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Apostila Recursos Terapêuticos Ocupacionais

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RECURSOS TERAPÊUTICOS 
OCUPACIONAIS
PROF.A ELIANE SCHROEDER
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica: 
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD: 
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4
1. BASES CONCEITUAIS E MODELOS TEÓRICOS ...................................................................................................5
2. RECAPITULANDO AS ORIGENS ............................................................................................................................5
3. OS METAMODELOS: VISÃO REDUCIONISTA E VISÃO HOLÍSTICA ...................................................................7
4. MODELO: PRÁTICA BASEADA NO CLIENTE ........................................................................................................8
5. MEDIDA CANADENSE DE PERFORMANCE (DESEMPENHO) OCUPACIONAL (COPM) ..................................9
6. BASES CONCEITUAIS E O CAMINHO DO PROCESSO TERAPÊUTICO ............................................................ 11
6.1 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL HUMANISTA ............................................................12
6.2 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL POSITIVISTA ...........................................................13
6.3 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL MATERIALISTA HISTÓRICO ..................................15
7. MODELO FUNCIONAL OCUPACIONAL (MFO) ....................................................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................18
BASES CONCEITUAIS E MODELOS DO 
PROCESSO EM TERAPIA OCUPACIONAL
PROF.A ELIANE SCHROEDER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Este material visa a propiciar ao acadêmico competências e habilidades necessárias ao 
raciocínio clínico dentro das bases, modelos, domínios, processos, componentes e análise de 
atividades em terapia ocupacional.
É difícil de� nir a função do terapeuta ocupacional (doravante, TO) em poucas palavras. 
Quando me perguntam qual minha pro� ssão, encho-me de orgulho e, ao mesmo tempo, passam 
vários pensamentos em minha mente: “Será que a pessoa vai me perguntar o que faz um terapeuta 
ocupacional?”; “Será que a pessoa achará que sou uma espécie de psicólogo, misturado com 
� sioterapeuta?”. 
Minha de� nição particular é a de que o TO é o pro� ssional capaz de promover autonomia 
e independência nas áreas de ocupação afetadas por alguma comorbidade com que a pessoa já 
tenha nascido ou que tenha vindo a adquirir. Complexo! 
Temos como apropriação a ocupação humana, as áreas de ocupação e as atividades como 
recurso. Cada unidade foi elaborada objetivando que o aluno domine os recursos que fazem 
parte da competência técnica e ética do pro� ssional com formação em nível superior em terapia 
ocupacional. É de grande importância a leitura dos textos indicados como complementação dos 
estudos. Similarmente, é importante que você assista aos vídeos sugeridos. 
Bons estudos!
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. BASES CONCEITUAIS E MODELOS TEÓRICOS
A TO é uma pro� ssão formada pelo decorrer da história, das ciências médicas e sociais 
(HAGEDORN, 2003). A história vem mudando o conceito de que a TO é uma pro� ssão tão 
somente da área da saúde, ganhando importante espaço também no campo social e no contexto 
escolar.
 Por mais que busquemos abordagens, técnicas e modelos especí� cos para um determinado 
grupo patológico, seremos sempre terapeutas ocupacionais, cujo foco principal é o fazer humano, 
o engajar-se em ocupações, o papel ocupacional.
Hagedorn (1999) descreve o conceito de modelo como um apanhado de ideias oriundas 
de diversos campos de estudo e organizadas para sintetizar e integrar os elementos teóricos e 
práticos. Modelo seria uma ferramenta para representar, ordenar, categorizar e simpli� car 
fenômenos complexos. “Pro� ssionais de terapia ocupacional usam princípios teóricos e modelos, 
o conhecimento sobre os efeitos das condições na participação, e as evidências disponíveis sobre 
a e� cácia da intervenção para orientar seu raciocínio” (AOTA, 2015, p. 12).
Os conceitos anteriores são trazidos por terapeutas ocupacionais norte-americanos. 
A� nal, a história da terapia ocupacional brasileira tem forte in� uência sobretudo dos Estados 
Unidos e Canadá, e seus respectivos modelos são o que temos de referenciais teóricos.
Para um bom desempenho e uso dos recursos terapêuticos ocupacionais existentes, é 
necessário o conhecimento tanto da construção quanto do processo histórico da pro� ssão e dos 
modelos e in� uências externas. Ainda, é necessária a percepção de que os recursos terapêuticos 
ocupacionais são vastos para cada público e em cada possibilidade de intervenção terapêutica 
ocupacional.
2. RECAPITULANDO AS ORIGENS
Quando tratamos de recurso terapêutico ocupacional, devemos sempre nos lembrar da 
base da nossa pro� ssão, pois os marcos históricos fazem parte do processo do ser e do fazer.
Segundo Arruda (1962 apud NICKEL, 2007, p. 33), muitos autores relacionam a origem 
histórica da TO à prática e uso da recreação exercida por egípcios e gregos no tratamento de 
doenças. Em resumo, temos:
- Cenário mundial: a evolução histórica da TO no cenário mundial: o percurso histórico 
da pro� ssão está intimamente ligado à conjuntura histórica; raízes da pro� ssão –século XIX – 
pessoas com transtornos mentais (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Tratamento moral: considerada a escola precursora da TO; forma de combater o tratamento 
aplicado na época; proposta por Philippe Pinel e William Tuke; baseava-se na ideia de que a 
conduta humana da rotina diária de atividades poderia levar o indivíduo à cura (SCHWARTZ, 
2002). Tinha como objetivo principal a correção de hábitos errados com a aplicação de “remédios 
morais”; operacionalizada por meio da inclusão de comportamentos “normais”; utilizava-se de 
umarotina de atividades, que serviam tanto à manutenção da instituição quanto para “salvar a 
alma” dos internos (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
O movimento das artes e ofícios surge na metade do século XIX. Diferentemente do 
tratamento moral, o enfoque era nas habilidades dos pacientes internados (SCHWARTZ, 2002).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Com a Revolução Industrial, o enfoque na ocupação e nas atividades foi sendo abandonado 
à medida que os avanços na ciência, principalmente na Medicina, passaram a proporcionar 
uma visão fragmentada do ser humano. Deu-se início, então, a uma linha de pensamento mais 
cienti� cista – o que conferiu uma inclinação mais cientí� ca aos tratamentos da época e direcionou 
a pro� ssão para o domínio médico (LARSON; CLARK, 2001).
A pro� ssão tem uma mudança de enfoque, da saúde mental para o campo do trabalho. 
Assim, o movimento das artes e ofícios pode ser considerado como combativo a essa nova 
tendência (LARSON; CLARK, 2001).
No início do século XX, a pro� ssão se consolida nos Estados Unidos, tendo como 
principais personagens as enfermeiras que atuavam com ex-combatentes de guerra. Tal fato pode 
explicar o porquê de a pro� ssão ser considerada feminina (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
No período da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, houve aumento da pressão para 
o desenvolvimento cientí� co na área da saúde. Além disso, veio o advento do positivismo na 
forma de se fazer ciência e, consequentemente, saúde. As intervenções em saúde passaram a ser, 
gradativamente, mais focadas nas partes em detrimento de se olhar o indivíduo como um ser 
integral (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
O foco da TO no pós-guerra (1950) acompanhou a tendência mundial (da especialização, 
reducionismo/cienti� cismo), e o enfoque passou a ser no campo da reabilitação física (DE 
CARLO; BARTALOTTI, 2001). Nesse mesmo período, os terapeutas ocupacionais colocaram em 
discussão os rumos da pro� ssão, discussão que culminou na proposta de retomada dos princípios 
da criação da TO (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
- Cenário nacional: as raízes da TO no Brasil remontam à criação do Hospício D. Pedro 
II, no Rio de Janeiro, em 1852. Em 1898, foi criado o Hospital do Juqueri, atualmente Hospital 
Franco da Rocha, em São Paulo. Em 1931, o tratamento por meio do trabalho foi introduzido no 
Nordeste. Em ambos os hospitais, a principal forma de intervenção era o trabalho (DE CARLO; 
BARTALOTTI, 2001).
Nos anos de 1940, acompanhando a tendência mundial, a ocupação foi introduzida 
no tratamento de reabilitação física dos mutilados de guerra (Movimento de Reabilitação). 
Simultaneamente ao Movimento, uma grande preocupação no Brasil era quanto às doenças 
crônicas, de� ciências congênitas e acidentados.
Com o Movimento de Reabilitação, o Brasil adotou a mesma visão reducionista de 
saúde adotada pelos Estados Unidos. Na mesma época, o Hospital de Clínicas da Faculdade de 
Medicina da USP (HC-FMUSP) já possuía um programa de laborterapia com os internos, sob 
a responsabilidade do serviço social, como tentativa de reduzir os efeitos da hospitalização (DE 
CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Nos anos de 1950, a Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de difundir o 
Movimento de Reabilitação, implantou no HC-FMUSP o Centro de Ortopedia e Traumatologia. 
Dentre as atividades desenvolvidas no Centro, havia a formação de técnicos em � sioterapia e 
terapia ocupacional, com duração de 1 ano.
Em 1956, a ONU implantou o Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), o qual foi mais 
tarde denominado apenas de IR. À época, a formação técnica passou a ser de 2 anos. Em 1963, 
foi aprovado o primeiro currículo para formação de terapeutas ocupacionais de nível superior. A 
partir de 1970, o IR passou a fazer parte da FMUSP (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
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3. OS METAMODELOS: VISÃO REDUCIONISTA E VISÃO HOLÍSTICA
Segundo Reed (1984 apud HAGEDORN, 2003, pp. 15-16), as visões reducionistas (ou 
atomista) e holística (ou organicista) são descritas como metamodelos, pois todos os demais 
modelos e estruturas de referência em TO são enquadrados em um desses metamodelos. 
O conceito reducionista: 
• Assume uma visão objetiva e utilitária do mundo, entendendo a realidade concreta.
• Divide a realidade em componentes observáveis.
• O todo pode ser compreendido por meio das partes. 
• É aplicado somente quando as situações de realidade podem ser testadas e medidas.
• No limite, ignora os elementos subjetivos.
• Compreende o corpo humano (no caso especí� co da saúde) como uma máquina, que 
pode ser fragmentada em partes para se descobrir seu funcionamento (HAGEDORN, 
1999; HAGEDORN, 2003).
Indicamos a leitura do artigo:
BEZERRA, W. C.; TRINDADE, R. L. P. Gênese e Constituição da Terapia Ocupacional: 
em busca de uma Interpretação Teórico-Metodológica. Revista da Terapia Ocupa-
cional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 24, n. 2, 2013.
O artigo problematiza as análises presentes na literatura acerca 
dos fundamentos históricos da TO a partir de um levantamento bi-
bliográfi co de obras de relevância para a formação profi ssional no 
Brasil. O material está disponível em <http://www.revistas.usp.br/
rto/article/view/61238>.
Sugerimos o fi lme Nise: O Coração da Loucura. Nos anos 1950, uma psiquiatra 
contrária aos tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada pe-
los outros médicos. Ela, então, assume o setor de TO, iniciando uma nova forma 
de lidar com os pacientes, pelo amor e pela arte. 
O fi lme está disponível no link <https://www.youtube.com/watch?-
v=bOrymJuwVvI>.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Por sua vez, o conceito holístico:
• Integra a visão objetiva do reducionismo a uma perspectiva de subjetividade.
• Postula que as partes possuem suas funções, mas o olhar é direcionado à totalidade.
• Assume que os elementos abstratos e concretos interagem para formarem um todo.
• Considera as interações entre os seres, tanto nos aspectos objetivos quanto nos subjetivos. 
Os aspectos qualitativos são considerados como tão importantes quanto (ou mais que) os 
aspectos quantitativos (HAGEDORN, 2003).
HOLÍSTICO REDUCIONISTA
Vê a pessoa como um todo maior que a soma 
das partes.
Vê o indivíduo como divisível em componen-
tes que podem ser estudados separadamen-
te.
Tende a pensar os sistemas como interativos e 
adaptativos.
Tende a pensar em sistemas fechados e fi -
xos.
O controle é baseado em um indivíduo que tem 
livre-arbítrio e pode tomar decisões conscien-
tes e racionais.
Determinista: o controle é externo ao indiví-
duo ou tem base involuntária.
Orientado ao presente/futuro. Orientado ao passado/presente.
Pensamentos, sentimentos e emoções são im-
portantes e afetam o comportamento.
O comportamento é importante: pensamen-
tos e emoções são subprodutos da fi siologia 
e/ou do comportamento.
O comportamento ultrapassa o utilitário. O comportamento é utilitário.
Pode considerar a espiritualidade. Geralmente, não considera a espiritualidade.
São válidos os métodos de pesquisa qualitati-
vos.
São válidos os métodos objetivos e quanti-
tativos.
Quadro 1 - Quadro comparativo entre o conceito holístico e o reducionista. Fonte: Hagedorn (2003).
4. MODELO: PRÁTICA BASEADA NO CLIENTE
A prática baseada no cliente é um modelo que, por si só, já de� ne qual é o componente 
mais importante no processo terapêutico em qualquer intervenção: o cliente.
A promoção da saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o “[...] processo 
de habilitar pessoas a aumentarem seu autocontrole e melhorar sua saúde” (WHO, 1984 apud 
SUMSION, 2003, p. 2). Reconhecer a importância desse conceito veio a facilitar a integralidade 
de muitos programas de apoio ao consumidor. “Os direitos do consumidor,direitos humanos e 
a revolução tecnológica também aceleraram o desenvolvimento da prática baseada no cliente” 
(GAGE, 1994; LAW et al., 1995 apud SUMSION, 2003, p. 2).
Os anos de 1970 são considerados um período enigmático para a profi ssão. Trata-
-se de um período de intensas lutas para a redemocratização do Estado brasileiro. 
Diversos terapeutas ocupacionais participaram ativamente dos movimentos que 
culminaram na criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Nesse processo, o foco é o cliente. Ele e o terapeuta formam uma forte parceria para 
alcançar as metas determinadas pelo cliente. Segundo Sumsion (2003), há 5 estágios envolvidos:
• Orientação.
• Coleta de dados e avaliação.
• O cliente estabelece metas.
• Parceria para alcançar as metas.
• Avaliação.
Orientação: determina a direção sugerida da intervenção. No encontro inicial, buscam-
se a visão do cliente e a compreensão das razões para a orientação.
Coleta de dados e avaliação: o encontro inicial serve para coletar informações de 
avaliação e para explicar os parâmetros do programa. A efetividade de todo o processo 
será realçada nesse estágio inicial caso o cliente compreenda a parceria. Reconhecem-se 
metas e desejos que não podem ser combinados com a razão para a orientação.
Faz-se uma entrevista semiestruturada como parâmetro para o resultado. São perguntas 
sobre preocupações e problemas que impedem o entrevistado de fazer o que quer, com 
ênfase no autocuidado, repouso, trabalho e lazer. Esse é um exemplo de ferramentas 
baseadas no cliente, mas os terapeutas podem fazer uso de outras avaliações.
O cliente estabelece metas: o terapeuta e o cliente discutem as informações adquiridas. O 
cliente recebe as informações necessárias para tomar decisões sobre as metas e métodos 
da intervenção. A informação pode ser apresentada verbalmente, na forma escrita ou por 
vídeo. Essas informações relatarão as forças e os problemas do cliente, disponibilidade, 
recursos � nanceiros, considerações do ambiente e outras pessoas envolvidas, além da 
experiência do terapeuta. O cliente necessita compreender as realidades e limitações e, 
então, estabelece as metas.
Parceria para avaliar as metas: o terapeuta e o cliente trabalham em parceria. O terapeuta 
será o facilitador. A parceria é um ingrediente-chave nessa abordagem, e o envolvimento 
se transforma no maior foco da intervenção.
Avaliação: a visão do cliente será incluída de maneira o� cial, e as metas são reclassi� cadas 
de acordo com sua satisfação.
5. MEDIDA CANADENSE DE PERFORMANCE (DESEMPENHO) 
OCUPACIONAL (COPM)
A Medida Canadense de Performance (Desempenho) Ocupacional (doravante, 
COPM) é uma medida de resultados individualizados. Baseou-se no Modelo Canadense de 
Desempenho Ocupacional e nas Diretrizes de Terapia Ocupacional para a Prática Baseada no 
Cliente. Operacionaliza os principais conceitos desses modelos, tendo as áreas de desempenho 
ocupacional como foco, isto é, o autocuidado, a produtividade e o lazer (SUMSION, 2003).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A COPM é uma avaliação de entrevista semiestruturada, que pode ser utilizada como 
ferramenta para determinar quando o cliente necessita de serviços de TO. Na avaliação inicial, 
ela serve para ajudar o terapeuta e o cliente a compreenderem a natureza dos problemas de 
performance (desempenho) ocupacional que o indivíduo está experimentando.
 Após a avaliação e em posse dos resultados, a medida auxiliará no estabelecimento dos 
objetivos para a terapia e servirá como medida de resultado para determinar o grau de mudança 
na performance ocupacional em contínuas experiências do cliente como um resultado de 
intervenção.
A COPM não tem especi� cação de idade e público-alvo (limite de idade ou diagnóstico); 
portanto, pode ser empregada a uma ampla variedade de clientes (ao próprio cliente e a pessoas 
do ambiente do cliente, como família e professores) e em situações nas quais o cliente não é um 
indivíduo, mas uma organização, como empresas, escolas ou instituições de longa permanência.
A partir da entrevista, obtém-se a perspectiva do cliente e de� nem-se os problemas de 
performance ocupacional. A COPM incorpora o papel do cliente e suas expectativas, considerando 
o ambiente do indivíduo e assegurando que as questões identi� cadas lhe são relevantes.
De maneira muito clara e objetiva, Fasoli (2013) assim explana sobre a COPM:
A COPM é administrada em um processo com quatro estágios, que incluem 
de� nição do problema, estabelecimento de prioridade, pontuação e reavaliação. 
Durante a entrevista inicial da COPM, os pacientes ou cuidadores identi� cam 
áreas de AVD, trabalho e lazer que são importantes para eles e necessitam de 
intervenção de terapia ocupacional. Para cada área de desempenho ocupacional, 
o terapeuta fornece exemplos de atividades típicas, e o paciente indica quais 
delas ele precisa, quer fazer ou espera-se que ele faça. Quando o paciente 
identi� ca uma atividade que deve fazer, o desempenho atual é explorado. Se 
ele é incapaz de realizar a atividade ou não está satisfeito com o modo como 
a completa, a atividade é listada como um problema para intervenção. Se 
não relata problemas com atividades em determinada área de desempenho, a 
próxima área de desempenho ocupacional é explorada. Após a identi� cação 
de todos os problemas de desempenho ocupacional, os pacientes os pontuam 
em termos de importância, sua percepção do desempenho atual, e satisfação 
com este. É importante perceber que um paciente com uma nova doença pode 
não reconhecer ou estar pronto a identi� car di� culdades. O terapeuta e o 
cliente podem iniciar o tratamento trabalhando os problemas identi� cados e 
podem retornar a este processo de entrevista semiestruturada mais tarde para 
ver se outras questões surgirão. A reavaliação é completada na alta ou quando 
o paciente e o terapeuta considerarem necessário para melhor planejar o 
tratamento (FASOLI, 2013, p. 80).
Por meio de uma entrevista, os pacientes identi� cam atividades de desempenho ocupacional 
que lhes são importantes, mas que estão tendo di� culdades de realizar satisfatoriamente. Elas são 
classi� cadas em uma escala de 1 a 10.
Problemas na ativida-
de
Importância Desempenho Desempenho
Colocar suspensórios 9 3 1
Lavar rosto e mãos 10 1 1
Preparar um sanduíche 5 1 4
Segurar um livro 7 3 5
Visitar amigos 9 2 4
Quadro 2 - Exemplo dos escores para a Medida Canadense de Desempenho Ocupacional. Fonte: Fasoli (2013).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
6. BASES CONCEITUAIS E O CAMINHO DO PROCESSO TERAPÊUTICO
Nickel (2007) esclarece que terapeutas ocupacionais discutiram questões relacionadas ao 
“[...] encaminhamento, a forma com a qual o terapeuta conduz o chamado Processo Terapêutico, 
onde este processo tem uma relação direta como o modelo de homem e sociedade por ele 
idealizado” (NICKEL, 2007, p. 57). 
Sob a ótica do contexto social em que a prática da TO é realizada, o grupo de� niu três 
modelos de intervenção, buscando apontar para as visões de homem, de sociedade e de sua 
relação com o processo de TO.
Quando tratamos de indagar, sob essa perspectiva, como acontece o processo 
terapêutico ocupacional, chegamos a um ponto onde aparecem, em linhas gerais, 
três posições opostas e, ao que parece, inconciliáveis. Temos então que, para a 
primeira posição, o processo acontece de forma natural, espontaneamente, na 
situação entre terapeuta e cliente, mediatizada pela atividade. Para a segunda, o 
processo é um artifício das rígidas condições em que se desenvolve, às quais o 
paciente tem de adaptar-se. Para a terceira, o processo é por de� nição criativo, 
transformador, questionador do contexto em que se efetiva (FRANCISCO, 
2001, p. 49).
Em sua dissertaçãode Mestrado, a professora Ana Beatriz Zimmermann apre-
senta a aplicação da COPM em adultos e idosos em um centro de reabilitação do 
Paraná. 
Segue a referência completa:
ZIMMERMANN, A. B. Autopercepção do Desempenho Ocupacional de Usuários 
Adultos e Idosos de um Centro de Reabilitação do Estado do Paraná. 2012. Disser-
tação (Mestrado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação) – Universidade 
Estadual de Campinas, Campinas, 2012.
A dissertação pode ser acessada por meio do link <http://
repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/311007/1/
Zimmermann_AnaBeatriz_M.pdf>.
Caro(a) aluno(a), qual seu conhecimento até aqui sobre a profi ssão de TO? O que 
você tem respondido quando é perguntado a respeito? Você já sabe qual órgão 
regulamenta a profi ssão do TO? Você deve saber que há um Conselho Federal e 
seus Conselhos Regionais.
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Tais posições foram encontradas quando investigamos como são vistos o homem e a 
sociedade. A primeira posição toma como pressuposto a concepção humanista; a segunda, a 
concepção positivista; e a terceira, a concepção dialética.
Vejamos como cada uma dessas posições se apresenta.
6.1 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Humanista
A principal característica do trabalho, nesse modelo, é a inexistência de padrões 
preestabelecidos para o seu desenvolvimento. Isto é, não há uma sequência de fatos ou 
procedimentos a seguir. Portanto, as conhecidas e tão consagradas divisões do processo de TO 
em encaminhamento, entrevista inicial, avaliação, elaboração de programa de tratamento e 
intervenção não têm lugar aqui (FRANCISCO, 2001).
O terapeuta parte do pressuposto de que ninguém melhor que o cliente para determinar 
os caminhos a serem percorridos com vistas a se retomar uma vida saudável (o estado de saúde). 
Esse fato advém da crença em um homem que é único.
A saúde é concebida como um estágio de equilíbrio na relação do homem com seu 
ambiente. A doença, portanto, decorre do desequilíbrio nessa relação. Sob tal concepção, a “[...] 
saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de 
afecção ou doença” (FRANCISCO, 2001).
O processo é centrado na relação terapêutica, tornando-se a relação, portanto, o 
instrumento de trabalho do terapeuta ocupacional. Busca-se criar um ambiente acolhedor, onde 
o cliente possa se descobrir e se encontrar com o outro.
O cliente traz sua maneira de viver, a história de suas aprendizagens e o clima afetivo 
no que tem realizado. Cabe ao terapeuta a tarefa de tomar essa relação como medida, sendo 
facilitador à aprendizagem de novas formas e oferecendo um modelo de relação em que seja 
possível aprender, ensaiar, errar, ensinar e realizar, aqui e agora, aquilo que não teve lugar em 
outro espaço (FRANCISCO, 2001).
A atividade também é compreendida considerando-se o outro, concreto e com linguagem 
própria, a qual o cliente deverá escutar. Possibilita-se, assim, o reconhecimento desse caminho de 
idas e vindas, um caminho novo, no qual o cliente não mais ocupará um lugar passivo.
Ainda consoante Francisco (2001), quanto a esses princípios, o primeiro encontro entre 
terapeuta e cliente tem por propósito o esclarecimento de questões como o porquê de o cliente ter 
procurado a terapia, quais suas expectativas e que tipo de ajuda lhe pode ser oferecido. Após essas 
questões serem elucidadas, o caminho a se seguir tanto pode ser o da continuidade da entrevista 
(primeiro contato) quanto o da inserção do cliente na realização de uma atividade 
Os primeiros contatos permitem ao terapeuta elaborar, con� gurar uma imagem do 
cliente, esboçar quem ele é e quais seus desejos e vontades. Esse referencial propiciado pelo 
cliente (expresso ou percebido) culminará na direção a ser tomada no processo.
Francisco (2001) explica que é no confronto entre o per� l do cliente e seus desejos com o 
que a sociedade lhe oferece e espera dele que o terapeuta esboça as características das atividades a 
serem realizadas. No transcorrer dos encontros, permanece-se a preocupação com as observações 
para maior conhecimento do cliente, juntamente com o processo de tratamento.
O processo de TO visa, portanto, ao autoconhecimento, que é trabalhado por intermédio 
de atividades e re� exões acerca das relações estabelecidas no decorrer de cada encontro. Nesse 
modelo de processo, aconselham-se os atendimentos grupais, pois essa é a forma mais constante de 
se estar no mundo. Entretanto, o trabalho de grupo aqui assume a conotação do que costumamos 
chamar em TO de grupo de atividades.
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Francisco (2001) ensina que grupo de atividades é uma forma de trabalho grupal em que 
várias pessoas são atendidas em um mesmo espaço, cada qual desenvolvendo seu próprio projeto, 
compartilhando, entretanto, de uma mesma dinâmica interpessoal. O fazer, nessa situação, é 
discutido em termos das relações acontecidas com cada um e com os outros participantes, como 
nas relações de cooperação.
6.2 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Positivista
Partindo-se da compreensão de saúde como um estado de ausência de doença, entendida 
como um processo biológico vivido pelo indivíduo (organismo), alguns autores de TO propõem 
um modelo de processo cuja principal preocupação é tratar a doença, a patologia, calcando seus 
trabalhos na de� nição de normal e patológico (FRANCISCO, 2001).
O processo de terapia proposto nessa concepção é bastante claro e de� nido, pois, para 
sua realização, deve-se seguir uma estrutura rígida de procedimentos. Tal estrutura con� gura-se 
no encadeamento de etapas distintas e logicamente ordenadas, as quais possibilitam conhecer a 
patologia apresentada pelo sujeito, suas possibilidades de prognóstico e a forma mais adequada 
para se alcançar a meta � nal.
As etapas ou procedimentos são ordenados da seguinte forma:
• Encaminhamento.
• Entrevista inicial.
• Avaliação (inicial e/ou completa).
• Planejamento de programa de tratamento.
• Tratamento propriamente dito.
• Reavaliações.
• Alta.
O tratamento, portanto, só acontece após a avaliação do paciente e após a elaboração 
pelo terapeuta de um programa de tratamento. Vejamos, então, etapa por etapa, guiando-nos por 
Francisco (2001).
O encaminhamento médico é a porta de entrada do paciente ao tratamento de TO. 
Ele chega ao terapeuta com indicações feitas pelo médico, denominadas prescrição médica. A 
prescrição explicita os objetivos que o médico e a equipe esperam obter com o tratamento. Os 
objetivos aí apontados estão diretamente ligados à patologia apresentada no caso em pauta.
Após o recebimento do paciente, cabe ao pro� ssional realizar uma entrevista inicial, 
primeiro momento de uma série de coleta de dados. Conhecer a história do paciente desde o 
início da doença é de fundamental importância ao pro� ssional, porque lhe possibilita investigar 
como o paciente vive seu cotidiano.
Os dados a respeito de nível de escolaridade, condições socioeconômicas e culturais, 
religião, atividades de vida diária, trabalho e lazer são preferencialmente colhidos nessa etapa. A 
entrevista é composta por uma série de perguntas feitas ao paciente com o respectivo registro das 
respostas, sem que haja qualquer interferência por parte do terapeuta.
Muitas são as formas utilizadas para a efetivação de uma entrevista: estruturadas, não 
estruturadas, verbais, escritas, abertas, fechadas etc. Dentre essas possibilidades, as entrevistas 
abertas são pouco utilizadas, pois se caracterizam pela livre narrativa por parte do entrevistado. 
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O que mais comumente se encontra são as entrevistas fechadas ou as anamneses, estruturadas 
sob a forma de roteiro de perguntas a serem respondidas pelo entrevistado.Opta-se por tal forma 
de entrevista em virtude da objetividade na coleta dos dados já que se permitem colher apenas as 
informações de interesse do pro� ssional. 
Colhidas as primeiras informações acerca do paciente e sua doença, o passo seguinte 
é a avaliação. A avaliação é, basicamente, um instrumento para coleta de dados. Diferencia-se, 
entretanto, da entrevista por uma questão de método. A avaliação é compreendida como um 
processo cujo objetivo é investigar o valor de um determinado estado de função. Portanto, o ato 
de avaliar depende do estrito conhecimento que o avaliador tem a respeito das normas e níveis 
da função a ser avaliada.
 Nessa perspectiva, observa-se que todo e qualquer processo avaliativo tem o propósito de 
determinar o grau (qualidade) e o valor (quantidade) das discrepâncias entre o que é considerado 
norma e as funções demonstradas durante o processo. Essa etapa do processo tem, pois, o 
propósito de coleta, análise e interpretação de dados, permitindo ao pro� ssional determinar os 
níveis de habilidades, capacidades, limitações ou dé� cits apresentados pelo paciente. Esse é o 
momento em que o paciente é submetido a uma série de testes, provas e observações especí� cas.
 Aqui, cabe ressaltar que as avaliações realizadas se limitam à investigação dos aspectos 
que dizem respeito à problemática apresentada pelo paciente. O terapeuta tem a preocupação de 
direcionar a pesquisa, dando maior ênfase aos aspectos ou áreas que, a priori, são comprovadamente 
atingidos pela doença.
Para esse modelo de processo, portanto, os objetivos da avaliação podem ser assim 
resumidos:
A. Investigar níveis de funções e comportamentos.
B. Investigar níveis de crescimento e desenvolvimento.
C. Possibilitar a seleção de objetivos e meios (atividades) para a elaboração do plano de 
tratamento. 
D. Colaborar com dados para um diagnóstico diferencial.
E. Investigar os resultados de um programa de tratamento.
Não se pode esquecer que, nesse modelo, a execução da atividade é fundamental 
para o tratamento, e o paciente necessita de estímulos para começar e continuar a terapia. Os 
atendimentos devem ser preferencialmente individuais, pois o que se tem de tratar é a doença.
Não há lugar para as chamadas interações grupais visto que o relacionamento terapêutico 
entre paciente e terapeuta se estabelece apenas por meio da atividade. As atividades utilizadas 
variam entre as atividades, exercícios/atividades ou produção. Em alguns casos, principalmente 
em trabalhos das áreas de saúde mental e psiquiatria, há também a utilização das atividades/
expressão.
Pode-se, então, caracterizar a relação terapeuta/paciente como sendo estruturada 
e objetiva, com papéis bem de� nidos. O terapeuta administra as condições necessárias ao 
tratamento, atuando como um elo entre a atividade e o paciente. A comunicação terapeuta/
paciente tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a e� cácia do tratamento.
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6.3 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Materialista Histórico
Como a TO é uma prática de saúde que propõe o uso da atividade como recurso 
terapêutico, uma das possibilidades de ela vir a ser um espaço para transformar a si mesma e 
contribuir a uma transformação social mais signi� cante é por meio desse fazer. Um fazer que 
busca conscientizar os homens quanto à opressão a que estão submetidos como membros de uma 
sociedade classista. Um fazer que desvela as determinações sociais vividas, que busca descobrir 
formas revolucionárias e que mostra a contradição e o con� ito da saúde em uma sociedade de 
classes (FRANCISCO, 2001).
Partindo-se dessas premissas, seguem algumas diretrizes consideradas básicas à 
efetivação do processo de TO. O terapeuta não se apodera, como se fosse exclusividade sua, 
dos conhecimentos que possibilitam a efetivação do processo, da mesma forma como não o 
realiza sozinho. A� nal, o principal propósito da terapia é possibilitar ao cliente perceber-se como 
indivíduo social, feixe de relações. E isso só acontece na medida em que ele passa a se apropriar 
dos meios e dos objetivos do tratamento (materiais, maquinários, ferramentas, métodos de 
execução e, principalmente, do produto de seu trabalho), reconhecendo-se como autor e fazedor 
tanto de sua história como da história do mundo (FRANCISCO, 2001).
Cliente e terapeuta, portanto, trabalham juntos na busca e na detecção das reais 
necessidades, vontades e desejos apresentados pelo cliente. Atividade, terapeuta e cliente são de 
fundamental importância ao processo.
Enquanto a atividade é a base real e material do tratamento, o cliente é aquele que traz seus 
conceitos e ações, advindos da experiência com a doença. Por sua vez, o terapeuta é aquele que 
favorece as re� exões e discussões, na perspectiva de identi� cação e trato das questões con� itivas.
Os atendimentos são primordialmente grupais, sendo que, para a constituição dos grupos, 
deve-se privilegiar o critério de origem de classe da pessoa. Tal forma de atendimento recai 
sobre o fato de considerarmos a saúde como questão coletiva, como fato social. Em assim sendo, 
nada mais coerente do que trabalhar coletivamente as questões coletivas. Nos atendimentos, a 
principal característica é a democratização do processo de terapia, em que cada elemento do 
grupo é responsável pelo processo, por fazer o processo acontecer. O processo nada mais é que 
um acontecer das ações do grupo, as quais podem ser compreendidas como identi� cação das 
necessidades, elaboração de um projeto (de atividade grupal), execução do projeto e re� exões 
com respeito às ações e suas implicações.
Entretanto, não devemos entender tais ações como uma estrutura em que as etapas 
devem se seguir passo a passo, mas como uma estrutura dinâmica, na qual cada grupo imprime 
sua maneira de organizar-se e construir seu projeto. É, portanto, a partir do fazer e das re� exões 
e entendimentos das experiências do dia a dia que o grupo se aproxima, identi� ca-se, toca, 
compreende a realidade, atua em seu meio e toma suas próprias decisões. É o trabalho do grupo 
que torna possível às pessoas reorganizarem e reelaborarem suas ações.
Acreditando nesse modelo de processo, observamos que essa TO possibilita o 
estabelecimento de novas relações entre o homem e a sociedade com vistas à transformação das 
estruturas opressoras a partir de uma prática de saúde que transforma pelo trabalho de classe.
Compreender, portanto, a TO sob a ótica materialista da história é acreditar em uma 
terapia que leva à conscientização de classe; é compreendê-la como instrumento de polarização 
e conscientização por meio da construção de um saber-fazer inserido nas práticas, relações e 
experiências do cotidiano (FRANCISCO, 2001).
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7. MODELO FUNCIONAL OCUPACIONAL (MFO)
O Modelo Funcional Ocupacional (doravante, MFO) orienta a avaliação e o tratamento de 
pessoas com disfunção física que leva à competência no desempenho ocupacional. É derivado da 
prática clínica, e a meta do tratamento é permitir a inclusão satisfatória em papéis valorizados por 
meio da restauração do autodesempenho ou, ainda, pelo estabelecimento de meios alternativos.
O MFO é um modo pelo qual os terapeutas ocupacionais conceituam o processo de 
terapia ocupacional para pessoas com disfunção ocupacional secundária e de� ciências físicas 
(TROMBLY, 2013).
Em resumo, segundo Trombly (2013), as proposições do modelo são as seguintes:
1) Para se engajar satisfatoriamente a um papel ocupacional, uma pessoa deve ser capaz 
de realizar tarefas que fazem parte desse papel.
2) As tarefas são compostas de atividades, que são unidades menores de comportamento.
3) Para ser capaz de realizar uma determinada tarefa, a pessoa deve apresentar certas 
habilidades sensório-motoras, cognitivas, perceptivas, emocionaise sociais.
4) As habilidades são desenvolvidas a partir de capacidades que a pessoa adquiriu por 
meio do aprendizado ou da maturação.
5) Essas capacidades desenvolvidas dependem de capacidades em primeiro nível, que 
derivam dos atributos genéticos de uma pessoa ou do substrato orgânico disponível.
6) Contextos e ambientes pessoais, sociais, culturais e físicos cercam e in� uenciam a vida 
e a funcionalidade ocupacional de um indivíduo.
No modelo MFO, a ocupação possui duas naturezas: ocupação como meio e como � m. 
A ocupação como � m equivale aos níveis mais altos do MFO, nos quais a pessoa tenta 
atingir uma meta funcional (uma atividade ou uma tarefa) utilizando quaisquer habilidades, 
capacidades, hábitos e talentos que possua. A ocupação como meio, por outro lado, é a terapia 
utilizada para proporcionar mudanças nos fatores do paciente de� ciente e nas habilidades de 
desempenho. Tanto a ocupação como � m quanto a ocupação como meio derivam seu impacto 
terapêutico das condições de propósito e de signi� cado.
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Indicamos a leitura da tese de Doutorado do professor Dr. Renato Nickel, do setor 
de TO da UFPR. Na obra, o professor faz um compilado sobre o contexto histórico 
e a trajetória da profi ssão, principalmente em Curitiba e região metropolitana, até 
o ano de 2007. 
A referência completa é:
NICKEL, R. Terapia Ocupacional em Curitiba e Região Metropolitana: trajetória e 
processo de formação. 2007. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Fe-
deral do Paraná, Curitiba, 2007.
O material está disponível em <http://www.ppge.ufpr.br/teses/
teses/D07_nickel.pdf>.
Ademais, indicamos a leitura do capítulo Funcionalidades Conceituais para a Práti-
ca, do livro cuja referência completa é:
RADOMSKY, M. V.; LATHAM, C. A. T. Terapia Ocupacional para Disfunções Físicas. 
6. ed. São Paulo: Santos Editora, 2013. 
Essa leitura é complementar ao entendimento do MFO quanto ao exercício do 
raciocínio clínico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O TO precisa ter conhecimento do panorama histórico contextual nacional da pro� ssão. 
A� nal, para que a pro� ssão ganhasse a ênfase e o espaço de que hoje goza, vários processos foram 
necessários. 
Trata-se de uma pro� ssão que não está inserida tão somente no âmbito da saúde mental 
e ou da reabilitação física. Ganhou, ainda, espaço signi� cativo no campo social e na educação.
A construção da prática de se fazer TO no Brasil derivou de modelos internacionais. 
O documento AOTA (2015), em muitos momentos, norteia a prática, porém, não é a única e 
exclusiva ferramenta. As áreas de ocupação são os objetivos, início e � m das intervenções 
terapêuticas ocupacionais.
As áreas de ocupação estão comumente interligadas aos fatores do cliente, habilidades, 
padrões de desempenho, contexto e ambiente. O TO precisa ser capaz de avaliar todos esses 
processos, pois eles fazem parte do contexto. Toda atividade tem signi� cado graças à história de 
vida de cada cliente na qual o TO intervém, independentemente da área em que está inserido.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................21
1. DOMÍNIO ...............................................................................................................................................................22
2. OCUPAÇÕES ..........................................................................................................................................................23
2.1 ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA (AVD) ....................................................................................................................23
2.2 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA (AIVDS) ..............................................................................25
2.3 DESCANSO E SONO ............................................................................................................................................27
2.4 EDUCAÇÃO ...........................................................................................................................................................28
2.5 TRABALHO ...........................................................................................................................................................29
2.6 BRINCAR ............................................................................................................................................................. 30
2.7 LAZER .................................................................................................................................................................. 30
2.8 PARTICIPAÇÃO SOCIAL ......................................................................................................................................31
DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL
PROF.A ELIANE SCHROEDER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS
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3. FATORES DO CLIENTE ..........................................................................................................................................32
4. HABILIDADES DE DESEMPENHO ........................................................................................................................33
5. PADRÕES DE DESEMPENHO ...............................................................................................................................34
6. CONTEXTO E AMBIENTE......................................................................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................37
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INTRODUÇÃO
Nós, seres humanos, construímos, destruímos, criamos, consertamos, modi� camos e 
manipulamos. Ocupamos ambientes e os modi� camos conforme nossas necessidades. Nascemos 
com curiosidade de descobrir, tentar e aprender. O ser humano tem inata necessidade de fazer.
A Terminologia Uniforme para Terapia Ocupacional foi um documento publicado 
em 1993 pela American Occupational � erapy Association (doravante, AOTA, traduzida como 
Associação Americana de Terapia Ocupacional) e objetivava fornecer um retrato do domínio da 
preocupação da TO com o intuito de se criar uma terminologia comum à pro� ssão, facilitando o 
entender dos “outros” sobre a essência da pro� ssão (NEISTADT; CREPEAU, 2002).
O TO é o pro� ssional cujo objeto principal de estudo é a ocupação humana. Podemos 
entender ocupação humana como sendo atividades signi� cativas do dia a dia, que os clientes 
assistidos pelo TO queiram ou necessitam realizar.
O documento Occupational � erapy Practice Framework: Domain and Process (2015), 
da AOTA, está em sua terceira edição e passa por revisão a cada cinco anos. Popularmente, os 
terapeutas ocupacionais brasileiros o chamam de documento AOTA, o qual é muito utilizado por 
aqui, servindo como um guia à prática pro� ssional.
O documento é dividido em duas partes: (I) o domínio, que descreve as competências 
da pro� ssão e as áreas nas quais seus membros têm um corpo de conhecimentos e competências 
estabelecidas; e (II) o processo, que descreve as atitudes tomadas pelos pro� ssionais durante a 
prestação de serviços voltados aos clientes e focados no envolvimento com as ocupações (AOTA, 
2015).
Na Unidade 2, conheceremos a respeito do domínio que o documento AOTA aborda.
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1. DOMÍNIOOs terapeutas ocupacionais precisam se habilitar e estar preparados para avaliar todos 
os aspectos relacionados ao domínio. Avaliar o domínio é avaliar as inter-relações do cliente em 
seus contextos e ambientes. Também, é importante reconhecer o impacto da conexão mente-
corpo-espírito para a participação do cliente na vida diária (AOTA, 2015). “O conhecimento da 
relação transacional e o sentido das ocupações signi� cativas e produtivas formam a base para o 
uso de ocupações como os meios e os � ns das intervenções (TROMBLY, 1995 apud AOTA, 2015).
A seguir, seguem os aspectos do domínio da TO conforme descrito pela AOTA (2015).
Ocupações:
• Atividades de Vida Diária (AVDs).
• Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs).
• Descanso e Sono.
• Educação.
• Trabalho.
• Brincar.
• Lazer.
• Participação Social.
Fatores do cliente:
• Valores, crenças e espiritualidade.
• Funções do corpo.
• Estruturas do corpo.
Habilidades de desempenho:
• Habilidades Motoras.
• Habilidades de Processo.
• Habilidades de Interação Social.
Padrões de desempenho:
• Hábitos.
• Rotinas.
• Rituais.
• Papéis.
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Contextos e ambientes:
• Cultural.
• Pessoal.
• Físico.
• Social.
• Temporal.
• Virtual.
2. OCUPAÇÕES
As ocupações são fundamentais para a identidade e o senso de competência de um cliente 
(pessoa, grupo ou população), tendo signi� cado e valor especiais para esse cliente. A seguir, 
trazem-se algumas de� nições para ocupação, descritas na literatura e que podem contribuir à 
compreensão desse conceito tão central.
- “A ocupação é tudo o que as pessoas fazem para se ocupar, incluindo cuidar de si 
mesmas (autocuidado), apreciar a vida (lazer) e contribuir para a estrutura social e econômica de 
suas comunidades (produtividade)” (DICKIE, 2011, p. 70).
- “O que as pessoas fazem que ocupam seu tempo e atenção; signi� cativa, atividade com 
propósito; as atividades pessoais que os indivíduos escolhem ou necessitam se envolver e as 
maneiras pelas quais cada indivíduo realmente as experimenta” (SCHELL; GILLEN; SCAFFA, 
2014 apud AOTA, 2015).
- “Em terapia ocupacional, ocupações se referem às atividades diárias que as pessoas 
executam enquanto indivíduos, nas famílias e em comunidades para ocupar o tempo e trazer 
signi� cado e propósito à vida” (CAVALCANTI; DUTRA; ELUI, 2015).
Na TO, a ocupação tanto está associada à saúde e ao bem-estar como pode ser insalubre, 
perigosa, de má adaptação ou destrutiva para si ou para os outros, contribuindo para problemas 
sociais e para a degradação ambiental (DICKIE, 2011). 
São inúmeras as de� nições de ocupação. O que é importante para a TO é sempre levar 
em consideração o grau de importância que dada ocupação tem para o seu cliente (pessoa, grupo 
ou população).
2.1 Atividade de Vida Diária (AVD)
A de� nição que o documento AOTA (2015) traz para a AVD consiste nas atividades 
voltadas ao autocuidado. A AVD pode ser também conhecida como atividade básica da vida 
diária (ABVD) ou como atividades pessoais da vida diária (APVD).
A AOTA (2015) categoriza as atividades de autocuidado e sua descrição conforme o 
Quadro 1.
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ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Banhar e tomar banho no chuveiro Obter e usar utensílios; ensaboar, enxaguar e se-
car as partes do corpo; manter-se na posição de 
banho; transferência de e para posições de ba-
nho.
Usar vaso sanitário e realizar higiene íntima Obter e usar utensílios; cuidado com roupas; ma-
nutenção da posição no vaso; transferência de e 
para o vaso sanitário; limpeza do corpo; cuidados 
menstruais e necessidades com a continência 
(incluindo cateter, colostomia e uso de supositó-
rio) bem como controle intencional do intestino 
e urinário e, se necessário, utilizar equipamentos 
ou agentes para o controle da bexiga.
Deglutir/comer Manter e manipular alimento ou líquido na boca 
e engolir; engolir é mover o alimento da boca ao 
estômago.
Alimentar Colocar, arranjar e trazer a comida (ou líquido) do 
prato ou copo até à boca, o que algumas
vezes é nomeado como autoalimentação.
Mobilidade funcional Mover-se de uma posição ou lugar para outro 
(durante o desempenho de atividades diárias), 
como mobilidade na cama, mobilidade na cadei-
ra de rodas e transferências
(por exemplo: cadeira de rodas, cama, carro, chu-
veiro, vaso sanitário, banheira,
cadeira, piso). Inclui deambulação funcional e 
transporte de objetos.
Cuidado com equipamentos pessoais Usar, limpar e manter itens de cuidado pessoal, 
tais como aparelho auditivo, lentes de contato, 
óculos, órteses, próteses, equipamentos adap-
tativos, aparelho de medida de índice glicêmico, 
dispositivos sexuais e contraceptivos.
Higiene pessoal e grooming Obter e usar utensílios; remover pelos do cor-
po (por exemplo, uso de lâmina de barbear, te-
souras, loções); aplicar e remover produtos de 
beleza; lavar, secar, pentear, modelar, escovar e 
prender o cabelo; cuidar das unhas (mãos e pés); 
cuidar da pele, orelhas, olhos e nariz; aplicar de-
sodorante; limpar a boca, escovar e passar fi o 
dental nos dentes; remover, limpar e recolocar 
órteses e próteses dentárias.
Atividade sexual Envolver-se em atividades que proporcionam sa-
tisfação sexual e/ou satisfazer as necessidades 
relacionais ou reprodutivas.
Vestir Selecionar roupas e acessórios de acordo com 
a hora do dia, com o clima e a ocasião; retirar as 
roupas dos locais em que estão guardadas; ves-
tir-se e despir-se adequadamente de maneira se-
quencial; ajustar e fechar as roupas e sapatos; e 
colocar e retirar dispositivos pessoais, próteses 
ou órteses.
Quadro 1 - Ocupação AVD. Fonte: AOTA (2015).
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2.2 Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs)
As AIVDs são atividades que apoiam a vida diária dentro de casa e na comunidade, 
requerendo frequentemente interações mais complexas do que aquelas utilizadas nas AVDs. A 
AOTA (2015) categoriza as AIVDs conforme o Quadro 2.
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Cuidar de outros (incluindo seleção e supervisão 
de cuidadores).
Organizar, supervisionar ou fornecer cuidado 
para outros.
Cuidar de animais. Organizar, supervisionar ou prestar cuidados a 
animais de estimação e animais de serviço.
Leia o artigo:
GALHEIGO, S. M. O cotidiano na terapia ocupacional: cultura, subjetividade e con-
texto histórico-social. Revista da Terapia Ocupacional da Universidade de São 
Paulo, São Paulo, v. 14, n. 3, 2003.
O artigo trata do conceito de cotidiano na TO e do treinamento das 
atividades da vida diária à ressignifi cação do cotidiano. O material 
está disponível em <http://www.revistas.usp.br/rto/article/
view/13924/15742>.
Ainda, indicamos a leitura do artigo:
CARVALHO, A. J. M.; GRANDE, E. A. B. de. Perfi l das atividades de vida diária dos 
atletas paraolímpicos de alta performance elaborado através do questionário HAQ 
(Health Assessment Questionnaire). Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 
São Carlos, v. 20, n. 2, 2012.
O artigo mostra a relação entre a pessoa com defi ciência e suas difi culdades na 
realização das AVDs, a aplicabilidade de um instrumento de avaliação e o papel da 
TO no engajamento da ocupação. 
O material encontra-se disponível em <http://www.cadernos-
deterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/
view/630/385>.
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Gerenciamento de comunicação. Enviar, receber e interpretar uma informação, 
usando uma variedade de sistemas e equipa-
mentos, incluindo ferramentas para a escrita, 
telefones (celulares ou smartphones), teclados, 
gravador audiovisual, computadores ou tablets, 
pranchas de comunicação,luzes de chamada, 
sistemas de emergência, escrita em Braille, dis-
positivos de telecomunicação para surdos, sis-
tema de comunicação aumentativa e assistente 
pessoal digital.
Dirigir e mobilidade na comunidade. Planejar-se e mover-se na comunidade e usar o 
transporte público ou privado, como dirigir, cami-
nhar, andar de bicicleta ou acessar e locomover-
-se por meio de ônibus, táxis ou outros sistemas 
de transporte.
Gerenciamento fi nanceiro. Usar recursos fi scais, incluindo métodos alter-
nativos de transação fi nanceira, planejar e usar 
fi nanças com objetivos a curto e longo prazos.
Gerenciamento e manutenção da saúde. Desenvolver, gerenciar e manter rotinas para 
saúde e promoção de bem-estar, tais como con-
dicionamento físico, nutrição, diminuição dos 
comportamentos de risco para saúde e rotinas 
de medicação.
Estabelecimento e gerenciamento do lar. Obter e manter bens pessoais, da casa e do am-
biente (por exemplo: casa, quintal, jardim, equi-
pamentos, veículos), incluindo manutenção e re-
paração dos bens pessoais (vestuário e itens da 
casa) e saber como procurar ajuda ou com quem 
entrar em contato.
Preparar refeições e limpeza. Planejar, preparar e servir de forma equilibrada 
refeições nutritivas e limpar alimentos e utensí-
lios após as refeições.
Atividades e expressão religiosa e espiritual. Fazer parte de uma religião, um sistema orga-
nizado de crenças, práticas, rituais e símbolos 
projetados para facilitar a proximidade com o 
sagrado ou transcendente e envolver-se em ativi-
dades que permitam uma sensação de conexão 
com algo maior que si mesmo ou especialmente 
signifi cativo, tal como reservar momentos para 
brincar com uma criança, envolver-se em ativida-
des na natureza e ajudar os necessitados.
Segurança e manutenção emergencial. Conhecer e realizar procedimentos preventivos 
para manter um ambiente seguro; reconhecer 
situações perigosas repentinas, inesperadas; 
e iniciar as ações de emergência para reduzir a 
ameaça à saúde e segurança; exemplos incluem 
garantir a segurança ao entrar e sair da casa, 
identifi car os números de contato de emergência 
e substituir itens, como baterias de alarmes de 
fumaça e lâmpadas.
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Fazer compras. Preparar listas de compras (mercearias e ou-
tros); seleção, compra e transporte de itens; se-
lecionar formas de pagamento; e completar as 
transações com dinheiro; estão aqui incluídas 
as compras pela Internet e o uso de dispositivos 
eletrônicos relacionados, como computadores, 
telefones celulares e tablets.
Quadro 2 - Ocupação AIVD. Fonte: AOTA (2015).
2.3 Descanso e Sono
A ocupação sono in� uencia de forma positiva ou negativa o engajamento das outras áreas 
de ocupação; daí a importância de termos essa área de ocupação em equilíbrio. Para corroborar 
com isso, a AOTA (2015, p. 21) expõe que descanso e sono são “[...] atividades relacionadas à 
obtenção de descanso e sono reparadores para apoiar a saúde e o envolvimento ativo em outras 
ocupações”. 
A AOTA (2015) categoriza o descanso e o sono conforme o Quadro 3.
DESCANSO E SONO
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Descansar Envolver-se em ações tranquilas e sem esfor-
ço, que interrompem a atividade física e mental, 
resultando em um estado de relaxamento; está 
aqui incluída a identifi cação da necessidade de 
relaxar; redução do nível de envolvimento em ati-
vidades físicas, mentais ou sociais; envolver-se 
em relaxamento ou outros esforços que restau-
rem a energia e a calma e renovem o interesse 
nesse envolvimento.
Conheça a Resolução nº. 316/2006, que dispõe sobre a prática de 
atividades de vida diária, atividades instrumentais da vida diária e 
tecnologia assistiva pela TO. O material pode ser acessado 
pelo link <https://www.coffi to.gov.br/nsite/?p=3074>.
CATEGORIA DESCRIÇÃO
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Preparação para o sono (1) Envolvimento em prática de rotinas que pre-
param o indivíduo para um descanso confortável, 
tais como grooming e despir-se; ler ou ouvir músi-
ca para adormecer, dar boa noite ao próximo e se 
envolver em meditação ou orações; determinar 
a hora do dia e o período desejado para dormir 
e o tempo necessário para acordar; estabelecer 
padrões de sono condizentes com o desenvolvi-
mento e saúde (padrões são muitas vezes pes-
soal e culturalmente determinados).
(2) A preparação do ambiente físico para pe-
ríodos de inconsciência, como fazer a cama ou 
preparar espaço para dormir; garantir proteção 
contra o calor ou frio; defi nir um despertador; ga-
rantir segurança da casa, como trancar portas ou 
fechar as janelas ou cortinas; e desligar equipa-
mentos eletrônicos ou luzes.
Participação no sono Cuidar das necessidades pessoais para o sono, 
como diminuir as atividades para garantir o iní-
cio do sono, dormir e sonhar; manter um estado 
de sono sem interrupção; realização de cuidados 
noturnos, como uso do vaso sanitário e hidrata-
ção; inclui também a negociação das necessida-
des de interagir e exigências de outros dentro do 
ambiente social, como crianças ou parceiros, in-
cluindo a prestação de cuidados noturnos, como 
o aleitamento materno e acompanhamento do 
conforto e segurança de outras pessoas que es-
tão dormindo.
Quadro 3 - Ocupação descanso e sono. Fonte: AOTA (2015).
2.4 Educação
Dentre as áreas de ocupação, a educação talvez ainda seja uma das mais desa� adoras, 
principalmente, em virtude das barreiras atitudinais que nós (que trabalhamos com a educação 
inclusiva) enfrentamos. A AOTA (2015) a descreve como sendo atividades necessárias à 
aprendizagem e participação no ambiente educacional (Quadro 4).
A privação do sono ou a má gestão dele pode interferir no humor, raciocínio, me-
mória e nos registros sensoriais. Quando há prejuízo nessas áreas, há também 
nas áreas de ocupação (principalmente, trabalho e educação). Quanto dessa pri-
vação é prejudicial? Pesquise mais sobre o assunto.
CATEGORIA DESCRIÇÃO
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EDUCAÇÃO
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Participação na educação formal Participação em atividades educacionais no 
meio acadêmico (por exemplo: matemática, lei-
tura e obtenção de grau), não acadêmico (por 
exemplo: recreio, refeitório, corredor), extracur-
ricular (por exemplo: esportes, banda, animação 
de torcida, danças) e atividades vocacionais 
(pré-vocacional e vocacional).
Exploração das necessidades ou interesses pes-
soais em educação informal (além da educação 
formal)
Identifi cação de temas e métodos para obter in-
formações ou habilidades relacionadas.
Participação na educação pessoal informal Participar de aulas informais, programas e ativi-
dades que proporcionem instrução ou formação 
em áreas identifi cadas como de interesse.
Quadro 4 - Ocupação educação. Fonte: AOTA (2015).
2.5 Trabalho
A ocupação trabalho ou esforço é descrita na AOTA (2015) como ação: fazer, construir, 
fabricar, dar forma, moldar ou modelar objetos para organizar, planejar ou avaliar serviços 
ou processos de vida ou de governo. São ocupações comprometidas, executadas com ou sem 
recompensa � nanceira (CHRISTIANSEN; TOWNSEND, 2010 apud AOTA, 2015).
Veja o Quadro 5.
TRABALHO
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Interesse e busca por emprego Identifi cação e seleção de oportunidades de tra-
balho com base em bens, limitações, gostos e 
antipatias em relação ao trabalho.
Procura e aquisição de emprego Autoadvocacia; completar, submeter e rever os 
materiais adequados de inscrição; preparar-se 
para entrevistas; participar de entrevistas e man-
ter acompanhamento posterior; discutir benefí-
cios no trabalho e fi nalizar negociações.
Desempenho no trabalho Desempenhar as exigências do trabalho, o que 
inclui padrões e habilidades no trabalho; geren-
ciamento do tempo; relacionamentos com cole-gas de trabalho, gerentes e clientes; liderança e 
supervisão; criação, produção e distribuição de 
produtos e serviços; iniciação, manutenção e 
conclusão dos trabalhos; conformidade com as 
normas e procedimentos do trabalho
Adequação e preparação para a aposentadoria Determinar aptidões, desenvolver interesses e 
habilidades, selecionar atividades não profi ssio-
nais adequadas e ajustar o estilo de vida na au-
sência do papel de trabalhador.
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Explorar trabalho voluntário Determinar causas comunitárias, organizações 
ou oportunidades de trabalho não remunerado 
relacionadas a habilidades pessoais, interesses, 
localização e tempo disponível.
Participação em voluntariado Desempenhar atividades de trabalho não remu-
neradas em benefício de causas, organizações 
ou meios.
Quadro 5 - Ocupação trabalho. Fonte: AOTA (2015).
2.6 Brincar
O brincar é um recurso do qual muitos pro� ssionais se utilizam; porém, para o TO, 
ele é especial por se tratar de área de ocupação. Além da utilização do brincar como recurso 
terapêutico (criança com de� ciência, aprimoramento da motricidade, signi� car o brincar etc.), o 
TO deve promover o brincar como garantia de direitos.
Brincar é “[...] qualquer atividade espontânea e organizada que ofereça satisfação, 
entretenimento, diversão e alegria” (PARHAM; FAZIO, 1997 apud AOTA, 2015, p. 22).
BRINCAR
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Brincar exploratório Identifi car atividades lúdicas apropriadas, in-
cluindo o brincar exploratório, a prática de brin-
car, o brincar intencional, jogos com regras, brin-
car construtivo e o brincar simbólico.
Participação no brincar Participar do brincar; manter um equilíbrio entre 
brincar e as outras ocupações; obter, utilizar e 
manter brinquedos, equipamentos e utensílios 
apropriadamente.
Quadro 6 - Ocupação brincar. Fonte: AOTA (2015).
2.7 Lazer
Lazer é um direito social, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(em seu artigo XXIV), pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (artigo 6º) e 
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4º). O TO atua no controle social e na garantia 
de direitos.
Lazer é “[...] Atividade não obrigatória que é intrinsecamente motivada e realizada 
durante o tempo livre, ou seja, o tempo não comprometido com ocupações obrigatórias, tais 
como trabalho, autocuidado ou sono” (PARHAM; FAZIO, 1997 apud AOTA, 2015).
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LAZER
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Exploração do lazer Identifi cação de interesses, habilidades, oportu-
nidades e atividades de lazer
apropriadas.
Participação no lazer Planejar e participar de atividades de lazer apro-
priadas; manter um equilíbrio entre atividades de 
lazer e outras ocupações; obter, utilizar e manter 
equipamentos e acessórios de forma apropriada.
Quadro 7 - Ocupação lazer. Fonte: AOTA (2015).
2.8 Participação Social
A última área de ocupação descrita na AOTA (2015) é a participação social. Seguem suas 
de� nições:
• “A inter-relação de ocupações para apoiar o envolvimento desejado em atividades 
comunitárias e familiares, bem como aquelas que envolvem pares e amigos” (GILLEN; 
BOYT; SCHELL, 2014 apud AOTA, 2015).
• Envolvimento em um subconjunto de atividades que envolvem situações sociais com os 
outros (BEDELL, 2012 apud AOTA, 2015) e de suporte social interdependente (MAGASI; 
HAMMEL, 2004 apud AOTA, 2015). 
• A participação social pode ocorrer pessoalmente ou por meio de tecnologias remotas, 
tais como telefonemas, interação com o computador e videoconferência (AOTA, 2015).
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Comunidade Envolver-se em atividades que resultam em inte-
ração bem-sucedida ao nível da
comunidade (por exemplo: vizinhança, organiza-
ção, local de trabalho, escola, grupo religioso ou 
espiritual).
Família Envolver-se em atividades que resultam em inte-
ração bem-sucedida em papéis
familiares específi cos, necessários e/ou deseja-
dos.
Pares, amigos Envolver-se em atividades com diferentes níveis 
de interação e intimidade, incluindo envolver-se 
em atividade sexual desejada.
Quadro 8 - Ocupação participação social. Fonte: AOTA (2015).
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Essas são as oito ocupações de que trata o documento da AOTA (2015), referentes ao 
domínio da TO segundo a Associação Americana de Terapia Ocupacional.
3. FATORES DO CLIENTE
O TO avalia os fatores do cliente em três categorias: valores, crenças e espiritualidade. Os 
valores são “[...] crenças e obrigações adquiridas, derivadas da cultura, sobre o que é bom, correto 
e importante para fazer (KIELHOFNER, 2008 apud AOTA, 2015). 
Exemplos de valores são:
• Pessoa: honestidade consigo mesmo e com os outros.
• Grupo: obrigação de servir à comunidade.
• População: igualdade de oportunidades para todos (AOTA, 2015).
Crenças são conteúdos cognitivos tidos como verdade pelo ou sobre o cliente. São 
exemplos: 
• Pessoa: uma não tem poder de in� uenciar a outra.
• Grupo e população: vale a pena lutar por alguns direitos pessoais; uma nova política de 
assistência à saúde ainda não testada afetará positivamente a sociedade (AOTA, 2015).
No fi lme Para Sempre Alice, Alice Howland é professora de Harvard 
e especialista em Linguística. Ela está feliz pelo que conseguiu 
construir, tanto pessoal quanto profi ssionalmente. No entanto, sua 
vida muda inesperadamente ao ser diagnosticada com Alzheimer.
A produção está disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=HG9SO3VVvys>.
Segundo o artigo 1º, da Resolução nº 316, de 19 de julho de 2006:
Artigo 1° – É de exclusiva competência do Terapeuta Ocupacional, 
no âmbito de sua atuação, avaliar as habilidades funcionais do 
indivíduo, elaborar a programação terapêutico-ocupacional e exe-
cutar o treinamento das funções para o desenvolvimento das ca-
pacidades de desempenho das Atividades de Vida Diária (AVDs) 
e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs) para as áreas 
comprometidas no desempenho ocupacional, motor, sensorial, 
percepto-cognitivo, mental, emocional, comportamental, funcio-
nal, cultural, social e econômico de pacientes (COFFITO, 2006).
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A espiritualidade está relacionada à maneira como as pessoas procuram e expressam 
signi� cado, experimentam a sua conexão com o momento, consigo mesmas, com os outros, com 
a natureza e com o que é signi� cativo ou sagrado (PUCHALSKI et al., 2009 apud AOTA, 2015)
Exemplos são:
• Pessoa: busca diária por propósitos e signi� cados da própria vida.
• Grupo e população: busca comum por propósito e signi� cado na vida; orientações de 
ações por valores acordados pelo coletivo (AOTA, 2015).
O desempenho ocupacional e vários tipos de fatores do cliente podem ser bene� ciados 
pelos suportes no ambiente físico ou social que melhoram ou permitem a participação. É por 
meio do processo de observação dos clientes envolvidos em ocupações e em atividades que 
os pro� ssionais de TO são capazes de determinar a transação entre os fatores do cliente e o 
desempenho para, em seguida, criar adaptações, modi� cações e selecionar as atividades que mais 
aperfeiçoem a participação.
4. HABILIDADES DE DESEMPENHO
Habilidades de desempenho são elementos observados implicitamente em um propósito 
funcional. São consideradas múltiplas habilidades de ações, ou seja, múltiplas capacidades de 
funções e estruturas do corpo que, quando combinadas, são a base da capacidade de participar 
de ocupações e atividades desejadas (AOTA, 2015).
O documento descreve três habilidades: motoras, processuais e de interação social. 
Vejamo-las.
- Habilidades motoras: “Habilidades de desempenho ocupacional observadas enquantoa pessoa interage com e movimenta objetos e se movimenta em um ambiente no qual a tarefa é 
realizada” (SCHELL; GILLE; SCAFFA, 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo é o alinhamento: 
interação com objetos, sem evidenciar sustentação ou inclinação persistente. Outro exemplo é a 
sustentação: levantar ou elevar objetos de forma efetiva e sem evidência de aumento de esforço 
(AOTA, 2015).
- Habilidades processuais: habilidades de desempenho ocupacional por meio das 
quais se observa como uma pessoa seleciona, interage e usa ferramentas e materiais das tarefas, 
desenvolve ações individuais em etapas e modi� ca o desempenho quando há problemas 
(SCHELL et al., 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo é o ritmo: manter uma taxa ou ritmo 
de desempenho consistente e e� caz ao longo de toda a tarefa. Outro exemplo é a manipulação: 
segurar ou estabilizar ferramentas e materiais de forma apropriada, protegendo-os contra 
dani� cação, deslize, movimento ou queda (AOTA, 2015).
- Habilidades de interação social: “Habilidades de desempenho ocupacional observadas 
durante o � uxo contínuo de trocas sociais” (SCHELL et al., 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo 
é a abordagem/início: aborda ou inicia-se a interação com o parceiro social de uma maneira 
socialmente apropriada. Outro exemplo é a conclusão/� nalização: efetivamente termina-se 
a conversa ou interação social, conclui-se o assunto discutido e desconecta-se ou se despede. 
Um terceiro exemplo é a produção de discurso: produzem-se mensagens faladas, escritas ou 
suplementares (como as geradas por computador), de forma audível e clara.
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Há uma tabela com outros exemplos das três habilidades abordadas, porém, os autores 
a� rmam que tal tabela não é conclusiva e pode não incluir todas as habilidades possíveis abordadas 
durante as intervenções de TO.
5. PADRÕES DE DESEMPENHO
Padrões de desempenho são os hábitos, rotinas, papéis e rituais utilizados no processo de 
se envolver em ocupações ou atividades. Esses padrões podem ser barreiras ou facilitadores do 
desempenho ocupacional (AOTA, 2015).
- Hábitos: referem-se a comportamentos especí� cos, automáticos; podem ser úteis, 
dominantes ou empobrecidos.
- Rotinas são sequências estabelecidas de ocupações ou atividades que fornecem uma 
estrutura para a vida diária. Rotinas podem promover ou prejudicar a saúde.
- Papéis: são conjuntos de comportamentos esperados pela sociedade e moldados pela 
cultura e contexto. Podem ser ainda mais conceituados e de� nidos por um cliente (pessoa, grupo 
ou população). Ao considerarem os papéis, os pro� ssionais de TO estão preocupados com a 
forma como os clientes constroem suas ocupações para cumprirem seus papéis e a identidade 
percebida, veri� cando-se se seus papéis reforçam seus valores e crenças. Alguns papéis conduzem 
a estereótipos e a padrões de envolvimento restritos. 
- Rituais são ações simbólicas com signi� cado espiritual, cultural ou social. Rituais 
contribuem para a identidade de um cliente e reforçam seus valores e crenças.
Os padrões de desempenho são desenvolvidos ao longo do tempo e são in� uenciados 
por todos os outros aspectos do domínio da TO. Considerar os padrões de desempenho é 
compreender melhor a frequência e a maneira pela qual as habilidades de desempenho e 
ocupações são integradas à vida do cliente (AOTA, 2015).
Seguem exemplos de padrões de desempenho relacionados aos hábitos, rotinas, rituais e 
papéis.
• Pessoa: 
◉ Hábitos: colocam-se automaticamente as chaves do carro no mesmo lugar.
◉ Rotinas: segue-se uma sequência matinal para usar o banheiro, tomar banho, cuidar da 
higiene e vestir-se.
◉ Rituais: utiliza-se uma escova de cabelo antiga, herdada, e escova-se o
cabelo 100 vezes por noite, como a mãe fazia.
◉ Papéis: aluno com di� culdade de aprendizagem estudando informática.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Grupo ou população: 
◉ Rotinas: seguem-se práticas de saúde, como imunizações programadas para crianças e 
exames de saúde anuais para adultos.
◉ Rituais: realizam-se des� les ou manifestações.
◉ Papéis: organização humanitária que distribui doações de alimentos e roupas para 
refugiados.
Quando nos tornamos terapeutas ocupacionais, percebemos que nosso cliente é 
muito mais do que membros superiores, membros inferiores, estrutura musculoesquelética, 
neuroanatomia, biomecânica etc. Tudo o que estudamos é extremamente importante para 
avaliarmos e intervirmos, mas, ao nos depararmos com a realidade do contexto ocupacional, o 
olhar do TO vai muito além.
 
6. CONTEXTO E AMBIENTE
Contexto refere-se a uma variedade de condições inter-relacionadas que in� uenciam e 
cercam o cliente. O contexto inclui o âmbito cultural, pessoal, temporal e virtual. 
O termo ambiente refere-se às condições físicas e sociais externas que cercam o cliente e 
nas quais ocorrem as ocupações de sua vida diária (AOTA, 2015).
Contexto:
- Cultural: costumes, crenças, padrões de atividade, expectativas e comportamentos 
padronizados aceitos pela sociedade da qual um cliente é membro. O contexto cultural 
in� uencia a identidade e as escolhas de atividade do cliente (AOTA, 2015).
- Pessoa: uma pessoa entrega refeições no dia de ação de graças para indivíduos 
que, por doença ou condições crônicas, estão con� nados em casa.
- Grupo: trabalhadores usando roupas casuais na sexta-feira, marcando o � m da 
semana de trabalho.
- População: pessoas se reunindo para a sesta após o almoço ou tomando chá.
- Pessoal: o contexto pessoal inclui a idade, gênero, status socioeconômico e nível 
educacional, podendo também incluir membros de grupo e participação da população.
- Pessoa: homem de 25 anos, desempregado, com diploma do Ensino Médio.
- Grupo: voluntários que trabalham em um abrigo.
- População: motoristas mais velhos aprendendo sobre as opções de mobilidade na 
comunidade.
- Temporal: o uso do tempo como forma de envolvimento em ocupações; os aspectos 
temporais da ocupação. O contexto temporal inclui estágios da vida, hora do dia ou ano, 
duração e ritmo da atividade, além da história (AOTA, 2015).
- Pessoa: uma pessoa que está aposentada do trabalho há 10 anos.
- Grupo: campanha anual de uma organização comunitária para angariar fundos.
- População: pessoas comemorando o Dia da Independência, em 7 de setembro.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
- Virtual: ambiente no qual a comunicação ocorre por meio de rádio ou computadores 
e na ausência de contato físico. O contexto virtual inclui: (I) ambientes simulados, em 
tempo real ou tempo quase real, como salas de bate-papo, e-mail, videoconferência ou 
transmissões de rádio; (II) monitoramento remoto por meio de sensores sem � o; ou (III) 
coleta de dados realizada em computador.
- Pessoa: amigos que trocam mensagens de texto entre si.
- Grupo: membros que participam de uma videoconferência, conferência telefônica, 
mensagem instantânea ou utilizam quadro branco interativo.
- População: comunidade virtual de jogadores.
Ambiente:
- Físico: ambiente não humano, natural ou construído, além dos objetos nele presentes. O 
ambiente natural inclui terreno geográ� co, plantas e animais, bem como as informações 
sensoriais a seu redor. O ambiente construído inclui edifícios, mobiliário, ferramentas e 
dispositivos (AOTA, 2015).
- Pessoa: casa ou apartamento de pessoa física.
- Grupo: prédio de escritório ou fábrica.
- População: sistema de transporte.
- Social: presença, relacionamentos e expectativas das pessoas, grupos ou populações 
com as quais os clientes têm contato. O ambiente social inclui a disponibilidade e as 
expectativas de pessoas signi� cativas, como cônjuge, amigos e cuidadores; relacionamentos 
com indivíduos, grupos ou populações; e as relações com os sistemas que in� uenciam as 
normas, expectativas

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