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2023 Cabo Frio/RJ UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS CABO FRIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO Capoeira: a libertação dos seus paradigmas pela expressão sociocultural Beatriz Brito Lima (202302278396) Bruna Oliveira Salgado Graciano (202302278442) Caio Dias Ferreira (202302794998) Daiene Moreira De Oliveira Ribeiro (202304226385) Daniel De Souza Oliveira (202304177635) Flávia Lamonica (202303021364) Gerlane De Souza Brito (202302278329) João Lucas De Souza Santos Oliveira (202303197871) José Diogo Meira Da Silva (202304509981) Matheus Álvaro Lemos Rodrigues (202302434291) Rachel Pinto Villas Boas (202302278353) Wellinton Pessanha Martins (202109476289) 2023 Cabo Frio/RJ UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS CABO FRIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO Capoeira: a libertação dos seus paradigmas pela expressão sociocultural Avaliação apresentada ao Professor Dr. Thiago de Souza dos Reis como parte dos requisitos para aprovação na disciplina FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS (ARA0100). 2023 Cabo Frio/RJ 1. Identificação das partes envolvidas e parceiros Apresentamos o projeto de extensão da Universidade Estácio de Sá, campus Cabo Frio, com o direcionamento do professor Dr. Thiago de Souza dos Reis, da matéria de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos (ARA 0100) feita através dos alunos de Direito 2023.1, Beatriz Brito Lima (202302278396); Bruna Oliveira Salgado Graciano (202302278442); Caio Dias Ferreira (202302794998); Daiene Moreira De Oliveira Ribeiro (202304226385);Daniel De Souza Oliveira (202304177635); Flávia Lamonica (202303021364); Gerlane De Souza Brito (202302278329); João Lucas De Souza Santos Oliveira (202303197871); José Diogo Meira Da Silva (202304509981); Matheus Álvaro Lemos Rodrigues (202302434291); Rachel Pinto Villas Boas (202302278353); Wellinton Pessanha Martins (202109476289). Com o título “Capoeira: a libertação dos seus paradigmas pela expressão sociocultural”, conta com a participação e orientação temática do Senhor Antônio Fernando Ferreira de Souza Mestre Marujo, pelo seu envolvimento e notório saber da cultura Capoeira a aproximadamente 50 anos, fundador da Associação Cultural de Capoeira Guarda Negra, Provisionado em Educação Física, Bacharel em Direito, Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, Pós-graduado em Direito Civil e em Processo Civil (FASAM) e Aluno Especial de Mestrado pela UFG, tendo então grande contribuição para o desenvolvimento da pesquisa. Incluímos também a Secretaria Municipal de Esporte, Turismo e Lazer de Saquarema, através do secretário Rafael da Costa Castro, e a Câmara Municipal de Saquarema, através do Presidente da Câmara Odinei Garcia Ramos, para que agregassem uma parceria na desenvoltura do projeto em questão, na esfera pública administrativa para atingirmos os objetos e metas finais. 2. Problemática e\ou problemas identificados Sendo a cultura da arte da Capoeira marginalizada e subjugada por décadas na história do Brasil, escolhemos este tema por levantar questões culturais sobre a arte tipicamente brasileira. Conforme o Art. 216 da Carta Magna de 1.988, que trata sobre o patrimônio cultural brasileiro, e a Lei nº 12.288/2.010 em seus Artigos 20, 21 e 22, onde a capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, reconhecida em todas as suas modalidades e seu ensino pode ocorrer em instituições de ensino públicas e privadas. 4 Conforme a entrevista proveitosa realizada com o Mestre Marujo, foram sinalizadas algumas questões, como o preconceito enraizado na sociedade, referente a associação das religiões de matrizes africanas como algo negativo, sem o conhecimento da sua importância histórica, a visão da capoeira como dança, luta ou ambos como um conceito errôneo por trazer ambiguidade, e a falta de local para eventos e exposições somente para a cultura da capoeira, além da necessidade de um dia específico para a comemoração da capoeira dentro da esfera municipal. 3. Demanda sócio comunitária e justificativa acadêmica Após a análise da região escolhida, município de Saquarema, foco do projeto de extensão, foi visto que apesar da existência de diversos meios culturais, a capoeira não possui ênfase devido ao multiculturalismo e aos preconceitos enraizados, pela falta de conhecimento à cultura, marginalizando-a. Tendo em vista os problemas citados anteriormente, o projeto busca solucioná-los através da conscientização, conforme especificado no tópico 4, pois através do pensamento de Nietzsche, a pressa é romantizada e por isso a cultura que depende do repasse entre gerações é perdida – “A cultura diminui a cada dia porque a pressa torna-se maior". Com isso, analisamos a importância de promover, encontros, eventos, exposições, feiras culturais, rodas de capoeira, entre outras coisas, perpetuando esta cultura. Para Nietzsche, existe um tempo específico para a cultura e que este não deve ser confundido com nenhum outro, fazendo dela o que ela é. Em vista de um projeto socioeducativo, têm-se como referência Zygmunt Bauman e sua ideia de “nacionalização”, onde apesar disso não consegue “monopolizar” tendências culturais de uma região como elementos vindos de países europeus, gerando uma opressão de tudo aquilo que tem como origem a cultura africana, sendo injustiçados por associação devido a marginalização proveniente de um processo histórico. Portanto, visa-se a valorização da capoeira como cultura através do esporte como caminho para uma integração sociocultural. 5 4. Objetivos a serem alcançados Diante de pesquisas de campo feitas com a colaboração do Mestre Marujo, observamos a necessidades de colocarmos em prática o mais rápido possível as demandas citadas em algumas reuniões, visto que com o auxílio do projeto de extensão da universidade Estácio de Sá, campus Cabo Frio, e seus alunos, empenhados em ajudar, somado a Associação Cultural da Capoeira Guarda Negra, chegaremos com êxito ao final do projeto concluindo alguns, se não todos, os objetivos abaixo relacionados: Realizar três entrevistas, com o Senhor Antônio Fernando Ferreira de Souza mestre Marujo, ao longo do projeto de extensão. Solicitar, através de reunião, junto à Secretária Municipal de Esporte, Turismo e Lazer, através do secretário Rafael da Costa Castro, e a Câmara Municipal de Saquarema, através do Presidente da Câmara Odinei Garcia Ramos, um projeto de lei para um dia específico comemorando a capoeira dentro da esfera municipal e um espaço próprio para eventos da cultura abordada. Estimular a cultura de paz, o respeito aos Direitos Humanos e a educação antirracista, já que é notório a marginalização da capoeira desde o início da sua história no Brasil, fomentando o debate sobre a valorização da arte da capoeira no município. 5. Referencial teórico (subsídio teórico para propositura de ações da extensão) É de conhecimento geral que cultura é um complexo de padrões de linguagem, costumes, comportamentos, crenças, valores simbólicos, hábitos e capacidades adquiridas pelo homem como membro de uma sociedade, assim como para Edward B. Taylor em sua visão geral sobre a cultura. Na mesma linha de raciocínio de Roberto DaMatta, em seu livro “O que faz o brasil, Brasil?”, o significado da palavra cultura ė um estilo, um modo e um jeito de fazer coisas, coisas estas também relacionadas aos costumes, condutas, hábitos, família, políticas, festas, entre outros. Ainda acrescenta que a cultura tem duas faces, fazendo alusão a uma moeda, onde temos de um lado o povo com seu senso comum passado de geração em geração (Brasil com b) e do outro lado o autoritarismo político e econômico, onde não é interessante para o sistema capitalista trazer para o conhecimento geral da nação a alta cultura 6 sem a cobrança de taxas e impostos, criando um capital cultural, diferenciando-a como uma superior e outra inferior. No entanto, Pierre Bourdieu, sociólogo francês, faz uma análise de como os indivíduos incorporam a estrutura social legitimando-a e reproduzindo-a, poisem sua visão todos os seres humanos dispõem de competência e de saberes e que de fato são valorizados de forma desigual, um exemplo seria o da capoeira. O tema “capoeira” abordado, neste projeto de extensão, terá foco na parte social com o objetivo de ligar a universidade a comunidade, buscando entender todo o processo histórico contextual e desmistificar essa cultura tão importante na história do Brasil. Consoante ao seu enraizamento social e cultural, através da sua história desde os tempos coloniais e imperiais no Brasil, os escravos sofriam violência física por qualquer motivo que desagradasse os Senhores de Engenho. A capoeira surgiu como resposta à violência ao qual eram submetidos e quando ficavam nas senzalas aproveitavam para cultuar seus deuses e orixás, já que também era proibido o culto a outra religião que não fosse a católica e, além disso, treinavam golpes e movimentos corporais ágeis e com o som do berimbau era disfarçado o treinamento como forma de dança. O berimbau é um elemento fundamental na capoeira sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciar um jogo, alguns consideram-no um instrumento sagrado, ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo do jogo, e era uma forma de comunicação sigilosa entre eles. Sobre a vestimenta, o branco é herdado de um hábito que afirmava que o bom capoeirista era aquele que terminava um jogo sem sujar a roupa, o branco também tinha um significado de ser a cor das vestes dos antigos escravos. Então, a capoeira foi associada culturalmente e preconceituosamente aos escravos, tanto que era considerado crime. Somente em 1937 quando o Presidente Getúlio Vargas foi ver uma apresentação e gostou tanto que tratou de legalizar a prática, acabando assim com a proibição da capoeira no Brasil. Porém, somente em 2008 ela foi registrada como bem cultural do IPHAN, com base no inventário realizado nos Estados de Pernambuco, da Bahia e do Rio de Janeiro, e encerrando em novembro de 2014, recebendo o título de patrimônio cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Conforme Bourdieu, a ideia de cultura também vai para o lado da vivência do indivíduo, onde o gosto por determinada manifestação artística não é inato ou fruto exclusivo de sensibilidade individual, e sim de um processo educativo encabeçado pela família ou pela escola, sendo assim, aqueles que não têm contato com a capoeira, seja através de costumes ou disciplina escolar, desconhecem seu valor, o que acaba sendo uma questão sociocultural pela 7 importância da história brasileira, fazendo com que continue nas entraves do preconceito. Porém, existe a Lei 10.639/2003, que completará 20 anos, que torna obrigatório o ensino da História e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar com ênfase nas disciplinas de História, Arte e Literatura, objetivando a educação para as relações étnico-raciais, mas se não for colocada à disposição da sociedade, não somente através do ensino fundamental ou ensino médio, de nada adiantará tais leis. O objetivo dessa pesquisa está para além dos muros da escola, levando o conhecimento para a comunidade como um todo, dos benefícios que a capoeira traz para o corpo e mente, como arte, cultura, bem-estar, relação interpessoal, saúde física e mental através das exposições de eventos em locais públicos com demonstrações da cultura da capoeira. 6. Metas, critérios ou indicadores de avaliação do projeto Acerca das metas a serem alcançadas estão previstas a realização de três entrevistas, com o Senhor Antônio Fernando Ferreira de Souza Mestre Marujo, ao longo do projeto de extensão. Visamos também a implementação do projeto de lei do dia da capoeira à nível municipal e um local apropriado para eventos e exposições, fomentando assim, o debate dentro da comunidade para a desmistificação preconceituosa e marginalizada sobre esta cultura com um processo histórico tão importante para o Brasil. Isso se dará através da parceria junto a Secretaria Municipal de Esporte, Turismo e Lazer de Saquarema, através do secretário Rafael da Costa Castro, e também a Câmara Municipal de Saquarema, através do Presidente da Câmara Odinei Garcia Ramos, com o projeto de lei acima referido. 8 Referências bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.16, n. 47, pág. 11-20, 2001. BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. Reprodução Cultural e reprodução social. Ed. Rio de Janeiro. Editora Francisco Alves, 1992. BRUNI, José Carlos. O tempo da cultura em Nietzsche. Ed. São Paulo Editora Brasiliense, 2002. DAMATTA, Roberto Augusto. O que faz o Brasil, Brasil?. Ed. Rio de Janeiro. Editora Rocco, 1986. TAYLOR, Edward Burnett. A ciência da cultura. Editora Expresso Zahar, 2014.
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