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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE
Processo: XXX
Thallys Japanese, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que lhe move o Ministério Público, vem, respeitosamente à presença de vossa excelência, por intermédio de seu advogado, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas 
I – DOS FATOS 
Conforme consta da inicial acusatória, Thallys Japanese dirigiu-se a “Farmácia do Dias” tendo ali comprado algumas mercadorias, e, ao final, apresentou as notas falsas para pagar por elas. Neste momento, a funcionária Matutina suspeitou da autenticidade das cédulas, e as submeteu a teste em uma máquina, identificando as notas como inautênticas. O dono do estabelecimento, ciente da situação, comunicou o fato a Polícia Militar, que prendeu o Acusado em flagrante delito.
II – DO DIREITO
II.I – DAS PRELIMINARES PROCESSUAIS 
A) Da incompetência do juízo
Conforme extrai-se dos autos, o juízo da Vara Criminal de Belo Horizonte recebeu denúncia do Ministério Público contra Thallys Japanese pela prática do crime de circulação de moeda falsa, tipificado pelo art 289 §2° do CP.
Ocorre que a pena máxima cominada para tal tipo é de até dois anos, sendo desta forma considerada infração de menor potencial ofensivo, ou seja, aquela que a pena máxima cominada não ultrapasse dois anos, conforme art 61 da lei 9.099/95, devendo ser processado no Juizado Especial Criminal.
Sendo assim, os atos estão eivados de nulidade por não seguir o rito da lei n° 9.099/95, vez que neste rito há institutos despenalizadores, como é o caso da transação penal e composição civil dos danos, o que evitaria o oferecimento da denúncia. O acusado foi prejudicado porque não lhe foi dada tal oportunidade, e este não pode ser beneficiado com tais institutos. Com fulcro no art 564, IV do CPP, ocorreu nulidade dos atos, vez que houve omissão de formalidade que constituía elemento essencial destes, não sendo assegurado ao acusado os meios e recursos a ele inerentes. 
Desta forma, requer seja declarada incompetência deste juízo e seja remetido o processo ao juízo competente, por inteligência dos arts 564, incisos I e IV e 567, caput do CPP, c/c art 5 inciso LV da Constituição Federal.
II.II Da preliminar de mérito.
O crime de circulação de moeda falsa ( art 289 §2° do CP) prevê pena máxima de 2(dois) anos, e conforme previsão do art 109, inciso V, a prescrição para crimes cuja pena máxima é igual a 1(um) ano ou não excede a 2(dois), verifica-se em 4(quatro) anos.
Observa-se também, em consonância com os dispositivos legais citados acima, que o autor dos fatos era maior de 70 anos na data do recebimento da denúncia, desta forma, mediante o disposto no art 115 do Código Penal o prazo prescricional computa-se pela metade. 
Neste diapasão, o fato ocorreu em 23/04/2016 e o juízo desta vara só veio a receber a denúncia no dia 13/08/20, ou seja, após quatro anos, sendo necessário somente 2 (dois) para ocorrência da prescrição. Conforme art 117, inciso I, do CP, o curso da prescrição interrompe-se pelo recebimento da denúncia, sendo certo afirmar que no momento que foi recebida esta denúncia o crime já estava prescrito.
Requer, portanto, que seja declarada extinta a punibilidade do agente nos termos do art 107, IV do CP e do art 397 IV do CPP.
III – Dos Pedidos 
Diante do exposto requer.
A) Seja reconhecida a preliminar processual de incompetência, a fim declarar nulidade pela incompetência do juízo e pelo descumprimento do rito do JECRIM, sendo remetido o processo àquele juízo competente, se for o caso, nos termos do art 564, incisos I e IV, e 56 caput do CPP;
B) Seja reconhecida a preliminar de mérito da prescrição, a fim de declarar extinta a punibilidade do agente, nos termos dos arts 107, IV do CP e 397, IV do CPP
C) Seja absolvido Sumariamente o acusado, nos termos do art 397, inciso I do CPP
D) Por fim pretende provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente por interrogatório pessoal.
Nestes termos, pede deferimento
Belo Horizonte/MG, 24 de Agosto de 2020
João Paulo Almeida
OAB: XXX

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