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EMANUELA HANNOFF PILON 1 Tutorial 1 – mod XVIII Queda, tontura e síncope Sistema vestibular – Anato/Fisio (cap 95) - Equilíbrio é um processo automático e inconsciente que possibilita ao indivíduo resistir à desestabilização da gravidade e se mover no ambiente. - Integração entre sistema vestibular (sensações de equilíbrio), sistema visual e sistema proprioceptivo. - Tontura descreve sensações anormais que se referem à posição do corpo em relação ao espaço. - Informações sensoriais conflitantes, alentecimentos, alterações na integração central e/ou função motora, lesões ou definições levam à tontura. ANATOMIA, FISIOLOGIA E ENVELHECIMENTO - Labirinto é um componente bilateral e simétrico do equilíbrio, integrado na percepção dos movimentos, posição do pescoço e da cabeça e coleta informações necessárias para a manutenção do equilíbrio. - Localiza-se no osso temporal, com o labirinto ósseo e membranoso (banhado pela perilinfa – externamente e endolinfa). Cóclea, vestíbulo e canais semicirculares, através do epitélio sensorial, recebem e enviam as informações do som (coclear) e do movimento (vestibular) ao SNC. Tanto a perilinfa como a endolinfa transportam ondas sonoras para os órgãos terminais da audição e do equilíbrio. - Cada labirinto tem canais semicirculares (1H e 2V), sáculo e utrículo com receptores sensoriais (cílios com otólitos que têm cristais de carbonato de cálcio). - O fluxo da endolinfa dentro dos canais semicirculares informa a velocidade e intensidade do movimento determinam a deformação da extremidade ampular. - Cílios do sáculo informam sobre a força da gravidade, do movimento vertical. Os cílios do utrículo informam a aceleração linear, do movimento horizontal. - A inervação dos canais semicirculares superior, horizontal e utrículo é feita pelo nervo singular superior. Nervo singular inferior inerva o canal inferior e sáculo. Ambos se unem, formam o nervo vestibular. Este e o coclear dão origem ao 8º par craniano. - Irrigação pela artéria auditiva interna, ramo da cerebelar inf ant ou art basilar. Essa artéria se divide em coclear (coclear principal e vestibulococlear) e vestibular anterior. INTEGRANTE DO SIST. VESTIBULAR/OUTROS SIST. - Sistema vestibular é o componente sensorial; cerebelo e cérebro são processadores que recebem e integram os sinais; sistema muscular é o efetor para manutenção do equilíbrio. - As vias conscientes são fibras vestibulotalâmicas que se projetam no córtex cerebral e que tornam possível a percepção consciente da vertigem. As vias vestibulares inconscientes vão para o cerebelo e na patologia se expressam por lateropulsão e incoordenação. - O nervo vestibulococlear se divide em fibras vestibulares ascendentes (vestíbulo-oculomotoras) que geram movimentos oculares compensatórios, descendentes (vestibuloespinais), relacionados com os reflexos posturais, e fibras para o cerebelo (vestibulocerebelares) responsáveis pelo equilíbrio/coordenação corporal. - Visão importante para equilíbrio. Logo, mesmo que destrua ao labirinto, equilíbrio pode ser mantido. Reflexo vestíbulo-ocular se comprometido causa nistagmo. Conexões neurovegetativas são feitas com núcleo do hipotálamo, substância reticular bulbar e núcleo do vago. - Informações proprioceptivas fazem o equilíbrio. Se originam do tato e pressão, fusos musculares e cápsulas articulares. ENVELHECIMENTO - Qdo normal, aumenta suscetibilidade para tontura e contribui para recuperação mais lenta das doenças que levam a tontura. Há redução da função dos processos centrais, receptores e aferências sensoriais. - Compensação vestibular, processo de recuperação, depende da substituição sensorial e da compensação central que está comprometida no envelhecimento. - Envelhecimento envolve redução do número de receptores periféricos e centrais. Isso gera decréscimo no n° de impulsos com informação que chega ao cérebro, menor habilidade no processamento e redução na capacidade adaptativa. - Visão e reflexo vestíbulo-ocular declinam com a idade. Como a visão é importante na compensação, os déficits contribuem para alterar equilíbrio na pessoa idosa. - Presbivertigem apresenta-se como instabilidade, por perda da percepção periférica durante o movimento, principalmente no sentido angular. Medo de cair é frequente e pode ter relação com marcha cautelosa. Geralmente pcte procura apoio para andar. - O envelhecimento compromete a habilidade de o SNC realizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal, bem como diminui a capacidade de modificação dos reflexos adaptativos. - Acarreta também a perda progressiva de células ciliadas dos receptores sensoriais periféricos (cúpulas dos canais semicirculares e máculas sacular e utricular), o decréscimo do número de fibras e da mielinização do nervo vestibular, a degeneração das células ganglionares e de terminações nervosas no sistema vestibular periférico e central. Estes processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e deesequilíbrio (presbiataxia) na população geriátrica. EMANUELA HANNOFF PILON 2 Distúrbios – queda (cap. 94) - As quedas são frequentes entre indivíduos idosos. Sua ocorrência implica riscos importantes de perda de autonomia. O impacto psicológico das quedas é grande. As quedas estão intimamente relacionadas com a postura e a marcha, que, sofrem várias influências do envelhecimento normal e patológico. Controle postural e quedas: O CdM (Centro de massa) está localizado anteriormente à 2ª vértebra sacral, sobre a BdS (base de sustentação/suporte) ou seu limite de estabilidade, que representa onde ponto de pressão atua na superfície, representando em torno de 5 a 10 cm. CdP (centro de pressão é onde se apoia, o ponto principal. - Embora a rigidez muscular mantem postura ereta em condições estáticas, mas é preciso uma ativação muscular coordenada para manter o corpo ereto nas atividades de vida diária. - O controle postural ou equilíbrio pode ser definido como o processo pelo qual o SNC provoca os padrões de atividade muscular necessários para coordenar a relação entre o CdM e a BdS. → Processo complexo que envolve os esforços conjugados de mecanismos aferentes ou sistemas sensoriais (p. ex., visual, vestibular e proprioceptivo) e mecanismos eferentes ou sistemas motores (p. ex., força muscular dos membros superiores e inferiores e flexibilidade articular). → As respostas aferentes e eferentes são organizadas por uma variedade de mecanismos centrais ou funções do SNC que recebem e organizam as informações sensoriais e programam respostas motoras apropriadas. OBS.: Quando o CdM do corpo se estende além de sua BdS, os limites de estabilidade são excedidos e cria-se uma situação de instabilidade ou perda de equilíbrio. Esse fato é detectado pelo sistema sensorial, que envia sinais para o sistema motor. - Inicia uma série de respostas posturais coordenadas cujo intuito é restabelecer o alinhamento entre o CdM e a BdS. Entretanto, também são necessárias informações sensoriais sobre a orientação e mobilidade corporais, particularmente quando o equilíbrio é perturbado de maneira brusca. → Essas info. sensoriais são utilizadas para detectar alguma instabilidade e provocar respostas estabilizadoras apropriadas, por meio de reações programadas de proalimentação ou por correções contínuas e atualizadas de retroalimentação - Para que uma queda ocorra, duas condições precisam estar presentes: perturbação do equilíbrio e falência, por parte do sistema de controle postural em compensar essa perturbação. OBS.: No que parece ser uma proporção relativamente pequena de casos, uma queda ocorre quando uma perturbação interna fisiológica interrompemomentaneamente a operação do sistema de controle postural. - Nestes casos ocorre uma interferência na perfusão dos centros posturais no cérebro ou tronco cerebral (p. ex., ataques isquêmicos transitórios, hipotensão postural, arritmias cardíacas, oclusão das artérias vertebrais durante movimentação cervical) ou com os sistemas sensorimotores (p. ex., episódios de tonturas ou vertigens). Há dois tipos de perturbação externa: mecânica e informacional. → Na mecânica, as forças que interagem com o corpo humano deslocam o CdM para além da BdS (p. ex., um empurrão ou colisão), ou impedem a BdS de se alinhar abaixo do CdM (p. ex., um escorregão ou tropeço). → Perturbações informacionais modificam a natureza da informação de orientação do ambiente. Neste caso, podem-se criar conflitos transitórios entre as informações visuais, vestibulares ou proprioceptivas (p. ex., campos visuais que se movem criando ilusões de automovimento). - A habilidade de evitar quedas, em qualquer situação, depende inteiramente da extensão na qual a perturbação desafia a capacidade de estabilização do sistema de controle postural. → O envelhecimento pode induzir distúrbios no controle motor e da marcha que aumentam o risco de perturbações autoinduzidas. → De modo semelhante, distúrbios perceptivos ou cognitivos limitam a habilidade de identificar e evitar riscos ambientais. Mecanismos aferentes - Os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo estão envolvidos no envio de informações para o sistema de controle postural ou de equilíbrio OBS.: Há evidências de que esses três “braços” aferentes enviem consideravelmente mais informações que as normalmente necessárias para a manutenção postural. Dessa maneira, é um mecanismo redundante, cuja consequência é a manutenção do equilíbrio mesmo na ausência de informação por um dos sistemas (p. ex., quando os olhos estão fechados), embora, em tais situações, o ajuste seja menos fino. - A visão é o sistema mais importante de informações sensoriais e pode se compensar na ausência ou não confiabilidade dos outros estímulos. → Fornece informações sobre a localização e a distância de objetos no ambiente, o tipo de superfície em que se dará o movimento e a posição de uma parte corporal em relação à outra e ao ambiente. Os componentes do sistema visual que são considerados críticos para o equilíbrio incluem acuidade estática e dinâmica, sensibilidade ao contraste, percepção de profundidade e visão periférica. EMANUELA HANNOFF PILON 3 Obs.: As alterações visuais relacionadas com a idade incluem reduções na acuidade, sensibilidade ao contraste e percepção de profundidade e menor adaptação ao escuro O sistema proprioceptivo, com origens nos receptores tendinosos e musculares, mecanorreceptores articulares e barorreceptores profundos das plantas dos pés, também fornece informações sensoriais importantes para o controle postural. → suprem o corpo com informações sobre o ambiente imediato, tornando possível ao organismo se orientar à medida que ele se movimente ou se mantenha ereto em relação às próprias partes do corpo, seu apoio e superfície do solo. → Há também evidências de alterações do sistema proprioceptivo relacionadas com o envelhecimento → há uma diminuição na sensibilidade ao toque, discriminação de dois pontos e sensibilidade vibratória de baixas e altas frequências, particularmente nos membros inferiores. O sistema vestibular funciona concomitantemente com os dois outros. Ele consiste em três partes: um componente sensorial, um processador central e um componente de controle motor. → O sensorial, localizado na orelha interna, é composto dos canais semicirculares e dos órgãos otolíticos (utrículo e sáculo). → componente sensorial detecta os movimentos cefálicos (velocidade angular e aceleração linear) e a orientação no espaço. A mudança do líquido no canal semicircular informa cérebro sobre movimento dos cílios. → Liga-se esse componente ao processador central por meio do 8º par craniano. O processador central localizado na ponte (núcleo vestibular) e no cerebelo recebe e integra esses sinais e, após combiná-los com as informações visuais e proprioceptivas, envia a informação ao → componente motor (músculos oculares e medula espinal). Em resposta, iniciam-se dois importantes reflexos para regular o controle postural: o reflexo vestíbulo-ocular (RVO) e o vestibuloespinal (RVE). → O RVO controla a estabilidade ocular (manutenção do olhar fixo no campo visual) e a orientação da cabeça à medida que ela se movimenta. Sem esse reflexo, as imagens teriam sensação de estarem “picadas”. → O RVE influencia os músculos esqueléticos no pescoço, tronco e membros e provoca um movimento compensatório do corpo que mantém o controle cefálico e postural O sistema vestibular também presta auxílio na resolução de informações conflitantes, quando as informações visuais e proprioceptivas fornecem estímulos imprecisos, como no caso de um campo visual em movimento. Nessas situações, o sistema vestibular responde mais rapidamente, rejeitando a informação conflitante para manter o controle postural. OBS.: O sistema vestibular apresenta, com o envelhecimento, uma perda rápida das células ciliares dos canais semicirculares (40% de perda após 70a), bem como das células ganglionares vestibulares e fibras nervosas. Há também alterações no RVO coerentes com essas modificações anatômicas. Mecanismos centrais - O SNC exerce um papel importante na manutenção do equilíbrio. Ele avalia e integra a informação sensorial indicando instabilidade proveniente dos estímulos visual, proprioceptivo e vestibular e, como resposta, seleciona a estratégia de correção postural mais apropriada para situações inesperadas ou antecipadas de perda de equilíbrio (controle de proalimentação ou retroalimentação) - Os centros da medula espinal controlam o movimento de forma autônoma. Recém-nascidos apresentam o fenômeno de passadas automáticas, um comportamento rítmico semelhante ao locomotor, após estímulo do toque dos seus pés em uma superfície, segurando-os sob seus membros superiores Modificações do SNC relacionadas com o envelhecimento podem aumentar o risco de perturbações do controle postural. → Perda neuronal, perda dendrítica, ramificações reduzidas, metabolismo e perfusão cerebrais diminuídos e metabolismo alterado de neurotransmissores. O envelhecimento do sistema motor inclui perda importante de células gigantes piramidais de Betz no córtex motor, perda progressiva de neurônios, depleção de neurotransmissores tais quais dopamina nos gânglios da base e involução na árvore dendrítica dos neurônios motores da medula espinal → Além disso, um alentecimento geral no processamento de informação, em sincronia com a diminuição na velocidade de condução nervosa, promoveria retardo e, por conseguinte, mais distúrbios na geração de respostas posturais. Mecanismos eferentes Quando ocorre uma alteração do equilíbrio, dependendo da magnitude, três estratégias de correção podem ser utilizadas para restabelecer a estabilidade → A primeira é a estratégia do calcanhar, utilizada como resposta a um distúrbio pequeno e lento da BdS e realizada mantendo-se os pés no local de origem. Esses movimentos procuram esticar ou ativar os músculos do tornozelo e realinhar o CdM e a BdS. → A segunda estratégia é chamada estratégia da bacia e reposiciona o CdM ao fletir ou estender as articulações coxofemorais. EMANUELA HANNOFF PILON 4 → O terceiro tipo de reação muscular é o sobrepasso, utilizado quando o CdM é deslocado além dos limites da BdS. O sobrepasso realinha o CdM à BdS quando as duas estratégias anteriores não funcionam, como quando se dá um escorregão ou tropeço Vários estudos têm demonstrado reduçãoda força muscular com o envelhecimento, associada a diminuições no tamanho e número das fibras musculares e na quantidade de motoneurônios. OBS.: Entretanto, as modificações naturais do envelhecimento não afetam sobremaneira o controle postural normal, uma vez que as reações compensatórias posturais não requerem grande força muscular ou amplitude de movimentos. Quando a perturbação é maior, os mais velhos tendem a dar passos múltiplos, embora nas vítimas de quedas frequentes o mecanismo de passos múltiplos pareça estar prejudicado Tontura (cap. 95) - Várias sensações anormais que se referem à posição e à orientação do corpo em relação ao espaço, sendo muitas vezes difícil de definir pelo pcte. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Localização anatômica Periférica: distúrbio na orelha interna e do 8° par craniano, com náuseas, vômitos graves, perda auditiva e compensação rápida, raramente sinais neurológicos. + chance de tontura rotatória, duração rápida, intensidade graves, sintomas otológicos comuns, desequilíbrio leve, ataxia rara, comum relação com posição da cabeça Central: SNC envolvido, por lesões tumorais, causas vasculares ou inflamatórias, raramente relação com posição da cabeça, raramente chance de tontura rotatória, duração longa, intensidade moderada, raros sintomas otológicos e perda auditiva, comum ataxia e sinais neurológicos 6 grupos de tontura: otológica (sistema vestibular periférico), central (tronco cerebral e cerebelo), proprioceptiva (neuropatia periférica), visual, psicológica e de causa desconhecida OU 5 grupos: otológica, central, médica, psicogênica e não localizada Duração e apresentação da doença →Episódica: episódio único e agudo: neurite vestibular, trauma, infecção ou vascular. →Recorrente: enxaqueca, doença de Meniere, paroxismos vestibulares. →Contínua: perda vestibular bilateral, doença cerebelar, mal de Parkinson, mielopatia, neuropatia. Quanto a duração da crise e do episódio de tontura →<1min: episódios agudos e com rotação, geralmente por doença vestibular periférica como na VPPB. →>1min: tontura que dura de 1min a 1-2h pode ser causada por doença de Ménière, hipoperfusão cerebral transitória ou distúrbios fóbicos/ansiedade. → Várias horas até 1 dia: sugere labirintite viral ou vascular ou doença de Ménière. CATEGORIAS - 4 categorias de sintomas, sendo que muitas vezes pcte não se inclui em uma categoria ou descrevem 2+ tipos de tontura. Vertigem - Sintoma vestibular, envolve sensação de girar ou outros tipos de movimentos ilusórios sobre si mesmo ou no ambiente. Ilusão visual rotatória do ambiente é característico, acompanhada da sensação de queda, náuseas, vômitos, palidez, sudorese e desequilíbrio, agrava pelo movimento e mudança de posição da cabeça. Sem perda de consciência, geralmente episódica, início abrupto. Distúrbio na aquisição de informação no aparelho vestibular ou seu processamento central. - Cinetose: forma fisiológica de vertigem relacionada com movimentos de cabeça e tronco, embarcações e aviões. Desequilíbrio - Percepção do enfraquecimento ou instabilidade postural e marcha, descrita como envolvendo corpo e membros (NÃO A CABEÇA), no idoso inespecífico e + contínuo, melhora com sentar-se ou se deitar. - Causas comuns: doença vestibular bilateral grave, AVE, déficits neurológicos e sensoriais, doença cerebelar e neuropatia periférica. Pré síncope - Sensação de desmaio ou perda de consciência, pode ter junto fraqueza, zumbido, vista escura, palidez, sudorese e desmaio, geralmente episódica, gravidade relacionada à magnitude da redução da perfusão cerebral. - Causas: isquemia cerebral difusa secundária a causas cardiológicas (arritmias, estenose aórtica), e/ou causas não cardiológicas como hipotensão pós-prandial, hipotensão postural e medicações. Tonturas inespecíficas - Tonturas difíceis de caracterizar, inclui todos os sintomas que não estão nas outras categorias: confusão mental, cabeça pesada ou leve, atordoamento, flutuação, embriaguez, tontura, sensação de desmaio iminente, cansaço, dificuldade de se concentrar, ansiedade, podendo ter associado dor de cabeça e no abdome. Menos graves geralmente, associados a transtornos psiquiátricos, hiperventilação... EPIDEMIOLOGIA - A tontura é uma queixa muito prevalente no mundo todo, acontecendo em todas as faixas etárias, principalmente entre adultos e idosos. Nos idosos, foi associada a perda da função. Tontura é mais frequente em todos os grupos de idosos, assim como é mais comum em mulheres que em homens. Tontura episódica é mais frequente que a contínua. EMANUELA HANNOFF PILON 5 - >65 anos a tontura é um dos sintomas mais comuns, sendo a maioria das causas originadas no sistema vestibular. FATORES DE RISCO/↑ - Idade, + feminino, DCV, osteoporose, depressão, transtornos do sono, transtorno de memória, dificuldade visual, incontinência, três ou mais doenças, uso de quatro ou mais medicações, estado de saúde precário, quedas e problemas de mobilidade (Equilíbrio funciona de idosos vestibulopatas compromete com avanço da idade). - Mais de 1 dx contribui para a tontura em metade dos casos, embora a disfunção vestibular (71% dos casos), na maioria das vezes está associada com distúrbios da propriocepção, alterações visuais, lesões estruturais do tronco e cérebro e distúrbios psicofisiológicos. MEDICAMENTOS: cardiovasculares (diuréticos, beta-bloq e vasodilatadores que podem produzir pré-síncope), medicamentos ototóxicos que causam desequilíbrio e oscilospsia (ácido acetilsalicílico e aminoglicosídeos), medicamentos psicotrópicos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes (doses tóxicas têm sido associadas a desequilíbrio), álcool, cafeína e outras substâncias autoprescritas (suplementos alimentares). ETIOLOGIA - 90% das causas identificadas de tontura estão nessas 7 etiologias: doença vestibular periférica, doenças cardiovasculares, tontura multissensorial, doenças cerebrovasculares do tronco cerebral, doenças neurológicas centrais e primárias, doenças psiquiátricas e síndrome da hiperventilação. - Geralmente a causa de tontura em idosos NÃO É ÚNICA, uma forma de identificar a etiologia é pelas 4 categorias de sintomas (vertigem, desequilíbrio, pre sincope e tontura inespecífica). - Na emergência principais etiologias: a neurite vestibular, a VPPB e a doença de Ménière. - Os diagnósticos mais frequentes em idosos são de VPPB e doença cerebrovascular (infarto cerebral e AVE transitório). - Medicamentos que aumentam risco de queda: psicotrópicos, anti-hipertensivos e narcóticos. (Amitriptilina e clonazepam). - Doenças metabólicas podem estar relacionadas pela alta sensibilidade do sistema vestibular, já que orelha interna despende muita energia para funcionar direito: diabetes, hiperinsulinemia ou hipoglicemia, hipertrigliceridemia, hiperlipidemias e alterações metabólicas decorrentes da insuficiência renal crônica. - Causa cardíaca: hipotensão postural ou pré-prandial, arritmia. - Psicogenia: ansiedade, agorafobia, sd pânico ou pós- traumática, transtornos psicóticos, depressão, ... - Doenças imunomediadas e infecciosas (herpes-zóster). - Substâncias psicoativas ou tóxicas: álcool, metais pesados, solventes, poluentes (chumbo e mercúrio). AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA - Necessário pois o equilíbrio envolve o labirinto, visão, propriocepção, audição, sistema nervoso autônomo, sistema musculoesquelético, marcha, cognição e isso exige que a investigação seja ampla e sistematizada. Tontura crônica como síndrome geriátrica: resulta de déficits e doenças em múltiplos sistemas. Importante avaliar fatores que contribuem para a tontura. - Identificar causas multifatoriais relacionadas com a tontura: ansiedade, sintomas depressivos, alterações do equilíbrio, passado de IAM, hipotensão postural,uso de cinco medicações ou mais e déficit auditivo. - Identificação de características predisponentes para tontura: associação entre múltiplas características predisponentes para a tontura, com a variação da frequência e duração das sensações e atividades-gatilho, sugere que a tontura é um problema multifatorial, similar a muitas outras síndromes geriátricas como queda, delirium e incontinência urinária. História atual e pregressa: história clínica e pregressa no idoso ajuda mais no dx do que EF e labs, muitas vezes. Associação da vertigem ao desequilíbrio é frequente, tornando-se mais ainda com o aumento populacional, e tem grande impacto negativo na vida diária do pcte P/ vertigem: duração do episódio, relação com mudança de posição da cabeça e zumbido ou déf auditivo. Faz exame da orelha, neurológico, nistagmo, Hallpike, Epley (VPPB). Além disso, faz audiometria. P/atordoamento: queixa na mudança da postura, sintomas cardíacos e sincope. Avalia hipotensão ortostática e alteração da FC com a postura. Pede ECG e holter. P/desequilíbrio: pede sobre quedas. Faz exame neurológico, sinais cerebelares, exame da marcha, Sinal de Romberg, acuidade visual. P/outras tonturas: faz documentação de ansiedade e depressão. SINTOMAS - Queixa de vertigem é muito frequente: sensação ilusória de movimento rotacional, às vezes acompanhada de desequilíbrio, instabilidade, náuseas e vômito. Descrição de vertigem foi preditiva para doença vestibular periférica. - Queixas de síncope, tontura, atordoamento, necessidade de sentar-se durante os sintomas, e piora destes ao ficar em pé, foram preditivos para comorbidade cardiovascular. - Queixas + comuns: vertigem postural, distúrbios neurovegetativos (náuseas, vômitos, sudorese e escurecimento de visão) associados à vertigem e/ou tontura, vertigem, tontura não rotatória, desequilíbrio, queda e sincope. EMANUELA HANNOFF PILON 6 - Queixas auditivas: zumbido, dificuldade para compreender a fala em ambientes ruidosos, hipoacusia, sensibilidade a sons intensos. - Existem instrumentos para avaliar gravidade da tontura e o efeito na qualidade de vida. DHI. - Atividades e posições relacionadas a tontura: fator desencadeante mais útil é o posicionamento da cabeça. Sist. Vestibular detecta movimentos dela, se movimenta, fica sintomático. A melhor forma de avaliar labirinto sem sofrer efeito da gravidade é com pcte deitado ou sentado, virando-o de um lado para outro, quando pede para levantar está testando a hipotensão ortostática. - Atividades que provocam vertigem: sons, álcool, levantar, virar a cabeça, andar, posição específica da cabeça, exercício, ambientes específicos... - Menor qualidade de vida em idosos com tontura, por maior estresse emocional e limitações físicas. - Atividades que idosos com disfunção vestibular crônica tem dificuldade: pelas escalas AIVD e AVD: + cortar as unhas dos pés (69,8%), subir escadas (74,4%), fazer compras (55,8%), sair de condução (55,8%), limpar a casa (51,2%), andar no plano e vestir-se (44,2%). EXAME CLÍNICO - Mini-mental, GDS, AIVD (ativ. Instrumental), AVD (ativ. Básica), Escala de Guttman (dependência do idoso), DHI (QV tontura), avaliação do estado de saúde e função (andar, ficar de pé, sentar-se), ansiedade. Bateria de provocação de tonturas: avaliação ambulatorial. Inclui avaliação da hipotensão ortostática, hiperventilação, vestibulopatia periférica, estimulação do seio carotídeo, além de distúrbios multissensoriais. Teste para hipotensão ortostática: 10min deitado em repouso mede PA, depois levanta e se 2min depois cair >20 PAS ou 10 PAD confirma hipotensão ortostática: idoso raramente atinge o critério. Em idosos >75, hipotensão postural é assintomática e pode ter tontura no teste postural, maior em idosos com doenças. Manobra de valsalva: objetivo é causar sintomas pré- sincopais: inspiração profunda, interrompe no momento que tem maior amplitude, boca e nariz fechados, comprime intensamente 30s. Avalia a integridade do ramo aferente, do processamento central e do ramo eferente do reflexo dos barorreceptores. Se pré-sincope: hipotensão ortostática, reação vasovagal ou redução no débito cardíaco. Estimulação do seio cardíaco: leve massagem na área do bulbo carotídeo por alguns segundos, monitoramento ECG contínuo, teste + produz pré-sincope, indicando hipotensão ortostática, ataque vasovagal ou redução do débito cardíaco. Evitado por maior risco em idoso. Manobra posicional: Dix Hallpike: desencadear vertigem e nistagmo e tentar reproduzir uma tontura rotatória (vertigem). Orienta pcte a manter os olhos abertos. O nistagmo clássico da VPPB ocorre quando a cabeça é inclinada ou girada para o lado afetado. Caminhar e girar o corpo: pcte anda 2-3m, gira o corpo e caminha de volta ao ponto de partida: desequilíbrio por comprometimento multissensorial. Rotação de Bárány: roda 10x pcte sentado em cadeira giratória, com cabeça inclinada 30° para baixo. É indicada para estimular os canais semicirculares horizontais e assim produzir um quadro vertiginoso em qualquer um que retenha alguma resposta vestibular. Mover a cabeça com pcte sentado em uma cadeira: movimentar sua cabeça como se estivesse olhando e acompanhando um avião no céu. Esse teste pode produzir desequilíbrio por comprometimento multissensorial. Hiperventilação: pcte respira em saco de papel ou plástico por 30s, podendo produzir tontura inespecífica por hiperventilação, indicando a presença de ansiedade ou um distúrbio fóbico. Exame neurológico: identifica padrões clínicos específicos que podem causar tonturas ou achados negativos que podem esclarecer diagnósticos. Exame otológico: avalia com Otoscópio quando além da tontura ter queixa como pressão aural, sensação de orelhas tampadas, dor, secreção ou zumbido e perda auditiva. Movimentos oculares: nistagmo espontâneo (pcte parado olhando fixo para objeto parado - único que pode ser aceito como de origem periférica é o horizontal e unidirecional, qualquer outro nistagmo na posição ortostática terá origem central) ou provocado pelo olhar (mostra alvo, leva 30° D, E, ↑, ↓ - pctes que não consigam manter este olhar geralmente têm lesões ipsilaterais de tronco cerebral ou cerebelo). Acompanhamento ocular: movimento ocular é anormal quando, em movimentação lenta do objeto, há presença de sácades que têm um aspecto de movimento decomposto ou em “roda denteada”: anormalidade indica lesão central. Sácades: movimentos oculares que possibilitam movimentar rapidamente nossos olhos de um objeto para outro. Dois alvos, pcte olha para um e para outro. Sácades imprecisas, que tem dois ou mais movimentos para alcançar o alvo, são patológicas. Sácade lenta: lesão SNC. Movimentos oculovestibulares: teste head trust: sentar o pcte e solicitar que ele fixe um ponto na sua frente; depois, o médico roda a cabeça rápida e bruscamente para a direita, espera e, em seguida, faz o mesmo para a direita. Se esses movimentos provocarem sácades de recuperação, o labirinto para o lado que se está girando não está funcionando. Avalia reflexos vestíbulo-oculares e a supressão do reflexo vestíbulo-ocular. Supressão do reflexo vestíbulo-ocular é observada quando se senta o pcte em uma cadeira giratória, solicita- se que o pcte estenda os dois braços e junte as mãos e fixe o hálux, enquanto o médico gira a cadeira para a direita e para a esquerda, normalmente o olhar permanece fixo no alvo, se aparecer um nistagmo significativo ou assimétrico o pcte terá supressão anormal do reflexo, indicando distúrbio do SNC. EMANUELA HANNOFF PILON 7 Manobra posicional de Hallpick (começa sentado, gira 45° a cabeça pra um lado, deita, depois senta e vira pro outro, depois deita de novo, depois senta de novo): essa manobra produz vertigem nos pctes com VPPB, podendodesencadear nistagmo, geralmente vertical e rotatório, sempre na mesma direção, desaparecendo em alguns segundos: tanto a vertigem quanto o nistagmo diminuem quando o teste é repetido várias vezes no pcte portador de VPPB. Postura e marcha: marcha com fase de apoio com base alargada geralmente se relaciona a doenças vasculares difusas, lesões frontais, cerebelares, ataxia sensorial, lesões vestibulares agudas ou bilaterais e pctes com “marcha cautelosa”. Teste de Romberg: fechar os olhos com os pés juntos em paralelo, avalia o grau de instabilidade postural. Idosos com problemas visuais e/ou proprioceptivos são mais suscetíveis a perder seu balanço postural, principalmente quando estão com os olhos fechados. Sinal de Romberg será positivo somente na fase aguda do distúrbio vestibular periférico. - Coordenação observada com um teste simples. Pede-se que o pcte estenda os dois membros superiores, dobrando o cotovelo, toque seu nariz com o dedo indicador direito e, após, o esquerdo. Se correto, feche os olhos e repita. Uma alteração consistente para um lado pode indicar disfunção vestibular assimétrica. Pede para caminhar em linha reta (dx distúrbio periférico e central). Se fechar os olhos, instabilidade insuspeita. DIAGNÓSTICO: nem sempre é feito, tendo um percentual com etiologia não definida. Testes complementares: em pctes com tontura prolongada, >1 enfermidade, faz exames de rotina: ECG, tilt test e holter, audiometria, eletronistagmograma, EEG, TC de crânio, RM de encéfalo com contraste, eletroneuromiografia, labs (hemograma, eletrólitos, função de tireoide e rim, perfil glicídico e lipídico, eletroforese de proteínas, bioquímica do sangue e VDRL). TRATAMENTO - Planejamento terapêutico individualizado pela tontura é multifatorial e repercute em várias áreas. Objetivo é promover a recuperação do equilíbrio postural e controlar efetivamente a tontura e sinais/sintomas associados a sintomas auditivos, quedas, ansiedade, depressão e outros. Etiologia, farmaco, exercício de reabilitação, controle dietético e estilo de vida. TTO da crise vertiginosa: TTO inicial na emergência inclui posicionamento adequado, repouso, hidratação e medicamentos: sedativos labirínticos (dimenidrinato, prometazina), antieméticos (metoclopramida e ondansetrona) e tranquilizantes benzodiazepínicos, todos por período curto e com monitoramento. Investiga se etiologia é periférica ou central - Quadro único, intenso de vertigem com duração de horas a dias sugere neurite vestibular, respondendo a uso de corticoide (dexametasona, prednisolona). Não há evidência de benefícios com uso de antivirais. TTO pós crise: supressores da função vestibular por VO (dimenidrinato com piridoxina, meclizina, cinarizina, flunarizina ou clonazepam) TTO da tontura crônica e recorrente: direcionado as patologias de base e não a sintomatologia, necessário investir no dx das causas principal e coadjuvantes. Medicamentos vertiginosos: Antieméticos e sedativos vestibulares devem ser usados em quadro agudos, porém, seu uso no TTO a longo prazo não é recomendado por reduzir a compensação vestibular. - Geralmente, as medicações usadas são: dimenidrato, prometazina, hioscina, proclorperazina, ciclizina e metroclorpramida - Anticolinergicos: duplo efeito sobre vertigem e vômitos (escopolamina): ação da acetilcolina como NT excitatório nos núcleos vestibulares e centro emético que controla as ações motoras, respiratórias e autonômicas do vômito. - Antihistaminicos: usado como supressor vestibular: meclizina indicado na vertigem leve a moderada e cinetose. Betaistina é antagonista do heterorreceptor H3 e agonista H1, faz vasodilatação e melhora circulação da orelha interna, aumenta secreção, passa histamina e coordena atividade neuroelétrica nos núcleos vestibulares. - Antagonistas dopaminérgicos: tem efeito antiemético central e gastrocinetico. Metoclopramida tem efeito antiemético, mas não atua na vertigem vestibular e cinetose, indicação: náuseas e vômitos. Prometazina antidopaminérgico, anti-histamínico, antiemético e sedativo, indicado em náuseas e vômitos. Ondansetrona antagonista da serotonina, suprimem os vômitos de causas gastrintestinais e quimioterapia por aferentes vagais. - Benzodiazepinicos: lorazepam e clonazepam aumentam efeito inibidor do GABA nos núcleos vestibulares: efeitos supressores vestibulares e antiémeticos, indicado em vertigem aguda e náuseas e, se desejado, efeito sedativo e ansiolítico. - Bloqueadores de canais de cálcio: inibem a vasoconstrição e agem como sedativos vestibulares, sendo usados no TTO da vertigem periférica e central. Contraindicado em pctes com distúrbios extrapiramidais. Efeito de supressão vestibular, mas apresentam vários efeitos colaterais, entre eles o parkinsonismo, devendobser usados com cautela em idosos. Ex.: cinarizina e flunarizina Reabilitação vascular - Exercícios que estimulem RVO, mover a cabeça enquanto lê um texto e vice-versa, estabilizam o olho fixo. - Exercício de reeducação do balanço e dessensibilização, diminui instabilidade, diminui suporte de base do pcte. Exercício de força e elasticidade são prescritos, caminhar em diferentes superfícies. - Movimentos repetidos de cabeça e olhos, para provocar vertigem ou desequilíbrio forçam mecanismos adaptativos do SNC. Complicações: não tem aumento de mortalidade ou institucionalização associado a queixas de tontura, mas tem EMANUELA HANNOFF PILON 8 impacto na qualidade de vida, pela relação com quedas sarcopenia, medo de cair, restrição de atividades e ansiedade. Doenças relacionadas com tontura DOENÇAS VESTIBULARES DO TIPO PERIFÉRICAS VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA - Uma das causas + frequentes de tontura, + em idosos (pico 60-70 anos), geralmente movimento da cabeça deflagra início dos sintomas, latência de alguns segundos entre movimento da cabeça e sintomas, após 30s vertigem desaparece. - Causa da VPPB: debris degenerativos do utrículo que flutuam na endolinfa e aderem à superfície da cúpula, especialmente do canal posterior, dando uma ilusão de movimento que determina vertigem, nistagmo e náuseas. Normalmente causa idiopática. - Manobra de Dix-Hallpike tem finalidade de desencadear vertigem e nistagmo, teste + confirma diagnostico. - Remissão espontânea na VPPB geralmente é frequente, mas pode ser recorrente. - TTO com sedativos vestibulares e antieméticos geralmente é ineficaz. - Exercícios vestibulares (melhora em 5min), como a manobra de Epley, são úteis e demonstram tornar a recuperação mais rápida: manobras consistem em uma sequência de movimentos da cabeça e do tronco com o objetivo de rodar o canal semicircular posterior, levando os debris do canal para o utrículo, onde são inativos. Manobra de Hallpike induz automigração de densidades patológicas da endolinfa do canal semicircular. VESTIBULOPATIA IDIOPÁTICA - Importante critério diagnóstico é a exclusão de doenças vestibulares periféricas. Sintomas audiológicos/ vestibulares ou achados audiológicos/sinais no exame vestibular não indicam um grupo específico de doença. DOENÇA DE MENIÉRE - Doença da orelha interna, tríade de tontura, zumbido e surdez. Redução na absorção da endolinfa resulta em um aumento de pressão endolinfática. - Sintomas são provavelmente ocasionados pela compressão das estruturas sensoriais da cóclea e do labirinto vestibular: isso altera condução nervosa e dá sensação de ouvido cheio, tontura, zumbido, nistagmo e posteriormente déficit auditivo predominando nos sons de baixa frequência. - TTO tenta evitar alterações osmóticas da endolinfa: diuréticos, restrição de sódio na dieta, cafeína e fumo, supressores vestibulares usa com cuidado para diminuir intensidade de crises de vertigem (Diazepam ou meclizina). Alguns casos podemprecisar de cirurgia. CRISE VESTIBULAR AGUDA - Causa frequente de vertigem no idoso, com perda da informação tônica do labirinto ou nervo vestibular que causa vertigem nistagmo e instabilidade. - Apresentação clássica: quadro abrupto com vertigem intensa, acompanhado de sintomas neurovegetativos, geralmente deita no lado afetado para reduzir a informação, dura dias, melhora gradual, geralmente vai para a emergência. LABIRINTITE - Em períodos de minutos a horas, pode ser relacionado a infecção sistêmica do ouvido ou meninge. - Nistagmo espontâneo, teste de Hallpike+ e instabilidade postural. - Eletronistagmografia pode documentar hipoexcitabilidade calórica unilateral. Exames de imagem cerebral normais. - Audiograma apresenta perda auditiva multissensorial ipsilateral de moderada a grave. - TTO: sintomático de vertigem e exercícios vestibulares, igual neurite vestibular, se perda auditiva faz avaliação otoneurológica. INFARTO LABIRÍNTICO - Início abrupto em pcte com prévia doença vascular, pode estar associado a sintomas neurológicos. - Nistagmo espontâneo, teste de Hallpike+, instabilidade postural e redução auditiva unilateral. - Eletronistagmografia pode documentar hipoexcitabilidade calórica unilateral e Exames de imagem cerebral normais. - TTO sintomático da vertigem e exercícios vestibulares, igual à neurite vestibular, se perda auditiva faz avaliação otoneurológica. NEURITE VESTIBULAR - Aguda e unilateral, com náuseas e vômitos com >24h de evolução, geralmente sem perda auditiva ou sinais neurológicos, geralmente etiologia desconhecida, sendo etiologia viral + aceita. Nos idosos as vezes tem relação com lesões vasculares. - TTO de escolha é com uso de corticosteroides precoce, como dexametasona IV, e, com a melhora do quadro, passada para corticoide VO. Antivirais sem evidências de benefícios. - Devido à melhora espontânea da maioria dos pctes a ponto de retornarem às suas atividades normais, somente devem ser recomendados TTO sintomático de vertigem e exercícios vestibulares. Exemplo: coordenação dos olhos e cabeça. Levanta e caminha com apoio, depois movimenta cabeça enquanto faz isso. FISTULA PERILINFÁTICA - Causa rara de vertigem por perda da perilinfa da orelha interna, podendo causar episódio de vertigem, início EMANUELA HANNOFF PILON 9 abrupto, associado a trauma craniano, barotrauma, manobra de valsalva muito forte... - Nistagmo espontâneo, teste de Hallpike + e instabilidade postural, redução auditiva unilateral, possível perfuração da membrana timpânica, além de teste para fístula positivo (vertigem e nistagmo induzidos por pressão no canal auditivo externo). - Eletronistagmografia apresenta hipoexcitabilidade calórica unilateral. - Audiograma: perda auditiva neurossensorial ipsilateral de moderada a grave. Exames cerebrais de imagem de TC podem demonstrar erosão do colesteatoma (cresce pele). - TTO pode ser conservador, com repouso da cama e elevação da cabeça, em uma tentativa de a fístula se recuperar sozinha. Se refratário, pensa em cirurgia reparador. DESEQUILÍBRIO POR PERDA VESTIBULAR - Lenta perda unilateral da função vestibular (como no neuroma acústico) ou bilateral (como na exposição a um medicamento ototóxico, principalmente com disfunção renal: estreptomicina, gentamicina, salicilatos) pode causar um quadro de desequilíbrio permanente, leve tontura que piora em locais escuros (visão não compensando perda vestibular). DESEQUILÍBRIO BENIGNO DO ENVELHECIMNTO E VERTIGEM BENIGNA DO ENVELHECIMENTO - Tonturas em idosos quando não se encontra uma causa, impreciso, em geral representa enfraquecimento neurossensorial múltiplo, com pequenos ou médios comprometimentos. DOENÇA IMUNOMEDIADA DA ORELHA INTERNA - Diagnóstico precoce e intervenção terapêutica pode reverter e reduzir os danos na orelha interna. Usa imunossupressores como azatioprina, metotrexato. CAUSAS OTOLÓGICAS - Surdez e zumbido. Acredita-se que degeneração espontânea do sistema vestibulococlear. CAUSAS CARDIOVASCULARES - É considerada um dos maiores motivos de tontura em idosos de comunidade, chegando a 57%. Doença coronariana (tontura em idosos na comunidade estava associada significativamente com angina IAM prévio, TTO anti-hipertensivo e não com diabetes, AVE anterior e tabagismo), sincope e arritmias, - Hipotensão postural e hipotensão pós prandial (uso de meias elásticas, orientar levantar devagar especialmente após períodos mais longos, na pós-prandial, ingestão de café após refeições e fazer refeições menores). DOENÇAS NEUROLÓGICAS Doenças cerebrovasculares (AVE e acidente vascular de tronco cerebral e enxaqueca podem causar tontura), infarto do tronco cerebral (acomete raiz do 8º nervo craniano, acomete pcte com FR para doença aterosclerótica – HAS, DM, DLP), insuficiência vertebrobasilar (decorrente da compressão funcional das artérias vertebrais por osteófitos que reduzem o lúmen dos forames transversos, levando a uma instabilidade atlantoccipital). - Enxaqueca vestibular, tontura de origem cervical (excesso de informações proprioceptivas provocadas pelos músculos cervicais criaria um conflito sensorial em que o cérebro interpretaria de maneira errônea, causando um erro de informação e levando ao aparecimento da tontura simultânea da dor cervical) - Desequilíbrio somatossensorial e proprioceptivo (piora no escuro, por neuropatia periférica como em diabéticos ou osteoartrose cervical por compressão do cordão espinal), tontura multissensorial (muito frequente em idosos, enfraquecimento visual e auditivo, descondicionamento físico, doença da coluna cervical, neuropatia periférica, hipofunção vestibular e efeitos adversos de medicamentos). DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS Ansiedade, depressão e síndrome do pânico (mau funcionamento do sistema vestibular, enxaqueca vertiginosa, hiperventilação), síndrome de hiperventilação (sensação de não inspirar ar suficiente, inspirando mais profundamente e aumentando FR). MEDICAMENTOS - Não é possível definir se é causa ou efeito. Aminoglicosídeos (genta, esprepto), quinolona (cipro, ácido nalidíxico), glicopeptídeo (vanco), macrolídeo (eritro, azitro), nitrofurantoína, antiprotozoário (cloroquina), antivirais, antituberculose (rifamp), antineoplásico (metotrexato), diurético tiazídico, antiarrítimico, IECA (nitrato), beta-bloq (propano, ateno), antiparkinsoniano (levodopa), antidepressivo (fluoxetina, paroxetina, trazodona, venlafaxina), ansiolíticos (Diazepam e outros benzo), anticonvulsivante (fenitoíina, gabapentina, topiramato, carbamaz), AINH, anestésico, relaxante muscular, uricosúrico, metais. Síncope (cap. 43) - Perda transitória da consciência por redução da perfusão cerebral, com início rápido, curta duração e recuperação completa e espontânea. Não é doença e sim manifestação clínica!!! - Pré-sincope são sinais que precedem a perda de consciência da sincope, quase sincope são os sinais pré sincopais sem que ocorra a sincope. EPIDEMIOLOGIA - Episódio de síncope entre 10-30a, apenas 5% dos adultos tem o primeiro episódio >40a. Parece ter um pico após os 65a em ambos os sexos. + frequente em idosos: alterações fisiológicas pelo envelhecimento: FC, PA, fluxo sanguíneo cerebral, alterações na resposta do sistema nervoso autônomo e envelhecimento do sistema cardiovascular, isso + Comentado [EHP1]: FISIOPATOLOGIA Normalmente, o estresse gravitacional ao se levantar repentinamente faz com que o sangue (½ a 1 L) se acumule nas veias das pernas e do tórax. A diminuição transitória subsequente do retorno venoso reduz o débito cardíaco e, assim, a pressão arterial. Em resposta, os barorreceptores no arco aórtico e no seio carotídeo ativam os reflexos autônomos para retornar rapidamente a PA ao normal. O sistema nervoso simpático aumenta a frequênciacardíaca e a contratilidade, além de aumentar o tônus vasomotor dos vasos de capacitância. A inibição parassimpática (vagal) simultânea também aumenta a frequência cardíaca. Na maioria dos indivíduos, alterações na pressão arterial e frequência cardíaca ao se levantar são mínimas e transitórias e não provocam sintomas. Com a manutenção da posição ortostática, a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e a secreção de vasopressina (antidiuretic hormone [ADH]) causam retenção de sódio e água, aumentando o volume sanguíneo circulante. EMANUELA HANNOFF PILON 10 comorbidades e medicações. Risco do trauma físico muitas vezes acaba por diminuir a independência e a autonomia do idoso. ETIOLOGIA - Condições malignas e potencialmente fatais, como arritmias ventriculares, e condições benignas, como sincope neurocardiogênica, podem apresentar-se com síncope. Independente da causa, a sincope apresenta importante prejuízo para funções físicas e psicológicas. - Até ~40% dos pctes com sincope podem permanecer sem diagnóstico. Uma etiologia multifatorial está presente em muitos casos de idosos devido a polifarmácia, desidratação e disautonomias. As principais causas de síncope na emergência são as síndromes neuromediadas ou reflexas e síncope neurocardiogênica (distúrbios ortostáticos) Causas de síncope: • Neuromediadas: síncope neurocardiogênica, síncope situacional, hipersensibilidade do seio carotídeo, neuralgia do glossofaríngeo • Hipotensão ortostática: disautonomia, hipotensão postural secundária a medicamentos e/ou desidratação • Causas cardíacas: arritmias, alterações estruturais • Causas cardiopulmonares: hipertensão pulmonar e TEP • Causas cerebrovasculares: Sd do roubo da a. subclávia - A hipotensão ortostática está presente em 30% dos idosos, sendo diferenciada da sincope neurocardiogênica pela ausência de bradicardia, com uma taquicardia. DIAGNÓSTICO - Perguntas básicas na avaliação inicial: Realmente houve sincope? Pcte apresenta doença cardíaca estrutural? Avaliação inicial é suficiente para sugerir o diagnóstico? Anamnese + EF completos + ECG possibilitam o diagnóstico da causa de síncope em 50% dos pctes. - Anamnese: • Antes da síncope: local que se encontrava (quente, muita gente, sem ventilação), posição (ortostática, decúbito, sentado), ação (caminhando, comendo...), pródromos (calor, náuseas, borramento visual, palidez, sudorese, palpitações, dor torácica) • Durante a síncope: como caiu no chão, se teve pseudo crise convulsiva • Após a síncope: ocorrência de sequelas, sinais neurológicos focais (sugere AIT ou AVE), dor muscular, recuperação rápida da consciência - Metade dos episódios de síncope não é testemunhada, e amnésia após a perda de consciência também é comum: importante dx diferencial da sincope com quedas, crise convulsiva: náuseas, palidez e sudorese associada a uma recuperação por tempo prolongado sugere um evento vagal, já a ausência de consciência por um período prolongado pode indicar uma convulsão, pois o estado pós- ictal é caracterizado por uma lenta e completa recuperação. - Reforçam o diagnóstico de síncope a perda completa de consciência, sendo esta transitória, com rápido início e curta duração, associada a perda de tônus postural e recuperação espontânea, completa e sem sequelas. Síncope neurocardiogênica: habitualmente tem fatores desencadeantes, como dor, calor, ortostatismo prolongado, ambientes quentes, sem ventilação e com multidões, e ansiedade. Relato de pródromos como náuseas, sudorese, palidez, sensação de calor e borramento visual é frequente. Pródromos podem ser ausentes nos idosos, diminuindo valor para dx diferencial. Hipersensibilidade do seio carotídeo é uma causa frequente de síncope na população idosa, 1/5 dos que tem desenvolvem sincope, deve ser pesquisado precoce na avaliação, sempre pesquisa tbem hipotensão ortostática. Arritmia: sugerido por palpitações e/ou o desenvolvimento súbito de síncope, sem sinais premonitórios Indicações de internação de pcte com síncope: síncope cardíaca (arritmia, IAM, angina instável, doença cardíaca estrutural), alteração do ECG, HF de morte súbita, história de morte súbita abortada, sincope maligna, sincope ao esforço, >60a, indicação pela neurologia, anemia grave ou distúrbios eletrolíticos. Síncope desencadeada pelo esforço deve sempre indicar investigação para doença arterial coronariana: teste de esforço (após afastada a possibilidade de síndrome coronariana aguda), a cintigrafia miocárdica e o ecocardiograma (base para diagnostico de cardiopatia estrutural). Síncope pós-esforço em idosos pode estar associada a importante bradicardia ou assístole e é geralmente devido a um mecanismo neuromediado. Estudo eletrofisiológico (EPS): indicação principal em pctes com síncope suspeita de origem arrítmica em indivíduo com cardiopatia estrutural: tenta registrar distúrbios de condução ou a provocação de episódios de bradi ou taquiarritmia. História de síncope, infarto prévio e função ventricular preservada, nos quais a indução de taquicardia ventricular monomórfica sustentada é um forte preditor de causa arrítmica da síncope. Tilt test: teste de inclinação: + em 57% dos pctes que o EPS foi - - Consiste em exame não invasivo em que PA, FC e ECG são monitorados continuamente. 4 fases: repouso em decúbito dorsal por 10min, ortostatismo passivo a 70° por 20min, ortostatismo passivo a 70° sensibilizado (adm sublingual de 0,4mcg de nitroglicerina) por 20min, manobra de compressão individualizada dos seios carotídeos: para desde que pcte tenha sincope ou pré sincope, além de alterações ECG e emergência como precordialgia ou dispneia. Bem tolerado inclusive em indivíduos idosos. Indicações: • Classe I: 1 ep de síncope inexplicada; ep recorrente de síncope inexplicada. • Classe II: qdo tipo de síncope indica tto diferente; dx diferencial entre síncope e crise consulvisa; avaliar pcte EMANUELA HANNOFF PILON 11 com queda recorrente; avalia pré-síncope ou tontura recorrente • Classe III: avaliação terapêutica, episódio único de baixo risco. - Pctes com síncope recorrente são mais propensos a ter um teste de inclinação + comparado com aqueles com episódio único ou com história de pré-síncope recorrente. - Se + em pcte sem cardiopatia estrutural faz diagnostico de sincope reflexa quando verificadas as alterações hemodinâmicas ou reproduzida a síncope. - Se + em pcte com cardiopatia estrutural, arritmias ou outras causas cardíacas de sincope deve excluir antes de considerar reflexa/neuromediada. Respostas hemodinâmicas: - Fisiológica: queda da PA <20mmHg e aumento de 5- 30bpm na FC durante o exame. - Neurocardiogênica: queda abrupta de PA e FC ao ortostatismo, padrões: vasoplegica (queda da FC não é maior que 10% do valor de pico, + comum em idosos), mista (queda da FC maior que 10% do valor do pico, mas a FC absoluta não atinge 40bpm por mais de 10s, nem assistolia com duração >3s) ou cardioinibitória (FC absoluta <40 bpm por mais de 10s ou assistolia com duração >3s, raro em idoso, + em jovens). -Hipotensão postural e resposta cronotrópica adequada: queda progressiva da PA ao ortostatismo (queda PAS>20), com taquicardia reflexa adequada: comum em idosos em uso de anti-hipertensivos. - Padrão disautonomico: queda progressiva da PA ao ortostatismo (queda PAS>20), sem resposta cronotrópica adequada, considera adequada aumento de 1pm na DC para cada queda de 1 na PAS. - Síndrome de taquicardia postural ortostática: aumento excessivo da FC ao ortostatismo (aumento >30bpm ou FC>120bpm) associado a reprodução de sintomas, rara em idosos. - Síncope psicogênica/síncope de origem cerebral: de sincope na ausência de alterações hemodinâmica capazes de justifica-las, faz diagnostico diferencial com tilt test com dopplertranscraniano ou EEG: permite avaliar se realmente ocorre diminuição da perfusão cerebral que justifique a ocorrência de síncope (síncope de origem cerebral) ou se não ocorre qualquer justificativa fisiopatológica para o episódio (síncope psicogênica). CONSIDERAÇÃOS DO PCTE IDOSO COM SÍNCOPE - Pior prognostico em idosos com sincope, história de cardiopatia estrutural subjacente é mais preditiva em relação ao prognóstico, chance de desfechos adversos gradualmente aumenta com a idade. - A evidência de hipotensão ortostática não é sempre reprodutível, e a avaliação é repetida da mesma pode ser necessária, pela manhã e após o episódio sincopal. - Avaliação com massagem do seio carotídeo deve ser parte do protocolo de investigação em idosos, de preferência em posição supina e ortostática, uma vez que a hipersensibilidade do seio carotídeo é frequente nesta faixa etária, mesmo quando a história é inespecífica. - Teste de inclinação (tilt test) é seguro e bem tolerado em idosos. - MAPA pode ser útil se suspeita de hipotensão intermitente - Desde que arritmias são frequentes em idosos, o ILR pode ser útil no caso de síncope inexplicada. Taquisupra não sustentadas, assim como extrassístoles, são frequentes em idosos e podem ser causa de episódio sincopal, mas habitualmente não em corações estruturalmente normais - Idosos com síncope, mas sem cardiopatia estrutural, a avaliação para síncope reflexa ou disautonomia deve ser sempre considerada naqueles com síncope inexplicada ou recorrente. Testes para sincope reflexa: massagem do seio carotídeo e teste de inclinação, se negativo faz monitoramento eletrocardiográfico prolongado. - Polifarmácia + relação com sincope - Incidência cumulativa de 11% em idosos de 70 a 79 anos e de cerca de 19% em idosos com mais de 80 anos - Idade isoladamente como critério de alto risco para hospitalização imediata varia de acordo com diretrizes. TRATAMENTO - A medicação em uso pelo pcte deve ser reavaliada: identificar substâncias potencializadoras de novos episódios. - Medidas gerais para síncope de origem não cardíaca incluem aumento de ingesta hídrica e salina para elevação da volemia, uso de meia elástica de alta compressão para aumento do retorno venoso, cabeceira elevada e afastamento de fatores desencadeantes. O conhecimento dos sinais premonitórios pode abortar os episódios de síncope. - Fludrocortisona (mineralocorticoide) para hipo ortostática, síncope e disautonomia. Midrodrina aumenta PA por vasoconstrição. Beta-bloq é controverso. - Tto da sd do seio carotídeo: reação cardioinibitória: marca- passo. Se vasodepressora, usa os medicamentos acima. Quedas (cap. 94) - Evento descrito por vítima ou testemunha, pessoa vai de encontro ao solo ou nível mais baixo que anterior, consciente ou inconsciente, com lesão ou não. Não são intencionais e resultam em contato com solo, não somente cair de costas em assento, por exemplo. - Fatores de risco diferem em pessoas mais velhas ativas e saudáveis de idosos frágeis que caem por instabilidade. - Determinação da contribuição externa à queda, se é suficiente para derrubar alguém saudável e mais jovem - Investigação de indivíduos com 2 ou mais quedas - Classificação da intensidade de movimento no momento da queda. EMANUELA HANNOFF PILON 12 EPIDEMIOLOGIA E MAGNITUDE DO PROBLEMA - Incidência aumenta com a idade e varia com a situação funcional do indivíduo. 28-35% em >65, 35% >70 e 32-42% >75. - Episódio prévio de queda tem mais chance de queda no ano seguinte. Estudo no RS revela que 62,3% das quedas são em asilo, especialmente no quarto. Mais em indivíduos separados e divorciados, com depressão e mais MUC. COMPLICAÇÕES DECORRENTES DE QUEDAS - Fraturas, medo de cair, abandono de atividades, modificação de hábitos e imobilidade. Morte: menos frequente. 5ª causa de morte em pctes mais velhos, 2/3. Indivíduos >65a, homens, cuja consequência é de fratura do colo femoral. Lesões: maior parte de pequena gravidade e mais da metade não vai ao médico. A maior parte das lesões em mais velhos é por queda, fratura em menos de 10%. Maior risco de lesões naqueles que caem longe de suas residências, pq são grupo mais ativo e saudável mais sujeito a sofrer quedas violentas. Incidência maior em mais velhos institucionalizados. Medo de quedas: perda de confiança pode gerar restrição de atividades e representar um fator significativo para transferência da vítima para local mais limitado, supervisionado, como asilo. Provocam ansiedade e depressão. Pode ter medo de sentar-se ou levantar sem apoio. Isso pode levar a menor velocidade da marcha e maior apoio bipedal. Permanência prolongado no solo pós-queda, redução das atividades e dependência: desidratação, úlcera de decúbito. Mais risco de morte, institucionalização, queda nas atividades básicas de vida diária. Indivíduos mais frágeis e dependentes pré-queda tem prognóstico pior. Os que caem repetidamente tem mais chance de institucionalização. CLASSIFICAÇÃO DOS PCTES QUE CAEM - Indivíduos que caem e os que não caem. Aqueles que caem menos de 2x/ano devem ser incluídos no 2º grupo. As quedas são divididas em interno e externo, quando a perda de equilíbrio ocorre por uma tendência interna ou evento externo, como escorregão, tropeço. Quedas do tipo interno devem ser mais avaliadas por problemas subjacentes. FATORES ASSOCIADOS A QUEDAS - Estudo brasileiro, as chances de queda recorrente aumentaram entre mulheres, viúvos, solteiros ou desquitados, nos indivíduos com história prévia de fratura, com grau de comprometimento nas atividades de vida diária. Além disso, patologias múltiplas e fatores psicológicos podem aumentar o risco individual, como comprometimento cognitivo, depressão e/ou ansiedade. - Baixo IMC, AVE, incontinência urinária, benzodiazepínicos e miorrelaxantes estão associados com aumento de queda. - Queda não sincopais estão associadas com fator intrínseco à vítima (doenças crônicas, mudanças com a idade, doença aguda, mudar medicação, diminuição de sinais sensoriais e/ou motores) e fatores extrínsecos no momento da queda (riscos ambientais, nas atividades diárias, indivíduos frágeis, estímulo sensorial diminuído). - Área de impacto durante a queda, presença de resposta protetoras que interrompem a queda e a massa óssea são fatores que determinam se ocorrera lesão posterior. - As quedas com impacto direto no pulso ou na pelve resultam mais facilmente em fraturas. E IMC< 19, risco de queda com fratura de fêmur (IMC é FR osteoporose). CAUSAS DE QUEDAS - Envelhecimento lentifica mecanismos de integração central, reduz capacidade de processamento e habilidade de dividir a atenção. • Epilepsia, Parkinson, miopatias e neuropatias periféricas (MMII), síncope cardiogênica, • Espondilose cervical (diminuição do estímulo proprioceptivo dos mecanorreceptores da medula espinal pode provocar sensações de tonturas leves e desequilíbrio em pctes mais velhos). • Hidrocefalia de pressão normobárica, demências (ñ reconhece ambiente, distúrbio de marcha). • Hipotensão postural: causada por medicamentos, desidratação ou imobilização. SÍNDROMES DE QUEDAS - Déficits sensoriais múltiplos, doença cerebrovascular (compromete cognição, distúrbios posturais e de marcha). Ataques de quedas, anormalidade na função postural ou disfunção do sistema reticular que controla músculos antigravitacionais. MEDICAÇÕES - Medicações psicotrópicas, cardiovasculares, corticosteroides e AINH. Pctes em casa de repouso que usam mais de 4 medicações prescritas aumentam risco de até 3x mais quedas. - Benzodiazepínicos e neurolépticos tem mais risco de queda. Distúrbios do equilíbrio, respostas corretoras posturais alentecidas e hipotensão postural. CONDIÇÕES DE DOENÇA AGUDA - Queda da perfusão cerebral, aumenta probabilidadede perda de consciência e quedas. - Mecanismos cerebrovasculares isquêmicos múltiplos e recorrentes como fatores importantes para o evento de quedas. AVALIAÇÃO E CONDUTA EM QUEDA DE IDOSOS - Solicitar ao pcte que se levante da cadeira e observe o padrão de marcha. Circunstâncias: informação sobre causa e pista para fatores de risco importantes. Precisa diferenciar se causa neurológica ou cardiovascular. Questionar se perda de consciência (síncope), após refeição (hipo pós-prandial), tontura, palpitação ou sensação de desmaio sugerem hipo postural, fraqueza súbita AVE. EMANUELA HANNOFF PILON 13 - Localização espacial pode fornecer informações sobre a reserva funcional do pcte. AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS PCTES QUE CAEM - Há 2 elementos principais na avaliação das quedas. O primeiro é o exame e os cuidados com a vítima após o evento e suas consequências. O segundo elemento consiste na avaliação do ambiente e dos fatores predisponentes. História clínica e exame físico: avaliação das atividades usuais e o nível funcional do pcte, história prévia de quedas e presença de doenças crônicas. - Avaliar quanto à sua independência nas atividades básicas de vida diária (banhar-se, vestir-se, alimentar-se, etc.), atividades instrumentais de vida diária (fazer compras, utilizar transportes públicos, cozinhar etc.) e atividades avançadas de vida diária (andar por mais de 1 km, participar de atividades sociais etc.). - Avaliar se usa instrumentos que auxiliem a marcha e sua adaptação. Quem pratica atividades perto do limite de segurança corre mais risco. - Fratura prévia indica osteoporose/osteomalácia. DM, Parkinson, AVE prévio, osteoartrite, demência e depressão tem mais risco. - A história de instabilidade é normalmente descrita pelos pctes por meio de queixas de fraqueza, tonturas, cabeça leve, desequilíbrio, intolerância ao movimento, escorregões, “pernas bambas”. - PA sentada, deitada e em pé. Aguarda 5min para PA supina. Afere sentado, 1-5min após ficar ereto por possível hipo postural: queda 20mmHg na PAS ou d 10mmH na PAD. - Sintomas de tonturas ou vertigens e alteração no pulso sem alteração da PA ortostática podem ser suficientes para o diagnóstico de hipotensão ortostática em pctes mais velhos. - Exames neurológicos, mini-mental, GDS, testes vestibulares (marcha no mesmo lugar). Testes de desempenho físico: avalia deficiência no equilíbrio, força e resistência e sua restrição nas atividades diárias. - Teste de equilíbrio e marcha de Tinetti, avalia risco de queda em idosos, é bom indicador de risco. Escore total de equilíbrio 16, marcha 12= 28. Menor que 19, alto risco de queda. - Controle postural dinâmico avalia alcance funcional, pcte reto, parado, estica braço pra frente. 15 cm ou mais é normal. Pcte com alta funcionalidade caminha um pé atras do outro, linha reta ou fica apoiado em um pé e o outro fletido. Funcionalidade afetada pode subir escada, pular objeto no chão ou se levantar da cadeira com braço cruzado. - Para MMII, Get-up and go test: pcte levanta caminha por 3m, dá meia-volta, caminha e se senta na cadeira. Se demorar mais de 14s, tem risco de queda. MANEJO E INTERVENÇÃO - Depois de avaliar e tratar lesões e feridas, trata-se pela causa. Impossível tornar o ambiente sem risco pq isso privaria e causaria dependência nas pessoas mais velhas. - Reabilitação dos pctes com queda é individual, focando nos problemas específicos do pcte. PREVENÇÃO DE QUEDAS - Adaptação ou modificação dos fatores ambientais no domicílio, suspensão ou diminuir dose de medicamento psicotrópico ou de outros medicamentos, controle de hipotensão postural, tto de problemas nos pés e calçados, exercícios de equilíbrio, força e marcha. - Prevenção secundária pode ser eficiente. Protetores de quadril, instrumentos parecidos com esponjas nas regiões trocanterianas e desenhados para diminui impacto de queda, diminui risco de fratura do colo do fêmur e o medo de quedas em indivíduos idosos. Fontes: - Tratado de Geriatria/Gerontologia - Aula da Cláudia
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