada à comprovação por meio de cópia da Lei Orçamentária Anual. Assim, sugere- se estabelecer critério com base nos dados do Siconfi-STN22 para limitar o valor que os entes federados possam assumir a título de contrapartidas financeiras acumuladas com a União. 65. Sugere-se ainda que entes federados que tenham obras paralisadas por insuficiência de contrapartida não possam celebrar novos instrumentos de repasse com a União que exijam qualquer valor a título de contrapartida, em obediência aos art. 16 e 45 da LRF, recorta-se o último dispositivo citado por sua clareza. Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. (grifo nosso) 66. Por fim, tendo em vista a necessidade de se realizarem investimentos federais via transferências nesses entes, sugere-se que os órgãos repassadores façam seleções específicas para os municípios com baixa capacidade de investimento sem a exigência de contrapartida financeira, inclusive, dos reajustes. 1.4 - DOS CONTRATOS VIGENTES A LONGA DATA 67. Nem todos os instrumentos de repasse celebrados entre a União e os entes federados chegarão ao seu bom termo. Nesse sentido, cabe observar que historicamente na base da CAIXA, de 25% a 30% desses instrumentos serão extintos sem a conclusão de seu objeto. Abaixo apresentam-se curvas com o percentual acumulado de instrumentos concluídos para cada “carteira” anual de contratos de 2008 a 2016. 22 Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro. Gráfico 19 – Percentual acumulado de instrumentos concluídos por carteira anual. Fonte: Elaboração própria com os dados DB_Gestores-CAIXA. 68. Nas curvas é possível observar o percentual total de obras concluídas sobre o total de contratadas quando a curva se horizontaliza. Também é possível verificar que, via de regra, 80% dos instrumentos que serão concluídos23 atingem esse estágio nos 5 primeiros anos de sua celebração, restando, portanto, um pequeno número de obras que serão concluídas após esse período24. Abaixo separe-se a curva dos instrumentos celebrados em 2009, mostrando uma coluna com o estágio atual desses instrumentos. Gráficos 20 – Percentual acumulado de instrumentos concluídos da carteira da base CAIXA ano 2009. Fonte: Elaboração própria com os dados DB_Gestores-CAIXA. 23 Retirando do cálculo os instrumentos extintos (cancelados). 24 Obviamente há que se excepcionalizar as obras de grande vulto e complexidade, mas essas são minoria em termos numéricos nas carteiras de transferências voluntárias. 69. No gráfico anterior, é possível observar na coluna em verde os contratos da carteira de 2009 que ainda permanecem em execução há mais de 10 anos. Cabe destacar que a manutenção de contratos de repasse por tanto tempo é problemática, além da questão dos valores dos reajustes, da não entrega dos resultados efetivos à sociedade apesar da mobilização de recursos, há custos significativos para a União e sua mandatária em acompanhar e monitorar esses contratos. É possível até que esses instrumentos celebrados há longa data não mais se alinhem às diretrizes das novas políticas públicas, assim pode não ser mais oportuna sua execução. 70. Chama a atenção a situação específica de determinados contratos como a operação 9427425, lavrado no último dia útil de 1999, e cuja última medição teria ocorrido em 31/07/2003. Diga-se que esse não é um caso isolado, já que, em análise aos dados da base da CAIXA, é possível identificar 1.569 contratos cujo último desbloqueio ocorreu anteriormente a 1º de janeiro de 2017, ou seja, há mais de três anos26 do levantamento, conforme demonstrado a seguir: Tabela 10: Quantitativos e valores dos investimentos de instrumentos sem desbloqueio Fonte: Elaboração própria com os dados DB_Gestores-CAIXA 17/12/2019. 71. Manter contratos de repasses vigentes por prazo tão extenso e sem andamento pode vir a ser entendido como omissão do dever de prestar contas dos recursos aplicados. Cabe destacar que a Portaria Interministerial nº 424/2016, que entrou em vigência no dia 02/01/2017, indica, em seu art. 41, a vedação de repasses a entes que tenham instrumentos apoiados pela União sem execução há mais de 180 dias: § 15. É vedada a liberação da primeira parcela de recursos para o início de execução de novos instrumentos quando o convenente tiver instrumentos apoiados com recursos do Governo Federal, sem execução financeira por prazo superior a 180 (cento e oitenta) dias. 72. Vale destacar que para os instrumentos celebrados na Plataforma +Brasil existe controle desse prazo via OBTV27 com marcador nos instrumentos e indicador da 25 Ampliação e melhoria do sistema coletor de esgotamento sanitário na cidade de Macapá-AP-Bacia das Mulheres, valor do investimento R$ 2.058.494,72. 26 Vale observar que 721 instrumentos de repasse vigentes estariam sem informação da data de desbloqueio. 27 Ordem Bancária de Transferências Voluntárias Ano último Desbloqueio Quant. Valor Investimento (R$) Anteriores a 2010 45 30.132.261,13 2010 51 217.545.474,68 2011 83 192.837.988,09 2012 175 283.714.156,82 2013 176 553.471.494,23 2014 189 1.165.649.385,25 2015 242 1.970.500.377,36 2016 608 2.182.557.256,83 Totais 1.569 6.596.408.394,39quantidade de instrumentos de repasse com mais de 180 dias sem execução financeira após o recebimento da primeira parcela. A seguir, apresenta-se recorte do painel gerencial da Plataforma indicando 12,9% dos instrumentos nessa situação. Imagem 01 – Recorte do Painel Gerencial da Plataforma +Brasil Fonte: Painel Gerencial Plataforma +Brasil, http://plataformamaisbrasil.gov.br/paineis-gerenciais-brasil, acesso em 26/04/2020. 73. Contudo, há que se destacar que o § 15º, do art. 41, da mesma Portaria, veda a liberação de recursos para novos instrumentos quando o convenente tiver quaisquer instrumentos apoiados com recursos do Governo Federal sem execução há 180 dias, não restringindo aos instrumentos da Plataforma +Brasil. Logo, para o concedente cumprir essa determinação normativa, haveria que estar disponível a informação de todos os instrumentos apoiados com recursos federais, o que ainda não existe em um cadastro unificado. Tal lacuna só será suprida com o lançamento do cadastro único de obra, que está sendo desenvolvido pela SEGES/ME, e para o qual recentemente foi publicado o regulamento, Decreto nº 10.496/2020, o qual institui o Cadastro Integrado de Projetos de Investimento. 74. Outra questão interessante ainda em relação à base de dados da CAIXA é a existência de 1.359 instrumentos celebrados anteriormente a 1º de janeiro de 2017 que ainda se encontram com o registro de obras não iniciada, alguns com autorização de início e outros não. Tabela 11: Quantitativo e valores de instrumentos celebrados e não iniciados há mais de 3 anos. Observação: Como não foram obtidos os valores empenhados para as bases do SIMEC e FUNASA, adotou-se o a integralidade dos recursos como valor necessários a conclusão. Fonte: Elaboração própria, detalhada no Anexo VII, Planilha 2 – Instrumentos de Transferência celebrados anteriormente a 01/01/2017 e não iniciados. Fonte dos Dados Quantidade de instrumentos Valor do Investimento Quanto faltaria OGU MDR 367 5.390.476.540,60 4.608.191.211,34 CAIXA-(sem MDR) 992 1.249.865.379,67 230.595.767,84 SIMEC-FNDE 993 1.042.882.907,08 Sem informação FUNASA 549 63.040.232,26 Sem informação SISMOB-Saúde 150 53.363.605,91 33.139.001,62 MINFRA 4 1.167.588.702,24 1.036.219.160,25 Subtotais 3.055 8.967.217.367,76 7.014.068.280,39 Instrumentos de Transferência celebrados anteriormente a 01/01/2017 não iniciados até dez/2019 http://plataformamaisbrasil.gov.br/paineis-gerenciais-brasil 75. Há que se destacar que a responsabilidade de parte dessas obras não se iniciarem pode ser atribuída em alguns casos à União, especialmente em relação às obras do MDR, tendo em vista ter se instituído nesse ministério um instrumento de controle orçamentário anterior à emissão da AIO, a já citada Portaria nº 715/2017 do antigo Ministério das Cidades. Porém, mesmo nesses casos, deveria ser avaliada a conveniência e oportunidade em se denunciar essas avenças, tendo em vista a atual situação das carteiras de projetos de investimento com valores incompatíveis com as disponibilidades de curto prazo. 76. Ademais, em alguns setores como o de saneamento básico, foi aprovado um “Novo Marco Regulatório” e alguns desses empreendimentos idealizados inicialmente como obras públicas podem ser executados via parcerias com o setor privado (Concessões e PPPs), por exemplo. Inclusive, passado tanto tempo, há a necessidade de se avaliar se ainda persiste a necessidade de política pública que motivou a formalização desses instrumentos celebrados a longa data. 77. Observa-se ainda que o Decreto nº 10.012/2019, que descentralizou a gestão do PAC às pastas setoriais, expressamente previu como atividades de gestão e governança a serem exercidas pelos Ministérios executores definir os empreendimentos e adequar seus escopos e seus valores de modo compatível com a disponibilidade orçamentária e financeira anual e a previsão no Plano Plurianual da União (PPA), sendo evidente que o cancelamento destes instrumentos abriria significativo espaço no portifólio. 78. Por fim, diga-se que não está sendo proposto que tais obras não sejam executadas, pois poderão ser objetos de novos instrumentos em momento mais conveniente e em conformidade com os novos normativos. Ademais na recomendações do subitem 5 deste relatório, está se sugerindo a concessão de prazo para o início efetivo dessas obras, de sorte que os Ministérios possam priorizar dentro das disponibilidades existentes aquelas mais relevantes. 1.5 DAS LIMITAÇÕES DO LEVANTAMENTO 79. O presente levantamento, assim como aquele realizado pelo TCU no Acórdão nº 1.079/2019 – TCU - Plenário, é baseado nos dados de instrumentos de transferências28 extraídos de sistemas de informações disponíveis no Governo Federal. Há que se relatar que eles refletem a situação de contratos existentes, fato que pode não refletir a situação da “obra”. Vale observar que os sistemas de informação existentes atualmente na União estão preparados para realizar o acompanhamento dos contratos e instrumentos de transferência, mas, em sua maioria, não conseguem refletir a entrega efetiva da obra à sociedade29. 80. Nesse ponto há que se observar que um contrato de construção de obra pode ser legalmente concluído sem que a infraestrutura prometida seja entregue à sociedade, por exemplo, quando por erro de projeto supera-se o limite legal de aditivos e tem-se que realizar nova contratação para concluir o objeto. Assim muitos esqueletos de obras públicas não possuem ajustes vigentes e não aparecem nesse levantamento, destaca-se 28 Contratos, convênios, contratos de repasse, termos de execução descentralizada, dentre outros. 29 Salvo o SISMOB e mais recentemente o SIMEC Módulo Obras 2.0 que trazem as informações de funcionamento. Também, vale observar que o sistema da CAIXA diferencia o status do contrato do status das obras, porém não indica a entrada ou não em funcionamento. que o SIMEC possui o registro das obras inacabadas para identificar essa situação, mas é uma exceção. 81. Tampouco a entrega da infraestrutura per si é garantia de que a sociedade receberá algum benefício do investimento, que só será usufruído de fato com a entrada em operação do empreendimento. 82. Como exemplo, pode-se apresentar os registros do Sistema de Monitoramento de Obras (SISMOB -Saúde), que indicavam a existência de 174 contratos paralisados em 26 de agosto/2019, porém 1.135 não estariam em funcionamento pelos dados do mesmo sistema. Demostra-se abaixo a distribuição geográfica destes investimentos: Gráficos 21 – Obras paralisadas versus registros de operação no SISMOB-Saúde. Fonte: Dados Extraídos do SISMOB em 26/08/2019 – Elaboração Própria 83. Ainda segundo os registros do SISMOB, os principais motivos para não entrada em funcionamento dessas infraestruturas sociais seriam: falta de equipamentos, falta de recursos humanos e recursos de custeio insuficientes. Tais motivos remetem a falhas de gestão e carência de recursos de custeio dos municípios. Gráficos 22 – Motivos mais alegados para não entrada em operação no SISMOB-Saúde. Fonte: Dados Extraídos do SISMOB em 26/08/2019 – Elaboração Própria 84. De outra banda existem obras de infraestruturas entregues a sociedade para as quais os contratos permanecem em aberto com as partes litigando sobre suas respectivas obrigações, e por vezes estão registrados como paralisados nos sistemas. 85. Cabe destacar que, além do status do instrumento de concluída ou paralisada não corresponder, por vezes, a entregas ou sua falta, cada órgão ou base de dados tem seus próprios status e critérios de classificação da situação do instrumento, conforme já relatado no Acórdão nº 1.079/2019 – TCU - Plenário. 86. Ademais, existem algumas inconsistências nas informações disponíveis nas bases de dados e nas informações prestadas pelos órgãos, pois apresentam divergências entre si30. 87. Apesardessas limitações, esses levantamentos permitem a visão atualizada dos principais problemas enfrentados nas obras, visto que refletem a quase integralidade das obras contratadas diretamente ou apoiadas pela União. Assim, as limitações aqui sucintamente relatadas devem ser encaradas como oportunidades de melhoria dos sistemas de informação, sendo estes, apesar das limitações, a melhor evidência disponível para o presente trabalho. 88. Ademais, a execução desses levantamentos em certa periodicidade permite identificar as tendências de aumento ou redução dos quantitativos de obras paralisadas, e com isso medir os resultados das ações empreendidas, conforme será tratado no capítulo a seguir. 2. DA EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DE OBRAS PARALISADAS 89. O presente ponto traz uma análise comparativa do quadro atual diagnosticado pela CGU com aquele retratado pelo Acórdão nº 1.079/2019 – TCU - Plenário, com os dados do primeiro semestre de 2018, e busca verificar a efetividade das ações que já foram tomadas pelos diversos gestores relacionadas à questão de obras paralisadas. 90. Destaca-se que o número de 10.916 trazido no ponto anterior não é diretamente comparável com o número de 14.403 obras paralisadas apontadas pela Corte de Contas no citado Acórdão, pois: i) a CGU utilizou um número de bases de dados mais amplo que aquele trazido no acórdão; ii) como um empreendimento pode equivaler a diversos contratos (instrumentos), quando se utiliza os dados do SisPAC que controlava empreendimentos, tem-se um menor número de registros, ademais um empreendimento poderia estar com o registro de “em execução” com parte dos instrumentos que o compõe estando paralisadas e outras não; iii) nesse levantamento indicando 10.916 a CGU concedeu preferência as informações registradas pelos ministérios ante ao registrados nos sistemas31; 30 A título de exemplo, vide OFÍCIO Nº 2695/2020/CAOB/DI/SFC/CGU (SEI: 1405173), que tratou das divergências da resposta do DNIT e das informações da base do SIAC. 31 Ressalvamos que foi aplicada a regra dos 90 dias sem desembolso também sobre as informações prestadas pelos ministérios, ou seja, se na resposta do ministério (ou mesmo na base da CAIXA) as obras 91. Assim, para tornar os números comparáveis com aquele trazido no Acórdão nº 1.079/2019 - TCU - Plenário, retiramos da relação do acórdão as obras do SisPAC, tendo em vista que esse sistema foi descontinuado após junho de 2019, e comparamos com a evolução das obras nas mesmas bases de dados32. Tabela 12: Obras paralisadas nas mesmas bases do Acórdão nº 1.079/2019 -TCU- Plenário Fonte: Elaboração própria com dados extraídos das bases indicadas na primeira coluna e do Acórdão nº 1.079/2019-TCU-Plenário 92. Da tabela acima é possível observar uma redução significativa do número de obras paralisadas em todas as bases de dados, com exceção da carteira do MEC-FNDE, culminando numa redução de 2.660 instrumentos de investimentos classificados como paralisados entre abril/2018 e dezembro/2019, 28,1% do quantitativo. 93. Em setembro/2019 esta CGU havia realizado levantamento inicial nas referidas bases33, no qual, foi observada a existência de 9.672 instrumentos com status de paralisados naquele momento. não estavam com status de paralisadas, mas se havia execução física iniciada e a obra estava a mais de 90 dias sem desembolso esta foi considerada como paralisada. 32 Vale destacar que pode haver alguma divergência entre os filtros utilizados pela CGU e o TCU nas bases de dados tendo em vista a inexistência de normativos claros indicando o que se entende por paralisação, por exemplo, logo essa comparação tem que ser feita com ressalvas. Ademais, houve alteração na base da CAIXA do SIAPF para o DB-Gestores entre os levantamentos, que também pode trazer alguma perturbação nessa comparação, além da já noticiada descontinuação do SisPAC. 33 No levantamento de agosto, não foram incluídas as obras do SIMEC Educação Superior e Técnica e SIAC, não incluídos também os dados do SisPAC. Total de Obras (ativas) Paralisadas % Total de Obras (ativas) Paralisadas % CAIXA (fora PAC -ref. 17/12/2019) 10.393 5.624 54% 14.224 8.771 62% DNIT (fora PAC, SIAC -ref. 17/12/2019) 744 154 21% 1.168 294 25% FUNASA ( ref, 18/12/2019) 2.342 300 13% 2.287 418 18% SIMEC-SUP (ref. 17/12/2019) 553 221 40% 645 253 39% SIMEC-TEC (ref. 17/12/2019) 304 64 21% 367 72 20% SIMEC-FNDE ( ref. 17/12/2019) 7.651 3.088 40% 9.055 2.303 25% Total 21.987 9.451 43% 27.746 12.111 44% Banco de dados Levantamento CGU - Dez/2019 Acórdão 1079/2019 - TCU (data-base abril/2018) 94. Após a emissão da primeira versão do relatório preliminar e envio aos gestores do relatório para manifestação, foi realizado um terceiro levantamento com data-base de junho/2020, nas mesmas bases, novamente ressalvando- se o SisPAC, que fora descontinuada. Conforme levantamento, a tendência de redução do número de instrumentos paralisados continuou no primeiro semestre de 2020 no total dessas bases, com uma redução de 8%. Porém, observa-se aumento de obras paralisadas nas 3 bases de dados do MEC e estabilidade na base da FUNASA. Assim, a redução é decorrente de uma pequena redução (5%) nas paralisações de contratos do DNIT e, especialmente, da redução de 1.021 registros de paralisação nos instrumentos acompanhados pela CAIXA, compondo uma redução de 18% nesta última carteira. Gráficos 23 – Variação dos registros de paralisação nas mesmas bases do TCU fora SisPAC. Fonte: Elaboração própria com dados das bases indicadas e Acórdão nº 1.079/2019-TCU-Plenário. 95. Apresenta-se a seguir em formato de tabela os dados utilizados no gráfico 23 demonstrando a variação do número de obras paralisadas por base entre os levantamentos. Valendo destacar também que entre dez/19 e jun/2020 se observou a redução do número de empreendimentos “ativos” nessas bases de 22.558 para 21.873, em um movimento de redução de carteira em andamento de R$ 72,6 bilhões para R$ 68,2 bilhões. Tabela 13: – Variação dos registros de quantidades de paralisação entre os levantamentos Fonte: Elaboração própria com dados das bases indicadas e Acórdão nº 1.079/2019-TCU-Plenário. BASE DE DADOS abr/18 ago/19 % variação entre os levantament os dez/19 % variação entre os levantament os jun/20 % variação entre os levantament os CAIXA DB-GESTORES (fora PAC) 8.771 6.399 -27% 5.624 -12% 4.603 -18% SIMEC-FNDE 2.303 2.956 28% 3.088 4% 3.305 7% FUNASA 418 317 -24% 301 -5% 302 0% SIMEC-SUP 253 221 246 11% SIAC - DNIT (fora PAC) 294 154 147 -5% SIMEC-TEC 72 64 78 22% Total de obras paralisadas 12.111 9.672 -20% 9.452 -2% 8.681 -8% Não análisadas no levantamento inicial 33 96. Há que se notar ainda o grande aumento de instrumentos que estavam com o status de "TCE EM INSTAURAÇÃO"34, um total de 3.678, em 08/06/2020, indicando a possibilidade de denúncia/rescisão de muitas obras e iniciando-se processo de eventual responsabilização35. Frisa-se que, dos instrumentos registrados nesse status, 1.772 poderiam ser considerados paralisados/inacabados, mas não foram incluídos como tal neste relatório, pois as ações para ressarcir o erário já estariam sendo empreendidas, logo não se subsumiriam às nossas recomendações36. 97. Vale observar também que extraímos a posição das obras da Saúde no Sistema SISMOB em 29/06/2020 no qual ainda havia 89 obras paralisadas, uma carteira de R$ 37,1 milhões, contra 172 paralisadas que somavam R$ 65,3 milhões em dez/2019. 98. Assim, se acrescentarmos os dados das bases da CAIXA e SIAC do PAC e os do SISMOB, temos o seguinte quadro de instrumentos paralisados em junho/2037. Tabela 14: – Situação obras em jun/2020. Fonte: Elaboração própria com dados das bases indicadas. 99. Frisa-se que, apesar de um universo de dados menor que aquele de dez/2019, a amostra é bastante representativa das obras financiadas pelo OGU, 26 milinstrumentos em um universo de 32 mil ativas. 34Havia um total de 2.743 instrumentos em 17/12/2019 com o status de "TCE EM INSTAURAÇÃO", dos quais, 1.079 instrumentos registrados nesse status poderiam ser considerados paralisados/inacabados, mas não foram incluídos como tal neste relatório, pois as ações para ressarcir o erário já estariam sendo empreendidas, logo não se subsumiriam as recomendações. 35 Cabe destacar que conforme resposta o Ofício nº. 0135/2020/GEOTR-CAIXA, a situação apresentada para essas operações é apenas um indicativo, visto que a Instrução Normativa TCU 71/2012, estabelece que os processos de Tomadas de Contas Especiais somente devem ser instaurados quando esgotadas todas as medidas administrativas visando a reparação ou elisão da irregularidade geradora de prejuízo ao erário. 36 Cabe observar que o número de obras tidas como paralisadas pela CAIXA na sua base era de 3.583 instrumentos em jun/2020, enquanto em nosso levantamento utilizamos a regra dos 90 dias sem desbloqueio indicando um número bem maior de instrumentos paralisados de 4.603. 37 Utilizado o mesmo critério do levantamento do TCU, incluindo contratos de supervisão e execução de projetos na base do SIAC/DNIT, e 90 dias sem desbloqueio na base da CAIXA. Total de Obras (ativas) Paralisadas % Total de Obras (ativas) Paralisadas % CAIXA (fora PAC -ref. 08/06/2020) 9.841 4.603 47% 11.565.985.018,51 5.464.944.915,52 47% CAIXA ( PAC -ref. 08/06/2020) 1.111 689 62% 40.598.358.726,75 18.631.059.391,67 46% DNIT (PAC - SIAC -ref. 19/06/2020) 582 78 13% 24.274.388.373,10 3.594.373.541,88 15% DNIT (Fora PAC - SIAC -ref. 19/06/2020) 733 147 20% 15.890.847.174,36 2.264.225.708,78 14% FUNASA (Fora PAC, ref, 08/06/2020) 1.637 123 8% 1.191.742.148,21 71.676.872,71 6% FUNASA (PAC, ref. 08/06/2020) 840 179 21% 3.239.600.590,10 764.819.904,88 24% SIMEC-SUP (ref. 08/06/2020) 572 246 43% 3.219.460.988,91 1.711.798.561,88 53% SIMEC-TEC (ref. 08/06/2020) 333 78 23% 566.812.708,33 159.693.146,65 28% SIMEC-FNDE (PAC ref. 08/06/2020) 4.508 2.026 45% 3.986.039.203,91 1.606.940.477,66 40% SIMEC-FNDE (fora PAC ref. ref. 08/06/2020) 2.827 1.279 45% 4.291.733.504,08 1.533.189.035,88 36% SISMOB (29/06/2020) 3.389 89 3% 1.592.552.952,51 37.149.072,92 2% Total de instrumentos paralisados 26.373 9.537 36% 110.417.521.388,77 35.839.870.630,43 32% Banco de dados Levantamento CGU - Jun/2020 34 100. Apesar de parte dessa redução do quantitativo de obras inacabadas poder ser atribuída à atualização de informações dos sistemas, tal redução é notável, especialmente diante do quadro de restrição fiscal observado nos exercícios de 2018 e 2019, e está relacionada com a redução do número total de obras nas carteiras. De fato, houve uma pequena redução do percentual de contratos paralisados sobre os ativos, de apenas 2%, indicando um esforço na compatibilização das carteiras de investimentos com as atuais disponibilidades de recursos. 101. Buscando explicar essa redução no quantitativo de obras, a CGU analisou a base de dados da CAIXA, que apresentou a maior redução do número de obras paralisadas, menos 3.147 instrumentos com status “paralisado”. Nessa análise, verifica-se que 8.001 obras teriam sido concluídas38 no exercício de 2019, quantidade 27,3% superior à do ano de 2018 e a maior quantidade de instrumentos concluídos desde 2012. Gráficos 23 – Quantidade de instrumentos contratados e concluídos por ano – BASE DB_Gestores. Fonte: Elaboração própria, dados extraídos DB-Gestores data: 17/02/202039. 102. Também é interessante notar a redução no número de instrumentos lançados no exercício de 2019, assim a redução do estoque de contratos ativos pode ser parcialmente explicada pela conclusão de 1.589 obras a mais que aquelas lançadas. 103. Porém, há que se observar que a carteira ativa ainda representa um desafio frente às disponibilidades de recursos atuais, em razão da contratação em anos anteriores de valores muito superiores às entregas. Nessa linha de argumentação, apresenta-se o comparativo dos valores dos instrumentos firmados por ano, ainda na base da CAIXA. 38 Como a base DB-Gestores não possui o campo data de conclusão da obra, a CGU utilizou como parâmetro a data do último desbloqueio das obras com status: “objeto concluído” e “obra física concluída”. 39 Para essa análise não se utilizou os dados de 17/12/2019, tendo em vista a prática reiterada anualmente de se celebrar muitos contratos no encerramento do exercício, conhecida como “dezembrada”. 35 Gráficos 24 – Valor dos instrumentos contratados e concluídos por ano – DB-Gestores. Fonte: Elaboração própria, dados extraídos da base DB-Gestores, de 17/02/2020. 104. De fato, incluindo todos os instrumentos contratados, inclusive aqueles não iniciados e em cláusula suspensiva40, tem-se uma carteira ativa de quase R$ 65 bilhões, restando a empenhar R$ 22,6 bilhões e a pagar R$ 43,7 bilhões41, apenas nos instrumentos de transferência que possuem a CAIXA como mandatária. Tabela 13: Valores orçamentários e financeiros necessários a conclusão da carteira na CAIXA Fonte: Elaboração própria, Dados extraídos DB-Gestores data: 17/02/2020. 105. Frisa-se que tais dados não se referem diretamente às obras paralisadas, mas sim a toda a carteira, valendo observar que a concorrência por recursos está ligada ao alongamento do prazo de conclusão das obras e, por vezes, às paralisações. 106. Vale observar ainda que, dos R$ 64,7 bilhões de repasses da União registrados na base da CAIXA, R$ 50 bilhões são de competência do MDR e suas vinculadas, de sorte que, dos R$ 22,6 bilhões de saldo a empenhar, R$ 21,3 bilhões são de responsabilidade desse Ministério. Em relação ao financeiro devido, R$ 32,5 bilhões seriam de responsabilidade do MDR e R$ 11,2 bilhões das demais pastas. Vale destacar que o MDR possui ainda uma relevante carteira fora da CAIXA. De fato o valor de empenho necessário para a conclusão da carteira do Ministério seria de aproximadamente R$ 33 bilhões. 40 Retirando-se apenas aqueles extintos ou em prestação de contas/TCE. 41 Chama a atenção a diferença de mais de R$ 16 bilhões entre os valores empenhados e desembolsados, explicado pelo elevado volume de restos a pagar dos ministérios que trabalham com transferências voluntárias, vide Relatório de Restos a Pagar, STN, 2020, no qual o MDR possui saldo de R$ 23 bilhões em restos a pagar. Situação das Obras DB-Gestores 17/fev/2020 Quantidade de instrumentos Total de Repasse devido pela União Valores Empenhados Valores Desembolsados Valor Desbloqueado COM AUTORIZAÇÃO PARA INÍCIO 2.448 1.606.463.764,38 1.301.348.942,59 482.158.898,23 - EXECUÇÃO INICIADA 11.922 46.423.999.187,38 29.296.659.168,26 25.699.519.524,95 21.058.475.024,84 EXECUÇÃO NÃO INICIADA 15.200 16.710.911.287,24 11.477.619.321,05 305.104.890,73 - Total Geral 29.570 64.741.374.239,00 42.075.627.431,90 26.486.783.313,91 21.058.475.024,84 22.665.746.807,10 38.254.590.925,09 43.682.899.214,16 Quanto falta empenhar (R$)= Quanto falta transefrir para as contas vinculadas (R$)= Quanto falta medir e pagar (R$)= 36 Tabela14: Valores orçamentários e financeiros necessários a conclusão da carteira na CAIXA – Comparativo MDR e demais pastas Fonte: Elaboração própria, Dados extraídos DB-Gestores data: 17/02/2020. 107. Situação semelhante é retratada na base do SIAC, na qual também se verifica a contratação de obras em volume muito maior que as entregas até o exercício de 2014, e se verifica um lançamento reduzido de obras nos exercícios de 2018 e 2019, em um nítido movimento de ajuste do tamanho da carteira. Gráficos 25 – Valor dos instrumentos
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