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Colonialidade e Teoria Decolonial em Aníbal Quijano
Article · September 2016
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Jhonatan Vieira
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
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ANÍBAL QUIJANO E A COLONIALIDADE 
 
 Aníbal Quijano é um sociólogo e 
teórico político peruano, nascido em Yanama na 
província de Yungay em 1928 é um dos nomes 
marcantes da Teoria ou Pensamento Decolonial. 
Formando na Faculdade das Letras 
da Universidade Nacional Mayor de San Marcos 
em Lima, Peru. Mestre pela Faculdade Latino-
americana de Ciências Sociais (FLACSO) – 
Universidade de Chile e Doutor pela Faculdade 
das Letras da Universidade Nacional Mayor de 
San Marcos. 
Foi professor em importantes Universidades, também Diretor do Centro de 
Investigações Sociais (CEIS) de Lima e atualmente é Professor do Departamento de 
Sociologia, Binghamton University, New York, EUA. 
Quijano faz parte de um grupo de autores Latino Americanos, que se 
preocupam em estudar a relação [conflitiva] da América Latina e mundo, seja por meio 
da colonização e colonialidade, aspectos modernizadores, América como um novo mundo 
(nova Europa) e toda forma de poder que essa relação gera. Influenciados pela leitura de 
Leopoldo Zea (filosofo mexicano), autores como Aníbal Quijano, Santiago Castro-
Gomez, Enrique Dussel, Raul Fornet-Betancourt, Maria Lugones Hypatia, Walter D. 
Mignolo e outros, ‘criam’ a filosofia americana, a partir de algumas questões 
fundamentais que fundamentam a pesquisa desses autores. 
A pesquisa sobre colonialidade é importante para compreender como a 
colonização foi marcante na criação de um sistema mundo, que se pretendia ‘moderno’, 
universalista e global, a partir de ‘cinco colonialidades’, do ser, do saber, do poder, da 
natureza e do gênero podemos entender o tronco dessa teoria. 
Em A Colonialidade do Saber: Eurocentrismo e Ciências Sociais. 
Perspectivas Latino Americanas, temos um compilado de Edgardo Lander, de artigos 
 
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publicados pelos autores da Teoria Decolonial, assim como em América Latina e o Giro 
Decolonial. 
Em seu texto Colonialidade do Poder, eurocentrismo y América Latina e 
Colonialidade do Poder e Classificação Social Quijano, trata da ‘construção’ da América 
e como essa foi importante para o desenvolvimento de uma mentalidade onde Europeus 
[brancos] eram superiores a outras raças e etnias [em relação a região], e como esses 
europeus tinham poder de colonizar as outras terras, por meio de uma lógica cristã, com 
ideias de progresso e de civilização, Quijano vai chamar isso de classificação Social. Vai 
tratar no decorrer do texto de demonstrar os aspectos coloniais que foram fundamenta is 
na criação de um novo padrão mundial, um padrão claramente eurocêntrico, capitalista, 
cristão, machista, racista e homofóbico, vemos a partir daí um ‘rascunho’ do sistema 
mundo que vem a ser criado. 
 
RELAÇÃO AMÉRICA LATINA E MUNDO 
Segundo Quijano a América recém descoberta é o berço da modernidade e 
serviu como laboratório de um padrão de poder mundial, diz: ”A América constitui-se 
como o primeiro espaço/tempo de um padrão de poder de vocação mundial e, desse modo 
e por isso, como a primeira id-entidade da modernidade” (QUIJANO, 2005). Ainda 
segundo, dois processos históricos serviram para a implementação do novo padrão de 
poder mundial, em primeiro lugar a distinção entre conquistados e conquistadores, 
aplicada pela ideia de raça, que hierarquizava as raças e colocava o europeu numa posição 
de superioridade natural sobre as outras e servia com aspecto fundamental na dominação 
europeia e depois “a articulação de todas as formas históricas de controle do trabalho, de 
seus recursos e de seus produtos, em torno do capital e do mercado mundial” (QUIJANO, 
2005), ou seja, a instrumentalização do ‘mercado’ como motivo para a dominação, 
caminhando junto com a ideia de progresso e de modernização. 
Para Quijano, raça é uma categoria mental da modernidade e serve como 
impulso para a dominação e colonização, pois vejamos segundo Quijano, raça [em seu 
sentido moderno], não tem história conhecida antes da [invenção] da América. 
 
A formação de relações sociais fundadas nessa ideia, produziu na América 
identidades sociais historicamente novas: índios, negros e mestiços, e redefiniu 
 
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outras. Assim, termos com espanhol e português, e mais tarde europeu, que 
até então indicavam apenas procedência geográfica ou país de origem, desde 
então adquiriram também, em relação às novas identidades, uma conotação 
racial. E na medida em que as relações sociais que se estavam configurando 
eram relações de dominação, tais identidades foram associadas às hierarquias, 
lugares e papéis sociais correspondentes, com constitutivas delas, e, 
consequentemente, ao padrão de dominação que se impunha. Em outras 
palavras, raça e identidade racial foram estabelecidas como instrumentos de 
classificação social básica da população. 
 
E a partir dessa noção de raças e sua composição, são outorgados direitos e 
deveres, essencialmente em relação a dominação e colonização. 
Um aspecto importante na análise de Quijano é a modernidade, que para 
Quijano é um projeto fundador de ideais e também de uma hierarquização, onde num 
sentido de progresso, o europeu se encontra mais à frente, diz: “a pretensão eurocêntrica 
de ser a exclusiva produtora e protagonista da modernidade, e de que toda modernização 
de populações não-europeias é, portanto, uma europeização, é uma pretensão 
etnocentrista e além de tudo provinciana” (QUIJANO, 2005), ou seja, podemos 
identificar nessa, uma pretensão universalista e global, onde todo aspecto europeu seria 
levado para o restante do mundo e no casode não aceitação seria imposto. 
Vejamos, podemos dizer segundo Dussel que a palavra modernidade, contem 
sentido ambíguo: I – seu conteúdo primário e positivo a nível conceitual, a ‘modernidade’ 
é emancipação racional, no sentido de sair da imaturidade, por um esforço da razão como 
processo crítico, que vai abrindo à humanidade a um novo desenvolvimento histórico. II 
– ao mesmo tempo, seu conteúdo secundário e negativo evoca a ‘modernidade’ sendo a 
justificação de uma prática [práxis] irracional de violência. 
A partir desse entendimento de modernidade e pela ambiguidade do termo, 
entendemos o entorno da modernidade que: primeiro a civilização ‘moderna’ se 
autocompreende [intitula] como mais desenvolvida, sendo assim mais superior, em 
segundo, essa superioridade obriga que esse [ser moderno] ajuda no desenvolvimento do 
outro mais primitivo, em terceiro o processo educativo de desenvolvimento segue os 
rumos europeus, esse processo modernizador tende a seguir padrões pré-estabelecidos, 
esse processo civilizador/educativo pode ser rejeitado e finalizando tentativas a prática 
moderna deve exercer [em última instancia] a violência, sem a preocupação de que essa 
dominação produz vítimas [das mais variadas maneiras, seja vítimas da morte física, 
 
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morte cultural, assimilação cultural, entre outros] , por fim entender que o mito da 
conquista é uma dimensão claramente moral, pois para o colonizador, o colonizado tem 
culpa, ao se opor ao processo civilizatório e a modernidade. 
 
COLONIALIDADE E AS CIDADES COMO FERRAMENTA 
MODERNIZADORA 
Se pensarmos na modernidade como processo civilizatório que exige 
violência daquele que acredita ser mais avançado e mais à frente no progresso e a adoção 
de uma posição de inferior daqueles vistos como mais atrasados, qual seria o papel 
fundamental das cidades no sistema mundo e nesse processo? E qual seria a ligação 
cidades e colonialidade? 
Em primeiro lugar precisamos pensar no papel das cidades na América Latina 
e a relação com o ideal de modernidade, distinguindo 3 conceitos importantes para Adrian 
Gorelik, o conceito de modernidade, modernização e modernismo. Entendendo segundo 
Gorelik, modernização como os processos duros de transformação social, econômicos e 
institucionais, a modernidade sendo o ‘ethos cultural’ criado a partir das transformações 
dos processos de modernização e modernismo o conjunto de valores e visões pelas quais 
a cultura [e a ciência] tenta compreender e conduzir esses processos, ou seja, primeiro 
temos os processos modernizadores [modernização], depois a modernidade que não são 
transformações físicas das cidades e sim do ideal ou da mentalidade e por fim o 
modernismo, período de ‘analise’ desses dois processos. 
Mas segundo Gorelik não foi nessa ordem que acontece na América Latina, 
segundo o Gorelik (2003) “...a modernidade foi o caminho para chegar a modernização, 
não sua consequência; a modernidade se impôs como parte de uma política deliberada 
para conduzir a modernização...” ou seja, para o autor, na América Latina primeiro 
tivemos mudanças na mentalidade, no pensamento, na forma de enxerga o mundo, para 
depois os processos modernizadores da cidade, ou então mudaram as pessoas e seu 
entendimento, para depois mudar as cidades [entendendo cidades no campo do físico]. 
Com isso, podemos trazer para essa forma de entender a constituição das 
cidades de Gorelik, aspectos da Colonialidade do Saber, pensando que os processos 
modernizadores [nesse caso das cidades], precisam seguir padrões [estéticos e 
 
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intelectuais] eurocêntricos, esses padrões deveriam ser ‘importados’ da Europa, o centro 
da modernidade. 
Outro aspecto importante das cidades, tem forte ligação com a colonialidade 
da natureza, pois essa [cidade] não se preocupa em entender os processos naturais, pois 
há um ideário [capitalista] que a natureza existe única e exclusivamente para servir ao 
homem, então ela pode ser utilizada, manipulada e derrubada. 
Essa lógica também é mercantil, ou seja, a natureza pode ser usada como fonte 
[inesgotável] de renda, pois é provida por deus e esse deixa a natureza como dádiva para 
o homem. 
No caso das cidades, a maior ligação está no golpe dado na natureza para a 
construção desse projeto que nasce com a ideia de modernidade e enxerga na América 
Latina uma folha em branco, tendo a possibilidade de refazer a Europa, mas muito melhor 
e mais perfeita, já que aqui começariam tudo do zero. 
E também pensar que a cidades também funcionam para a hierarquização e 
classificação social, pois no ideal de cidade inventado para a América Latina, cada um 
ocupa um espaço pré-determinado por outrem, [sendo que muito na verdade não tem 
espaço nesse imaginário de cidade]. Essa hierarquia das cidades está atrelada fortemente 
com a colonialidade do ser, empregado por meio da noção de raça, cor de pele e posição 
social [e financeira] e também a colonialidade do poder. 
Símbolos de ambas as colonialidades vão aparecer muito forte nesse ideal de 
cidade construída na América Latina, ora a igreja, a praça, a casa de câmara, a cadeira e 
o pelourinho, ora a criação de espaços públicos onde determinadas pessoas não teriam 
acesso. 
Pensar a modernidade é pensar as cidades e pensando nelas é pensar que 
ambas foram carregadas da Colonialidade e que essa proposta universalista enxergava na 
América um laboratório ou um berço dessa modernidade, já que a Europa no seu processo 
modernizador sofria com as interferências espontâneas nas cidades, mas que a América 
Latina não sofreria, já que a proposta modernizadora soava muito poética e ousada, mas 
que faria daqui uma “Europa melhorada”, assim sendo qualquer que contrariasse devia 
ser banido do processo civilizatório. 
 
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Sem dúvida podemos concordar com os autores que afirmam que a cidade foi 
parte importante no processo de modernização [pensando como Gorelik que em América 
Latina, tivemos primeiro a modernidade e como resultado a modernização], mas também 
entender as cidades como parte fundamental no processo de colonização, de classificação 
social, de colonialidade dos mais diversos aspectos, ou seja, ferramenta essencial da 
aplicabilidade do sistema-mundo [que é capitalista, racista, machista, homofóbico]. 
 
REFERENCIAS 
GORELIK, Andrián. Ciudad, Modernidad, Modernización. Bogotá, Colombia, 
REDALYC, 2003. 
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos 
Aires, CLACSO, 2005. 
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder e Classificação Social. Buenos Aires, 
CLACSO, 2014. 
 
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