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Racismo e sociedade resenha

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Racismo e Sociedade - Carlos Moore
Capitalismo e escravidão: As bases raciológicas do mundo moderno
Acredita-se ser o capitalismo o gestor da modernidade. O marxismo ao longo do
século XX sustentou a base de compreensão de q o capitalismo é o responsável pelo
desenvolvimento econômico e social da sociedade moderna ocidental. Tornou-se
fundamental salientar as mudanças estruturais submetidas ao crivo econômico. O raciocínio
consiste em identificar os resultados previsíveis das relações entre agentes estabelecidos
historicamente. A partir daí estabeleceu-se que haveria uma causa e efeito entre capitalismo
e modernidade.
A tese de Weber em A Ética protestante e o espírito do capitalismo, tenta explicar
como foi gestado o capitalismo industrial, porta de entrada para a modernidade. Ele
considera que o ocidente é uma individualidade histórica; o capitalismo (economicamente
falando) não existiu apenas no ocidente; Estudar o capitalismo como estrutura econômica,
não ajuda a explicar o surgimento do ethos burguês de conduta da vida; é necessária
“disposição” cultural para o surgimento do capitalismo; o capitalismo é um “acidente”
histórico. A noção de capitalismo para ele, se define por sua finalidade: o lucro. Ele destaca
vários sistemas produtivos direcionados ao lucro e à comercialização, ou vários
capitalismos: Irracional que arrendava tributos para financiar a guerra; mercantil do tipo
especulativo, como os mercadores conheceram ao longo da história; usurário, onde através
do empréstimo explora-se a necessidade alheia. O ocidente ser uma individualidade, de
acordo com Weber, quer dizer que seu processo histórico não pode inferir/ ser inferido de
nenhum referente histórico que não o próprio. Não seria possível compreender a natureza
de uma sociedade, sem elucidar o que a sua história tem de casual e acidental. Weber
identifica o ocidente como tendo o racional-científico como sua singularidade na articulação
de seus “conteúdos” históricos. Conhecimento e observação de grande finura em toda parte,
sobretudo na Índia, China, Babilônia e Egito(Kemet). O que difere realmente o ocidente é a
maneira singular com que articulou o que possuía em função do que espoliou. No “ocidente”
até a idade média, a ideia de se levar para o túmulo grandes quantidades de riquezas era
inviável, devido a seu caráter extremamente mundano do lucro, e as pessoas devotavam
todos os seus ganhos para “o outro mundo”. A resposta para o início do ethos burguês, se
encontra no exame do universo simbólico religioso. O protestantismo asceta (prática
consistente na renúncia ao prazer e na não satisfação de algumas necessidades primárias)
crê que a realização das boas obras e o cumprimento da palavra se dão no mundo e não
fora dele. O calvinismo trazendo uma bagagem do catolicismo medieval, que exigia reclusão
monástica, argumenta que os merecedores da salvação foram previamente eleitos e
portanto todo fiel deveria ter uma vida de monge em pleno contato com o mundo para
obtê-la. O trabalho seria o meio pelo qual se provaria (através de riquezas e lucros) perante
a comunidade a posse da graça (vaga entre os eleitos) e também a forma de não cair em
tentações mundanas. A disciplina da igreja luterana, punia e recompensava atos individuais
concretos. Esse caráter seletivo do protestantismo, associado à uma concepção individual
de graça seria um dos eixos para a consolidação da impessoalidade das relações sociais e
o individualismo. Esses valores, e uma divisão legal entre público e privado possibilitaram
relações que não são baseadas na consanguinidade para associação política. Estado e
igreja concorrem entre si pelo gerenciamento dos valores sociais, um centrado no domínio
bélico e o outro no sagrado. A tensão causada pela guerra cria o mercado e fortalece o
sentimento de nacionalidade (comunidade), possibilitando a presença do Estado. O
protestantismo compreende o lucro como graça divina, portanto prevalece na instância
mental, um tipo de gestão econômica, e a estruturação do tempo é um valor passível de
ganhar ou perder(pois deve-se estar a serviço da obra). Para Weber, somente o
protestantismo puritano teria reunido as condições para a eclosão do capit. industrial.
Para Jean Baechler em Les Origines du Capitalisme, o ocidente seria privilegiado
em relação a processos inigualáveis acontecidos aqui,diferentes de outras partes do
mundo. As sociedades humanas se entregam a experiências coroadas de sucesso e
fracasso, e cabe à ciência precisar as circunstâncias que faz com que uma possibilidade se
realize, como no caso do capitalismo industrial. O mundo ocidental se entrega a
experiências, como se quisesse percorrer todas as possibilidades humanas. Para ele, o
“gênio do Ocidente, tende desde a mil anos, a introduzir uma mudança em todos os
domínios”. Martin Bernal afirmava que a proposta de um "gênio ocidental”, sustenta-se numa
operação de eliminação da história do Egito como fecundadora das civilizações europeia e
do oriente médio. Para ele, esse sistema decorreria de um acúmulo de “acidentes” unidos de
modo lógico. Mas como Weber argumenta, esse capitalismo industrial, surgiu no ocidente
nos século XVIII e XIX quando a europa havia esmagado o continente africano e se nutrido
do tráfico negreiro. A bárbara propagação da Europa além de seus territórios, o que tornou
o resto do mundo mero objeto de acumulação ocidental, foi o que implantou um sistema
econômico universal único. Para Baechler, esse assalto além-fronteira, desencadeou uma
dinâmica que levou ao capitalismo industrial. Ele concorda com Marx, que para se ter um
sistema de exploração do homem pelo homem existe uma apropriação do que sobra. O
elemento decisivo seria o negociante empreendedor, o protagonista do processo de
produção: ele obtém a matéria-prima, gerencia a fabricação, vende de acordo com a procura
e reinveste o lucro. Essa elite que vivia da apropriação criou como consequência um
mercado, ou uma demanda com fluxo de meios de pagamento. Para ele, o capitalismo é
uma propensão original a aplicar os pensamentos racionais à atividades econômicas. No
Egito, Sumer, Mohenjo-Daro e demais sociedades comunais e com propriedades coletivas
sob o comando de um Estado administrador, o mesmo comanda totalmente a economia e
inibe a aparição de um agente individual. No ocidente o poder político domina o religioso e o
utiliza para seus interesses. Essa mudança constante imprime nessa sociedade uma
dificuldade de uma ética e moral claras, pois isso requer uma estabilidade relativa e,
mudanças rápidas levam a um desenvolvimento descontrolado. Essa noção de
descartabilidade produz instabilidade em todas as instâncias. A tendência desse sistema é
aumentar a eficácia para aumentar o excedente e a fração reinvestida, o que para Baechler
seria um elemento-chave na compreensão da gênese de formas de desenvolvimento
proto-capitalista ao longo da história. A busca da eficácia a todo custo implica uma ordem
societária cada vez mais repressiva, pois não conta com os freios sociais que garantem a
solidariedade. Os dados apontam para o fato de que a partir da queda do império Romano,
o continente africano e seus habitantes de pele negra se tornaram alvos prediletos das
grandes potências do Oriente Médio semita e da Europa, para empreendimentos de mão de
obra escravizada.
Eric Williams demonstra de modo incontestável que o “milagre ocidental e grego”,
se fundam na alta capacidade predatória. Os bens responsáveis pelo lançamento da
Revolução industrial são: a produção de commodities na Europa; o tráfico negreiro à partir
do continente Africano; a produção de riqueza nas Américas com o trabalho escravo, que
produziu bens exóticos e minérios para exportação. Essa relação triangular engendrou o
processo de acumulação primitiva do capital que deu origem à revolução industrial. A
história da expansão do tráfico negreiro é sobre a elevação da Inglaterra. A mesma adquiriu
diversas riquezas em metais preciosos por meio do comércio de escravizados com Espanha
e Portugal, que por sua vez roubavam do continenteAmericano suas riquezas,
exterminando as populações nativas. A Modernidade capitalista resulta de uma violenta
expansão imperial de uma região do mundo em detrimento de todas as outras. Entre outras
coisas essa modernidade implica em: um mercado mundial arquitetado em redes
conectivas; assalariamento e o sequestro do produto do trabalho individual; propriedade
privada dos meios de produção e da distribuição de bens sociais; valores sociais que incitam
ao consumo de luxo irrestrito. Esse sistema cria, gratifica e difunde valores que semeiam a
indiferença diante das misérias que provoca.
Victor Davis Hanson demonstra em Por que o ocidente Venceu: massacre e
cultura da Grécia antiga ao Vietnã, que é com o uso das armas que reside a singularidade
ocidental com o maior alcance histórico no passado e presente. Ele se debruçou sobre as
diferenças entre ocidente e oriente que evidenciam a letalidade da cultura ocidental em
guerra em comparação a outras culturas. Também descarta a hipótese de que a
superioridade militar no confronto com outras sociedades possa ser explicada em termos
biológico-raciais ou por sua coragem, tampouco pela superioridade tecnológica ou moral. A
guerra à moda ocidental é letal justamente por não levar em consideração preceitos morais -
não se preocupava com rituais, tradição, religião, ética e nada além da necessidade militar -,
sobrando tempo para se preocupar com organização, disciplina, disposição, iniciativa,
flexibilidade e comando. Além disso, os europeus foram rápidos roubando avanços
estrangeiros, alterando táticas e pegando emprestadas invenções quando suas táticas se
mostravam insuficientes. Os europeus colocaram sua disciplina, moral e simples perícia
tecnológica a serviço da arte de matar em nome da causa abstrata de uma nação-Estado.
Essa está embutida em uma herança cultural que tem suas bases militares na Antiguidade
clássica e que se propagou pela Europa e pelo hemisfério ocidental. A ideia da aniquilação
parece desconhecida em outros povos. Na Europa não houve nada parecido com os
samurais, os maoris, etc. Eles viram na guerra um método para fazer o que na política não
conseguiam: destruir quem quer que esteja no seu caminho. Portanto, "o milagre grego” tem
a ver com o uso sistemático da violência exterminadora, focos da desmedida cobiça do
império greco-romano, como explica Hanson. Um cenário cultural mais amplo lhes dava
vantagens militares inerentes, quase nunca compartilhadas por seus oponentes: eles
navegavam pelo globo com frequência, tomavam tecnologias militares emprestadas,
colonizaram 3 novos continentes e por isso mesmo, atacavam ao invés de ser atacados. E:
“Os que buscam reduzir a história a biologia e a geografia desprezam o poder e mistério da
cultura, pois embora os chineses tenham dado ao mundo a pólvora e a imprensa, ela nunca
desenvolveu um ambiente cultural que permitisse que estas descobertas fossem
compartilhadas pelo povo, e assim, melhoradas por indivíduos para se adaptar às
constantes mudanças, uma vez que o governo tinha pouco controle sobre a propagação e
uso do conhecimento. O ocidente antigo e moderno, colocou poucos entraves para a
investigação natural, formação de capital e expressão individual do que sociedades
teocráticas, dinásticas, palacianas centralizadas ou uniões tribais. Um fator que deve ser
acrescentado à letalidade deles é sua capacidade de mobilizar uma forma extrema de ódio
além do ódio, capaz de liberar de qualquer combatente o bloqueio ao extermínio. Esse ódio
é de natureza cultural e não política. O racismo talvez seja a única forma de ódio capaz de
liberar o indivíduo e a coletividade de qualquer amarra para cometer extermínio contra quem
se odeia tão intensamente.
Cheikh Anta Diop em The African Origin of Civilization: Myth or reality, The Cultural
Unity of the Black Africa, Civilization or Barbarism - An Authentic Anthropology, enfatiza que
as diferenças entre o universo euro-semita e o resto do mundo residem no domínio cultural:
suas matrizes culturais seriam radicalmente opostas. O universo euro-semita teria uma
maior propensão à violência, expansionismo, guerra, individualismo, materialismo e para a
xenofobia, que Diop considera a porta de entrada para o proto-racismo na antiguidade. O
trabalho do autor está voltado a recolocar os povos africano-dravidiano-melanésicos, como
atores essenciais da trama humana. A humanidade havia desembocado em duas lógicas de
evolução socioeconômicas opostas, consequência da interação com ambientes totalmente
opostos. Na fase final do Paleolítico, um “berço meridional” se constituiu em regiões de clima
ameno, onde eclodiu a agricultura. Nesse berço teriam sido gestadas civilizações baseadas
na vida comunitária e marcado pela propriedade coletiva e regência matriarcal. A esse berço
pertenceriam características culturais forjadas na vida comunal e valores ético-morais
enraizados na prática da solidariedade, como base da cooperação social, além da criação
do estado-territorial em contraste a cidade-estado indo-europeia. Nesse berço “meridional" a
mulher goza de uma posição de destaque social, sendo esta emancipada da vida doméstica.
O caráter dessa sociedade uterocêntrica, voltada à cooperação solidária, teria produzido
uma percepção positiva da alteridade como parceiro, não inimigo. Essas características
conduzem a uma despreocupação com o futuro, pois embora haja pobres ninguém se sente
só ou angustiado. Essa centralidade da mulher conduziu a um ideal de paz, justiça, bondade
e otimismo que anula qualquer noção de culpa ou pecado original. Portanto sua rejeição
como “outro total” se constata tanto pelo fenótipo radicalmente diferente, como pela posição
elevada da mulher nessa sociedade. O universo euro-asiatico (Europa mediterrânea e
oriente médio semita) surgiu em duras condições de vida em regiões geladas, nas quais os
proto-euro-semitas existiram durante um longo tempo. O solo gelado impediu a agricultura e
promoveu a dependência da caça, e o frio o obrigou a morar em lugares fechados e se vestir
com abundância. Essas sociedades são patricêntricas, falocráticas e intolerantes a
alteridade; sociedades que menosprezam o input feminino. A noção de estrangeiro como um
fora-da-lei, gerou um sentimento de patriotismo dentro da cidade-estado e uma aversão ao
outro, que se desdobraram como “solidão material e moral, o desgosto pela vida e o
individualismo''. A agressividade herdada da vida nômade conduziu-os a um ideal de
guerra, violência, crime e conquista, pois o ambiente que os cercava condenou-lhes a
imputação de culpabilidade e admissão de um pecado original. Diop afirma que esses
berços(ariano-europeu e africano-dravidiano-melanésico) coexistiram em épocas longínquas
na Europa e se aproximaram no Oriente Médio dando lugar a uma terceira realidade
civilizatória: o mundo semita, que seria o resultado híbrido de tradições culturais e estruturas
socioeconômicas de evolução social conflitantes. Diop recolocou os povos
africano-dravidiano-melanésicos em seu lugar de protagonismo cuja extensão e
grandiosidade teriam sido preeminentes até o final do 2° milênio a.C. Entre eles prevaleceu
o mais eficiente em mobilizar recursos militares e econômicos e também dos recursos
político-ideológicos pelo viés de cosmovisões monoteístas e universalistas, porém
expansionistas e conquistadoras. A maioria dos pesquisadores acadêmicos desprezam fatos
históricos, como a visão do “outro” desenvolvida por diferentes povos e o desempenho
econômico dentro de sociedades multirraciais, além do papel da violência no
desenvolvimento inicial das sociedades humanas.
As demonstrações feitas por Baechler, Weber, Diop e Williams, nos faz deduzir que
a busca da eficácia a todo custo, implica em quebrar qualquer pacto social (complexo
sistema de freios sociais que garantem a coerência de uma comunidade e a interação
cooperativa dos indivíduos que a compõem) existente. Os freios referem-se a tabus
ancestrais, proibições éticas, constrangimentos filosóficos, mandamentos religiosos que são
a essência das jurisprudênciascostumeiras e da lógica jurídica formal, e sem a qual, se
torna ingovernável e inviável. A Reforma Luterana e subsequente queda do poder da igreja,
liberou a sociedade de certos constrangimentos em relação ao lucro e criou práticas que
conduziram ao capitalismo industrial. Karl Polanyi, reconhece que “o ritmo da mudança,
muitas vezes não é menos importante que a direção da própria mudança; enquanto a última
não depende de nossa vontade, o ritmo com que permitimos que a mudança ocorra, pode
depender de nós. Onde a religião tem um maior peso social, menor o espaço para
tendências acumulacionistas individuais e mais a sociedade tenderá a se desenvolver
pausadamente. Como demonstrou Weber, a grande mudança radical ocidental foi a
dessacralização do espaço socioeconômico, evento que legitimou a busca do lucro como
objetivo central da sociedade. Eric Williams trouxe para o debate o papel da violência
organizada como um agente determinante para o sucesso do capitalismo, pois através do
assalto do continente africano e escravização de povos de raça negra cria-se a acumulação
primitiva de capital. David Hanson, destaca a eficiência em matar como principal fator que
permitiu às sociedades ocidentais dominarem todos os povos do planeta. Ao longo da
história, cada vez que dois grupos se confrontam em torno de um espaço econômico vital, a
menor diferença ética é amplificada e serve por algum tempo como uma demarcação
sociopolítica focada na diferença de aparência, língua, religião, modos e costumes. Diop
descarta que o racismo tenha se originado na contemporaneidade, contudo esse racismo
obviamente não se manifestou antigamente, na mesma forma de hoje devido a
preponderância do poder econômico, científico, cultural, tecnológico e militar dos impérios
de povos melanodérmicos (Egito, Meroé, Elam, Suméria, Mohenjo Daro, Harappa) esses
tinham o monopólio do conhecimento técnico, industrial e cultural até então. As outras raças
tinham que modelar seu desenvolvimento a partir dos egípcios e somente após quase 2 mil
anos de invasão, o Egito foi conquistado pela Grécia, sob o comando de Alexandre. Essa
conquista e a colonização definiram as relações raciais da Antiguidade, e os gregos teriam
inaugurado práticas de apartheid social nessa região. Apesar de recentemente termos
descoberto a genética, ao longo da história é o fenótipo que tem sido o problema, de acordo
com Diop. Por isso, é importante situar o período e lugar onde houve a divergência
fenotípica entre os humanos modernos: o primeiro caucasóide surge, de acordo com
pesquisas recentes, apenas entre 4 e 10 mil a.C. As sociedades europeias da antiguidade
concentravam todo tipo de hostilidade aos “forasteiros”. Essa interação hostil dos
proto-europeus com o meio em que se desenvolveram teria originado comportamentos
sistematicamente hostis. Ao que tudo indica, Diop acredita o proto-racismo se originaria
nesse reflexo xenofóbico mediado por um fenótipo diferente e portanto o racismo dessa
perspectiva seria uma rejeição a um “estrangeiro fenotipico”ou o “Outro Total”. Diop não
aprofunda de onde viria essa imputação de características morais negativas ao portador
dessa corporeidade, nem referência aos asiáticos de pele clara (chineses, mongóis,
japoneses e coreanos).
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