Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Abdome 2M3 – PÂNCREAS E BAÇO PÂNCREAS: • Anatomia • Pancreatite • Cistos • Trauma • Tumores benignos e malignos O pâncreas começa com 2 processos distintos. O processo uncinado e parte da cabeça nascem separados do pâncreas principal. O pâncreas tem um ducto pancreático principal chamado de ducto de Wirsung. Desemboca na ampola de vater junto com ducto colédoco. Ele se liga ao colédoco para jogar o suco pancreático, da parte exócrina do pâncreas que libera amilases e lipases. Muitas vezes um cálculo pode migrar pelo colédoco e impactar na ampola. A ampola é uma estrutura muito rígida que impede que conteúdo fecal entre para os ductos colédoco e pancreático. Quando o cálculo impacta, acaba dilatando e isso faz o extravasamento do suco pancreático e acaba provocando uma pancreatite junto com a inflamação do colédoco e da vesícula. O pâncreas é muito bem vascularizado por diversas fontes. Recebe ramos arteriais de mais de uma artéria principal – tronco celíaco e artéria mesentérica inferior – parte da irrigação do duodeno é dividida com o pâncreas. Parte principal vem da artéria esplênica. A artéria hepática lança ramo que participa da irrigação da cabeça do pâncreas. O pâncreas tem 2 funções: • Ajudar na digestão – liberando lipases e amilases • Endócrina – produção de insulina e glucagon Por isso quando tem processo inflamatório no pâncreas o pct fica diabético e precisa de reposição de insulina na BIC. MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS PANCREÁTICAS: • Pâncreas divisum (PD): É uma ausência de fusão ou uma fusão incompleta da porção ventral e dorsal do pâncreas, principalmente dos canais de drenagem, Wirsung e Santorini. O PD é a malformação congênita do pâncreas mais comum. Por definição, encontra-se um pâncreas com dois canais separados e orifícios de drenagem independentes. • Pâncreas anular: É um envolvimento circular do duodeno pelo pâncreas. Essa malformação é diagnosticada nas primeiras semanas de vida e poucos casos são descritos no adulto. • Agenesia dorsal do pâncreas (ADP): Também conhecida como pâncreas congênito curto. É uma malformação congênita rara, em que existe apenas um sistema canalicular pancreático, com ausência de canal de Santorini, ausência de corpo e cauda do pâncreas. • Síndrome do canal comum: É uma malformação congênita dos canais, pancreático e biliar, cuja relevância clínica resulta da má junção pancreatobiliar também denominada de síndrome do canal comum. 2 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P • Pâncreas ectópico: Definido como tecido pancreático em localização aberrante, sem ligação com o órgão principal. • Cisto pancreático congênito: É uma entidade rara, particularmente no adulto. Estão localizados no corpo e na cauda do pâncreas e não têm comunicação com o canal pancreático Pâncreas Divisum: Reforma linear curvada do conjunto de dados de TC transversal seguindo o curso dos dutos através da glândula representa o ducto dorsal (seta branca longa), ducto ventral (seta preta longa) e a bílis comum duto (seta preta curta). O ducto dorsal é mais largo do que o ducto ventral; este é o sinal do ducto dorsal dominante. Normalmente só se tem um ducto pancreático comum. Se ver mais de um, sabe-se que tem um ducto pancreático acessório. Quase sempre esse ducto acessório se liga ao duodeno – ajuda quando o cálculo impacta. Mas quando esse ducto acessório não tem ligação nenhuma com o ducto principal, o pâncreas fica dividido – 2 pâncreas: as vezes pode ocorrer inflamação extensa do pâncreas principal e o outro fica intacto. Pâncreas anular: Radiografia do abdome mostrando distensão gasosa no estômago e duodeno, com pobreza de gás distalmente, caracterizando o sinal da “dupla bolha”. B,C: Ultrassonografia do abdome demonstrando o tecido pancreático (cabeças de setas em B) envolvendo parcialmente o duodeno (setas em C). D: Fotografia obtida durante laparotomia confirmando a presença do tecido pancreático (setas) envolvendo o duodeno. Imita o estreitamento do duodeno. O pâncreas nasce dividido em 2. As vezes a parte que formaria o processo uncinado da cabeça fica hipertrófica e se liga a cabeça dando uma volta no duodeno. Parte do pâncreas vem por trás e outra pela frente e o duodeno se estreita. Atresia duodenal e sinal da dupla bolha. Sinal da dupla bolha é: duodeno distendido. Agenesia dorsal do pâncreas: Imagens de tomografia computadorizada de uma paciente com agenesia dorsal pancreática e pancreatite aguda. Ausência de corpo e cauda do pâncreas. Círculo vermelho indica a presença da cabeça e do colo e ausência do corpo e cauda. Isso pode simular doença. Se tem um processo inflamatório e parte do pâncreas morre, ele cicatriza formando tecido adiposo. Se vê pct que não tem parte do pâncreas, pode supor que ele teve pancreatite. Nessa imagem só sobrou cabeça de pâncreas. Pct não vai ter problema – é assintomático. PANCREATITE: Pancreatite aguda é um processo inflamatório agudo decorrente da autodigestão do pâncreas causado pelas próprias enzimas pancreáticas, podendo ou não envolver outros tecidos regionais, órgãos ou tecidos a distância. Pode ser classificada em: • pancreatite aguda leve ou edematosa e • pancreatite aguda grave ou necrohemorrágica. 3 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P As principais causas relacionadas à pancreatite aguda são a litíase biliar e o etilismo. Outras causas podem ser hiperlipemias, pancreatite hereditária, hiperparatireodismo, hipercalcemia, anormalidades anatômicas (pâncreas divisum), medicamentos (quimioterápicos, retrovirais), infecções virais (Coxsackie vírus), doenças vasculares, procedimentos cirúrgicos (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, pós – operatório de cirurgias abdominais e cardíacas), trauma abdominal e fibrose cística. No Brasil e EUA, a incidência média de pancreatite aguda é, respectivamente, de 19 e 65 casos por 100 mil pessoas ao ano. Nos EUA 220 mil internações ao ano são devido a episódios de pancreatite aguda. A incidência é maior em homens e idosos. A ultrassonografia, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética abdominal podem ser utilizadas para confirmar o diagnóstico, determinar se há complicações presentes, avaliar a evolução da doença e auxiliar no diagnóstico diferencial. O diagnóstico diferencial compreende cólica biliar, doença péptica, perfuração intestinal, isquemia mesentérica, obstrução intestinal, infarto do miocárdio, aneurisma dissecante de aorta e prenhez ectópica. Dos pacientes internados por pancreatite aguda, 20 a 30% evoluem para a forma grave. A mortalidade geral na pancreatite aguda é estimada em 5%. Entretanto, na forma grave com necrose pancreática estéril a mortalidade aproxima-se a 10%, podendo chegar a 30% quando há necrose pancreática infectada. Índice de gravidade da TC: O índice de severidade da TC (ISTC) combina o grau de Balthazar (0-4 pontos) com a extensão da necrose pancreática (0-6 pontos) em uma escala de gravidade de 10 pontos. No dia da admissão, os sistemas de pontuação baseados em imagens não superam os sistemas de pontuação baseados em parâmetros clínicos e bioquímicos em relação à previsão do resultado clínico. Portanto, a realização de TC no dia da internação apenas para fins de previsão não é recomendada. Utiliza a TC! 7-10 é alta – vai direto para UTI. 0-3 – leve. 4-6 moderado. Pancreatite aguda leve: Ao US pâncreas (setas) aumentado de volume e difusamente hipoecogênico, com redução da ecogenicidade periférica (coleções) e aumento da ecogenicidade da gordura adjacente (por inflamação). Pâncreas normal: Na frente do pâncreas tem o fígado. Gordura envolta do pâncreas branca – normal. Sem sinal de edema ou necrose – ecogenicidade homogênica. Quem contorna o pâncreas é a veia porta. 4 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICOPOR IMAGEM | 7°P 2ª imagem: pâncreas heterogêneo, volume aumentado. Coleção envolta do pâncreas – coleção peripancreática. Não tem necrose – pancreatite leve. Mas USG não é para fazer escala e classificar. Sempre indica TC com contraste pq necrose não é fácil de ver no USG. Estas imagens são de um paciente que apresentou dor epigástrica aguda e intensa, muito sugestiva de pancreatite aguda. No entanto, o nível de amilase estava dentro dos níveis normais. Foi realizado uma tomografia computadorizada com contraste e as descobertas são: A maior parte do pâncreas é normal. Algum edema do processo uncinado da cabeça do pâncreas (seta azul). Edema na gordura peripancreática (seta amarela), compatível com pancreatite intersticial. Não houve complicações e foi feito o diagnóstico de pancreatite leve. Seta amarela indica borramento da gordura – todo processo inflamatório de estrutura abdominal gera borramento da gordura. O borramento é a gordura estar branca/cinza (era para estar preta). Contorno mal definido – a gordura envolta reage ao processo inflamatório. Pancreatite intersticial aguda. Pâncreas de realce normal com edema e pouco acúmulo de gordura peripancreática (setaslongas à esquerda e cabeça de seta à direita). Contorno do pâncreas mal definido. Gordura envolta borrada – hiperemia. A ressonância magnética é melhor na detecção de pancreatite aguda leve e na elucidação da causa da pancreatite aguda com alta sensibilidade e especificidade para coledocolitíase e anomalias pancreáticas congênitas. A sequência ponderada em T2 mostra pouco edema Peri pancreático (setas) ao redor do corpo e da cauda do pâncreas. Em geral, pancreatites graves causam necrose – mata o tecido pancreático. Nessa imagem é pancreatite leve: pâncreas normal com borramento da gordura. Pancreatite aguda grave: Pancreatite necrotizante A necrose do parênquima pancreático ou dos tecidos peripancreáticos ocorre em 10-15% dos pacientes. É caracterizada por um curso clínico prolongado, alta incidência de complicações locais e alta taxa de mortalidade. Existem 3 subtipos de pancreatite necrosante: • Necrose do parênquima pancreático e dos tecidos peripancreáticos (mais comum). • Necrose apenas de tecido extrapancreático sem necrose do parênquima pancreático (menos comum). • Necrose do parênquima pancreático sem necrose circundante do tecido peripancreático (muito rara). A necrose do parênquima pancreático pode ser diagnosticada em TC com contraste ⩾ 72 horas. A necrose do tecido peripancreático pode ser difícil de diagnosticar, mas suspeita-se quando a coleção não é homogênea, ou seja, várias densidades na TC. 5 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P A TC mostra pancreatite aguda necrosante. O corpo e a cauda do pâncreas não realçam. Há realce normal da cabeça do pâncreas (seta). Mais de 50% do pâncreas está necrótico e há pelo menos duas coleções (círculos vermelhos). Balthazar: 4 + 6 = 10 pontos. Com contraste. Fígado com inflamação em volta. Gordura é preta. Estômago, fígado e rim brancos – contraste. O pâncreas morreu – não tem como injetar contraste e ele não realçar o pâncreas – necrose pancreática. Circulado em vermelho é coleção dentro da gordura – coleção de sulco pancreático que extravasa do pâncreas. As lipases quebram gordura, ou seja, destroem a gordura em volta. A necrose é limpa – não tem bactéria. Com o tempo, o organismo reage ao processo inflamatório e forma cistos. Os achados são: Necrose do pâncreas; Coleção não homogênea no tecido peripancreático (círculo). É necrose – o pâncreas não realça como as outras estruturas. As descobertas são: Realce normal de todo o pâncreas. Extensas coleções peripancreáticas, que apresentam densidades líquidas e não líquidas na TC. Há pelo menos duas coleções, mas sem necrose do parênquima pancreático (ISTC: 4). No dia 18 há expansão das coleções peripancreáticas e uma parede incompleta está presente. No dia 5 esta coleção pode ser diagnosticada como provável coleção necrótica aguda. No dia 18, uma parede incompleta está presente, mas podemos supor que em alguns dias será uma parede de necrose com uma parede completa. Quando as coleções peripancreáticas persistem ou aumentam, geralmente é devido à presença de necrose gordurosa. Dia 5 evoluindo e organizando. Dia 18 o pâncreas não morreu inteiro e formou coleção envolta do pâncreas – pct sobrevive, é só drenar. Há uma coleção peripancreática homogênea bem demarcada no saco menor (círculo vermelho), que confina com o estômago e o pâncreas. A paciente não apresentou febre. A coleção foi submetida a drenagem percutânea com sucesso (seta azul), que apresentou líquido límpido com amilase elevada e posteriormente resolvido juntamente com os sintomas do paciente. Portanto, esta coleção mostrou ser um verdadeiro pseudocisto pancreático. Um pseudocisto é uma coleção de suco pancreático ou fluido envolto por uma parede completa de tecido fibroso. Ocorre na pancreatite intersticial e a ausência de tecido necrótico é imprescindível para o seu diagnóstico. Pode haver comunicação com o ducto pancreático. Um pseudocisto requer 4 ou mais semanas para se desenvolver. O diagnóstico diferencial inclui necrose isolada e, às vezes, um pseudoaneurisma ou mesmo um tumor cístico. 6 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P A maioria das coleções que persistem após 4 semanas são necrose isolada. Na imagem superior há uma coleção na área da cabeça do pâncreas no espaço pararrenal anterior direito. Nesta fase, não é possível distinguir entre uma coleção líquida peripancreática aguda e uma coleção necrótica aguda. Em uma varredura de acompanhamento, a coleção no espaço pararrenal anterior direito aumentou de tamanho. Tem densidade fluida e uma parede fina. Isso pode ser um pseudocisto ou necrose isolada e pode ou não estar infectado. A paciente apresentou quadro séptico e foi realizada drenagem percutânea. Após a drenagem, a coleção mal diminuiu de tamanho pois o material era espesso. A coleção se organiza pq a gordura envolta está inflamando e reagindo ao líquido altamente inflamatório (suco pancreático) e aí a gordura encapsula esse líquido, localizando a coleção. Se a capsula romper dá problema – tem que entrar com o dreno e tirar antes que complique. Aqui vemos uma coleção pancreática e peripancreática homogênea, bem demarcada com parede realçada, no dia 25 de um episódio de pancreatite aguda necrosante. Este paciente teve febre e falência múltipla de órgãos. Portanto, essa coleção era suspeita de ser uma necrose isolada infectada e não um pseudocisto. Na cirurgia, a coleção continha muitos detritos necróticos, que não foram visualizados na TC. Esses casos ilustram que às vezes a TC não pode diferenciar com segurança entre coleções que consistem apenas em fluido e aquelas que contêm fluidos e detritos necróticos sólidos com ou sem infecção. Coleção bem organizada Este caso é um exemplo típico de necrose pancreática infectada. No dia 1, há aumento do pâncreas e parece apenas uma pancreatite intersticial leve. No dia 3 não há realce do pâncreas, consistente com necrose. A necrose também envolve o tecido peripancreático. Portanto, esta é uma coleção necrótica aguda. No dia 17, há bolhas de gás na coleção necrótica consistente com necrose pancreática e peripancreática infectada. Uma parede envolve a coleção. 7 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Dia 17 – bolhas de ar. O processo inflamatório gera uma coleção que tem que ser asséptica – não tem bactéria no meio. Se aparece qualquer bolha de ar, deixa de ser coleção e virou abscesso. Neste paciente, há realce normal do pâncreas com coleções necróticas agudas heterogêneas septadas circundantes com densidades de fluido e gordura. Duas semanas depois, há bolhas de gás na coleção peripancreática (setas amarelas) consistente com umacoleção necrótica aguda infectada. Este paciente foi submetido a cirurgia. O cirurgião removeu uma grande quantidade de tecido necrótico e estimou ter removido mais de 90% do pâncreas. Uma TC realizada 6 meses após a cirurgia mostrou um pâncreas normal. Isso indica que durante a cirurgia a diferenciação entre necrose pancreática e necrose dos tecidos peripancreáticos às vezes é impossível. A necrose central do pâncreas é uma forma específica de pancreatite necrotizante, representando necrose de espessura total entre a cabeça e a cauda do pâncreas e quase sempre está associada à ruptura do ducto pancreático. Isso leva a coleções persistentes, pois a cauda pancreática viável continua a secretar sucos pancreáticos. Dissocia a cabeça do pâncreas – joga o sulco pancreático no meio da coleção. TC versus RM na necrose isolada. A TC (topo) mostra necrose isolada substituindo grande parte do parênquima pancreático. A RM ponderada em T2 correspondente (abaixo) mostra com precisão o material necrótico (pontas de seta) dentro da coleção. 8 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Muitas áreas de necrose LESÕES TRAUMÁTICAS DO PÂNCREAS: O pâncreas é vulnerável a lesões por esmagamento em trauma contuso por impacto contra a coluna vertebral. Dois terços das lesões ocorrem no corpo pancreático. Os sintomas e achados clínicos geralmente são inespecíficos e não confiáveis. A tríade clássica da febre, leucocitose e a elevação dos níveis séricos de amilase raramente é encontrada. Lesões na cabeça do pâncreas são fatais em 28% dos casos, contra 16% das lesões da cauda, devido ao envolvimento das estruturas vasculares locais. A TC é usada como primeira linha no paciente com trauma agudo e pode ser útil na definição de lesões no pâncreas e complicações associadas. Sinais diretos de lesão pancreática incluem laceração pancreática, transecção e cominuição. Coleções líquidas, como hematomas, pseudocistos e abscessos, são frequentemente observadas. Aumento focal do pâncreas e líquido peripancreático são sugestivos de lesão pancreática e fratura fraca as linhas podem ser vistas em uma inspeção mais próxima. Aderência de gordura peripancreática, hemorragia e fluido entre a veia esplênica e o pâncreas são sinais secundários úteis. Trauma pancreático: Fratura do colo do pâncreas em mulher de 35 anos após colisão automobilística. (a, b) Tomografias computadorizadas axiais com contraste mostram extensas lacerações hepáticas (a) e uma linha de fratura no colo do pâncreas (cabeça de seta em B). (c) A imagem ultrassonográfica (US) transversal mostra fluido separando os fragmentos pancreáticos no local da fratura (seta). (d) A imagem da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) mostra uma grande coleção de material de contraste extravasado (cabeças de seta), o que indica ruptura do ducto pancreático. O raio x é feito como complemento de uma endoscopia – CPRE. As setas indicam que o contraste extravasou – tem dissociação entre a cabeça e a cauda causada por trauma pancreático. Fratura pancreática com rompimento do ducto pancreático em homem de 27 anos após colisão de veículo motorizado lision. (a) TC axial com contraste obtida na apresentação mostra uma fratura do colo do pâncreas (seta). (b) TC axial com contraste obtida no dia 6 mostra coleções fluidas em expansão. O segmento do ducto pancreático a montante das coleções é claramente demonstrado (seta). (g, h) Imagens de RM ponderadas em T1 (g) e em T2 (h) com supressão de gordura obtidas 1 mês depois mostram resolução do fluido coleções com uma linha de fratura residual (setas). O que está preto não está realçando – fratura. Pct começou a fazer coleções. (Topo) Laceração pancreática superficial sem lesão do ducto em um homem de 19 anos após uma colisão de veículo automotor. A TC com contraste axial mostra uma laceração da cauda pancreática distal (setas em a, seta em b). Lesões do ducto pancreático não foram observadas na laparotomia. O paciente se recuperou após tratamento conservador. 9 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P (Embaixo) Laceração pancreática profunda com lesão do ducto em uma menina de 14 anos após uma colisão de veículo automotor. A TC axial com contraste mostra um pâncreas lacerado que envolve mais de 50% da espessura do parênquima (seta). Observe o espessamento da cauda pancreática e o líquido circundante. Transecção do ducto pancreático foi confirmado na cirurgia, e foi realizada ressecção da cauda pancreática. TUMORES PANCREÁTICOS: O câncer de pâncreas é a quarta maior causa de morte por câncer nos Estados Unidos e na Europa, com mais de 100.000 mortes por ano somente na Europa. A sobrevida global em 5 anos varia de 2 a 7% e quase não melhorou nas últimas duas décadas. Aproximadamente 15% de todos os pacientes têm doença presumivelmente ressecável no momento do diagnóstico e, desses, apenas um subgrupo tem um tumor ressecável na exploração cirúrgica. A ressecção completa do tumor é o único tratamento curativo, mas o câncer de pâncreas raramente é detectado em estágio inicial, pois 40% dos pacientes apresentam metástases à distância e 40% apresentam câncer de pâncreas localmente avançado (CPLA), irressecável. O envolvimento de estruturas vasculares críticas é o fator mais importante, que determina a ressecabilidade de um adenocarcinoma pancreático. Ao mesmo tempo, é um importante preditor de sobrevivência. Achados adicionais importantes de interesse para o cirurgião, que são facilmente negligenciados são: Invasão perineural, Invasão da raiz do mesentério, Invasão do mesocólon. O primeiro sinal clínico de um tumor de pâncreas é icterícia – invade o colédoco. Câncer de pâncreas: Uma reformatação coronal mostra um pequeno tumor na cabeça do pâncreas (pontas de seta) com obstrução do ducto biliar comum. Parece haver apenas contato limitado com a veia porta (seta). Invasão de vaso é um sinal clássico de tumor de pâncreas. Não tem plano de clivagem – clivagem é a separação, ou seja, não tem plano entre o vaso e o tumor, ou entre a víscera e o tumor – o tumor vai invadindo as estruturas envolta. Uma reformatação coronal mostra um pequeno tumor na cabeça do pâncreas (pontas de seta) com obstrução do ducto biliar comum. Parece haver apenas contato limitado com a veia porta (seta). Sinal de lágrima - Refere-se a uma mudança na forma do PV ou SMV de oval ou redondo para uma lágrima. Isso pode ser causado pelo envolvimento do tumor ou amarração por fibrose adjacente. Irregularidade do contorno do vaso - A irregularidade de um vaso é sugestiva de invasão vascular. Ainda mais nas artérias, já que a parede de uma artéria é mais espessa do que a de uma veia. Trombose - A presença de trombo em uma artéria é sugestiva de invasão vascular. O tumor costuma causar trombos dentro da veia porta A TC axial mostra: Tumor no corpo do pâncreas (ponta de seta branca). Focal < 90º de contato com a SMA. Contato mais extenso de 90º – 180º com o SMV , que é levemente estreitado e deformado (seta amarela). Dilatação do ducto pancreático A reconstrução coronal mostra: A irregularidade da 10 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P parede do vaso da VMS é melhor apreciada nesta reformatação coronal (seta). Tumor no corpo do pâncreas (ponta de seta branca). Trombose em ramos laterais da SMV (pequenas setas verdes). Um carcinoma do processo uncinado pode facilmente envolver o mesentério jejunal, espalhando-se ao longo desta via. Os primeiros ramos jejunais da AMS e VMS servem como marcos para identificar esse tipo de invasão. Se a invasão for limitada, a ressecção e a reconstrução podem ser possíveis, mas uma invasão mais extensa é praticamente irressecável. Um carcinoma do processo uncinado pode facilmente envolver o mesentério jejunal, espalhando-se ao longo desta via. Os primeiros ramos jejunais da AMSe VMS servem como marcos para identificar esse tipo de invasão. Se a invasão for limitada, a ressecção e a reconstrução podem ser possíveis, mas uma invasão mais extensa é praticamente irressecável. Um carcinoma da cabeça do pâncreas envolvendo todo o mesentério jejunal e os ramos jejunais da AMS e VMS. O tumor apresenta uma invasão mais extensa e é praticamente irressecável. Invadindo artéria mesentérica – não dá para retirar. BAÇO: • Anatomia • Esplenomegalia • Cistos • Trauma • Tumores benignos e malignos Maior órgão do sistema linfático, faz reciclagem de eritrócitos. Polpa branca: funções imulógicas. Polpa vermelha: hemácias. Irrigado pela artéria esplênica. Dentro dele sinusoides – estrutura vascular. MALFORMAÇÕES ESPLÊNICAS: O baço é o maior órgão do sistema linfático e tem função imunológica e hematológica desempenhados 11 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P por duas polpas, uma branca, formada por tecido linfoide e que produz e armazena os linfócitos (células de defesa do corpo), e outra vermelha, que destrói as hemácias defeituosas e idosas e armazena células de defesa, liberando-as na circulação quando necessário. Comprimento normal do baço é de até 12 cm. • Esplenúnculo ou baço acessório: Os esplenúnculos, também conhecidos como baços acessórios, são pequenos nódulos do baço separados do resto do órgão. • Baço errante: Baço errante é uma condição rara na qual o baço migra de sua posição anatômica usual, geralmente para a parte inferior do abdome ou pelve. • Poliesplenia: Síndrome de poliesplenia é um tipo de síndrome em que há múltiplos baços. • Asplenia: Asplenia anatômica: ausência de tecido esplênico (pode ser congênita, adquirida ou iatrogênica). Asplenia funcional: tecido esplênico presente, porém não funcionante. • Baço bilobar: baço único apresentando dois grandes lobos. • Fenda esplênica (que pode simular laceração traumática). Baço acessório: Na TC massa com densidade igual a do baço, bem circunscrita com margens definidas, geralmente próxima ao baço. TC sem contraste e com cortes axial e sagital pós-contraste. Baço ectópico: Baço ectópico ou baço errante é uma condição rara na qual o baço migra de sua posição anatômica usual, geralmente para a parte inferior do abdome ou pelve. Imagens de TC pós-contraste mostram baço na região pélvica (b e c). Baço não fica na posição anatômica. O pedículo fica longo e pode torcer – os vasos fecham e o baço infarta. Única alteração com relevância clínica. Poliesplenia: A síndrome de poliesplenia, também conhecida como isomerismo esquerdo, é um tipo de síndrome congênita em que há múltiplos baços. Asplenia: Asplenia refere-se à ausência do baço, levando assim a função esplênica deficiente. TC pós-contraste demonstra a ausência do baço. Assintomático. Fígado ocupa o hipocôndrio esquerdo. TRAUMA ESPLÊNICO: Trauma esplênico pode ocorrer após trauma contuso ou penetrante ou secundário a intervenção médica (isto é, iatrogênico). O baço é o órgão interno mais freqüentemente lesado após trauma contuso. No trauma contuso, o baço pode ser responsável por até 49% das lesões de órgãos abdominais. Os pacientes podem apresentar quadrante superior esquerdo, dor torácica esquerda, dor na ponta do ombro esquerdo (referida por irritação diafragmática) e sinais de hipotensão ou choque. Tipos: laceração; hematoma: subcapsular (mais comum) ou intraparenquimatoso; hemorragia ativa; pseudoaneurisma ou fístula AV (em ~15% do trauma esplênico); infarto esplênico (raro). Trauma esplênico é classificado conforme o Sistema de Classificação de Lesão Esplênica - AAST. Diagrama simplificado que descreve cada grau de lesão esplênica de acordo com a atualização de lesões de órgãos da AAST de 2018. 12 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Grau III em diante tem necrose de mais de 50% tem que intervir cirurgicamente – pq pode se formar hematomas grandes. TC com contraste nas fases arterial e excretora (at e ex) mostra lacerações de alto grau no baço e rim esquerdo, com desvascularização do polo renal inferior. Laceração através do lobo hepático direito. Grande hemoperitônio. AT – arterial, EX – excretor. Exame que foi feito na hora e depois 15 min – com contraste. A coleção preta começa a realçar pq tem vaso grande jogando sangue dentro da coleção. Tem que ir para cirurgia. INFARTO ESPLÊNICO: O infarto esplênico é resultado de isquemia do baço e, em muitos casos, não requer tratamento. No entanto, a identificação da causa do infarto é essencial. Os infartos esplênicos podem ocorrer devido a vários processos, envolvendo o suprimento arterial, o próprio baço ou a drenagem venosa. Como tal, não há nenhum grupo demográfico afetado; em vez disso, os dados demográficos variam de acordo com a causa subjacente. Pacientes com infarto esplênico podem apresentar dor no quadrante superior esquerdo. Alguns podem apresentar sintomas constitucionais como febre e calafrios, enquanto outros podem até apresentar dor abdominal difusa. Devido à localização do baço, sob o hemidiafragma esquerdo, a dor referida no ombro esquerdo também é uma característica. Aproximadamente 40% dos pacientes com infarto esplênico são assintomáticos. TC nos cortes axiais pré e pós-contraste demonstram que o baço está aumentado e com densidade heterogênea, com numerosas áreas de baixa densidade que não realçam. O baço não capta o contraste pq está ocluído. HEMANGIOMA ESPLÊNICO: Os hemangiomas esplênicos, também conhecidos como malformações venosas esplênicas, embora sejam lesões raras, são considerados a segunda lesão focal mais comum envolvendo o baço depois dos cistos esplênicos simples e são os tumores benignos primários mais comuns do baço. Eles geralmente são encontrados incidentalmente e têm aparência de imagem semelhante aos hemangiomas hepáticos. Os hemangiomas esplênicos são constituídos por canais vasculares não encapsulados, não neoplásicos, de tamanhos variados, desde capilares a cavernosos, contendo sangue de fluxo lento. Esses vasos são revestidos com uma única camada de endotélio. A síndrome de Kasabach-Merritt, também conhecida como síndrome de trombocitopenia de hemangioma, é uma doença rara com risco para lactentes, na qual um tumor vascular de crescimento rápido é responsável por trombocitopenia, anemia hemolítica microangiopática e coagulopatia. US abdominal realizada e revela uma lesão hipoecóica bem definida no pólo superior do baço sem vascularização significativa. Tumor vascular benigno. Aparece preto no USG, sem vascularização. Tem que fazer TC para ter certeza. TC do abdome na fase arterial revela realce periférico da lesão esplênica com subseqüente preenchimento nas fases tardias. Massa esplênica ovoide bem definida de localização subcapsular, com tênue baixo sinal para o 13 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P parênquima esplênico em T1, leve sinal alto heterogêneo em T2, com realce centrípeto capsular e progressivo na fase arterial, e preenchimento centrípeto progressivo na fase venosa portal e preenchimento quase completo na fase tardia. LINFANGIOMA ESPLÊNICO: Os linfangiomas esplênicos são tumores benignos relativamente raros que correspondem à dilatação anormal dos canais linfáticos, podendo ser congênitos ou adquiridos. Na imagem, eles geralmente se apresentam como lesões císticas lobuladas e multiloculadas sem componente sólido ou realce significativo. A maioria ocorre em crianças, raramente foram relatados em adultos. A apresentação varia de achado incidental assintomático a uma grande massa sintomática multicêntrica que requer intervenção cirúrgica. Pode ocorrer isoladamente no baço ou como parte de uma linfangiomatose sistêmica. A parede cística e os septos são compostos por faixas finas de tecido fibroso revestidas por endotélio brando, cujanatureza pode ser confirmada por imuno-histoquímica por meio de marcadores endoteliais (CD31, podoplanina); isso pode ser necessário para descartar uma lesão epitelial cística. As paredes/septos fibrosos do cisto podem mostrar calcificação focal. No US o baço é substituído por múltiplas estruturas císticas de tamanhos variados. Cistos no meio do baço – irregulares, septos espessos, calcificados. Na TC o baço apresenta múltiplas lesões císticas de tamanhos variados, algumas com calcificações septais e murais. ANGIOSARCOMA ESPLÊNICO: Os angiossarcomas esplênicos são neoplasias esplênicas malignas raras. O termo geralmente é usado para descrever um angiossarcoma primário do baço, embora angiossarcomas em outros lugares também possam raramente metastatizar para o baço. Apesar de sua absoluta raridade, o angiossarcoma esplênico é considerado a neoplasia esplênica primária não hematolinfóide mais comum. Não há predileção reconhecida por gênero (ocorre quase igualmente em mulheres e homens). São comumente vistos em pacientes mais velhos. A TC pode mostrar massas nodulares solitárias ou múltiplas de baixa atenuação heterogênea em um baço aumentado; necrose e áreas hemorrágicas podem explicar a heterogeneidade. Geralmente há contornos irregulares e mal definidos. Grandes coleções sanguíneas subcapsulares intraesplênicas ou extracapsulares periesplênicas ocasionais (hemoperitônio) podem estar presentes. Algumas dessas massas podem apresentar realce periférico com as margens das lesões muitas vezes irregulares ou mal definidas. Imagens de uma mulher de 72 anos com dor epigástrica. (a) O espécime ressecado mostra múltiplos nódulos tumorais na periferia da borda (setas brancas) e uma área central de tumor com necrose e fibrose (setas pretas). (b) A imagem transversal dos EUA do baço mostra uma massa solitária com borda ecogênica (seta) e centro hipoecogênico (cabeça de seta). Os resultados do Doppler mostraram que essa borda era hipervascular. (c) A tomografia computadorizada de fase venosa portal precoce com contraste mostra uma massa solitária de 6 cm com realce de contraste na borda (seta branca) e diminuição atenuação no centro (ponta de seta). Duas massas realçadas (setas pretas) são vistas no fígado. Imagens de uma mulher de 62 anos com dor abdominal superior. (a) Superfície cortada do espécime ressecado mostra áreas escuras de infarto e hemorragia (setas) na periferia e áreas centrais de um tumor vascular (setas). (b) Portal inicial com contraste transverso A TC de fase venosa mostra massas realçadas (setas) no centro de um grande baço. A periferia do baço apresenta baixa atenuação, sugerindo infarto e necrose. O fígado contém múltiplas metástases hipervasculares (pontas de seta) variando em tamanho de alguns milímetros a 1– 2 cm. (c) Na imagem de RM gradiente-eco ponderada em T1 transversal pré-contraste, a massa substitui o baço por áreas irregulares irregulares de alto sinal intensidade. O fígado tem áreas difusas de alta intensidade de sinal semelhantes ao baço. (d) A imagem de RM gradiente-eco ponderada em T1 pós- contraste mostra intensa intensificação do contraste do centro (setas) da lesão e de múltiplos nódulos metastáticos no fígado. 14 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P METÁSTASES ESPLÊNICAS: Metástases esplênicas são relativamente raras em exames de imagem, embora sejam mais comumente encontradas em autópsias. Normalmente, eles fazem parte de uma doença metastática generalizada. A taxa de metástases esplênicas varia entre 1-10% dos estudos de autópsia, dependendo se foram incluídas metástases microscópicas ou macroscópicas. Mais comumente, as metástases são uma massa esplênica solitária (sólida ou cística), raramente podem ser infiltrativas. Locais mais comuns: melanoma maligno cutâneo (mais comum); mama; ovário; câncer colorretal; carcinoma endometrial; câncer de intestino; câncer de pulmão; carcinoma renal de células claras e tumor neuroendócrino pancreático. No ultrassom nota-se massas bem definidas solitárias ou múltiplas, mais comumente aparece como uma lesão hipoecóica (aparência alvo), embora possa ser iso ou hiperecóica. Na TC as massas são geralmente hipoatenuantes e com componentes císticos. Os achados da TC são consistentes com massa infiltrativa da cauda do pâncreas, provavelmente adenocarcinoma, invadindo a flexura esplênica do cólon, polo superior do rim esquerdo, adrenal esquerda, envolvendo e atenuando a artéria renal esquerda, veia e artéria esplênica, com trombose da veia esplênica, linfadenopatia, nódulos secundários no fígado esparsos. O diagnóstico foi comprovado por biópsia. Uma massa de baixo realce de 70 × 40 mm é observada na cauda pancreática que invade o baço adjacente. Múltiplas linfadenopatias são observadas nas proximidades do segmento doente. Numerosas massas de baixo realce são evidentes no fígado com menos de 55 mm. Algumas massas de baixo realce também são observadas no baço com menos de 50 mm. Uma pequena quantidade de líquido livre é vista no espaço peri-hepático e na goteira paracólica esquerda.
Compartilhar