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Vitamina B1_ ALIMENTOS_SAÚDE HUMANA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CENTRO DE CIÊNCIAS DE IMPERATRIZ – CCIM
CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
DISCIPLINA: QUÍMICA DE ALIMENTOS
DOCENTE: ALAN BEZERRA
ALINE CRISTINE DA SILVA CUNHA
VITAMINA B1 EM ALIMENTOS E A SAÚDE HUMANA (DOENÇA DE BERIBÉRI)
IMPERATRIZ – MA
2022
A população, de um modo geral, tem-se preocupado com a qualidade dos alimentos consumidos, tanto em relação ao seu aspecto nutricional quanto aos possíveis efeitos maléficos que possam afetar diretamente a qualidade de vida 1. Com isso, nos últimos anos houve aumento do interesse dos consumidores por alimentos que, além de apresentarem características nutricionais desejáveis, possam fornece também substâncias benéficas à saúde humana 2. Um dos fatores mais importantes em alimentos se refere ao seu conteúdo em vitaminas. 
Uma vitamina é uma molécula orgânica, que é um micronutriente essencial que o organismo necessita em baixas quantidades para promover o funcionamento esperado do metabolismo. Nutrientes essenciais, categoria na qual as vitaminas se encontram, não são, ou são insuficientemente sintetizados pelo organismo, necessitando então que sua demanda seja suprida pela ingestão em quantidades apropriadas 3. 
Com fim de identificação das vitaminas, são atribuídas letras ou números a essas vitaminas. Nove delas hidrossolúveis (8 vitaminas que formam o complexo B e a vitamina C) e 4 lipossolúveis (A, D, E e K). Cada uma dessas vitaminas desempenham um papel importantíssimo nas funções bioquímicas no organismo, sendo essenciais para manutenção da saúde humana. A deficiência destas, ou até mesmo seu excesso, podem causar quadros clínicos graves e até mesmo a morte 4.
A vitamina B1 ou tiamina é uma vitamina hidrossolúvel essencial para o metabolismo dos hidratos de carbono através das suas funções coenzimáticas. Essas ativam as enzimas que controlam os processos bioquímicos entre os quais a decomposição da glicose em energia. A tiamina também desempenha papel na condução dos impulsos nervosos e no metabolismo aeróbico 5. A tiamina é formada pela ligação de metileno entre uma molécula de piridina substituída e um anel tiazol.
Figura 1- Estrutura química da tiamina (vitamina B1)
Fonte: Moreschi, 2006.
Revista Jovens Pesquisadores, Santa Cruz do Sul, v.7, n.1, p.30-45, jan./jun. 2017.
O homem depende da ingestão de alimentos para suprir as suas necessidades em tiamina. A tiamina é encontrada em quantidades relativamente pequenas em uma ampla variedade de alimentos. São consideradas fontes ricas de tiamina nas leveduras, no farelo de trigo, nos cereais integrais e nas castanhas. Hortaliças, frutas, ovos, carne de frango, carneiro e boi são fontes intermediárias, enquanto o leite contém quantidades relativamente baixas de tiamina. Por se tratar de uma vitamina hidrossolúvel, o processo de cozimento determina perda de cerca de 80% do conteúdo de tiamina dos alimentos bem como o processo de descongelação dos alimentos. 
O Beribéri é uma doença causada pela deficiência de vitamina B1. No Brasil desde 2006, têm sido notificados casos de Beribéri nos estados do Maranhão e Tocantins. A carência da tiamina pode levar de dois a três meses para manifestar os sinais e sintomas que inicialmente são leves como insônia, nervosismo, irritação, fadiga, perda de apetite e energia e evoluem para quadros mais graves como parestesia, edema de membros inferiores, dificuldade respiratória e cardiopatia 7. 
Grande parte dos surtos de Beribéri associa-se a condições de pobreza e fome, relacionando-se com situações de insegurança alimentar e nutricional, alimentação monótona baseada em arroz polido, elevado teor de carboidratos simples e alguns grupos de risco específicos como alcoolistas, gestantes, crianças e pessoas que exercem atividade física extenuante. Em outras palavras, a deficiência de tiamina está normalmente ligada principalmente por uma dieta rica somente em alimentos como mandioca ou a farinha de mandioca, o arroz polido ou a farinha de trigo, ou seja, alimentos pobres em vitamina B1. Essa vitamina é encontrada normalmente em cereais, grãos, legumes, nozes, carnes (especialmente vísceras, carne de porco e de vaca).
· Surto de "Beribéri" ocorrido na região de Imperatriz por volta do ano de 2005
Em dezembro de 2005, o primeiro paciente com sinais e sintomas de uma "síndrome neurológica" apareceu na região do Tocantins, veio a falecer um mês depois, e em julho de 2006, o número de pacientes com síndrome neurológica desconhecida chegou a 13 pessoas. O neurologista foi encaminhado pelo Ministério da Saúde ao estado do Maranhão, onde 08 pessoas estavam internadas no Hospital Municipal Imperatriz e outras 55 estavam com suspeita da doença. Na mesma ocasião, o chefe da epidemiologia da secretaria provincial de saúde do Maranhão informou que a doença não era fatal e que o falecido havia chegado ao hospital com sintomas graves. A situação se agravou ao longo dos meses, e as notícias da doença repercutiram em todo o país, depois que um médico cearense, experiente na Amazônia, entrou em contato com o diretor regional de Imperatriz, o rumo da investigação mudou, e recomenda-se o diagnóstico de beribéri, até aquela data, o estado do Maranhão não sabia que a "misteriosa doença neurológica" era o beribéri. Isto foi posteriormente confirmado por ensaios terapêuticos com administração de tiamina. O surto de beribéri acometeu parte da região tocantina do Estado do Maranhão, foram 543 casos notificados com 33 óbitos no total. 7
Iracilda Viana identificou que, entre os anos de 2006 e 2008, foram encontrados 1169 casos da doença no Maranhão, sendo que no primeiro ano de pesquisa, aproximadamente 40 pessoas vieram a óbito. Ainda não foram identificados os fatores que desencadearam a epidemia, mas amostras da micotoxina citreoviridina, que é produzida pelo fungo Penicillium citreonigrum, foram encontradas no arroz consumido pela população acometida. 8
REFERÊNCIAIS
[1] MAIHARA, V.A. et al. Avaliação Nutricional de Dietas de Trabalhadores em Relação a Proteínas, Lipídeos, Carboidratos, Fibras Alimentares e vitaminas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.16, n.3, p.672-677, 2006. Acesso em: 4 de novembro de 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612006000300029.
[2] OLIVEIRA, V. S. de. Influência do Processamento em ultrassom no licopeno e vitamina E e B. 2014. 101 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em engenharia Química – Mestrado e Doutorado) – Universidade Federal do Ceará. Ceará, 2014.
[3] RUBERT A, ENGEL B, ROHLFES A, MARQUARDT L, BACCAR N. Vitaminas do complexo B: uma breve revisão. Revista Jovens Pesquisadores. 2017, 7(1), 30-45.
[4] AWUCHI C.G, IGWE V.S, AMAGWULA I.O, et al. Health Benefits of Micronutrients (Vitamins and minerals) and their Associated Deficiency Diseases: A Systematic Review. International Journal of Food Sciences. 2020, 3(1): 1-32.
[5] JÚNIOR, H. P.D.L., & LEMOS, A. L. A.D. Vitamina B1. Diagn. Tratamento. 2010. 
[6] VANNUCCHI, V. CUNHA, C.F.S. Vitaminas do complexo B: Tiamina, Riboflavina, Niacina, Piridoxina, Biotina e Ácido Pantotênico. Séries de Publicações ILSI Brasil, 2009. Disponível em: https://ilsi.org/brasil/wp-content/uploads/sites/9/2016/05/09-Complexo-B.pdf.
[7] FERRREIRA, V. et al. Saúde em foco: Temas contemporâneos volume 3. Editora científica Digital, 2020. p. 165-173. DOI: 10.37885/201001714.
[8] Pesquisadora da UFMA estuda Beribéri na região pré-amazônica. Portal da UFMA, São Luiz-Maranhão. Publicado em:28 de fevereiro de 2009. Disponível em:< http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=5243>. Acesso em: 5 de novembro de 2022.

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