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Figuras Complexas de Rey Profa. Dra. Camila Campanhã Prof. Ms. João Vitor Guedes O Que é o teste Figuras Complexas de Rey? Constructos teóricos e funções cogitivas que avalia 1 2 Histórico do Teste ◦ A Figura Complexa de Rey foi desenvolvida por André Rey, em 1941, com o objetivo de investigar a percepção e a memória visuais em pacientes com lesão cerebral. ◦ A padronização e o sistema de pontuação desse instrumento foram desenvolvidos por Osterrieth, em 1944 (Lezak, Howieson, Bigler, & Tranel, 2012). ◦ Trata-se de uma das mais tradicionais tarefas utilizadas no contexto da avaliação neuropsicológica. 3 Histórico do Teste ◦ A Figura Complexa de Rey é composta por 18 elementos que apresentam as seguintes propriedades: ausência de significação evidente, realização gráfica fácil e um conjunto suficientemente complicado para solicitar uma atividade perceptiva analítica e organizada (Strauss, Sherman, & Spreen, 2006). ◦ Há diversas versões de aplicação da tarefa. Inicialmente, é realizada a cópia da figura, que pode ser seguida por uma recordação imediata e uma recordação tardia (Strauss et al., 2006). A versão com normas para a população brasileira consiste em cópia seguida por recordação imediata (Oliveira & Rigoni, 2010). 4 Adminstração do Figuras Complexas de Rey Como aplica na população Brasileira 2 5 Aplicação ◦ Para a aplicação da Figura Complexa de Rey, é necessário o cartão estímulo com o desenho da figura, folha de papel em branco sem pautas e seis lápis de cores diferentes. ◦ A figura é apresentada horizontalmente, não sendo permitida sua rotação. Além disso, também não é permitido o uso de borracha. 6 Instruções ◦ O sujeito é instruído a copiar a Figura Complexa de Rey da melhor maneira possível, sendo ressaltada a necessidade de prestar atenção às proporções e de não esquecer nada. ◦ O cronômetro deve ser ligado assim que a cópia é iniciada, e não há tempo limite. Toda vez em que uma seção do desenho for completada, o examinador entrega ao sujeito um lápis de cor diferente. ◦ O objetivo dessa troca de lápis é observar a sucessão dos elementos copiados e avaliar a capacidade de planejamento do examinando. 7(ÁVILA, 2018) Instruções ◦ Após uma pausa de, no máximo, três minutos, passa-se para a reprodução de memória da figura. Pede-se ao examinando para desenhar de memória tudo o que se lembrar dela. ◦ O sujeito não deve ser avisado previamente de que deverá desenhar a figura de memória. Deixa-se à disposição os lápis coloridos, e o examinando fica livre para desenhar com o lápis que desejar. ◦ Não há tempo limite para a execução, mas o tempo que foi utilizado para fazer o desenho é registrado. 8(ÁVILA, 2018) Correção e Pontuação do Figuras Complexas de Rey Como corrogir e pontuar o teste 3 9 Correção e Pontuação ◦ Existem diferentes sistemas para avaliar a cópia e a recordação. O sistema qualitativo avalia a qualidade da cópia da figura, como, por exemplo, seu planejamento e sua organização durante a realização da tarefa, enquanto o sistema quantitativo fornece critérios para examinar a precisão da cópia e da evocação (Strauss et al., 2006). ◦ Inicialmente, avalia-se o tipo de estratégia adotada pelo examinando durante a cópia. Existem sistemas para a classificação do tipo de planejamento e organização adotado durante a cópia da figura. No manual da Figura Complexa de Rey, elaborado por Oliveira e Rigoni (2010), estão disponíveis os critérios qualitativos de classificação produzidos por Osterrieth para os diferentes níveis de planejamento, assim como uma tabela com os tipos de cópia mais frequentes em cada faixa etária. 10(ÁVILA, 2018) Correção e Pontuação ◦ Posteriormente, realiza-se a análise quantitativa. ◦ Os 18 elementos da figura são pontuados considerando a localização e a precisão, podendo ser pontuados como 0, 0,5, 1 ou 2. ◦ Um elemento é pontuado com 2 quando é desenhado precisamente e está bem localizado. ◦ A cópia e a evocação são pontuadas seguindo os mesmos critérios de precisão. 11(ÁVILA, 2018) Propriedades Psicométricas ◦ Oliveira e Rigoni (2010) realizaram um estudo psicométrico da Figura Complexa de Rey para a população brasileira. ◦ A amostra normativa abrange uma ampla faixa etária, com idades variando de 5 a 88 anos. Esse estudo apresenta parâmetro normativo para avaliar a precisão e o tempo gasto na cópia e recordação da figura. 12(ÁVILA, 2018) Achados Neuropsicológicos no Figuras Complexas de Rey 4 13 Achados Neuropsicológicos ◦ A Figura Complexa de Rey fornece informações sobre uma variedade de processos cognitivos, como o planejamento, as habilidades visioconstrutivas e a memória episódica visual (Strauss et al., 2006). ◦ A influência do planejamento, uma função executiva hierarquicamente superior, na realização da Figura Complexa de Rey é descrita de modo extenso na literatura. ◦ O tipo de planejamento adotado durante a realização da figura é preditor da acurácia tanto na cópia quanto na recordação (Strauss et al., 2006). 14(ÁVILA, 2018) Achados Neuropsicológicos ◦ Sujeitos que adotam um planejamento mais eficiente, iniciando a cópia pelos elementos estruturais, tendem a apresentar uma recordação mais acurada da figura do que aqueles que iniciam a cópia pelos detalhes (Lezak et al., 2012). ◦ Ávila e colaboradores (2015) identificaram que a relação entre o planejamento e a cópia da Figura Complexa de Rey é parcialmente mediada pela flexibilidade cognitiva e pelo controle inibitório, resultado que evidencia a importância dos diferentes componentes das funções executivas em tarefas de figura complexa. ◦ A importância do envolvimento do lobo frontal, região altamente relacionada às funções executivas, na realização desse tipo de tarefa é relatado de modo extenso na literatura. 15(ÁVILA, 2018) Achados Neuropsicológicos ◦ O efeito da idade na Figura Complexa de Rey está reportado por diversos estudos. O desempenho na tarefa tende a ser crescente até a adolescência e a declinar gradualmente com o avanço da idade (Gallagher & Burke, 2007; Strauss et al., 2006). ◦ Os idosos geralmente apresentam menor precisão na cópia da figura e recordam uma menor quantidade de elementos do que os mais jovens (Gallagher & Burke, 2007). ◦ A escolaridade - Indivíduos com baixa escolaridade apresentam desempenho inferior ao daqueles com alta escolaridade (Lezak et al., 2012). 16(ÁVILA, 2018) Achados Neuropsicológicos ◦ A Figura Complexa de Rey é sensível a diversas condições clínicas que afetam o cérebro. ◦ Sujeitos com histórico de traumatismo craniano, com lesões no lobo temporal medial, com demência de Alzheimer, depressão maior, quadro epiléptico, entre outras condições, tendem a apresentar desempenho inferior ao de indivíduos saudáveis (Strauss et al., 2006). ◦ O tipo de dificuldade apresentada durante a realização da tarefa varia de acordo com a região cerebral lesionada. 17(ÁVILA, 2018) Achados Neuropsicológicos ◦ Pacientes com lesão frontal tendem a apresentar dificuldade em programar a estratégia para realizar a cópia da figura, enquanto indivíduos com lesão parieto-occipital costumam demonstrar dificuldade na organização espacial da figura (Lezak et al., 2012). 18(ÁVILA, 2018) Estratégias de evocação tardia na Figura Complexa de Rey por crianças 19 Eduarda Peçanha, Helenice Charchat Fichman, Rosinda Oliveira & Jane Correa, 2019 Estratégias de Reprodução ◦ Este sistema as reproduções recebem classificações que variam do tipo I ao tipo VII, sendo este último o menos elaborado. ◦ O critério principal é a estrutura de início do desenho e a configuração geral do resultado da reprodução. ◦ Na estratégia tipo I (Construção a partir da armação), o desenho é começado pelo retângulo central. 20 Estratégias de Reprodução ◦ No tipo II (Detalhes incluídos na armação), o sujeito faz um detalhe da figura e em seguida faz o retângulo central. ◦ Na estratégia tipo III (Contorno geral) o sujeito inicia o desenho pelo contorno da figura. ◦ Nessas três estratégias o elementodesenhado primeiro serve de base para o restante da figura. ◦ No tipo IV (justaposição), os detalhes da figura são acoplados uns aos outros, sem que nenhum elemento serva como base. 21 Estratégias de Reprodução ◦ No tipo VI (redução a um esquema familiar) a produção é associada a uma figura co nhecida pelo sujeito, se parecendo pouco com o modelo. ◦ Na reprodução tipo VII (Garatuja) o sujeito faz alguns rabiscos que não se parecem com o modelo. ◦ Silva, Peçanha, Charchat - Fichman, Oliveira e Correa (2016) argumentaram que os crit érios utilizados por Osterrieth (1944) para análise da cópia não foram capazes de mostrar a variabilidade existente nas estratégias utilizadas por uma amostrta de crianças de 9 e 13 anos, que em sua maioria iniciava o desenh pelo retângulo grande central ou pelo contronointegral da figura. 22 Objetivos do Estudo1 23 Objetivos do Estudo ◦ Descrever e analisar as estratégias para evocação tardia da ROCF (Figuras Complexas de Rey), revisando o sistema classificatório prposto por Osterrieth apresentado em manual brasileiro. ◦ Busca-se investigar a existência de heterogeneidade nos métodos de reprodução da figura por criancas, em cada uma das estratégias de Osterrieth (1944), na fase de evocação. 24 Método2 25 Método ◦ Participantes ◦ Foram analisados 207 protocolos de evocação tardia (20 min após a cópia) ROCF de crianças de ambos os sexos, idade entre 7-13 anos. ◦ Foram incluídos apenas resultados de escolares, sem queixa de dificuldade de aprendizagem, sem reprovações escolares e que não receberam nenhum diagnóstico de doenças neuropsiquiátricas. ◦ Todos os protocolos foram avaliados de forma cega para idade e sexo 26 ◦ Foram examinados duas dimensões: a sequência em que os elementos da figura eram desenhados e a integridade dos elementos geométricos maiores que compõem a figura (retângulo, diagnonais, mediatrizes e contorno geral – este último no caso da estratégia III). ◦ Estratégia II apenas diverge da I, porque o desenho é iniciado por um detalhe externo (seguido imediatamente do retângulo) e, assim, estas duas estratégias foram tratadas em conjunto. 27 Resultados 28 Resultados ◦ Foram identificados 4 métodos diferentes de realização: 29 30 31 32 33 34 Conclusão ◦ A heterogeneidade observada, neste etudo, para as estratégias do sistema Osterrieth (1944) indica uma limitação importante deste sistema de pontuação. ◦ Nas estratégias I e II foram identificados quatro métodos: Armação Estruturada (contorno preservado e boa estruturação interna), Fragmentação Parcial (contorno preservado e estruturação interna parcialmente fragmentada), Armação Fragmentada (contorno preservado e desestruturação interna) e Armação alterada (contorno alterado e desestruturação interna). 35 ◦ Na estratégia tipo III, foram identificadas as subcategorias Contorno Estruturado (contorno preservado e boa estruturação interna), Fragmentação Interna (contorno preservado e desestruturação interna) e Contorno alterado (contorno alterado e desestruturação interna). ◦ Na estratégia tipo IV, além de Fragmentação, foram identificados três métodos de organização para o desenho da figura: Agrupamentos Ordenados, Contorno Geral Incompleto e Pequenos agrupamentos. ◦ Estes três métodos da estratégia IV foram os mesmos identificados por Silva et al (2016) para a fase de cópia. 36 Conclusão ◦ A ROCF é um teste cuja aplicação é relativamente simples e de baixo custo. Além disso, oferece ampla gama de informações sobre capacidade de processamento visuoespacial, funções executivas e memória, além das interações entre estas funções, dispondo, ainda, de grande número de evidências de validade em diferentes faixas etárias. ◦ Os sistemas de pontuação qualitativa enriquecem o teste, na medida em que formalizam observações qualitativas fundamentais no contexto clínico, por exemplo. 37
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