Buscar

1 Biogeografia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Infográfico
FIGURA 1 - Infográfico
Fonte: Desenvolvido pelo Autor
CLIQUE AQUI E VEJA A DESCRIÇÃO DO INFOGRÁFICO
Descrição da imagem: A figura mostra uma espécie de mapa da fauna e da flora.
Texto do infográfico: Deriva Continental e Divisão das Espécies
• Mesma espécie vegetal encontrada
• Mesma espécie animal encontrada
Fonte: Autoria Própria
FIGURA 2 - Diversidade
Pixabay
A ONU (Organização das Nações Unidas) definiu a década 2021-2030 para a Restauração de Ecossistemas,  sendo uma convocação para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, para benefício das pessoas e da natureza. Conforme o site oficial da ONU no Brasil:
A Década da ONU está construindo um movimento global forte e amplo para acelerar a restauração e colocar o mundo no caminho para um futuro sustentável. Isso incluirá a construção de esforço político para a restauração, bem como milhares de iniciativas locais (2021, documento eletrônico).
Pense um pouco
Com base neste documento qual é o objetivo a ser empregado para a preservação da fauna terrestre?
Respostaesperada
O Objetivo nº 15, que é proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade (2022, documento eletrônico).
O que é Biogeografia?
FIGURA 3 - Biogeografia
FIEP
De acordo com Sousa e Medeiros (2020), a biogeografia tem por finalidade estudar a distribuição de todos os seres vivos no espaço, relacionando-os ao tempo. Assim, torna-se uma ciência enigmática que abrange diversas áreas do conhecimento.
Ao longo do tempo, no estudo da biogeografia, diversos filósofos se aprofundaram nessa ciência e faziam questionamentos como: qual seria o motivo de uma espécie viver somente naquela área? Por que não houve migração? Por que em determinadas áreas vivem diversas espécies de seres vivos e em outras não? Por que há mais espécies em uma área tropical do que em polares por exemplo? Todos esses questionamentos buscavam compreender a vida e a distribuição dos seres no planeta. Entre os filósofos envolvidos podemos destacar: Carolus Linnaeus (1707 -1778), Charles Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823 -1913), todos foram muito importantes no estudo da biogeografia.
Entretanto, sabe-se que as espécies apresentam uma distribuição em todo o globo terrestre, sendo umas das específicas de uma região e outras com grande distribuição geográfica, atingindo diversos países e continentes. Com o intuito de entender a vida e o comportamento desses seres no planeta que nasceu a biogeografia, uma ciência que engloba diversas disciplinas, a qual podemos destacar a geografia, geologia, ecologia, paleontologia, entre outras.
Para entendermos como se dá a distribuição da biota - conjunto de todos os seres vivos de uma região - devemos avaliar três fatores importantes: o espaço, o tempo e a forma.
Áreas de Estudo da Biogeografia
A Biogeografia possui duas principais áreas de estudo:
Biogeografia Ecológica: Pesquisa os processos ecológicos que acontecem em curtos períodos de tempo e a maneira como isso impacta no padrão de distribuição das espécies.
Ela Aborda Questões como: O que leva uma espécie a ficar confinada à região em que vive? O que a habilita a viver ali e não em outras áreas? O que controla a diversidade de espécies encontradas em uma determinada região?
Biogeografia Histórica: Como o próprio nome diz, estuda os processos ecológicos que ocorrem ao longo da história e como isso influencia na distribuição dos seres vivos.
Essa Área Responde a Perguntas como: Quando um determinado padrão de distribuição começou a ter seus limites atuais e como os fatores ecológicos formaram essa distribuição? Quais são as espécies com parentesco mais próximo e onde são encontradas? Qual a história de um grupo e onde viviam os seus membros ancestrais?
Conceito e História da Biogeografia
Tradicionalmente, a Biogeografia foi dividida em duas subdisciplinas, Biogeografia Ecológica e Histórica, as quais são caracterizadas principalmente quanto às escalas de tempo e espaço que abordam.
A Biogeografia Ecológica analisa padrões em nível de população ou espécie, em escalas curtas de tempo e espaço, buscando relacionar os padrões de distribuição dos seres vivos com fatores bióticos e abióticos - tais como topografia, latitude, clima, tipo de solo, taxas de predação ou competição - e entender como esses fatores alteram ou mantêm a distribuição atual dos organismos em seus ambientes.
Já a Biogeografia Histórica - a qual será contemplada com mais detalhes neste capítulo - preocupa-se em analisar padrões em nível de espécies ou táxons supra específicos, em escalas temporais e espaciais maiores. O principal interesse dessa abordagem está relacionado a processos históricos que ocorrem por longos períodos de tempo e ao entendimento de como estes são responsáveis pelos padrões biogeográficos atuais. Contudo deve-se ressaltar que essa divisão é artificial, meramente didática e mascara a complexidade da Disciplina.
Os primeiros questionamentos relacionados à origem e distribuição dos seres vivos datam de séculos atrás, em um período no qual os pensamentos eram enraizados em explicações religiosas e no que estava escrito nos textos bíblico, sem qualquer fundamento científico. Alguns dos questionamentos mais antigos dos quais se tem conhecimento aparecem no Livro do Gênesis, no Antigo Testamento. Neste livro, existem as primeiras ideias de centro de origem e dispersão - os primeiros conceitos biogeográficos -, mencionados três vezes.
A primeira menção ocorre no mito do Jardim do Éden, onde Deus teria criado todos os animais, plantas e o primeiro casal humano, mas após o pecado, o homem, animais e plantas teriam-se dispersado, a partir do Éden, e colonizado outras áreas. O segundo caso é o mito da Arca de Noé, segundo o qual, após o dilúvio, a arca teria desembarcado no monte Ararat (atual território Turco) e, a partir de lá, o homem e todos os animais e plantas mantidos na arca teriam colonizado o restante do mundo. E, finalmente, a terceira menção aparece no mito da torre de Babel, com a história da diversificação dos povos e línguas.
Durante o século XVIII, o pensamento da época permanecia baseado nas explicações religiosas propostas pela Igreja. Foi nesse período em que viveu o primeiro nome de destaque no contexto histórico deste capítulo: Linnaeus. Ele é primeiramente reconhecido por sua contribuição na área da Biologia, com a criação da nomenclatura binominal e do sistema de classificação de seres vivos, ambos utilizados até os dias de hoje.
Além disso, sua curiosidade a respeito do mundo natural também o fez indagar sobre a origem e a distribuição dos seres vivos na Terra. Conterrâneo aos pensamentos da época, Linnaeus baseou-se no mito do Jardim do Éden para hipotetizar que todas as formas de vida haviam surgido em uma montanha paradisíaca, localizada próxima ao Equador (ideia de centro de origem), e depois se dispersado pelo restante do mundo.
De acordo com a explicação de Linnaeus, cada espécie estaria adaptada a determinada condição climática na montanha e, após sua dispersão, habitaria regiões com condições similares no planeta. Seguindo essa lógica, organismos adaptados às regiões mais frias de altitude da montanha se dispersariam para áreas frias do planeta, enquanto que aqueles que habitavam as regiões menos elevadas da montanha se dispersariam para as regiões mais quentes.
Segundo Linnaeus, essa mesma lógica explicaria a dispersão dos seres vivos a partir do Monte Ararat, local onde, segundo o mito bíblico do dilúvio, a Arca de Noé teria desembarcado. As ideias de Linnaeus a respeito da distribuição geográfica dos seres vivos foram apresentadas em uma publicação denominada Oratio de Telluris Habitabilis Incremento em 1744.
O século XVIII foi ainda marcado pelas grandes viagens exploratórias realizadas pelos naturalistas, as quais permitiram o vislumbre da enorme diversidade de espécies de plantas e animais, desconhecidasaté então. Com o início das descrições mais detalhadas sobre a distribuição dos seres vivos, os naturalistas da época começaram a se indagar sobre a veracidade das ideias criacionistas e a buscar explicações para entender o que gerava tais padrões de distribuição nas diferentes regiões da Terra.
Neste contexto, o naturalista George-Louis Leclerc, o Conde de Buffon (1707-1788), foi o primeiro a se opor às ideias de seu contemporâneo, Linnaeus. Buffon observou que diferentes áreas tropicais do mundo, mesmo aquelas com condições ambientais e climáticas similares, eram habitadas por espécies de mamíferos completamente distintas. Segundo Leclerc, a origem dos seres vivos deveria ter ocorrido em regiões próximas ao norte da Europa, e não próxima aos trópicos.
Ainda com essa hipótese, Leclerc defendia que, ao longo do processo de dispersão pelo globo, as espécies se modificavam mais quanto mais distantes de seu centro de origem. Essa ideia permitiu a formulação do primeiro princípio biogeográfico, conhecido como Lei de Buffon, o qual postulava que as diferentes regiões da Terra, apesar de compartilharem determinadas características, seriam habitadas por diferentes espécies de plantas e animais.
O alemão Johann Reinhold Forster (1729-1798) foi outro naturalista de destaque na época. Ao longo de suas viagens exploratórias pelo mundo, Forster coletou milhares de espécies de plantas não descritas até então e comprovou que a Lei de Buffon se aplicava não somente aos mamíferos, mas também às plantas e a outros animais. Por meio de suas observações, ele descreveu ainda os gradientes latitudinais de diversidade, salientando o aumento da riqueza de espécies em direção às baixas latitudes, em regiões tropicais.
Conterrâneo de J. Forster, Alexander von Humboldt (1769-1859) foi outro naturalista importante para o desenvolvimento da Biogeografia, que, depois de suas viagens exploratórias pelo mundo, generalizou ainda mais a Lei de Buffon para incluir plantas e a maioria dos animais terrestres conhecidos até então. Seu principal destaque, porém, foi resultado de sua ideia de escalar mais de 5800 metros para chegar ao topo do vulcão Chimborazo, localizado no Equador, durante uma de suas expedições à América do Sul. Graças a este feito, Humboldt observou que a riqueza de espécies de plantas diminuía conforme se aumentava a altitude. Segundo ele, existiam faixas de distribuição ao longo das diferentes altitudes, ou uma sucessão atitudinal - similares ao gradiente latitudinal de diversidade proposto por Forster -, as quais ele denominou zonas fisionômicas.
Durante o século XIX, o botânico suíço Augustin Pyramus de Candolle (1778-1841), inspirado nos trabalhos de Humboldt, teve grande contribuição para a consolidação da Biogeografia como ciência. A ele pode ser atribuída, por exemplo, a primeira distinção entre Biogeografia Ecológica e Histórica quando em 1820 cunhou, respectivamente, os termos ‘estações’ e ‘habitações’. Segundo ele, o primeiro termo se referia às causas físicas atuantes no presente, essencialmente ao clima e à topografia. Já o segundo termo estaria relacionado às causas externas, que ocorreram no passado, principalmente circunstâncias geográficas e geológicas.
Os conceitos formulados por de Candolle foram a primeira tentativa de explicar os fatores que levariam os organismos a se distribuírem em determinados locais, mas não em outros. Com essa linha de pensamento, esse autor observou que algumas espécies de planta apresentavam uma distribuição muito ampla, podendo ser encontradas em quase todas as regiões do planeta, enquanto outras estavam restritas a regiões singulares. Foi assim que, a partir dessas observações, de Candolle formulou o conceito de endemismo - usado para designar espécies restritas a uma única região e um dos conceitos centrais da Biogeografia Cladistica - e também uma das primeiras propostas de classificação do planeta em regiões biogeográficas de acordo com as espécies encontradas.
Biogeografia Evolutiva
FIGURA 4 - Evolução das patas de dinossauros e aves
Fonte: Pinterest
A escola da Biogeografia Evolutiva teve seu surgimento a partir das ideias de dois famosos naturalistas ingleses, Darwin e Wallace. Darwin e sua teoria da evolução por meio da seleção natural, além de sua indiscutível contribuição à Biologia, teve também implicações para a Biogeografia.
Antes do surgimento desse pensamento, os naturalistas da época limitavam suas explicações às descrições dos padrões de distribuição observados, sem destacar a questão do tempo, de forma que as explicações levavam em consideração principalmente aspectos ecológicos, mas não históricos. Assim, ao contrário da ideia fixista, de que as espécies seriam imutáveis, as ideias de Darwin permitiram combinar a teoria da evolução com o modelo de dispersão dos táxons. No entanto, apesar de Darwin e Wallace preocuparem-se com a distribuição dos organismos, ambos mantiveram as ideias a respeito de centros de origem e de dispersão como única força motora de diversificação (paradigma dispersa lista).
Wallace foi conhecido, principalmente, por ter proposto a teoria da evolução por seleção natural concomitantemente a Darwin. Na área da Biogeografia, Wallace é reconhecido como o pai da Zoogeografia, devido a sua proposta de regionalização do mundo em zonas zoogeográficas. Essa proposta foi baseada no trabalho do ornitólogo britânico Philip Sclater (1829-1913), publicado em 1858. Baseado na composição de espécies de aves nas diferentes áreas do globo, Sclater reconheceu a existência de duas grandes divisões, ou “locais de criação” - Velho e Novo Mundo -, as quais eram subdivididas em seis regiões biogeográficas. Em 1876, Wallace expandiu o número de regiões biogeográficas propostas por Sclater após a inclusão de outros grupos animais além das aves. As regiões biogeográficas estabelecidas por Wallace são reconhecidas até hoje.
Além disso, durante sua expedição às ilhas malaias, Wallace observou a existência de uma delimitação entre as ilhas do leste e do oeste do arquipélago quanto à distribuição das espécies.
Segundo ele, a fauna das ilhas a oeste era muito semelhante àquela encontrada na Ásia, enquanto que as espécies das ilhas a leste eram mais similares às espécies que habitavam a Austrália. Essa delimitação imaginária entre leste e oeste ficou conhecida como Linha de Wallace e é aceita pelos zoogeógrafos desde então.
Os autores da escola da Biogeografia Evolutiva fundamentavam-se na ideia de centros de origem, definidos como centros geradores de fauna e flora, a partir dos quais as espécies poderiam se dispersar para novas áreas. Para esses autores, o centro de origem deveria ser o local onde estariam distribuídas as espécies de origem mais recente (mais derivadas), as quais poderiam levar ao deslocamento de espécies mais antigas para regiões mais periféricas devido à competição por recursos. Essa ideia é oposta ao que hipotetizava a lei de Buffon. Além disso, o centro de origem seria o local com maior diversidade de espécies, uma vez que, por ser o local mais antigo, deveria conter o maior número de espécies viventes. Como veremos nas próximas seções deste capítulo, o conceito de centro de origem sofreu mudanças conceituais drásticas ao longo do tempo, principalmente durante o predomínio da escola da Biogeografia Filogenética.
Ao longo do século XIX, as ideias dispersalistas foram contrariadas por autores como Joseph Hooker (1817-1911) e John Willis (1868-1959), os quais consideravam que seria pouco provável que eventos de dispersão de longo alcance pudessem explicar os padrões de distribuição observados até então. Esse novo grupo, conhecido como extensionistas, defendia a ideia de que, em tempos remotos, existiram pontes intercontinentais conectando todos os continentes atuais. Para eles, estas pontes, submersas pelos oceanos nos tempos atuais, seriam a fonte de explicação mais adequada para entender a distribuição disjunta de muitos grupos em continentes atualmente separados. No entanto, as ideias extensionistas entraram logo em descrédito, e o dispersalismofoi resgatado como única explicação possível para os autores do início do século XX.
Biogeografia Filogenética
O entomólogo alemão Willi Hennig (1913-1976), conhecido como o pai da Sistemática Filogenética, teve papel de destaque também no campo da Biogeografia. Suas ideias permitiram unificar hipóteses filogenéticas aos estudos dos padrões biogeográficos no espaço e demonstraram que árvores filogenéticas poderiam ser uma ferramenta poderosa para ajudar no entendimento desses padrões para grupos de interesse.
Hennig, assim como os demais autores de sua época, ainda defendia que a dispersão seria a única hipótese plausível para explicar a distribuição das espécies que se encontravam distantes dos centros de origem. No entanto, ao contrário dos autores pertencentes à Escola Evolutiva, Hennig postulava que nos centros de origem deveriam ser encontrados os representantes mais primitivos do táxon, e não os mais derivados. Para ele, existiria uma progressão entre ocupação/colonização de áreas, similar à progressão de caracteres no cladograma, ou seja, as áreas habitadas por espécies mais primitivas seriam as áreas mais antigas (ou mais ancestrais) de ocorrência do táxon (centros de origem), enquanto as áreas habitadas pelas espécies mais derivadas seriam, por consequência, as áreas mais recentes de ocorrência do táxon e mais distantes dos centros de origem. Essa regra, conhecida como Regra da Progressão, foi uma importante contribuição à Biogeografia Filogenética.
Definições de centro de origem. De acordo com a escola da Biogeografia Filogenética; a história da área coincide com a história do táxon (área de ocorrência mais antiga ou ancestral do táxon, espécies mais primitivas vs. áreas de ocorrência mais recente do táxon, espécies mais derivadas). De acordo com a Escola Evolutiva; a história da área não coincide com a história do táxon (área mais antiga, espécies mais derivadas). As setas representam o sentido da dispersão dos organismos de acordo com as premissas de cada escola. CO = Centro de origem.
Panbiogeografia e o Conceito de Vicariância
“Vida e terra evoluem juntas”. O autor desta frase, o botânico Léon Croizat (1894-1982), foi um dos principais críticos às explicações dos dispersalistas e ao conceito de centros de origem. Para Croizat, não parecia sensato acreditar que padrões semelhantes de distribuição de diferentes organismos estivessem ligados a histórias independentes de dispersão. A dispersão seria um evento que dependia do acaso e também da capacidade de dispersão de cada espécie, de forma que era mais lógico assumir que os padrões observados seriam consequência de histórias compartilhadas, causadas por respostas similares às modificações da superfície do planeta.
Defensor de que as barreiras geográficas evoluem juntamente com as biotas, Croizat acreditava que a teoria de Wegener de deriva continental explicava de forma satisfatória padrões antigos de distribuição de biotas, mas seria insuficiente para explicar os eventos geológicos associados aos padrões de distribuição geográficos complexos e mais recentes.
O conceito central formulado por Croizat para explicar a evolução das biotas foi o chamado “formmaking process” - termo que pode ser entendido como o processo de mudança de forma ao longo do tempo, mas incluindo, nesse caso, a importância de movimento no espaço. Para a ocorrência desse processo, Croizat defendia que deveria existir um estágio de mobilidade, o que permitiria que as espécies expandissem sua distribuição, e um estágio de imobilidade, resultado do processo de vicariância. A partir dessa lógica, o autor defendia que uma espécie ancestral deveria estar amplamente distribuída (cosmopolitismo ancestral) em determinada área. Para ele, eventos vicariantes - tais como o surgimento de lagos, montanhas ou vulcões - seriam responsáveis pela fragmentação da área de distribuição da população original e resultariam, dessa forma, em processos de especiação alopáticas, ou seja, de diferenciação em novas espécies. Em oposição ao modelo de evolução por seleção natural de Darwin, Croizat enfatizava a importância dos eventos vicariantes para a mudança de forma (form-making process) ao longo do tempo.
Croizat foi também fundamental para o desenvolvimento da Biogeografia com a criação da Panbiogeografia. Nesta, a dimensão geográfica ou espacial da biodiversidade é fundamental para permitir o entendimento dos padrões de distribuição. Esse método inteiramente novo baseia-se na construção de ‘traços individuais’ para cada espécie de interesse. Esses traçados são simplesmente linhas no mapa que conectam todas as localidades onde a espécie já foi encontrada por uma distância mínima, ou conforme a teoria dos grafos em uma representação matemática denominada de “miminum spanning tree”. A partir dos traços individuais de diferentes espécies é possível obter ‘traços generalizados’ (os quais, entre outras interpretações, representam biotas ancestrais) nos locais onde há sobreposição de dois ou mais traços individuais, e ‘nós’, nos locais onde traços generalizados se sobrepõem, representando áreas com grande complexidade biológica.
Quando Croizat formulou a Panbiogeografia, alguns cientistas de sua época levaram em consideração suas contribuições. No entanto, Croizat era alvo de críticas de muitos de seus contemporâneos, não somente pela falta de credibilidade científica de algumas de suas análises, mas também devido a sua personalidade e ao estilo de escrita e linguagem pouco ortodoxos de seus trabalhos, os quais continham, com frequência, críticas a outros autores. Esses fatores acabaram por surtir um efeito negativo sobre suas ideias, as quais foram ignoradas ou desacreditadas por grande parte da comunidade científica da época.
Conteúdo
Voltar para a navegação do recurso slide
Vicariância ou Efeito Vicariante
É o mecanismo evolutivo no qual ocorre uma fragmentação de uma área, separando populações de determinadas espécies. A falta de fluxo gênico entre as duas subpopulações agora formadas fará com que elas fiquem cada vez mais diferentes e, mantendo-se a barreira por tempo suficiente, levará à especiação.
Estas barreiras podem ser geográficas, como a formação de montanhas devido ao movimento de placas tectônicas, uma falha causada pelo distanciamento de duas placas, o surgimento de um rio, etc. As barreiras também podem ser ecológicas, como quando a área entre duas populações se torna imprópria para a reprodução da espécie (por exemplo, no caso de anfíbios, uma zona úmida que se torna árida devido à desertificação).
FIGURA 5 - Processo biogeográfico utilizados para explicar o padrão de distribuição dos organismos. A. Vicariância. B. Dispersão.
Fonte: Modificado de Crisci e Col. (2003)
Biogeografia Cladística
No século XX, três pesquisadores americanos, Gareth Nelson, Donn Eric Rosen e Norman Platnick aliaram os princípios de Sistemática Filogenética, Panbiogeografia e da então moderna teoria da tectônica de placas (Deriva Continental de Wegener), criando o que ficou conhecido como Biogeografia Cladística ou de Vicariância. Apesar da oposição feita por Croizat - o qual, além de não aceitar as ideias da Sistemática Filogenética defendidas por Hennig, havia publicado comentários negativos sobre o autor e suas propostas em um de seus trabalhos -, os autores uniram os conceitos de ambos os pesquisadores em uma nova linha de pensamento que assumia a existência de uma correspondência entre os relacionamentos filogenéticos e a distribuição geográfica.
Segundo os métodos de Biogeografia Cladística, se compararmos cladogramas de área derivados de cladogramas de táxons de diferentes grupos que habitam determinada região, seria possível reconhecer o padrão geral de fragmentação da biota, e consequentemente da área, nas regiões analisadas e, assim, obter um cladograma geral da área (para mais detalhes sobre cladogramas gerais de área.) As obras de Nelson e Platnick foram fundamentais para a Biogeografia atual. Somente com o surgimento da Biogeografia Cladística foi possível integrar os conhecimentosde tectônica de placas (Deriva Continental de Wegener), da Sistemática Filogenética de Hennig e o conceito de vicariância, possibilitando associar de maneira mais precisa o relacionamento filogenético dos táxons, seus padrões de distribuição e a história evolutiva do planeta.
A emergência da Biogeografia como ciência nas últimas décadas pode ser atribuída ao meteorologista alemão Alfred Wegener (1880-1930), que propôs a ideia de que todos os continentes atuais estiveram conectados, em tempos passados (durante o final do Paleozoico e início do Mesozoico), como um único supercontinente, o qual ele denominou Pangeia. Segundo Wegener, a Pangeia teria se fragmentado em dois continentes, Gondwana e Laurásia, os quais, por sua vez, fragmentaram-se em América do Norte e Eurásia e em Índia, Austrália, Antártica, África e América do Sul, respectivamente.
Wegener foi o primeiro autor a sugerir em 1912 o movimento dos continentes, o qual ficou conhecido como Deriva Continental. Ele baseou suas conclusões em um conjunto de observações a respeito da similaridade entre continentes que, nos tempos atuais, estão separados por milhares de quilômetros. Dentre as evidências reunidas por Wegener, merecem destaque suas observações sobre as semelhanças quanto ao registro fóssil de espécies vegetais e animais e quanto à distribuição de depósitos glaciais e de carvão em continentes hoje separados, além da congruência entre as linhas de costa da África e América.
Infelizmente, as ideias de Wegener foram desacreditadas, uma vez que na época não havia explicação causal que sustentasse sua hipótese de como os continentes moviam-se. As ideias de Wegener só foram aceitas a partir da década de 1960, quando o geofísico americano Harry Hess (1906-1969) demonstrou evidências geológicas sobre a tectônica de placas, evidenciadas pela expansão do substrato oceânico e por técnicas de paleomagnetismo, as quais permitiram o entendimento dos mecanismos responsáveis pelo movimento dos continentes.
A comprovação da tectônica de placas trouxe avanços extraordinários à Biogeografia, permitindo uma nova visão para explicar os padrões de distribuição dos seres vivos em nosso planeta. Conjunto de transformações, não somente conceituais, mas também relacionadas à aplicação de novas metodologias e aos avanços tecnológicos de outras áreas como a Biologia Molecular. Os estudos biogeográficos descritivos deram lugar a uma disciplina nova, que objetiva construir e testar hipóteses biogeográficas a respeito da distribuição dos seres vivos.
Nas últimas décadas, nota-se também que a Biogeografia tem deixado de ser uma ciência praticada por ecólogos, sistematas ou paleontólogos, por exemplo, passando a constituir uma disciplina praticada por biogeógrafos. Essa mudança deve-se, em parte, à produção de livros relacionados à Biogeografia e sua inserção na grade curricular de grande parte das universidades, fatos que passaram a se tornar mais comuns após a década de 1980. Além disso, o avanço tecnológico de programas computacionais que permitem a compilação e manipulação de grandes conjuntos de dados, aliado à utilização de dados georreferenciados e de parâmetros ambientais (climáticos, geológicos, geográficos, entre outros), tem permitido um avanço na precisão de reconstruções da história evolutiva dos táxons e do próprio planeta.
Recurso de slides:
Slide Anterior Próximo Slide 
· Slide 1
Conteúdo
Voltar para a navegação do recurso slide
Figura. Síntese da pratica da Biogeografia. A partir da história da fragmentação da área é possível a inferência de um cladograma de áreas, que é um diagrama do relacionamento entre as áreas.
Evolução dos Estudos Biogeográficos no Brasil
A ciência de um país não caminha de forma isolada, mas acompanha o desenvolvimento geral da ciência no mundo, havendo, por vezes, atraso na divulgação de trabalhos a na adaptação de linhas e tendências de pesquisas.
Os estudos de Fitogeografia em nosso país iniciam-se com as observações de viajantes europeus que, cruzando o Brasil deixaram numerosos trabalhos. No início do século XVIII destacaram-se Humboldt, que infelizmente percorreu apenas pequena parte da Amazônia.
August Saint Hillare (1799-1853) visitou o Brasil, percorreu Minas Gerais e Goiás, onde fez observações sobre a vegetação primária e secundária, e sobre o aspecto das sucessões vegetais face à interferência do homem. Carl Friedrich Von Martius (1794-1868) relata, em suas viagens pelo Brasil, aspectos sobre formações “complexas” de vegetação como a mata pluvial, campos e caatingas e associa sua distribuição e aspectos fisionômicos às condições ambientais reinantes na região. Escreveu a obra “Flora Brasiliensis” de 40 volumes e que, ainda hoje, é de grande importância científica. Devemos mencionar os trabalhos do engenheiro e botânico brasileiro João Barbosa Rodrigues (1842-1909), em 1890 tornou-se diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaborou valiosos relatórios sobre observações botânicas, abordando inclusive alguns aspectos da Amazônia. Ernesto Ule dedicou seus estudos à flora da Amazônia e a de altitude na área do Itatiaia, SP.
No início do século XX, pesquisadores continuaram a contribuir para o conhecimento de nossa flora. Wettstein (1904) dedica especial atenção na flora de São Paulo, enquanto Alberto Loefgren nos legou trabalhos sobre o Ceará. Também Phillip Von Leutzelburg (1923) dedicou-se aos estudos da vegetação do nordeste, aprofundando-se na caracterização dos diferentes tipos de caatinga, além de se preocupar com alguns aspectos de reflorestamento. Johannes Batiste de Lacerda (1846 a 1915), entre outros autores estuda as plantas tóxicas do Brasil visando sua aplicação em farmacologia. Em 1912 surge o trabalho, hoje considerado como clássico “Mapa Florestal do Brasil” elaborado por Luís Felipe Gonzaga de Campos que aborda e procura delimitar regiões e paisagens fitogeográficas associadas a aspectos fitossociológicos. A primeira “Fitogeografia do Brasil” foi escrita em 1929 por Alberto José Sampaio.
Trabalhos que merecem destaque, a obra “História Natural do Brasil” de Piso e Marcrave. Trabalhos específicos sobre a “Geografia Zoológica” é o trabalho de Von Ihering (1901) sobre avifauna. Mello Leitão escreveu uma obra fundamental: “Zoogeografia do Brasil” (1945).
Fatores que Influenciam a Distribuição dos Organismos
A interação de dois processos espaço-temporais são os responsáveis pelo padrão de distribuição das espécies na Terra. Ambos ocorrem diversamente no espaço ao longo do tempo. São eles: processo espaço-temporal dos organismos vivos (biótico) e processo espaço-temporal do planeta (abiótico).
Os processos espaço-temporais bióticos podem ser divididos em dispersão (quando indivíduos de uma população de distribuição limitada por barreiras biogeográficas conseguem transpô-las e estabelecer novas colônias), extinção (desaparecimento de uma espécie) e vicariância (quando surge uma barreira biogeográfica que separa a área de distribuição de uma população em duas ou mais, fazendo com que as populações resultantes tenham destinos evolutivos separados).
Já o processo abiótico tem relação com os fenômenos da natureza, como o movimento das placas tectônicas, os ciclos glaciais, fisionomias vegetacionais, variações climáticas, entre outros.
Padrões de Distribuição e de Biodiversidade das Espécies
Para compreender a distribuição de uma espécie, é necessário conhecer a história, os fatores climáticos atuais, a composição química do solo, investigar se há registros fósseis e estudar o tipo de região.
Distribuição Geográfica de Espécies
Endêmicos: Organismos restritos a uma área particular por razões históricas, ecológicas ou fisiológicas.
O endemismo pode ser recente (não houve tempo para dispersão) ou antigo (paleoendêmico).
A área de endemismo pode ser ampla (continental) ou reduzida (alguns metros quadrados).
Cosmopolitas: Organismos de ampla distribuição em todos os continentes (ou quase todos).
Disjuntas: Populações que ocorrem de forma descontínua, separadas por áreas onde o táxon não ocorre.
Contínuas:População que ocorre sem interrupção em sua área de distribuição.
Wallace propôs o pensamento biogeográfico evolutivo através do estudo realizado no Arquipélago Malaio. Espécies que habitavam o Oeste eram mais relacionadas com as espécies que ocorriam na Ásia, e as espécies que habitavam o leste eram mais relacionadas com as espécies da Austrália.
FIGURA 6 - Essa linha imaginária foi batizada de Linha de Wallace
Fonte: Pinterest
Oeste:  Primatas, carnívoros (tigre), insetívoros, faisões, trogonídeos, picnonotídeos e outras espécies especificamente asiáticas.
Leste: Catatuas, casuares opossum, alguns marsupiais e uma diversidade muito maiores de Papagaios.
As duas regiões, embora com condições semelhantes de clima e de habitat, alojam dois conjuntos faunísticos distintos.
Tópico 6
Regiões Biogeográficas
Tradicionalmente os biogeógrafos têm estabelecido limites precisos entre diferentes biotas regionais que coincidem com barreiras geográficas ou climáticas que impedem a dispersão de muitos tipos de organismos.
Embora de Candolle tenha sido o primeiro naturalista a estabelecer, em 1820, diferentes regiões biogeográficas baseadas na distribuição das plantas, o botânico alemão Adolf Engler foi o primeiro a produzir um mapa completo, em 1879, mostrando a distribuição mundial da flora em grandes regiões florísticas distintas.
As regiões florísticas atuais, conhecidas também como reinos florísticos, são muito semelhantes àquelas definidas por Engler, porém, com algumas pequenas diferenças. São seis as regiões florísticas aceitas atualmente: Holoártica, Neotropical, Paleotropical, Australiana, Cabo e Antártica. A região Holoártica engloba uma grande variedade de biomas, incluindo a tundra, florestas boreais, florestas e campos temperados, chaparral e desertos. A região Neotropical, dominada por florestas tropicais, também apresenta savanas e desertos. A região Paleotropical por sua vez, engloba também florestas tropicais, mas é dominada pela savana e pelos desertos. A região Australiana, com uma parte central seca, apresenta também florestas e savanas tropicais.
Na região Antártica (incluem o continente Antártico, extremo sul do Chile e Argentina, extremo sul da Nova Zelândia com suas ilhas subantárticas), são esparsamente encontradas florestas temperadas e tundra, mas predominam as calotas polares.
Recurso de slides:
Slide Anterior Próximo Slide 
· Slide 1
Conteúdo
Voltar para a navegação do recurso slide
Estudos recentes demonstraram que a região do Cabo é apenas uma de cinco regiões do mundo que apresentam clima do tipo mediterrâneo. As outras áreas são a Califórnia, região central do Chile, sudoeste da Austrália e a bacia Mediterrânea propriamente dita. Estas áreas juntas apresentam cerca de 20 % da flora mundial, com uma alta taxa de endemismos, embora correspondam somente a cerca de 5% da superfície terrestre. De acordo com Cox (2001), não se justifica, portanto, a distinção de uma região florística englobando apenas o Cabo sul-africano.
Também no século XIX, baseadas na distribuição de aves (Sclater) e mamíferos (Wallace), Foram propostas seis diferentes regiões zoogeográficas mundiais, que correspondem basicamente aos continentes; Neártica, Neotropical, Paleártica, Africana, Oriental e Australiana.
Wallace, que trabalhou principalmente nas índias Orientais, atual Indonésia, na região localizada entre a Ásia e a Austrália, dedicou grande parte de suas pesquisas a descobrir o local de separação entre a fauna oriental e a fauna australiana. Este limite, que ficou conhecido como Linha de Wallace, demarca a fronteira entre as regiões zoogeográficas Oriental e Australiana.
FIGURA 7 - As Regiões Zoogeográficas Propostas por Wallace
Fonte: Pinterest
Vale destacar três diferenças fundamentais entre as propostas fitogeográfica e zoogeográfica. A primeira, é que a distribuição de plantas não demonstra a separação evidente para a fauna na região da Linha de Wallace. Em segundo lugar, para fauna, não se observa nenhuma ligação entre as regiões mais ao sul do hemisfério sul, como a proposta pelos botânicos como a região Antártica. E por último, os zoólogos não reconhecem nenhuma particularidade em relação à região do Cabo Africano que justifique a sua separação do restante da região Africana (Cox, 2001).
As regiões biogeográficas são geralmente subdivididas em unidades menores denominadas províncias biogeográficas, estabelecidas geralmente com base em taxas de endemismos de determinados grupos de flora e fauna, e cujos limites usualmente coincidem com barreiras geográficas.
Causas das Distribuições Biogeográficas
Extinção;
Dispersão;
Vicariância.
FIGURA 8 - Principais processos (Eventos Históricos) em Biogeografia: (A) Extinção. (B) Dispersão e (C) Variância.
Fonte: Pinterest
Dispersão: A dispersão pode ser compreendida como a transposição de uma barreira pré existente por indivíduos e a posterior colonização de uma nova área. O grupo que migra, ao longo do tempo, se diferencia da população original.
Recurso de slides:
Slide Anterior Próximo Slide 
· Slide 1
Conteúdo
Voltar para a navegação do recurso slide
Vários mecanismos podem induzir a dispersão dos organismos:
Pressões interpopulacionais;
Modificações ambientais;
O acaso.
A permanência na nova área dependerá da capacidade adaptativa da espécie. As possibilidades de, efetivamente, conquistar a nova área, diminuindo os riscos de extinção, aumentam se houver variabilidade genética.
1. Ativa quando os organismos se utilizam dos próprios meios de locomoção
2. Passiva quando participam agentes externos como, por exemplo:
· Vento (anemocoria) transporte de sementes, animais passíveis de serem transportados como insetos, pequenos vertebrados.
· Água (hidrocoria) pode deslocar a distâncias consideráveis sementes, plâncton, animais nadadores ou balsas vivas.
· Animais (zoocoria) transporte de organismos na pelagem, penas, corpo de animais.
Fatores Abióticos que Influenciam a Distribuição das Espécies
Temperatura: Cada espécie tem uma temperatura letal máxima e mínima.
Umidade: A água tanto isoladamente como em conjunto com a temperatura é provavelmente o fator físico mais importante afetando a ecologia dos organismos terrestres.
Outros Fatores:
Luz;
Química da água: pH e salinidade;
Fogo;
Composição do solo.
Divisões Biogeográficas
Ao longo dos anos, as regiões do planeta passaram a ser estudadas, mapeadas e catalogadas, sendo divididas em:
Região Paleártica: Engloba todo o continente europeu, norte da África até o deserto do Saara, norte da Península Arábica e toda Ásia ao norte.
Região Neoártica: Abrange toda a América do Norte, incluindo a Groelândia, até o centro do México.
Região Neotropical: Compreende o centro do México ao sul da América do Sul.
Região Afro-tropical ou Etiópica: Vai da África subsaariana ao sul da Península Arábica.
Região Indo-malaia: Engloba o subcontinente indiano, sul da China, Indochina, Filipinas e a metade ocidental da Indonésia.
Região Australiana: Abrange a Indonésia Oriental, Nova Guiné, Austrália e Nova Zelândia.
Região Oceânica: Demais ilhas do Oceano Pacífico.
Região Antártica: Continente e o oceano Antártico.
Biomas Terrestres
Vídeo
Floresta Tropical
Ocorre entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, uma região com temperatura, umidade e intensidade luminosa altas. A floresta tropical normalmente está subdividida em Florestas Pluviais, que ocorrem nas regiões com pluviosidade acima de 1.800 mm anuais bem distribuídos ao longo de todo o ano, e Florestas Estacionais, que normalmente ocorrem na faixa de 1500 a 1800 mm anuais, com pelo menos três meses ao ano considerados secos, com menos de 100 mm de chuva.
As florestas tropicais pluviais constituem o bioma terrestre mais rico e produtivo, cobrindo cerca de 6% do planeta, mas contendo cerca de 50% das espécies. Nessas a flora é altamente diversa, e um hectare pode conter mais de 100 espécies arbóreas diferentes. As árvores estão próximas e formam um dossel de 25-35 m de altura, sendo que algumas ultrapassam este dossel (emergentes) e podem atingir mais de 40m. Grandeparte da radiação luminosa é absorvida pelo dossel e pouca luminosidade penetra até o solo. Palmeiras, pequenas árvores, arbustos e plantas herbáceas tolerantes à sombra, como as samambaias, ocorrem no sub-bosque. Lianas e epífitas (orquídeas, bromélias), especialmente adaptadas para utilizar as árvores como suporte ou viver sobre elas, são frequentes. Há também uma grande abundância de animais que vivem sobre as árvores (arborícolas), como os macacos.
A floresta pluvial é o hábitat de muitas espécies de anfíbios. Nela encontramos a maior diversidade mundial de insetos e outros invertebrados, além de uma grande diversidade de vertebrados terrestres e voadores.
Na floresta tropical estacional parte das árvores e arbustos perde as folhas durante a estação seca. O dossel é mais baixo e mais aberto, com mais luz chegando até o solo, ocasionando um sub-bosque mais denso. Embora a diversidade seja relativamente menor que nas florestas pluviais, as florestas estacionais têm os mesmos atributos que as pluviais em estrutura e complexidade biótica. No período chuvoso a aparência das duas é semelhante.
FIGURA 9 - Os grandes biomas terrestres
Fonte: Rosa e Barbosa, 2008.
Savana
Ocorre também na região tropical, nos locais onde o clima é fortemente sazonal, com uma estação chuvosa alternando-se com uma estação seca, e totais pluviométricos entre 900 e 1500 mm/ano. A disponibilidade hídrica não suporta a vegetação florestal, e leva ao desenvolvimento de um mosaico de biomas abertos, com um estrato contínuo de gramíneas e ciperáceas; árvores e arbustos são esparsos. A vegetação varia de campos graminosos até bosques mais densos, em função da disponibilidade hídrica e fertilidade do solo. Corredores de florestas mais úmidas cortam as savanas ao longo dos rios, constituindo as matas ciliares ou florestas de galeria.
Nas savanas as plantas apresentam diversas características de resistência à seca. Muitas das árvores são resistentes ao fogo, fenômeno comum nas savanas tropicais, apresentando cascas espessas e/ou espinhos para minimizar a predação.
As savanas mais extensas estão na África e suportam grandes herbívoros, incluindo elefantes, girafa, antílopes, zebra, búfalos e rinocerontes. Os predadores incluem leões, hienas e leopardos. No Brasil, o cerrado que cobre vastas áreas do planalto central é um tipo de savana.
Deserto
Ocorre principalmente entre 30-40º de latitude, entre os trópicos e regiões temperadas, com pluviosidade menor que 250 mm/ano. O potencial de evaporação é muito elevado, levando a adaptações nas plantas (caule suculento e sistema radicular) e nos animais (inatividade diurna ou sazonal, estoque de água, migração). As plantas e animais dessas regiões devem ser capazes de suportar períodos de extrema secura e de aproveitar os bons anos quando eles ocorrem.
Muitas espécies vegetais são oportunistas, sendo a germinação estimulada pelas chuvas. Estas crescem rapidamente e completam seus ciclos de vida em poucas semanas. Plantas perenes apresentam caules suculentos, como os cactos, que controlam a perda de água através do fechamento dos seus estômatos.
A diversidade animal é baixa e muitos animais são nômades. Dentre os animais que vivem no deserto há vários artrópodes, lagartos, algumas aves e roedores. Dentre os mamíferos um dos mais conhecidos é o camelo.
Grandes desertos estão localizados no norte da África, no Oriente Médio, oeste da América do Norte e da América do Sul, e na Austrália. Apesar de todos os desertos serem secos, existem desertos quentes, nos quais a temperatura é muito alta durante o dia, acima de 36ºC, e desertos frios, nos quais apenas poucas semanas por ano apresentam altas temperaturas, e o inverno é extremamente frio.
Chaparral
Ocorre em regiões com inverno moderado e chuvoso, e longa estação seca no verão quente (clima mediterrâneo). A vegetação é densa e apresenta uma variedade de formações arbustivas xéricas, com plantas adaptadas à seca. Onde ocorre mais de 1000mm chuva/ano podem surgir florestas abertas, e nos locais com menos de 600 mm/ano, formações arbustivas. A seca prolongada faz com que esta vegetação seja muito suscetível ao fogo, que é frequente.
O chaparral ocorre em cinco regiões do mundo: Califórnia e México, região central do Chile, sudoeste da Austrália, Cabo Sul Africano e na bacia Mediterrânea propriamente dita. Em virtude de seu isolamento em pequenas áreas dispersas pelo mundo, essas áreas têm um número grande de espécies endêmicas.
Floresta Temperada
Ocorre em regiões com clima temperado, cerca de 35º de latitude, com verões quentes e longos invernos rigorosos. Este clima caracteriza-se pela ocorrência de quatro estações bem definidas, com os dias de inverno curtos e com baixas temperaturas, inclusive abaixo de zero. Recebem de 750 a 1.500 mm de chuva por ano, distribuídos uniformemente.
As florestas temperadas são raras no Hemisfério Sul, devido a baixa proporção neste hemisfério de terras em latitudes temperadas. No Hemisfério Norte, porém, elas são mais abundantes e extremamente variáveis na estrutura e composição. Florestas decíduas, nas quais as árvores perdem suas folhas durante o outono e permanecem dormentes durante o inverno, rebrotando na primavera juntamente com as espécies herbáceas, ocorrem mais próximas das regiões tropicais. Uma característica dessas florestas é a similaridade florística que apresenta nas três regiões principais onde ocorre no hemisfério norte. Mais ao norte as florestas decíduas são substituídas por florestas mistas, nas quais as coníferas constituem um elemento fundamental juntamente com as árvores decíduas. As florestas temperadas mistas ocorrem em áreas com invernos mais frios e neve mais frequente.
Diversos animais fazem parte deste bioma como ursos, raposas e veados. No entanto, grande parte migra no outono-inverno e os que permanecem possuem adaptações que lhes permitem sobreviver em baixas temperaturas, como a hibernação.
Campos Temperados
Ocorrem em regiões onde a pluviosidade é intermediária entre os desertos e as florestas temperadas, e o clima sazonal, com significativa estação seca. São conhecidos como pradarias (USA), estepes (Eurásia) e pampas (América do Sul).
Os solos em geral apresentam uma grossa camada de húmus. A vegetação é basicamente herbácea, sendo dominantes as gramíneas e ciperáceas. Embora dominado por poucas espécies de gramíneas, os campos temperados apresentam uma diversidade relativamente alta tanto de plantas quanto de animais. Durante o Pleistoceno os campos foram habitados por manadas de mamíferos herbívoros que foram intensamente caçados pelos nossos ancestrais. Hoje, esses deram lugar a rebanhos de animais domésticos e a campos cultivados.
Nos campos brasileiros, conhecidos como Pampas, a precipitação anual está entre 1200 - 1600 mm, e a temperatura média entre 13 - 17 ºC. A contradição entre essas condições climáticas que permitiriam o desenvolvimento de uma vegetação florestal e apresenta de campos no sul do Brasil chamou a atenção de pesquisadores desde o século passado. Estudos palinológicos (com grãos de pólen presentes em camadas de sedimentos antigos) permitiram entender o que de fato ocorreu. Entre 42 mil e 10 mil anos atrás o clima na região era frio e seco, e a vegetação campestre dominante. Há cerca de 10 mil anos atrás a temperatura aumentou, mas o clima permaneceu seco, impedindo o avanço da floresta de Araucária.
A partir do início do Holoceno, o fogo se tornou comum na região (como evidenciam os registros de carvão), provavelmente devido à chegada de povos indígenas. Nesta mesma época desapareceram os grandes herbívoros. No século XVII os Jesuítas introduziram cavalos e gado, e a pecuária se tornou uma atividade economicamente importante na região. Dessa forma, assim como em outros continentes, o fogo e a herbivoria são provavelmente os principais fatores que impedem o avanço da floresta e mantém a vegetação campestre na região.
Floresta Boreal (Taiga)
Ocorre na América do Norte, Europa e Ásia, nas regiões com clima frio e úmido. Os dias são muito curtos e frios no inverno,e o verão, com dias longos, é muito curto. Faz limite norte com a tundra, e ao sul com a floresta temperada, savanas ou campos, dependendo da precipitação. É também encontrada em altas montanhas de latitudes mais baixas. É uma floresta com baixa produtividade e pouca diversidade, dominada por poucas espécies de coníferas dos gêneros Picea, Abies e Larix. Os solos são normalmente ácidos e pobres, cobertos de neve durante o inverno. A fauna é composta por herbívoros, roedores, carnívoros (lobos, ursos) e pássaros.
Tundra
É encontrada entre as florestas boreais e a calota polar, em volta do Círculo Ártico. Nesta região as condições ambientais são estressantes e não há árvores. A temperatura permanece abaixo do ponto de congelamento durante sete meses do ano. A precipitação é menor que nos desertos, mas os solos são saturados de água e permanentemente congelados. A produtividade primária e a diversidade são menores do que em qualquer outro bioma.
A vegetação possui um único estrato, com poucos centímetros de altura. As plantas dominantes são arbustos anões, ciperáceas, gramíneas, musgos e líquens. A fauna é composta na sua maioria por animais migratórios que chegam durante o verão, mas alguns animais são residentes como o caribu, as raposas, as aves predadoras, o urso polar e pequenos mamíferos.
Biomas Aquáticos
Recurso de slides:
Slide Anterior Próximo Slide 
· Slide 1
Conteúdo
Voltar para a navegação do recurso slide
Há dois tipos de biomas aquáticos: marinhos e de água doce. Salinidade, profundidade, movimento da água e características físicas do substrato, são os principais fatores considerados na sua caracterização.
Os ecossistemas marinhos estão divididos principalmente em: recifes de corais, estuários e oceanos. Os oceanos representam o maior e mais diversos ecossistema, correspondendo a cerca de 70% da superfície da Terra. Este se conecta com a terra via as chamadas zonas entre marés.
Os oceanos dividem-se em duas grandes zonas verticais, de acordo com penetração de luz: zona fótica e zona afótica. Fotossíntese só ocorre na zona fótica, que é aquela que mantém a diversidade marinha. As comunidades marinhas também são classificadas de acordo com a sua profundidade. A parte mais profunda do oceano é a chamada zona abissal, muito fria e com muita pressão. Apesar disso, recentemente descobriu-se que muitas espécies de invertebrados e peixes habitam esta zona.
Na água doce, os diferentes ecossistemas são: lagos, rios, poças e brejos. Lagos e poças são como os oceanos, separados em zonas. A zona do litoral, mais próxima das margens, é mais rasa e mais quente, com várias espécies de invertebrados, crustáceos, plantas e anfíbios.
A zona limnética, mais próxima da superfície, é o local predominante do fitoplancton e zooplancton, e tem papel fundamental na cadeia alimentar. A parte mais profunda é chamada de zona profunda; é mais escura e apresenta plancton morto e animais detritívoros. Entre elas se localiza a zona pelágica.
Ecossistemas de água doce são mais suscetíveis as variações sazonais. Rios estão sempre em movimento e dessa forma são bastante diferentes de lagos e poças.
Tópico 8
Atividades para Fixação
Tradicionalmente, a Biogeografia foi dividida em duas subdisciplinas que são caracterizadas principalmente quanto às escalas de tempo e espaço que abordam. São elas:
Histórica e ecológica.
Geográfica e histórica
Cartográfica e regional
Histórica e cartográfica
Resposta Correta: Histórica e ecológica.
Parabéns!
A descrição a seguir diz respeito a que tipo de bioma?
Ocorre principalmente entre 30-40º de latitude, entre os trópicos e regiões temperadas, com pluviosidade menor que 250 mm/ano. O potencial de evaporação é muito elevado, levando a adaptações nas plantas (caule suculento e sistema radicular) e nos animais (inatividade diurna ou sazonal, estoque de água, migração).
Deserto
Chaparral
Savana
Resposta Correta: Deserto
Parabéns!
Construa a frase abaixo.
Tradicionalmente os biogeógrafos têm estabelecido limites precisos entre diferentes biotas _________ que coincidem com barreiras ___________ ou __________ que impedem a dispersão de muitos tipos de organismos. climáticasregionaisgeográficas
Tópico 9
Na Prática
FIGURA 10 - Diversidade
Ilhas Evolução
Ilhas que distam do litoral continental apresentam novas variações em sua fauna e flora, seguindo o processo da seleção natural. Com o tempo novas espécies são formadas, o que torna a diversidade nestes ambientes muito maior e exclusiva que em outros.
Este processo é extremamente importante para ampliar a biodiversidade e por este motivo projetos precisam ser deselvolvidos visando sua permanência e melhoria.
Para saber mais sobre as espécies que vêm se formando próximo ao litoral acesso o link a seguir:
Formação de novas espécies amplia biodiversidade de ilhas próximas do litoral
· Tópico Anterior
· Próximo Tó
Tópico 10
Conclusão
Vídeo
Prezado estudante, finalizamos aqui mais um conteúdo, desta vez tratando sobre a biogeografia. Pudemos vislumbrar o que é esta ciência, como seu deu sua evolução no Brasil, quais são e como são definidas as regiões biogeográficas e os biomas terrestres.
Esperamos que este conteúdo tenha sido de grande proveito para sua vida profissional e pessoal e que você não pare por aqui em seus estudos, mas que continue nesta jornada inesgotável que é a do conhecimento. Até mais!
· Tópico Anterior
· Próximo Tó

Outros materiais