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atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 1 atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência ATOS ILÍCITOS Fatos jurídicos (lato sensu - em sentido amplo) 1. Fatos naturais (stricto sensu - em sentido estrito): ordinários extraordinários 2. Fatos humanos - atos jurídicos (lato sensu - em sentido amplo) lícitos: são atos humanos que a lei defere os efeitos pretendidos pelo agente. São os atos praticados em conformidade com a lei e produzem os efeitos jurídicos voluntários. ato jurídico (stricto sensu - em sentido estrito ou meramente lícito) negócio jurídico ato-fato jurídico atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 2 ilícitos: são atos praticados em desconformidade com o prescrito no Ordenamento Jurídico, repercutem na esfera do direito, produzem efeitos involuntários. É praticado com infração ao dever legal de não causar danos a outrem. Toda conduta culposa que causa dano a alguém gerando o dever de repará-lo. Está presente na parte geral do Código Civil, nos artigos 186 -188 do título III, enquanto a responsabilidade civil está na parte especial, no artigo 927. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Da responsabilidade civil - título IX Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Observação: É portanto uma fonte de obrigação: a de indenizar ou ressarcir o prejuízo causado. atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 3 É praticado com infração a um dever de conduta, por meio de ações ou omissões culposas ou dolosas, das quais resulta dano a outrem. Responsabilidade civil: é quando o causador de um dano tem a responsabilidade de reparar através de indenização. Mas nem sempre decorre de um ato ilícito, assim como nem todo ato ilícito gera uma responsabilidade de reparar. 1. Espécies de responsabilidade: Responsabilidade Penal: Direito Público; Código Penal; Mais gravosa - recai no sujeito. Responsabilidade Civil: Direito Privado; Código Civil; Menos gravosa - recai no patrimônio. Espécies de responsabilidade civil: Responsabilidade Contratual: existe uma relação jurídica prévia; Responsabilidade Extracontratual: inexiste relação jurídica prévia; Responsabilidade Subjetiva: conduta (ação ou omissão), nexo causal, dano e culpa → 04 elementos da responsabilidade civil; Responsabilidade Objetiva: conduta (ação ou omissão), nexo causal e dano. Pressupostos da responsabilidade civil: 1. conduta (ação ou omissão): a lei refere-se a qualquer pessoa que por ação ou omissão venha causar dano a outrem. Na maioria dos casos a conduta se dá por ação (atuação positiva). A omissão ganha relevância jurídica quando o agente é responsável por agir ou praticar algum ato que impeça a ocorrência atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 4 do dano. Exemplo: a omissão de prestar alimentos, gera o dever aos pais de prestá-lo. 2. culpa: lato sensu - abrange toda espécie de comportamento contrário ao direito (dolo e culpa) dolo: violação deliberada, consciente e intencional de um dever jurídico. Neste caso, o agente pratica um ato ilícito voluntariamente, sua conduta já nasce ilícita. culpa: conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo direito, com a produção de um evento danoso involuntários, porém previsto ou previsível. elementos: conduta voluntária com resultado involuntário, previsão ou previsibilidade, falta de cuidado, cautela, diligência ou atenção. espécies: culpa grave (violação mais séria), leve e levíssima. culpa concorrente: ao lado da culpa do agente, se faz presente também a culpa da vítima pelo resultado danoso. A indenização deverá ser repartida. imprudência: proceder sem cautela, de forma positiva, no qual o agente está consciente de que deveria se abster. Exemplo: médico dá injeção sem verificar se o paciente é ou não alérgico ao injetado; dirigir em alta velocidade. negligência: conduta omissiva, quando se deixa de tomar uma medida que era devida. imperícia: incapacidade técnica para o exercício de determinada função, profissão ou arte. 3. nexo causal: é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano causado. atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 5 4. dano: é toda lesão a um bem juridicamente protegido, causando prejuízo de ordem patrimonial ou extrapatrimonial. dano material: é a lesão concreta que atinge o patrimônio da vítima, acarretando sua perda total ou parcial. É suscetível de avaliação pecuniária. dano emergente: atinge o patrimônio presente da vítima (1ª parte do art. 402, cc.) lucro cessante: atinge o patrimônio futuro da vítima (2ª parte do art. 402, cc.). dano moral: é toda agressão injusta aos bens imateriais, aqueles que integram os direitos de personalidade, tais como honra, dignidade, liberdade, imagem, bom nome,.. A pessoa jurídica deve demonstrar cabalmente o dano moral sofrido. dano estético: é a lesão à beleza física, ou seja, à harmonia das formas. Exemplo: mutilações, cicatrizes,.. 2. Interdependência entre o juízo cível e criminal: Há casos em que um ilícito repercutirá na esfera cível e criminal. A fim de garantir a harmonia entre os julgados, bem como a segurança nas relações jurídicas, o legislador estabeleceu a independência relativa entre os juízos penal e civil, determinando que em alguns casos a declaração do juízo penal (ocorrência ou inocorrência) sejam tomadas como premissas inafastáveis do juízo cível. Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. EXCLUDENTES DE ILICITUDE - 188, DO CC Hipóteses em que a conduta do agente, embora cause dano a outrem, não viola o dever jurídico, isto é, não está sob censura da lei. São causas de excludente da atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 6 ilicitude, como: exercício regular de um direito, legítima defesa e estado de necessidade. Legítima defesa: art. 188, I, Código Civil. Alguém, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Requisitos: que ela seja injusta (de natureza ilícita); a iminência da agressão (reação imediata contra o agressor, desde que presente o temor justo de que a agressão seja direcionada a ele; e, que os meios sejam proporcionais à agressão. Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa, não pode o agente ser responsabilizado civilmente pelos danos provocados. Entretanto, se por engano ou erro de pontaria, terceira pessoa foi atingida (ou alguma coisa de valor), neste caso deve o agente reparar o dano. Mas terá ação regressiva contra o agressor, para se ressarcir da importância desembolsada. Exercício regular de um direito: art. 188, I, 2ª parte, CódigoCivil. Se alguém exercita um direito, previsto e autorizado de algum modo pelo ordenamento jurídico, não pode ser punido, como se praticasse um delito. Se o sujeito extrapola os fins delimitados pela lei, fala-se em abuso do direito ou exercício irregular do direito, art. 187, CC. Estado de necessidade: art. 188, II, Código Civil. O agente não age em situação injusta, mas atua para proteger um direito seu ou de outrem de uma situação de perigo concreto. PRESCRIÇÃO X DECADÊNCIA O Direito tem um prazo para ser exercido, não podendo ser eterno, sendo assim, sujeita-se a: prescrição e decadência. Regulam a perda de um direito pelo decurso de um período de tempo em função da inércia ou desinteresse do titular desse direito. Prescrição: interrompe a possibilidade de se exigir judicialmente um direito em consequência da inércia do titular durante certo lapso de tempo. EXTINGUE A PRETENSÃO - perda do direito de pedir. atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 7 Espécies: Prescrição extintiva: é a perda da possibilidade de reivindicar um direito por decurso (perda) do prazo - faz desaparecer os direitos. Prescrição intercorrente: ocorre no decurso do processo, ou seja, o autor já provocou a tutela jurisdicional por meio da ação, se o processo ficar paralisado, sem justa causa, caracterizando a desídia (desistência) do autor, fica configurada a prescrição intercorrente. Prescrição aquisitiva: corresponde ao usucapião. Nessa espécie, além do tempo e da inércia ou desinteresse do dono anterior, é necessário a posse do novo dono. Prescrição ordinária: o prazo é genericamente previsto em lei, no artigo 205 do cc. - a prescrição ocorre em 10 anos quando a lei não lhe haja fixado outro prazo. Prescrição especial: o prazo prescricional é pontualmente previsto em lei - artigo 206, cc. Art. 206. Prescreve: § 1 o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 8 da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2 o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. § 3 o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má- fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 9 § 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5º Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, em qualquer fase do processo, em qualquer instância, exceto: 1. em sede de recurso especial ou extraordinário; 2. a liquidação de sentença; e, 3. em ação rescisória. A prescrição pode ser arguida: 1. pelas partes; 2. pelo de juiz, de ofício, somente quando for de interesse de absolutamente incapaz; 3. pelo MP, apenas em nome de incapaz e dos interesses de tutela; 4. pelo curador, em favor do curatelado. Decadência: é a perda de um direito em função do decurso do prazo, ou seja, perdeu o prazo, extingui o processo. EXTINGUE O DIREITO PELA INÉRCIA DO https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art921 atos ilícitos, excludentes de ilicitude, prescrição e decadência 10 TITULAR. A eficácia deste direito estava subordinada ao exercício deste, dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. Decadência legal: prazo fixado por lei, reconhecido, de ofício, pelo juiz é irrenunciável; Decadência convencional: prazo eleito e fixado pelas partes, não pode ser alegado pelo juiz, é renunciável. prescrição decadência é um instituto de interesse privado é de interesse público é renunciável, tácita ou expressamente não admite renúncia pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita pode ser conhecida a qualquer tempo ou grau de jurisdição o juiz PODE conhecer de ofício o juiz DEVE conhecer de ofício os prazos admitem suspensão e interrupção os prazos não admitem suspensão e interrupção os prazos não podem ser modificados por vontade das partes —
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