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1 PREPARATÓRIO: FUNSAÚDE CONTEÚDO: PORTUGUÊS PROFESSOR(A): SÉRGIO ROSA MATERIAL TEÓRICO EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Agora, vamos estudar os principais empregos de alguns sinais de pontuação. A pontuação marca na escrita as diferenças de entonação, contribuindo para tornar mais preciso o sentido que se quer dar ao texto. Há alguns sinais de pontuação cujo emprego, atualmente, obedece a uma razoável disciplina, como a vírgula, o ponto e vírgula, os dois-pontos e o ponto de interrogação. Outros têm emprego mais livre, mais subjetivo, como o ponto de exclamação e as reticências. PONTUAÇÃO GRÁFICA Pontuação é o conjunto de sinais que representam, na língua escrita, as pausas e a entonação da língua falada. Ela é composta dos seguintes sinais de pontuação: 1. vírgula , 2. ponto e vírgula ; 3. ponto . 4. ponto de exclamação ! 5. dois pontos : 6. ponto de interrogação ? 7. aspas " " 8. travessão ─ 9. reticências ... 10. parênteses ( ) 11. colchetes [ ] VÍRGULA De um modo geral, a vírgula marca uma pausa de pequena duração. Entretanto é bom frisar que, nem sempre, a pausa respiratória corresponde à vírgula e, nem sempre também, a vírgula é marcada, na fala, por uma pausa respiratória. Nos exemplos abaixo, pode-se verificar isso: a) Os excelentes bailarinos do balé Bolshoi foram recepcionados pela embaixada de seu país. b) Aos noivos desejamos toda a felicidade possível. c) Fizestes o almoço? Sim, senhora! #OCURSOQUEMAISAPROVA 2 Nos exemplos a e b, não há vírgula, embora se possa até fazer uma pausa, no nível da fala, após as palavras Bolshoi e noivos. No exemplo c, ao contrário, há vírgula (separando o vocativo), mas, na cadeia da fala, ela é imperceptível. É proibido o uso da vírgula para separar: 1) sujeito e predicado Exemplo O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas Sujeito convocará uma reunião de emergência. Predicado É proibido o uso da vírgula para separar: 2) o verbo e seus complementos (objeto direto e indireto) Exemplo Comunicamosao prezadíssimo amigo V.T.D.I. OI que estaremos a seu inteiro dispor. OD EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: a) Para separar termos de mesma função sintática (de mesma classe gramatical), que, normalmente, participam de uma enumeração. Exemplos “Eu quis ficar mais um pouco e o teu corpo e o meu tocavam inquietudes, caminhos, noites, números, datas.” (Carlos Nejar. Casa dos arreios, Nas altas torres) A sala era enorme, vazia, escura. Gostava dos amigos, da cidade, das coisas. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: b) Para isolar o aposto. Exemplos “... o Vargas gordo, o das corridas, estendeu a face enorme, imberbe e cor de papoula.” (Eça de Queirós. Os Maias) Da Vinci, espírito enciclopédico, foi a alma da Renascença. 3 EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: c) Para isolar o vocativo. Exemplos “Ao que aprecio também, chefe, a distinção minha desta ocasião, de dar meu voto.” (J. Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas) “Adeus, meu cajueiro!” (Humberto de Campos. Memórias) Maria, por que não respondes? EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: d) Para isolar o adjunto adverbial deslocado (vírgula não obrigatória, mas aconselhável). Exemplos “Diziam que, no velho cemitério da vila inundado, os caixões boiavam.” (Dalcídio Jurandir. Três casas e um rio) “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste.” (Olavo Bilac. A Pátria) Durante a peça teatral, não se escutou um só ruído. Explique, sem constrangimento, qual o seu problema. OBSERVAÇÃO Quando o adjunto adverbial for constituído de um só termo, mesmo que esteja deslocado, não há necessidade de vírgula. Porém, se se quiser enfatizar a expressão, pode-se-á usar esse recurso de pontuação. Exemplos Ali várias pessoas discutiam. Ali, várias pessoas discutiam. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: e) Para marcar a supressão do verbo. Exemplos Eu fui de ônibus e ela, de avião. (= ela foi de avião) Nós tivemos só alegrias; eles, só tristezas. (= eles tiveram só tristezas) #OCURSOQUEMAISAPROVA 4 EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: f) Para separar orações adjetivas explicativaS OBSERVAÇÃO 1. Antes do pronome relativo, a vírgula (no caso de ser restritiva a oração) é proibida: Exemplos O aluno que é responsável não cria problemas. A água que contém agentes químicos e agrotóxicos não deve ser ingerida. O homem que falou representou-me na Assembleia. 2. Se a oração for adjetiva e o verbo estiver no subjuntivo, ela será forçosamente restritiva. Exemplo Estou à procura de um apartamento que seja bem localizado. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: g) Para separar as orações adverbiais deslocadas (reduzidas ou não), com exceção da comparativa e conformativa (quando o verbo estiver elíptico). Exemplos Enquanto não arruma emprego, seu pai manda-lhe uma mesada. Sua casa, embora seja pequena, é bem ventilada. Saciada a sede, ela deitou-se para descansar. Ao vê-la triste, compreendeu que havia errado. Cumprimentando pela formatura, envio-te um abraço. Ela é tão inteligente como a irmã. (comparativa) Ela sairá conforme o tempo. (conformativa) OBSERVAÇÃO As orações substantivas, com exceção das apositivas, não são virguladas por se constituírem em termos essenciais (sujeito, predicativo) ou integrantes (objeto, complemento nominal etc.) Exemplos Urge que te apresses. núcleo do sujeito predicado Eu quero que me leves ao teatro. Sujeito núcleo do objeto direto predicado 5 EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: h) Para isolar o predicativo deslocado (vírgula não obrigatória, mas aconselhável). Exemplos A mulher, desesperada, correu em seu socorro. Desesperada, a mulher correu em seu socorro. OBSERVAÇÃO Se estivesse em ordem direta, o período ficaria assim: A mulher correu desesperada em seu socorro. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: i) Para separar as conjunções coordenativas adversativas e conclusivas deslocadas Exemplos Estou doente; não contem, portanto, comigo. Durante o ano, trabalhamos muito; nas férias, porém, descansaremos bastante. Tudo não passou de um mal-entendido; façamos, pois, as pazes. OBSERVAÇÃO Quando as conjunções vêm em sua posição normal, não se coloca vírgula depois delas. Exemplo Passamos um certo trabalho na infância, porém hoje desfrutamos alguma segurança EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: j) Para separar as orações coordenadas (assindéticas, adversativas e explicativas). Exemplos Vim, vi, venci. (assindéticas) Estudou, mas não conseguiu aprovação. (adversativa) Estudou muito, logo tinha de ser aprovado. (conclusiva) Vá de uma vez, porque vai chover. (explicativa) #OCURSOQUEMAISAPROVA 6 EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: k) VÍRGULA ANTES DA PALAVRA E OBSERVAÇÃO As conjunções e, nem e ou normalmente não são virguladas. A vírgula poderá, no entanto, ser usada nos seguintes casos: a) E – com valor adversativo Exemplo: Fui ao cinema, e (= MAS) não encontrei os amigos. b) E – se os sujeitos forem diferentes Exemplo “Algumas autoridades avalizam o vandalismo, e o ódio entre pobres e ricos vai aumentando.”(Revista Manchete, 25/8/90, p. 112) c) E – se estiver repetido, formando polissíndeto Exemplo: Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua. d) OU – se houver retificação ou alternativa. Exemplos Ou tudo, ou nada. Se precisar de auxílio, ou a dor nas costas exigir massagem, telefone para a clínica. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: l) Para isolar certas expressões (exemplificativas ou de retificação) tais como: por exemplo, além disso, isto é, a saber, aliás, digo, minto, ou melhor, ou antes, outrossim, com efeito, etc. Exemplo Observe, por exemplo, o edital publicado no Diário Oficial de quinta-feira passada. EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: m) Para separar o complemento do verbo (quando vier anteposto a esse e houver outro complemento – pleonástico). Exemplos “Fígado, melhor não tê-lo. “ O.D. O.D. pleonástico (Luís Fernando Veríssimo. O Popular. Bom, Mau) O homem, fê-lo Deus à sua semelhança. 7 O.D O.D pleonástico “Ao pobre, não lhe devo. Ao rico, não lhe peço.” O.I. O.I pleonástico O.I O.I. pleonástico (Rodrigues Lobo) EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: n) Para separar a localidade da data e nos endereços. Exemplos Porto Alegre, 29 de março de 2016. Brasília, abril de 2016 Tomás Flores, 163 EMPREGA-SE A VÍRGULA NOS SEGUINTES CASOS: o) Para isolar os elementos repetidos. Exemplo Verinha pulou, pulou, pulou neste carnaval até cansar. ❑ DOIS PONTOS Os dois pontos marcam um suspensão de voz em uma frase ainda não terminada. Emprega-se nos seguintes casos: a) Antes de uma citação (letra maiúscula após a pontuação). Exemplos: “E o pastor prosseguiu: – Sois vós realmente os verdadeiros ouvintes do meu sermão de hoje sobre a mentira.” João Ribeiro. Cartas Devolvidas “... mas o baiano repetiu: – Acuda, seu cadete, que o assado vai de trote!” J. Simões Lopes Neto. Casos do Romualdo b) Antes de uma enumeração (letra minúscula após a pontuação): Exemplos: Duas coisas pretendo conseguir neste ano: um bom emprego e uma vaga no curso de inglês. Comprou diversas mercadorias no supermercado: artigos de limpeza, gêneros alimentícios e brinquedos. #OCURSOQUEMAISAPROVA 8 c) Antes de uma explicação (letra minúscula após a pontuação): Exemplos: Já não serei tão só, nem irás tão sozinha: há de ficar comigo numa saudade tua, hás de levar contigo uma saudade minha. Adaptado de Alceu Wamosy. Duas Almas. Quanto eu o vi, fiquei contente: sabia que me traria boas notícias. TRUQUE: parasaber se é uma explicação, tenta-se substituir os dois pontos por um “porque”. d) Antes de uma complementação (letra minúscula após a pontuação). Exemplos: “O fígado só tem uma ideologia: cuidado com as imitações.” Luís Fernando Veríssimo. O Popular. Fígado e Coração. Aquela mãe preocupa-se com uma coisa: o futuro dos filhos. TRUQUE: parasaber se é uma complementação, faz-se a seguinte pergunta depois dos dois pontos: “Qual?” e) Antes de uma conclusão (letra minúscula após a pontuação). Exemplos: O apartamento tinha poucas peças, e essas eram pequenas e escuras: uma droga! O roteiro é lindo, a passagem e os hotéis estão baratos: não podemos perder a oportunidade! TRUQUE: parasaber se é uma conclusão, tenta-se substituir os dois pontos por um “logo”. ❑ ASPAS As aspas são empregadas nos seguintes casos: a) Citações ou transcrições literárias. Exemplos: "Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive." Fernando Pessoa. Odes de Ricardo Reis. b) Palavras ou expressões estrangeiras. Exemplos: O “slogan” anunciava ... Nestor de HoIanda. Gente Engraçada. 9 Quero uísque “on the rocks”. c) Para realçar uma expressão com ironia. Exemplo: João, com seus 90 quilos, está “fraquinho”... d) Para assinalar um termo que precisa ser realçado. Exemplo: A palavra “que” pode ser analisada de diversas maneiras. e) Para gírias e expressões de nível vulgar. Exemplo: O espetáculo de música “pop” estava uma “curtição”. Ela estava apaixonada pelo “sordado”. OBSERVAÇÕES: 1. Quando já há aspas numa citação ou numa transcrição, usa-se aspa simples ou o negrito (ou o itálico). Exemplos: “Até já se falava em impeachment, quando aconteceu homicídio na rua principal.” “Até já se falava em ‘impeachment’, quando aconteceu homicídio na rua principal." Nestor de Holanda, Gente Engraçada ❑ TRAVESSÃO O travessão é empregado nos seguintes casos: a) Para indicar, nos diálogos, mudança de interlocutor. Exemplo: " ─ Por que você não toca? ─ perguntei. ─ Eu queria, mas tenho medo. ─ Medo de quê? ─ Dos bichos-feras. ─ Que bichos-feras?" José J. Veiga. Os Cavalinhos de Platiplanto b) Para isolar termos ou orações intercaladas (como desempenha função análoga à dos parênteses, usa-se geralmente o travessão duplo). Exemplos: "Eles eram muitos cavalos, ─ rijos, destemidos, velozes ─ entre Mariana e Serro Frio, Vila Rica e Rio das Mortes." Cecília Meirelles, Romanceiro da Incondifência. #OCURSOQUEMAISAPROVA 10 "Chamei Diadorim ─ e era um chamado com remorso ─ e ele veio, se chegou." J. Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas. OBSERVAÇÃO: Às vezes, usa-se o travessão em lugar dos dois pontos. Exemplo: "Era mesmo o meu quarto ─ a roupa da escola no prego atrás da porta, o quadro da santa na parede, os livros na estante de caixote que eu mesmo fiz – aliás precisava de pintura.” José J. Veiga. Os Cavalinhos de Platiplanto