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livro Texto II Patologia aplicada a estética

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PATOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA
Unidade II
3 ADAPTAÇÕES E DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR
A multiplicação e a diferenciação celular são processos essenciais para os seres vivos. Se esses 
fenômenos não ocorressem, não formariam um organismo, já que nossos sistemas são formados por 
inúmeras células que possuem papéis distintos.
A diferenciação se refere à especialização morfológica e funcional das células. Cada uma tem um 
aspecto (fenótipo) e uma função determinada.
Os hepatócitos, presentes no fígado, têm a morfologia e as funções diferentes dos neurônios, que 
são encontrados no sistema nervoso, por exemplo.
Esses processos são, portanto, indispensáveis durante o desenvolvimento normal do organismo e 
necessários também para repor as células que são danificadas ou mortas após seu período de vida, ou 
por processos patológicos. Tanto a multiplicação quanto a diferenciação recebem influência de variados 
estímulos internos e externos, sendo comum ocorrerem alterações nos mecanismos que as controlam.
As células também passam por modificações morfofuncionais em resposta a alterações em seu meio 
ambiente, a um estímulo, como vimos, podendo adaptar-se às novas condições. As adaptações são 
alterações reversíveis.
As modificações que podem ocorrer com as células são:
•	 Alterações do volume celular: implicam maior síntese ou degradação dos componentes celulares.
•	 Alterações do número de células: envolvem maior ou menor taxa de divisão celular tecidual.
•	 Alterações da diferenciação celular: indicam mudança no formato e no trabalho celular.
•	 Alterações de crescimento e de diferenciação celulares: além do aumento do número de células, 
vê-se mudança no grau de sua especialização.
3.1 Agenesia
A agenesia trata de uma anomalia congênita em que um órgão ou parte dele não se forma, não inicia seu 
desenvolvimento. Pode ser incompatível com a vida se o órgão for único e essencial, como na anencefalia, 
que conduz à ausência parcial ou total do encéfalo. No caso dos rins, se um deles não se formar, o outro 
aumentará de tamanho (por hipertrofia e hiperplasia) para compensar o trabalho duplicado.
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Unidade II
Figura 12 – Adactilia: agenesia que representa a ausência da formação de dedos
3.2 Aplasia
É uma alteração em que um tecido ou órgão não é totalmente formado, podendo haver apenas 
vestígios dele. A formação se inicia, mas não se completa.
A aplasia pode ser congênita ou adquirida. Por exemplo: na aplasia da medula óssea, ocorre a 
substituição de tecido medular normal, que é composto por células precursoras das células sanguíneas, 
por tecido gorduroso. Por essa razão, não há formação adequada das células sanguíneas normais.
A microcefalia, por exemplo, em que apenas parte do encéfalo é formada, também é um tipo 
de aplasia. Se as regiões do encéfalo responsáveis pelas funções vitais forem formadas, o indivíduo 
pode continuar vivo.
 Observação
Você percebeu a diferença entre agenesia e aplasia? Na agenesia não 
há princípio do desenvolvimento do tecido ou do órgão. Já na aplasia, o 
desenvolvimento tem início, mas não se completa.
3.3 Hipertrofia
Quando as células passam por aumento da demanda funcional, isto é, precisam trabalhar mais, 
ou recebem estímulo de hormônios e fatores de crescimento, elas podem aumentar a quantidade de 
seus componentes estruturais (proteínas e organelas), ampliando, dessa maneira, o seu tamanho. Esse 
mecanismo é chamado de hipertrofia, que pode ser fisiológica ou patológica, e resulta na ampliação 
do tamanho do órgão e de suas funções, sem modificar a quantidade de suas células.
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•	 A hipertrofia fisiológica ocorre como fenômeno natural, sem provocar distúrbios no organismo, 
como, por exemplo, a hipertrofia da musculatura uterina durante a gravidez, em que o útero 
aumenta de tamanho devido à ação hormonal, acompanhando as etapas da gestação e a 
musculatura esquelética, caso haja estímulo hormonal ou de maior trabalho, como ocorre 
com a musculação.
•	 A hipertrofia patológica não é programada pelo organismo e é provocada quando há prejuízo ao 
sistema. Ocorre em consequência de vários estímulos. Quando há sobrecarga do trabalho cardíaco 
por alguma razão, estenose valvar, por exemplo, a parede muscular cardíaca sofre hipertrofia, já 
que seu trabalho aumentará para dar conta do débito cardíaco.
Figura 13 – Hipertrofia uterina. Útero com o tamanho 
normal à direita e hipertrofiado na gestação à esquerda
3.4 Atrofia ou hipotrofia
Ambos os termos se referem à diminuição de um órgão ou tecido que já foi formado. Ocorre por 
redução do tamanho do volume celular, podendo acontecer também a diminuição do número de suas 
células por apoptose (morte celular). Os processos podem ser fisiológicos ou patológicos.
Se não houver estímulo celular ou existir diminuição da demanda de trabalho, a célula pode reduzir 
seu tamanho ou entrar em apoptose. Por exemplo: com a perda de estimulação hormonal, o tecido 
pode atrofiar, como ocorre no útero pós-gravídico e no epitélio glandular mamário com o desmame. 
A musculatura esquelética que não é exercitada também pode atrofiar por desuso.
Caso haja redução do suprimento sanguíneo para um tecido, se as células conseguirem se adaptar, 
ocorrerá atrofia/hipotrofia, como acontece quando há diminuição progressiva do fluxo sanguíneo nas 
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artérias renais. Não há como as células se manterem grandes e cheias de organelas se faltam condições 
para a produção de proteínas.
Na desnutrição, a falta de nutrientes gera atrofia de diferentes órgãos simultaneamente. Para 
se manter vivo, o corpo gastará sua reserva energética do tecido adiposo. Quando isso não for mais 
possível, começará a degradar proteínas em diferentes tecidos.
Figura 14 – Atrofia muscular na perna à esquerda
3.5 Hiperplasia
Quando há aumento na demanda funcional em órgãos hormônio-sensíveis ou hiperestimulação 
tecidual e há células componentes capazes de se dividir, ocorre hiperplasia. Isso significa um 
aumento do tecido ou órgão por crescimento do número de suas células. A hiperplasia pode ser 
fisiológica ou patológica.
A hiperplasia fisiológica ocorre devido à ação de hormônios ou fatores de crescimento para 
aumentar a capacidade funcional do órgão ou quando existe necessidade de aumento compensatório.
As glândulas mamárias hiperplasiam pela ação de hormônios no epitélio glandular para preparar a 
mulher para amamentação, por exemplo. Caso seja feito um transplante hepático em vida, as células do 
fígado se multiplicarão, como mecanismo compensatório, regenerando o órgão.
A hiperplasia patológica ocorre quando há excessiva ação hormonal ou de fatores de crescimento 
sobre o tecido/órgão. Um exemplo decorrente é a hiperplasia prostática benigna. A próstata aumenta 
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seu tamanho por multiplicação celular, mas, se o estímulo hormonal for retirado, no caso o hormônio 
androgênico, a próstata retorna ao tamanho normal. Pode ocorrer também como resposta a algumas 
infecções virais como o papilomavírus, que gera massas de epitélio hiperplásico.
O aumento de volume de um tecido ou órgão pode estar associado aos dois processos conjuntamente: 
hipertrofia e hiperplasia. Isso dependerá do potencial regenerativo que é intrínseco do tecido. Durante 
a gravidez, o aumento do útero ocorre como consequência dos dois processos: hipertrofia e hiperplasia 
do músculo liso estimulados pelo estrogênio. Já as células da musculatura esquelética, por exemplo, não 
conseguem se multiplicar para dar conta da maior exigência de trabalho, portanto elas aumentam o seu 
volume apenas hipertrofiando.
Os tecidos altamente diferenciados e/ou com poucas células-tronco sofrem predominantemente 
hipertrofia e tecidos que possuem elevado potencial regenerativo, aumentam a celularidade.
 Lembrete
As células-tronco são precursoras que formam diversos tipos celulares 
especializados, isto é, diferenciados.
3.6 Hipoplasia
A hipoplasia implica a reduçãode um tecido ou órgão por diminuição na taxa de divisão celular. 
Embora o tecido ou órgão hipoplásico seja menor, conserva sua arquitetura básica. A hipoplasia pode 
ser fisiológica ou patológica.
Durante a embriogênese, se a taxa de multiplicação celular não for adequada, será formado um 
órgão menor. Após o nascimento, a diminuição no ritmo de renovação celular em relação ao aumento 
da taxa de destruição também acarretará hipoplasia.
É normal ocorrer a involução do timo a partir da puberdade e dos ovários na menopausa. Já na 
hipoplasia de medula óssea a pessoa não produz células sanguíneas suficientes, o que leva a um 
prejuízo orgânico.
3.7 Metaplasia
A metaplasia é um processo reversível no qual uma célula já diferenciada, portanto especializada, é 
substituída por outro tipo celular diferenciado.
Isso ocorre comumente quando o tecido é agredido constantemente e, como um mecanismo 
de adaptação a essa agressão, as células são substituídas por outras mais resistentes e capazes de 
suportar as injúrias.
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Unidade II
Geneticamente, a metaplasia envolve a reprogramação de células-tronco (que são indiferenciadas) 
encontradas no tecido. Mas, nessa reprogramação, um tipo de célula epitelial só pode ser convertido em 
outro tipo de célula epitelial, e não em uma célula de tecido conjuntivo e vice-versa.
A metaplasia pode ocorrer em um fumante crônico, por exemplo. Ele tem a substituição de células epiteliais 
cilíndricas ciliadas por células epiteliais escamosas estratificadas nas vias respiratórias. Pessoas com esofagite 
crônica também podem ter tecido metaplásico por agressão constante provocada pelo refluxo estomacal, 
tendo, assim, a transformação do epitélio escamoso normal do esôfago inferior em epitélio cilíndrico.
Embora a metaplasia seja um mecanismo de resposta que gera maior resistência tecidual, é uma 
alteração indesejada, já que o tecido só faz isso por estar sendo lesionado cronicamente. Além do mais, as 
células mais resistentes não possuem as mesmas funções. No exemplo citado sobre o tabagista crônico, 
no trato respiratório – embora o revestimento epitelial se torne resistente –, os importantes mecanismos 
de proteção, que incluem a secreção de muco e o movimento ciliar do epitélio colunar, são perdidos.
Membrana 
basal
Epitélio 
colunar 
normal
Metaplasia 
escamosa
A)
B)
Figura 15 – Metaplasia brônquica. A) representação do epitélio colunar normal 
à esquerda para epitélio escamoso à direta; B) foto microscópica
3.8 Displasia
A displasia é um termo muito abrangente que pode indicar diversas condições patológicas. Por 
essa razão, costumamos distinguir a displasia quando afeta um órgão (abrangendo vários distúrbios 
do desenvolvimento, que são relacionados, com frequência, a condições genéticas), da displasia 
quando afeta um tecido (envolvendo resposta proliferativa atípica e irregular às irritações crônicas).
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Será descrita aqui a displasia tecidual, que é reversível e ocorre devido a agressões crônicas. Ela é 
caracterizada por perda de diferenciação, processo chamado de anaplasia, e envolve também a atipia 
celular, que inclui pleomorfismo e hipercromasia (variação da forma e tamanho das células, bem como 
de seus núcleos que ficam com um número alterado de cromatina).
Muitas vezes, as displasias estão associadas a tecidos metaplásicos ou provêm deles. Exemplos 
mais comuns são as displasias de mucosas, como a do colo uterino, a dos brônquios e a gástrica. Tais 
displasias podem ser enquadradas também no grupo das lesões pré-malignas, já que as células perdem 
sua diferenciação, alteram-se e podem passar a se multiplicar descontroladamente.
 Observação
Embora a displasia possa evoluir para uma transformação maligna, como 
um câncer, nem sempre isso ocorre. Com a remoção das causas agressoras, 
as displasias de leves a moderadas podem ser completamente reversíveis.
4 NECROSE E APOPTOSE
Tanto a necrose quanto a apoptose são processos irreversíveis, já que se referem à morte celular. 
Porém, esses processos se desenvolvem de maneiras totalmente diferentes.
A necrose é sempre patológica e isso significa que é provocada por um estímulo nocivo e que 
ocorrerá resposta inflamatória consequente.
A apoptose é a morte programada da célula. Quer dizer que está em seu material genético a 
autodestruição. Ela é fisiológica e em algumas situações patológicas também pode ocorrer, mas não 
gera resposta inflamatória como consequência.
4.1 Necrose
A necrose compete a diversas mudanças que ocorrem na célula após um estímulo nocivo (uma 
agressão física, química ou biológica) ou alterações que podem ocorrer por falta de moléculas essenciais 
à sua sobrevivência, ou qualquer situação que interfira em suas funções vitais, como a produção de 
energia pelas mitocôndrias e a fabricação de proteínas. Essas mudanças acontecem por ação de enzimas 
e culminam na morte celular.
Durante o processo, os lisossomos liberam as proteases, lipases, glicosidases, ribonucleases e 
desoxirribonucleases. Essas enzimas são soltas no citoplasma e acabam sendo ativadas por cálcio. Elas 
digerem as moléculas que compõem as células, como mencionamos ao falar em lesão por hipóxia. 
Portanto, a morte por necrose ocasiona autólise (autodigestão).
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Unidade II
Quando os tecidos são analisados após a necrose, tanto macro quanto microscopicamente, 
apresentam mudanças que variam de acordo com a ação dessas enzimas. Logo, dependendo da causa e 
do tecido afetado, o processo de necrose pode ter características específicas.
 Lembrete
Não esqueça que nossos tecidos são formados por células e por 
matriz extracelular. Portanto, na necrose tecidual essa matriz também 
estará alterada.
4.1.1 Tipos morfológicos de necrose
Quando uma grande quantidade de células de um tecido ou órgão morre, dizemos que está necrótico. 
A necrose dos tecidos possui vários padrões morfológicos diferentes que podem ser caracterizados por 
alterações macroscópicas e microscópicas.
Para que possamos visualizar as alterações no microscópio óptico, são utilizados corantes (os mais 
comuns são hematoxilina e eosina). Quando os corantes são ácidos, dão pigmentação a substâncias de 
características básicas; e, quando são básicos, dão cor às moléculas ácidas.
Quase todas as células apresentam o citoplasma acidofílico e o núcleo basofílico. A hematoxilina 
cora os núcleos de azul e a eosina cora o tecido conjuntivo e o citoplasma em diferentes 
tonalidades de rosa.
4.1.1.1 Necrose por coagulação ou isquêmica
Nesse tipo de necrose, o formato básico do tecido é mantido por alguns dias. Essa manutenção 
ocorre porque, assim como acontece com as proteínas estruturais, algumas enzimas também são 
desnaturadas. Sem função, elas não fazem a proteólise das células mortas. Ainda a olho nu, a área 
necrótica se apresenta pálida e saliente em relação ao tecido adjacente, já que se tumefaz, mas mantém, 
inicialmente, a arquitetura tecidual.
Em volta da região afetada do órgão pode aparecer um halo avermelhado ou até mesmo uma 
coloração vermelho-escura na própria região, resultante de hemorragia.
Ao exame microscópico, o citoplasma apresenta-se com coloração rósea e, se a análise for do início 
do processo, o formato celular estará preservado. O núcleo não aparecerá, já que sua cromatina é 
digerida (cariólise), fazendo-o perder a afinidade pelos corantes.
Esse tipo de necrose ocorre, geralmente, quando há isquemia na maioria dos tecidos de todos os 
órgãos (com exceção do cérebro) e pode evoluir para uma necrose liquefativa.
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PATOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA
Figura 16 – Necrose de coagulação no rim. A região mais pálida, amarelada (foto à esquerda), representa o infarto renal. À direita, pela 
microscopia óptica, podemos perceber células renais normais (representadas pela letra “N”) e células necróticas no infarto (letra “I”). 
Pela coloração, podemos visualizar células necróticas com os contornos preservados, porém sem a presença nuclear
 Observação
Você sabe o que significa otermo infarto? Ele se refere à morte do 
tecido por isquemia.
4.1.1.2 Necrose de liquefação ou coliquação
Como o próprio nome apresenta, a área necrosada ficará com aspecto liquefeito, pois nesse tipo de 
necrose as células são digeridas pelas enzimas lisossômicas, ficando, por isso, com a textura mole.
Comumente ocorre quando há anóxia (ausência de oxigênio que pode ser provocada por isquemia) no 
tecido nervoso, nas glândulas adrenais e na mucosa gástrica. Também pode acontecer devido a infecções 
bacterianas focais ou em algumas infecções fúngicas, por estimularem um aumento de leucócitos e a liberação 
de suas enzimas. Nesse caso, a região ficará amarelada e com consistência cremosa pela presença de pus.
Figura 17 – A imagem mostra infarto no cérebro com aspecto líquido, caracterizando a necrose de liquefação
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4.1.1.3 Necrose gangrenosa
A necrose gangrenosa é um termo utilizado para indicar as modificações que os tecidos necrosados 
sofrem pela exposição ambiental. Ocorre comumente por qualquer condição que leve à isquemia e/ou 
hipóxia tecidual nas extremidades corpóreas como pontas dos dedos, nariz, pênis e pinas das orelhas. 
Os tecidos apresentam-se secos, rígidos e escurecidos. Ocorre, por exemplo, com o cordão umbilical 
dos recém-nascidos.
Quando há invasão bacteriana na área afetada, a presença de enzimas dessas bactérias, com as dos 
leucócitos atraídos pela infecção, produzem a gangrena úmida. Se as bactérias gerarem gás, chamamos 
de gangrena gasosa.
Figura 18 – Gangrena. Observe os dígitos enegrecidos
4.1.1.4 Necrose caseosa
O aspecto macroscópico dessa necrose assemelha-se ao queijo tipo ricota, pois a área afetada fica 
com a textura friável e coloração esbranquiçada.
À microscopia, nota-se massa homogênea e acidófila, portanto, de coloração rósea, formada por 
um conjunto de células fragmentadas e restos granulares rodeados por inflamação, caracterizando 
granuloma. Ocorre comumente na tuberculose.
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A) 
B) 
Figura 19 – Necrose caseosa: visão macroscópica (A) apresentando massa de aparência friável 
e esbranquiçada. Visão microscópica (B) demonstrando massa homogênea e acidófila
 Lembrete
O citoplasma é visualizado em rosa e o núcleo, em roxo.
4.1.1.5 Esteatonecrose, necrose gordurosa ou necrose enzimática do tecido adiposo
É a necrose em regiões do tecido adiposo. Ocorre comumente em doentes por pancreatite aguda 
necro-hemorrágica devido à liberação de enzimas produzidas pelo pâncreas, que lesionam os adipócitos 
próximos ao órgão.
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Unidade II
Os ácidos graxos, que acabam sendo liberados em decorrência da lesão, reagem com o cálcio presente 
no meio extracelular em uma reação química chamada de saponificação. Isso gera, a olho nu, pontos que 
se assemelham a pingos de vela. Já ao microscópio, os focos de necrose exibem contornos imprecisos 
de adipócitos necróticos, com depósitos de cálcio basófilos (coloração arroxeada), circundados por uma 
reação inflamatória.
Além de ser decorrente da ação de enzimas, também pode acontecer posteriormente a um trauma 
mecânico, como nas mamas após uma cirurgia, por exemplo, acometendo o tecido adiposo da região.
Figura 20 – As áreas brancas representam focos de necrose gordurosa
4.1.1.6 Necrose hemorrágica
Ela é caracterizada por grande quantidade de sangue no tecido necrosado, visto, portanto, 
macroscopicamente. Na histologia, apresenta abundância de hemácias.
Após a obstrução de uma artéria, como ocorre no tromboembolismo pulmonar, por exemplo, o fluxo 
sanguíneo é interrompido, provocando isquemia tecidual e, por consequência, necrose de coagulação. Como 
o tecido pulmonar é bem vascularizado, após a necrose de coagulação, ocorre intenso extravasamento de 
sangue na região afetada, tipificando a necrose hemorrágica.
4.1.1.7 Necrose fibrinoide
O termo fibrinoide remete à fibrina, pois o tecido necrótico acumula proteínas que dão o aspecto 
hialínico e acidofílico, semelhante ao da fibrina, quando corado e visualizado ao microscópio.
Esse tipo de necrose surge quando há alteração na parede de pequenas artérias, normalmente 
provocada por depósitos de imunocomplexos (antígenos ligados a anticorpos), como ocorre em algumas 
doenças autoimunes, na aterosclerose e no tecido conjuntivo, levando ao extravasamento de fibrina, que 
é uma proteína, para o tecido. Macroscopicamente, não apresenta alterações morfológicas relevantes.
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4.2 O que ocorre após a necrose?
O organismo tenta eliminar a região necrótica que, dependendo da localização e extensão, pode ser 
fatal. O infarto do miocárdio, por exemplo, refere-se à necrose por isquemia da musculatura cardíaca. 
Se houver um microinfarto com necroses puntiformes, a pessoa pode ter leves ou nenhum sintoma. 
Já se a necrose for no nó sinoatrial, provocará manifestações clínicas que podem levar à morte.
Em algumas situações pode ocorrer a calcificação distrófica, que é o depósito de cálcio nas 
áreas necrosadas.
A região necrótica é limpa por fagócitos e pode ser drenada por vias naturais, como intestino, vias 
aéreas ou por fístulas produzidas, bem como por excisão cirúrgica dependendo da localização. Se a 
necrose for na pele ou nas mucosas, a perda tecidual formará uma úlcera.
Após a limpeza do material necrosado, com a reação inflamatória, pode ocorrer a fibrose 
tecidual (cicatrização).
4.3 Apoptose
A apoptose é um processo de morte cuja programação consta no material genético da própria 
célula. O procedimento é considerado um “suicídio” controlado.
Assim como há multiplicação e diferenciação celular para a formação de tecidos e órgãos, para 
regeneração tecidual e quando há um aumento de exigência de trabalho de células que mantêm 
capacidade multiplicativa, também existe a eliminação das células desnecessárias, velhas e alteradas 
para que se mantenha a homeostase orgânica, evitando-se, assim, possíveis doenças.
Portanto, a apoptose é um processo natural e necessário na formação do indivíduo, na manutenção 
dos tecidos e deve ser equilibrada para a manutenção da saúde.
Nesse processo, as células que devem morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e suas 
proteínas nucleares e citoplasmáticas.
A célula se destaca do tecido, pois perde sua adesão celular por proteólise do citoesqueleto, vai 
diminuindo seu tamanho por extrusão de água e então formam-se fragmentos que são chamados de 
corpos apoptóticos. Esses corpos contêm porções de núcleo e do citoplasma e não há rompimento da 
membrana plasmática. Eles são fagocitados antes que seus conteúdos saiam para o meio extracelular. 
Dessa maneira, não ocorre resposta inflamatória subsequente ao processo.
Para a morte por apoptose, é necessário síntese proteica e gasto de energia, o que não 
acontece na necrose.
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Unidade II
A apoptose é fisiológica e pode ocorrer (ou deixar de ocorrer) em algumas situações patológicas 
também. Na embriogênese, por exemplo, acontece a destruição programada de algumas células para 
que se formem as cavidades dos órgãos (lúmen) e a separação de estruturas como os dígitos.
 Observação
No adulto, algumas doenças acontecem por aumento (como exemplo 
as doenças neurodegenerativas, Alzheimer etc.) ou diminuição nas taxas de 
apoptose, que podem induzir o câncer e doenças autoimunes.
Também ocorre apoptose em células que passam a ser consideradas desnecessárias. Durante a 
gestação, as glândulas mamárias preparam-se para a produção de leite e para a amamentação, então, 
existem mais células para o aumento da demanda de trabalho. Isso ocorre devido ao aumento e à 
multiplicação celular tecidual por estímulo hormonal. Quando ocorre o desmame, há redução da 
mama, já que muitas células passam a ser desnecessárias pela parada da lactação e sofrem apoptose.
Linfócitos autorreativos podem provocar doenças autoimunes e, portanto, também devem 
sofrer o processo.
 Saiba mais
Você sabia que a criolipólise é um procedimento estético que induz a 
apoptose dos adipócitos? Leia sobreo assunto a seguir:
PEREIRA, M. F. L.; LEITE JÚNIOR, A. C. Criolipólise aplicada à gordura 
localizada e criofrequência. In: PEREIRA, M. F. L.; LEITE JÚNIOR, A. C. Recursos 
técnicos em estética II. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2019.
Quando o DNA da célula é alterado por radiação, hipóxia ou até mesmo durante o processo de 
multiplicação celular, e os mecanismos de reparo e imunológicos não podem lidar com a lesão, a célula 
deve acionar seus mecanismos intrínsecos para apoptose. Caso isso não ocorra, essa célula, com mutação 
no DNA, pode multiplicar-se descontroladamente e produzir uma neoplasia (câncer).
Agentes etiológicos que provocam necrose também podem induzir apoptose. Em algumas infecções, 
principalmente virais, células infectadas podem morrer por apoptose induzida pelo vírus ou pela resposta 
imune do hospedeiro.
A isquemia no músculo cardíaco, além da necrose, induz células do miocárdio a entrarem 
em apoptose.
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PATOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA
4.4 Diferenças nos processos de necrose e apoptose
Tumefação 
do retículo 
endoplasmático e 
mitocôndria
Densidades amorfas 
na mitocôndria
Bolhas de tumefação
Condensação da 
cromatina
Bolhas na membrana
Fragmentação 
celular
Figura de 
mielina
Figuras de 
mielina
Inflamação
Lesão 
progressiva
Lesão 
reversível
Recuperação
Fagocitose das células 
e dos fragmentos 
apoptóticos
Fagócito
Corpo 
apoptótico
Rompimento 
das membranas 
do núcleo, das 
organelas e 
plasmática; 
extravasamento 
dos conteúdos
Célula 
normal
Célula 
normal
Apoptose
Necrose
Figura 21 – Distinção das diferentes alterações morfológicas nos processos de morte celular por apoptose versus necrose
Quadro 2 – Diferenças entre as mortes por necrose e apoptose
Necrose Apoptose
Sempre patológica Fisiológica e algumas vezes patológica
Morte não programada, rápida e descontrolada Morte celular programada, controlada e lenta
Ruptura da membrana plasmática com extravasamento 
de conteúdo celular Membrana plasmática permanece intacta
Célula sem energia e sem síntese proteica Precisa de energia e síntese proteica
Autólise Formação de corpos apoptóticos
Resposta inflamatória subsequente Não induz resposta inflamatória subsequente
A necrose é caracterizada pela perda de integridade de membrana plasmática, coagulação 
da cromatina, inchaço seguido de lise celular, com extravasamento do conteúdo intracelular e 
desintegração de organelas.
O processo apoptótico envolve alteração de permeabilidade de membranas, condensação 
cromatínica, encolhimento celular e formação de corpos apoptóticos, sem que haja desintegração de 
organelas e membrana.
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Unidade II
 Saiba mais
Leia sobre o envelhecimento celular e os mecanismos de morte:
GAVA, A. A.; ZANONI, J. N. Envelhecimento celular. Arquivos de Ciências 
da Saúde da Unipar, Umuarama, v. 9, n. 1, jan./abr., p. 41-46, 2005. Disponível 
em: https://www.revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/218. Acesso em: 
26 out. 2020.
 Resumo
Aprendemos que para a formação do corpo, é preciso que as células 
se multipliquem e se diferenciem. Em caso de falha nesses eventos, não 
haverá a formação de um órgão (agenesia) ou este será menor (hipoplasia), 
incompleto ou deficiente (aplasia), o que acarretará prejuízo ao organismo, 
podendo até ser incompatível com a vida.
Observamos que as células precisam conseguir se adaptar às condições 
de seu meio para a manutenção da homeostase orgânica. Para isso, 
passam por modificações morfofuncionais que interferem nos tecidos e 
órgãos formados. Essas alterações são: hiperplasia (aumento do número de 
células), hipertrofia (aumento do volume das células), atrofia (diminuição 
do tamanho das células) e metaplasia (mudança de um tipo de célula 
madura para outro mais resistente de mesma linhagem).
Demonstramos que, caso não haja adaptação, poderá ocorrer lesão 
irreversível, culminando na morte celular. A morte de uma célula pode 
ocorrer por dois processos distintos: apoptose e necrose.
A apoptose é um evento fisiológico e também necessário na adequada 
embriogênese para formação das cavidades dos órgãos e separação dos 
dígitos, por exemplo. É fundamental para eliminação de células supérfluas, 
velhas e defeituosas. Porém, o excesso de apoptose em um tecido saudável 
pode provocar doenças, assim como a falta de apoptose em células com 
material genético alterado. Nesse tipo de morte celular, a célula utiliza 
energia e sintetiza proteínas para sua autodestruição. Ao final do processo, 
os fragmentos formados chamados de corpos apoptóticos são fagocitados 
e não geram resposta inflamatória decorrente.
A necrose sempre está envolvida em situações patológicas e envolve 
a lise celular, além da resposta inflamatória consequente. Sob diferentes 
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condições, a necrose tecidual assume padrões específicos: necrose 
de coagulação (mantém a arquitetura básica do órgão e perda do núcleo 
celular), de liquefação (necrose de consistência mole, semifluida), caseosa 
(aspecto de caseum, queijo), gordurosa (ocorre no tecido adiposo), 
hemorrágica (grande quantidade de sangue na área afetada), fibrinoide 
(semelhante à fibrina) e gangrenosa (evolução de necrose que resulta da 
ação de agentes externos sobre o tecido afetado).
 Exercícios
Questão 1. Quando expostas a determinados ambientes, as células são capazes de se adaptar por 
meio de alterações morfofuncionais, que garantem o funcionamento adequado do tecido. Em relação a 
esses processos adaptativos, assinale a alternativa correta.
A) Os exercícios físicos são aliados dos tratamentos estéticos que visam à diminuição das medidas 
corporais. A prática da musculação, por exemplo, faz com que o número de células musculares 
esqueléticas aumente de maneira significativa, em um processo denominado hiperplasia.
B) A hipercromasia refere-se à variação da coloração do tecido, devido ao estabelecimento de 
depósitos de substâncias exógenas em diferentes compartimentos celulares.
C) O tabagismo pode levar à alteração da morfologia do epitélio da traqueia, de células colunares 
ciliadas para células epiteliais escamosas estratificadas. Esse processo é denominado atrofia.
D) A proliferação das células endometriais, durante a primeira fase do ciclo menstrual, e o 
aumento da musculatura uterina, durante a gestação, são exemplos, respectivamente, de 
hiperplasia e hipertrofia.
E) A aplasia refere-se à ausência de formação de um órgão essencial e é incompatível com a vida.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: na musculação, ocorre principalmente o aumento do tamanho das células musculares 
(hipertrofia), e não o aumento do número delas (hiperplasia).
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a hipercromasia é o aumento da quantidade de cromatina no núcleo das células, 
fenômeno comumente observado nas neoplasias. O termo vem da observação de que os núcleos com 
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Unidade II
mais DNA em seu interior apresentam maior afinidade pelos corantes utilizados para a visualização 
dessas células ao microscópio e, portanto, coram mais intensamente.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o tabagismo, de fato, leva à alteração das células epiteliais da traqueia, conforme 
citado na alternativa. No entanto, esse processo é denominado metaplasia (mudança de um tipo de 
célula madura para outro, mais resistente, porém da mesma linhagem).
D) Alternativa correta.
Justificativa: durante a primeira fase do ciclo menstrual, as células do endométrio sofrem mitose, a 
fim de preparar o útero para uma possível gestação. Trata-se de um processo de hiperplasia, pois ocorre 
aumento do número de células, sem nenhuma alteração significativa em sua morfologia ou em suas 
funções. Durante a gestação, por outro lado, não ocorre aumento do número de células musculares 
uterinas, mas sim aumento do volume delas, a fim de possibilitar a expansão do órgão. Esse processo é 
denominado hipertrofia.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:a ausência de formação de um órgão essencial é chamada agenesia e, de fato, pode 
ser incompatível com a vida (a exceção são os órgãos duplos, como, por exemplo, os rins – se apenas 
um não é formado, o outro é capaz de aumentar sua atividade para compensar a perda). Na aplasia, a 
formação do órgão é iniciada, porém não se completa. Existem, portanto, vestígios dele.
Questão 2. A criolipólise é um procedimento estético que, a partir do congelamento do tecido 
adiposo, induz a apoptose dos adipócitos e, consequentemente, a redução das medidas corporais. Em 
relação ao processo de apoptose, assinale a alternativa incorreta.
A) A apoptose é a morte celular programada. Nesse processo, as células que estão programadas 
para morrer ativam enzimas que degradam seu próprio material genético e suas proteínas 
nucleares e citoplasmáticas.
B) Ocorre perda da adesão celular, extrusão de água e formação de corpos apoptóticos, que são 
rapidamente fagocitados. Por esse motivo, não ocorre resposta inflamatória subsequente 
ao processo.
C) A morte celular por apoptose envolve a síntese de proteínas e o gasto de energia, o que não 
acontece na necrose.
D) A apoptose é fisiológica, porém pode ser observada também em processos patológicos, como, por 
exemplo, em algumas infecções virais.
E) Em volta da região apoptótica pode aparecer um halo avermelhado, ou até mesmo uma coloração 
vermelho-escura, resultante de hemorragia.
Resposta correta: alternativa E.
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PATOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA
Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: assim como ocorrem os processos de multiplicação e de diferenciação celular, para 
que ocorra a formação de tecidos e a regeneração tecidual também existe um processo controlado de 
eliminação das células desnecessárias, velhas e alteradas, para que se mantenha a homeostase orgânica. 
Esse processo é denominado apoptose.
B) Alternativa correta.
Justificativa: durante o processo de apoptose, as células destacam-se das demais, tornam-se 
picnóticas e ocorre a formação dos corpos apoptóticos, que nada mais são do que o material celular 
envolto por fragmentos da própria membrana plasmática. Uma vez que o material interno da célula fica 
armazenado dentro dessas vesículas, não ocorre o estabelecimento de processo inflamatório.
C) Alternativa correta.
Justificativa: como processo ativo, a apoptose requer reservas de ATP (pelo menos nas fases iniciais), 
ao passo que a necrose se instala quando há depleção total do ATP. Na apoptose, o ATP é necessário 
para ativar a caspase-9, que inicia uma cascata de eventos que culmina na proteólise (quebra das 
proteínas da célula).
D) Alternativa correta.
Justificativa: a lesão do material genético celular, causada por estímulos radioativos, químicos ou 
virais, ou ainda processos de isquemia e hipóxia, podem desencadear a apoptose. Quando a célula não 
consegue reverter uma mutação ocorrida no seu próprio DNA, é mais seguro para o organismo que 
o programa de morte celular seja ativado, já que a multiplicação de uma célula mutante pode dar 
origem a neoplasias.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a apoptose não é acompanhada de manifestações clínicas significativas. Hemorragia, 
alterações na coloração do tecido, presença de pus, entre outros, são características do processo 
de necrose.

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