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ESTUDOS ESTRATÉGICOS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Érico Duarte 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, convergem conceitos e entendimentos para uma análise 
crítica do sistema de defesa brasileiro, suas principais instituições de defesa, 
documentos e as Forças Armadas. 
TEMA 1 – POLÍTICA DE DEFESA – ATRIBUTOS, COMPONENTES E 
ATIVIDADES 
O aparato e processos relacionados à defesa nacional são mais bem 
compreendidos como um sistema político de choques de poder e constituído por 
vários programas de ação governamental. Por isso, seu desenvolvimento 
depende de um equilíbrio entre a liderança política do Estado, as Forças 
Armadas e a sociedade. 
Os componentes da política de defesa são: 
 As Forças Armadas; 
 A estrutura integrada de comando e planejamento militar; 
 A institucionalidade governamental; 
 A política declaratória de defesa. 
As atividades de uma política de defesa são as seguintes: 
 A avaliação estratégica governamental; 
 O projeto de força; 
 O planejamento das ações militares; 
 O orçamento consolidado de defesa; 
 A avaliação material da política de defesa. 
TEMA 2 – CHECKLIST PARA ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS DE 
DEFESA 
Do ponto de vista de um cidadão, a análise continuada de um sistema de 
política de defesa é um empreendimento oneroso. Portanto, esse sistema pode 
ser apreciado com base em atributos desempenhados pelo Estado e em 
resultados. 
Seus resultados políticos devem ser atribuições do presidente e do 
Congresso na observação do funcionamento do sistema de defesa nacional sem 
 
 
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deformações. Além disso, o Executivo é responsável pela formulação da 
avaliação estratégica articuladamente e de maneira contínua. O Ministério da 
Defesa deve observar os parâmetros legais das funções relacionadas à defesa. 
E todos esses órgãos – junto à imprensa e à universidade – devem prover 
debates públicos sobre defesa. 
Os resultados logísticos são atribuições do presidente e do Ministério da 
Defesa no dimensionamento e provisionamento de recursos, mediante controle 
do Congresso e outras formas de supervisão e auditórias internas e externas. 
Os resultados táticos são atribuições do Ministério da Defesa com as 
Forças Armadas na produção de capacidade militar responsiva ao panorama de 
ameaças nacionais. As Forças Armadas, em particular, são responsáveis em 
desenvolver proficiência de seus quadros e as orientações de suas missões. 
Por fim, os resultados estratégicos de uma política de defesa são 
atribuições do presidente, em consulta ao Congresso e à sociedade, na 
consideração e decisão de por que, quando e como empregar as Forças 
Armadas. Correspondentemente a isso, estas devem produzir capacidade de 
ação integrada. 
TEMA 3 – INSTITUIÇÕES E FORMULAÇÃO DE POLÍTICA DE DEFESA NO 
BRASIL 
O aparato estatal para defesa no Brasil conta com cinco órgãos principais: 
o Conselho de Defesa Nacional, o Ministério da Defesa, o Gabinete de 
Segurança Institucional e o Congresso, por meio de suas comissões de relações 
exteriores e Defesa Nacional, além das próprias Forças Armadas. 
Segundo a Constituição, o Conselho de Defesa Nacional tem a 
responsabilidade de “estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de 
iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado 
democrático” (art. 91, parágrafo 1, inciso IV) (Brasil ,1988). 
O Ministério da Defesa tem a tarefa da gestão cotidiana da defesa 
nacional, orientando as Forças Armadas e seus sistemas de apoio. 
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) é responsável pela 
secretaria executiva do Conselho de Defesa Nacional e ainda de outras funções, 
como: segurança presidencial; coordenação do gabinete de gestão de crises e 
os serviços de inteligência; coordenação entre várias agendas transversais como 
 
 
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segurança cibernética, segurança nuclear, segurança de infraestruturas críticas 
e segurança de fronteiras. 
A maior deficiência do sistema de defesa nacional brasileiro é o papel 
pouco proeminente e institucionalizado do Congresso. Os demais desafios para 
o Brasil em matéria de política de defesa são os seguintes: 
 Qualificação da autoridade civil sobre as Forças Armadas; 
 O incremento na inclusão, no corpo de oficiais militares, extratos da 
sociedade brasileira (e seus valores) que ainda não sub-representados, 
como negros e mulheres; 
 Incremento do planejamento e orçamentação de defesa; 
 Restrição do papel militar em funções não militares. 
TEMA 4 – DOCUMENTOS BRASILEIROS PARA A DEFESA NACIONAL 
Os documentos brasileiros de defesa são os seguintes: 
Quadro 1 – Lista de documentos brasileiros de defesa 
Documento Versão 
Documento de Política de Defesa Nacional 1996 
Política de Defesa 2005 
Estratégia Nacional de Defesa 2008 
Política de Defesa Nacional e Estratégia Nacional de Defesa e 
Livro Branco 
2012 
Política Nacional de Defesa, Estratégia Nacional de Defesa 2016/2018 
Livro Branco 2017 
Esses documentos proveram desenvolvimentos positivos importantes, 
entre eles: 
 Criaram uma comunicação formal entre Executivo, Forças Armadas e 
Congresso sobre defesa nacional; 
 Tornaram-se referências para convergência entre as Forças Armadas; 
 Permitiram melhor diálogo com a sociedade. 
Como aspectos negativos, esses documentos são pouco articulados entre 
si e possuem várias inconsistências individuais. De uma maneira ou de outra, 
denota-se a falta de processos regulares e institucionalizados de suas 
formulações, atualizações e avaliações. Portanto, esses documentos ainda não 
são reflexo e orientam pouco tudo o que se faz ou deveria se fazer relacionado 
à defesa nacional no Brasil. 
 
 
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TEMA 5 – EFETIVIDADE DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS 
As Forças Armadas brasileiras vêm sofrendo mudanças e modernizações 
importantes desde 2010. Em geral, vêm se desenvolvendo projetos de alta 
visibilidade, mas de alto risco e longuíssimo prazo, cujos efeitos são distintos e 
restringidos devido a particularidades e desafios institucionais. 
O Exército Brasileiro atualmente busca atender a duas estratégias de 
orientações distintas entre si. A estratégia de dissuasão busca compor uma 
capacidade convencional superior aos nossos vizinhos o suficiente para que se 
desestimule o uso da força contra o país. Já a estratégia de presença atende a 
atribuições subsidiárias e a uma possibilidade de se conduzir uma guerra 
assimétrica de atrito em caso de invasão. A dissociação entre elas gera 
problemas em elencar prioridades de gastos e de se estabelecer foco em 
projetos de força. 
A Marinha possui dilemas institucionais ainda maiores, pois por muito 
tempo emulou a capacidade norte-americana de força naval: negação de uso do 
mar, projeção de poder, guarda costeira e força anfíbia. Entretanto, a descoberta 
e a exploração das regiões com depósitos de hidrocarbonetos do Pré-Sal 
elevaram a tensão institucional entre um projeto de esquadra de grupos de 
combate combinados e de alta autonomia, por um lado, e um projeto de defesa 
de costa combinado de monitoramento, patrulhas e multiplataformas lançadoras 
de mísseis, por outro. 
A Força Aérea Brasileira é a mais defasada em termos materiais e 
operacionais. Isso se explica por suas plataformas serem mais intensivas em 
tecnologia e possuírem maior potencial de efeito dual, ou seja, afetaram tanto 
setores industriais de defesa quanto civis convencionais. Por isso, os problemas 
institucionais e procedimentais brasileiros em defesa nacional a afetam mais. 
Por fim, o Brasil avançou pouco na consolidação de uma capacidade 
efetiva de operações conjuntas. 
NA PRÁTICA 
Os documentos brasileiros de defesa nacional são públicos, bem como a 
agenda do Ministro da Defesa e de comandantes das Forças Armadas. O 
acompanhamento ocasional do que se faz e se publica nos sites oficiais é uma 
atividade de fundos acadêmico e cívico. Em particular, as últimasversões desses 
 
 
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documentos foram aprovadas pelo Congresso em 14 de dezembro de 2018, mas 
ainda não foram sancionadas pelo Presidente. 
Saiba mais 
Acesse o link a seguir para conhecer os documentos brasileiros de defesa 
nacional: 
BRASIL. Ministério da Defesa. Política Nacional de Defesa. Ministério da 
Defesa, S.d. Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/estado-e-
defesa/politica-nacional-de-defesa>. Acesso em: 14 out. 2019. 
Nesse sentido, a aplicação do modelo de análise e avaliação e as 
conspirações relacionadas apontadas nesta aula podem ser uma atividade 
prática regular. 
FINALIZANDO 
Esta aula declinou bases conceituais e para análise e avaliação de 
políticas de defesa, que foram aplicadas no caso brasileiro, com destaque para 
suas principais instituições para defesa, documentos oficiais e as Forças 
Armadas. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.

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