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- Glândulas Adrenais - | #3 Módulo | Anatomia As glândulas suprarrenais estão associadas ao polo superior de cada rim. Apresentam córtex (mais externo) e medula (mais interno). Anteriormente à glândula suprarrenal direita encontram-se uma parte do lobo hepático direito e a veia cava inferior. Anteriormente à glândula suprarrenal esquerda encontram-se parte do estômago e do pâncreas e, ocasionalmente, o baço. O suprimento arterial das glândulas suprarrenais é extenso e tem três origens primárias: artérias suprarrenais superiores, artéria suprarrenal média e artérias suprarrenais inferiores. No lado direito, a veia suprarrenal direita é curta e adentra quase imediatamente a veia cava inferior. No lado esquerdo, a veia suprarrenal esquerda se une à veia renal esquerda. Histologia O córtex tem origem no epitélio celomático, sendo, portanto, mesodérmico. As células do córtex têm a ultraestrutura típica de células secretoras de esteroides (glicocorticoides, mineralocorticoides e andrógenos). O córtex adrenal pode ser subdividido em três camadas concêntricas cujos limites nem sempre são perfeitamente definidos: zona glomerulosa, zona fasciculada e zona reticulada. Zona glomerulosa: aldosterona. Zona fasciculada: cortisol. Zona reticulada: andrógenos e mineralocorticoides em menor grau. A medula se origina de células da crista neural, isto é, tem origem neuroectodérmica. Todas as células da medula adrenal são inervadas por terminações colinérgicas de neurônios simpáticos pré-ganglionares. Hipercortisolismo Diversas doenças causam hiperfunção da cortical da suprarrenal, resultando em diferentes síndromes, segundo o(s) hormônio(s) produzido(s) em excesso. Síndrome de Cushing: condição clínica associada ao aumento de glicocorticoides circulantes. A síndrome manifesta-se por: (1) obesidade de distribuição peculiar, predominando na face (face em lua cheia), no pescoço e no tronco, poupando os membros; (2) estrias purpúricas ou violáceas na pele do abdome (simulando estrias gravídicas), esquimoses e acne; (3) hirsutismo, hipogonadismo e distúrbios sexuais (amenorreia em mulheres, impotência em homens); (4) osteoporose generalizada, com fraturas patológicas; (5) hipertensão arterial em 85% dos casos; (6) fraqueza e atrofia musculares; (7) redução de tolerância à glicose, com tendência a diabetes; (8) transtornos emocionais variados, inclusive quadros psicóticos (Quadro 29.14). A síndrome surge em duas condições: (1) administração exógena de glicocorticoides (iatrogênica), responsável pela maioria dos casos; (2) aumento na síntese de glicocorticoides pelas suprarrenais. Neste grupo, há duas possibilidades: (a) síndrome ACTH-dependente, quando há aumento de ACTH circulante. Quando esse aumento se deve a doença hipofisária, fala-se em doença de Cushing, que é mais comum em mulheres na terceira e quartas décadas de vida; (b) síndrome ACTH-independente, por síntese aumentada de glicocorticoides por lesões das suprarrenais. Hiperaldosteronismo Seja primário ou secundário, consiste no quadro de secreção aumentada de aldosterona, de forma prolongada, com sinais e sintomas correspondentes. Hiperaldosteronismo primário refere-se à produção autônoma aumentada de aldosterona pelas suprarrenais, com inibição da síntese de renina. Síndrome de Conn (hiperaldosteronismo primário): manifesta-se por hipertensão arterial. As causas são hiperplasia adrenal bilateral e adenomas produtores de aldosterona. O diagnóstico correto envolve exames de imagens (TC), cateterismo das veias da suprarrenal e estudo morfológico das lesões. A detecção imuno-histoquímica da enzima CYP11B2 marca as células produtoras de aldosterona e muito ajuda no diagnóstico. Hiperaldosteronismo secundário resulta de ativação do sistema renina-angiotensina, sobretudo quando há redução do fluxo sanguíneo renal, como acontece em edemas generalizados. Nesses casos, a renina plasmática encontra-se aumentada. Síndromes Androgenitais Corresponde ao quadro associado à produção excessiva de andrógenos pelas suprarrenais, sendo hiperplasia congênita da cortical, adenoma e adenocarcinoma suas causas principais. Hiperplasia congênita afeta igualmente os dois sexos e é transmitida por herança autossômica recessiva. Quando existem defeitos em genes responsáveis por codificar as enzimas envolvidas no processo de esteroidogênese, há redução na produção de cortisol, aumento compensatório de ACTH, hiperplasia difusa da cortical das suprarrenais e incremento na biossíntese de alguns esteroides, principalmente andrógenos. A deficiência de 21-hidrolixadse é a forma mais comum e corresponde a 90-95% das hiperplasias adrenais congênitas. O quadro caracteriza-se por síntese diminuída de cortisol e de aldosterona e aumento dos níveis de DHEA e de 17β-hidroxiprogesterona, com consequente aumento de 17KS e pregnanotriol urinários. Doença de Addison É a forma clássica de insuficiência suprarrenal crônica. A doença, que afeta igualmente homens e mulheres, predomina entre 30 e 55 anos de idade, sendo pouco frequente antes de 15 anos e em pessoas idosas. A doença tem início insidioso e evolução lenta; manifesta-se com astenia, perda de peso, hipoglicemia, hipotensão arterial postural, distúrbios gastrointestinais, alterações mentais, queda de pelos axilares e pubianos, fadiga e hiperpigmentação progressiva da pele e de mucosas. O último sinal constitui, por vezes, um dos aspectos mais característicos da doença, podendo ser precoce e antecipar-se aos demais sinais. Os níveis plasmáticos e urinários de cortisol, aldosterona e andrógenos são baixos; encontram-se ainda ACTH elevado, hiponatremia, hipoglicemia, hipersensibilidade à insulina, anemia e incapacidade de eliminar a sobrecarga de água. É causada por todas as condições que levam a destruição lenta das suprarrenais, qualquer que seja a sua natureza. Para que a doença se manifeste, é necessária destruição de mais de 90% do parênquima glandular. Em adultos, grande número de doenças pode lesar a cortical da suprarrenal, embora 90% dos casos estejam associados a quatro entidades: adrenalite autoimune, tuberculose, infecções fúngicas (p. ex., paracoccidiodomicose) e AIDS. Metástases nas suprarrenais, embora possam destruir boa parte do parênquima, raramente levam a hipocorticalismo, pois os pacientes falecem antes pela neoplasia. Feocromocitoma Neoplasia rara e formada por feocromócitos, o feocromocitoma manifesta-se em crianças e adultos de ambos os sexos, especialmente na quarta e quinta décadas de vida. Em 35 a 40% dos casos, associa-se a mutações germinativas em pelo menos 19 genes, dos quais os mais comuns são aqueles relacionadas com subunidades da enzima mitocondrial succinato desidrogenase (SDHA, SDHB, SDHC, SDHD, SDHAF2), que participa do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa; Feocromocitoma sintetiza noradrenalina e adrenalina, responsáveis pela sintomatologia principal: hipertensão arterial, paroxística em mais de 50% dos pacientes e persistente nos restantes, embora represente menos de 1% das causas de hipertensão arterial. O diagnóstico do tumor é feito por dosagem de catecolaminas e metabólitos, encontrando-se excreção urinária aumentada de adrenalina, noradrenalina, metanefrina e ácido vanilmandélico. Nos poucos casos em que a pressão arterial é normal, além da elevação da taxa de adrenalina e noradrenalina há aumento de DOPA e de dopamina, as duas últimas com possível ação anti-hipertensiva. Tumores clinicamente silenciosos, não secretores e geralmente pequenos, representam 15% dos feocromocitomas. Outras manifestações clínicas são cefaleia, náuseas, vômitos, sudorese, palidez ou enrubescimento, palpitações, anorexia, perda de peso, transtornos psíquicos, elevação do metabolismobasal, hiperglicemia, glicosúria, poliúria, polidipsia, hipotensão postural, dispneia, dor torácica ou abdominal e constipação intestinal. Em alguns casos, surge miocardiopatia semelhante à causada experimentalmente pela administração de catecolaminas.
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