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NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 1 Geometria de Corte da Ferramenta Para cada par (material de ferramenta / material de peça) têm uma geometria de corte apropriada ou ótima. A geometria da ferramenta tem influência na: (a) formação do cavaco; (b) saída do cavaco; (c) forças de corte; (d) desgaste e avaria da ferramenta; (e) qualidade final do trabalho. Ângulos da ferramenta de corte O fenômeno de corte é realizado pelo ataque da cunha da ferramenta, o rendimento desse ataque depende dos valores dos ângulos da cunha, pois é esta que rompe as forças de coesão do material da peça. Os ângulos e superfícies na geometria de corte das ferramentas são elementos fundamentais para o seu rendimento e durabilidade. A denominação das superfícies da ferramenta, dos ângulos e das arestas é normalizada pela norma brasileira NBR 6163/90. Os ângulos da ferramenta de corte são classificados em: de folga (alfa), de cunha (beta), de saída (gama), de ponta (epsilon), de posição (chi), de inclinação de aresta cortante (lambda). NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 2 Arestas e superfícies que formam a cunha cortante de uma ferramenta de barra para o torneamento • Cunha de Corte: cunha formada pelas superfícies de saída e de folga da ferramenta. Os cavacos formam-se sobre a cunha cortante por meio do movimento relativo entre a peça e a ferramenta. • Superfície de saída Aγ: superfície da cunha cortante sobra a qual o cavaco desliza • Superfície de folga: é a superfície da cunha cortante que define a folga entre a superfície em e a ferramenta. Distingue-se a superfície principal de folga Aα e a secundária de corte A’α. • Arestas de corte: são formadas pelas superfícies de folga e de saída. São definidas a aresta principal de corte S e a aresta secundária de corte S’. • Aresta principal de corte S: aresta de corte cuja cunha de corte, observada no plano de trabalho e para m ângulo da direção de avanço ϕ = 90º indica a direção de avanço. • Aresta secundária de corte S’: aresta de corte cuja cunha de corte, observada no plano de trabalho, e para o ângulo da direção de avanço ϕ = 90 o , indica a direção contrária à direção de avanço. • Ponta de corte: região da cunha cortante formada pela intersecção das arestas principal e secundária de corte • Ponto de corte escolhido: ponto tomado como referência para as definições dos ângulos da cunha cortante. NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 3 Ângulos medidos no Plano de Referência kr (ângulo de direção do gume da ferramenta): formado entre o plano de trabalho (Pf) e o gume principal, medido no plano de referência (Pr); r (ângulo de quina da ferramenta): Formado entre o gume principal e o gume secundário, medido no plano de referência Pr; kr' (ângulo de direção do gume secundário da ferramenta): formado entre o plano de trabalho (Pf) e o gume secundário, medido no plano de referencia Pr. (kr + er + kr') = 180º Ângulo de folga : É o ângulo formado entre a superfície de folga e o plano de corte medido no plano de medida da cunha cortante; influencia na diminuição do atrito entre a peça e a superfície principal de folga. Para tornear materiais duros, o ângulo deve ser pequeno; para materiais macios, deve ser maior. Geralmente, nas ferramentas de aço rápido está entre 6º e 12º e em ferramentas de metal duro, a está entre 2º e 8º. Em portas ferramentas com pastilhas Intercambiáveis o ângulo de folga compreende entre 5º30’ e 7º 45’, caso fosse de 0º, iria encostar na superfície usinada produzindo forte atrito. • Os ângulos de folga muito pequenos quando utilizados em condições inadequadas têm como consequência: (a) forte aquecimento da pastilha, (b) maior desgaste da superfície de folga, (c) aumento da força de corte na cunha de corte. • Ângulos de folga muito grande quando utilizados em condições inadequadas têm como consequências: (a) grande variação dimensional na peça, devido ao desgaste na superfície de folga, (b) aumento do risco de rupturas ou quebras da pastilha,(c) maior aquecimento da pastilha, (d) aumento do desgaste como um todo, (e) má qualidade superficial na peça NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 4 Observação: o ângulo de folga medido na ferramenta só é igual ao ângulo livre que age na peça quando a ponta da ferramenta é posicionada na linha de centro da peça. Ângulo de cunha Formado pelas superfícies de folga e de saída; é medido no plano de medida da cunha cortante. Para tornear materiais moles, = 40º a 50º ; materiais tenazes, como aço, = 55º a 75º ; materiais duros e frágeis, como ferro fundido e bronze, = 75º a 85º. Ângulo de saída Formado pela superfície de saída da ferramenta e pelo plano de referência medido no plano de medida; é determinado em função do material, uma vez que tem influência sobre a formação do cavaco e sobre a força de corte. Para tornear materiais moles, = 15º a 40º ; materiais tenazes, = 14º ; materiais duros, = 0º a 8º . Geralmente, nas ferramentas de aço rápido, está entre 8º e 18º; nas ferramentas de metal duro, entre -2º e 8º. A soma dos ângulos α+β+=90º, medidos no plano de medida, é igual a 90º Ângulo negativo È usado nos trabalhos de desbaste e em cortes interrompidos de peças quadradas, com rasgos ou com ressaltos, em materiais duros, quando a ponta da ferramenta for a parte mais baixa em relação à aresta de corte. NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 5 Ângulo positivo Diz-se que é positivo quando a ponta da ferramenta em relação à aresta de corte for a parte mais alta; é usado na usinagem de materiais macios, de baixa dureza . Ângulo neutro Diz-se que é neutro quando a ponta da ferramenta está na mesma altura da aresta de corte; é usado na usinagem de materiais duros e exige menor potência do que positivo ou negativo. O cavaco se apresenta espiralado e contínuo, situação em que um grande volume pode ocasionar acidentes. Ângulo r de posição Por intermédio de um ângulo de posição adequado, pode se evitar flexões que ocorrem em função do formato da peça (por exemplo, em peças longas e instáveis). Estas flexões podem produzir oscilações na peça. O ângulo de ataque determina a posição da aresta principal na peça. Com um ângulo de posição pequeno, a força radial se torna grande. Ângulos de posição médios (45° a 70°) são utilizados em peças estáveis, cujo comprimento não ultrapasse a razão de L = 6 D. Ângulos de posição maiores (70° a 95°) são empregados em peças longas e instáveis, cujo comprimento é 6D L≤ 12D. Quanto maior for o ângulo de posição, menor será a força radial, e consequentemente menor será a tendência da peça flexionar. NOTAS DE AULA- DISCIPLINA DE USINAGEM Prof. Gilmar Cordeiro da Silva Página 6 Pastilhas com neutras ou negativas Normalmente são pastilhas bifaciais, ou seja, podem ser utilizadas uma ou duas faces. São identificadas por ter dimensões das faces iguais; o ângulo de cunha é indicado para operações severas; consomem maior potência que as pastilhas positivas, o que requer maquinário rígido e potente; É montada em porta-ferramenta negativo com 6º graus de ângulos de folga, evitando que haja grande área de contato entre a ferramenta e a peça. Pastilhas com positivas São pastilhas de face única, ou seja, apenas um lado é utilizado. A face superior é maior que a inferior; são mais frágeis (que as com ângulo negativas);o ângulo de cunha é menor; consomem menos potência; geram esforços de corte bem menores; são montadas em porta ferramentas positivos; preferencialmente são usadas em usinagem internas de desbastes leves, em semi-acabamento e acabamento onde ferramentas longas (maior balanço) são necessárias pois geram menores forças de corte, diminuindo a tendência a vibrações; também são indicadas para desbastes externos leve ou médio, livres de vibrações e cortes interrompidos.
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