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G RU PO SER ED U CACIO N AL GESTÃO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS G ESTÃO SO CIAL E D IR EITO S H U M AN O S Marcelo Dayrell Vivas; Patricia Ferreira de Mendonça; Sabrina Roque Becker. Organizadora: Carla Rafaela Pinto da Cunha. Marcelo Dayrell Vivas; Patricia Ferreira de Mendonça; Sabrina Roque Becker. Organizadora: Carla Rafaela Pinto da Cunha. GESTÃO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS Gestão Social e Direitos Humanos © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash. Diretor de EAD: Enzo Moreira. Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Equipe de Designers Instrucionais: Gabriela Falcão; José Carlos Mello; Lara Salviano; Leide Rúbia; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira e Talita Bruto. Equipe de Revisores: Camila Taís da Silva; Isis de Paula Oliveira; José Felipe Soares; Nomager Fabiolo Nunes. Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael Carvalho. Ilustrador: João Henrique Martins. VIVAS, Marcelo Dayrell; MENDONÇA, Patricia Ferreira de; BECKER, Sabrina Roque. Organizador(a): CUNHA, Carla Rafaela Pinto da. Gestão Social e Direitos Humanos: Recife: Editora Grupo Ser Educacional, Digital Pages e Cengage - 2022. 123 p.: pdf ISBN: --- 1. Gestão 2. Política 3. Direitos. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. SUMÁRIO UNIDADE 1 Relações entre o estado e sociedade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Impacto da relação Estado e sociedade na formulação de políticas públicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �15 Políticas públicas e a esfera pública: conceito � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �17 Patrimonialismo � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 22 Burocracia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 25 Tipos de autoridade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 Estrutura pública � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 28 Modelo de Gestão Gerencial � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 30 Participação e controle social � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 Instrumentos de participação e controle � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 Democracia deliberativa � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 33 Participação política� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 34 Sociedade organizada em grupos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 34 UNIDADE 2 Cidadania e participação (política, social e popular) � � � � � � � � � � � � �39 Direitos e deveres � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 39 Entenda a deliberação popular � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 40 Programas e projetos de políticas públicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �42 Formulação das políticas públicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 42 A necessidade das políticas públicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 44 Gestão � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 46 Inclusão da sociedade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 46 Desenvolvimento sustentável � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �47 A coleta seletiva � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 50 Desenvolvimento sustentável dos setores específicos: sociais, econômicos e socioambientais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �51 Apropriação das abordagens de gestão social � � � � � � � � � � � � � � � � � � �54 Cidadania deliberativa � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 55 Esfera pública � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 56 UNIDADE 3 Historicidade dos direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 61 Fundamentos e teorias � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �61 Classificações e características dos direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � 65 Diferença entre direitos fundamentais e direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 66 Dimensões e características dos direitos humanos � � � 68 Direitos humanos: universalismo e multiculturalismo � � � � � � � � � � � 72 O processo cultural e os direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 73 Os direitos humanos sob o viés filosófico-cultural � � � � � � � � � � � � � � � � � 82 Teoria crítica: os direitos humanos como produtos culturais e a ética da alteridade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 84 UNIDADE 4 Direitos humanos no âmbito internacional � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 91 Proteção dos direitos humanos nos níveis global e regional � � � � � � � � �91 Tratados gerais de direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94 Tratados específicos de direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 97 O sistema interamericano de proteção de direitos humanos � � � � � � � 99 Direitos Humanos e a responsabilização individual � � � � � � � � � � � � � � � 102 Diversidade cultural e direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �105 Políticas públicas afirmativas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 105 Gênero e minorias étnicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 107 Meio ambiente e a proteção dos povos indígenas � � � � � � � � � � � � � � � � � � 111 Xenofobiae situação das migrações forçadas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 113 Desafios atuais em direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �114 Apresentação Olá, estudante! Tudo bem com você? Seja bem-vindo(a) à disciplina de Gestão Social e Direitos Humanos! Para uma melhor compreensão da disciplina, iremos dividi- -la em duas partes: a primeira correspondente às unidades 1 e 2, onde vamos abordar conteúdo voltado à gestão social, e a segunda que corresponde às unidades 3 e 4, na qual iremos dispor sobre os Direitos Humanos. Sobre a gestão social, você estudará, dentre outros temas, as relações entre o Estado e a sociedade, os conceitos sobre as políticas públicas e a esfera pública. Além disso, serão abordados os conceitos e principais características da burocracia, do patrimonialismo, da gestão social e da democracia deliberativa. Em seguida, na unidade 2, vamos aprender sobre os programas e projetos voltados às políti- cas públicas e o desenvolvimento sustentável. Nas unidades 3 e 4, cujo conteúdo é voltado ao estudo dos di- reitos humanos, estudaremos a historicidade do tema, incluindo os seus fundamentos, dimensões e teorias. Por fim, veremos o tópico da diversidade cultural atrelada aos direitos humanos, onde será estudado o gênero, as minorias étnicas, o terrorismo e o xenofobis- mo. Ao final, discorreremos sobre as políticas públicas afirmativas. Você está pronto(a)? Vamos dar início aos estudos da disciplina! Autoria Marcelo Dayrell Vivas. Sou mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) – Área de Concentração de Direitos Humanos (2020) –, especialista em Dependência Química pela Faculdade de Medicina da USP (2015), em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010) e em Direitos Humanos pela Universidade Católica de Brasí- lia (2009). Por fim, sou graduado em Direito pela USP (2004). Para que vocês possam conhecer ainda mais minha trajetória aca- dêmica, deixo à disposição de vocês o meu lattes: Patricia Ferreira de Mendonça. Sou graduada em Comunicação Social pela UNESP, especialista em Processos Legislativos e Democracia no Brasil pela Escola do Par- lamento da Câmara Municipal de São Paulo, especialista em Gestão Pública pela UNIFESP. Além disso, sou servidora pública efetiva da Prefeitura Municipal de São Paulo e professora de Gestão Social, Co- municação Pública e Governamental, Análise de Políticas Públicas e Indicadores Sociais. Para que vocês possam conhecer ainda mais minha trajetória aca- dêmica, deixo à disposição de vocês o meu lattes: Currículo Lattes Currículo Lattes Sabrina Roque Becker. Graduada em Ciências Sociais - Ciência Política pela Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA e pós-Graduada com especialização em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário Senac. Para que vocês possam conhecer ainda mais minha trajetória aca- dêmica, deixo à disposição de vocês o meu lattes: Carla Rafaela Pinto da Cunha. Olá, estudante! Agora, você pode me conhecer um pouco melhor! Meu nome é Carla Rafaela Pinto da Cunha e sou pós-graduanda em Docência no Ensino Superior e em Gestão e Tutoria EAD pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI), especialista em Di- reito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Ge- rais (PUC/MINAS) (2018) e graduada em Direito pela Faculdade Boa Viagem (FBV) em 2014. Sou advogada há, aproximadamente, 7 anos. Para que vocês possam conhecer ainda mais minha trajetória aca- dêmica, deixo à disposição de vocês o meu lattes: Currículo Lattes Organizadora Currículo Lattes UN ID AD E 1 Objetivos 1. Conceituar as políticas públicas. 2. Analisar a burocracia, o patrimonialismo e a gestão social. 3. Conhecer a democracia deliberativa. 12 Introdução Caro(a) aluno(a), vamos agora iniciar nosso conteúdo! Desde o início da civilização, se fizeram necessários arranjos orga- nizacionais, envolvendo instâncias de poder e comando, para que a vida em sociedade fosse possível. Diversos estudiosos se dedica- ram a compreender essas relações e aprimorá-las, por meio de leis, convenções e costumes. Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer os caminhos percorridos para que Estado e Sociedade che- gassem ao momento atual e as ações necessárias para a manutenção do papel de cada um dos atores envolvidos. Além disso, vamos compreender a estrutura do patrimonia- lismo, da burocracia e da gestão, analisando a gestão pública em sua essência, os princípios da administração, os modelos e concei- tos relacionados à estrutura burocrática e, por fim, os conceitos de democracia. Está preparado(a)? Bons estudos! 13 Relações entre o estado e sociedade Caro(a) estudante, vamos iniciar nosso primeiro tópico sobre a re- lação entre o Estado e a sociedade. As relações entre Estado e sociedade no Brasil foram sempre marcadas pela centralização de poder, com pouca autonomia da sociedade para se configurar econômica e socialmente. O passado escravocrata, a dependência agrária e a concentração de proprieda- des fez com que o país vivesse durante muito tempo sob a égide de um Estado burocrático e centralizador. Com a constituição de 1824, o poder concentrado passou a prevalecer, apesar da divisão de poderes entre o Legislativo, Judi- ciário e Executivo. A tomada de decisões era de controle da elite que assumidamente visava conservar seus privilégios. A descentraliza- ção política e administrativa demorou a se consolidar, não obstante ser uma demanda das províncias. Somente em 1834, se desenham os primeiros movimentos para a criação de assembleias legislativas nas províncias e certa autonomia territorial. No mais, os reflexos do período de escravismo permeiam a vida em sociedade, inclusive na atualidade, um exemplo são os questionamentos à igualdade conferida na constituição, no que tange aos direitos e obrigações. A cultura do privilégio se difundiu de tal forma na estrutura social que se faz necessária a instituição de leis e regramentos cada vez mais punitivos para coibir, muitas vezes sem sucesso, a escalada de tal comportamento. As relações Estado/Sociedade são objetos de estudos de vários teó- ricos, tanto ao longo da história quanto na contemporaneidade. Por ser a sociedade um instituto dinâmico, cabe aos estudiosos buscar compreender essas mudanças no pacto social e na própria estrutura do Estado, fornecendo informações que poderão subsidiar o debate político e a gestão social. VOCÊ SABIA? 14 Assim, a sociedade não acredita no dever e poder do Estado no que tange a defesa de seus interesses, mas imputa ao mesmo a culpa de seus desamparos. O controle político administrativo exer- cido pelo Estado propiciou uma sociedade desarticulada, não parti- cipativa e com pouca ou nenhuma influência nos atos da gestão de seus próprios interesses. Os movimentos sociais são tímidos e rapidamente absorvidos pelo poder legítimo da violência estatal. Durante um bom período, o país enfrentou regimes ditatoriais que pretendiam estabelecer uma ordem rígida, em que a mão do Estado caía sobre os que se insur- giam contra ele. Diante disso, fica o questionamento: o que justifica a fragili- dade das organizações da sociedade no Brasil? De acordo com histó- rico de lutas sociais em determinados nichos, como os movimentos estudantis na década de 1970 e 1980 e o movimento pelas “Diretas Já!”, temos uma atividade social bastante reprimida. O individualis- mo prevalece em relação às demandas que apresentamos ao Estado, independentemente de serem estas demandas coletivas. [...] a propensão a soluções individuais em vez das coletivas encontra reforço na fraque- za histórica das organizações populares e dos partidos de massa. Devido à fragilidade das organizações, as formas coletivas de ação de classe são menos eficazes no Brasil do que em outros países, e as tentativas de engajamento em lutas coletivas por direitos sociaisgerais parecem inócuas. Os pobres duvidam da pos- sibilidade de que uma grande transformação social possa mudar sua situação, mas têm es- peranças de subir na vida pelo esforço indivi- dual e com a ajuda de seus contatos pessoais. Quando as soluções coletivas estão bloquea- das, ou a pessoa procura caminhos individuais de ascensão, principalmente explorando redes clientelistas, ou tem de se resignar com sua sorte. Por outro lado, a institucionalização de práticas clientelistas intensifica as fraquezas das organizações populares, pois as pessoas 15 e os grupos preferem canais clientelistas aos movimentos e partidos de orientação genérica (MAINWARING, 1999, p. 231). Ao longo da história, o clientelismo, o corporativismo, o insu- lamento burocrático e o universalismo de procedimentos estiveram presentes na história do Brasil em maior ou menor grau. Vejamos agora o conceito de cada um e suas principais características. → Clientela – consiste na troca de favores entre atores políti- cos que envolve a concessão de benefícios na administração pública. São exemplos a concessão de empregos, benefícios fiscais e isenções em troca de apoio político – quase sempre na forma de voto. → Corporativismo – representa os interesses no Estado, de acordo com o pertencimento profissional. → Insulamento burocrático – reorganização da administra- ção pública, buscando mais tecnicidade, coibindo o clientelismo e o corporativismo. O Estado passa a promover concursos públicos para o ingresso, com exigência de formação. Existe a autonomia política para alguns órgãos, de forma a diminuir a influência política e aten- der às necessidades da sociedade. → Universalismo de procedimentos – são regras e procedi- mentos que racionalizam a organização da administração, buscando imprimir mais eficiência. É um modelo racional-legal, que incenti- vava a meritocracia e a capacitação dos servidores. São os primeiros passos da administração pública gerencial moderna. Como vimos até aqui, a administração pública adota algumas medidas para melhorar os resultados que apresenta para a socie- dade, tentando coibir algumas práticas e buscando ofertar serviços públicos de qualidade e com economia das verbas públicas. Impacto da relação Estado e sociedade na formulação de políticas públicas Os arranjos entre atores políticos são fundamentais para a formu- lação de políticas públicas. Mas, quem são esses atores? Bem, po- demos compreender que a sociedade é a fonte de arrecadação de 16 impostos e também gera demandas de funcionamento do Estado. Essas demandas estão representadas em forma de alguns serviços, como: saúde, educação, saneamento, mobilidade, emprego, habi- tação etc. Os grupos de interesse são muitos devido às diferentes par- celas da sociedade que necessitam de serviços específicos. Um grupo de interesse pode ser definido com uma organização de pessoas que compartilham um interesse comum atuando para alcançá-lo. Essa atuação exerce influência sobre partidos políticos, autoridades, gestores e sobre a própria sociedade, buscando angariar simpatia para sua causa. Portanto, são imprescindíveis para o bom funciona- mento da democracia. As corporações profissionais, órgãos de classe, federações e sin- dicatos representam grupos de interesse no Brasil e muitos atuam para impactar a sociedade positivamente, em busca de consolidação de direitos. Dependendo da força política do grupo, do número de integrantes representados, podem propor e aprovar políticas públi- cas, alterar a legislação ou normativas. A construção de uma ponte, ligando duas pequenas cidades do inte- rior, pode beneficiar os moradores e o comércio de ambos os locais. O grupo, portanto, que tem interesse naquela construção não é toda a sociedade. Para que tais demandas sejam debatidas dentro de uma arena decisória, é preciso buscar apoio de forças políticas que podem estar CURIOSIDADE EXEMPLO 17 tanto nos próprios grupos de interesse (Movimento dos Trabalha- dores sem Teto), como dentro do cenário político das instituições (Ministério da Reforma Agrária). A vida social e política do cidadão implica necessariamente em um espaço argumentativo, muitas vezes restrito aos partidos políticos, grupos organizados e governo. Todo esse processo é se- diado no “sistema de arenas públicas”, onde estão em curso as ati- vidades reivindicatórias de grupos, o trabalho da mídia, a criação de novas leis, a divulgação de descobertas científicas, os litígios e a definição de políticas públicas. Desse modo, nota-se que o sistema de arenas públicas se constitui, simultaneamente, em espaço de ação e de debate. Na di- nâmica que envolve a complementaridade dessas duas dimensões, ocorre o processo de definição dos problemas sociais e dos temas emergentes e salientes. As demandas podem ser apresentadas pelos movimentos so- ciais em forma de petições públicas, greves, atos em geral que são promovidos pelos grupos de interesse e buscam apoio do restante da sociedade. Políticas apoiadas em amplos consensos são mais propensas de serem implementadas com maior sucesso e a seguir seu curso do que po- líticas impostas por um governo que toma de- cisões contrárias aos desejos de importantes setores da sociedade (Lijphart,1999, p. 260, tradução livre). Em sociedades democráticas, esses espaços são amplamente promovidos, com a realização de audiências públicas e a criação de conselhos participativos. Políticas públicas e a esfera pública: conceito As políticas públicas são essenciais para todas as sociedades orga- nizadas. O debate sobre as políticas públicas acontece na esfera pú- blica, que pode ser entendida como: arena da discussão e do debate 18 público nas sociedades modernas, podendo ser espaços formais e informais. A esfera pública, segundo Giddens e Sutton (2016), surge nos salões e cafés dos séculos XVII e XVIII nas principais cidades euro- peias. Esses salões eram frequentados por uma pequena parcela da população (principalmente, a elite) que abordava questões políticas da época. Para Habermas (2002), a esfera pública é uma arena de debate público em que os assuntos de interesse público são debati- dos para que se formem opiniões a respeito. Trata-se de um espaço de efetiva participação democrática. Segundo Lopes et al. (2008), as políticas públicas equivalem à luta dos diversos atores sociais para a efetivação dos seus inte- resses. Tais interesses podem ser de caráter coletivo ou individual, entretanto, cabe aos governos transformar os diversos interesses em interesses públicos, ou seja, eleger o prioritário das solicitações da sociedade para transformar em uma ação concreta representada pela política pública. De acordo com Souza (2006) o ciclo de construção das políti- cas públicas está constituído da seguinte forma: → a identificação do problema – quando uma demanda es- pecífica se transforma em um problema de âmbito público, ou seja, uma reivindicação de crise ou calamidade pública, que exige a mobilização de grandes e pequenos grupos, ou até mesmo atores sociais individuais articulados e possuidores de recursos de poder (alianças), que direcionam o problema à agenda governamental; → a formação da agenda – tomada de decisão sobre se o pro- blema fará ou não parte da agenda política, podendo ser prorrogado ou recusado, a depender das prioridades; → a formulação da política - fase de decisão sobre quais ações públicas vão ser desenvolvidas para resolução do problema em questão (a formulação implica uma disputa política e ideológica, por isso, faz-se necessário utilizar alianças entre os diversos atores sociais envolvidos no processo para que os diferentes interesses se- jam contemplados); 19 → a implementação - é a materialização dos objetivos dese- nhados na formulação do programa; → a avaliação – é a etapa de verificação para observar se está tudo correto, ou seja, serve para conferir, revisar, prosseguir ou reavaliar a política em questão. Parsons (2007, p. 51) discorreque: a noção segundo a qual o mundo estava cheio de enigmas e problemas que poderiam ser re- solvidos por meio da aplicação de razão e do conhecimento humano está na base do desen- volvimento do enfoque de políticas públicas. Diante disso, a política pública denomina o conjunto de ações realizadas, que mobiliza diversos recursos públicos, incluindo re- cursos financeiros, humanos e tecnológicos para promover a cida- dania. Estas ações são realizadas na esfera pública. Para Lowi (1972), a política pública faz a política. Assim, cada tipo de política pública pode encontrar diferentes formas de apoio ou ser rejeitada de acordo com as arenas em que são debatidas. O autor divide as políticas públicas em quatro grandes grupos, os quais serão expostos a seguir. → Políticas distributivas: ignoram a limitação de recursos, portanto, têm um campo de ação mais individual do que coletivo, privilegiam certos grupos ou regiões. → Políticas regulatórias: têm grande visibilidade para o co- letivo, pois envolve normatização e tem forte cunho político, movi- mentando os grupos de interesse que pressionam a favor ou contra a regulação. → Políticas redistributivas: buscam atingir um grande nú- mero de pessoas, ao passo em que impõe perdas para determinados grupos e ganhos para outros. Tratam-se de políticas universais com difícil aceitação, pois envolvem o sistema tributário ou o aumento de impostos ou a mudança de destinação de recursos públicos. → Políticas constitutivas: estabelecem mudanças em proce- dimentos governamentais ou regramentos sociais. 20 Qualquer dessas políticas, para que sejam implementadas, obedecem a um ciclo: 1. reconhecimento do problema; 2. montagem de agenda; 3. formulação da política; 4. tomada de decisão; 5. implementação e avaliação. Reconhecer o problema é a primeira fase do ciclo, pois as- sim existe a sensibilização da sociedade para aquele determinado fator que está ocasionando algum prejuízo aos direitos ou ao bem estar de algum grupo. Portanto, temos diversos atores sociais or- ganizados que podem auxiliar tanto no reconhecimento quanto na sensibilização: → gestores públicos que já atuam na área problemática e es- tão envolvidos com ações semelhantes; → sindicatos ou associações profissionais; → políticos eleitos com bandeiras de campanha relacionadas às localidades onde surge o problema; → técnicos do poder público ou de organizações não governa- mentais que estejam capacitados para visualizar o problema e pro- por soluções; → imprensa e mídia em geral que abordem o problema e pro- movam sua divulgação. Todos esses atores e a própria comunidade ou região afetada atuam na sensibilização em busca de soluções que atendam ao in- teresse público. Cabe ao gestor público, ao identificar determinada demanda, consultar os demais atores impactados por ela. O cidadão deve ser consultado sobre o problema, o impacto deste problema sobre a sua vida, pois é o cidadão que elege seus representantes para que estes atuem em seu nome. A partir disso, é que o gestor pode submeter a demanda e a apreciação de um possível investimento de recursos para os atores da administração pública. 21 Com a democracia participativa, um elenco cada vez mais di- verso compõe a arena de debate social, o que significa maior gama de soluções, que podem ser mais efetivas, dada a diversidade de opiniões. Com as diferentes atuações e interesses envolvidos, a forma- ção de agenda se torna um processo bastante complexo. No entanto, o próximo passo, que é colocar em evidência o problema no debate público, requer intensa negociação e diálogo para poder dimensio- nar o custo da atuação do Estado frente àquele problema específico. Assim que o problema ganha forma para desenhar uma polí- tica pública e receber atenção do poder público, inicia-se a busca de soluções. Tais soluções podem ser emergenciais, como uma epide- mia de dengue, por exemplo, ou com maior tempo de propostas de soluções, como a construção de uma nova creche. A sociedade pode ser convidada a participar das propostas, com audiências públicas, com propostas de alternativas frente ao problema apresentado. Não podemos esquecer que as políticas públicas demandam investimentos que nem sempre estão disponíveis pelo orçamento, uma vez que o ciclo orçamentário tem data para acontecer. Algumas vezes, é necessário realocar recursos quando a demanda é muito ur- gente. A implementação da política é colocar em prática o que foi debatido e decidido pelos atores. Nesse processo, a administração pública se encarrega de ser impessoal e eficiente, privilegiando a economicidade. É nesta etapa que os recursos serão efetivamente investi- dos e a atuação deve ser realizada com transparência e prestação de contas para que não haja desvios. O uso político na implementa- ção das políticas públicas é fartamente trabalhado nas campanhas eleitorais. Por fim, o monitoramento e avaliação das políticas públicas são as fases de fundamental importância. O monitoramento permite o ajuste e o aproveitamento dos recursos investidos. Se existir algo errado, no monitoramento, pode-se definir novas estratégias, evi- tando perda de tempo e recursos. 22 A fase de avaliação pode ocorrer antes, durante ou depois da implementação da política: → avaliação ex ante – nesta avaliação, procura-se prever como será o desenrolar da política, se pode haver uma necessidade emergencial e se há previsão de custos e recursos em que a variação não seja muito grande; → avaliação concomitante – acontece durante o processo de implementação, onde são realizados ajustes visando o cumprimen- to dos prazos e adequação de recursos, se necessário; → avaliação ex post – busca saber se a política atende aos cri- térios de eficiência, eficácia e efetividade. Para finalizar, pode-se concluir que a política pública en- volve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada por meio dos governos e não necessariamente se restringe a par- ticipantes formais, já que os informais são também importantes. É abrangente não se limitando a regramentos, é intencional e almeja o alcance de objetivos, embora possua impactos no curto prazo, é uma política de longo prazo. Por fim, envolve processos subsequen- tes após sua decisão e proposição, ou seja, implica também imple- mentação, execução e avaliação (SOUZA, 2006). Patrimonialismo O autor Raymundo Faoro, inspirado no pensamento de Max Weber, nos apresenta o termo patrimonialismo como uma forma de orga- nização social que não se assemelha ao feudalismo ou ao capitalis- mo, pois mescla as características da soberania (esfera pública) e de patrimônio (esfera privada). Assim, os bens da nação no Estado patrimonialista compõem a estrutura estatal. Tal visão, emperra a geração de riquezas, uma vez que mantém a sociedade submetida a um controle rígido, não proporcionando autonomia e nem poder de decisão. Segundo Weber (1984), as características do patrimonialis- mo são: 23 → estrutrura política altamente centralizada, cujo objetivo é manter a dependência política e evitar oposição. Ao centralizar o poder, o governo pretende minar a oposição, baseando as relações políticas na troca de favores; → burocratização do Estado, de caráter prebendalista, que tem por objetivo maximizar a estrutura estatal apresentando um mínimo de serviços. → economia diretorial, implica na intervenção do Estado na economia para manutenção do poder. O prebendalismo é a distribuição de cargos bem remunerados, com pouca ou nenhuma função. Coube ao Direito Romano pensar dois espaços de ação política com base na defesa de interesses: o público e o privado. Tratando- -se o interesse público do coletivo e o interesse privado do parti- cular. O Estado moderno faz uso dos espaços de ação política tanto público, como privado, ao desenvolver atividades que estão relacio- nadas à propriedade, aos grupos de interesse, a nichos específicos de demandas que nem sempre contemplam toda a coletividade.Tanto é que temos empresas públicas de direito privado, so- ciedades de economia mista e uma série de especificidades estru- turais que obrigam o Estado a articular os espaços de interesse de forma a organizar melhor a prestação de serviços para a sociedade. Assim, podemos compreender que a esfera pública depende de uma interpretação, que bens e serviços não podem estar circuns- critos a uma ou outra esfera, principalmente, pelo jogo de interesses políticos e econômicos envolvidos. No Brasil, podemos atribuir ao capitalismo o distanciamento entre o interesse público e o interesse privado, após o estabeleci- mento do regime democrático. Na esfera pública, são considerados DEFINIÇÃO 24 atores os cidadãos, sujeitos de direitos e deveres, atuando pela co- letividade. Na esfera privada, são atores os indivíduos em defesa de seus interesses particulares. São concebidos como pessoas físicas à procura da satisfação de seus interesses particulares, que ao se as- sociarem enquanto grupos de interesse, constituem personalidade privada. No que se refere à administração do patrimônio público. Cabe à administração pública, a responsabilidade de gerir a coisa pública. Estamos pensando em coisa pública como bens e recursos que pertencem a toda a sociedade. A estrutura estatal precisa dispor de seus recursos para apresentar soluções para as diversas deman- das da sociedade. A organização desta estrutura chamamos de ges- tão pública. Para compreender melhor a administração pública, vamos iniciar conceituando o patrimônio público. De acordo com a Lei n. 4.717/1965, patrimônio público é o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta e indireta. O Código Civil brasileiro divide esses bens em: → bens de uso comum do povo (rios, mares, espaço aéreo, praças, entre outros); → bens de uso especial, que englobam edifícios de uso de equipa- mentos públicos, terrenos, espaços utilizados pela administração pública, em qualquer esfera (federal, estadual ou municipal); → bens dominicais, os outros bens pertencentes a cada um dos en- tes públicos. O art. 98, caput do Código Civil de 2002, ao dispor sobre o tema, define que públicos são os bens “do domínio nacional per- tencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os DEFINIÇÃO 25 outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem” (BRASIL, 2002). O parágrafo único do artigo supra afirma que “não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado” (Ibidem). Desse modo, os bens da administração pública pertencem a toda a sociedade. São um patrimônio indivisível, uma vez que não podemos repartir entre todos os cidadãos brasileiros. Por sua vez, o Art. 20 da Constituição Federal de 1988 iden- tifica os bens da União e assegura aos Estados, Distrito Federal e municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natu- ral, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva ou, ainda, compensação financeira por essa exploração (BRASIL, 1988). Burocracia Caro(a) estudante, com certeza você já ouviu o termo “burocracia” sendo utilizado para fazer referência a algo complicado, demorado ou com várias etapas. Contudo, você sabe o que realmente significa a burocracia e sua origem? É isso que aprenderemos nesta etapa. Como já vimos, o patrimonialismo predominava nas socie- dades anteriores ao capitalismo. Weber (1994) afirma que, somen- te a partir do desenvolvimento do capitalismo, com a formação do Estado Moderno e com a democratização, a administração da coisa pública baseada em regramentos, legislação e procedimentos ad- ministrativos iria se estabelecer. Podemos chamar de estrutura burocrática, os atos administrativos baseados em leis, a impessoalidade no trato com a coisa pública, DEFINIÇÃO 26 a especialização e profissionalismo dos servidores públicos, entre outras características. A administração pública burocrática se dife- rencia do patrimonialismo justamente por buscar combatê-lo. Neste modelo de administração, são privilegiados os aspectos formais, com rígido controle dos processos de decisão e hierarquia. O agente público, servidor da sociedade, tem seu cargo atribuído em função de suas competências, com ingresso por concurso público e ampla publicidade de funções e salários. Segundo Weber (1946 apud Chiavenato, 2003), o modelo burocrático está assim caracterizado: → o equilíbrio para o Estado é a lei; → a burocracia segue o princípio da hierarquia. Superiores e subordinados têm clara definição de suas funções, facilitando o processo de acompanhamento; → desde a seleção até o processo avaliativo dos funcionários são baseados em competência técnica. Existe a exigência de con- cursos de provas e títulos como instrumentos de base à admissão e promoção; → a informalidade é fortemente combatida nas relações fun- cionais. O funcionário burocrático é uma peça da engrenagem do Estado, portanto, seu comportamento deve ser formal; → o funcionário é remunerado via salário, não baseado em produtividade, mas segundo as funções que integram esse trabalho e o tempo de serviço; → o funcionário burocrata detém seu posto de trabalho; as funções que executa e o cargo que ocupa são totalmente indepen- dentes e separados da posse privada dos meios de produção da or- ganização onde trabalha; → a profissão de funcionário de tipo burocrático supõe um emprego fixo e uma carreira regular; → o desempenho de cada cargo por parte dos funcionários burocráticos pressupõe uma grande especialização na execução das suas tarefas e trabalho. 27 Para Weber (1994), a burocracia busca tornar a organização eficiente e eficaz, garantindo: rapidez, racionalidade; atividades homogêneas e correta interpretação das normas; reduzir atritos e discriminações; reduzir influências externas, com controle das ati- vidades com vistas a atingir os objetivos de atendimento às deman- das da sociedade. Tipos de autoridade De acordo com Weber (1994), os estudos sobre a burocracia encon- tram-se fundamentados no conceito de autoridade. Nesse sentido, pode-se afirmar que existem três formas de autoridade: → autoridade tradicional – baseada em tradições e costumes e práticas passadas de uma cultura. Encontrada nas figuras dos pa- triarcas e anciões, principalmente, das sociedades antigas, apesar de ainda hoje existirem. Nesse caso, a legitimidade da autoridade é assegurada pelas tradições religiosas, crenças e costumes sociais. Acredita-se que ela é sagrada; → autoridade carismática – baseada nas características fí- sicas ou de personalidade do líder em questão. Os seguidores reve- renciam seus feitos, sua história e qualidades pessoais. A autoridade carismática tem como desvantagens o fato de poder ser passageira, uma vez que se segura no reconhecimento por parte do grupo e por não deixar sucessores certos. → autoridade racional-legal – é aquela garantida por regras e normas oriundas de um regulamento que é, por sua vez, reco- nhecido e aceito pelo grupo. Aqui, deve-se seguir os comandos da pessoa que ocupa o cargo, independente de quem seja. A autoridade está no cargo e não na pessoa que o exerce. Weber (1982) acreditava que a autoridade racional-legal era a mais adequada para o ambiente corporativo, uma vez que não é VOCÊ SABIA? 28 personalista como as outras duas formas. Por meio desse modelo de autoridade surgiria o tipo de organização à qual ele deu o nome de burocrática. Segundo o autor (ibidem), a burocracia moderna estabelece relações de autoridade por meio de leis e normas administrativas relativas aos meios de coerção e consenso. Uma relação hierárquicaé defini- da por posições de autoridades determinadas e tarefas conferidas. Nesse âmbito, o papel e as obrigações das pessoas são regulados por documentos que formalizam a administração. Em burocracias es- pecializadas, o treinamento faz-se importante em virtude das es- pecificações de cada atividade e dos trabalhos executados. O treinamento especializado é o que transforma um determinado cargo em uma profissão, sendo assim, ao transformar as tarefas de um trabalho em profissão, estas podem ser aprendidas por qualquer trabalhador e estarão delimitadas pela existência de cargos mais ou menos estáveis. Ocupar um cargo é assumir uma profissão impes- soal e transitória. Estrutura pública Inicialmente para entendermos a estrutura pública, existem dois conceitos fundamentais que precisamos conhecer. → Desconcentração – É a distribuição de funções entre vários órgãos de um mesmo ente federativo. São exemplos: o Ministério da União, Secretarias de Governos Estaduais e Municipais, Procurado- rias, dentre outros. → Descentralização – O Estado transfere competências de um ente para uma pessoa, física ou jurídica. Na descentralização cabe às pessoas a quem foi atribuída competência exercer a admi- nistração daquela determinada demanda, de forma autônoma. São exemplos, as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. 29 A partir dos conceitos de descentralização e desconcentração você poderá compreender com mais clareza a diferença entre a ad- ministração pública direta e a administração pública indireta. A administração direta engloba toda a prestação de serviços públicos diretamente ligados ao Estado e órgãos referentes ao po- der federal, estadual e municipal. Tal administração é centralizada e desconcentrada, pois os órgãos são subordinados à pessoa políti- ca, ou seja, à União, Estado, Distrito Federal ou municípios. Como exemplos podemos citar os ministérios, secretarias de Estado e de municípios, câmaras e assembleias e tribunais de contas. A administração indireta é descentralizada, exercida por pes- soas administrativas, que não estão diretamente subordinadas ao poder central, mas vinculadas a ele, apesar da autonomia para de- senvolver suas atividades e tomar decisões. São entidades que têm personalidade jurídica própria. Além disso, possuem autonomia administrativa e financeira, mas não política, sendo assim, confira abaixo quem compõe a administração indireta. → Autarquia – são entidades administrativas autônomas, re- gidas por legislação específica e que possuem imunidade tributária, patrimônio, renda e serviços ligados aos seus processos essenciais. → Fundação pública – são entidades sem fins lucrativos, criadas por autorização legislativa, para o desenvolvimento de ati- vidades que não exijam execução por órgãos ou entidades da ad- ministração direta, com autonomia administrativa, patrimônio próprio, e seu funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. → Empresa pública – são entidades com capital público, que podem realizar atividades ou serviços públicos pertencentes à ad- ministração indireta. → Sociedade de economia mista – entidades formadas por capital público e privado. O Estado tem a maior parte das ações, mas as empresas não são conceituadas como públicas, mas como socie- dade anônima. 30 Modelo de Gestão Gerencial A crise do Estado, com alto custo de manutenção da máquina públi- ca, com pouca efetividade nos serviços e diversos problemas rela- cionados à corrupção, obrigou o Estado a pensar uma administração pública mais eficiente. No início da década de 1970, no Brasil, cres- cia a insatisfação em relação à burocracia da administração pública. O excesso de formalismo e legalidade tornava os serviços morosos e ineficientes. A necessidade de adotar novos parâmetros para administrar o Estado, fez com que os órgãos de decisão voltassem os olhos para a dinâmica das empresas privadas. Surge a administração pública gerencial, orientada para o cidadão e foco nos resultados, incentivo à criatividade e inovação, descentralização e novos modelos de ges- tão pública. Diferentemente da administração burocrática, amarrada aos processos, o foco em resultados da administração gerencial pro- porciona outras ferramentas de controle para prevenir insucessos e evitar a corrupção. Sem abrir mão dos controles legais, reformulan- do-os com critérios mais preventivos, desenvolve novas bases para que estes aconteçam e agrega outros atores ao cenário da adminis- tração pública. Segundo Pereira (2001), na administração gerencial, o serviço ao cidadão é público, visando atender à sociedade, razão de ser do Estado. Um critério importante na administração pública gerencial é a descentralização. Delegando autoridade, o Estado é capaz de ofe- recer uma administração mais capacitada para atuar nos diversos setores necessários. Pereira (2001), afirma que os Estados modernos setorizam em quatro os espaços descentralizados: núcleo estraté- gico (É o centro onde são definidas as leis e as políticas públicas, e se exige seu cumprimento); atividades exclusivas (envolvem o poder do Estado); serviços não-exclusivos (apesar de providos pelo Es- tado, também podem ser executados pelo setor privado e pelo setor público não-estatal) e setor de bens serviços (é formado pelas em- presas estatais). 31 1. GESTÃO SOCIAL Podemos entender a gestão social como os serviços voltados à so- ciedade. Mas a gestão pública também, não é? Diante desse impasse, podemos resumir a gestão social como um modelo que se orienta às práticas sociais de diversos atores, nem sempre públicos, de forma a exprimir as noções de cidadania. As empresas privadas exercem a gestão social com suas prá- ticas de responsabilidade social, as organizações não governamen- tais, ao levantar bandeiras de proteção social e luta por direitos. A administração pública, ao traçar metas de atendimento às deman- das da sociedade. Assim, qualquer prática social, com vistas aos in- teresses da sociedade, pode ser entendida como uma das vertentes da gestão social. Na literatura especializada, vamos encontrar o termo gestão social com uma conotação diferente. Tenório (1998) afirma que a gestão social busca substituir a gestão tecno-burocrática por uma gestão mais participativa e dialógica. É característica da gestão so- cial a diversidade de sujeitos sociais. Tais atores estabelecem um consenso no processo decisório. Portanto, esta concepção de cidadania tem re- lação com o conceito de gestão social por nós desejado, na medida em que ela é entendida como uma ação política deliberativa, na qual o indivíduo deve participar de um procedi- mento democrático, decidindo, nas diferentes instâncias de uma sociedade e em diferentes papéis, seu destino social como pessoa, quer como eleitor, quer como trabalhador ou como consumidor, ou seja, sua autodeterminação não se dá sob a lógica do mercado, mas da de- mocracia social: igualdade política e decisória (TENORIO, 1998, p. 13). Assim, a gestão social está na participação da sociedade na gestão pública, buscando soluções para suas demandas e debatendo sobre os serviços públicos oferecidos pelo Estado. 32 Participação e controle social Participação e controle social são direitos assegurados a todos os ci- dadãos pela nossa Constituição Federal. É pela participação social, nas políticas públicas, que os cidadãos são ouvidos no processo de tomada de decisão, garantindo que essas políticas atendam ao in- teresse público. O controle social é instrumento de fiscalização do cidadão so- bre as ações do Estado, submetendo o governo a prestar conta sobre os recursos públicos utilizados na oferta de bens e serviços para a sociedade. Instrumentos de participação e controle A democracia participativa na Constituição de 1988 estabelece os conselhos gestores de políticas públicas, nos níveis municipal, es- tadual e federal, com representação do Estado e da sociedade civil, conferindo àsgestões das políticas da Seguridade Social, educação e da criança e do adolescente deveriam ter caráter democrático e descentralizado. O novo arranjo constitucional das políticas públicas ampliou a democracia da gestão conferindo também maior transparência e instituindo o controle social como aparato fundamental na garantia de efetividade. Vários campos de atuação da Administração Pública foram afetados pela gestão democrática e participativa. Segundo Rocha (2009), a Constituição Federal garantiu em seu texto alguns passos importantes para as políticas sociais. Assim, destacam-se alguns avanços da participação social nas políticas sociais, que resultaram de preceitos constitucionais: → a luta pela reforma sanitária em articulação com os pro- fissionais de saúde resulta na aprovação do Sistema Único de Saúde (SUS), que institui um sistema de co-gestão e de controle social tri- partite – governo, profissionais e usuários – das políticas de saúde; 33 → a luta pela reforma urbana resulta na função social da pro- priedade e da cidade reconhecida pela atual Constituição, em capí- tulo que prevê o planejamento e a gestão participativa das políticas urbanas; → a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente, como desdobramento do reconhecimento constitucional da criança como um sujeito de direito em situação peculiar de desenvolvimento e da adoção da doutrina da proteção integral; → promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social, como resultado do reconhecimento constitucional de que a assistência social é um direito, figurando ao lado dos direitos à saúde e à previ- dência social. Atualmente, quase todas as políticas sociais contam com es- paços institucionalizados de participação social. Os conselhos são órgãos administrativos colegiados com representantes da sociedade civil e do poder público. O acompanhamento e monitoramento legal das ações da gestão também podem ser acionados pela sociedade. São ferramentas fundamentais para este instituto: o Ministério Público; o Tribunal de Contas; a Ação Civil Pública; os Mandados de Injunção, de Segurança Coletivo; a Ação Popular; o Código do Con- sumidor; a Defensoria Pública; o Poder Legislativo; as Comissões; o Orçamento Participativo; a Audiência Pública e, por fim; os Conse- lhos Gestores de Políticas Públicas. Democracia deliberativa Ao nos aprofundarmos sobre o conceito de democracia e as tipolo- gias, podemos perceber o quanto é importante que a participação dos eleitores seja levada em consideração dentro do processo de- mocrático. Segundo Faria (2000), “a ideia de decisões coletivas so- bre o exercício do poder é possível nas sociedades complexas e mais necessárias para a legitimidade dos governos democráticos”. Isso nos reporta à concepção da importância que as decisões coletivas têm em uma democracia. 34 Participação política Habermas, ao elaborar o conceito de democracia discursiva/delibe- rativa, está preocupado com o modo como as pessoas fundamen- tam racionalmente as regras do jogo democrático. De acordo com a teoria democrática “convencional”, a fundamentação do governo democrático se dá por meio do voto. Dado que esse instrumento não é suficiente para legitimar a democracia, a teoria do discurso propõe um “procedimento ideal para a deliberação e tomada de decisão” que avançaria, segundo esse autor, em termos da fundamentação e legitimação das regras democráticas (FARIAS apud HABERMAS, 1997). Ao analisar os dados dos eleitores no Brasil, percebemos que nos últimos pleitos, cada vez menos os eleitores estão participando do processo de escolha de nossos representantes. Com isso, é possível gerar certo tipo de questionamento: será que o modelo atual de de- mocracia que temos em nosso país é o ideal? Seguindo as regras da democracia deliberativa, o voto não é o mo- delo ideal para a participação cidadã dos indivíduos de nossa socie- dade. Por isso, às vezes você deve se perguntar sobre os motivos de haver tanta falta de políticas públicas em nosso país, que atendam determinado local, com as suas particularidades. Sociedade organizada em grupos Embora a democracia deliberativa reforce a questão da participa- ção em grupos, através das instituições, no processo democrático de escolha, no Brasil temos uma democracia representativa. Nacio- nalmente, existem dois tipos de participação política: o plebiscito e o referendo, que são consultas ao povo para decidir sobre matérias REFLITA 35 de relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. Agora, vejamos a principal distinção entre eles. → Plebiscito – é convocado previamente à criação do ato le- gislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta. → Referendo – é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta. Ambos estão previstos no art. 14 da Constituição Federal e re- gulamentados pela Lei n. 9.709, de 18 de novembro de 1998. Essa lei, entre outras coisas, estabelece que, nas questões de relevância nacional e nas previstas no § 3º do art. 18 da Constituição – incor- poração, subdivisão ou desmembramento dos estados –, o plebis- cito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo. Nas demais questões, de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o plebiscito e o referendo serão convocados em conformidade, respectivamente, com a Constituição estadual e com a Lei Orgânica. No caso dos plebiscitos e referendos existe a consulta à po- pulação sobre determinada decisão que precisa ser tomada, leis que serão implementadas. Portanto, temos um exemplo de participação política que acontece na nossa sociedade. A democracia deliberativa nos diz que a sociedade precisa se programar em grupos para deliberar sobre as demandas necessá- rias. Com forma organizada, será possível trabalhar para atender ao maior número de necessidades da população como um todo. Parabéns, estudante! Em conjunto, finalizamos esta etapa. Agora, vamos sintetizar o que estudamos até aqui. Nesta unidade, você teve a oportunidade de compreender um pouco sobre as relações entre o Estado e a sociedade, além da importância da atuação política dos atores no reconhecimento e sensibilização ACESSE 36 sobre os problemas coletivos. Para complementar, também estudou o conceito de política pública e esfera pública. Em seguida, você pôde conhecer o patrimonialismo e sua estru- tura, a qual marcou a organização do Estado brasileiro desde a colonização. Além disso, abordamos um item fundamental que é a diferença entre esfera pública e esfera privada, conceituando o patrimônio público e conhecendo os bens públicos. Para aprofundamento, também foi estudado a administração burocrática e a necessidade de reformas administrativas para chegar à administração pública gerencial. Por fim, foi aprendemos, brevemente, sobre o histórico da partici- pação popular e o caminho para a construção da democracia par- ticipativa, conhecendo os instrumentos de participação e controle social. Assim, espero que você tenha assimilado este conteúdo de forma dinâmica e completa. Até a próxima! UN ID AD E 2 Objetivos 1. Definir cidadania e a participação social. 2. Discorrer sobre os direitos e deveres dos indivíduos. 3. Abordar os programas e projetos de políticas públicas. 4. Conhecer o desenvolvimento sustentável. 38 Introdução Olá, estudante! Tudo bem com você? Seja bem-vindo(a) ao nosso conteúdo! Nesta etapa da nossa disciplina, vamos dar continuidade ao estudo da gestão social. Inicialmente, abordaremos os conceitos de cidadania, participação política, social e popular e, por fim, de accontability. É preciso compreender estes conceitos para que pos- samos entender a origem destas definições para, posteriormente, entendermos quais são os seus impactos na Gestão Social. Em seguida, estudaremos os programas e projetos de polí- ticas públicas, a sua formulação e a implementação. O desenvolvi- mento sustentável, com abordagens econômicase socioambientais, possibilita o pensamento da nossa realidade a partir da sustentabi- lidade ambiental. Com isso, será possível viabilizar que a sociedade e as gera- ções futuras desfrutem do nosso meio ambiente e o preservem da melhor maneira possível. A partir disso, os gestores possuem gran- de responsabilidade nestes processos. Por fim, vamos nos aprofun- dar nas abordagens da gestão social. Então, você está preparado(a) para embarcar nesta jornada? Bons estudos! 39 Cidadania e participação (política, social e popular) Neste tópico, vamos estudar a cidadania e seu impacto na vida pú- blica de todos cidadãos. Primeiramente, devemos saber que o con- ceito de cidadania dialoga diretamente com os direitos e deveres do cidadão que é pertencente ao Estado e amparado por ele e suas leis. Direitos e deveres Todos nós temos direitos e deveres, afinal de contas, somos indi- víduos e vivemos em sociedade. Em outras palavras, participamos de uma sociedade plural, com suas inúmeras diferenças: raças, re- ligiões, gêneros, opiniões políticas, partidárias e assim por diante. Somos, portanto, seres sociais e devemos seguir as regras e as leis, com ética e civilidade para o bom funcionamento da sociedade como um todo. Quantas, por exemplo, pessoas não gostariam de sair para as ruas sem a preocupação com assaltos, roubos, violência etc.? Se todos os cidadãos respeitassem estas regras sociais, nós não precisaríamos de tantas leis. Poderíamos sair tranquilos, sa- bendo que todos os seres humanos estariam de acordo com as re- gras e conscientes de que não poderiam cometer um ato de roubo, por exemplo. No entanto, sabemos que, infelizmente, não é assim que fun- ciona. Isso porque a realidade mostra que o país precisa investir em educação e empregos para, consequentemente, diminuir a violência e todos os descasos que afligem a nossa sociedade. Por isso, cada vez mais, fazem-se necessárias políticas de segurança pública. 40 As pessoas têm cobrado do poder público uma tomada de decisão, existem diversos casos de violências extremas em nosso país. Você conhece ou já passou por uma situação neste sentido? Como já estudamos anteriormente, no nosso país, o cidadão tem a função no processo democrático de participar ativamente das decisões, deliberando sobre as necessidades individuais e coletivas, seja na segurança pública de sua cidade, seja no seu bairro. Entenda a deliberação popular Como acontece a deliberação popular? Por meio da participação dos grupos sociais, estabilizados dentro das instituições políticas (sin- dicatos, associações). Tudo isso leva a uma participação social dos cidadãos, de forma mais ampla, porque, afinal de contas, quanto mais se ouve e sabe das necessidades da população, mais efetivo será o atendimento a esses grupos (cidades ou bairros). Existir é em si um fato político. Mas, para haver participação política consciente, ou seja, per- ceber a ação conjugada dos homens e agir em conjunto pelo bem em comum, o que importa é a atitude criativa, daquele que se torna sujeito de sua vida, e não mais o lugar de onde vem: a postura, e não a posição, eis o que conta. Ser condutor de sua vida, estadista do seu destino é o desejo para cada pessoa (FREIRE, 2006, p. 8). Então, participar não deve ser somente um dever, uma coisa imposta a nós enquanto seres sociais, que vivemos em uma socie- dade plural e diversa, mas que, muitas vezes, é conflituosa, gerando medo por parte da população em participar de decisões. No entan- to, a participação em si pode trazer inúmeros benefícios para as pessoas. REFLITA 41 Quando uma pessoa com deficiência não pode sair da sua casa, pois a cidade não tem rampas de acessibilidade e calçadas adequadas. Assim, impossibilitando o seu direito de ir e vir livremente, que é um direito assegurado a todos nós brasileiros. Imagine se duas, três ou mais pessoas que precisam de acessibilida- de formassem uma associação de deficientes físicos e visuais. Dessa forma, teriam mais representação para buscar, junto ao poder pú- blico, providências para a acessibilidade urbana na cidade na qual residem. Desse modo, são nessas questões que a democracia, o ato democrático em si, vem trabalhar para que as pessoas participem, cada vez mais, das decisões, não deixando isso a cargo somente dos representantes políticos eleitos para este fim. (IMAGEM) Você deve acompanhar na mídia, o que ocorre quando os casos de corrupção vêm à tona, mostrando, por vezes, o controle das contas públicas fora do controle ético por parte daqueles que governaram ao longo dos anos e ainda governam. É justamente quando entra o termo accountability, ou seja, o con- trole das contas públicas, da gestão pública, dos orçamentos da ad- ministração pública como um todo. EXEMPLO CURIOSIDADE 42 Programas e projetos de políticas públicas Para compreender sobre políticas públicas, precisamos saber como é o processo desde a criação de projetos até a implementação dele. Quem decide o que vai ser feito e de onde surgem estas necessidades de políticas públicas? Formulação das políticas públicas Agora, vamos aprender como são formuladas as políticas públicas destinadas à sustentabilidade em nosso país e o que já vem sendo implementado em nossa sociedade. Para iniciar este conhecimento, você precisa saber o que são políticas públicas. Quem se coloca como desafio analisar a pro- blemática ambiental a partir da investigação da formulação, implementação e gerenciamento de políticas públicas no mundo contemporâ- neo se depara com um paradoxo absolutamen- te determinante na vida política deste final de século: ao mesmo tempo em que demandas sociais de uma nova natureza emergem em de- corrência da crise ambiental e da disseminação de situações de incerteza exigindo do aparato político administrativo intervenções que o tor- nariam ainda mais presente na vida pública, é notória a perda de capacidade do Estado de determinar os rumos principais da dinâmica social e de proporcionar eficientemente políti- cas que vão ao encontro dessas novas carências (FERREIRA, 1998, p. 217). Para uma política se tornar pública, portanto, ela deve partir daqueles que necessitam de tal projeto, ou seja, da sociedade que deve não somente participar da criação, mas também contribuir para uma melhor formulação dessas políticas. Agora, você deve estar se perguntando: de que forma são cria- das as políticas públicas para o meio ambiente? Uma política pública 43 possui dois elementos fundamentais: a intencionalidade pública e a resposta a um problema público. Assim, a razão para um problema entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2013). As políticas públicas podem ser pensadas para a sustentabi- lidade de duas formas: pela abordagem estatista ou pela abordagem multicêntrica, que leva ao questionamento se somente o Esta- do é responsável pelas demandas de políticas, tratando-as como monopólio de atores estatais (Ibidem). Assim, fazendo com que a participação da sociedade não aconteça, neste caso da abordagem estatista, levando ao questionamento se a política é pública. A exclusividade estatal no fazer policies é de- rivada da superioridade objetiva do Estado em fazer leis e fazer com que a sociedade cumpra as leis. Além desse argumento objetivo, há a argumentação normativa (baseada em valores) que é salutar que o Estado tenha superioridade hierárquica para corrigir desvirtuamentos que dificilmente mercado e comunidade conse- guem corrigir sozinhos (SECCHI, 2013, p. 2). No caso da abordagem multicêntrica, temos a participação de outros atores, além do Estado. Nessa abordagem, leva-se em conta que, para política ser pública, ela deve partir das necessidades da sociedade e não somente serem criadas por simples dever. No en- tanto, fazendo o contraste com a abordagem estatal, “segundo essa concepção, o que determina se uma política é ou não ‘pública’ é a personalidade jurídica do ator protagonista” (SECCHI, 2013, p. 2). Sendo o Estado detentordesta personalidade, passa a ter competência máxima para a tomada de decisões, dificultando que outras camadas da sociedade se envolvam e tenham a oportuni- dade de delegar e decidir sobre as necessidades de implantação de políticas. 44 A abordagem estatista admite que atores não estatais até tenham influência no processo de elaboração e implementação de políticas públicas, mas não confere a eles o privilégio de estabelecer (decidir) e liderar um processo de política pública. Já acadêmicos da vertente multicêntrica admitem tal privilégio a atores não estatais (SECCHI, 2013). A necessidade das políticas públicas No caso de o Estado não acatar as necessidades de implantar uma política pública, ainda que esta atitude passe a ser entendida como omissão ou negligência, quer dizer que este Estado só tem interesse em manter seu status quo (SECCHI, 2013). Portanto, além da falta de compromisso, a atenção deveria ser voltada para as formulações que deveriam acontecer com uma maior participação da sociedade para, assim, chegar a uma solu- ção possível de ser implementada com sucesso e que responda a um problema público. SAIBA MAIS 45 Figura 1 - Etapas para implementação de uma política pública Fonte: adaptada de Secchi (2013) pelo Editorial da Cengage (2020). Se o Estado não se preocupa em atender as necessidades, quais se- riam então as premissas que ele usa para formular e implantar as políticas públicas? REFLITA 46 Portanto, temos a questão do Estado muito presente. Na reflexão de Secchi (2013), nas duas abordagens – estatista e multicêntrica –, ao mesmo tempo em que se confrontam, elas nos mostram a polariza- ção entre Estado e sociedade. Gestão No processo de implementação é importante compreender as ins- tituições presentes no estado burocrático. Hofling (2001) aborda de diferentes formas o Estado e o governo. O Estado com suas institui- ções políticas e o governo com os seus programas de ações que, nes- te conjunto, cumprem suas funções de Estado e para Hofling (2001, p. 31) representa “o conjunto de instituições permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do governo”. O autor (ibidem) ainda descreve o governo como um “con- junto de programas e projetos que parte da sociedade propõe para a sociedade como um todo, configurando-se a orientação política de um determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado por um determinado período” (HOFLING, 2001, p. 31). Inclusão da sociedade Precisamos entender a sociedade como plural, como um conjunto de indivíduos pertencentes a diversas classes sociais, culturalmente diferentes, e que precisam ser atendidos de forma igual. Para isso, é preciso que o Estado abranja, em seus programas, a diversidade social e cultural existente e inclua, cada vez mais, esses indivíduos de forma participativa para que exista uma conexão entre governo e sociedade. As políticas públicas sempre são pensadas como uma forma de solução a um problema social. Como vimos, é de suma impor- tância pensar em formas de participação ativa da sociedade nestes 47 processos de escolhas, para que possamos ter políticas públicas mais eficientes e que sejam implementadas de forma bem-sucedida. Empresários, movimentos sociais, sociedades científicas, sindicatos etc., politizam e tornam públicas questões antes vistas seja como própria dos âmbitos privados ou como própria única e ex- clusivamente do aparato político-administrativo oficial; pelo fato das emergentes demandas sociais desafiarem os adequados códigos e instrumentos de gestão da vida pública. Até então, estes não eram muito capazes de proporcionar medidas de proteção aos cidadãos. Com a disseminação das situações de risco, a determinação dos danos a serem compensa- dos, dos culpados por sua ocorrência e daque- les a quem tais políticas de proteção deveriam se dirigir, torna-se cada vez mais difícil de ser efetivada. Em uma situação como essa, qual seria o melhor desenho institucional a ser im- plantado e qual papel o Estado deveria assu- mir? Estaria ele sendo forçado a despedir-se completamente de suas tradicionais tarefas de propor e implementar políticas diante do sur- gimento de tantos novos atores na cena políti- ca contemporânea e de demandas sociais que desafiam seu modus operandi convencional (FERREIRA, 1998, p. 21). Em seguida, veremos as políticas e projetos que são criados para o meio ambiente. Ao se tratar de políticas e programas para sustentabilidade ambiental, o país e o mundo como um todo têm caminhado em um ritmo para efetivar mais programas neste sen- tido, pois não há como negar a urgência de colocar em prática pro- jetos nesta área. Desenvolvimento sustentável Atualmente, a questão da sustentabilidade ambiental preocupa o mundo inteiro. É preciso agir com mais rapidez e eficiência quando tratamos sobre este assunto. Foram tantos os danos ambientais ao longo dos anos, que não temos mais tempo a perder. 48 Cada vez mais tem se criado políticas públicas e projetos va- riados visando a sustentabilidade em prol da diminuição dos efeitos negativos provenientes tanto da indústria e da agricultura quanto do modo de vida em geral das pessoas. Tudo isto tem um propósi- to: reduzir a produção de lixo e descartá-lo corretamente. Por isso, várias medidas vêm sendo adotadas para que se diminuam os im- pactos ambientais. No Brasil, é possível identificar um avanço na concepção de política ambiental nas últimas décadas. Conforme Moura e Bezerra (2016), a preocupação com essa demanda atende às práticas demo- cráticas e de descentralização. Um exemplo disso é que há conselhos ambientais nos três níveis de governo e, em cada um deles, a socie- dade civil está representada. O acesso à informação está melhorando. Um sistema de esta- tísticas ambientais está sendo desenvolvido e o sistema legal possui os instrumentos para punir crimes ambientais. Além disso, tanto o Ministério Público Federal quanto os ministérios públicos estaduais têm sido atentos às práticas ambientais ilegais. Com isso, é de suma importância que os governos pensem em alternativas, como programas que controlem o desmatamento e a poluição de rios. O poder público, por meio do Ministério do Meio Ambiente, tem sido cada vez mais cobrado, não só internamente, mas também por outros países. Portanto, por meio da governança busca-se aumentar a capacidade de processar as de- mandas da sociedade e de articulá-las com os processos públicos e privados de tomada de decisão. Busca-se um equilíbrio dinâmico en- tre a eficiência dos mecanismos burocráticos de gestão e a participação dos setores da so- ciedade civil interessados na sustentabilidade do desenvolvimento. Os entes do Estado, em última instância, prestam conta dos seus atos e da sua eficiência ante as sociedades nacionais (MOURA; BEZERRA, 2016. p. 92). 49 Há muito tempo, não existia no Brasil um controle tão rigo- roso e, com isso, alastrou-se, consideravelmente, a extração ilegal de madeira, o desmatamento desenfreado de matas para plantio de lavouras, pastagem, entre outros problemas associados às questões ambientais. A título de exemplo, as grandes empresas usavam os nossos rios como destino para esgoto e rejeitos das grandes indús- trias, comprometendo a preservação. Muitos destes danos à nature- za podem tornar-se irreversíveis. Além dos problemas constantemente enfrentados com sa- neamento básico, em várias partes do país, principalmente, a po- pulação carente, que ultrapassa a linha da pobreza em sua maioria, ainda resta a problemática da contaminação de rios e córregos. A população acaba se apropriando de terrenos nas encostas destes rios, tornando o problema ainda maior. Diante desse cenário, é possível afirmar que o fator ambien- tal afeta diariamente a vida de todos os cidadãos – na qualidade da água, no alagamento das cidades, na mudança climática com ca- tástrofes ambientaise, em outras coisas que afetam a qualidade de vida das pessoas, a saúde e afetarão, consequentemente, as gera- ções futuras. No dia 30 de janeiro de 2020, o governo brasileiro assinou, com os Estados Unidos, um memorando de entendimento sobre coopera- ção em sustentabilidade urbana. “O acordo entre os dois países, com duração inicial de cinco anos, tem como principal objetivo permitir a criação de programas voltados à proteção ambiental e ao desen- volvimento sustentável” (BRASIL, 2020, [s. p.]). A coleta seletiva de lixo é de suma importância na destinação corre- ta e para que se tenha a possibilidade de reciclar o material produ- zido pela sociedade. Por isso, o poder público tem investido cada vez mais nestas políticas de sustentabilidade. VOCÊ SABIA? 50 A coleta seletiva A coleta seletiva consiste na coleta diferenciada de resíduos que fo- ram previamente separados, segundo a sua constituição ou compo- sição. Isto é, resíduos com características similares são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra insti- tuição) e disponibilizados para a coleta separadamente. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a im- plantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e as metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios. Alguns municípios e estabelecimentos separam os resí- duos em três frações: 1. recicláveis secos; 2. resíduos orgânicos; 3. rejeitos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, quando a co- leta é realizada desta maneira, os resíduos recicláveis secos coletados são, ge- ralmente, transportados para centrais ou gal- pões de triagem de resíduos, onde os resíduos são separados de acordo com sua composição e posteriormente vendidos para a indústria de reciclagem”. Os resíduos orgânicos são tratados para geração de adubo orgânico e os rejeitos são enviados para aterros sanitários (BRASIL, 2022, [s. p.]). As formas mais comuns de coleta seletiva no Brasil, hoje, são: → coleta porta a porta; → coleta por pontos de entrega voluntária (PEVs). A coleta porta a porta pode ser realizada tanto pelo prestador do serviço público de limpeza e manejo dos resíduos sólidos (público 51 ou privado) quanto por associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis. É o tipo de coleta em que um caminhão ou outro veículo pas- sa em frente às residências e comércios recolhendo os resíduos que foram separados pela população. E os pontos de entrega voluntária consistem em locais situa- dos estrategicamente próximos de um conjunto de residências ou instituições para entrega dos resíduos segregados e posterior coleta pelo poder público. Desenvolvimento sustentável dos setores específicos: sociais, econômicos e socioambientais A sustentabilidade é tema cada vez mais discutido pelos governos. Os avanços industriais e econômicos afetam diretamente os progra- mas destinados ao meio ambiente, pois, na medida em que o país cresce, aumenta-se também a necessidade de controle ambiental. A verdade é que o mundo está preocupado com o meio am- biente como um todo, não é a questão de país A ou B; o que importa é preservarmos agora nossos recursos naturais. Por isso, reuniões são feitas com representantes de diversos países para que acordos internacionais sejam assinados relacionados ao clima e à preserva- ção ambiental. [...] o que dizer da internalização da preocupa- ção com a sustentabilidade e com a qualidade de vida pelas políticas públicas de um país que há muitos anos vem lutando a qualquer custo para atingir taxas de crescimento econômico capazes de lançá-lo em evidência no cenário mundial? Em que medida seria possível im- por restrições para a atividade econômica de um país que após um período milagroso de produção de riqueza seguido de um intervalo de uma “década perdida”, mostra-se seden- to por retomar sua caminhada em direção ao 52 “crescimento a todo vapor”? Não se trata de reforçar o falso impasse que polariza desen- volvimento econômico e proteção ambiental, mas de salientar que a sustentabilidade de- manda certos cuidados até o momento pouco considerados (FERREIRA, 1998, p. 219). No que se refere à participação social, que abordamos an- teriormente, a questão da criação e implementação de políticas públicas no Brasil é de crucial importância. Se pela abordagem mul- ticêntrica é de suma importância que se tenha a participação da sociedade na elaboração de projetos, como podemos evoluir nessa questão se ainda existem problemas em relação à participação das pessoas nas decisões políticas do país? Nesse caso, como evoluir em políticas públicas sustentáveis pensando no meio ambiente, se ainda não resolvemos um problema primordial nesse processo, que seria um problema social de participação cidadã? Além disso, se é verdade que os problemas ambientais de fato trazem à tona novos atores sociais que buscam legitimidade para seus interesses e para suas reivindicações, como se processará essa nova dinâmica social e política no Brasil, país inegavelmente mar- cado pelo traço antidemocrático e clientelista de sua vida política? Haverá algum indício de mudança quando considerarmos diferen- ciadamente os três níveis de poder (federal, estadual, municipal)? O que dizer das mais recentes tentativas de se institucionalizar a questão ambiental? Quais seus graus de efetividade? (FERREIRA, 1998). A importância de incluir de fato a sociedade nas tomadas de decisão se mostra como uma forma de explorar as políticas públi- cas, as quais devem atender grande parte da população. Além disso, na questão que estamos estudando aqui, que se refere ao meio am- biente, tratamos de um fator a mais: a conscientização da população sobre a colaboração nos projetos, e não só na criação de políticas públicas de sustentabilidade. Mais do que impor regras e forçar um modo de vida susten- tável, é fazer com que a sociedade esteja, cada vez mais, engaja- da nesse processo de se tornar uma sociedade sustentável, e não 53 somente depender de programas e projetos do governo. É fato que as ONGs têm um papel fundamental na sociedade, pois, por meio delas, tem-se feito muito em prol do meio ambiente do país. Por parte do Governo Federal e seus órgãos de controle, como o IBAMA, busca-se gerar efeitos positivos no controle das queima- das, levando em consideração que alguns softwares mais avança- dos, os quais funcionam por meio de gps, têm colaborado para essa evolução no controle das nossas matas, principalmente da Amazô- nia, Pantanal e Cerrado brasileiro. Ainda na questão econômica, podemos apontar um efeito po- sitivo, que acontece no Brasil, que foram criadas cooperativas para catadores, gerando, assim, fonte de renda aos catadores, favore- cendo uma dinâmica organizada para essas pessoas que fazem este importante trabalho para nossa sociedade. Os catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis desempenham papel fundamental na implementação da Política Nacional de Re- síduos Sólidos (PNRS), com destaque para a gestão integrada dos resíduos sólidos. De modo geral, eles atuam nas atividades da coleta seletiva, triagem, classificação, processamento e comercialização dos resíduos reutilizáveis e recicláveis, contribuindo de forma sig- nificativa para a cadeia produtiva da reciclagem. A atuação deles, em muitos casos realizada sob condições precárias de trabalho, se dá individualmente, de forma autônoma e dispersa nas ruas e em lixões, como também coletivamente, por meio da organização pro- dutiva em cooperativas e associações. Reconhecida pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego desde 2002, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis con- tribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e para a diminuição da demanda por recursos naturais, na medida em que IMPORTANTE 54 abastece as indústrias
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