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Estrutura dos solos compactados: Ramo seco, ramo úmido, condutividade hidráulica, compressibilidade e resistência ao cisalhamento. RESUMO | MECÂNICA DOS SOLOS I COMPACTAÇÃO Ao analisarmos a curva granulométrica, vimos que existem duas regiões divididas pelo ponto de parâmetros ótimos de compactação (teor de umidade ótimo e massa específica seca máxima): o ramo seco e o ramo úmido. ESTRUTURA DOS SOLOS FINOS COMPACTADOS Será que um solo for compactado com um determinado valor de massa específica seca no ramo úmido irá se comportar da mesma maneira que um mesmo solo compactado com o mesmo valor de massa específica seca, porém no ramo seco? w (seco) w (úmido) ρ NÃO! Existirão diferenças no comportamento do solo. De acordo com o ramo de compactação, o processo provoca variações na estrutura dos solos principalmente nos solos finos (argilas), como alteração da condutibilidade hidráulica, da compressibilidade e da resistência ao cisalhamento. Entenderemos essa diferença de comportamento e seus motivos a partir de agora. A estrutura dos solos finos compactados depende da umidade e da energia de compactação. ESTRUTURA FORMADA NO RAMO SECO No ramo seco, a compactação faz com que as partículas se organizem em uma estrutura floculada. Essa estrutura se forma devido à atração face-aresta Quanto menor for a energia de compactação, mais floculada será a estrutura. Atração face-aresta? Como assim? Nas argilas as partículas são pequenas e possuem uma estrutura de empilhamento relativamente ordenada. Durante a compactação, aplicamos uma pressão externa sobre as argilas, fazendo com que as partículas se aproximem umas das outras. Com isso, a atração entre as partículas se torna importante. A atração é resultado das forças de coesão presentes nas argilas, devido a presença das cargas superficiais. Essas cargas podem ser positivas ou negativas, e as partículas vizinhas se atraem ou repelem dependendo da combinação dessas cargas. Quando as partículas se aproximam, há um rearranjo das cargas, gerando uma força atrativa entre elas. A face aresta das partículas de argila desempenha um papel fundamental nesse processo. Devido à sua geometria, a face aresta permite um maior contato entre as partículas. ESTRUTURA FORMADA NO RAMO ÚMIDO Consequentemente, a força de atração eletrostática entre as partículas é mais intensa na face aresta do que nas faces planas. Isso ocorre porque a área de contato na face aresta é maior, favorecendo uma maior proximidade entre as cargas elétricas superficiais. No ramo úmido, a compactação faz com que as partículas se organizem em uma estrutura dispersa. Essa estrutura se forma devido à atração face-face. Quanto maior for a energia de compactação, mais dispersa será a estrutura. Atração face-face? Como assim? Na compactação no ramo úmido as partículas de argila se aproximam e se mantêm em contato através da tensão superficial da água, principalmente nas faces planas. Quando as partículas de argila estão próximas umas das outras, a água preenche os espaços entre elas, formando uma fina película. Essa película de água cria uma atração capilar entre as partículas adjacentes, denominada tensão superficial. Daí, a atração entre as partículas é mais significativa na face face, porque a tensão superficial é mais intensa nas faces planas das partículas, onde a água forma uma película contínua entre elas. A tensão superficial age para reduzir a área da superfície livre da água, resultando em uma força atrativa entre as partículas. Diferentemente da compactação no ramo seco, em que a atração é mais pronunciada na face aresta. Como vimos, no ramo úmido, quanto maior a energia de compactação aplicada, maior será o grau de dispersão do solo. Ou seja, maior será o grau de orientação das partículas argila no solo compactado. Uma consequência do excesso de energia de compactação no campo é ocorrência do fenômeno de laminação de camadas (prejudicial). Laminação: fenômeno no qual se observa camadas de solo compactadas destacando- se uma da outra ao longo de planos horizontais bem definidos. CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS DOS SOLOS FINOS COMPACTADOS ENTENDA: A condutividade hidráulica (k) diminui a medida que aumenta o teor de umidade de compactação. Ela vai diminuindo até alcançar um valor mínimo um pouco acima da umidade ótima do solo, e a seguir, apresenta um ligeiro aumento. Ou seja, a conditividade hidráulica é mínima no ramo úmido, mas apenas em valores muito próximos da umidade ótima. Se estiver no ramo úmido em valores muito distantes, isso muda, há um aumento da condutividade hidráulica, ou seja, o solo volta a aumentar sua permeabilidade. Porque isso acontece? Umidades altas apesar da água levar a uma maior orientação das partículas (estrutura dispersa), o excesso de água no solo provoca afastamento entre elas, razão pela qual tem- se como resultado um ligeiro acréscimo na condutividade hidráulica. O QUE É A CONDUTIBILIDADE HIDRÁULICA? A condutividade hidráulica (k) é uma propriedade dos solos que descreve a capacidade do solo em permitir o fluxo de água através dele. É uma medida da velocidade com que a água pode se mover através do solo sob a influência de um gradiente hidráulico, ou seja, a diferença de carga hidráulica ao longo de uma direção. Quando o solo apresenta uma alta condutibilidade hidráulica, significa que ele é permeável e permite a passagem rápida da água. Por outro lado, um solo com baixa condutibilidade hidráulica é menos permeável e a água se move mais lentamente através dele. RAMO SECO RAMO ÚMIDO Solos com estruturas floculadas possuem maior k, a orientação das partículas permitem maior passagem de água por entre os poros presentes. Solos com estruturas dispersa tem menor k, visto que a orientação das partículas dificultam a passagem de água O QUE É ACONTECE: Sob baixas pressões: corpo de prova compactado no ramo úmido (CPb ) é mais compressível que o compactado no ramo seco (CPa). Sob pressões elevadas: tendência de comportamento é o oposto, corpo de prova compactado no ramo seco é mais compressível. Se fizermos um comparativo de dois corpos de prova com um mesmo valor de massa específica seca, mas compactados em ramos diferentes, observamos o seguinte comportamento: COMPRESSIBILIDADE DOS SOLOS FINOS COMPACTADOS Porque quando muda de pressão o comportamento se opõe? Em solos compactados no ramo seco (estrutura floculada), o aumento da pressão tende a orientar as partículas na direção normal à direção do carregamento, tendendo para uma estrutura dispersa, assim como a do ramo úmido. Então, temos maior redução de espaços entre as partículas. Porém isso passa a ser mais acentuado no corpo de prova com menor teor de umidade porque, por ter menos água entre as partículas, ele consegue se comprimir mais. Por isso, em altas pressões, o corpo de prova compactado no ramo seco, formando uma estrutura dispersa assim como o do ramo úmido, tem maior compressibilidade do que o corpo de prova compactado no ramo úmido, onde as partículas já se encontram mais próximas, numa estrutura originalmente dispersa, porém com mais água entre os espaços. Outra fato em relação à compressibilidade é que na compactação no ramo seco, certos solos podem apresentar estrutura “colapsível”, ou seja, quando submetidos à submersão (aumento acentuado da umidade) após compactados, experimentam deformações bruscas e acentuadas (colapso da estrutura), conforme ilustrado ao lado. Veja que quando submerso, há uma queda brusca no índice de vazios, o que indica a fragmentação/rachadura do corpo de prova/solo. O QUE É A COMPRESSIBILIDADE EM SOLOS? A compressibilidade é uma propriedade dos solos que descreve a capacidade do solo de sofrer deformações quando submetido a cargas ou pressões aplicadas sobre ele. Em outras palavras, é a medida da capacidade de um solo se comprimir ou reduzir seu volume em resposta a um aumento na carga. O QUE ACONTECE: REFERÊNCIAS DE ESTUDOS: 1- DAS, B. M. Fundamentos da EngenhariaGeotécnica. Trad. Da 7. ed. Americana. São Paulo: Cengage Learning, 2011; 2- Notas de aula do professor Bruno de Queiroz - UFV A resistência ao cisalhamento é uma propriedade que descreve a capacidade de um solo resistir à deformação quando sujeito a esforços cortantes. Em outras palavras, é a capacidade do solo de suportar o deslizamento das suas partículas em relação umas às outras quando uma força é aplicada na direção horizontal. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO NOS SOLOS FINOS COMPACTADOS O QUE É A RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO? Corpos-de-prova compactados no ramo seco apresentam maiores resistências de pico, quando comparados com aqueles compactados no ramo úmido. No ramo seco a ruptura é do tipo frágil e no ramo úmido é do tipo plástica, com o solo apresentado maiores níveis deformações. Este fato confirma as afirmações anteriores, onde foi mostrado que no ramo úmido o solo apresenta maior compressibilidade. Os ensaios triaxiais que são feitos para a avaliação da resistência ao cisalhamento de corpos de prova de diversos pontos da curva de compactação mostram que: LEMBRE-SE: Se ficar em dúvida, lembre-se da definição de solos. Uma das premissas é que os solos perdem a resistência quando em contato com a água, portanto solos mais úmidos tem menor resistência ao cisalhamento. O QUE ACONTECE:
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