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46 Módulo III - Operação e Manutenção de Equipamentos de Monitoramento Aula 10 - Analisadores contínuos de monitoramento de Ozônio (O3) e Monóxido de Carbono (CO) 10.1 Analisador Contínuo de Monitoramento de Ozônio O3 - Fotometria no ultravioleta (UV) 10.2 - Analisador Contínuo de Monóxido de Carbono (CO) Referências Bibliográficas 3 4 10.1.1 Analisador Contínuo de Monitoramento de Ozônio O3 - Fotometria no ultravioleta (UV) 4 Introdução 4 9 13 Aula 11 - Analisadores contínuos de monitoramento de Dióxido de Enxofre (SO₂) e Óxidos de Nitrogênio (NO/NO2/NOX) 11.1 Analisador de Dióxido de Enxofre (SO2) – Fluorescência no ultravioleta 11.2 Analisador de Óxidos de Nitrogênio (NO / NO2 / NOX) – Princípio de Quimiluminescência Referências Bibliográficas 14 15 18 21 Aula 12 - Plano de gestão básico de operação, calibração e manutenção de uma estação de monitoramento da qualidade do ar 12.2 Calibração 12.2.1 Passo a passo da Calibração Pontual Referências Bibliográficas 22 23 25 12.2.2 Passo a passo da Calibração Multiponto 26 12.3 Manutenção 28 29 Aula 13 - Equipamentos para medição automática de Material Particulado 13.1 Princípio da Atenuação de Radiação Beta 13.1.1 Verificação e Calibração Referências Bibliográficas 30 31 33 13.2 Princípio Microbalança de Elemento Oscilante TEOM 34 37 Aula 14 - Amostradores de Grande Volume (AGV) 14.1 Princípio de Medição 14.2 Ensaio do Amostrador de Grandes Volumes (AGV) Referências Bibliográficas 38 39 42 14.2.1 Procedimento de Ensaio de um AGV utilizando um PTV certificado 43 14.3 Operação – Amostragem 44 14.4 Manutenção 45 Anexos 49 SUMÁRIO 3 AULA 10 MÓDULO III – OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO ANALISADORES CONTÍNUOS DE MONITORAMENTO DE OZÔNIO (03) E MONÓXIDO DE CARBONO (CO) Gestão da Qualidade do ar 4 INTRODUÇÃO O módulo de operação e manutenção de analisadores contínuos de monitoramento da qualidade do ar foi elaborado tomando-se como base as tecnologias mais modernas de medição disponíveis no mercado mundial de fabricantes de equipamentos. O quadro 1 apresenta os poluentes ambientais descritos nesta aula, com seus princípios de medição, assim como os principais fabricantes de equipamentos e as respectivas agências certificadoras. O quadro foi desenvolvido tendo como base a apresentação dos principais fabricantes que possuem equipamentos nas redes de monitoramento da qualidade do ar, com o objetivo de nortear quanto aos tipos de equipamentos existentes, visto que este curso não visa apresentar uma lista exaustiva de fabricantes. Quadro 1: Poluentes-Princípios de Medição-Fabricantes-Certificações Fonte: Jurandir Brito Os analisadores contínuos atuais são fundamentados em tecnologias desenvolvidas com o avanço da computação. Todos os fabricantes utilizam os mesmos princípios de medição. As diferenças entre os diversos fabricantes ocorrem em função da precisão e linearidade; das medições e das condições de operação e manutenção do equipamento. Os analisadores contínuos de amostragem de ozônio utilizados em redes de monitoramento da qualidade do ar, específicos para baixas concentrações, têm como princípio de medição a detecção da luz ultravioleta do ozônio. O ozônio absorve uma quantidade maior de radiação 10.1 ANALISADOR CONTÍNUO DE MONITORAMENTO DE OZÔNIO O3 FOTOMETRIA NO ULTRAVIOLETA (UV) Poluente Analisadores contínuos e microsensores eletroquímicos e ópticos POLUENTES/ PRINCÍPIOS DE MEDIÇÃO/ PRINCIPAIS FABRICANTES/ PRINCIPAIS AGÊNCIAS CERTIFICADORAS Equipamentos de monitoramento da qualidade do ar Principais Fabricantes/ Certificações Principais Certificações Princípios de Medição ENVEA ECOTECH THERMO HORIBA GRIMM Analisador de Dióxido de Enxofre (SO2) Analisador de Monóxido de Carbono (CO) Analisador de Ozônio (O3) Fluorescência no UV Absorção no IF não dispersivo Fotoetria no UV Quimiluminescência Beta (Atenuação Beta) EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. EPA EPA EPA EPA/ CEN/ TUV .. EPA/ CEN/ TUV .. ED ED ED - - - -- - - - - Analisador de Oxidos de Nitrogênio (NO/NO2/NOX) Monitor de Material Particulado (PM10 e/ou PM2,5) US EPA (EUA) CEN (UE) TUV Rheinland (Alemanha) EPA (Agência Americana) CEN (Agência Europeia) TUV (Alemã) ED (Agência Europeia)European Directive 2008/50/EC Micro sensores para poluentes gasosos e para MP1; 2,5 E 10 Micro sensores eletroquímicos e ópticos, respectivamente TEOM (Micro Balança de Elemento Oscilante) Sensor Óptico .. .. Gestão da Qualidade do ar 5 No analisador, um fotômetro UV (ultravioleta) determina a concentração de ozônio mediante a medição da atenuação da luz numa célula de absorção, num comprimento de onda de 253,7 nm. A concentração de ozônio está diretamente relacionada com a magnitude desta atenuação. A figura 38 apresenta o espectro de absorção do ozônio. para um comprimento de onda de 253,7 nm, que corresponde à principal linha de emissão de lâmpadas de mercúrio no espectro ultravioleta. Características básicas de um analisador de ozônio: • Faixa de Medição (Measurement Range) - 0-500 ppb / 0-10 ppm (selecionável e programável pelo usuário) • Limite de Detecção (Detection limit) (2s) - 0.2 ppb • Ruído (Noise) - 0.1 ppb • Desvio do Zero (Zero drift) - <0.5 ppb / 24h • Desvio do Padrão (Span drift) - <0.5 % / 24h • Tempo de Resposta (Response time) - min. 20 s • Linearidade (Linearity) - 1% (FS) • Vazão de Amostragem (Sample flow-rate) - 1 l/min • Capacidade de Memória (Memory Capacity) - 1 ano • Conectividade (Output connectivity) • Rede Ethernet (RJ45), 3 x portas USB • Temperatura de Operação (Standard operating temperature) – 0 °C a +35 °C Obs.: Vale salientar que as características básicas variam de acordo com o fabricante. Gestão da Qualidade do ar 6 Principais linhas da lâmpada ultravioleta de vapor de marcúrio de baixa pressão Absorção O3 2,6 313,2 296,5 253,7 302,2 3 1000 100 180 200 220 240 260 280 300 320 100 10 0,1 C oe fic ie nt e de a bs or çã o Linhas eliminadas por filtro de Vycor Detector de resposta ultravioleta Telureto de Césio Comprimento de onda nm Figura 38: Espectro de absorção do ozônio Figura 39: Diagrama esquemático geral Fonte: Manual O342M Environnement S.A. Fonte: Manual O342M Environnement S.A. No instrumento, passa-se o gás de referência através da célula de absorção para estabelecer uma leitura do “zero”. Pode-se, então, medir o valor da intensidade “io” correspondente à luz que passa através da célula, quando não existe ozônio presente na mesma. Após esta passagem, uma válvula solenoide1 fecha e faz passar pela célula a amostra contendo ozônio que se quer analisar. A figura 39 apresenta o diagrama esquemático geral dessa medição. Medições de ozônio Detector de medição UV Placa de módulo Detector UV de referência Fonte de energia estabilizada Senssores de vazão, temperatura e pressão Exaustão Amostra Purificador de ozônio Regularização da taxa de fluxo Válvula solenóide de ciclo Bomba UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV V V V V UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV Bancada óptica Lâ m p ad a U V UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV UV Gestão da Qualidade do ar 7 Devido à atenuação da luz pelo ozônio, o fotômetro só detecta uma intensidade de luz “i”; a relação i / io é uma medida da luz absorvida pelo ozônio contida na amostra. A Lei de Beer Lambert2 estabelece a relação da luz absorvida em um determinado comprimento de onda com a concentração deozônio presente na amostra. “A intensidade de um feixe de luz monocromática decresce exponencialmente à medida que a concentração da substância absorvente aumenta aritmeticamente” No sistema de medição, a radiação emitida pela lâmpada de UV passa pela amostra dentro da câmara de medição. Por meio de dois espelhos, a luz é refletida duas vezes, atingindo, em seguida, o sensor. Dentro da célula passam alternadamente a amostra com O3 e a amostra com O3 removido. De modo a compensar os desvios da lâmpada UV e para realizar as duas medições iO e i sob as mesmas condições, um detector de “referência UV” integra a energia emitida pela lâmpada UV. A duração das medições iO (amostra sem O3) e i (amostra com O3) será verificada usando a “referência UV”, de modo que essas duas medições possam ser feitas sob as mesmas condições. Uma medição corresponde ao seguinte ciclo, com duração de aproximadamente 10 segundos: I. Passagem do gás através do filtro seletivo de O3; ventilação da câmara de medição (4 segundos); II. Medição de iO feita através da medição de UV (duração definida pela referência de UV); III. Atuação da válvula solenoide; IV. Passagem do gás diretamente para a câmara de medição, ventilação (4 segundos); V. Medição de i feita através da medição de UV (duração definida pela referência UV). Válvula Solenoide - Dispositivo eletromecânico para controle de fluxo do gás ou líquido Lei de Beer Lambert - Também conhecida como lei de Beer ou lei de Beer-Lambert-Bouguer é uma relação empírica que, na Óptica, relaciona a absorção de luz com as propriedades do material atravessado por esta. 1 2 Gestão da Qualidade do ar 8 A duração da medição depende de um sensor da radiação da lâmpada de UV. Para garantir as mesmas condições de radiação nas duas medições, a quantidade de energia emitida é totalizada em um ciclo de medição e o tempo da outra medição varia de maneira a injetar a mesma quantidade de energia. Para o cálculo da concentração é necessário também os valores da pressão e temperatura da amostra. Essas informações são enviadas ao microprocessador por sensores instalados na saída da amostra. Devido à sensibilidade extrema do aparelho em relação à estabilidade da fonte luminosa, os aparelhos mais sofisticados e precisos utilizam duas células de absorção que operam em paralelo e alternadamente, conforme pode ser visualizado na figura 40. Figura 40: Diagrama básico de fluxo de amostragem de O3 Fonte: Manual O342e Environnement S.A. (Envea) Entrada de amostra de gás Filtro de material particulado 5μm Purificador de ozônio Válvula solenoide dos ciclos i e i0 Meio de absorção Restritor 34mm Sensor de pressão do meio gasoso Sensor de pressão da bomba Sensor de pressão interna Ventilação Sensor de temperatura interna Bomba Sensor de temperatura do meio gasoso I C 0 10.1.1 ANALISADOR CONTÍNUO DE MONITORAMENTO DE OZÔNIO (O3) FOTOMETRIA NO ULTRAVIOLETA (UV) Gestão da Qualidade do ar 9 O sistema consiste de duas células e dois fotômetros A e B idênticos que compartilham a mesma fonte de UV. Essas duas células operam defasadas em 180º, porém sincronizadas. Ou seja, quando a célula A contém o ar referência, a célula B contém amostra, e vice-versa. Os dois detectores integram os sinais simultaneamente. Portanto, o valor de “i” na célula B, (i (B)) é determinado exatamente ao mesmo tempo em que é medido o “io” na célula A (io (A)). As válvulas solenoides mudam a cada ciclo e depois de um certo período, são medidos io (B) e i (A). Da equação de Beer Lambert pode ser determinada a concentração (C) na célula A, CA = i (A) / io (A) e o mesmo para a célula B, CB = i (B) / io (B). Tomando o valor médio dessas duas leituras, são eliminadas as flutuações ocasionadas por instabilidades, especialmente da lâmpada de UV. 10.2 ANALISADOR CONTÍNUO DE MONÓXIDO DE CARBONO Os analisadores contínuos de amostragem de monóxido de carbono, específicos para baixas concentrações no ar ambiente sob condições atmosféricas, usam o princípio de detecção por absorção no infravermelho (IR) não dispersivo. Em função das novas tecnologias ópticas e eletrônicas, esse tipo de analisador oferece numerosas vantagens. Características básicas de um analisador de ozônio: USB; Temperatura de Operação (Standard operating temperature) - +5 °C a +40 °C; Influência da Pressão (Pressure influence) - <0.1 ppm / kPa; Bomba de Amostragem Interna (Internal sampling pump). Onde: C = Concentrção C (A) = Concentração na célula A C (B) = Concentração na célula B C = {C(A) + C(B)}/2 • Faixa de Medição (Measurement Range) - 0-50 ppm, (ou 0-300 ppm); • Limite de Detecção (Detection limit (2s)) - 0.05 ppm; • Ruído (Noise) - 0.025 ppm; • Desvio do Zero (Zero drift) - <0.2 ppm / 7 dias; • Desvio do Padrão (Span drift) - <0.5 % / 7 dias; • Tempo de Resposta (Response time) - 20 - 90 sec. (programável); • Linearidade (Linearity) - ±1% (of F.S.); • Vazão de Amostragem (Sample flow-rate) - 1 l/min.; Gestão da Qualidade do ar 10 O analisador de monóxido de carbono utiliza como princípio de funcionamento a absorção de radiação infravermelho (IR) com disco de correlação (funciona como obturador e é acionado por um motor, composto por 6 setores, 2 setores opacos, 2 setores vazios e 2 setores contendo uma célula cheia de monóxido de carbono), conforme pode-se verificar na figura 41. Figura 41: Diagrama esquemático geral do Analisador de Monóxido de Carbono – Absorção no Infravermelho não dispersivo Fonte: Manual CO12e Environnement S.A. (Envea) Obs.: Vale salientar que as características básicas variam de acordo com o fabricante. Interruptor fotográfico Válvula solenóide Medição Câmara de medição Câmara óptica janela Detector Infravermelho Restritor Bomba de ventilação Fitro óptico Transmissor infravermelho Motor Setor de medição Setor escuro Setor de referência de CO Pressão de bomba Pressão de Câmara Filtro Zero Calibração Entrada de amostra Filtro de poeira • Armazenamento de Dados (Data storage) – 1 Ano (Dados em minuto) Conectividade (Output connectivity) Ethernet (RJ45 socket, UDP protocol, Modbus TCP), 3 x portas USB; • Temperatura de Operação (Standard operating temperature) - +5 °C a +40 °C; • Influência da Pressão (Pressure influence) - <0.1 ppm / kPa; • Bomba de Amostragem Interna (Internal sampling pump). Gestão da Qualidade do ar 11 Neste tipo de analisador a fonte de IR é um filamento aquecido. O gás CO absorve a radiação IR apenas na faixa de comprimento de onda em torno de 4,67 nm. A figura 42 apresenta os espectros de absorção para vários gases na faixa de infravermelho. Os analisadores mais modernos possuem filtros que permitem a passagem apenas de radiação com comprimento de onda na faixa 4,7 +/- 0,12 nm, trabalhando só na faixa de comprimento de onda do CO. Figura 42: Espectros de absorção para vários gases na faixa de Infravermelho Fonte: Manual CO12M Environnement S.A. (Envea) I.R Comprimento de onda 2 5 10 15μm cm 6665000 0.1 1 10 105 104 103 102cm 100μm CO2 CO2 CH4 CO2 C2H4 C2H4 CH4 C2H4 No sistema de medição a radiação emitida pela fonte IR é interceptada pelo disco de correlação, que funciona como obturador3, acionado por motor, numa rotação de 1.300 rpm. Esse disco possui 6 regiões: 2 opacas, onde a radiação é bloqueada; 2 regiões furadas, onde passa toda a radiação emitida; e 2 regiões preenchidas por um filtro a gás com CO, que absorve toda a radiação correspondente ao CO. Nas extremidades do disco existem pinos (simples e duplos) que, por meio de um sensor óptico, enviam informação ao sistema eletrônico (microprocessador). A finalidade desses pinos é informar ao sistema microprocessador como deve ser tratado o sinal que está sendo medido. Obturador - dispositivo mecânico que abre e fecha, controlando o tempo de exposição à luz. É uma espécie de cortina acionada por um motor. 3 Gestão da Qualidade do ar 12 A radiação, ao entrarna célula de amostra, é refletida várias vezes, perfazendo um caminho total de aproximadamente 5,6 metros. Ao sair da célula, antes de atingir o sensor de radiação, a amostra passa por um filtro óptico que bloqueia a faixa de radiação não desejável. O sensor é uma célula foto condutora4 de PbSe4 mantida a -30 ºC, por meio de elementos tipo Peltier⁵, como verificado na figura 43 – Diagrama básico de fluxo de amostragem de CO. No sistema de medição a amostra colhida passa, inicialmente, por um filtro de teflon, em seguida por uma válvula solenoide, pela câmara de reação e depois pela bomba responsável pela circulação da amostra. A vazão de 80 l/h é limitada por um restritor de vazão. Ou seja, antes de entrar na célula de amostra, existem sensores de vazão e de pressão. Depois de passar pela célula, a amostra é descartada para o ambiente. O diagrama básico de fluxo de amostragem é apresentado na figura 43. Câmara de medição Saída da bomba Bomba Limitador de vazão (restritor) Filtro de ar zero Detector de Vazão Sensor de pressão Entrada do gás padrão Entrada de amostra Válvula solenoide Amostra: SV1 e SV2 desligado Referência: SV1 e SV2 ligado Zero: SV1 ligado e SV2 desligado Amostra SV1 2 1 3 2 1 3 Para bomba Gás padrão SV2 Zero Figura 43: Diagrama básico de fluxo de amostragem de CO Fonte: Manual CO12M Environnement S.A. Célula foto condutora – Semicondutores, em determinada situação são isolantes e em outra são condutores, neste caso composta de Chumbo (Pb) e Selênio (Se). Efeito Peltier - Também conhecido como força eletromotriz de Peltier, é a produção de um gradiente de temperatura na junção de dois condutores (ou semicondutores) de materiais diferentes quando submetidos a uma tensão elétrica em um circuito fechado. 4 5 Gestão da Qualidade do ar 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ENVIRONNEMENT S.A. Manual CO12M. Poissy, França : s/d. Disponível em: <http://www.envirolab.rs/pdf/ co12m_uk.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 _____.Manual CO12e. Poissy, França : 2016. Disponível em: < http://norditech.com.au/wp-content/ uploads/2019/09/CO12e_User_Manual_Eng_17.03.pdf> Acesso em: 27 set. 2021 _____. Manual O342M. Poissy, França: 2010. Disponível em : <http://www.lisa.u-pec.fr/~formenti/Tools/Manuals/ O342MA_10.06.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 _____.Manual O342e. Poissy, França: 2017. Disponível em: <http://norditech.com.au/wp-content/ uploads/2019/09/O342e_Eng_17.03.pdf> Acesso em: 27 set. 2021 14 AULA 11 MÓDULO III – OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO ANALISADORES CONTÍNUOS DE MONITORAMENTO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2) E ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NO/NO2/NOx) Gestão da Qualidade do ar 15 11.1 ANALISADOR DE DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2) FLUORESCÊNCIA NO ULTRAVIOLETA Os analisadores contínuos de amostragem de dióxido de enxofre, específicos para baixas concentrações, utilizados em redes de monitoramento da qualidade do ar, têm o princípio de detecção baseado na fluorescência em ultravioleta (UV). O método de fluorescência ultravioleta baseia-se no fato de que as moléculas de dióxido de enxofre (SO2) presentes em uma amostra de ar, quando bombardeadas com radiação luminosa ultravioleta, são excitadas (SO2*) apresentando fluorescência característica ao retornar ao estado fundamental (SO2). A concentração de SO2 na amostra é então medida através das alterações da fluorescência captadas por sensores. As mais recentes tecnologias óticas e eletrônicas garantem várias vantagens e confiabilidade a esse tipo de analisador. Como já descrito, as moléculas de SO2 absorvem radiação na faixa do Ultravioleta UV (214 nm) e passam de um estado fundamental (normal) para um estado eletrônico excitado. Ao regressarem ao seu estado fundamental (normal), liberam radiação de fluorescência que será medida por um tubo fotomultiplicador. Obs.: Vale salientar que as características básicas variam de acordo com o fabricante. Características básicas de um analisador de ozônio: • Faixa de Medição (Measurement range) - 0-1 ppm / 0-10 ppm (selecionável pelo usuário ou escala automática); • Limite de Detecção (Detection limit (2s)) - < 0.4 ppb; • Ruído (Noise) - < 0.2 ppb; • Desvio do Zero (Zero drift) - < 1 ppb / 24h; • Desvio do Padrão (Span drift) - < 0.5 % / 24h; • Tempo de Resposta (Response time) - 20 - 120 sec. (programável); • Linearidade (Linearity) - 1% (da Escala Total); • Vazão de Amostragem (Sample flow-rate) - 20 L/h; • Armazenamento de Dados (Data storage) - 1 ano; • Comunicação (Communication) - Rede Ethernet (RJ45), 3 x portas USB; • Temperatura de Operação (Standard operating temperature) – 0 °C a +35 °C. Obs.: Vale salientar que as características básicas variam de acordo com o fabricante. Gestão da Qualidade do ar 16 No sistema de amostragem a amostra passa inicialmente por um filtro de teflon e, em seguida, pela válvula solenoide seletora de amostra/calibração, passando também por um outro filtro (Carbon Kicker) que tem a finalidade de eliminar moléculas de hidrocarbonetos que poderiam mascarar a medição do SO2. Este filtro consiste em dois tubos concêntricos, sendo o tubo interior confeccionado de um polímero especial de silicone, que apresenta a propriedade de ser permeável às moléculas de hidrocarbonetos (HC) se a pressão externa ao tubo for menor. Desta maneira, ao atingir a célula de medição, a amostra estará livre de contaminantes, como demonstrando na figura 45. A amostra a ser analisada, isenta das moléculas de HC, é direcionada para a câmara de reação onde é irradiada com uma radiação Ultravioleta (UV) ajustada em um comprimento de onda 214 nm, específico para absorção das moléculas de SO2. A figura 44 apresenta o diagrama geral de um analisador. Câmara de permeação interna Filtro de carvão ativado Filtro de carvão ativado Entrada do gás padrão Restritor Restritor Câmara de reação Microprocessador SO2 SO2 Tubo Fotomultiplicador Fotodiodo Veneziana Filtro de pó entrada da amostra Bomba Saída da bomba Dispositivos de eliminação de hidrocarbonetos aromáticos Fonte de energia estabilizada Lâmpada de zinco ultravioleta Lâmpada de zinco ultravioleta Filtro de carvão ativado Tubo pata a retirada de carbono Entrada da amostra Bomba Restritor Câmara HC HC HC HC HC HC HC HC HC HC HC HC HC HC Figura 44: Diagrama geral Figura 45: Carbon Kicker - Filtro para conter os compostos de carbono. Fonte: Manual AF22M Environnement S.A. (Envea) Fonte: Manual AF22M Environnement S.A. Gestão da Qualidade do ar 17 Após a passagem pelo Carbon Kicker, um fotodiodo (dispositivo semicondutor que converte luz em corrente elétrica) mede a radiação UV gerada pela lâmpada e refletida por meio de um espelho. Esse procedimento ocorre durante o processamento do sinal, de forma a compensar qualquer variação da energia UV. A interferência de moléculas de alguns compostos é eliminada com a filtragem ótica de 300 a 400 nm. Esta fluorescência é medida pelo tubo fotomultiplicador (PM) colocado ao lado da câmara de reação. No início de cada ciclo “Zero-ref.1”, uma persiana é colocada entre a lâmpada UV e a entrada da câmara de medição por 40 segundos. Este “zero-ref” corresponde à fluorescência sem a presença da amostra com SO2. A figura 46 apresenta o diagrama básico de fluxo. Zero-Ref - função dos monitores de poluentes que permite realinhar o valor medido para o ponto zero, no valor teórico do “0”. Conjunto de valores solenoides Revestimento EV1 SV1 L= 290mm L= 220mm L= 290mm L= 280mmL = 26 0 m m EV2 SV2 Restritor + filtro de poros Filtro de zero/SO2 Entrada de amostra Entrada do gás padrão Saída da bomba Bomba de vácuo Amostra: SV1 e SV2 desligado Zero: SV1 ligado e SV2 desligado Referência: SV1 e SV2 ligados Tubo de PFTE Ø2x4 Tubo de silicone Versilic EV1 SV1 EV2 SV2Câmara Óptica Amostra Zero Gás padrão2 13 2 1 3 Câmara Óptica Figura 46: Diagrama básico de fluxo do amostrador de SO₂ Fonte: ManualAF22M Environnement S.A. (Envea) Fonte: Manual AF22M Environnement S.A. 1 Gestão da Qualidade do ar 18 O princípio de medição citado baseia-se na luminescência gerada pela reação química entre óxido de nitrogênio (NO) e ozônio (O3), resultando em dióxido de nitrogênio excitado (NO2*). 11.2 ANALISADOR DE ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NO / NO2 / NOX) – PRINCÍPIO DE QUIMILUMINESCÊNCIA Características básicas de um analisador de nitrogênio: • Faixa de Medição (Measurement Range) - 0-1 ppm / 0-10 ppm, (selecionável pelo usuário ou escala automática); • Parâmetros Medidos (Measured parameter) - NO, NO2 e NOx; • Limite de Detecção (Detection limit (2s)) - <0.2 ppb; • Ruído (Noise) - <0,1 ppb; • Desvio do Zero (Zero drift) - <1 ppb / 24h; • Desvio do Padrão (Span drift) - <1 ppb / 7 dias; • Tempo de Resposta (Response time) min. - 40 s; • Linearidade (Linearity) - 1% (da Escala Total); • Repetibilidade (Repeatability) - 1%; • Vazão de Amostragem (Sample flowrate) - 0.66 l/min (1 l/min com secador de amostra); • Capacidade de Memória (Memory Capacity) - 1 Ano (médias de 15 minutos); • Conectividade (Output connectivity) – Rede Ethernet (RJ45 socket, UDP protocol, Modbus TCP), Portas USB; • Temperatura de Operação (Standard operating temperature) – 0 °C a +40 °C; • Pressão da Câmara (Chamber pressure) - 200 hPa; • Conversor de Molibdênio (NOx converter Molybdenum) - (regulado a 340 °C); • Tubo Purificador de Ozônio (Ozone scrubber Heated catalytic); • Temperatura do Tubo Multiplicador controlada (P.M temperature controlled) - 0 °C; • Temperatura da Câmara de Reação (Reaction chamber temperature) - 60 °C. Obs.: Vale salientar que as características básicas variam de acordo com o fabricante. Gestão da Qualidade do ar 19 Um filtro ótico instalado no monitor é ajustado para faixa menor que 610 nm e tem por objetivo evitar a interferência de compostos de hidrocarbonetos. A transformação de NO em NO2 ocorre pela reação: Quimiluminescência É a energia luminosa originada de reações químicas de NO (monóxido de nitrogênio), com O3 (ozônio), gerando NO2 (dióxido de nitrogênio) na faixa de 600 a 1200 nm. Este tipo de analisador utiliza dois canais de medição. Uma parte da amostra é enviada, através de um dos canais, para a medição na câmera de NO. A outra parte da amostra é enviada primeiramente para um forno de conversão, para redução do NO2 em NO. O resultado analisado nesta câmara é, assim, proporcional ao NO + NO2 (reduzidos a NO), que é chamado de NOx. O sensor é um tubo fotomultiplicador, mantido a 10 ºC por meio de elemento Peltier2. A medição entre as duas seções da câmara é feita alternadamente. Um disco com recorte especial, acionado por motor girando a 250 rpm, seleciona a câmara que enviará sinal para o sensor (medição de NO2 e ajuste do zero pelo bloqueio total da radiação). A informação da seção em medição é enviada ao microprocessador por meio de um pino acoplado ao eixo do motor. A figura 47 apresenta um diagrama geral de um analisador de NO+NO2 e a figura 48, um diagrama básico do fluxo da amostra. O retorno do NO2* (estado excitado) para o NO2 (estado fundamental) gera energia luminosa (Qui- miluminescência) que é medida pelo analisador. Para ser medido por quimiluminescência, o NO2 deve ser primeiramente transformado em NO. Molibdênio aquecido em um forno é usado como catalisador para facilitar esta redução, conforme a reação apresentada a seguir. Efeito Peltier - Também conhecido como força eletromotriz de Peltier é a produção de um gradiente de temperatura na junção de dois condutores (ou semicondutores) de materiais diferentes quando submetidos a uma tensão elétrica em um circuito fechado. NO + O3 -> NO2* + O2 NO2* -> NO2 + hv 3 NO2 + Mo -> 3 NO + MoO3 Os analisadores contínuos de amostragem de óxidos de nitrogênio, específicos para baixas con- centrações no ar ambiente, sob condições atmosféricas, operam pelo princípio de que o monóxido de nitrogênio (NO) emitirá luz (quimiluminescência) na presença de moléculas de ozônio (O3) alta- mente oxidantes. 2 Gestão da Qualidade do ar 20 Câmara de reação Câmara de pré reação Válvula solenoide ciclo #2 Válvula solenoide ciclo #1 Restritor de ozônio Restritor de amostra Zero Referência Amostra Gerador de ozônio Conjunto de secagem Direção do gerador de ozônio Direção da montagem da bomba Figura 47: Diagrama Geral Figura 48: Diagrama básico de fluxo Fonte: Manual AF22M Environnement S.A. (Envea) Fonte: Manual AF22M Environnement S.A. (Envea) Fluxo de exaustão (limpeza) Câmara de Reação Conjunto de secagem Câmara de pré reação Restritor de ozõnio Gestritor de ozõnio Restritor de amostra Zero Amostra Direção do gerador de ozônio Direção da montagem de bombas de vácuo Direção da permeação da entrada de ar zero Bancada de permeação Válvula solenoide ciclo #2 Válvula solenoide ciclo #1 Gestão da Qualidade do ar 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ENVIRONNEMENT S.A. Manual AC32M. Poissy, França: 2010. Disponível em: <http://www.lisa.u-pec.fr/~formenti/ Tools/Manuals/AC32MA_10-06.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 _____. Manual AF22M. Poissy, França: 2010. Disponível em: <http://hydroflo.net/images/stories/PDF_Files/ Manuals/EnvironnementSA/AF22MA_10.06.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 22 AULA 12 MÓDULO III – OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO PLANO DE GESTÃO BÁSICO DE OPERAÇÃO, CALIBRAÇÃO MANUTENÇÃO DE UMA ESTAÇÃO DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR Gestão da Qualidade do ar 23 12.1 PLANO BÁSICO DE GESTÃO Nesta aula será descrito um plano básico de gestão de uma estação de monitoramento da qualidade do ar apresentando, inicialmente, o princípio geral aplicado aos analisadores, dado importante para entendimento de uma calibração; as frequências de verificações (checklist); as frequências das calibrações e manutenções; a rastreabilidade de uma calibração; e as certifica- ções apresentadas pelos fabricantes dos analisadores. Conforme já informado na Aula 10, o princípio de medição é característico de cada composto monitorado. Em relação aos fabricantes, as diferenças ocorrem em função da precisão e linea- ridade das medidas. Quanto à manutenção e operacionalidade dos equipamentos, os critérios adotados são espe- cíficos de cada fabricante, sendo apresentados nos respectivos manuais. A empresa ou órgão que adquirir um equipamento deve estabelecer um plano de manutenção tomando como base as recomendações descritas no manual. Princípio básico de medição de um analisador Princípio básico de calibração Calibração Pontual Os analisadores contínuos de poluentes gasosos de monitoramento da qualidade do ar têm como princípio básico a absorção ou emissão de radiações eletromagnéticas, visto que cada composto gasoso absorve ou emite radiações dentro de uma faixa específica de comprimento de onda. Com isso, pode-se determinar as concentrações dos gases, pois a energia emitida ou absorvida é proporcional à concentração do gás na amostra. Cada analisador possui um sensor específico, que detecta um fenômeno físico, representando-o sob a forma de sinal, geralmente elétrico. Em teoria, o Sensor Ideal é o que possui as seguintes qualidades: Nesta calibração são injetados 2 padrões de checagem, onde o Ponto 1 é o “Ponto Zero” e o Ponto 2 é o “Ponto de Escala” ou “Span”; O Sensor Real possui incertezas/desvios associados, pois ao longo do tempo ele oscila. Desse modo, deve-se prever esse desvio (Ideal X Real) e, eventualmente, corrigi-lo, por meio da calibração. Calibrar um monitor significa confrontar com um padrão certificado com a finalidade de corrigir os desvios ocorridos. São necessários no mínimo 2 pontos para correção. As calibrações podem ser Pontuais ou Multipontos. Linearidade; Precisão; e Fidelidade. 12.2 CALIBRAÇÃO Gestão da Qualidade do ar 24 Calibração Multiponto Além da injeção dos pontos de zero e span, são injetados, no mínimo, mais 3 pontos entreeles. As figuras 49 e 50 apresentam graficamente a função do Sensor Ideal e a relação entre o Sensor Ideal e o Sensor Real, respectivamente, onde se verifica que é necessária a correção do Ponto Zero e do Ponto Span. Sinal elétricoF en ôm en o fí si co Sensor Ideal 0 0 1 1 Figura 49: Função - Sensor Ideal Figura 50: Sensor Ideal X Sensor Real Fonte: Jurandir Brito Fonte: Jurandir Brito Sinal elétrico Sensor Real Desvio span Desvio Zero Fe n ôm en o fí si co 1 0 0 1 Sensor Ideal Tendo em vista que os monitores contínuos de material particulado possuem procedimentos específicos de calibração, diferentemente dos analisadores contínuos de poluentes gasosos, os procedimentos de calibração dos mesmos são descritos na aula específica desses monitores. Gestão da Qualidade do ar 25 12.2.1 PASSO A PASSO DA CALIBRAÇÃO PONTUAL Verificação da data e hora do equipamento; Troca do filtro de entrada de amostra; Verificação dos filtros de circulação de ar; e Checagem dos sinais multiplexadores (sinais de operacionalidade do equipamento) que, em caso de distorção, devem ser ajustados antes da calibração. Preferencialmente, fazer toda a calibração pela entrada de amostra, com o intuito de validar o caminho percorrido pela amostra, lembrando de registrar o período de calibração para extrair as informações de calibração quando da validação de dados de amostragens; Injetar ar zero (ar limpo de impurezas), podendo ser usado um cilindro de ar sintético puro ou um equipamento gerador de ar zero. Pode ser usado também Zero eletrônico (Zero-Ref), existente em alguns analisadores, como os analisadores de SO2 e CO. Em alguns casos, pode ser usado um filtro de carvão antes da injeção do ar atmosférico; Injetar o padrão de referência (Span), que deve ser um padrão gasoso com concentração de gás do composto a ser analisado, livre de impurezas. As concentrações devem ser de aproximadamente 80% do valor do fundo de escala ou do range (faixa de amostragem) do analisador utilizado, de acordo com a orientação de cada fabricante; Após a injeção do padrão de referência, uma diferença de até mais ou menos 10% entre o valor lido no monitor e a concentração real do padrão é considerada aceitável, devendo-se apenas ajustar o aparelho até obter a concentração real. Desvios acima de 10% requerem uma intervenção no aparelho para ajustes. Na maioria dos analisadores o ajuste da calibração é realizado por meio de um coeficiente de correção (K), chamado de KSPAN. A calibração deve levar em consideração uma mistura padrão com baixa incerteza associada, certificada e com rastreabilidade na Rede Brasileira de Calibração (RBC). A escolha do padrão de ar zero (ar sintético) deve levar em consideração o mesmo procedimento. Passo 1 - Checagens iniciais e manutenções preditivas: Passo 2 - Calibração Saiba Mais A calibração pontual deve ser realizada com a seguinte frequência: • Ajuste do ZERO – Diária; • Calibração Pontual (Span) - no mínimo mensal. O anexo 1 apresenta um modelo de registro de calibração pontual. Gestão da Qualidade do ar 26 12.2.1 PASSO A PASSO DA CALIBRAÇÃO MULTIPONTO A calibração multiponto segue o mesmo procedimento da calibração pontual quanto à che- cagem inicial e à calibração do Zero e do Span. Após injeção dos pontos Zero e Span é neces- sária a injeção de, no mínimo, mais 3 pontos (concentrações do padrão) entre o Zero e o Span (80% do valor do fundo de escala/range do equipamento). Exemplificando: Calibração Pontual Calibração Multiponto Se um analisador de SO2 está configurado com o fundo de escala/range de 1.000 ppb, deve ser feito o ajuste do Ø (Zero) e utilizar uma concentração de padrão gasoso de SO2 de 800 ppb para calibrar o Span. O procedimento consiste na injeção de mais 3 concentrações entre o Zero e o Span. Por exemplo: A calibração Multiponto requer a utilização de um gás padrão de alta concentração, que será diluído com ar sintético puro através de um Multicalibrador Gasoso Digital (MGC). Ø (Zero) 800 ppb (Span) 200 ppb 400 ppb 600 ppb A figura 51 apresenta o esquema do princípio de operação de um Multicalibrador Gasoso Digital (MGC). Figura 51: Multicalibrador Gasoso Digital (MGC) - Princípio de Operação Fonte: Manual MGC - Envea Câmara de reação Saída Entrada SaídaEntrada Saída de gás Entrada de gás MFC 1 ar zero MFC 2 gás padrão Entrada de ar zero Orifício crítoco Gerador de ozônio Microprocessador Display Gestão da Qualidade do ar 27 Multicalibrador Gasoso Digital (MGC) É um instrumento calibrador padrão de geração de Ozônio / Multigás. Esse aparelho possui 2 controladores de fluxo de massa térmica, um gerador de ozônio, um fotômetro, uma câmara de mistura, uma câmara de reação para titulação de fase gasosa e a eletrônica de controle. Esse equipamento é bastante utilizado em redes de monitoramento da qualidade do ar. O padrão gasoso de alta concentração será diluído na câmera de mistura do MGC com a adição de ar zero. O analisador é calibrado com a concentração diluída gerada. A frequência de calibração multiponto deve ser, no mínimo, bimensal, ou depois de cada manutenção corretiva, o que ocorrer primeiro. Os analisadores de ozônio (O3) precisam ser calibrados através do gerador de ozônio do MGC ou de outro gerador externo, visto que o gás ozônio só é produzido através da exposição do oxigênio em uma excitação elétrica. Os analisadores de ozônio (O3) e de óxidos de nitrogênio (NO/NO2/NOx), devem também ser calibrados através de uma Titulação em Fase Gasosa (GPT). Essa titulação avalia a eficiência do conversor nos analisadores e deve ser feita, no mínimo, anualmente. A GPT refere-se à injeção de ozônio e NO ao mesmo tempo, gerando a reação apresentada na fórmula NO + O3 -> NO2* + O2, comparando-se posteriormente os valores medidos nos respectivos analisadores (ozônio e óxidos de nitrogênio) com os cálculos estequiométricos1 da reação. As calibrações devem seguir as normativas estabelecidas na ABNT NBR ISO 10012:2004 - Sistemas de gestão de medição - Requisitos para os processos de medição e equipamentos de medição. O anexo 2 apresenta um modelo de registro de calibração multiponto onde são registradas as seguintes informações: tag do analisador, range de trabalho do analisador, erro máximo admissível no processo “definido”, identificação do padrão utilizado, concentração do padrão utilizado (VR1, VR2, VR3), incerteza do padrão utilizado, validade do padrão utilizado, rastreabilidade do padrão, replicabilidade para VR1, VR2 e VR3. Observação: Todas as atividades realizadas nos monitores como calibração, manutenções preditivas, preventivas e corretivas devem ser registradas e arquivadas. Cálculo Estequiométrico - Determina a quantidade de reagentes que se deve utilizar numa reação e a quantidade de produtos que serão obtidos na análise de parâmetros como: vibração, ruído, inspeção visual, análise de calibração, dentre outras. 1 Gestão da Qualidade do ar 28 12.3 MANUTENÇÃO Manutenção Preditiva Manutenção Preventiva Manutenção corretiva É o acompanhamento periódico dos equipamentos. O procedimento é baseado na análise de dados coletados através de monitoração ou inspeções. Ela se baseia na análise de parâmetros como: vibração, ruído, inspeção visual, análise de calibração, dentre outras. Ocorre em um horário pré-determinado com o objetivo de aumentar a eficiência dos equipamentos, reduzindo a quantidade de retrabalhos e garantindo a disponibilidade dos equipamentos. Ela permite a identificação precoce de problemas, aumentando significativamente a vida útil dos equipamentos, reduzindo custos com a manutenção corretiva, permitindo um melhor planejamento do orçamento. As manutenções preventivas são estabelecidas pelos fabricantes nos manuais específicos de cada analisador. É a manutenção não planejada. Ela é realizada quando algo impede o funcionamento da máquina ou equipamento. As manutençõespreditiva e preventiva têm o objetivo de evitar a manutenção corretiva, uma vez que esta gera retrabalho e indisponibilidade dos equipamentos. Gestão da Qualidade do ar 29 ENVIRONNEMENT S.A. Manual AC32M. Poissy, França: 2010. Disponível em: <http://www.lisa.u-pec.fr/~formenti/ Tools/Manuals/AC32MA_10-06.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 _____. Manual MGC 101. Seregno, Itália: s.d. Disponível em: <https://www.environnement.it/public/articoli/244/ Files/mgc101_multi-gas-calibrator_envea.pdf> Acesso em: 22 set. 2021 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 AULA 13 MÓDULO III – OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO AUTOMÁTICA DE MATERIAL PARTICULADO Gestão da Qualidade do ar 31 As duas metodologias amplamente usadas e certificadas para o monitoramento contínuo de material particulado são as que possuem como princípios de medição a “Atenuação de Radiação Beta” e a “Microbalança oscilante de elemento cônico” - TEOM. As metodologias atenuação de radiação beta e microbalança oscilante são descritas a seguir. Nesse tipo de monitor é usada uma fonte radioativa de baixa energia, equipada com uma fonte de Carbono 14 com atividade de 3.66 mBq. Conforme definido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN, 2011), a atividade limite para isenção de requisitos de proteção radiológica de C14 é de 10 mBq. Portanto, esse tipo de fonte é isenta dos requisitos de proteção radiológica, mas não de controle regulatório, sendo necessário seguir os trâmites junto à CNEN. Essa isenção deve ser solicitada por meio de requerimento eletrônico no Portal de Instalações Radiativas da CNEN. O ofício de isenção deve ser emitido em nome do usuário final. Caso essas fontes radioativas mudem de responsável, a nova instituição deve solicitar as devidas alterações junto à CNEN. Os monitores do tipo Atenuação de Radiação Beta determinam a concentração das partículas a partir da medição da quantidade de radiação absorvida quando uma amostra é exposta a uma fonte radioativa. Raios Beta de baixa energia são absorvidos por colisão com elétrons, cujo número é proporcional à densidade. Dessa forma, a absorção é uma função da massa do material irradiado, independentemente de sua natureza físico-química. Um valor de referência é calculado no início de cada ciclo de medição. Esse valor é a quantidade de radiação absorvida por um filtro limpo. Depois de calculada essa referência, a amostra é succionada e passa através desse filtro com uma vazão ajustada de 1 m³/h. Então, a amostra depositada no filtro é exposta a um contador Geiger Muller1. A periodicidade desse procedimento é determinada pelo usuário. O aumento da massa de partículas depositadas no filtro é proporcional à redução na intensidade dos raios beta na câmara de medição. Ocorrem, simultaneamente, a deposição da massa de partículas e a medição de raios Beta nesta posição única da “mancha” que se forma no filtro, o que resulta na observação contínua da concentração correspondente ao incremento de massa no filtro. Tome nota Atualmente, além dessas metodologias, outras foram desenvolvidas, como o monitoramento de partículas no ambiente através de dispersão de luz, já certificada junto à Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA, 2021) e os micro sensores ópticos, através da difração de raio laser, que são certificadas apenas pela União Europeia (European Directive 2008/50/EC). 13.1 PRINCÍPIO DA ATENUAÇÃO DE RADIAÇÃO BETA Contador Geiger Muller – Aparelho para medir emissões radioativas1 Gestão da Qualidade do ar 32 Os monitores Beta de última geração são configurados com um sistema especial de monitoramento de temperatura e umidade do tubo de coleta da amostra, que permite regular esses parâmetros e até mesmo interromper a sucção da amostra de ar em condições desfavoráveis, que possam causar condensação de umidade no coletor de amostra. O monitor Beta possui os modelos para amostragem de partículas MP10, MP2,5 e sequencial, onde ambas as granulometrias são medidas consecutivamente. A figura 52 apresenta a visão frontal de um monitor contínuo de material particulado tipo Beta e a figura 53, o desenho esquemático de seu funcionamento. Tome nota A diferença entre a leitura original, feita com o filtro limpo, e a leitura final (filtro + partículas) é diretamente proporcional à massa de partículas coletada no filtro. À medida que as partículas são coletadas e se depositam no filtro, a leitura diferencial muda e o sinal resultante é convertido pelo microprocessador do sistema para se obter as concentrações de Material Particulado. Os resultados do instrumento podem ser vistos no display digital do mesmo e impressos em uma pequena impressora acoplada na parte frontal do aparelho (caso de alguns fabricantes). Fita de Filtro Entrada da Amostra Fonte Emissora de Radiação Bobina Alimentadora do FiltroBobina de Recolhimento do Filtro Detector de Radiação Geiger-Muller Figura 52: Face frontal, visão geral do conjunto do coletor e monitor Beta Fonte: www.manualslib.com/manual/2079357/Environnement-Mp101m.html?page=25#manual Gestão da Qualidade do ar 33 Cotador Geiger - Muller Bobina de fornecimento Bobina de recolhimento Depósito particulado Suporte de fonte radioativa Fonte radioativa Filtro da fita Figura 53: Medidor Beta Fonte: Manual MP101M Environnement S.A Os procedimentos de verificação e calibração de um monitor Beta devem ser realizados regularmente para assegurar a precisão das medições realizadas. Durante a realização dos procedimentos descritos no manual do equipamento, é verificada e corrigida a resposta do analisador à medição de uma densidade superficial conhecida chamada de “pastilha de referência2. O contador Beta é verificado por dois testes específicos: o teste do contador e o teste de densidade. O teste do contador é usado para verificar a influência do ruído do contador Geiger nas medições e corresponde a medições repetidas e sucessivas no papel de filtro em branco com a bomba de fluxo desligada. O teste de densidade é usado para medir a densidade superficial de uma “pastilha de referência” sem realizar calibração. Nesse teste, simula-se um depósito de material particulado de densidade conhecida, (“pastilha de referência”). Essa pastilha de referência é disponibilizada pelo fabricante junto com o analisador e deve ser mantida em área limpa e sem umidade, observando-se a sua validade. Contador Geiger Muller – Aparelho para medir emissões radioativas 13.1.1 VERIFICAÇÃO E CALIBRAÇÃO 1 Pastilha de referência – É uma pastilha com densidade e massa conhecida usada como padrão de referência, a mesma é parte integrante dos componentes do monitor. 2 Gestão da Qualidade do ar 34 Essas checagens devem ser realizadas a cada seis meses ou após a manutenção do equipamento. Em áreas urbanas com altas concentrações de partículas, deve-se verificar e limpar a cabeça amostradora em frequência menor que seis meses. O reservatório de água de chuva também deve ser esvaziado periodicamente. Se necessário, recipientes maiores estão disponíveis para substituição. Esse equipamento obtém a concentração de partículas inaláveis no ambiente por meio de medições diretas da massa de partículas coletadas em um filtro. Alguns monitores incorporam uma balança inercial que mede diretamente a massa correspondente às partículas coletadas. A amostra passa através do filtro, onde as partículas se depositam, o que gera a necessidade da troca periódica desse filtro quando saturado. O princípio de operação do equipamento é baseado na frequência de oscilação do elemento de suporte do filtro. Quanto mais partículas se depositam nesse filtro, menor é a frequência de vibração desse suporte. À medida que as partículas se depositam no filtro, a frequência natural de oscilação do elemento decresce, existindo uma relação direta entre a mudança de frequência do elemento e a massa no filtro.13.2 Princípio Microbalança de Elemento Oscilante TEOM (Tapered Element Oscillating Microbalance) As seguintes manutenções preventivas devem ser realizadas no monitor Beta: • Verificação dos parâmetros elétricos do analisador (MuxSignal) - são os sinais elétricos que indicam a operacionalidade de cada parâmetro de controle, como pressão, temperatura, vazão etc.; • Substituição do papel de filtro e da fita de impressão; • Verificação da tensão da fita filtrante; • Calibração; • Teste de fluxo de sucção; • Verificação das conexões do contador Beta, conforme descrito no manual; • Limpeza da cabeça amostradora, conforme orientação do manual; • Verificação dos diafragmas e das válvulas da bomba Gestão da Qualidade do ar 35 Importante No monitor TEOM o elemento de amostragem deve ser mantido a elevada temperatura - acima de 50 °C, o que provoca a eliminação de compostos voláteis. O equipamento também apresenta alta sensibilidade às mudanças na umidade relativa e alta sensibilidade à vibração. Por esse motivo, o sistema de amostragem gera algumas interferências durante o monitoramento. O valor medido não é uma leitura direta do instrumento, pois o aparelho mede as alterações na frequência vibratória do elemento sensor e então as converte para uma estimativa de massa, com base em um modelo teórico ideal. O monitor tipo TEOM é calibrado por meio de kit específico que contém um filtro de massa conhecida, fornecido pelo fabricante. O procedimento altera entre um ciclo base e um ciclo de referência, que mede a perda de massa do filtro quando o ar limpo passa por ele. A circulação de ar causa interferência nessa operação. A figura 54 apresenta o desenho esquemático de um monitor TEOM. Bomba de vácuo Exaustão Desvio de linha de fluxo Divisor de fluxo 13.7 L/min 3 L/min Microbalança Oscilante de Elemento Cônico (TEOM) MP10 Entrada de amostragem (TSP, PM2,5) Amplificador e contador de frequência Transdutor de massa Unidade de sensor aquecido Controlador de fluxo de massa Filtros em linha Figura 54: Desenho esquemático de um monitor TEOM Fonte: Manual TEOM Thermo Fischer Scientific, 2007 Gestão da Qualidade do ar 36 Transdutor é um dispositivo que transforma um tipo de energia em outro. Pode converter, por exemplo, uma magnitude física, como posição, velocidade, temperatura, luz, entre outras, em um sinal elétrico normalizado. Essa propriedade é utilizada principalmente por sensores. No manual do equipamento são recomendadas as seguintes calibrações e manutenções básicas regulares: • Substituição dos filtros TEOM - quando a porcentagem de carregamento se aproxima de 100% ou a cada 30 dias; • Limpeza da entrada de amostra – depois da substituição dos filtros ou a cada 30 dias; • Substituir os filtros de linha de fluxo – em caso de desvios ou a cada 6 meses; • Limpeza do sistema de entrada de ar (Cabeça de amostragem) – anualmente; • Manutenção da bomba de amostragem – a cada 18 meses; • Verificação e ajuste da temperatura ambiente – anualmente; • Verificação dos fluxos de medição – anualmente; • Verificação de vazamento – mensalmente; • Verificação e ajuste do transdutor3 de massa – anualmente. 3 Gestão da Qualidade do ar 37 Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Posição Regulatória 3.01/ 001:2011 - Critérios de Exclusão, Isenção e Dispensa de Requisitos de Proteção Radiológica. Disponível em : http:// appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/pr301_01.pdf. Acesso em 23 set 2021. ENVIRONNEMENT S.A. Manual MP 101M. Poissy, França: 2014. Disponível em : <http://norditech.com.au/wp- content/uploads/2019/09/MP101M_User_Manual_Eng_14.04.pdf> Acesso em: 22 set. 2021. THERMO FISHER SCIENTIFIC. Manual TEOM. Franklin, MA, EUA: 2007. Disponível em: <https://tools.thermofisher. com/content/sfs/manuals/EPM-TEOM1405-Manual.pdf> Acesso em: 22 set. 2021. UNIÃO EUROPEIA. DIRETIVA 2008/50/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 21 de Maio de 2008 relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa. In: Jornal Oficial da União Europeia. Disponível em: <https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:32008L0050&from=EN> Acesso em: 22 set. 2021. US EPA. List of Designated Reference and Equivalent Methods, 2021. Disponível em: https://www.epa.gov/sites/ default/files/2021-06/documents/designated_reference_and_equivalent_methods_-_07152021.pdf. Acesso em 23 set 2021.’ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 AULA 14 MÓDULO III – OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO AMOSTRADORES DE GRANDE VOLUME (AGV) Gestão da Qualidade do ar 39 Os Amostradores de Grande Volume (AGV) MP10 e MP2.5 têm como princípio de medição a sucção de uma quantidade de ar ambiente, que passa através de um filtro de papel de microquartzo ou de fibra de vidro, A amostragem tem duração de 24 horas com vazão constante de 1,13 m3/min. A concentração de partículas em suspensão no ar ambiente é computada dividindo-se a massa de partículas coletada pelo volume de ar amostrado, e é expressa em microgramas por metro cúbico (vg/m³). A figuras 54 apresenta exemplo de amostrador de MP10 e a figura 55 apresenta um desenho esquemático de funcionamento de um amostrador AGV. Pelo princípio de medição, uma amostra de ar passa por uma cabeça de separação, configurada com um conjunto de boqueiras que aceleram o ar para dentro de uma câmara de impactação, onde partículas maiores que 10 μm - para o amostrador MP10, e maiores que 2,5 μm - para o amostrador MP2,5, ficam retidas em uma camada oleosa. A vazão de amostragem é constante e obtida através da passagem do ar pelo Controlador Volumétrico de Vazão (CVV) tipo Venturi1. Figura 55 - Amostrador de Grande volume (AGV) - MP10 Fonte: Energética (2021a) Reprodução MMA 14.1 PRINCÍPIO DE MEDIÇÃO Motoaspirador CVV Tela de insetos Zona de Fracionamento Tubo de saída Entrada DOMO Jato aceleração Fluxo Filtro Placa de coleta Tomada de pressão Figura 56 - Desenho de funcionamento de um amostrador AVG Cabeça de Separação MP10 É dotada de um conjunto de boqueiras que aceleram o ar de coleta para dentro de uma câmara de impactação, onde partículas maiores que 10 μm ficam retidas numa camada oleosa. A fração de ar com partículas menores que 10 μm (MP10) é carreada para fora da câmara e segue para um filtro de coleta (fibra de vidro ou microquartzo), onde ficam retidas as partículas. Visto que a velocidade do ar é crítica para a manutenção do ponto de corte de 10 μm, é importante, então, manter-se a vazão correta de 1,13 m3/min (± 10 %), em condições reais de temperatura e pressão. Ver figura 57. Gestão da Qualidade do ar 40 Figura 57: Cabeça de Separação MP10 Fonte: Energética (2021a) Cabeça de Separação MP₂,5 É dotada de um conjunto de 40 boqueiras que aceleram o ar coletado para dentro de uma câmara de impactação, onde partículas maiores que 2,5 μm ficam retidas numa camada oleosa. A fração de ar com partículas menores que 2,5 μm (MP2,5) é carreada para fora da câmara e segue para um filtro de coleta (fibra de vidro ou microquartzo), onde ficam retidas as partículas. Visto que a velocidade do ar é crítica para a manutenção do ponto de corte de 2,5 μm, é importante, então, manter-se a vazão correta de 1,13 m3/min (± 10 %), em condições reais de temperatura e pressão. Ver figura 58. Figura 58: Cabeça de Separação MP₂,5 Fonte: Energética (2021b) Gestão da Qualidade do ar 41 Controlador Volumétrico de Vazão (CVV) tipo Venturi É um controlador volumétrico de vazão, que funciona como orifício crítico quando o ar, ao passar pelo estrangulamento, chega próximo à velocidade do som. No Venturi, quase toda a energia perdida no estrangulamento é recuperada, desta forma, obtém-se o vácuo necessário ao funcionamento do equipamento. Próximo do estado crítico, e para um determinado diâmetro mínimo de estrangulamento, a vazão passa a depender das condições a montante do estrangulamento, ou seja, da perdade carga no filtro, da pressão barométrica e da temperatura ambiente. O diâmetro do estrangulamento é ajustado até obter-se uma vazão constante em torno de 1,13 m3/min. Ver figura 59. Figura 59: Controlador Volumétrico de Vazão (CVV) tipo Venturi Fonte: Energética (2021b) Exaustão Motoaspirador - Pressão atmosférica - Temperatura ambiente - Pressão de estagnação Manômetro de coluna d’água Área de estrangulamento Fluxo Filtro Pª Po Po Pª Pª Tª Tª O efeito Venturi ocorre quando, num sistema fechado, o fluido em movimento constante dentro de um duto uniforme se comprime momentaneamente ao encontrar uma zona de estreitamento, diminuindo sua pressão. 1 Gestão da Qualidade do ar 42 O equipamento pode ser calibrado/ensaiado de maneira simples e segura, no próprio local de operação, mediante o uso de um Padrão de Transferência de Vazão (PTV), que é composto por um “copo” com um orifício; uma placa adaptadora (para instalação no amostrador); um relatório de ensaio do “copo” de orifício; um conjunto de cinco placas circulares de resistência, respectivamente com 8, 9, 10, 13 e 18 furos; um manômetro de coluna contendo um líquido indicador de densidade 1,0 e com 400 mm na escala; e uma mangueira flexível para ligação do copo de orifício ao manômetro. Ver Figura 60. 14.2 ENSAIO DO AMOSTRADOR DE GRANDES VOLUMES (AGV) Figura 60: Ensaio de um AGV MP10 Foto: Jurandir Brito Tome nota A cada 12 meses, o PTV deve ser calibrado (através de um túnel de vento) por empresa cadastrada junto à Rede Brasileira de Calibração (RBC). Os anexos 3, 4 e 5 apresentam um modelo de ensaio de calibração do PTV. Gestão da Qualidade do ar 43 14.2.1 PROCEDIMENTO DE ENSAIO DE UM AGV UTILIZANDO UM PTV CERTIFICADO Em campo Substituir a tampa do porta filtro de MP10 ou MP2.5 pela placa adaptadora do kit de ensaio, colocar um filtro limpo, ajustar e apertar suavemente as 4 porcas borboleta; Instalar a placa de menor resistência, contendo 18 furos, sobre a sede circular da placa adaptadora. A seguir, montar o orifício de calibração sobre a placa de resistência, apertando-a suavemente com a rosca de acoplamento; Verificar a conexão da mangueira situada na parte inferior do cilindro com o registrador de vazão; Instalar o manômetro em “U” na casinhola. Afrouxar a porca que prende a escala, abrir ambas as torneiras do manômetro e ajustar o zero com o nível do líquido; Conectar o manômetro em “U” à tomada de pressão do orifício de calibração do kit; No manômetro em “U” fixado na lateral do amostrador, soltar a porca que prende a escala, abrir ambas as torneiras do manômetro e ajustar o zero com o nível do líquido; Instalar uma nova carta gráfica no registrador se o equipamento ainda usar registrador analógico; Ajustar o zero na carta gráfica registradora através do parafuso central, sempre no sentido horário; Ligar o motor, deixando-o funcionar por 5 minutos, para que o ar de exaustão do motoaspirador atinja o equilíbrio térmico; Registrar no formulário de calibração o diferencial de pressão (Delta P) indicado no manômetro, na unidade de polegada de água. O Delta P é a soma das deflexões obtidas em ambos os lados do manômetro instalado na lateral do amostrador; Desligar o motor; Repetir as operações para as quatro placas restantes (nº 13, nº 10, nº 8 e nº 9 );e Anotar a temperatura ambiente e a pressão barométrica do local. No laboratório Após a coleta de dados em campo, o cálculo deverá ser feito por meio da equação da reta, método de regressão, usando as leituras anotadas, que representam as vazões medidas. A equação é usada como referência direta para se obter a vazão real. O critério de aceitação da curva obtida no cálculo deverá possuir um coeficiente de correlação (medida do grau de relação entre duas variáveis) da equação (r) ≥ 0,99. Gestão da Qualidade do ar 44 Preparação do Filtro Frequência de Ensaio Examinar cada filtro contra uma fonte de luz para verificar a ocorrência de imperfeições visíveis (furos etc.). Filtros com imperfeições não devem ser usados; A amostragem deve seguir as seguintes etapas: Os amostradores devem ser verificados: I) após 600 horas de operação ou 25 amostragens no local onde o AGV estiver operando; II) quando houver deslocamento do amostrador de um local para outro; III) após paradas para manutenção (trocas de escovas e motor); ou IV) quando ocorrer qualquer outra alteração significativa no sistema. 14.3 OPERAÇÃO – AMOSTRAGEM Identificar o filtro com uma numeração que deve ser feita próxima à margem do filtro, de forma cuidadosa, para evitar seu rompimento; Deixar o filtro previamente identificado em um dessecador por 24 horas. Esse procedimento elimina a umidade e prepara o filtro para a pesagem em balança analítica com sensibilidade de miligrama. Instalação do Filtro Levantar a tampa superior do equipamento, abrir a porta dianteira, limpar qualquer acúmulo de poeira ao redor do porta filtro com um pincel ou pano; Soltar as porcas de acionamento manual da parte superior do porta filtro e retirar a tampa de alumínio; colocar cuidadosamente o filtro previamente pesado, diretamente sobre a tela de arame, em sua parte central, e com o lado rugoso voltado para cima; Colocar novamente a tela de alumínio, apertar as porcas de maneira a evitar vazamento nas bordas, fechar a tampa superior e programar a amostragem no equipamento. Retirada do Filtro e da Carta Gráfica Primeiramente, abrir a tampa superior, retirar a tampa de alumínio do porta filtro, soltando os 4 parafusos; remover o filtro, dobrar o filtro ao meio com o material coletado para dentro; colocar o filtro em um envelope de papel ou saco plástico identificado com o nome da estação e a data da coleta; Retirar a carta do registrador e identificá-la; Levar o filtro para o laboratório, deixando-o no dessecador durante 24 horas, pesar o filtro e fazer os cálculos de amostragem. Após cada medição, deve-se: Gestão da Qualidade do ar 45 Manutenção da Cabeça de Amostragem A cabeça de amostragem deve ser inspecionada a cada amostragem e sua limpeza deve ser feita a cada 6 meses ou, em caso de amostragens em áreas com concentrações elevadas de material particulado, em um tempo menor, conforme observado na inspeção. As figuras 61 e 62 apresentam a cabeça de amostragem antes e depois da realização de uma manutenção. As manutenções devem seguir as orientações contidas nos manuais dos equipamentos e correspondem às manutenções da cabeça de amostragem, da base do amostrador e do motoaspirador. O procedimento de manutenção deve seguir as seguintes etapas: 14.4 MANUTENÇÃO Controle dos produtos de combustão incompleta, com o uso adequado da taxa de injeção do ar; e Uso de combustíveis mais limpos, que reduzem as emissões de partículas. Manutenção da Base do Amostrador Manutenção do Motoaspirador A base do amostrador onde o filtro é instalado deve ser inspecionada a cada período de amostragem, removendo qualquer depósito de material por meio de limpeza com um pincel ou um pano seco. Em caso de alguma imperfeição verificada na tela ou nas juntas, estas devem ser trocadas. As condições operacionais do motoaspirador devem ser verificadas a cada 300 a 400 horas de uso. Os procedimentos de manutenção e substituição de peças devem seguir as orientações do manual de operação do equipamento. Figura 61: Cabeça de amostragem precisando de limpeza Figura 62: Cabeça de amostragem após limpeza Foto: Jurandir Brito Foto: Jurandir Brito Gestão da Qualidade do ar 46 Anexos Anexo A – Formulário de Ensaio Gestão da Qualidade do ar 47 Anexo B – Modelos de Relatórios Gestão da Qualidade do ar 48 Anexo C – Registro de Amostragem Gestão da Qualidade do ar 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ENERGÉTICA IND. E COM. LTDA. Manual de Operação AGV MP10. Disponível em: <https://www.energetica.ind.br/ wp-content/uploads/2016/01/env1_manual-mp10_rev_11.pdf> Acesso em: 22set. 2021a _____. Manual de Operação AGV MP2,5. Disponível em: <https://www.energetica.ind.br/wp-content/ uploads/2016/01/env1_manual-mp25_rev_06.pdf> Acesso em: 22 set. 2021b _____. Manual de Operação AGV PTSCVV. Disponível em: <https://www.energetica.ind.br/wp-content/ uploads/2016/01/env1_manual-ptscvv_rev_04.pdf> Acesso em: 22 set. 2021c
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