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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/308119548 Colonialidade e Teoria Decolonial em Aníbal Quijano Article · September 2016 CITATIONS 0 READS 3,615 1 author: Jhonatan Vieira Universidade Federal da Integração Latino-Americana 2 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Jhonatan Vieira on 15 September 2016. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/308119548_Colonialidade_e_Teoria_Decolonial_em_Anibal_Quijano?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/308119548_Colonialidade_e_Teoria_Decolonial_em_Anibal_Quijano?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jhonatan-Vieira?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jhonatan-Vieira?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade-Federal-da-Integracao-Latino-Americana?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jhonatan-Vieira?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jhonatan-Vieira?enrichId=rgreq-32a02551033d57db706dabd40d9c6130-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwODExOTU0ODtBUzo0MDY1ODE3MzM4MDYwODBAMTQ3Mzk0ODA0NzU1MQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 1 ANÍBAL QUIJANO E A COLONIALIDADE Aníbal Quijano é um sociólogo e teórico político peruano, nascido em Yanama na província de Yungay em 1928 é um dos nomes marcantes da Teoria ou Pensamento Decolonial. Formando na Faculdade das Letras da Universidade Nacional Mayor de San Marcos em Lima, Peru. Mestre pela Faculdade Latino- americana de Ciências Sociais (FLACSO) – Universidade de Chile e Doutor pela Faculdade das Letras da Universidade Nacional Mayor de San Marcos. Foi professor em importantes Universidades, também Diretor do Centro de Investigações Sociais (CEIS) de Lima e atualmente é Professor do Departamento de Sociologia, Binghamton University, New York, EUA. Quijano faz parte de um grupo de autores Latino Americanos, que se preocupam em estudar a relação [conflitiva] da América Latina e mundo, seja por meio da colonização e colonialidade, aspectos modernizadores, América como um novo mundo (nova Europa) e toda forma de poder que essa relação gera. Influenciados pela leitura de Leopoldo Zea (filosofo mexicano), autores como Aníbal Quijano, Santiago Castro- Gomez, Enrique Dussel, Raul Fornet-Betancourt, Maria Lugones Hypatia, Walter D. Mignolo e outros, ‘criam’ a filosofia americana, a partir de algumas questões fundamentais que fundamentam a pesquisa desses autores. A pesquisa sobre colonialidade é importante para compreender como a colonização foi marcante na criação de um sistema mundo, que se pretendia ‘moderno’, universalista e global, a partir de ‘cinco colonialidades’, do ser, do saber, do poder, da natureza e do gênero podemos entender o tronco dessa teoria. Em A Colonialidade do Saber: Eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latino Americanas, temos um compilado de Edgardo Lander, de artigos 2 publicados pelos autores da Teoria Decolonial, assim como em América Latina e o Giro Decolonial. Em seu texto Colonialidade do Poder, eurocentrismo y América Latina e Colonialidade do Poder e Classificação Social Quijano, trata da ‘construção’ da América e como essa foi importante para o desenvolvimento de uma mentalidade onde Europeus [brancos] eram superiores a outras raças e etnias [em relação a região], e como esses europeus tinham poder de colonizar as outras terras, por meio de uma lógica cristã, com ideias de progresso e de civilização, Quijano vai chamar isso de classificação Social. Vai tratar no decorrer do texto de demonstrar os aspectos coloniais que foram fundamenta is na criação de um novo padrão mundial, um padrão claramente eurocêntrico, capitalista, cristão, machista, racista e homofóbico, vemos a partir daí um ‘rascunho’ do sistema mundo que vem a ser criado. RELAÇÃO AMÉRICA LATINA E MUNDO Segundo Quijano a América recém descoberta é o berço da modernidade e serviu como laboratório de um padrão de poder mundial, diz: ”A América constitui-se como o primeiro espaço/tempo de um padrão de poder de vocação mundial e, desse modo e por isso, como a primeira id-entidade da modernidade” (QUIJANO, 2005). Ainda segundo, dois processos históricos serviram para a implementação do novo padrão de poder mundial, em primeiro lugar a distinção entre conquistados e conquistadores, aplicada pela ideia de raça, que hierarquizava as raças e colocava o europeu numa posição de superioridade natural sobre as outras e servia com aspecto fundamental na dominação europeia e depois “a articulação de todas as formas históricas de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos, em torno do capital e do mercado mundial” (QUIJANO, 2005), ou seja, a instrumentalização do ‘mercado’ como motivo para a dominação, caminhando junto com a ideia de progresso e de modernização. Para Quijano, raça é uma categoria mental da modernidade e serve como impulso para a dominação e colonização, pois vejamos segundo Quijano, raça [em seu sentido moderno], não tem história conhecida antes da [invenção] da América. A formação de relações sociais fundadas nessa ideia, produziu na América identidades sociais historicamente novas: índios, negros e mestiços, e redefiniu 3 outras. Assim, termos com espanhol e português, e mais tarde europeu, que até então indicavam apenas procedência geográfica ou país de origem, desde então adquiriram também, em relação às novas identidades, uma conotação racial. E na medida em que as relações sociais que se estavam configurando eram relações de dominação, tais identidades foram associadas às hierarquias, lugares e papéis sociais correspondentes, com constitutivas delas, e, consequentemente, ao padrão de dominação que se impunha. Em outras palavras, raça e identidade racial foram estabelecidas como instrumentos de classificação social básica da população. E a partir dessa noção de raças e sua composição, são outorgados direitos e deveres, essencialmente em relação a dominação e colonização. Um aspecto importante na análise de Quijano é a modernidade, que para Quijano é um projeto fundador de ideais e também de uma hierarquização, onde num sentido de progresso, o europeu se encontra mais à frente, diz: “a pretensão eurocêntrica de ser a exclusiva produtora e protagonista da modernidade, e de que toda modernização de populações não-europeias é, portanto, uma europeização, é uma pretensão etnocentrista e além de tudo provinciana” (QUIJANO, 2005), ou seja, podemos identificar nessa, uma pretensão universalista e global, onde todo aspecto europeu seria levado para o restante do mundo e no casode não aceitação seria imposto. Vejamos, podemos dizer segundo Dussel que a palavra modernidade, contem sentido ambíguo: I – seu conteúdo primário e positivo a nível conceitual, a ‘modernidade’ é emancipação racional, no sentido de sair da imaturidade, por um esforço da razão como processo crítico, que vai abrindo à humanidade a um novo desenvolvimento histórico. II – ao mesmo tempo, seu conteúdo secundário e negativo evoca a ‘modernidade’ sendo a justificação de uma prática [práxis] irracional de violência. A partir desse entendimento de modernidade e pela ambiguidade do termo, entendemos o entorno da modernidade que: primeiro a civilização ‘moderna’ se autocompreende [intitula] como mais desenvolvida, sendo assim mais superior, em segundo, essa superioridade obriga que esse [ser moderno] ajuda no desenvolvimento do outro mais primitivo, em terceiro o processo educativo de desenvolvimento segue os rumos europeus, esse processo modernizador tende a seguir padrões pré-estabelecidos, esse processo civilizador/educativo pode ser rejeitado e finalizando tentativas a prática moderna deve exercer [em última instancia] a violência, sem a preocupação de que essa dominação produz vítimas [das mais variadas maneiras, seja vítimas da morte física, 4 morte cultural, assimilação cultural, entre outros] , por fim entender que o mito da conquista é uma dimensão claramente moral, pois para o colonizador, o colonizado tem culpa, ao se opor ao processo civilizatório e a modernidade. COLONIALIDADE E AS CIDADES COMO FERRAMENTA MODERNIZADORA Se pensarmos na modernidade como processo civilizatório que exige violência daquele que acredita ser mais avançado e mais à frente no progresso e a adoção de uma posição de inferior daqueles vistos como mais atrasados, qual seria o papel fundamental das cidades no sistema mundo e nesse processo? E qual seria a ligação cidades e colonialidade? Em primeiro lugar precisamos pensar no papel das cidades na América Latina e a relação com o ideal de modernidade, distinguindo 3 conceitos importantes para Adrian Gorelik, o conceito de modernidade, modernização e modernismo. Entendendo segundo Gorelik, modernização como os processos duros de transformação social, econômicos e institucionais, a modernidade sendo o ‘ethos cultural’ criado a partir das transformações dos processos de modernização e modernismo o conjunto de valores e visões pelas quais a cultura [e a ciência] tenta compreender e conduzir esses processos, ou seja, primeiro temos os processos modernizadores [modernização], depois a modernidade que não são transformações físicas das cidades e sim do ideal ou da mentalidade e por fim o modernismo, período de ‘analise’ desses dois processos. Mas segundo Gorelik não foi nessa ordem que acontece na América Latina, segundo o Gorelik (2003) “...a modernidade foi o caminho para chegar a modernização, não sua consequência; a modernidade se impôs como parte de uma política deliberada para conduzir a modernização...” ou seja, para o autor, na América Latina primeiro tivemos mudanças na mentalidade, no pensamento, na forma de enxerga o mundo, para depois os processos modernizadores da cidade, ou então mudaram as pessoas e seu entendimento, para depois mudar as cidades [entendendo cidades no campo do físico]. Com isso, podemos trazer para essa forma de entender a constituição das cidades de Gorelik, aspectos da Colonialidade do Saber, pensando que os processos modernizadores [nesse caso das cidades], precisam seguir padrões [estéticos e 5 intelectuais] eurocêntricos, esses padrões deveriam ser ‘importados’ da Europa, o centro da modernidade. Outro aspecto importante das cidades, tem forte ligação com a colonialidade da natureza, pois essa [cidade] não se preocupa em entender os processos naturais, pois há um ideário [capitalista] que a natureza existe única e exclusivamente para servir ao homem, então ela pode ser utilizada, manipulada e derrubada. Essa lógica também é mercantil, ou seja, a natureza pode ser usada como fonte [inesgotável] de renda, pois é provida por deus e esse deixa a natureza como dádiva para o homem. No caso das cidades, a maior ligação está no golpe dado na natureza para a construção desse projeto que nasce com a ideia de modernidade e enxerga na América Latina uma folha em branco, tendo a possibilidade de refazer a Europa, mas muito melhor e mais perfeita, já que aqui começariam tudo do zero. E também pensar que a cidades também funcionam para a hierarquização e classificação social, pois no ideal de cidade inventado para a América Latina, cada um ocupa um espaço pré-determinado por outrem, [sendo que muito na verdade não tem espaço nesse imaginário de cidade]. Essa hierarquia das cidades está atrelada fortemente com a colonialidade do ser, empregado por meio da noção de raça, cor de pele e posição social [e financeira] e também a colonialidade do poder. Símbolos de ambas as colonialidades vão aparecer muito forte nesse ideal de cidade construída na América Latina, ora a igreja, a praça, a casa de câmara, a cadeira e o pelourinho, ora a criação de espaços públicos onde determinadas pessoas não teriam acesso. Pensar a modernidade é pensar as cidades e pensando nelas é pensar que ambas foram carregadas da Colonialidade e que essa proposta universalista enxergava na América um laboratório ou um berço dessa modernidade, já que a Europa no seu processo modernizador sofria com as interferências espontâneas nas cidades, mas que a América Latina não sofreria, já que a proposta modernizadora soava muito poética e ousada, mas que faria daqui uma “Europa melhorada”, assim sendo qualquer que contrariasse devia ser banido do processo civilizatório. 6 Sem dúvida podemos concordar com os autores que afirmam que a cidade foi parte importante no processo de modernização [pensando como Gorelik que em América Latina, tivemos primeiro a modernidade e como resultado a modernização], mas também entender as cidades como parte fundamental no processo de colonização, de classificação social, de colonialidade dos mais diversos aspectos, ou seja, ferramenta essencial da aplicabilidade do sistema-mundo [que é capitalista, racista, machista, homofóbico]. REFERENCIAS GORELIK, Andrián. Ciudad, Modernidad, Modernización. Bogotá, Colombia, REDALYC, 2003. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires, CLACSO, 2005. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder e Classificação Social. Buenos Aires, CLACSO, 2014. View publication stats https://www.researchgate.net/publication/308119548
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