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1- PSICOLOGIA-DA-EDUCAÇÃO-E-DA-APRENDIZAGEM

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3 
2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ............................................................................. 4 
3 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL ...................... 5 
4 PSICOLOGIA E APRENDIZAGEM ......................................................................... 14 
5 DIRETRIZES E BASES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO .................................. 22 
5.1 As relações entre a psicologia e a educação ...................................................... 24 
5.2 Estatuto da psicologia escolar e educacional: alguns pressupostos ................... 28 
5.3 Elementos essenciais da psicologia da educação .............................................. 30 
6 PROCESSOS FUNDAMENTAIS DA APRENDIZAGEM ......................................... 32 
6.1 A aprendizagem e sua relação com aspectos cognitivos, afetivos e sociais ...... 33 
7 ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR/ EDUCACIONAL NA RELAÇÃO ALUNO-
PROFESSOR ............................................................................................................ 37 
7.1 A psicologia do ensino aprendizagem na prática do professor ........................... 41 
8 PRINCIPAIS MÉTODOS DE PESQUISA UTILIZADOS NA PSICOLOGIA 
EDUCACIONAL ........................................................................................................ 44 
9 DIFICULDADES ESCOLARES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM ................. 55 
9.1 Dificuldades de aprendizagem frente às implicações psicossociais ................... 59 
9.2 Distúrbios de aprendizagem: classificação e intervenção ................................... 63 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
Você sabe quais são os princípios que envolvem a Psicologia da educação? 
Bom, primeiro podemos dizer que a Psicologia apresenta os seus princípios 
educativos e o interesse no comportamento humano. 
Com base nisso, a Psicologia analisa de que forma estes princípios da 
apredizagem serão influenciados por processamentos mentais. Ou seja, como cada 
sujeito se manifesta em seu viver, levando em conta seu modo único de perceber a 
vida. Desse modo, é possível conectar estes princípios às premissas da educação, 
considerando primordialmente os processos aos quais os sujeitos disponibilizam para 
o desenvolvimento da aprendizagem e para a aquisição de conhecimento (MEIRA; 
ANTUNES, 2003). 
É necessário que você saiba que a psicologia e a educação acompanham a 
história do pensamento humano. A partir do momento em que começou a ter registros 
sobre o desenvolvimento do pensamento, a Psicologia e a educação caminham 
juntas. Quando recordamos os tempos mais remotos, por meio de registros tribais em 
relação as cavernas denotando uma organização de civilizações empenhada em 
disseminar conhecimentos adquiridos através da observação ou da experiência 
vivenciada, podemos perceber primeiro que a educação acompanha toda a evolução 
da espécie humana. 
Assim, nasce a intersecção da psicologia e da educação, com o entendimento 
de que os sujeitos são constituídos pelas culturas construídas ao longo da história 
humana. Ou seja, por meio da auto humanização, do apego e do pertencimento ao 
universo em que estão inseridos. Os sujeitos são seres sociais, e a educação serve 
como uma textura para que eles absorvam o mundo em que vivem. 
A psicologia da educação, surgiu como um ramo da psicologia em meados do 
século XX, essa área se constituiu por combinar as teorias do conhecimento com suas 
ações pedagógicas que são proporcionais, principalmente aquelas relacionadas aos 
interesses peculiaridades da sociedade. 
A psicologia educacional é, no entanto, delimitada por um campo de atuação 
cujo objeto são as conexões estabelecidas entre os sujeitos e os processos de 
aprendizagem, bem como o foco de análise, diagnóstico, intervenção, que são os 
elementos e a acomodações do saber, sujeito e a sua relação com as questões 
 
5 
 
ambientais educacionais, não se limitando aos ambientes escolares, mas explorando 
vários outros, como instituições, organizações e espaços públicos (MEIRA; 
ANTUNES, 2003). 
Porém, o exercício efetivo da Psicologia Educacional, requer uma visão mais 
ampla, assim como uma constante problematização em relação ao seu campo, sendo 
assim cuidados essenciais para que não reduza sua prática a aspectos de controle de 
problemas ou transtornos que visam atender as necessidades da escola ou ambiente 
organizacional. A psicologia educacional está comprometida com o sujeito, por isso 
suas ações devem promover a inclusão e o respeito às diferenças de cada indivíduo. 
Desta maneira, ao respeitar as demandas individuais de cada sujeito, a 
psicologia da educação, pode ampará-lo considerando sua natureza social e 
pedagógica, atuando, por meio, de pesquisas, análise, planejamento, diagnóstico e 
desenvolvimento de intervenções, com foco na prevenção ou na promoção dos 
processos de ensino-aprendizagem. O psicólogo educacional, incorpora seus saberes 
a uma equipe interdisciplinar, buscando e facilitando a integração entre diversas áreas 
de conhecimento com vistas a auxiliar no desenvolvimento integral do ser. 
Como você viu, a psicologia da educação e aprendizagem tem seus princípios 
voltados para o ensino e o desenvolvimento no campo da educação, pois, pode 
permitir a aplicação de novos modelos e técnicas de ensino em sala de aula, buscando 
compreender os processos de desenvolvimento e aprendizagem humana, bem como, 
compreender e explicar os fenômenos de ordem psicológica que ocorrem em 
contextos de educação formal e não formal. 
3 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
Neste tópico, vamos apresentar a você os antecedentes históricos 
da psicologia educacional, seus predecessores e os princípios teóricos associados a 
educação e a aprendizagem, como as principais teorias psicológicas e suas 
estratégias de ensino e habilidades no campo da educação, e apresentar também as 
competências requeridas dos educadores para este século XXI. 
 
 
 
 
6 
 
A Psicologia educacional, passou por um longo processo de desenvolvimento 
até ganhar relevância e se tornar uma disciplina dentro do campo da Psicologia. 
Conforme o desenvolvimento de suas concepções teóricas e na definição de seu 
objeto de estudo, teve como influência a filosofia. 
Dessa forma, para que você entenda melhor as construções dessas vertentes, 
precisamos conhecer seus antecedentes e princípios teóricos relacionados à 
educação e à aprendizagem. Contudo,estamos falando desde de Aristóteles (384 - 
322 a.C) e Platão (348-347 a.C), que trataram de questões transcendentais, como 
objetivos da educação, a natureza da aprendizagem e a relação professor-aluno, a 
Descartes (1596-1650), que defendeu ideias inatas como base do conhecimento. 
Já no século XVI, Juan Vives (1492-1540) destacou a relevância da percepção 
e da memória no processo educativo. A partir dos séculos XVIII e XIX tivemos 
contribuições de Johann Pestalozzi (1745-1827) e Johann Herbart (1776-1841). 
Pestalozzi (1746 -1827), influenciado por Jean-Jacques Rousseau (1712 –1778), foi 
o fundador de uma série de escolas, que teve como objetivo formar pessoas, 
revolucionando os conceitos de sua época ao enfatizar a aprendizagem, por 
observação e aprendizagem experiencial, dando menos importância à aprendizagem 
memorística e demarcando a relação entre professores e alunos de acordo com os 
aspectos críticos na educação das crianças. 
O filósofo, psicólogo e pedagogo alemão, Johann Friedrich Herbart (1776 – 
1841), sob a influência de Kant (1724-1770), propôs que dentro do processo de 
ensino, os novos conhecimentos devem ser apresentados de forma que se tornem 
parte do conteúdo mental, adotando a Psicologia aplicada como eixo central da 
educação, tendo como princípio que, para que a doutrina pedagógica seja científica, 
necessitava ser comprovada experimentalmente (ARANCIBIA; HERRERA; 
STRASSER, 2008). 
O século XIX foi, sem dúvida, um dos períodos mais importantes para o 
desenvolvimento da Psicologia como ciência e o início da Psicologia educacional. Na 
Inglaterra teve como referência Francis Galton (1822–1911), que inventou o primeiro 
teste psicológico para medir e avaliar a inteligência através da discriminação sensorial, 
mas foi o psicólogo Alfred Binet (1857–1920) que também era pedagogo, que 
desenvolveu o primeiro teste de inteligência individual, em 1905, quando surge a 
Escala de Inteligência Binet-Simon. 
 
7 
 
Conforme Arancibia, Herrera e Strasser (2008), Stanley Hall (1844–1924) criou 
o primeiro laboratório americano de Psicologia, tendo em vista, que o verdadeiro 
pioneiro da Psicologia educacional, foi aluno de Wilhelm Wundt (1832-1920) que 
fundou o primeiro laboratório de Psicologia experimental, juntamente com Ernst 
Heinrich Weber (1842-1913) e Gustav Theodor Fechner (1801 -1887), em Leipizg, em 
1879. Dessa forma, Hall acreditava ser mais importante focar no desenvolvimento dos 
professores para que eles pudessem conduzir melhor o processo de ensino-
aprendizagem do que na aprendizagem das crianças. 
Conforme Santrock (2009), os três grandes pioneiros da Psicologia educacional 
foram William James, John Dewey e E. L. Thorndike. William James (1842-1910), 
considerado o pai da Psicologia americana, também trabalhou na formação de 
professores. Segundo Santrock (2009), James afirmou em sua publicação: 
[...] discutia as aplicações da Psicologia na educação das crianças [...] 
enfatizou a importância de observar o ensino e a aprendizagem em sala de 
aula para aprimorar a educação. Uma de suas recomendações era começar 
a aula em um ponto além do nível de conhecimento e compreensão da 
criança para expandir a mente dela (SANTROCK, 2009, p. 2-3), 
O filósofo e pedagogo, John Dewey (1859-1952) revolucionou o sistema 
educacional norte-americano, que utilizava métodos educacionais de memória e 
técnicas de transferência de conhecimento. As novas técnicas por ele propostas, 
foram baseadas no pensamento liberal e levaram a uma nova filosofia na educação 
conhecida como Escola Nova ou Escola Progressista, que acreditava que a prática 
docente deveria ser baseada na liberdade do aluno para desenvolver suas próprias 
certezas e seu próprio conhecimento e padrões morais, ou seja as suas próprias 
regras. 
De acordo com Pereira et al. (2009), Dewey propôs que: 
[...] a aprendizagem seja instigada através de problemas ou situações que 
procuram de uma forma intencional gerar dúvidas, desequilíbrios ou 
perturbações intelectuais. O método “dos problemas” valoriza experiências 
concretas e problematizadoras, com forte motivação prática e estímulo 
cognitivo para possibilitar escolhas e soluções criativas. Que neste caso leva 
o aluno a uma aprendizagem significativa, pois o mesmo utiliza diferentes 
processos mentais (capacidade de levantar hipóteses, comprara, analisar, 
interpretar, avaliar), de desenvolver a capacidade de assumir 
responsabilidade por sua formação [...] A problematização requer do 
professor uma mudança de postura para o exercício de um trabalho reflexivo 
com o aluno, exigindo a disponibilidade do professor de pesquisar, de 
acompanhar e colaborar no aprendizado crítico do estudante, o que 
frequentemente coloca o professor diante de situações imprevistas, novas e 
 
8 
 
desconhecidas, exigindo que professores e alunos compartilhem de fato o 
processo de construção e não apenas o de reconstrução e reelaboração do 
conhecimento (Pereira et al., 2009, p. 158). 
Dewey acreditava que o conhecimento e seu desenvolvimento é um processo 
social, que integra conceitos de sociedade e do indivíduo. Os princípios da escola 
progressista podem ser encontrados hoje no Construtivismo. E. L. Thorndike (1874–
1949) enfatizou a avaliação e medição da aprendizagem de acordo com a introdução 
dos princípios científicos básicos, sendo esta uma das principais tarefas da escola, 
melhorando as habilidades de raciocínio das crianças. 
 Em 1910 Thorndike, propôs um conjunto de leis de aprendizagem, sendo uma 
das mais importantes a lei do efeito e a lei do exercício, no qual configura a Psicologia 
da educação ao redor de três grandes temáticas: o papel do meio ambiente e da 
hereditariedade no comportamento, a aprendizagem e as leis que a regulam e o 
estudo das diferenças individuais. 
O psicólogo deu início a uma tendência da Psicologia educacional para a 
Psicologia comportamental, sendo um dos primeiros psicólogos a combinar teoria da 
aprendizagem, psicometria e pesquisa relacionada à escola. Para Arancibia, Herrera 
e Strasser (2008): 
Thorndike estudou a Psicologia desde o comportamento animal, sob a 
influência de James, aplicando os princípios da aprendizagem desenvolvidos 
em laboratório e as medidas quantitativas das diferenças individuais para 
criar a Psicologia Educacional (ARANCIBIA; HERRERA; STRASSER, 2008, 
p. 18). 
Seu trabalho abriu caminho para o behaviorismo, pois, era contemporâneo 
de J.B. Watson (1878 -1958) e Ivan Pavlov (1849 – 1936), que pela primeira vez 
fizeram experimentos inicialmente com animais, criando caixas de quebra-cabeças, 
utilizando gatos. A sua tese de doutorado, “Inteligência animal: um estudo 
experimental dos processos associativos em animais”, foi a primeira em Psicologia a 
utilizar animais (THORNDIKE, 1998). 
A partir da década de 1920, a Psicologia da Educação recebe a influência de 
outros movimentos da Psicologia, como a Psicanálise (Freud), Psicologia Cognitiva 
(Piaget e Vygotsky), o Behaviorismo (Skinner), e a característica 
do pensamento infantil de (Henri Wallon), pois, a sua compreensão é da criança como 
uma “pessoa por completo”, constituída a partir de três campos funcionais: a dimensão 
afetiva, a cognitiva e a motora, entre outras. 
 
9 
 
Dessa forma, como veremos abaixo a partir dessas principais influências, as 
teorias de aprendizagem abrangem uma ampla gama de abordagens e conceitos, 
desenvolvidos, a partir, da perspectiva de diferentes teóricos e influenciados pelo 
contexto social e histórico em que se inserem. Para muitos desses teóricos, a 
aprendizagem pode ser flexível em sua multiplicidade de possibilidades, abrangendo 
o tempo e as transformações sociais. 
 
 Sigmund Freud (1856-1938): 
 
Sigmund Freud foi um neurologista e psiquiatra austríaco. Freud foi o criador 
da psicanálise e também foi a personalidade mais influente da história no campo da 
Psicologia, contudo, é amplamente reconhecidocomo o pai da teoria psicanalítica, foi 
pioneiro no campo teórico da ciência psicológica ao combinar o corpo biológico com 
o funcionamento da mente. Ou seja, do seu ponto de vista como fisiologista, Freud 
buscou conexões entre o pensamento neurológico e o filosófico. Em suas pesquisas, 
Freud se referiu à função da sexualidade humana, entendendo-a como influenciadora 
dos processos mentais, criando assim a teoria da sexualidade. 
As teorias psicossexuais de Freud foram pioneiras no conceito dotado de 
sexualidade mesmo nos estágios iniciais do desenvolvimento humano e fez uma 
grande contribuição para a educação ao compreender a função da mente em três 
partes: o inconsciente ou id, relacionado aos desejos, motivações e impulsos 
primitivos, inerente a todos os seres e estruturante dos demais setores, o pré-
consciente ou superego, relacionado à constituição de valores morais e culturais, 
atuando como uma censura, o consciente ou ego, relacionado ao modo de interagir 
com a realidade do contexto, buscando equilíbrio entre a realização dos desejos mais 
primitivos com sua adequada expressão ao ambiente (FREUD, 1997). 
 
 Jean Piaget (1896-1980): 
 
Jean William Fritz Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, 
considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Desenvolveu sua 
visão educacional de acordo com os estágios de desenvolvimento, desde o que 
chamou de período sensório-motor: entre o nascimento e os dois anos de idade - até 
 
10 
 
o período operatório abstrato: dos doze anos de idade em diante. 
Piaget mencionou que as interações das crianças com seus pares, professores 
e escolas são particularmente importantes, um ambiente responsável por proporcionar 
uma extensão do processo de assimilação, estimulando o aprendizado, por meio de 
desequilíbrios e reequilíbrio, bem como, de atividades que promovam estímulo e 
desafio de forma ininterrupta. Assim, o sujeito, segundo Piaget, é um elemento ativo 
que tenta compreender o contexto em que está inserido, construindo 
problematizações contínuas sobre sua noção singular de mundo e também tentando 
perceber sua influência nesse contexto. 
Piaget propõe uma ideia de um sujeito intelectualmente ativo, que observa, 
questiona, compara, classifica, ordena, constrói e reconstrói hipóteses. Portanto, 
segundo Piaget, a educação deve fomentar uma composição de sujeitos inventivos, 
criativos e criadores em busca de autonomia e desenvolvimento contínuo. Dessa 
forma, a escola é um ambiente que, além do conteúdo, também oferece a 
oportunidade de desenvolver novas formas de aprender. 
 
 Lev Vygotsky (1896-1934): 
 
Lev Semionovitch Vygotsky, foi um psicólogo, proponente da Psicologia 
histórico-cultural. Pensador importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito 
de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações 
sociais e condições de vida. 
O teórico fez uma das maiores contribuições para a Psicologia do século XX, 
inspirando os primeiros estudos em Psicologia histórico-cultural. Produziu cerca de 
duzentas obras, nas quais seu principal interesse era o desenvolvimento intelectual 
dos sujeitos, e por isso, deu atenção especial ao conteúdo das propostas 
pedagógicas. 
Na teoria de Vygotsky, signos e linguagens simbólicas são as ferramentas 
mediadoras entre o universo e a realidade dentro do sujeito. Para Vygotsky, a 
aprendizagem começa no nascimento, pois, em sua compreensão os sujeitos 
despertam seu desenvolvimento somente quando aprendem. 
Com base nessa teoria, o estilo de aprendizagem de cada sujeito também está 
relacionado à disponibilidade de suporte educacional. Assim, em sua obra, Vygotsky 
 
11 
 
elenca os conceitos e tarefas que a criança consegue assimilar como áreas de 
desenvolvimento real, e aquelas que a criança não realiza sozinha, mas quando 
dirigida e ensinada, denotando a área de desenvolvimento proximal, argumentando 
que a prática educativa deve atuar como mediadora e facilitadora dessas evoluções. 
 
 Henri Wallon (1879-1962): 
 
Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e político 
francês. Foi neto do político francês Henri-Alexandre Wallon. A criança, para Wallon, 
é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser 
sociocognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e 
total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência. 
Militante por natureza, coordenou um projeto chamado Langevin-Wallon, e a 
sua proposta era uma educação com garantias de direitos e reconhecimento da 
afetividade no processo de aprendizado. Referindo-se ao copo orgânico, afetivo e 
social, Wallon respeitava fortemente as emoções na aprendizagem, e estruturou suas 
teorias em torno de quatro fundamentos: o movimento, referindo-se à liberdade de 
expressão corporal como conector para a assimilação do conhecimento, a afetividade, 
com seu conteúdo emocional, por meio da percepção e da elaboração das emoções, 
a inteligência, como processo a ser estimulado em consonância ao modo de ser e 
estar no mundo, e a formação do “Eu”, como ser constituído e constituinte no contexto 
no qual está inserido e no mundo. 
Para Wallon, as emoções são elementos essenciais para o desenvolvimento 
do sujeito, pois, são signos de desejo, satisfação e disponibilidade do ser em busca 
de conhecimento crescente sobre o mundo e sobre si mesmo. Portanto, o processo 
de aprendizagem não poderia estar vinculado ao fracasso escolar, porque, o fracasso 
significava exclusão, negação e expulsão, ou seja, a reprovação escolar. 
As teorias wallonianas, ou socioafetivas, referem-se a um sincretismo dialético, 
em que diferentes concepções podem se agregar, favorecendo conflitos, que são 
fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem e do intelecto. Tais aspectos 
atribuíam uma noção de humanização da educação às teorias de Wallon. 
 
 
 
12 
 
 Burrhus Frederic Skinner: 
 
Burrhus Frederic Skinner, conhecido como B. F. Skinner, foi um psicólogo 
behaviorista, inventor e filósofo norte-americano. Foi professor na Universidade 
Harvard de 1958 até sua aposentadoria, em 1974. Skinner considerava o livre arbítrio 
uma ilusão e ação humana dependente das consequências de ações anteriores. 
Conforme apontado por Hubner (2007), Skinner enfatizou a importância do 
reforço positivo no contexto educacional, pois, os programas de punição e repressão 
são contraditórios. O psicólogo ainda lembra que o aprendizado era o foco principal 
de Skinner, inclusive garantiu que, nas condições certas, todos aprenderiam. 
Considerando essas ideias de Skinner, o ideal do contexto educacional é que as 
habilidades sejam ensinadas de forma que o aprendizado, seja resultado de 
reforçadores naturais. 
É necessário ressaltar aqui, alguns conceitos para que você entenda as 
contribuições de Skinner para a educação. Entre eles, ideias sobre reforçadores 
positivos e negativos. Tendo em vista que, o reforço é considerado qualquer estímulo 
que, quando apresentado ou removido como resultado de uma resposta, aumenta ou 
sustenta a frequência de um comportamento. A introdução do reforço positivo visa 
instalar ou manter o comportamento, ou seja, produz um resultado específico, 
aumentando as possibilidades futuras de ações anteriores, pois, a inserção de um 
elemento que fará com que a ação se repita futuramente. 
Nem todo reforço positivo é agradável, por exemplo, um salário no final do mês 
é um reforçador positivo, entretanto, seu trabalho pode ser muito estressante ou 
desagradável. O reforço negativo também visa instalar ou manter um determinado 
comportamento. No entanto, consiste em remover um determinado elemento. Os 
seres humanos são suscetíveis ao reforço e, portanto, o comportamento depende dos 
resultados de nossas ações (HUBNER, 2007). 
De acordo com o que foi dito, analisaremos as contribuições de Skinner paraa 
educação: 
Avaliação: para Skinner, a avaliação do aluno é apenas um meio de verificar 
se o que foi ensinado pelo professor foi realmente aprendido. Dessa forma, a 
avaliação perde a função punitiva de que dispõe o professor e passa a avaliar seu 
desempenho profissional, ou seja, se os arranjos de contingências empregados por 
 
13 
 
ele possibilitaram a aprendizagem. A avaliação nada mais é do que um momento no 
processo de ensino e aprendizagem, onde pode verificar da forma mais natural e 
menos traumática, se o que acha que foi ensinado de fato realmente foi aprendido, 
(HUBNER, 2007). 
Com base nessa ideia de avaliação, a presença do professor no contexto 
escolar será como um guia para esclarecer dúvidas e proporcionar as oportunidades 
adequadas de aprendizagem. De acordo com a avaliação, o professor observa se o 
trabalho do aluno teve impacto, e se reflete sobre as eventualidades ou contingências, 
que são usadas para planejar novas ações com base nos resultados. 
Portanto, a avaliação é apenas uma forma de ver o que realmente funciona e o 
quanto cada aluno aprendeu. Para isso, é importante analisar o comportamento 
externo e interno dos alunos, como eles se sentem. Tudo tem que ser analisado, não 
apenas provas, mas cadernos, conversas em sala de aula, desenhos, textos gerados 
espontaneamente, entre outros. É importante que o professor, deixe claro para 
o aluno no processo de avaliação o que se espera dele. 
Ensino individualizado: Skinner e o professor Fred Keller (1899-1996) 
desenvolveram o ensino personalizado nos anos 70 e se expandiram globalmente. 
Este método de ensino respeita o ritmo do aluno e permite que o professor acompanhe 
e ajude o aluno nas suas dificuldades. Neste tipo de ensino, as aulas individualizadas 
vão permitir o aluno trabalhar com material que o professor preparou com muita 
dedicação. O sistema individualizado, exige avaliação/visão do aluno, pois, cada um 
tem seu próprio ritmo e às vezes não consegue acompanhar seus colegas, isso 
precisa ser considerado e observado. 
Metodologia de ensino: as aulas expositivas não são muito interessantes para 
o ensino-aprendizagem, os alunos são apenas um espectador. Os métodos de 
aprendizagem favoráveis incluem aprender fazendo, escrevendo, discutindo, falando, 
vendo, manipulando, etc. Atento para a metodologia pedagógica, no ensino 
individualizado, as conferências são menos comuns, ou seja, as aulas expositivas, 
não acontece com tanta frequência, no entanto, o professor deve estar sempre à 
disposição do aluno para esclarecer quaisquer dúvidas. 
 
 
 
 
14 
 
Skinner considerava os educadores como a quarta força. Educadores são 
intelectuais, cientistas que, ao conhecerem a ciência do comportamento humano, 
poderão trabalhar pela sobrevivência e preservação da espécie humana. 
Até aqui, você pôde identificar o relacionamento da Psicologia com a educação 
através das concepções filosóficas e teóricas, que foram ponto de partida para muitos 
teóricos despertarem seus interesses e desenvolverem de maneira mais aprofundada 
suas teorias, influenciando diretamente os modos de elaboração de intervenções da 
Psicologia em ambiente educativo. No próximo tópico, será apresentado o quadro 
conceitual das principais teorias da Psicologia, utilizadas no ambiente educacional. 
4 PSICOLOGIA E APRENDIZAGEM 
A busca pela compreensão dos processos de aprendizagem remonta à 
Antiguidade, quando importantes pensadores, como Sócrates (470 - 399 a. C.), Platão 
(348- 347 a.C) e Aristóteles (384 - 322 a.C), se debruçaram sobre o tema (CAMPOS, 
2011). O interesse pela aprendizagem em Psicologia se intensificou a partir do século 
XX, quando diversos estudos foram realizados para elucidar o processo de 
aprendizagem, voltados para as suas limitações e o papel do aprendiz, bem como 
identificar os fatores que interferem nesses processos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 
2001). 
Contudo, uma vez que diferentes estratégias metodológicas são utilizadas na 
investigação do processo de aprendizagem, pelo fato de obter diferentes adoções 
para a base teórica da análise dos resultados, os pesquisadores não chegaram a um 
consenso e, assim, elaboraram diferentes teorias. Conforme Díaz (2011), a partir de 
uma análise das intersecções entre diferentes teorias da aprendizagem, podem ser 
identificadas cinco propostas teóricas, que resumem todo o leque da epistemologia 
histórica relacionada à aprendizagem, são elas: 
 Teoria da aprendizagem por associação do tipo comportamentalista; 
 Teoria verbal significativa da aprendizagem; 
 Teoria cognitiva baseada no processamento da informação; 
 Teoria psicogenética da aprendizagem; 
 Teoria sociocultural da aprendizagem e do ensino. 
Cada uma dessas teorias consiste em pesquisas conduzidas por diferentes 
 
15 
 
autores que compartilham os mesmos conceitos de aprendizagem e as mesmas 
suposições sobre como a aprendizagem acontece. Dessa forma, iremos mencionar 
melhor cada uma delas, para que você compreenda a contribuição de ambas de 
acordo com a aprendizagem. 
 
 Teoria da aprendizagem por associação do tipo comportamentalista: 
 
A teoria comportamental da aprendizagem associativa, baseia-se nos 
postulados inicialmente concebidos por Watson (1878-1958), que mais tarde se 
tornaram conhecidos graças à difusão da teoria desenvolvida por Skinner (1904- 
1990). Para este aspecto teórico, a aprendizagem é o resultado da associação entre 
estímulo e resposta. Como aponta Díaz (2011): 
O estímulo proveniente do meio provoca uma resposta no organismo, que, 
com sua repetição, leva a pessoa a uma associação mental, surgindo assim 
a aprendizagem: o sujeito aprende que, ao aparecer tal estímulo, deverá dar 
a resposta correspondente, quer dizer, aprendida, podendo também por 
associação “aproximada” dar respostas correspondentes a estímulos 
parecidos (Díaz, 2011, p. 29). 
Deste ponto de vista, quando a resposta escolhida pelo sujeito não corresponde 
ao estímulo e não satisfaz suas necessidades, não ocorre associação estímulo-
resposta e não ocorre aprendizagem. 
 
 Teoria verbal significativa da aprendizagem: 
 
A teoria verbal significativa da aprendizagem, também conhecida como "teoria 
da aprendizagem significativa", teve como principal proponente o pesquisador 
americano David Ausubel (1985 – 2008). Ausubel é conhecido por cunhar a 
expressão "aprendizagem significativa", entendida como aquilo que é resultado da 
intenção consciente do aprendiz. 
Para ele, a aprendizagem ocorre apenas quando o sujeito mobiliza suas 
faculdades mentais, desenvolve e reelabora estratégias baseadas na relação entre 
diferentes conceitos já construídos com vistas à formação de novos. O psicólogo, 
adota a visão de que os conhecimentos prévios dos alunos são fundamentais porque 
consistem em âncoras de novos conhecimentos que serão construídos (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2011). 
 
16 
 
 
 Teoria cognitiva baseada no processamento da informação: 
 
A teoria cognitiva originou-se nos Estados Unidos no final da década de 1950. 
Para as teorias cognitivas baseadas no processamento de informações, a 
aprendizagem é o resultado de representações mentais, que são relacionadas com 
os processos cognitivos como: pensamento, linguagem, memória, percepção e 
atenção, entre outros. Assim, para compreender a importância do processo de 
memória, teóricos desse ramo estabeleceram analogias das funções mentais durante 
os processos de aprendizagem e o processamento de informações realizado pelos 
primeiros computadores. 
 
 Teoria psicogênica da aprendizagem: 
 
A teoria psicogênica da aprendizagem é baseada em pesquisas conduzidas 
pelo epistemólogo suíço Jean Piaget (1923-1980) e seus colaboradores. Ao estudar 
as origens e o desenvolvimento do conhecimento humano, as investigações de Piaget 
mostram que a aprendizagem não é um produto acabado, mas negociado pelos 
próprios aprendizes, mobilizandosuas habilidades cognitivas. 
Para o psicólogo, cuja teoria ele chamou de "epistemologia genética", a função 
da inteligência humana, é permitir que o indivíduo se adapte progressivamente ao 
meio ambiente. Assim, a aprendizagem ocorre quando o indivíduo é confrontado com 
um novo elemento em seu ambiente que causa conflito cognitivo e precisa construir 
novos conhecimentos para se adaptar adequadamente à situação dada. 
Outro importante estudioso da inteligência humana que é considerado o autor 
de uma teoria psicogenética é Henri Wallon (1917-1953), cuja teoria foi chamada de 
"Psicogênese da Pessoa". O teórico, dedicou-se a estudar os processos de 
individuação de sujeitos imersos em uma determinada cultura, partindo do 
pressuposto de que a emergência da inteligência humana é tanto biológica quanto 
social (GALVÃO, 1995). 
 
 
 Teoria sociocultural da aprendizagem e do ensino: 
 
17 
 
 
O principal expoente da teoria sociocultural da aprendizagem é o pesquisador 
russo Lev Vygotsky (1896-1934), que foi influenciado pelo pensamento marxista e 
enfatizou a importância dos aspectos culturais e sociais no processo de aprendizagem 
e desenvolvimento dos indivíduos. 
Segundo Vygotsky, o ambiente no qual o indivíduo está inserido (social, cultural 
e histórico) é fundamental para definir caminhos de aprendizagem e desenvolvimento. 
Para ele, o indivíduo é dotado de possibilidades oferecidas por seu aparato biológico, 
e a realização dessas possibilidades, depende das que são oferecidas pelo meio. A 
aprendizagem, portanto, ocorre na interação entre o objeto de aprendizagem e o 
objeto de conhecimento e o sujeito da aprendizagem. 
A ideia do sujeito da aprendizagem como pessoa que participa ativamente da 
construção do conhecimento colocou Vygotsky, como um dos teóricos responsáveis 
pela fundamentação das abordagens construtivistas de ensino, fruto da revisão das 
práticas pedagógicas tradicionais trazidas sobre a disseminação de ideias piagetianas 
(DÍAZ, 2011). 
As cinco propostas teóricas apresentadas aqui, explicam a existência de 
divergências entre os estudiosos que têm focado na aprendizagem. No entanto, 
eles também apontam de maneiras diferentes, para a importância da aprendizagem 
na vida dos indivíduos da espécie humana. 
De acordo com essa organização dos estudos em cinco proposições teóricas é 
uma das formas possíveis de apresentar as teorias da aprendizagem. Em outra forma 
de organização, as teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky são consideradas teorias 
psicogenéticas. A razão para isso é que as contribuições teóricas dos três autores, 
embora divergindo em algumas questões, compartilham uma visão interacionista do 
desenvolvimento humano e a aprendizagem (LEPRE, 2008). 
Os estudos realizados pelos três estudiosos trouxeram importantes 
contribuições para a compreensão da aprendizagem, provocando a revisão das 
práticas educativas vigentes na época, caracterizadas pela visão dos educandos 
como receptores passivos dos conteúdos transmitidos nos contextos escolares. Para 
que você entenda melhor sobre os estudos de Piaget, Wallon e Vygotsky, vamos 
abordar sobre a visão interacionista, que ambos têm em comum, tanto em relação ao 
desenvolvimento humano, quanto em relação a aprendizagem. 
 
18 
 
 
 Contribuições das teorias psicogenéticas para a aprendizagem: 
 
O principal ponto comum entre as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon é a 
visão interacionista, que os autores têm do desenvolvimento humano e da 
aprendizagem. Ao contrário das visões inatista (de base racionalista) e ambientalista 
(fundada empiricamente). 
De acordo com Lepre (2008, p. 311) o interacionismo é: 
[...] entende que o desenvolvimento e a aprendizagem humanos acontecem 
por meio da interação entre o indivíduo (questões internas) e o meio (dados 
externos) onde está inserido. Dessa forma, o ser humano é visto como um 
ser ativo que, ao interagir com o mundo, se desenvolve e aprende. A cultura 
e o momento histórico nos quais o sujeito está situado também influenciam o 
desenvolvimento das possibilidades cognoscentes (LEPRE, 2008, p. 311). 
O interacionismo foi proposto pela primeira vez no século XVIII por Kant (1724- 
1804), que buscava acabar com a deterioração do sujeito (racionalismo) ou do objeto 
(empirismo) e propor uma relação entre os dois. No estudo da construção do 
conhecimento, a teoria psicogenética enfatiza a importância da relação entre o agente 
ativo de aprendizagem e o ambiente ativo. 
Assim, as teorias psicogenéticas são aquelas que estudam a origem e o 
desenvolvimento da psique e do conhecimento humano, tendo como objeto de estudo 
a compreensão da forma como o conhecimento humano, surge e se desenvolve. 
Embora enfatizando diferentes aspectos dos processos de aprendizagem e adotando 
diferentes abordagens metodológicas para conduzir suas pesquisas, Piaget, Wallon e 
Vygotsky compartilharam algumas preocupações sobre os processos de formação do 
conhecimento pelos indivíduos da espécie humana. 
 Os três autores procuraram elucidar os processos de construção da 
aprendizagem, sua origem, seu desenvolvimento, seus determinantes e seus 
aspectos relevantes. Dessa maneira, conhecer os detalhes de cada teoria nos permite 
pensar sobre o que é importante para promover um bom ambiente de aprendizagem. 
A seguir, apresentaremos os aspectos centrais, listados por cada teórico, e são 
eles: 
 
 
 Epistemologia genética 
 
19 
 
 Psicogênese da pessoa 
 Teoria sociocultural 
 
Epistemologia genética: 
 
A epistemologia genética, iniciada por Jean Piaget, propõe que a forma como 
as pessoas representam o mundo, muda à medida em que elas se desenvolvem, por 
meio de suas estruturas mentais ou esquemas. A mudança nas estruturas é 
característica dos processos de desenvolvimento (DE CHIARO, 2012). Um esquema 
é uma estrutura psicológica pela qual um indivíduo adapta e organiza um ambiente a 
partir de uma perspectiva cognitiva. Para Piaget, a inteligência possibilita que o 
indivíduo se adapte, cada vez mais ao ambiente, o que é proporcionado pela 
construção de novos conhecimentos. 
O sujeito se adapta bem quando não há elementos novos no ambiente em que 
está inserido (que ele não conhece). Uma vez bem ajustado, o indivíduo está em um 
estado chamado de equilíbrio cognitivo. Um elemento desconhecido (uma palavra, um 
objeto, um conceito, etc.) perturba o equilíbrio e cria um conflito cognitivo. 
O conflito cognitivo, desencadeia a mobilização de habilidades cognitivas 
individuais em resposta a novos fatores. Nesta ação, se o sujeito conseguir integrar 
novos elementos em um sistema já existente, por aproximação com os conhecimentos 
previamente construídos, a aprendizagem vai ocorrer por um processo de 
assimilação. Esse processo é caracterizado pela atualização de um aspecto do 
comportamento ou repertório mental do sujeito em uma determinada situação 
(MUNARI, 2010). 
No entanto, as propriedades do novo item geralmente não se aproximam de 
nenhum esquema cognitivo existente. Nesses casos, as estruturas cognitivas do 
indivíduo devem passar por um processo de modificação para acomodar o que antes 
era desconhecido. Quando novos elementos não podem ser combinados por 
aproximação a esquemas pré-existentes, as estruturas cognitivas precisam ser 
alteradas e os indivíduos passam por um processo que Piaget chamou de 
“acomodação” (DE CHIARO, 2012). 
 
A pesquisa de Piaget revelou o fato de que os sujeitos aprendizes participam 
 
20 
 
ativamente do processo de construção do conhecimento, o que deu origem ao 
construtivismo. Entre outras considerações, as estruturas construtivistas nos 
permitem entender os motivos, pelos quais os alunos nem sempre são capazes de 
construir conhecimento na escola. 
Para Piaget, a escolaridade deve proporcionar ao aluno a oportunidade de 
construir e desenvolver conhecimento. Considerando que a aprendizagem resulta dos 
processosde assimilação e acomodação, que levam ao equilíbrio cognitivo, Piaget 
defende que o papel da escola e do professor é propor aos alunos situações que 
causem seu desequilíbrio cognitivo (DE CHIARO, 2012). Por esse ângulo, pode-se 
ver que fica claro que a atividades que carecem de sentido e priorizam a memorização 
e procedimentos não causam desequilíbrio cognitivo, portanto, devem ser revisadas. 
 
Psicogênese da pessoa: 
 
Henri Wallon (1917-1953) dedicou-se a pesquisar a gênese dos processos 
mentais. Para ele, a análise genética começa com o que a precede, na cronologia das 
transformações pelas quais passa o sujeito, para que seja possível uma compreensão 
global da vida psíquica, sem fragmentá-la em elementos estanques (MONTEIRO; 
CARAÚBAS, 2012). Com o objetivo de elaborar uma psicogênese da pessoa como 
um todo e contextualizá-la através das relações com o meio em que se insere, o 
psicólogo propôs um estudo integrado do desenvolvimento infantil abrangendo as três 
principais áreas funcionais da atividade infantil: afetividade, motricidade e a cognição. 
A afetividade tem seu papel, voltado para o desenvolvimento dos indivíduos e 
é uma das diferenças na teoria de Wallon. Em seus estudos sobre a psicogênese da 
pessoa, o autor levou em conta a necessidade de uma prática pedagógica que se 
concentre não apenas nos aspectos cognitivos dos alunos, mas também em seus 
aspectos afetivos e motores. 
A afetividade que está presente nas relações estabelecidas nos contextos 
educacionais tem sido apontada como um elemento de ampla consideração nos 
processos de aprendizagem. Portanto, sabendo que a construção de bons 
relacionamentos afetivos em sala de aula promove mudanças positivas no 
comportamento e no desempenho dos alunos, o professor não pode negligenciar o 
aspecto afetivo das situações educacionais (RIBEIRO, 2010). 
 
21 
 
Na visão de Wallone, há uma relação dialética entre Pedagogia e Psicologia, e 
a educação é um bom campo de observação para a pesquisa psicológica. Além disso, 
a construção do conhecimento sobre o processo de desenvolvimento da criança pode 
fornecer subsídios importantes para a prática educativa. 
 
Teoria sociocultural: 
 
Vygotsky dedicou-se ao estudo das funções psicológicas superiores típicas dos 
seres humanos: ação intencional e liberdade do indivíduo em relação às 
características do momento e do espaço presentes. 
Para Vygotsky, o indivíduo da espécie humana, nasce dotado de oportunidades 
de desenvolvimento e aprendizado, e o meio ambiente desempenha um papel 
essencial na definição dos caminhos do desenvolvimento humano, a partir do 
momento em que o indivíduo está inserido ao meio, que vai começar a ocorrer as 
necessidades de aprendizagem que impulsionam os processos de desenvolvimento. 
Nessa perspectiva, todas as capacidades e habilidades humanas, surgem 
primeiro no nível interpessoal, como consequência das necessidades impostas pelo 
ambiente, apenas depois elas são internalizadas, passando, assim, para o plano 
intrapessoal (OLIVEIRA, 2011). 
Para a compreensão dos processos de aprendizagem, um conceito-chave na 
teoria de Vygotsky é a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que corresponde à 
distância entre o nível de desenvolvimento real, referente às conquistas já efetivadas 
pelos indivíduos, e o nível de desenvolvimento potencial, referente às capacidades 
em vias de serem construídas. Na ZDP, estão as funções que ainda não 
amadureceram, mas que já se encontram presentes, em estado embrionário (REGO, 
1995). Veja o exemplo na imagem abaixo, da zona de desenvolvimento proximal: 
 
Fonte: Adaptada de De Chiaro, 2012. 
 
22 
 
O conceito ZDP é bastante conhecido no meio educacional devido à sua 
importância para facilitar o aprendizado. Para Vygotsky, é na ZDP que ocorrem as 
boas intervenções pedagógicas (REGO, 1995). A relação que Vygotsky estabeleceu 
entre aprendizagem e desenvolvimento, permite elencar as implicações para a prática 
educativa. Para o autor, o bom ensino é aquele que antecipa o desenvolvimento, ou 
seja, a aprendizagem é intensificada como pré-requisito para o desenvolvimento. 
Ao se dirigir às funções psicológicas em desenvolvimento, o outro mais 
experiente e sua atuação pedagógica assumem um papel de grande 
relevância. Assim, o professor, dentro dessa abordagem, deixa de ter o papel 
exclusivo de agente de informações e conhecimentos, para atuar como 
mediador na dinâmica das relações interpessoais e, principalmente, passa a 
ter a responsabilidade de conhecer seus alunos e seu grupo, de forma a saber 
como promover avanços no desenvolvimento deles (DE CHIARO, 2012, p. 
86). 
Na visão de Vygotsky, professores e escolas têm um papel fundamental na 
determinação do caminho de desenvolvimento de um aluno. Os professores, como 
mediadores das interações entre os alunos e o ambiente físico, deve favorecer o 
diálogo e o confronto de ideias, com base nos conhecimentos que os alunos já 
possuem (suas áreas reais de desenvolvimento), para apresentar situações em que 
inicialmente é necessária uma ajuda (zona de desenvolvimento potencial), intervindo, 
dessa maneira, em sua ZDP. 
Neste tópico apresentamos as contribuições das teorias psicogenéticas, com 
base na revisão das práticas que foram adotadas nas abordagens tradicionais de 
ensino e para a adoção de práticas educativas que levam a aprendizagem. No próximo 
tópico, você vai acompanhar as diretrizes e as bases norteadoras da Psicologia da 
educação, bem como os aspectos que são primordiais para a atuação. 
5 DIRETRIZES E BASES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
Até a década de 1980, a Psicologia Educacional foi fortemente influenciada 
pelas manifestações clínicas da Psicologia. O ambiente da sala de aula era visto como 
uma extensão do cenário terapêutico, em que a Psicologia limitava sua atuação à 
análise diagnóstica restrita à intervenção corretiva (MALUF; CRUCES, 2008). As 
pesquisas realizadas até o momento refletem uma sociedade à sombra 
da ditadura, influenciadas de forma tecnicista e limitada, descontextualizada e pouco 
 
23 
 
crítica, principalmente em ações com as camadas mais pobres e fragilizadas. 
A partir da década de 1990, a Psicologia passou a focar nos aspectos sociais, 
e depois na educação, na tentativa de problematizar a generalidade da teoria 
psicológica e suas métricas de avaliação, e ampliar seu foco na interdisciplinaridade 
como ferramenta de compreensão do sujeito em meio a sua subjetividade. Contudo, 
foi considerado a necessidade de ampliar a escuta, através, das mudanças que 
desencadeiam esse despertar e, a partir daí as universidades tentaram reformular 
seus programas curriculares para o curso de Psicologia, inserindo disciplinas teóricas 
e práticas conforme as necessidades emergentes para uma formação qualificada 
(MALUF; CRUCES, 2008). 
Esta transformação altamente significativa da Psicologia para a educação foi o 
resultado de pesquisas que estavam sendo conduzidas na época. Inúmeras delas 
foram realizadas pelo órgão regulador da Psicologia no Brasil, o Conselho Federal de 
Psicologia (CFP), criado a partir da Lei nº 5.766 de 20 de dezembro de 1971, em 
conjunto com o Conselho Regional de Psicologia, conforme o Art. 1º: 
Art. 1º Ficam criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de 
Psicologia, dotados de personalidade jurídica de direito público, autonomia 
administrativa e financeira, constituindo, em seu conjunto, uma autarquia, 
destinados a orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de 
Psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da 
classe. 
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) determina a consolidação das 
resoluções relativas à especialização nos campos em que a prática da psicologia pode 
ser exercida de acordo com o progresso das ciências psicológicas, desde a escuta 
das emergências até o despertar dos campos de conhecimento para a atuação do 
profissionalde Psicologia. Entre essas áreas, podemos destacar a Psicologia 
educacional, com suas práticas ramificadas em duas modalidades: Psicologia 
escolar/educacional e Psicopedagogia. 
 O psicólogo especialista em Psicologia Escolar/Educacional desenvolve 
suas práticas no contexto da educação formal, em todos os níveis de 
ensino, ou seja, da educação infantil a pós-graduação, produzindo 
pesquisas, realizando diagnósticos e intervenções preventivas ou 
disciplinares ajustadas as necessidades do sujeito ou do grupo. 
 O psicólogo especialista em Psicopedagogia, atua na análise e no 
desenvolvimento de intervenções com ênfase nos processos de 
 
24 
 
aprendizagem de habilidades e competências. Almejando o entendimento 
dos processos cognitivos, emocionais e motivacionais, integrados e 
contextualizados na perspectiva social e cultural intercorrentes. 
Ambos os campos tentam identificar diferenças nos indivíduos, ou seja, ambas 
as áreas visam reconhecer os indivíduos com suas diferenças e estimular o modo de 
aprender em meio às características individuais construídas a partir do contexto em 
que estão inseridos. Dessa maneira, um traço distintivo da psicologia educacional, 
leva a uma intrínseca ação social, conspirando para fortalecer a busca por garantias 
de qualidade e o direito a equidade. 
Levando em consideração o apoio à prática de atuação no campo da 
educação, as pesquisas mais atuais indicam a necessidade de atualização constante 
dos cursos de psicologia que tenham como foco a formação contínua de profissionais 
dispostos a atuar na área da educação, aspecto que considera essencial a prática 
educativa de qualidade. 
Por isso, deve-se dar total atenção às mudanças sociais, em curso e ao 
acompanhamento das demandas emergentes no contexto educacional, tanto para os 
educadores quanto para as instituições como escolas e organizações educacionais. 
Desta forma, precisamos ressaltar como é imprescindível, uma formação que ofereça 
um percurso formativo para a prática, quanto para a sua constante renovação. É 
essencial reforçar sua fundamentação, sob os elementos da interdisciplinaridade, da 
ética e sensibilidade à contextualização socioemocional afetiva. 
Contudo, você aprendeu que a Psicologia no âmbito educacional, pode ser 
conhecida como escolar ou educacional que se desenvolve a partir do aprendizado. 
Tendo em vista, que esse campo da Psicologia, procura compreender como os 
sujeitos se relacionam e se comportam à medida que desenvolvem o seu 
conhecimento. No próximo tópico, iremos abordar sobre as relações entre a Psicologia 
e a educação que fundamentam seus estudos e práticas da educação. 
5.1 As relações entre a psicologia e a educação 
Para entender como um campo dialoga com outro, é importante identificar as 
trajetórias percorridas, algumas teorias construídas, as principais tendências e a partir 
disso, apontar como a psicologia pode contribuir para o campo educacional. Dessa 
 
25 
 
forma, vamos fazer o seguinte questionamento: você já se perguntou quais relações 
existem entre a psicologia e a educação? 
Em resposta a essa pergunta, podemos iniciar com a jornada no final do século 
XIX, quando a psicologia e a educação estavam sujeitas a grandes influências 
filosóficas. Durante as primeiras décadas do século XX, as teorias psicológicas foram 
geralmente aplicadas aos espaços escolares. Os contextos existentes nos espaços 
educativos, incluem relações interpessoais entre professores, alunos, 
administradores, gestores, e também são apoiados por organizações curriculares, 
níveis e estratégias didáticas de ensino, com o apoio das ciências psicológicas. 
Alguns nomes de destaques como por exemplo, Vygotsky, Wallon e Piaget 
desenvolveram estudos sobre conceitos diretamente relacionados à aprendizagem, 
voltados para desenvolvimento infantil, memória, cognição, motivação, dentre outros. 
Dentre os diversos campos de atuação das ciências psicológicas, o objetivo da 
psicologia educacional, é facilitar aportes teóricos voltados à aprendizagem para 
torná-la mais efetiva. 
Considera-se que a aprendizagem, envolve o processo de conhecimento e a 
partir disso, vai permitir que o indivíduo comece a adquirir as habilidades, atitudes, 
motivações, aptidões. Dessa forma, podemos entender o quanto os referenciais 
teóricos, são necessários para apoiar educadores e alunos, bem como para as 
relações entre essas áreas. 
 Conforme essa perspectiva, Freitas (1994) destaca que: 
[...] a relação entre a psicologia e a educação só pode ser aprendida 
dialeticamente e não de forma unilateral. As determinações de uma sobre a 
outra significa que os condicionantes de cada área entram em relação entre 
si e iniciam um processo de influência uns sobre os outros, contribuindo cada 
qual com sua especificidade e modificando-se como consequência dessa 
relação (FREITAS, 1994, p. 37). 
Agora que analisamos a relação entre psicologia e a educação, vamos ver 
como essas áreas estão relacionadas hoje e quais questões merecem análise. A 
formação acadêmica do psicólogo, torna essa postura profissional um compromisso 
mundial com a vida humana, em torno da saúde e da educação. Os professores 
abordarão dois aspectos de sua prática pedagógica: um com paradigmas que 
envolvem a racionalidade e a técnica, e o outro é o paradigma voltado para a prática 
crítica e reflexiva. 
Ao atuar na primeira perspectiva, desenvolverá competências através do 
 
26 
 
conhecimento compartilhado por cientistas como uma base, para apoiar sua prática e 
reproduzir esses métodos de maneira técnica. Embora saibamos que ainda existem 
educadores que dependem exclusivamente dessas técnicas, não devemos mais 
presumir que a formação de educadores, se limite a técnicas que sozinhas são 
incapazes de resolver a complexidade dos problemas pedagógicos sobre as questões 
educativas a serem enfrentadas. 
É uma teia de relações que varia de acordo com as circunstâncias, além das 
constantes situações-problema especiais que exigem muito mais do que a técnica 
mencionada, a psicologia, em sua diversidade, deve ser acessível aos professores e 
oferecer suporte, por meio de uma gama de conhecimentos que os apoiarão em 
situações comuns, como afirma Larocca (2000): 
Na verdade, a atuação do professor, na sala de aula e na escola, é 
ecologicamente complexa, coisa que quer dizer vivacidade e mudança, isto 
é, interação simultânea de múltiplos fatores e condições. Em Educação, a 
imbricação das variáveis intervenientes é de tal modo intensa que não 
existem “problemas a serem resolvidos”, mas “situações problemáticas” que, 
via de regra, apresentam-se como casos únicos, singulares e raramente 
enquadráveis, (LAROCCA, 2000 p. 60-65). 
É importante lembrar que as ferramentas e métodos para cada projeto 
educacional, são definidos levando em consideração conceitos éticos e filosóficos. A 
cada evento que acontece em sala de aula, novas decisões são tomadas como 
resultado dessas interações, dentro desses contextos sociais e são recebidas em um 
constante desafio de acordo com a subjetividade dos atores envolvidos no processo. 
Para lidar com essa dinâmica diária, os educadores não devem tentar simplificar essas 
relações, mas sim, desenvolver habilidades por meio, de processos de formação 
crítica e reflexiva. 
Além das tentativas de simplificação de conceitos na aplicação de métodos que 
não resolvem problemas complexos, existe também uma crítica quanto ao uso de 
certas teorias, referente a psicologia para fundamentar algumas políticas educacionais 
escolhidas por equipes de Secretarias Municipais e Estaduais de Educação. 
Normalmente, professores e equipes gestoras são treinados de forma 
exaustiva para orientar o uso da teoria escolhida, sem diálogo entre as partes. 
Consequentemente, esses modismos teóricos, sofrem alterações nas mudanças 
periódicas do governo e são insustentáveis, pois, na prática não conseguem enfrentar 
a dinâmicanos ambientes educacionais, gerando desgaste e resistência, por parte 
 
27 
 
dos educadores que a todo momento, veem novas imposições como essas. 
Uma proposta bem fundamentada, deve ser capaz de superar essas práticas e 
planejar a formação de docentes que estimule o pensamento crítico, reflexivo e 
consciente de que a educação, cria condições para o exercício da cidadania de forma 
autônoma e democrática. Conforme Freire (1980) e Larocca, (2000), 
[...] mais que possibilitar acesso às várias correntes teóricas, o projeto de 
pluralidade na Psicologia Educacional precisa amparar-se em três aspectos 
essenciais: a compreensão epistemológica, a práxis e a consciência histórica. 
Ou seja, a pluralidade, por si só, não remete à formação crítico-reflexiva. Para 
que possa servi-la será preciso propiciar clareza acerca dos objetos de 
estudo dos diferentes teóricos, dos princípios epistemológicos que os regem, 
dos pressupostos filosóficos que os sustentam e da história de cada 
elaboração. Sem isso, o pluralismo vira ecletismo e favorecerá a manutenção 
de consciências ingênuas. (FREIRE 1980, p. 26; LAROCCA, 2000, p. 60-65). 
As relações entre psicologia e educação, devem ser construídas, por meio, de 
questões problemáticas, voltadas para uma prática apoiada em aportes teóricos e 
metodológicos da psicologia. Essas contribuições devem se concentrar na inserção 
das salas de aula, ou seja, em espaços escolares de acordo com os contextos sociais, 
para que novas propostas de intervenção, nesses cenários surjam dessas interações. 
A escola deve entender que o ser humano é multidimensional, e que além de 
oferecer conteúdo assimiláveis é preciso enxergar que esses temas consistem em 
relações afetivas, culturais, sexuais, biológicas e sociais e esses elementos devem 
ser trabalhados integrados com a propostas curriculares e pedagógicas das 
instituições. Freire (1980) dentro desse contexto, afirma: 
Na defesa de uma educação crítica e problematizadora ressalta as 
possibilidades de limitação e desafio representados pelo “aqui e agora” dos 
homens no mundo. É, por isso, que o real não pode ser perdido de vista pelo 
formador em Psicologia. É este real que permitirá que sejam feitas (re) leituras 
das teorias psicológicas e, como consequência, reestruturação e superação 
do conhecimento atual (FREIRE 1980, p.82). 
Em conclusão a essas questões, pode-se afirmar que, apesar de toda a 
relevância da psicologia no campo da educação, infelizmente o que vemos é o 
frequente o declínio dessa disciplina nas licenciaturas e cursos de formações de 
educadores. Além disso, esse espaço mínimo acaba sendo preenchido por uma 
organização curricular que privilegia a teoria em detrimento de sua articulação com a 
prática, afastando-se de uma prática pedagógica, que deve ser criticamente analisada 
e discutida nos espaços desses cursos. 
 
28 
 
Dessa maneira, espera-se que o futuro profissional, tome esta sugestão como 
algo que inspira a motivação necessária para estudar as ciências psicológicas, sendo 
tão indissociáveis da educação, e empenhar-se nesta aprendizagem que enriquecerá 
a sua prática profissional. 
Contudo, você pôde compreender que a psicologia tem uma contribuição 
teórica muito importante para a educação, pois, ela oferece um suporte em aportes 
teóricos e metodológicos para o processo de ensino-aprendizagem, favorecendo o 
desenvolvimento psicológico em vários aspectos sociais, afetivos e cognitivos. No 
próximo tópico iremos tratar, dos pressupostos da psicologia escolar e educacional 
referente ao estatuto de psicologia. 
5.2 Estatuto da psicologia escolar e educacional: alguns pressupostos 
Esta discussão primeiro requer uma explicação de alguns dos conceitos 
envolvidos nos termos da expressão Psicologia Escolar e Educacional. Entendemos 
a educação como uma prática social consciente e humanizadora, que tem como 
objetivo transmitir a cultura historicamente construída pela humanidade. O homem 
não nasce humanizado, mas torna-se humano pela sua pertença ao mundo histórico 
e social e pela incorporação deste mundo em si, pelo qual compete a educação. De 
acordo com isso, podemos dizer que a historicidade e a sociabilidade, fazem parte do 
ser humano, e a educação é decisiva e determinante (ANTUNES, 2003). 
As escolas podem ser pensadas como instituições que surgem das 
necessidades geradas pela sociedade, exigindo formação específica para seus 
membros devido à crescente complexidade da sociedade. Ao longo da história, a 
escola assumiu diferentes formas consoante as necessidades a que tinha de 
responder, uma vez que se destinava geralmente a uma parcela privilegiada da 
população, responsável por desempenhar funções específicas que se articulavam aos 
dominantes de uma dada sociedade. 
No entanto, essa realidade também deve ser compreendida em suas 
contradições, especialmente o conceito de escola como instância, que hoje é uma das 
condições básicas para a democratização e o estabelecimento da cidadania plena 
para todos, e isto é, embora não seja o único, é sem dúvida um dos fatores 
necessários e condicionantes na construção de uma sociedade igualitária e justa. 
 
29 
 
Nesta perspectiva, a escola, tal como a concebemos, visa promover o acesso 
universal ao patrimônio cultural produzido pela humanidade, criando condições de 
aprendizagem e desenvolvimento para todos os membros da sociedade. 
A Pedagogia pode ser entendida como fundamento, sistematização e 
organização da prática educativa. O interesse pedagógico atravessa a história, 
fundamenta-se em diferentes concepções filosóficas, constitui-se em diferentes bases 
teóricas e estabelece diferentes propostas de ação educativa. Com o desenvolvimento 
da ciência desde a modernidade, o conhecimento científico tornou-se seu principal 
suporte. 
A Psicologia educacional, pode ser considerada um subcampo da Psicologia, 
que a assume como um campo de conhecimento. O domínio do conhecimento é 
entendido como um corpus de conhecimento sistemático e organizado, produzido 
segundo procedimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou a 
um conjunto de fenômenos constituintes da realidade, com base em determinadas 
éticas, ontológicas, epistemológicas e metodológicas. 
No entanto, é preciso levar em conta a diversidade de concepções, abordagens 
e sistemas teóricos que compõem o conhecimento, particularmente nas ciências 
humanas, das quais a Psicologia faz parte. Portanto, a Psicologia educacional pode 
ser entendida como um subcampo do conhecimento, cuja vocação é a produção de 
conhecimento relacionado ao fenômeno psicológico que constitui o processo 
educativo (ANTUNES, 2003). 
Em contrapartida, a Psicologia escolar é definida pelo âmbito de atuação 
profissional referindo-se a uma área definida, ou seja, o processo escolar, tendo como 
objeto a escola e as relações que nela se estabelecem, seu trabalho baseia –se no 
conhecimento produzido pela Psicologia educacional, conforme a outros subcampos 
da Psicologia e a outros campos do conhecimento. Portanto, deve-se enfatizar que a 
Psicologia educacional e a Psicologia escolar, estão relacionadas por natureza, mas 
não são idênticas, nem podem ser restituídas uma à outra, e cada uma mantém sua 
relativa autonomia. 
A primeira é uma área de conhecimento (ou subárea), visa produzir 
conhecimento sobre o fenômeno psicológico no processo educacional. A outra se 
constitui como campo de atuação profissional, realizando intervenções no espaço 
escolar ou em relação a ele, com foco no fenômeno psicológico, a partir do 
 
30 
 
conhecimento produzido não só, mas principalmente, pelo subcampo de Psicologia, a 
Psicologia da educação (ANTUNES, 2003). 
Neste tópico, você pôde identificar sobre os conceitos da Psicologia 
educacional e escolar, você compreendeu que ambas não são idênticas, porém, estão 
interligadas por natureza. Dessa forma, pode dizer que através destes conceitos, 
houveuma grande contribuição de ambas, para o ensino educativo, auxiliando o 
desenvolvimento do processo de aprendizagem. 
5.3 Elementos essenciais da Psicologia da Educação 
A Psicologia educacional, baseia sua prática nos processos de aprendizagem 
e busca aprimorar formas de tornar seu desenvolvimento pleno e satisfatoriamente 
eficaz, atentando para as características individuais de cada ser. Considerando 
prioritariamente os processos mentais envolvidos, a Psicologia educacional se orienta 
por elementos que considera essenciais à dinâmica de sua atuação, tais como: 
afetividade, atenção, humor, motivação, percepção e a personalidade dos sujeitos 
envolvidos. 
A afetividade é um elemento considerado essencial e duradouro, é enquadrada 
como elementos de base permanente e promotora de uma tessitura entre os demais 
elementos. Inicialmente, surge a afetividade, sendo caracterizada por fatores 
individuais e orgânicos, para serem definidos posteriormente no curso do 
desenvolvimento como reflexo do contexto. Através e em meio à afetividade, 
desperta-se a atenção associada aos interesses de cada sujeito. A atenção é 
direcionada para as emoções e motivações. As emoções e motivações emanam da 
esfera individual e se comunicam com o contexto social de acordo com o 
desenvolvimento da afetividade. 
Para a apreensão das motivações tanto de si, com a assimilação das emoções, 
quanto do ambiente, com o despertar da atenção para o processamento das 
informações oferecidas, gera-se uma expansão da percepção. A percepção depende 
dos órgãos sensoriais como: tato, olfato, paladar, visão e audição, mas também de 
aspectos mais subjetivos como o clima afetivo e emocional do contexto. A 
aprendizagem passiva não é possível, os processos educativos ocorrem sempre de 
forma ativa e com uma dinâmica pluralizada. Dessa forma, podemos dizer que se 
 
31 
 
torna um centro de recepção, bem como um produtor de percepções, que cada 
sujeito desenvolve constantemente a si mesmo, em vista disso, a personalidade do 
sujeito é o seu modo de existir no mundo, por meio, da aprendizagem. Desta 
maneira, ajuda a entender a si mesmo, pois, a nossa própria imaginação, informa 
forma de aprender. 
A Psicologia educacional, refere-se às teorias que cercam o comportamento, 
suas premissas, intenções e motivações. Contudo, a utilização dessas teorias atua 
como suporte em prol da eficiência do processo de aprendizagem, considerando 
como ponto de poder a sua relação com o ensino. Além disso, visa analisar a relação 
entre ensino e aprendizagem e a relação educacional, e os determinantes de ambos 
(BECKER, 2001). 
Educador e educando são os protagonistas das pesquisas em Psicologia 
educacional, mas o papel da instituição ou organização é crucial para a compreensão 
global dos processos de ensino-aprendizagem. Dessa forma, a produção do 
conhecimento psicológico educacional, como ferramenta de ensino, aparece também 
para os educadores em benefício da sua própria compreensão em relação aos seus 
métodos e sobre seus educandos. 
Para a Psicologia educacional, a observação de aspectos mais amplos do 
funcionamento do indivíduo, auxiliada pela compreensão dos fundamentos, é 
indispensável para a análise da dinâmica de ensino-aprendizagem, em que uma 
intervenção estrutural diagnóstica pode ser desenvolvida. Portanto, seu trabalho não 
se limita a conhecer o aluno, mas a compreender o desenvolvimento das relações 
que permeiam todo o ambiente educacional, como entre: educador-educando, 
educando-método de ensino, educador- instituição/organização, educador-educador, 
entre outras relações que possam emergir. 
Como você viu, falamos sobre a articulação da Psicologia da educação, com 
as suas diretrizes e bases, exploramos também, os elementos essenciais. Porém, é 
importante ressaltar, que mesmo que a Psicologia educacional, tenha a sua 
contribuição para os aspectos da ensino-aprendizagem, quaisquer relações 
estabelecidas dentro do ambiente de aprendizagem, que contribuem e reforçam o 
desejo de permanecer ou se recusar a permanecer nesse ambiente e desenvolver sua 
aprendizagem, vai está totalmente ligada a relação que o aluno desenvolve com seus 
colegas, com o educador, a instituição/organização e o método, sendo estes os pontos 
 
32 
 
principais para a sua motivação sobre o aprender ou, podendo também contribuir a 
emergir alguma repulsa ao processo. 
O próximo tópico, você aprenderá sobre os processos psicológicos que 
envolvem a aprendizagem, os mecanismos envolvidos nos sistemas mentais, os 
processos psicológicos, envolvendo os aspectos cognitivos, afetivos e sociais 
envolvidos na aprendizagem. 
6 PROCESSOS FUNDAMENTAIS DA APRENDIZAGEM 
Estamos em constante aprendizado, em um processo permanente de interação 
com o meio ambiente. Acreditamos que a aprendizagem é um processo contínuo de 
autoconhecimento que determina nossas relações sociais ao longo da vida. No nosso 
quotidiano, deparamo-nos com situações que nos desafiam das mais diversas formas 
e que nos obrigam a reagir a cada acontecimento. 
Você acha que é possível limitar toda a aprendizagem a um processo primário 
ou você imagina que existem diferentes concepções dos mecanismos que envolvem 
a aquisição do conhecimento? É sobre isso que falaremos mais adiante. 
No mesmo dia você pode resolver um problema familiar envolvendo problemas 
financeiros ou emocionais, ter a tarefa de preparar um documento sobre o trabalho, 
identificar um possível problema com seu carro, enfim, realizar tarefas que exijam 
conhecimentos diferenciados. Ainda que, para realizar uma destas atividades, tenha 
feito formação numa destas áreas, através do ensino teórico ou numa atividade 
prática, serão utilizados diferentes meios de aprendizagem para atingir o objetivo de 
resolver tal problema. 
De acordo com esse contexto, podemos identificar diferentes maneiras de se 
apreender e de se transmitir conhecimento, que variam de acordo com fatores como 
o tempo que cada um leva para adquirir conhecimento e o raciocínio utilizado para 
chegar a esses entendimentos. Analisar de forma abrangente os elementos que 
envolvem esse mecanismo nos permitirá interagir em nosso meio, levando em conta 
o conhecimento construído sobre esse tema, tão necessário em nossas práticas 
educativas. 
Para Abbad e Borges-Andrade (2004), a aprendizagem é um processo 
psicológico fundamental, amplo e complexo, correlacionado com fatores intra e 
 
33 
 
interpsíquicos, sociais e culturais de uma vasta literatura que a analisa a partir de 
diferentes perspectivas teóricas e metodológicas. 
A aprendizagem individual, do ponto de vista cognitivo, é uma mudança 
relativamente permanente de atitude e comportamento, associada à experiência, que 
envolve os níveis afetivo, cognitivo e motor, garantindo flexibilidade, adaptabilidade e 
capacidade de transformação do ser humano. Como tal, está associada a mudanças 
nas estruturas cognitivas e comportamentais pessoais baseadas na reflexão pessoal 
e na interação social. Durante o processo de aprendizagem, adquirem conhecimentos, 
habilidades e atitudes (CHAs) que podem ser inferidos a partir de mudanças de atitude 
e comportamento. 
Em outras palavras, a aprendizagem é um processo dinâmico e interativo no 
qual os indivíduos processam, decodificam e recodificam informações. É interessante 
notar que, se duas pessoas forem submetidas ao mesmo processo de recepção das 
informações, cada uma delas desenvolverá habilidades diferentes, pois perceberão, 
interpretarão e compreenderão de acordo com fatores internos, relacionados ao 
armazenamento de informações na memória. 
Esse armazenamento é feito de acordo com a ordem em que as informações 
são inseridas em relação ao significado que damos a esses dados, que se unirão ou 
se recombinarão ao qual acreditamos pertencer. Nossa capacidade de aprender 
aumentará porque já temos conhecimento formado sobre o assuntoem nossa 
memória, bem como o estímulo que recebemos para a assimilação dessa informação. 
Dessa forma, você consegue compreender que a aprendizagem ocorrerá 
sempre associada a informações já armazenadas, de uma forma ou de outra, ela tem 
a capacidade de transformar os estados iniciais em estados finais (relacionados a 
competências) por meio, de experiências e reflexões. De acordo com esse contexto, 
vamos entender a relação da aprendizagem com os aspectos cognitivos, afetivos e 
sociais, que será discutido no próximo tópico. 
6.1 A aprendizagem e sua relação com aspectos cognitivos, afetivos e sociais 
Importantes estudos no campo da neurociência e da Neuropsicopedagogia têm 
destacado a relação entre os aspectos cognitivos, afetivos, sociais e a aprendizagem. 
Essas investigações consistem em estudar o desenvolvimento de várias funções 
 
34 
 
cerebrais que são responsáveis pelos processos de aprendizagem. As 
atividades realizadas por diferentes áreas do cérebro estão integradas e em 
constante interação. 
O termo cognição refere-se ao processo de aquisição de conhecimento e 
envolve atividades mentais como atenção, percepção, processamento, diferentes 
tipos de memória e raciocínio. Através da cognição, os indivíduos processam, 
armazenam e internalizam informações, conectando-as com base em suas 
preferências, emoções e motivações. Veja abaixo Quadro 1, que descreve as funções 
e as subfunções cognitivas. 
Quadro 1- Descrição das funções e subfunções cognitivas. 
 
35 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fonseca (2014). 
Você percebe que foram mencionadas, as principais características das 
funções cognitivas, responsáveis pela aprendizagem. E a partir daí, falaremos das 
funções conativas, que correspondem e se relacionam com as emoções, motivações 
e personalidade humana. 
 
36 
 
Dificilmente a aprendizagem ocorre em um ambiente onde há algum tipo de 
fragilidade emocional, pois, esses processos estão intimamente relacionados aos 
aspectos afetivos. Para criar efetivamente uma atmosfera propícia ao aprendizado, o 
aluno deve ser capaz de compreender o motivo de realizar essa atividade mental, o 
objetivo a ser alcançado e como se sente em relação à tarefa. 
As funções conativas são, portanto, fundamentais porque, associa-se com às 
funções cognitivas, que são responsáveis, por manter, um equilíbrio que impulsiona a 
afetividade, condição para que a aprendizagem seja significativa e harmoniosa. Por 
exemplo, aprender a escrever, andar de bicicleta ou melhorar qualquer uma dessas 
atividades, nutre sentimentos de prazer e competência. Contudo, se esse processo 
levar à desregulação emocional, o processo de aprendizagem pode não ser concluído, 
resultando em aspectos negativos das funções conativas, além de insegurança, falta 
de motivação e disfunção cognitiva. 
É necessário ter um cuidado e muita atenção com esses mecanismos, pois, da 
mesma forma que o cérebro, quando estimulado, aprende, também é capaz de 
aprender a não completar as fases de aprendizagem se estiver em período de 
exaustão e autoestima comprometida. 
Uma terceira função coordenada com as duas citadas acima é chamada de 
função executiva, que atua no córtex pré-frontal, que, por sua vez, se comunica com 
as demais áreas responsáveis pela aprendizagem, adaptação ao ambiente e ao 
ambiente interacional e comportamental, e aspectos comportamentais do indivíduo. A 
seguir, observe algumas definições de funções executivas, de acordo com Fonseca 
(2014): 
 Atenção (sustentação, foco, fixação, seleção de dados relevantes em 
relação aos irrelevantes, evitamento de distratores, etc.); 
 Percepção (intraneurossensorial, interneurossensorial, meta-integrativa, 
analítica e sintética, etc.); 
 Memória de trabalho (localização, recuperação, rechamada, manipulação, 
julgamento e utilização da informação relevante, etc.); 
 Controle (iniciação, persistência, esforço, inibição, regulação e auto 
avaliação de tarefas, etc.); 
 Ideação (improvisação, raciocínio indutivo e dedutivo, precisão e conclusão 
de tarefas, etc.); 
 
37 
 
Portanto, através de uma integração equilibrada das funções cognitivas, 
motoras e executivas, a fase de aprendizagem pode ser concluída com sucesso, pois, 
passa-se a entender como esse mecanismo funciona e quais são as suas 
peculiaridades, sendo essencial para potencializar esse momento de 
desenvolvimento do indivíduo. A seguir, você vai aprender um pouco sobre o 
panorama da Psicologia escolar/ educacional, na relação aluno professor. 
7 ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR/ EDUCACIONAL NA RELAÇÃO 
ALUNO-PROFESSOR 
Durante o período de crescimento dos testes psicométricos e do caráter 
"curativo" adquirido sobre a atuação do psicólogo (a) escolar nos primeiros anos de 
prática, o profissional (a) da Psicologia se empenhou em atender às necessidades da 
época, dando ênfase aos problemas de aprendizagem. Por outro lado, diante das 
mudanças sociais, políticas, culturais e estruturais que afetam as instituições 
educacionais, o psicólogo escolar deve aplicar seus referenciais teóricos e práticos a 
uma necessidade atual e emergente: a relação aluno-professor. 
De forma contextualizada, o aluno desse período era visto apenas como 
aprendiz, receptor de saberes e o professor como disseminador de saberes, o que 
fragilizou os vínculos entre professor e aluno, gerando distanciamento nessa relação 
que por vezes era autoritária. Dito isso, com base em Paulo Freire, entendemos o 
aluno como um ser incompleto e ativo em seu processo de estar no mundo, além de 
aprender criticamente sobre a realidade e o conteúdo, sem ser passivo em seu 
processo de aprendizagem (FREIRE, 2018). 
Além disso, podemos demonstrar que as metodologias de aplicação dos 
conteúdos e as regras institucionais, quando não levam em conta o aluno no processo 
educativo ativo, são mecanismos de poder disciplinar da escola e dos professores 
para os alunos, compreendendo que “a disciplina produz indivíduos, sendo a técnica 
específica de um poder que toma os indivíduos tanto como objetos, quanto como 
ferramentas de seu exercício" (FOUCAULT, 2010, p. 164), considerando que "o poder 
existe nas 'relações de poder' e é praticado em todos os setores da sociedade" (DINIZ, 
2014, p.156), visto que o poder também está imbuído das relações entre as pessoas, 
em todas as áreas da sociedade (DINIZ, 2014). 
 
38 
 
Além do mais, a patologização do fenômeno educacional, também confirma o 
distanciamento entre alunos e professores, considerando que os alunos de alguma 
forma eram excluídos dos demais, afetando negativamente a relação e 
consequentemente sua aprendizagem. Assim, com base no contexto exposto no 
tópico anterior, vemos a importância de relembrar a história para que as práticas 
reducionistas e viéssegregacionistas sejam repensadas. Levando em consideração, 
o contexto histórico da Psicologia escolar, é necessário descrever a prática do 
psicólogo escolar /educacional, crítica e analisar as contribuições que ela pode 
suscitar nas instituições de ensino que podem facilitar o ensino e a aprendizagem, 
particularmente em relação ao aluno-professor. 
Em relação a essa perspectiva, Viana (2016) afirma que: 
O que notamos é que embora os profissionais de Psicologia tenham mais 
clareza do que outros colaboradores, no que se refere à contraindicação da 
utilização do modelo clínico dentro da escola, junto aos educadores ainda 
existe um conhecimento bastante superficial sobre as possibilidades de 
intervenção e do papel deste profissional. (VIANA, 2016, p. 60). 
Além disso, em comparação com abordagens reducionistas e simplistas, novos 
modos de ação começaram a surgir a partir de um repensar metodológico que 
incorpora aspectos específicos da escola, bem como fatores subjetivos, sociais, 
familiares e econômicos dos alunos. Sugerimos, portanto, discutir as possibilidades 
de atuação dos profissionais de Psicologia diante do distanciamento

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