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APOSTILA ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA

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ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E 
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS 
DE VIDA DIÁRIA
PROF. MAICON HENRIQUE SILVA ROCHA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Luana Cimatti Zago Silvério
Marta Yumi Ando
Renata da Rocha
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4
1 ATIVIDADE, OCUPAÇÃO E DESEMPENHO OCUPACIONAL ....................................................................................5
2 TERMINOLOGIA NA TERAPIA OCUPACIONAL: ATIVIDADE E OCUPAÇÃO ..........................................................6
3 ATIVIDADE: ENTRE O FAZER HUMANO E O RECURSO TERAPÊUTICO ...............................................................8
4 ATIVIDADES BÁSICAS E INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA .............................................................................. 12
5 SONO E DESCANSO ................................................................................................................................................. 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 17
CONCEITUANDO ATIVIDADES: ATIVIDADES 
BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES 
INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA
 PROF. MAICON HENRIQUE SILVA ROCHA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES 
INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A atividade tem relevância ímpar no cotidiano de um terapeuta ocupacional. O significado 
desse termo se expande além das páginas de um dicionário, tomando proporções variáveis de 
acordo com cada paciente atendido em um gabinete terapêutico, pois, dependente do sentido 
atribuído pelo paciente ou do uso desproposital ou ainda da aplicação dessa ferramenta como 
recurso terapêutico, a amplitude que o termo exerce na profissão pode ser estabelecida.
Compreender o termo em suas mais diversas possibilidades de aplicação fornece 
ao profissional da Terapia Ocupacional (TO) know-how para a lida cotidiana, devido às mais 
variadas possibilidades de atendimentos e casos de pacientes. As próprias áreas de desempenho 
humano utilizam a palavra “atividade” antes de tomar as suas extensões: Atividades Básicas ou 
Instrumentais da Vida Diária, Atividades Laborativas, Atividades de Lazer. 
As Atividades de Vida Diária, área fundamental para os sujeitos que é explorada durante 
todas as fases da vida, carecem de uma atenção especial por parte dos terapeutas ocupacionais, 
haja vista que o seu objetivo é a busca de autonomia e independência de seus pacientes, os quais, 
na grande maioria, apresentam declínio funcional nessa área.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1 ATIVIDADE, OCUPAÇÃO E DESEMPENHO 
OCUPACIONAL
Marysia De Carlo e Celina Bartalotti (2001) propõem um passeio histórico, desde o 
surgimento da Terapia Ocupacional (TO) no Brasil. Elas observam que, apesar do aparecimento 
da TO em solos brasileiros, oficialmente, perpassar pelas décadas de 1950 e 1960, é possível 
encontrar relatos do uso de ocupações para fins terapêuticos em tempos anteriores, como as 
atividades destinadas aos doentes mentais nas corporações de atendimento.
Baseadas no tratamento moral proposto pelo psiquiatra Philippe Pinel, na França, as 
instituições de atendimento psiquiátrico surgidas, em solo brasileiro, buscavam acompanhar os 
padrões do modelo de atenção francês. Com o advento do biologicismo e do cientificismo, essas 
ações tornaram-se sem relevância, perdendo o destaque. Contudo, elas não sumiram totalmente: 
o seu uso permaneceu, de maneira enfadonha e contínua, com o intuito de suprimir a ociosidade 
e de favorecer a manutenção das instituições. 
Em meados do século XX, a reabilitação física passa a receber destaque devido às 
características socioeconômicas e políticas daquele período. Nesse momento, aparecem os 
terapeutas, que buscavam a readaptação dos sujeitos às suas atividades da vida diária, por intermédio 
de exercícios, adaptações ou mesmo próteses. Isso permite compreender o surgimento da TO sob 
dois movimentos: a ocupação de pacientes da área mental em instituições asilares, assim como a 
recuperação física das habilidades e capacidades funcionais (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
No início da atuação prática dos terapeutas ocupacionais, esses profissionais perceberam a 
existência de refugos do que havia sido o tratamento moral. Então, eles buscam uma repaginação 
profissional, cujo objetivo era transformar as atividades, conhecê-las em todos os seus aspectos e 
conferir algum embasamento cientifico ao seu uso. Com isso, pretendia-se indicar, graduar e, se 
preciso, adaptar as ações, a fim de atender os pacientes, a partir de seus diagnósticos (DE CARLO; 
BARTALOTTI, 2001).
De acordo com De Carlo e Bartalotti (2001), a TO passa por um processo de desconstrução, 
na tentativa de desvincular a ideia simplória que associava gratuitamente as atividades ao âmbito 
terapêutico. Da mesma maneira que os dois processos trouxeram significado à gênese da TO 
como profissão, os ideais surgidos desses mesmos movimentos revigoraram novos sentidos para 
a atuação do terapeuta ocupacional, por exemplo, a organização dos sujeitos deficientes em prol 
de igualdade de direitos e oportunidades e o movimento da desinstitucionalização psiquiátrica.
Devido a essas questões sociais, econômicas e políticas, a reabilitação tenta compreender 
não apenas o mecanicismo das ações reabilitativas, mas também os aspectos relacionados às 
questões econômicas, sociais e culturais das pessoas exclusas, esquecidas e carentes de reabilitação, 
seja uma reabilitação mental, física ou social. Com isso, manifesta-se uma nova maneira de assistir 
o corpo humano e seus afazeres rotineiros (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Nesse momento, as práticas em TO começam a valorizar os aspectos gerais relacionados à 
vida, dando-lhes sentido por meio de valores e possibilidades de transformações. Torna-seentão 
um campo prático de significativa relevância, uma vez que considera não somente as questões 
básicas de sobrevivência do ser humano, mas também atribui valor à subjetividade de cada 
sujeito, dando sentido e significado ao seu bem-estar e satisfação no propósito de felicidade (DE 
CARLO; BARTALOTTI, 2001). A Terapia Ocupacional começa a questionar, em seus princípios, 
a realização de determinadas atividades para pacientes que querem ou precisam delas. Com essa 
nova maneira de atuar, portanto, compreende-se as atividades em suas mais variadas formas e 
possibilidades, bem como significados possíveis (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
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2 TERMINOLOGIA NA TERAPIA OCUPACIONAL: 
ATIVIDADE E OCUPAÇÃO
 
Segundo Lima, Okuma e Pastore (2013), um estudo terminológico indica que “atividade” 
é o termo mais utilizado pelos autores brasileiros da área da TO, pois é empregado para 
contextualizar as atividades terapêuticas, ou mesmo o fazer humano como um instrumento da 
prática terapêutica ocupacional. 
Nesse viés, quando se fala em “atividades”, várias são as possibilidades a que se pode 
recorrer, dentro ou fora do campo da TO. Na área da TO, há, por exemplo, a atividade exercício, 
que se apresenta sob um caráter mais reducionista, sendo que, o homem nesses moldes é visto 
sob a ótica do microscópio. Tem-se ainda a possibilidade de atividade enquanto produção, 
em que o homem se caracteriza pela sua produtividade, pela sua relação com os maquinários, 
sendo inclusive a parte frágil desse sistema, pois a satisfação com o trabalho é alvo da psicologia. 
Consideravelmente previsível, a TO pressupõe que a ação e as suas causas possam acontecer 
tanto para melhorar como para piorar algo. Essa estimativa ocorre por intermédio de análises da 
atividade de modo a favorecer um comportamento esperado pela sociedade. Além dessas, ainda 
é possível encontrar atividades vinculadas à expressão ou mesmo à criação e à transformação 
(FRANCISCO, 2001).
De acordo com Lima, Okuma e Pastore (2013), há no Brasil um momento de mudança 
do uso da palavra “terapêutica” em certas atividades. Na década de 1990, para romper com 
atividades de caráter violento em unidades de exclusão, acontece um certo abandono do termo 
“atividade terapêutica”, ocorrendo uma recessão de seu uso por quase vinte anos. Essa alteração 
possibilita subjugar o reducionismo implícito na idealização da atividade, que a caracterizava 
como detentora das propriedades terapêuticas, dando abertura para uma visão mais amplificada 
do fazer humano. Nesse aspecto, ainda na década citada, o ramo da TO começa a receber mais 
atenção, haja vista que considerava a atividade humana como algo animado, corrente, modificável 
e pluralizado, possibilitando que o homem se recriasse, modificando a si mesmo, o seu ambiente 
e o mundo em que vive.
Já “independência” representa as ações referentes às decisões do próprio sujeito sobre a 
maneira como ele pretende ou deve viver cotidianamente, em consonância com as suas preferências 
e regras. Assim, ela pode ser entendida como a habilidade de operar funções relacionadas à 
vida diária e, por conseguinte, a capacidade de viver-se em comunidade com auxílio mínimo 
ou nenhum auxílio de terceiros. O termo está ligado, então, à funcionalidade e à autonomia 
(ALMEIDA; LITVOC; PEREZ, 2012), como alvo e objetivo da TO, cuja relevância não ocorre 
apenas ao possibilitar um mecanicismo da realização das tarefas, mas também ao favorecer um 
enriquecimento do cotidiano das pessoas, mediante as atividades que lhes proporcionam algum 
significado e reconhecimento, inclusive sobre o próprio corpo (PEDRAL; BASTOS, 2008). 
Em relação à profissão, não há univocidade da terminologia dentro da TO, porém o 
conceito de “atividade” generaliza e engloba questões concernentes ao cotidiano, ao lazer, às 
atividades laborativas, criativas ou mesmo expressivas (LIMA; OKUMA; PASTORE, 2013). No 
contexto da reabilitação, o termo “atividades de vida diária” é inserido no vocábulo da profissão 
de TO. Por isso, o cotidiano e a rotina da pessoa com incapacidade que busca a sua independência 
aparecem nesse cenário. Inicialmente, elas eram atribuídas apenas à alimentação e à higiene 
pessoal: aparece, a partir disso, as AVDs nas intervenções de TO, que, depois, integram as demais 
atividades da rotina humana, como a comunicação, a locomoção e as tarefas domésticas. Assim, 
é possível identificar que as atividades de vida diária são entendidas como ações mecânicas e 
repetitivas do cotidiano (FRANCISCO, 2001).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para o ser humano, inserido em uma sociedade, a ocupação tem significativa importância, 
haja vista que as atividades ocorrem durante o dia a dia do sujeito, podendo ser ações de grande 
representatividade, como uma cirurgia que salvará uma vida, ou uma ação simples, como calçar 
as próprias meias ou passar um café. O fato é que, independente do grau de importância ou 
complexidade, há algo em todas as ações que as tornam fundamentais: o significado delas para 
o sujeito que as realiza. Cada uma das atividades cotidianas de um sujeito apresenta traços 
singulares que a individualiza. Isso leva o terapeuta ocupacional a atuar com atividades que sejam 
significativas e estejam de acordo com as demandas de cada paciente (BESSA; SILVA; ROSA, 
2011).
Dizemos isso, porque, desde os primórdios das teorias terapêuticas ocupacionais, existe 
uma tentativa de compreender-se o significado de ocupação, para estabelecer, com isso, um 
direcionamento para a profissão. O equilíbrio entre a natureza ocupacional, como um potencial 
natural de todo o ser humano, e a doença, como um fator desestabilizador dessa natureza através 
da ocupação, que tem por premissa a reorganização do comportamento humano no cotidiano, é 
um dos argumentos básicos da TO (FRANCISCO, 2001).
Traçamos esse percurso para destacarmos, em caráter de curiosidade, que há uma falta 
de uniformidade dos termos na profissão. Exemplo disso é o próprio termo “ocupação”, que, 
para Jô Benetton, promotora do Método da TO Dinâmica, pode caracterizar uma atividade que 
gera o sustento de quem a realiza, como o assalariado. Em contrapartida, para muitos autores da 
língua inglesa, a palavra estaria ligada às atividades realizadas pelas pessoas, na maior parte do 
tempo em que se encontram acordadas, ou seja: “ocupação” ainda não tem, na TO, um conceito 
consistente. Isso pode ocasionar confusões semelhantes às do passado, que levaram ao abono 
do uso “atividade terapêutica” para “atividade” como um instrumento ou um recurso (LIMA; 
OKUMA; PASTORE, 2013).
Para tanto, ainda de acordo com as autoras Lima, Okuma e Pastore (2013), é necessário 
prestar atenção ao produzir materiais ou atuar como terapeuta ocupacional, de modo a não usar 
ou tornar imprudente o uso de determinados termos. A análise de atividades é uma ferramenta 
importante na área da reabilitação terapêutica ocupacional, que, ao ser utilizada de modo 
específico em um caso, torna-se uma análise da ação do sujeito que a realiza. Assim, na primeira, 
há um estudo geral da atividade em sua cultura, produção, formas de realização, enquanto, na 
segunda, analisa-se o fazer particular e individual da pessoa, que deve ser explorado, considerando 
a unicidade da ação.
Para compreender a importância da ocupação no cotidiano de um sujeito, 
é interessante saber que, conforme Francisco (2001), o homem conta com 
uma natureza ocupacional, cujas doenças apresentam aptidão para obstruí-
la e descontinuá-la. Além disso, essa ocupação é tida como um organizador 
do comportamento humano, que pode ser utilizada de maneira terapêutica, 
reestruturando ou recompondo o comportamento do sujeito em seu cotidiano.8WWW.UNINGA.BR
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3 ATIVIDADE: ENTRE O FAZER HUMANO E O RECURSO 
TERAPÊUTICO
Lima, Okuma e Pastore (2013) afirmam que, através da atividade, é possível expressar 
emoções, sentimentos e experiências, bem como possibilitar um reconhecimento de 
comportamentos e oferecer dados históricos acerca das pessoas envolvidas. Além desses aspectos 
relacionados à expressividade dos sujeitos, as atividades, na TO, possibilitam o exercício de 
funções e habilidades, favorecem a percepção de capacidades e limitações, amplificam as 
perspectivas frente à reabilitação, para, com isso, gerarem um maior envolvimento dos pacientes 
diante dos tratamentos terapêuticos ocupacionais. Sendo assim, é possível sobrepor a ideia de 
atividade terapêutica pelo senso de atividade, como um meio de alcançar-se alguns propósitos 
ligados à saúde, ou seja, um instrumento, um artifício.
Nesse aspecto, a atividade carrega um poder transformador, que, no ramo da TO, 
atua como um mecanismo estimulador dos processos de mudança, sendo, então, um recurso 
terapêutico que atende às demandas da profissão, ao longo da sua existência, com os mais 
diversos públicos-alvo. De uma maneira geral, a atividade dentro da TO favorece a experiência e 
propicia uma mudança das rotinas, possibilitando a objetivação, oportunizando expressividade, 
aprendizado, autonomia, interação. Além disso, para o profissional que a utiliza, ela corresponde 
a um recurso de investigação, tratamento e inserção social por intermédio do fazer, ou seja, pelo 
uso de atividades, é possível educar, organizar, ensinar, tratar e até mesmo modificar ambientes, 
de modo a gerar não somente interações, mas também integrações (LIMA; OKUMA; PASTORE, 
2013).
Dito isso, é por meio da atividade humana que se torna possível mediar relações entre 
as pessoas, ou entre pessoas e instituições. Revela-se, com isso, as situações que precisam ou 
podem ser potencializadas ou reduzidas (até mesmo extintas), propicia também uma mediação 
entre o próprio terapeuta e o paciente, uma vez que, quando bem direcionada, ela viabiliza aos 
pacientes a dilatação de seus conhecimentos de mundo, o que pode favorecer as suas escolhas, 
possibilitar experiência de novos meios de ser e fazer, constituindo parte fundamental do vínculo 
terapêutico devido ao relacionamento: trocas que orientam a edificação do processo terapêutico 
(LIMA; OKUMA; PASTORE, 2013).
O artigo Atividade, ação, fazer e ocupação: A discussão dos termos na Terapia 
Ocupacional Brasileira refere-se a uma pesquisa sobre o uso de termos como 
atividade, ação, fazer e ocupação na TO. O estudo é importante para compreender-
se as concepções e maneiras de trabalhar-se com as atividades, assim como para 
compreender melhor as questões terminológicas da TO.
Disponível em: http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/
cadernos/article/view/811/436. Acesso em: 18 dez. 2019.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando se trata de atividades que são realizadas rotineiramente em casa, o ambiente 
domiciliar, isto é, o local onde as tarefas são desempenhadas no dia a dia do paciente, é uma 
questão que precisa ser levada em consideração de modo constante e substancioso pelo profissional 
da TO. Isso ocorre pelo fato de que, muitas vezes, a reabilitação e o treino das atividades, em 
gabinete terapêutico, não condizem com a realidade encontrada no domicílio dos pacientes, 
o que pode ocasionar um falso resultado positivo de melhora, uma vez que há a possibilidade 
da pessoa conseguir praticar uma atividade, de maneira satisfatória, em ambiente terapêutico, 
devido às possíveis adaptações ou condições diferenciadas, mas ser incapaz de reproduzir as 
mesmas tarefas em casa. Sendo assim, possíveis modificações que precisam ser indicadas devem 
ser realizadas no domicílio, favorecendo a independência dos pacientes nas atividades de seu 
cotidiano (GUERZONI et al., 2008).
De acordo com o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira 
Região – CREFITO-3 (2019), fazem parte das competências do Terapeuta Ocupacional o 
planejamento, prescrição, confecção e treino (do uso) das adaptações e dispositivos, que 
poderão favorecer a realização das atividades, de modo a gerar independência e funcionalidade, 
além de aprimorar a qualidade de vida, em quaisquer das áreas de desempenho ocupacional. 
A ação terapêutica ocupacional dentro dessa área está completa, quando contempla toda e 
qualquer demanda que possa influenciar no desempenho ocupacional competente dos sujeitos, 
independente da fase de desenvolvimento em que ele se encontre, desde que a independência 
naquela tarefa seja esperada.
Ao discutir-se desempenho ocupacional, é preciso ter em mente que esse conceito 
é composto por áreas, componentes e contextos de desempenho específicos, os quais, juntos, 
formam uma base para a realização das atividades do cotidiano, uma vez que, na execução 
de uma tarefa, o desempenho é influenciado pelo contexto em que o sujeito está inserido. É 
necessário também que se busque a estabilidade entre os elementos, de modo a conquistar a 
competência que se refere ao desempenho ocupacional. É nesse aspecto que trata a TO: a busca 
pelo equilíbrio entre esses elementos, criando condições propícias para que haja esse desempenho 
competente. Assim, o terapeuta ocupacional avaliará e buscará um tratamento que assista os 
déficits dos componentes de desempenho, focado em identificar possíveis variações e habilidades 
que venham a interferir na ação do sujeito, em suas atividades diárias, de maneira generalizada 
(MONTEIRO et al., 2012). 
Terapeutas ocupacionais são incumbidos de desenvolver intervenções que contemplem 
as habilidades de desempenho necessárias para a realização das atividades fundamentais aos 
pacientes, capacitando-os através de habilitações ou adaptações, oportunizando a participação 
do sujeito nas tarefas (PINTO; PEREIRA; FABRI, 2013).
É importante reconhecer o significado de adaptações e tecnologias assistivas por meio das 
modificações do comportamento ou do ambiente, que estimulem a manutenção ou o aumento 
da independência funcional das pessoas nas atividades cotidianas, relacionadas às práticas de 
autocuidado. Cabe ainda definir, antes mesmo de prosseguir, que a tecnologia assistiva pode ser 
definida como equipamento ou mesmo sistema, comprado ou adaptado (customizado), usado 
para recuperar, manter ou aumentar a capacidade funcional de pacientes que se encontrem sob 
situação incapacitante (ALMEIDA; LITVOC; PEREZ, 2012).
Pessoas dependentes podem ser definidas como aquelas que, seja por um período 
determinado ou indeterminado de tempo, careçam de auxílio de outras pessoas para a realização 
de atividades do seu cotidiano. Essa definição não é recente, sendo desenvolvida e discutida 
desde a década de 1960, quando Barthel, Lawton e Brody desenvolviam seus trabalhos na 
área de dependência e independência nas atividades básicas e instrumentais da vida diária 
(FIGUEIREDO, 2007 apud SILVA, 2013). Gravem os nomes: Barthel, Lawton e Brody, pois eles 
serão usados em demasia logo mais. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A dificuldade diante da realização de quaisquer atividades gera impactos ímpares em 
cada sujeito, conforme o papel que ele exerça socialmente. Nesse aspecto, a TO atua como um 
mecanismo transformador da prática, tanto em setting terapêutico como no contexto do próprio 
paciente (GIRAL, 2015).
Ainda citando Almeida, Litvoc e Perez (2012), é possível afirmar que mudanças do 
comportamento aludem às técnicas ou à organização da rotina, de modo a favorecera realização 
das atividades ou até mesmo a substituição de algumas atividades, quando necessária. Exemplos 
práticos seriam: o incentivo de técnicas de conservação de energia e preservação articular, como 
evitar o uso de escadas ou a intercalação de atividades de alta demanda energética com outras de 
menor demanda física, tornando as atividades mais seguras ou confortáveis. Já as modificações 
no ambiente são compensações que se realizam no ambiente físico, retirando possíveis obstáculos 
que possam influenciar a capacidade funcional da realização das atividades básicas e instrumentais 
da vida diária. Por exemplo, a retirada de tapetes, movimentação de móveis de modo que amplie 
a área de circulação, instalação de barras de apoio ou corrimãos. Uma questão que é preciso 
considerar, seja em modificações comportamentais ou ambientais, é o significado que a mudança 
ou mesmo o ambiente representa para o paciente.
Francisco (2001) afirma que os profissionais da TO precisam olhar para além do aparente: 
rotinas são hábitos e ações realizadas mecanicamente, nas quais, facilmente se encontra um fazer 
por fazer. Entretanto, o cotidiano vai além desse conceito, pois, nele, busca-se o exercício de 
atividades transformadoras e significativas, além de ser social: o que se sucede todos os dias, 
muitas vezes, tem a ver com o contexto no qual a pessoa vive, com o seu mundo social. 
Para melhor compreensão do que procuramos dizer, considere um exemplo prático: a 
atividade de alimentação, ou, mais especificamente, “o comer”, parte do ato de se alimentar. De 
maneira necessária, essa ação é uma atividade que faz parte da rotina das pessoas (ao menos 
deveria fazer, não fossem os demasiados problemas sociais que afetam significativa parcela da 
população mundial). Contudo, ao considerar os diversos cotidianos das pessoas que se alimentam, 
é possível perceber que existem diferentes alimentos, utensílios, modos de preparo e maneira de 
comer (levar o alimento pronto, do recipiente até a boca), que divergem conforme o contexto, 
como: há pessoas que comem com as mãos, com talheres, com hashis (os famosos “pauzinhos”), 
ou quaisquer outras possibilidades (FRANCISCO, 2001).
O artigo O cotidiano na terapia ocupacional: cultura, subjetividade e contexto 
histórico-social discute o uso do termo “cotidiano” na TO. Terminologia ainda é um 
assunto delicado na profissão, devido à falta de uniformidade no uso de muitos 
deles. Por isso, todo conhecimento será válido em relação à temática por parte 
dos futuros profissionais da área. 
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13924/15742. Acesso 
em: 15 out. 2019.
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Ainda de acordo com a autora, é isso que precisa ser levado em consideração não 
somente durante a formação, mas ao longo de toda a vida prática de um terapeuta ocupacional 
(FRANCISCO, 2001). As atividades trabalhadas em atendimento ou aprendidas em ambiente 
educacional, que nesta apostila são as Atividades de Vida Diária, precisam ser analisadas juntas 
ao mecanicismo do fazer, para verificar-se em quais momentos é possível adaptar e moldar as 
práticas para o indivíduo, de maneira que não se olhe apenas para um sistema, por exemplo, o de 
saúde, mas sim para um sujeito, ímpar e especial em seu modo de ser e fazer.
Nesse sentido, é preciso ter em conta cada atendimento, as condições individuais e 
peculiares dos pacientes ou do grupo de atendimento. Fatores sociais e econômicos são aspectos 
que, comumente, tornam ímpar o significado de determinadas atividades para cada indivíduo. 
Em questões relacionadas ao trabalho, por vezes, as compreensões e expectativas do terapeuta 
ocupacional não condizem com a realidade do paciente, podendo, em alguns casos, tornar-se 
uma perda de tempo em relação ao que se busca trabalhar e desenvolver. Outro exemplo que 
pode auxiliar na compreensão da singularidade dos fatores socioeconômicos e culturais seria 
questão de lazer e diversão. Para o terapeuta, uma viagem pode ter o significado de ir para longe, 
minimamente, para fora da cidade, enquanto para um paciente, atravessar a cidade e ir até um 
parque, utilizando o transporte público, pode ser considerado uma viagem (SUSSENBERGER, 
2002).
Ainda com base nos ensinamentos de Sussenberger (2002), é possível enriquecer as 
opções de exemplos citando o cuidado pessoal. Em gabinete, ou mesmo em um laboratório 
terapêutico, pode ser que haja um banheiro adaptado, com todos os recursos suficientes para a 
realização de um banho. Entretanto, é provável que, no domicílio do paciente, as condições sejam 
completamente diferentes, sem que favoreçam a realização dessa atividade, ou seja, haverá um 
falso resultado positivo, uma vez que o paciente seja capaz de banhar-se em gabinete, mas não 
consiga reproduzir a tarefa em casa, o que é o principal objetivo, afinal: não será no consultório 
que o paciente realizará os seus banhos diariamente. 
Assim, é possível compreender que, por melhor que seja a intenção do terapeuta 
ocupacional, é necessário ter em vista as informações e os aspectos relacionados às condições do 
paciente, para conduzir as estratégias da intervenção terapêutica. É de fundamental importância, 
então, que o terapeuta ocupacional exercite o ato de “ouvir” o paciente e, assim, compreenda a 
fundo suas capacidades e necessidades, associadas às suas condições, fornecendo um atendimento 
com foco no desempenho ocupacional competente de maneira otimizada (SUSSENBERGER, 
2002). 
A Resolução 316, de julho de 2006, proposta no ano de 2006 pelo Conselho Federal 
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) discute a prática das AVDs e 
AIVDs pelos terapeutas ocupacionais. Muitos dos materiais a respeito do assunto 
são realizados por outros profissionais da saúde, o que gera uma reflexão acerca 
da necessidade de fiscalizar, produzir materiais e zelar pela nossa profissão. Veja 
a resolução e pense sobre isso. 
Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3074. Acesso em: 10 nov. 
2019.
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Ao definir o Método da TO Dinâmica, Jô Benetton (apud LIMA; OKUMA; PASTORE, 
2013) considera a atividade como uma ferramenta qualificada que propicia a construção do 
cotidiano, aos entender as ocupações como um meio atuante do sujeito expressar-se na sociedade, 
isto é, de interagir com o meio, modificando e sendo modificado por ele, além de afetar diretamente 
a cultura. Percebe a importância que a atividade como fazer humano tem?
4 ATIVIDADES BÁSICAS E INSTRUMENTAIS DA VIDA 
DIÁRIA
Variadas são as possibilidades de ocupações em que uma pessoa, grupo ou mesmo uma 
população pode envolver-se. Esse envolvimento acontece em áreas de ocupação que se separam 
em categorias, descritas como: atividades básicas e instrumentais da vida diária, descanso e sono, 
educação, trabalho, brincar e lazer e participação social (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE 
TERAPIA OCUPACIONAL, 2015). A prioridade dada à participação em certas áreas de ocupação 
varia de acordo com o momento da vida, sendo atrelada à fase do desenvolvimento em que o 
sujeito se encontra, como a infância, fase adulta ou velhice (MONTEIRO et al., 2012).
Atividades de Vida Diária (AVD) fazem parte do cotidiano das pessoas em todas as 
fases do desenvolvimento humano. As primeiras tarefas autônomas de um sujeito se constituem 
basicamente nessa área de desempenho ocupacional. Há tarefas básicas do cotidiano relacionadas 
ao autocuidado, as AVDs, que, comumente são aprendidas ainda na infância. A alimentação, o 
uso do banheiro para as necessidades fisiológicas, a higienização do corpo e o vestir-se, bem 
como a mobilidade dentro da própria residência, por exemplo, são atos que contemplam essa área 
(GUERZONIet al., 2008). Dessa maneira, na área da TO, é impossível falar sobre qualidade de 
vida sem citar as AVDs, devido a sua estreita ligação sobretudo com os aspectos de autocuidado 
e automanutenção da vida, contribuindo com as necessidades das pessoas nos mais variados 
domínios do cotidiano de toda e qualquer pessoa (BESSA; SILVA; ROSA, 2011).
Por relacionarem-se aos cuidados pessoais e à mobilidade, essas atividades, comumente 
chamadas de AVD, ou ainda Atividades Pessoais de Vida Diária ou Atividades Básicas de Vida 
Diária, podem ser definidas especificamente como as ações de alimentação, controle de esfíncteres, 
uso do aparelho sanitário, banho, vestuário, cuidados com os equipamentos pessoais, mobilidade 
funcional, comunicação, atividade sexual bem como o sono e descanso (SILVEIRA; JOAQUIM; 
CRUZ, 2012). Por isso, o terapeuta ocupacional é o profissional capacitado e habilitado para 
assistir os casos em que se apresentem déficits relacionados à performance das Atividades de Vida 
Diária (BESSA; SILVA; ROSA, 2011).
Dentro dos cuidados com as Atividades de Vida Diária, e mesmo em Atividades 
Instrumentais de Vida Diária (AIVD), o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
(2006) reconhece, através da Resolução 316, de 19 de julho de 2006, como competência exclusiva 
do Terapeuta Ocupacional, no que tange à sua atuação em relação às AVDs: avaliar, elaborar e 
executar programa de treinamento funcional, visando desenvolver as capacidades de desempenho 
das AVDs e AIVDs, mediante o comprometimento do desempenho ocupacional, seja por questões 
motoras, sensoriais, percepto-cognitivas, mentais, emocionais, comportamentais, funcionais, 
culturais, sociais ou mesmo econômicas por parte dos pacientes.
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Como as atividades de vida diária se relacionam aos cuidados pessoais e de mobilidade, 
elas podem ainda se dividir em grupos como: mobilidade (movimentação na cama, transferências 
dentro de casa), cuidados pessoais (alimentação, vestimenta, entre outras), comunicação (uso de 
aparelhos como computadores e telefones) e ferramentas do ambiente (manipulação de chaves, 
maçanetas, torneiras), além do cuidado das pessoas com o seu próprio corpo (BESSA; SILVA; 
ROSA, 2011). Ainda de acordo com esses autores, além de considerar os aspectos generalizados de 
AVD, é preciso que o terapeuta ocupacional considere a inclusão do uso de possíveis ferramentas 
e utensílios necessários para a execução de uma tarefa e para a melhoria de aspectos individuais, 
como a necessidade ou não de uso de aparelhos auditivos ou óculos, orientando o cuidado com 
esses equipamentos, sem que faça parte do uso comum de todos que realizam AVD. 
Outros autores, como Mello e Mancini (2007), estabelecem que as atividades básicas ou 
pessoais de vida diária são aquelas realizadas com o objetivo do cuidado com o próprio corpo, 
podendo dividir-se em atividades de autocuidado e higiene pessoal; atividades de vestuário; 
atividades de alimentação; atividade sexual e descanso.
Muitos dos materiais que encontramos a respeito das Atividades de Vida Diária e 
Atividades Instrumentais da Vida Diária foram produzidos por outros profissionais 
que não terapeutas ocupacionais, como é possível observar no documento Treino 
de Atividades de Vida Diária. Qual relação entre essas situações descritas pela 
Resolução 316/2006 do COFFITO e o texto citado você pode estabelecer? Observe 
os conceitos, função, abordagem etc.
 Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/311206257_Treino_de_
Atividades_de_Vida_Diaria/link/586af6c808aebf17d3a4cfd2/download. Acesso 
em: 15 nov. 2019.
Vídeo preparado por acadêmicos de um curso de TO, 
disciplina de AVD e AIVD, a fim de demonstrar alguns aspectos 
relacionados a essa área de ocupação. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=QDWfClXkMxA . 
Acesso em: 3 nov. 2019.
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Já Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) são atividades dirigidas para a 
interação de um sujeito com o ambiente, dando-lhe apoio na vida diária em domicílio e em 
comunidade, possibilitando a sua autonomia para desempenhar os papéis ocupacionais nos 
contextos sociais em que se insere. Comumente em sua realização, as AIVDs carecem de 
ferramentas e instrumentos, além de habilidades como: capacidade de resolução de problemas e 
planejamento (MACEDO et al., 2018). 
Então, essas atividades instrumentais, ou de vida prática, são aquelas realizadas para o 
relacionamento do sujeito com a comunidade e a sociedade, apresentando traços de opcionalidade, 
uma vez que não são atividades que fazem parte da rotina (muitas das vezes por motivação 
cultural) de todas as pessoas. As atividades desse grupo podem ser subdividas em: atividades 
de cuidado com o outro; cuidado com animais de estimação; mobilidade na comunidade; 
realização de compras; preparo de refeições; administração financeira e protocolos de segurança 
e emergência (MELLO; MANCINI, 2007).
Para uma melhor compreensão desse tema, nesse momento inicial da disciplina, é 
interessante considerar que existe uma grande área tida como Atividades de Vida Diária (AVD), 
que apresentam duas variações: uma que engloba as atividades fundamentais de sobrevivência, 
classificadas como atividades básicas ou pessoais, que, de maneira mais simplória, podem ser 
definidas por ações como comer, manter a higiene pessoal (até por questões sanitárias), manter-
se aquecido, evitar perigo e usufruir de habilidades sociais básicas; e outra variação, que engloba 
concepções mais complexas relacionadas ao autocuidado e independência no cotidiano, como o 
preparo das refeições; o abastecimento de materiais para os cuidados com a casa (alimentação, 
higiene, limpeza), sendo as atividades domésticas ou instrumentais da vida diária (BESSA; SILVA; 
ROSA, 2011).
5 SONO E DESCANSO
Tão significativo quanto as demais áreas de ocupação humana como as Atividades Básicas 
e Instrumentais de Vida Diária, o sono também é uma área que demanda cuidado por parte dos 
terapeutas ocupacionais. Qualidade em comparação à quantidade é uma máxima que também 
necessita de atenção, respeitando uma consideração peculiar junto aos cuidados com a saúde: 
individualidade dos sujeitos, pois os fatores externos, como temperatura, luminosidade, barulhos, 
entre outros aspectos, influenciam a qualidade do sono (MULLER; GUIMARÃES, 2007).
Material produzido para realização de possíveis treinos de 
AVD, conforme as demandas dos pacientes. O conteúdo pode 
ser facilmente reproduzido por terapeutas ocupacionais, 
possibilitando o treino junto aos seus pacientes e demandas. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=lvErx4Iqa78 . 
Acesso em: 12 out. 2019.
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Porciúncula (2015) defende que a falta de qualidade nessa área acarreta problemas 
não somente nos aspectos cognitivos de uma pessoa, mas também causa alterações físicas, 
ocupacionais e sociais, afetando de maneira significativa a qualidade de vida de uma pessoa, 
tendo efeitos negativos quanto ao desempenho ocupacional. Portanto, essa área ocupacional não 
pode ser negligenciada pelos sujeitos, menos ainda pelos terapeutas ocupacionais que atuam 
diretamente no desempenho ocupacional de algumas pessoas.
A TO atua com foco no desempenho ocupacional competente dos pacientes. Esse 
desempenho significa a capacidade do sujeito de executar as tarefas do seu dia a dia, para que 
a prática de seus papéis sociais, junto à comunidade e sociedade em geral, seja satisfatória, o 
sono e o descanso não devem ser desconsiderados. O serhumano, por si só, apresenta-se como 
um ser ocupacional que precisa do envolvimento de diversas atividades ocupacionais, que sejam 
significativas para si, criando um engajamento e propiciando um equilíbrio no cotidiano desse 
sujeito. Por isso, as áreas de ocupação precisam ser realizadas de maneira harmônica, para que 
afetem positivamente a qualidade de vida do seu realizador (PORCIÚNCULA, 2015).
Sobre ocupação, a Associação Americana de Terapia Ocupacional (2015) destaca 
importância de considerá-la a partir da noção de competência de um sujeito individual, da 
comunidade e da sociedade como um todo. O termo representa significados e concepções individuais 
para cada um, podendo ser considerado como todas as ações que um indivíduo empreende para 
manter-se ocupado, ainda que isso signifique o cuidado com o outro, possibilitando-lhe o gozo 
da vida, dando significado às ações que as pessoas querem ou necessitam realizar, independente 
da natureza (física, mental, social, espiritual, até mesmo de sono e descanso).
Ainda de acordo com o documento da Associação Americana de Terapia Ocupacional 
(2015), várias são as possibilidades de ocupação de um sujeito, como atividades de vida diária, 
atividades instrumentais, sono e descanso, educação, trabalho, brincadeiras, lazer e participação 
social. Há ainda a maneira como cada uma dessas áreas são abordadas pelos pacientes, sendo 
elas singulares e subjetivas, uma vez que a sua realização varia de acordo com a maneira como 
a situação se apresenta no cotidiano do sujeito. Essa questão pode ser exemplificada por meio 
do preparo de uma refeição: algumas pessoas podem identificá-la apenas como Atividade 
Instrumental da Vida Diária (AIVD), enquanto outras veem-na como um trabalho.
É válido salientar ainda que, para que haja um bom desempenho ocupacional no cotidiano 
das pessoas, é necessário equilíbrio entre as áreas de ocupação (PORCIÚNCULA, 2015). Por 
mais que seja, aparentemente, uma atividade simplória, e que a autonomia e a independência nas 
demais áreas pareçam estar de acordo com o esperado, é necessário atentar-se aos aspectos sono 
e descanso, haja vista que eles podem acarretar um desequilíbrio nas demais áreas, além de mais 
declínios funcionais (A palavra “mais” é utilizada, pois o sono e o descanso afetados podem ser 
vistos como um declínio, isto é, uma falha no desempenho das funções dormir e descansar). 
As ocupações como áreas do cotidiano, quando bem distribuídas e realizadas, auxiliam no 
equilíbrio do modo como o sujeito conduz o seu viver. Contudo, quando não, podem ocasionar 
algumas disfunções, por exemplo: sujeitos que demandam significativa parte do seu tampo para 
as atividades de trabalho, sem explorar as atividades de lazer, participação social ou ainda sono e 
descanso, expõe-se a riscos que podem afetar até mesmo a sua saúde.
Em comparação com as demais áreas da ocupação, é necessário que o sono e o descanso 
recebam a sua devida importância, que sejam exercidos de maneira qualitativa, para que haja 
uma manutenção otimizada das demais tarefas relacionadas às outras áreas da ocupação após 
a efetivação destas. Almeida et al. (2011 apud PORCIÚNCULA, 2015) relatam que o sono e o 
descanso precisam ser realizados de maneira satisfatória, afim de sustentar o bom funcionamento 
não somente do âmbito biofisiológico como também do psicológico, até porque quaisquer 
perturbações geram variados problemas de saúde que afetam diretamente o bem-estar e a saúde 
das pessoas. Por exemplo, memória, atenção e raciocínio, além de outros componentes cognitivos 
sofrem ação direta da privação do sono ou descanso.
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Assim, segundo Porciúncula (2015), é necessário que, apesar das mais variadas 
competências que o sujeito está submetido a desempenhar, haja valorização e responsabilidade 
com o descanso e sono, devido à importância que essas ocupações têm em relação às demais 
ocupações da pessoa. Como a TO é uma profissão voltada para a ocupação humana, ofertando 
aos seus pacientes maneiras de organizar e de equilibrar suas áreas de ocupação, é preciso que não 
se negligencie essa área específica de ocupação, desde que se espere o desempenho ocupacional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
O significado da palavra atividade, além das questões elementares, leva o terapeuta 
ocupacional a refletir sobre a sua subjetividade. Por mais significativa que uma determinada 
atividade possa parecer, é necessário que se considere a importância que a sua realização tem 
para o paciente atendido.
As Atividades de Vida Diária estarão presentes como demandas para os profissionais da 
TO Desde as primeiras até as últimas tarefas desempenhadas pelo ser humano, não somente no 
dia a dia, como também ao longo da vida. Um dos pontos que justifica esse aspecto é o fato de sua 
realização estar vinculada às questões que ultrapassam desejos e vontades: aqui o termo pode ser 
necessidade, uma vez que tais atividades favorecem a sobrevivência do ser humano, de maneira 
independente, incluindo aspectos ligados à saúde, por meio de necessidades fisiológicas básicas, 
bem como sanitárias.
Do acordar ao dormir (incluindo o “dormir” propriamente dito), o sujeito se depara com 
a necessidade de realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária e das demais áreas 
do desempenho ao longo do dia. Assim, é preciso que toda a atenção esteja voltada para essa 
área tão fundamental para a autonomia e independência dos sujeitos, além de ser extremamente 
importante para a TO, que atua em torno desses aspectos.
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 19
1 A IMPORTÂNCIA DA AVD E AIVD: A INDEPENDÊNCIA DAS ÁREAS ....................................................................20
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DO TRATAMENTO ....................................................................25
3 EXEMPLOS DE PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO E ESTRATÉGIAS PARA REMEDIAÇÃO, COMPENSAÇÃO E 
EDUCAÇÃO NO TRATAMENTO DA AVD .....................................................................................................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 31
TÉCNICAS E TREINOS DE AVD E AIVD DE 
ACORDO COM AS DEMANDAS DOS PACIENTES
 PROF. MAICON HENRIQUE SILVA ROCHA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES 
INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA
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INTRODUÇÃO
 
Cada paciente tem suas opiniões e interesses. O atendimento da Terapia Ocupacional 
(TO) deve ser especificamente voltado aos interesses de cada paciente, dentro das possibilidades 
reais de reabilitação. Independentemente do quão parecido um caso possa parecer com outros já 
atendidos, é preciso perceber os aspectos individuais e subjetivos de cada pessoa.
Existem variadas possibilidades para atingir-se um objetivo terapêutico ocupacional após 
a avaliação do paciente, mas, em algumas situações, a busca pela recuperação das habilidades 
para que o paciente realize determinadas atividades não condiz com as expectativas reais do 
processo reabilitativo. Assim, uma opção pode ser adaptar a atividade nos mais diversos aspectos 
possíveis, além de orientar os atendidos e os cuidadores sobre os aspectos que influenciam o 
desempenho ocupacionalde maneira mais competente possível. 
Durante o planejamento de uma intervenção, é necessário que o terapeuta ocupacional 
volte o seu olhar para os diversos aspectos que vão além da incapacidade do sujeito. Inclusive, ao 
analisar as declinações, é de suma importância considerar os variados fatores que compõe esse 
aspecto e que carecem de uma atenção especial. Esse olhar é o que caracteriza o diferencial do 
atendimento do terapeuta ocupacional, afinal, é esse profissional que visualizará o paciente como 
um sujeito completo, complexo e singular em todos os seus aspectos.
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1 A IMPORTÂNCIA DA AVD E AIVD: A INDEPENDÊNCIA 
DAS ÁREAS
Atividades da Vida Diária (AVD) é uma das áreas mais significativas do cotidiano humano, 
haja vista a sua importância para a sobrevivência e a quantidade de tempo destinada para a sua 
realização, seja de maneira autônoma ou dependente. Hoje, essas atividades são divididas em 
dois grupos: básicas e instrumentais, por mais generalizadas que sejam, considerando que a 
população, em geral, necessita de significativas tarefas para manter-se viva e saudável, devem ser 
uma das áreas de atuação do terapeuta ocupacional que mais necessita atenção e cuidado quanto 
ao planejamento da intervenção. Isso porque, como tantas outras atividades, precisa-se considerar 
a individualidade do paciente e elaborar intervenções que atendam suas demandas particulares, 
de maneira que o seu proceder seja conveniente com as necessidades dos atendidos. Para isso, 
múltiplas são as possibilidades de técnicas e artimanhas que podem e devem ser utilizadas pelo 
profissional.
Devido à variedade de possibilidades de planejamentos que pode ser idealizada pelos 
profissionais da TO, é de significativa relevância, ainda no início deste unidade, ressaltar 
a importância do profissional de buscar alternativas sempre individualizadas, que possam 
corresponder às ânsias dos pacientes, evitando, sempre que possível, procedimentos padronizados, 
os quais, na maioria das vezes, são engessados, sendo muito difícil satisfazer, por meio deles, as 
demandas terapêuticas do paciente.
A capacidade humana de realizar suas atividades do cotidiano e conviver em sociedade, 
necessitando ou não do auxílio de outras pessoas através da capacidade funcional, na TO, é 
entendida como independência, isto é, aquilo que dirige o fluxo cotidiano das ações das pessoas 
em sua vida diária, respeitando os seus desejos e necessidades. É nesse aspecto que se concentra a 
atenção da TO: favorecer essa independência nas atividades do cotidiano do sujeito, com alguma 
ou nenhuma ajuda de outras pessoas, desde que seja possível realizá-las. É preciso ter em mente 
que, para isso acontecer talvez sejam necessárias modificações no comportamento, na maneira 
como as atividades são feitas, no emprego de equipamentos ou até mesmo no ambiente.
Além disso, ao planejar um atendimento terapêutico ocupacional, o profissional 
deve buscar estabelecer os resultados que o tratamento pretende alcançar, considerando as 
possibilidades de atingi-los, desde os primeiros contatos até a avaliação. Holm, Rogers e James 
(2002) destacam o significado de considerar o valor que esta ou aquela atividade apresenta para o 
paciente, considerando a prioridade que ele traz para o período de reabilitação em atendimento. 
De maneira que melhor esclareça esse aspecto, tome, por exemplo, um paciente que, após 
um acidente automobilístico, sofre uma lesão medular na altura da vértebra Cervical 6, tornando-
se quadriplégico. Esse paciente é o provedor principal do lar, isto é, toda a sua família conta 
com a sua capacidade laborativa. Além disso, o trabalho, na área contábil, utiliza muito de suas 
funções cognitivas, as quais são preservadas no acidente. Nesse caso, é possível que o paciente 
dê prioridade ao retorno de suas atividades laborais, ainda que realizadas em domicílio, do que à 
independência nas atividades básicas de vida diária, que podem ser realizadas ou auxiliadas pela 
sua esposa ou filhos. Dessa forma, a prioridade será ditada pelo próprio paciente (quando em 
condições de fazê-la), o que garante o sucesso da intervenção, uma vez que gozará do engajamento 
e decisão do paciente em questão.
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O valor dado por um paciente (ou por seu cuidador) a uma determinada atividade terá 
efeito direto no comprometimento da pessoa atendida que busca otimizar os resultados de suas 
tarefas em ambiente terapêutico. A questão que deve ser feita sobre esse aspecto é se as habilidades 
residuais do paciente são significativas para a realização das ações que ele elenca como prioridade. 
Em caso negativo a isso, é necessário que o terapeuta ocupacional auxilie o paciente a identificar 
novas prioridades dentro das possibilidades iniciais, orientando-o a manter um tratamento que 
possa viabilizar, o mais breve possível, aquelas tarefas que haviam sido identificadas como de maior 
valor para o sujeito. Assim, é interessante que, em acompanhamento terapêutico, a manutenção 
de possibilidades de resultados esteja em conformidade com a realidade do tratamento, ainda que 
dependendo de modificações (HOLM; ROGERS; JAMES, 2002).
Segundo Almeida, Litvoc e Perez (2012), essas modificações, quando relacionadas ao 
comportamento do paciente, fazem referência às técnicas que são adaptadas para permitir a 
realização das tarefas ou mesmo a substituição de antigas atividades por novas, por exemplo, 
evitar carregar pesos exagerados em uma compra de mercado, ou utilizar o elevador ou rampa ao 
invés dos degraus, instalar barras de apoio no banheiro. O objetivo dessas mudanças no ambiente 
é compensar os inconvenientes da realização das atividades, fornecendo mais segurança em suas 
práticas.
A questão é que, dentro da área terapêutica ocupacional, o foco concentra-se no aumento 
da capacidade funcional e no nível de independência, havendo várias possibilidades e meios 
para conquistar esses objetivos. Nesse aspecto, uma das alternativas é o ensino de técnicas e 
de treinos para o desempenho desta ou daquela atividade. Somente a nível de exemplificação, 
ensinar um paciente com hemiplegia, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral, a vestir-
se, iniciando pelo lado comprometido ao invés de começar pelo lado sadio, é um método que 
estimula a recuperação da independência no desempenho dessa tarefa.
Outra consideração que precisa ser analisada pelo terapeuta ocupacional, ao observar as 
condições dos pacientes e planejar o atendimento, é quando o cliente despreza o nível de habilidade 
que apresenta, ou supervaloriza-o, podendo, em ambos os casos, haver uma interferência nos 
resultados esperados pelo tratamento. Para os casos dos sujeitos que desprezam o seu nível 
de habilidade para a realização de uma tarefa, eles criam incapacidades que não são reais. Por 
exemplo, uma senhora aposentada que sofreu uma queda, fraturando o Fêmur, pode, mesmo 
depois do tratamento, pode queixar-se de que não há condições de caminhar na comunidade, em 
pisos irregulares, sem um dispositivo como o andador, bengalas ou que é incapaz de mover-se na 
comunidade sem a ajuda de outras pessoas.
Já pacientes que supervalorizam suas habilidades são aqueles que podem expor-se a 
riscos de segurança. Considere um paciente que sofreu um Acidente Vascular Cerebral, com 
comprometimento do equilíbrio, mas se apresenta como independente quanto à deambulação. 
Nesse caso, em pisos irregulares ou escorregadios, é ideal que o passeio seja evitado para a sua 
segurança, pois, caso ele acredite em sua capacidade de deambulação e realize-a, desconsiderando 
os demais aspectos, ele estará em risco.
De acordo com Holm, Rogers e James (2002), a segurança éainda um aspecto que 
necessita ser tratada com privilégio no acompanhamento terapêutico ocupacional. Para tanto, 
é de suma importância rever, com certa frequência, se determinadas tarefas são seguras ou não, 
enfatizando esse aspecto para o paciente ou para o seu cuidador. No exemplo anterior, em que 
um paciente com comprometimento no equilíbrio deambularia em pisos irregulares, a ação é 
insegura exatamente pela insuficiência de habilidades.
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Além disso, outros fatores devem fazer parte das considerações dos terapeutas ocupacionais, 
de maneira constante, no planejamento e implementação da intervenção terapêutica, como a 
dificuldade para realizar-se uma tarefa, dor ao praticá-la, fadiga durante a sua realização, a própria 
duração da atividade em todo o seu processo, a satisfação do sujeito atendido, os padrões sociais 
estipulados pela sociedade para a ação, as experiências pessoais do atendido, a sua capacidade de 
aprendizado, entre outras questões. Esses aspectos compõem a listagem de fatores que precisam 
ser considerados constantemente pelos terapeutas ocupacionais.
Por intermédio da análise de atividades, o terapeuta ocupacional torna-se capaz de 
identificar possíveis dificuldades no desempenho funcional de determinadas tarefas, utilizando 
os seus conhecimentos acerca das patologias, de um modo geral (entendeu, agora, o motivo para 
estudar-se Patologia Geral?). Ainda sobre a dificuldade de desenvolvimento de uma atividade, 
a frequência com que ela deve ser realizada pelo sujeito é um componente a ser considerado: 
as tarefas deverão ser realizadas rotineiramente ou ocasionalmente? Isso pode interferir nos 
resultados da intervenção terapêutica, sendo identificada como uma facilidade ou dificuldade de 
desempenho (HOLM; ROGERS; JAMES, 2002).
Seja antes, durante ou após uma tarefa, a dor é também um aspecto que interfere 
diretamente no resultado esperado, pois ela afeta o desempenho competente do paciente. 
Conforme Holm, Rogers e James (2002), o aspecto dor influencia negativamente no desempenho 
de uma tarefa. Por isso, o profissional da TO deve modificar a prática da tarefa, a fim de reduzir 
ou extinguir a dor, realizando, assim, a analgesia junto ao paciente e, com isso, potencializar o seu 
desempenho nas atividades de maneira mais adequada.
Ainda de acordo com as autoras Holm, Rogers e James (2002), a sensação de cansaço 
sentida durante a realização de uma atividade também interfere de maneira direta em seu 
desempenho, devendo o terapeuta perceber o esforço que o paciente empenha em uma tarefa e 
analisar os seus gastos energéticos ao longo das demais atividades que são realizadas ao longo do 
dia, ajudando-o a determinar quais ações ele pode priorizar para alcançar os resultados esperados. 
Sobre a fadiga, então, é preciso não perder de vista o diagnóstico do paciente, pois esforços em 
excesso podem potencializar a sintomatologia de uma doença ou até acelerar a sua progressão 
(importância de estudar Patologia). Ademais, é preciso que o profissional adapte as tarefas a fim 
de reduzir as demandas geradas, ajudando o cliente a economizar suas energias.
Para esclarecer melhor o aspecto anterior, acompanhe o exemplo: há um paciente 
cardiopata ou com doença pulmonar obstrutiva crônica e um paciente hemiplégico. No primeiro 
caso, uma atividade que exija maior demanda de energia e que o canse afetará diretamente o seu 
prognóstico, mas não refletiria na progressão do quadro do segundo, sendo possível que tal fator 
ainda favoreça o aumento da resistência e fortalecimento muscular, melhorando o prognóstico, a 
depender da atividade.
A duração de uma atividade rotineiramente vincula-se à eficiência da realização desta 
ou daquela tarefa. A questão é que, para a TO, é delicado definir normativas concernentes à 
eficiência das atividades com base no intervalo de tempo que se leva para realizá-las, pois a sua 
duração depende não somente da natureza da atividade, mas também dos objetos utilizados 
durante a sua aplicação. Por exemplo, o preparo de uma refeição pode englobar um jantar para os 
quatro membros de uma família, ou o preparo de um sanduíche ou uma tapioca para alimentação 
individual. 
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As habilidades necessárias para cozinhar interferem nesse aspecto. Por isso, o tempo para 
a sua realização pode ser significativo ou desprezado em relação à independência do sujeito. 
Como exemplo, nesse caso, tome um paciente hemiplégico que leva mais de trinta minutos 
para vestir-se de maneira independente. Desde que a sua realização não afete outras tarefas, ela 
pode ser incentivada maneira independente, com o aprimoramento das habilidades, de modo 
a otimizar esse tempo. Lembre-se que fazer as atividades de maneira acelerada pode afetar a 
segurança, aspecto fundamental do tratamento terapêutico ocupacional. Exemplo disso seria 
um paciente com dificuldade de mastigação ou deglutição que decide acelerar a alimentação. 
Com isso, ele pode expor-se a uma situação insegura de aspiração, engasgue ou outra ocorrência 
(HOLM; ROGERS; JAMES, 2002).
As experiências que os pacientes trazem consigo para o ambiente terapêutico também 
são de significativa relevância e auxiliam o alcance dos resultados almejados. Elas podem 
resgatar a independência, auxiliar o aprendizado de novas habilidades e facilitar o processo. 
Para ilustrar, se compararmos uma paciente adulta, responsável pela manutenção da casa e da 
família, e uma paciente adolescente de doze anos que não tem essa ação em seu catálogo de 
atividades, poderemos perceber resultados diferentes no treino e desenvolvimento do preparo de 
uma refeição, principalmente se considerarmos a experiência da paciente adulta em relação ao 
aprendizado da adolescente.
Holm, Rogers e James (2002) apontam que, para praticamente todas as tarefas, existem 
padrões sociais que influenciam a sua realização, sendo, às vezes, muito influenciadas pela cultura. 
Exemplos de padrões sociais seriam o uso de roupas adequadas para a estação ou para o ambiente 
em que se está ou que se frequenta (igreja, shopping, lar, escola); ou também a velocidade com que 
se alimenta em um restaurante ou o volume que se comunica com outras pessoas nesse ambiente. 
As expectativas para essas situações são os padrões sociais, aspectos que podem influenciar no 
resultado do desempenho de determinadas atividades, de acordo com cada paciente, demandando 
atenção por parte do terapeuta ocupacional. 
Além dos padrões sociais, pondera-se ainda se os padrões individuais de desempenho 
de uma atividade são aceitáveis pelo próprio paciente e ligados ao seu nível de satisfação. 
Estar satisfeito com o seu desempenho ou considerá-lo negativo e insatisfatório são questões 
que interferem diretamente no tratamento. Para contornar essa situação, é interessante coletar 
informações sobre a satisfação do sujeito atendido e seus sentimentos durante a avaliação inicial 
do paciente.
Representam informações relevantes para o trabalho do terapeuta ocupacional a 
capacidade de aprendizado da pessoa e quais são os recursos que ela dispõe, pois, uma vez avaliada 
a capacidade de aprendizado, é possível planejar melhor a intervenção a ser implementada. 
Reiteradamente, a intervenção terapêutica ocupacional pleiteia o aprendizado de modo a realizar 
as tarefas trabalhadas, assim como os resultados esperados ao término da intervenção que 
dependem dos recursos disponíveis, inclusive os aspectos financeiros ou sociais. Exemplo disso é 
o caso de quando se sugere uma tecnologia assistiva para um paciente incapaz de adquiri-la, ou 
então propõe-se exercícios e treinos de habilidades que demandam aprendizado ou habilidades 
cognitivas que opaciente não possui naquela situação ou momento.
Em um planejamento de intervenção, o terapeuta ocupacional precisa pensar em 
todos os fatores até agora citados. Não basta olhar para as necessidades do paciente e planejar 
um atendimento sobre esses aspectos, é preciso analisar também todos os fatores que podem 
influenciar o desempenho ocupacional competente do sujeito atendido. Prudência na análise 
das condições do paciente, sugestões e contraindicações relacionadas à patologia, por exemplo, 
devem ser contemplados, pois esses aspectos podem determinar a impossibilidade de aplicação 
de certas técnicas ou estratégias de acompanhamento. 
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Então, o potencial que o paciente apresenta para desenvolver-se terapeuticamente em suas áreas 
de desempenho deve ser analisado nos contextos em que ele está inserido. 
A fim de melhor esclarecer este aspecto, propomos alguns exemplos: dois pacientes, um 
acometido por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que ocasiona a obstrução da 
passagem de ar para os pulmões, e o outro hemiplégico por sequela de um Acidente Vascular 
Cerebral (AVC), vazamento ou entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro. No primeiro 
caso, uma estratégia de tratamento que leve o paciente à fadiga em excesso pode ser prejudicial e 
agravar o seu quadro clínico e o seu prognóstico. No segundo caso, devido à fraqueza e à perda 
de tônus muscular, se os exercícios realizados ultrapassar os limites do paciente, poderá favorecer 
o desenvolvimento das suas habilidades, uma vez que haverá um aumento de resistência e de 
força muscular importante para o desenvolvimento de significativas atividades do cotidiano. 
Considerar o diagnóstico e o prognóstico (previsão, estimativa) é importante para alcançar-se as 
melhorias estipuladas para o desempenho ocupacional do paciente atendido, por intermédio de 
uma intervenção realista, assim como para atender o planejamento terapêutico. 
Outro fator cuja relevância é fundamental, de acordo com Holm, Rogers e James (2002), é o 
ambiente de alta, isto é, o contexto ambiental diário do paciente, que, na maioria das vezes, difere-
se muito do ambiente hospitalar, ambulatorial ou do consultório em que acontece o atendimento. 
Os resultados planejados e as estratégias de tratamento selecionadas devem convergir para o 
ambiente em que o paciente realizará as suas atividades. Lembramos que, aqui, o ambiente não se 
refere apenas ao ambiente físico, mas também ao social (humano). Isso porque o paciente pode, 
por exemplo, precisar de algum apoio, de uma assistência física ou de orientação verbal constante 
durante a realização de uma tarefa, o que deve ser observado pelo terapeuta no planejamento das 
tarefas. 
Quanto ao ambiente físico, imagine um paciente que tem dificuldades no momento do 
banho. No gabinete, desenvolve-se um trabalho para adaptar essa atividade às condições do 
sujeito, até que, como solução, define-se o uso de um banco durante a ação, o que proporciona 
certa independência para ele. No entanto, ao chegar ao domicílio do paciente, percebe-se que 
o objeto adquirido não cabe no espaço do chuveiro, ou cabe, mas não é possível posicioná-lo 
de maneira funcional. Pronto! O atendimento não supriu às demandas reais do paciente, que é 
banhar-se em sua residência. 
A conduta do terapeuta ocupacional precisa desenvolver um tratamento em que o 
paciente seja capaz de utilizá-lo em sua casa. Nesse ponto é possível destacar mais um impasse que 
poderia surgir na implantação do tratamento: as propostas de adaptação do ambiente domiciliar 
do paciente. Se ele morar em uma casa alugada, há a inviabilidade de instalação de uma rampa de 
acesso com graduação adequada, devido ao nível de construção da casa em relação à rua. Esses 
são alguns exemplos que ilustram situações com as quais a intervenção terapêutica ocupacional 
pode esbarrar.
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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DO 
TRATAMENTO
Quando se planeja uma intervenção terapêutica ocupacional, faz-se necessário que o 
profissional considere as possibilidades de atender as demandas do desempenho ocupacional 
do paciente. Quanto a essa conduta de tratamento, Holm, Rogers e James (2002) apontam 
três categorias nas quais esse tratamento poderá encaixar-se: remediação, compensação e 
educação. Na remediação, o objetivo é restaurar as habilidades dos componentes de desempenho 
necessárias para a realização das tarefas. Já a compensação baseia-se na aplicação de técnicas que 
compensem ou acomodem a insuficiência ou a carência dos componentes de desempenho, os 
quais são comprometidos na realização das tarefas; por fim, a educação, vincula-se às anteriores 
para garantir o sucesso das ações, através de orientações e demonstrações que possam enriquecer 
o tratamento.
Na remediação, o objetivo, como dito, é o de restaurar os componentes de desempenho 
que se encontram deficitários, mas que são necessários para a realização funcional das tarefas (ou 
estabelecer, quando eles são inexistentes). Os casos que utilizam a remediação são aqueles em que 
se espera uma melhora na ineficiência dos componentes de desempenho que afetam a prática, 
podendo ainda ser uma abordagem útil em casos de doenças progressivas crônicas, pois pode 
reduzir a velocidade da doença e desacelerar a perda dos componentes.
Compensar a carência dos componentes de desempenho ao invés de remediar é uma 
opção da TO. Quando a remediação não é possível ou quando a compensação se adequa ao 
caso, ou mesmo quando, inicialmente (ou temporariamente), os clientes alcançam resultados 
esperados, ainda que de maneira parcial, é possível, com a progressão do tratamento, remediar 
os déficits apontados nos componentes de desempenho ocupacional. Exemplo desses casos 
seria: um paciente quadriplégico, que, independente do tratamento, ele não recuperará a função 
da mão, então, remediar não se adequaria ao caso; um paciente que sofreu um AVC recente, 
enquanto as suas habilidades não são retomadas, usar um andador para auxiliar a marcha, roupas 
com elástico ao invés de abotoaduras e sapatos com velcro ou cadarços de elástico, são adaptações 
compensatórias que auxiliarão no desempenho de algumas das suas atividades temporariamente, 
até que ele consiga recuperar os componentes para desempenhar as atividades.
Holm, Rogers e James (2002) abordam que, para a compensação, três possibilidades de 
tratamento podem ser empregadas: a maneira como a tarefa é realizada, os objetos empregados 
para a prática que podem ser adaptados e o ambiente que pode ser modificado. No primeiro, altera-
se o modo como a atividade é praticada, para adequar-se somente à capacidade de desempenho 
do paciente, mantendo os equipamentos utilizados e o ambiente. Nesse aspecto, é importante que 
o paciente tenha preservada a sua capacidade de aprendizado, a fim de realizar uma tarefa mesmo 
que a metodologia tenha sido alterada.
Outra possibilidade é alterar os equipamentos e materiais utilizados para a realização 
da tarefa, como engrossar cabos, usar uma colher ao invés de garfo e faca, empregar cabos e 
alcançadores, para pacientes com força ou amplitude de movimento reduzida. Vale considerar 
que, na maioria das vezes, a alteração dos objetos em uma tarefa não muda como a atividade é 
feita, o que representa uma exigência menor da habilidade de aprendizado, se comparada com 
os casos em que há a modificação da tarefa. Cabe ainda salientar que, em alguns casos, pacientes 
podem demonstrar-se insatisfeitos com as adaptações dos objetos necessários para o desempenho 
das atividades, preferindo enfrentar a dificuldade da tarefa ao invés de usar uma adaptação. Essa 
preferência precisa ser considerada ao objetivaro foco no paciente.
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Existe ainda a possibilidade de adaptar o ambiente no qual a tarefa é realizada, visando 
uma prática melhor. Nesse aspecto, a capacidade de aprendizado é ainda menor que nas duas 
anteriores, quando é preciso aprender uma maneira diferenciada de ação ou de usar determinados 
objetos adaptados para um fim. Assim, instalação de rampas, barras de segurança, assentos 
elevados ou a retirada de portas de armários são alguns exemplos de adaptações ambientais 
que podem ser realizadas para que haja um melhor desempenho em determinadas atividades 
(HOLM; ROGERS; JAMES, 2002).
Ainda de acordo com as autoras, é possível que, em um primeiro contato, conclua-se que 
o uso da remediação exclui a compensação e vice-versa, já que ou se corrige ou se compensa um 
déficit. Contudo é possível que um terapeuta ocupacional planeje um atendimento em que os 
pacientes tornem-se mais funcionais, por meio do uso da compensação, enquanto restaura-se 
um componente de desempenho, ou seja, o terapeuta ocupacional diminui o uso de adaptações e 
compensações à medida que o paciente evolua na aquisição ou na recuperação de suas habilidades 
de desempenho (HOLM; ROGERS; JAMES, 2002).
Quando houver um cuidador dos pacientes, um terapeuta ocupacional precisa 
também propor um treinamento junto a esse profissional, pois ele precisa aprender sobre o 
acompanhamento que deve ser feito. Essa consideração ocorre pelo fato de que, assim como é 
importante considerar a individualidade do paciente, as particularidades e interesses pessoais 
dos cuidadores também são importantes. Por exemplo, observar as suas condições físicas, caso 
o profissional, por exemplo, realize assistência física aos pacientes, garantindo a segurança 
tanto do paciente quanto de seu cuidador. Esse aspecto (cuidado ao cuidador) geralmente passa 
despercebido, na maioria dos consultórios, cujo foco é dirigido somente aos pacientes e a suas 
necessidades. Assim, a capacidade de olhar para além do paciente, mas sem deixar de prestar 
cuidados a ele, é um grande diferencial para o profissional de TO.
Por fim, e antes de dar início às considerações práticas das técnicas e treinos das atividades 
de vida diária, esclarecemos que uma intervenção terapêutica ocupacional não deve ser inerte, 
estagnada, mas deve movimentar-se de modo que o paciente progrida na direção dos resultados 
esperados com o acompanhamento, utilizando artimanhas como progredir as tarefas em graus, 
das mais fáceis para as mais complexas, conforme a capacidade que o paciente demonstrar no 
atendimento, além de elevar a complexidade dentro das próprias atividades, ou seja: iniciar 
com uma realização menos complexa e evoluir para meios mais completos e difíceis de serem 
realizados (HOLM; ROGERS; JAMES, 2002). 
O texto Atividade de Vida Diária e a TO possibilita uma melhor compreensão sobre 
a necessidade e a importância da TO junto ao treino das atividades de vida diária. 
Disponível em: https://stimulusneuroreab.wixsite.com/stimulusto/single-
post/2015/11/24/Atividade-de-Vida-Di%C3%A1ria-e-a-TO . Acesso em: 12 nov. 
2019.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3 EXEMPLOS DE PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO E 
ESTRATÉGIAS PARA REMEDIAÇÃO, COMPENSAÇÃO E 
EDUCAÇÃO NO TRATAMENTO DA AVD
A partir de agora, para finalizar esta unidade, trazemos possibilidades de práticas 
terapêuticas ocupacionais que podem ser utilizadas conforme as demandas e necessidades dos 
pacientes. Com isso, pretendemos esclarecer a aplicabilidade prática do que foi abordado até 
agora sobre o tratamento junto às AVDs e AIVDs. Não devemos, entretanto, limitar o raciocínio 
dos futuros profissionais, ao contrário, precisamos alavancar a identificação de novas técnicas, 
exemplos e possibilidades a partir das existentes, para que, assim, enriqueçamos as possibilidades 
de intervenção disponíveis durante uma prática.
As considerações a seguir foram retiradas de um artigo referente à dificuldade de idosos 
em realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária, escrito por Maria Helena Almeida, 
Julio Litvoc e Marina Perez, disponível na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, desde 
o ano de 2012. A partir desse material, serão apresentadas as modificações comportamentais, 
ambientais e possibilidades de dispositivos auxiliares para a realização das atividades de 
continência, banho, vestuário, compras, tarefas domésticas, alimentação, uso do telefone, tomar 
medicamentos e locomoção.
Para a atividade de banho, os autores sugerem como modificação comportamental: 
esfregar um pé no outro para compensar a dificuldade de alcançar e lavar os pés, ou ainda segurar-
se na janela para apoiar-se, ou então tomar banho mais cedo para aproveitar a luz natural, junto à 
luz artificial do interior do cômodo (ALMEIDA; LITVOC; PEREZ, 2012). O material não sugere 
modificações ambientais, mas sim a retirada ou substituição de armários, a fim de favorecer a 
locomoção dentro do cômodo (o que, de certa maneira, pode ser vista como um exemplo possível 
de modificação do ambiente), além do uso de um banco antiderrapante na área do chuveiro, o 
uso de cadeira de banho ou ainda a fixação de barras de segurança, a qual pode ser tida como uma 
modificação ambiental, já que será fixada de maneira permanente no ambiente.
O texto Atividades do cotidiano, como organizá-las?: Orientações da Terapia 
Ocupacional para crianças e adolescentes com transtornos comportamentais 
fornece sugestões de orientações para os pais, bem como opções de ações 
terapêuticas, possibilitando a compreensão da profundidade e do significado das 
ações voltadas para essa área da ocupação. 
Disponível em: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=2685 . Acesso 
em: 20 dez. 2019 .
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quanto a ação referente ao vestuário, como possibilidade de modificação comportamental, 
o material propõe o uso do membro não afetado (quando há membros afetados), o apoio nas 
paredes do quarto ou a realização da atividade sentado na cama. Já como modificação ambiental, 
é sugerida a manutenção das roupas sempre no mesmo lugar, não apresentando uma sugestão de 
dispositivos auxiliares, porém, é possível completar essa informação sugerindo um alcançador ou 
dispositivo calçador de meias como opção nessa categoria (ALMEIDA; LITVOC; PEREZ, 2012).
Figura 1 – Calçador de meias simples. Fonte: Pratiflex (2019).
Quanto ao uso do vaso, acerca da habilidade de continência, como uma modificação 
comportamental, os autores propõem a diminuição da ingestão de líquidos no período noturno, 
sem sugerir modificações ambientais. Enquanto dispositivos auxiliares, propõe-se o protetor 
de calcinha/cueca ou ainda absorvente ou fraldas geriátricas. Como opção de modificações 
ambientais, há a possibilidade de sensores de movimentos nas lâmpadas do quarto, corredores 
e banheiro, para facilitar a locomoção e favorecer a segurança, além da instalação de um criado 
próximo à cama, onde possa ser deixada uma “comadre” ou um “papagaio” (coletores de urina) 
(ALMEIDA; LITVOC; PEREZ, 2012).
Já para a alimentação, o material sugere apenas a adaptação da colher como dispositivos 
auxiliares. É possível ainda orientar o sujeito a aumentar o número de mastigações antes de 
engolir os alimentos, ou evitar alimentos duros e/ou secos, como possibilidades de modificações 
comportamentais. É possível inclusive alterar a posição da iluminação de maneira que seja mais 
dirigida à área da alimentação, ou dispor de cadeiras com apoio de braços em torno da mesa, 
como modificações ambientais (ALMEIDA; LITVOC;

Outros materiais