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Unidade V - Crescimento e desenvolvimento infância e adolescência

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Prévia do material em texto

Crescimento e 
Desenvolvimento 
Aplicados à 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Eric Leal Avigo
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
• Aspectos gerais sobre crescimento e desenvolvimento 
no fim da infância e início da adolescência
• Crescimento e maturação na adolescência
• Período das Habilidades Específicas ao Contexto
• Avaliação do Desenvolvimento Motor 
· Permitir ao aluno conhecer as principais mudanças decorrentes do
crescimento e desenvolvimento do ser na infância e adolescência.
· Permitir ao aluno compreender a importância da prática de
atividade física nesses períodos da vida, relacionando a uma possível
intervenção profissional.
· Introduzir ao aluno algumas possibilidades de avaliação e inferência
da performance e do desenvolvimento motor nessas idades.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Saiba que esta Disciplina tem como propósito o estudo das alterações das 
estruturas e funções dos sistemas orgânicos decorrentes do crescimento 
e alterações do processo de maturação biológica, bem como os efeitos e 
importância da atividade física para promoção dessas alterações nas várias 
faixas etárias ao longo do ciclo vital, e isso lhe oferecendo contato com as 
discussões mais recentes dessa área; além de lhe proporcionar momentos 
de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui 
discutidos, contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional.
Esta Disciplina está organizada em seis unidades, cujo eixo principal é as 
mudanças que ocorrem no ser desde a concepção até a morte, ou seja, que 
dê conta de conceituar a terminologia utilizada; diferenciar idade cronológica 
e biológica e sua relação com crescimento; estudar os principais conceitos 
e teorias no estudo do desenvolvimento motor; aplicar conhecimentos 
adquiridos pensando nas possíveis intervenções do educador físico nas 
diferentes fases da vida, seja ainda na primeira infância, na infância, 
na adolescência, na vida adulta e no envelhecimento. Isso é o que você 
encontrará nesta e na próxima Unidade. Está preparado(a) para embarcar 
nesta viagem de estudos sobre o ciclo de vida do ser?
ORIENTAÇÕES
Crescimento e desenvolvimento: 
infância e adolescência
UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Contextualização
Caro(a) aluno(a),
Você já ouviu falar nas habilidades motoras específicas ao contexto? E nos 
fundamentos desportivos? Gestos técnicos de algum esporte em específico? Você 
conhece ou sabe realizar alguma dessas habilidades? Observe as figuras abaixo e 
veja se alguns dos movimentos lhe são familiares:
Figura 1: Enterrada no basquete: após quicar a bola enquanto anda ou corre, realizar dois passos 
– saltitos –, seguidos de um salto e um arremesso na cesta.
Fonte: iStock/FGetty Images
Figura 2: Finalização – arremesso – no handebol: após quicar a bola enquanto anda ou corre, 
realizar dois passos – saltitos –, seguidos de um salto e um arremesso no gol.
Fonte: iStock/FGetty Images
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Figura 3: Cortada no voleibol: após correr e/ou andar até a posição da bola, saltar e volear 
– bater com a palma da mão – a bola para o outro lado da rede.
Fonte: iStock/FGetty Images
Com certeza, se você não se lembrava de ou imaginava ao que se referem as 
habilidades específicas ao contexto, agora você se lembrou!
Ademais, repare que os movimentos desses gestos esportivos lembram muito os 
movimentos das habilidades motoras fundamentais, só que realizadas em sequência 
e/ou de alguma forma combinada. Isso porque, na verdade, não existem habilidades 
específicas ao contexto, o que existe são as habilidades motoras fundamentais 
combinadas e aplicadas ao contexto específico de uma modalidade esportiva, como 
nos exemplos aqui ilustrados – basquete, handebol e voleibol.
Chegou o momento de você entender melhor ao que se refere esses fundamentos 
e/ou gestos esportivos, porque são importantes e como você, futuro(a) professor(a) 
de Educação Física, deve planejar suas práticas para o ensino dessas habilidades.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Aspectos Gerais: Fim da Infância e Início 
da Adolescência
Em nossa última Unidade de estudo, discutimos acerca de algumas mudanças no 
crescimento e desenvolvimento humano na primeira infância e parte da infância 
– até por volta dos sete anos de idade. Vimos que diferentemente da primeira 
infância, que é o período que, proporcionalmente, o ser mais cresce na vida e 
mudanças são perceptíveis em um curto período de tempo, a infância é marcada 
por um crescimento que, apesar de ainda considerado rápido, ocorre de forma 
menos abrupta, ou seja, mudanças no tamanho vão ocorrendo mais gradualmente. 
É como se, entre o primeiro e o segundo ano de vida, o organismo da criança 
trabalhasse de forma acelerada para garantir condições mínimas de sobrevivência, 
e após certa “independência” concedida conforme o ser se adapta ao “novo 
mundo”, o ritmo de crescimento começasse a diminuir. Aos poucos, esse ritmo 
desacelera, mas uma série de mudanças continua ocorrendo, as quais só são 
perceptíveis para as pessoas mais próximas – como a família – ao longo de anos, e 
não mais em meses como antes. Somente na adolescência esse ritmo é novamente 
acelerado, onde a partir do conhecido por todos como “estirão de crescimento”, 
mudanças abruptas de tamanho – e também maturação – voltam a ser nitidamente 
perceptíveis, mesmo que se passando apenas alguns meses. 
Conforme é apresentado no quadro de classificação da idade cronológica (Quadro 
1), o qual também já foi apresentado em unidades anteriores, a infância abrange 
dos dois aos dez anos de idade. Ao longo da infância, período razoavelmente 
extenso em anos, o indivíduo chega a ganhar, em média, 60 cm em altura. Apesar 
dos valores médios de massa corporal na infância variarem um pouco mais nos 
últimos anos, até pelos altos índices de sobrepeso e obesidade não apenas no 
Brasil, mas no mundo, crianças costumam ganhar em torno de 20 a 25 kg até os 
dez anos de idade.
Não precisamos de muitas outras informações desse tipo para entendermos 
que mudanças consideráveis acontecem no crescimento ao longo da infância. 
Nessa fase mudanças de maturidade são ainda mais evidentes, os diversos sistemas 
corporais – ósseo, muscular, endócrino, sensorial, nervoso etc. – contribuem para 
se ter aos dez anos de idade um ser com suas capacidades físicas – tais como 
força, resistência aeróbia, flexibilidade e agilidade, entre outras – e cognitivas – tais 
como memória, raciocínio lógico etc. – desenvolvidas. Dessa forma, pode-se iniciar 
novas etapas de aprendizagem um pouco mais desafiadoras, com estímulos mais 
específicos, como na escola, que nessa idade, remete-se ao ingresso no Ensino 
Fundamental 2.
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Quadro 1 – Classificação da idade cronológica
Período Idade aproximada
Vida Pré-Natal Concepção ao nascimento
Primeira infância Nascimento aos 24 meses
Infância 2-10 anos
Adolescência 10-20 anos
Idade adulta jovem 20-40 anos
Meia-idade 40-60 anos
Terceira idade Acima de 60 anos
Fonte: adaptado de Gallahue (2003)
Ainda sobre desenvolvimento, o que dizer então das mudanças que ocorrem no 
comportamento motor? Como já enfatizado nesta Disciplina, a infância é uma fase 
da vida onde muitas mudanças no repertório motor acontecem, prova disso é que 
uma criança que mal conseguia se equilibrar ao correr ou realizar um simples salto 
perto dos dois anos de idade, agora, no fim da infância, já pode ser competente 
para participar efetivamente de atividades e práticas pré-desportivas. Essas práticas 
envolvem o uso de movimentos fundamentais refinados e combinados, para 
atender à demanda da tarefa que é específica ao contexto de uma determinada 
modalidade esportiva. Essa será uma das discussões centrais nesta Unidade, o 
desenvolvimento de habilidades motoras específicas ao contexto que, conforme a 
torre desenvolvimental apresentada a seguir(Figura 1) – já abordada nas últimas 
unidades –, tem como seu período sensível dos sete até os treze ou quatorze anos 
de idade, momento que marca justamente o fim do Ensino Fundamental 2.
Figura 4: Modelo de desenvolvimento motor de Avigo e Barela (2015)
Fonte: Avigo e Barela, 2015
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Assim, primeiramente discutiremos ao longo desta Unidade de estudo as principais 
mudanças no crescimento – e também maturação – do ser no início da adolescência, 
especificamente o “estirão do crescimento”. Em um segundo momento, ater-nos-
emos ao estudo do desenvolvimento motor, partindo da segunda metade da infância 
e avançando até o início da adolescência, o que engloba justamente o período das 
habilidades específicas ao contexto – dos sete aos quatorze anos de idade.
Crescimento e Maturação na Adolescência
Apesar do início da adolescência ser definido, cronologicamente, como a partir 
dos dez anos de idade – conforme nosso referencial teórico apresentado no Quadro 
1 –, o início dessa fase se dá individualmente, de acordo com o relógio biológico 
de cada indivíduo. Por exemplo, se contar pelas mudanças estruturais, o início da 
adolescência ocorre a partir da aceleração na taxa de crescimento em estatura, 
algo já conhecido popularmente como “estirão de crescimento”.
Do ponto de vista da funcionalidade humana, a adolescência é iniciada a partir de 
alterações fisiológicas e/ou neuroendócrinas específicas, as quais desencadeiam em 
mudanças físicas notórias, denominadas características secundárias. São exemplos 
dessas características o aumento das mamas nas meninas e o aparecimento de 
pelos pubianos nos meninos. As características secundárias já foram abordadas 
na Unidade II. A melhor estimativa da transição entre a infância e a adolescência 
se dá na combinação da maturação do sistema reprodutivo, aparecimento das 
características secundárias e o crescimento acelerado. A esse período de transição 
atribui-se o nome de puberdade. Assim como o início, o fim da adolescência também 
acontece a partir do organismo de cada ser, individualmente. É um consenso que 
o encerramento dessa fase acontece com o alcance da função reprodutiva madura.
Importante!
Como já apontado, o “estirão de crescimento” está relacionado a um aumento repentino 
na velocidade de crescimento, que resulta em um ganho rápido de peso corporal e 
estatura. Apesar de ocorrer tanto em meninos quanto em meninas, a idade de ocorrência 
e os valores de ganho nas medidas antropométricas são diferentes.
Importante!
Para as meninas, o “estirão em estatura” inicia por volta dos nove ou dez anos 
de idade, tem seu pico de velocidade por volta dos onze ou doze anos, o qual se 
estabiliza perto dos treze anos, de forma que por volta dos dezesseis anos, meninas 
já estão bem próximas de sua estatura adulta, apesar de que em alguns casos 
pequenas mudanças ainda podem ocorrer por até seis anos após essa idade.
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Já nos meninos, o “estirão em estatura” inicia um pouco mais tarde, por volta 
dos doze anos de idade. O pico de velocidade ocorre perto dos quatorze anos, o 
qual se estabiliza por volta dos quinze ou dezesseis anos, sendo que por volta dos 
dezessete ou dezoito anos, meninos já estão bem próximos de sua estatura adulta, 
podendo também acontecer um pequeno crescimento até por volta dos 22 anos 
de idade. Essas informações podem ser observadas no gráfico com curvas típicas 
de velocidade de crescimento em estatura, que é apresentado a seguir (Figura 2):
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Aceleração Desaceleração
Desaceleração
Termino do crescimento
Meninas Meninos
Pico de velocidade em estatura
Início do estirão adolescente
Idade (anos)
Ga
nh
o e
m
 es
ta
tu
ra
 (c
m
/a
no
)
Figura 5: Curvas típicas de velocidade de crescimento em estatura para meninos – 
linha contínua – e meninas – linha pontilhada.
Fonte: www.scielo.mec.pt
No caso dos efeitos do “estirão do crescimento” nos valores de massa 
corporal – peso –, assim como para estatura, o aumento na velocidade de 
ganho de peso acontece primeiro para meninas, por volta dos dez anos de 
idade, e para meninos cerca de dois anos mais tarde, perto dos doze anos de 
idade. Essas informações podem ser observadas no gráfico com curvas típicas 
de velocidade de crescimento em massa corporal, que é apresentado a seguir 
(Figura 3). Enquanto meninas aumentam principalmente em massa adiposa – 
gordura corporal – e, em menor grau, massa muscular, meninos têm seu ganho 
principal em massa muscular e esquelética.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
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Meninas
Meninos
Idade (anos)
Ga
nh
o e
m
 pe
so
 (k
g/
an
o)
Figura 3 – Curvas típicas de velocidade de crescimento em massa corporal para meninos – 
linha contínua – e meninas – linha pontilhada
Fonte: www.efdeportes.com
Perceba que, tanto para estatura quanto para peso corporal, meninos 
apresentam maiores ganhos em centímetros e quilogramas, respectivamente, 
do que meninas. Assim, enquanto na infância diferenças nessas medidas não 
são tão evidentes, sendo os meninos apenas ligeiramente mais altos e pesados, 
com o “estirão de crescimento” na adolescência, meninos passam a apresentar 
valores consideravelmente maiores em estatura e massa corporal. Isso pode ser 
exemplificado a partir dos quadros pôndero-estaturais para estatura, onde meninos 
crescem, em média, cerca de 30 a 35 cm ao longo dessa fase de estirão, enquanto 
meninas em torno de 25 a 30 cm, em média. Tais diferenças podem também 
ser observadas através do pico de velocidade de crescimento, tanto para estatura 
quanto para peso corporal, que para meninos é consideravelmente maior. 
A adolescência, que também é definida como a passagem da infância para a 
vida adulta, pode ser caracterizada a partir de vários indicadores de crescimento, 
tais como a maturidade esquelética, sexual e somática. O aparecimento das 
características sexuais femininas, por exemplo, a menarca, geralmente acontece 
por volta dos onze ou doze anos de idade, mais ou menos seis meses após o início 
do “estirão de crescimento”. Já o início da maturidade reprodutiva masculina, 
como as ejaculações noturnas, costuma ocorrer a partir dos treze anos de idade. 
Mais uma vez, apesar dessas idades estimadas tanto para maturação sexual quanto 
para maturação somática – estatura e peso corporal –, a adolescência é pela 
individualidade do relógio biológico do ser.
12
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Importante!
Por conta da individualidade nas mudanças associadas à maturação e crescimento na 
puberdade, adolescentes podem ser classificados a partir da velocidade de variação 
na maturidade – esquelética, sexual e somática. Existem os maturadores rápidos e/ou 
precoces, os maturadores médios e os maturadores lentos, com variações que chegam 
a atingir, mais ou menos, um ano de diferença do esperado para a idade cronológica.
Importante!
Por exemplo, um adolescente identificado como maturador rápido, pode ter 
sua idade biológica – estimada, por exemplo, a partir da avaliação de maturidade 
esquelética – um ano ou mais à frente de sua idade cronológica. Especificamente 
para a variação entre os tipos de maturadores para o tamanho do corpo, pode-
se dizer que, inicialmente, maturadores precoces, independentemente do gênero, 
são mais altos e pesados. Entretanto, esses maturadores rápidos param de crescer 
antes de os maturadores médios e lentos, não havendo relação, em média, entre a 
velocidade de ocorrência do estirão e a estatura ou peso na vida adulta.
Importante!
Pensando agora na influência do crescimento e a maturação com o desempenho dos 
adolescentes na prática de atividades físicas. Será que essas diferenças entre esses 
adolescentes, já não mais crianças, mas agora rapazes e moças, podem influenciar de 
alguma forma na prática de atividadefísica? Em rapazes, o aumento nos ganhos de força 
e resistência muscular, além do aumento da capacidade aeróbia, tendem a aumentar o 
interesse em realizar as práticas corporais, até pela maior facilidade que encontram, por 
exemplo, na aprendizagem de habilidades esportivas. Já nas moças, o efeito é um pouco 
contrário, principalmente pela sua imagem corporal alterada.
Trocando ideias...
Meninas costumam diminuir o interesse e a motivação pelas práticas corporais. 
Isso decorre, principalmente, entre os diversos fatores envolvidos, pelas mudanças 
abruptas advindas da maturação sexual, como o crescimento das mamas, a 
consequente modificação das curvas corporais mais delineadas, o desconforto pela 
menarca, sem contar os aspectos psicológicos envolvidos – tais como atração entre 
os sexos, a busca pela imagem corporal atraente, o incômodo com a transpiração 
decorrente da prática. Todos esses são exemplos de fatores que contribuem 
para o afastamento e desinteresse da prática. Assim, a adolescência também é 
caracterizada pela diferença nos interesses e expectativas entre os gêneros.
A partir do exposto, um dos desafios do professor de Educação Física nesse 
período de idade é propor práticas desafiadoras que atendam tanto às expectativas e 
interesses dos meninos, como também organizar práticas estruturadas e motivadoras 
que respeitem, inclusive, a imagem corporal das meninas, despertando o interesse 
destas em participar efetivamente das atividades propostas.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Discussões acerca do papel docente serão retomadas ao longo dos próximos 
tópicos desta Unidade. Cabe-nos agora, conhecer um pouco mais sobre o 
desenvolvimento motor na segunda metade da infância e o início da adolescência, 
que engloba, justamente, a fase da torre desenvolvimental (Figura 4) denominada 
período das habilidades motoras específicas ao contexto.
Período das Habilidades Específicas 
ao Contexto
Seguindo pelos períodos da torre desenvolvimental já estudados, o próximo a 
ser destacado é o período das habilidades motoras específicas ao contexto, o qual é 
classificado cronologicamente dos sete aos quatorze anos de idade. Temporalmente, 
esse período é considerado longo e amplo até por sua diversidade motora. Pode-
se dizer que o mesmo se inicia imediatamente após o alcance de proficiência nas 
habilidades motoras fundamentais por parte da criança – que deveria ocorrer por 
volta dos sete anos de idade –, seguindo com seu envolvimento em tarefas um 
pouco mais complexas e que exigirão a combinação e/ou adaptação das habilidades 
motoras básicas às especificidades do contexto dessas tarefas.
Para entender a dimensão de habilidades motoras que podem ser adquiridas 
no período das habilidades específicas ao contexto, e que até justificam sua longa 
duração, basta pensarmos nas diferentes influências que atuam em nossa cultura 
corporal de movimento. Danças e atividades rítmicas, esportes em geral, como 
ginástica, atletismo, lutas, natação ou modalidades coletivas mais proeminentes 
em nossa cultura, como futebol, vôlei, basquete, handebol e, ainda, até mesmo 
jogos pré-desportivos, são todos exemplos da diversidade cultural existente e que 
influencia o repertório motor das crianças. 
Importante!
Pode-se dizer que o grande objetivo desse período é permitir ao aprendiz adaptar 
os movimentos fundamentais ao maior número possível de experiências motoras 
específicas dessas modalidades e atividades, possibilitando ao mesmo tempo, alcançar 
um repertório motor amplo.
Importante!
Crianças engajadas e proficientes na execução das mais variadas habilidades 
motoras tendem a ser fisicamente ativas e saudáveis não apenas no decorrer da 
infância e adolescência, mas ao longo de toda a vida. Por sua longa duração e 
algumas características que diferenciam o início e o fim desse período, pode-
se dividir o mesmo em duas fases desenvolvimentais que, inclusive, facilitam o 
entendimento de algumas peculiaridades: a fase de transição e a fase de aplicação.
14
15
Fase de Transição
Importante!
A fase de transição engloba a faixa etária dos sete até por volta dos dez ou onze anos de 
idade, que é quando deve ocorrer a combinação das habilidades motoras fundamentais 
nas mais variadas situações de realização.
Importante!
Vale lembrar que até por volta dos sete anos de idade as crianças adquirem 
proficiência na realização das habilidades motoras fundamentais, porém de forma 
“isolada”, sendo o passo seguinte buscar a “coordenação combinada”. Assim, as 
habilidades motoras fundamentais, adquiridas e refinadas no período anterior, são 
agora utilizadas para a aprendizagem e desenvolvimento de habilidades motoras 
específicas às atividades mais proeminentes, aquelas mais utilizadas na sociedade. 
Não significa praticar uma determinada modalidade esportiva, com toda sua 
complexidade técnica e tática, suas regras oficiais e materiais ou equipamentos 
profissionais, mas sim que a criança/adolescente comece a aprender e a tornar-
se competente na realização das formas básicas de movimento que mais tarde 
comporão essas atividades mais elaboradas.
Dessa forma, nessa fase crianças e/ou adolescentes devem “adaptar” as 
habilidades motoras fundamentais em contextos específicos, por exemplo, 
executar ritmos, saltos, manchetes, chutes e arremessos, agora, com objetivos de 
ir aproximando a realização dessas habilidades para as atividades de dança, lutas 
e modalidades esportivas praticadas no local onde a criança ou adolescente vive.
Crianças e adolescentes devem praticar atividades que contenham as mais 
diversas combinações motoras possíveis, como chamadas por Gallahue e Donnelly 
(2008) de frases motoras. Essas combinações são necessárias quando, por exemplo, 
mais tarde, busca-se a aprendizagem de um gesto esportivo, por exemplo, o driblar 
no basquetebol, que envolve quicar uma bola enquanto se desloca pela quadra, 
andando ou correndo, podendo ser realizadas até fintas com o corpo na tentativa de 
ultrapassar o marcador. Perceba que há uma grande diferença em driblar ou quicar 
parado, considerado uma habilidade motora fundamental, e o gesto desportivo que 
envolve não só controlar a bola enquanto é quicada, mas também em se deslocar 
andando, correndo, realizando fintas com o corpo, e além de tudo, preocupando-
se com o marcador. 
Veja a importância dessa fase de transição. Realizar cada gesto desportivo não 
é tarefa fácil, dado que é necessário, ao menos, uma mínima proficiência na 
combinação das habilidades básicas que formam esse gesto desportivo para que, 
posteriormente, o aprendiz consiga efetivamente participar da prática esportiva.
15
UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
No caso exemplificado, participar de modalidades como o basquetebol ou 
também o handebol, esportes os quais envolvem as combinações citadas. Daí a 
necessidade de os praticantes vivenciarem a maior possibilidade de combinações 
possíveis, sem ainda se preocupar, por exemplo, com marcadores tentando roubar 
a bola, ou com ter de realizar fintas com o corpo etc., somente se preocupando 
em coordenar o quicar com o andar, depois com o correr, para somente depois 
realizar fintas com corpo enquanto quica, e assim sucessivamente, até chegar ao 
gesto desportivo.
Assim como o professor era importante no período das habilidades motoras 
fundamentais, orientando sobre os movimentos, organizando práticas de maneira 
estruturada para as crianças adquirirem proficiência na coordenação isolada, 
agora, a atuação docente também é considerada importantíssima. O professor 
deve planejar a prática, preparar atividades que exijam que os alunos combinem as 
diferentes habilidades motoras fundamentais em situações diversas, mais uma vez, 
orientando sobre os movimentos, instruindo sobre o que corrigir e como corrigir 
caso seja necessário, além de motivar para que haja um real envolvimento de seus 
alunos com a prática.
Para aprender é necessária prática – e práticaenvolve repetição. A repetição 
de uma mesma tarefa por muito tempo ou, ainda, tarefas simplificadas ou muito 
básicas que não tenham um componente desafiador, pode se tornar cansativas e 
desmotivantes. Por isso, cabe ao professor ampliar o repertório de atividades.
Para exemplos de atividades, acesse o manual de práticas para iniciação esportiva.
Disponível em: http://goo.gl/9YRzCXEx
pl
or
Isso a fim de que possa criar diferentes possibilidades de prática para seus 
alunos, que sejam desafiadoras e criativas e faça com que a prática repetitiva 
ocorra de maneira interessante, em alguns casos até de forma prazerosa – e não 
de forma desgastante.
Fase de Aplicação
A fase de aplicação acontece entre os onze e os treze ou quatorze anos de idade. Após 
tornar-se proficiente na combinação das habilidades motoras fundamentais em 
variadas possibilidades, deve ocorrer a aprendizagem propriamente dita dos jogos, 
danças, lutas e modalidades esportivas mais proeminentes na sociedade como, por 
exemplo, buscando proficiência nos fundamentos e gestos esportivos. Assim, nesse 
período os adolescentes devem “aplicar” as habilidades motoras fundamentais em 
contextos específicos, por exemplo, executando ritmos, saltos, manchetes, chutes e 
arremessos, agora, com objetivos de ir aproximando as mesmas para as atividades 
de dança, lutas e modalidades esportivas praticadas no local onde a criança ou 
adolescente vive
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Como o próprio nome sugere, a fase de aplicação refere-se justamente à 
aplicação das frases motoras em situações das próprias modalidades esportivas ou 
jogos pré-desportivos. No exemplo dado – de driblar no basquetebol e/ou handebol 
–, a criança se preocupava com as partes isoladas do gesto esportivo, que nada 
mais eram que as habilidades motoras fundamentais, buscando combiná-las com 
a maior proficiência possível. Agora, não basta apenas combinar, mas aplicá-las 
justamente em condições próximas do jogo ou esporte pronto, por exemplo, com 
a presença de um marcador.
Observe que o foco ainda não é a prática do esporte de forma completa, 
com competição e regras oficiais, mas sim a participação em situações que 
costumeiramente ocorrem no esporte. Por exemplo, ainda não frisando a 
competitividade, participar de situações de ataque e defesa no basquete, seja um 
contra um, dois contra dois etc., onde o objetivo é ultrapassar a última linha do 
campo adversário, ou até mesmo realizar um arremesso no gol – como no handebol 
– ou na própria cesta, simulando uma situação dessa modalidade.
Perceba que, na verdade, os fundamentos ou gestos técnicos esportivos, 
chamados pelos estudiosos de habilidades específicas ao contexto, nada mais são 
do que habilidades motoras fundamentais combinadas e aplicadas em situações 
específicas. Por exemplo, a cortada no voleibol nada mais é que a combinação das 
habilidades motoras fundamentais em correr, saltar e volear – bater – uma bola, 
entre outras habilidades de equilíbrio que são bases para essas habilidades citadas. 
Exemplos de finalização no handebol, basquete ou no futebol, todos envolvem 
quicar uma bola, ou conduzir com o pé – no caso do futebol –, enquanto corre 
até o chute ou um salto e arremesso em um alvo, seja um gol ou uma cesta. 
Desnecessário ser apresentados mais exemplos, pois fica evidente, mais uma vez, a 
importância das habilidades motoras fundamentais, as quais servem de bases para 
a aprendizagem de novas habilidades mais complexas e específicas.
Importante!
Cabe ressaltar que no período das habilidades específicas ao contexto, seja na fase 
de transição ou aplicação, é mais importante à criança ou ao adolescente vivenciar 
diferentes experiências do que simplesmente se especializar em uma única modalidade 
esportiva ou qualquer outra atividade específica. Na verdade, tal especialização apenas 
deveria ocorrer após os quatorze anos de idade.
Importante!
Aulas de Educação Física nesse período desenvolvimental devem buscar 
oferecer ao aluno as mais variadas possibilidades de prática, sempre respeitando 
as especificidades do contexto do aprendiz. O professor deve evitar uma 
especialização precoce do seu aluno em uma única modalidade que venha afastá-lo 
do enriquecimento de seu repertório motor.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Se no período anterior o professor orientava e propiciava a oportunidade 
necessária para a aquisição da potencialidade das habilidades motoras fundamentais, 
agora, da mesma forma, por meio de atividades bem programadas e sistematizadas, 
acompanhadas de instrução, o professor deve mirar que seu aluno alcance o ápice 
da torre desenvolvimental. Esse ápice no desenvolvimento se refere ao alcance 
de um repertório motor rico e que permitirá ao aluno a autonomia para praticar, 
mais tarde, aquilo que mais lhe agradar e, consequentemente, alcançar um 
desenvolvimento motor pleno. 
Discussões como essas, acerca de um desenvolvimento pleno, remetem-se à 
segunda metade da adolescência – a partir dos quatorze anos de idade –, quando 
se alcança o topo da torre desenvolvimental, algo denominado período habilidoso – 
essas discussões serão mais bem exploradas posteriormente, na próxima Unidade 
de estudo.
Por agora, cabe destacar que, uma vez que as oportunidades de práticas variadas 
que as crianças vivenciam são providenciais para prosseguir em seu desenvolvimento 
– sendo então as mudanças governadas principalmente pelo ambiente que o ser 
está inserido, e não mais por seu organismo, como acontecia nos anos iniciais 
de vida –, crianças e adolescentes podem ter seu desenvolvimento prejudicado 
por barreiras de proficiência, caso não tenham oportunidades adequadas aos seus 
potenciais de idade. Essas barreiras serão abordadas no tópico a seguir.
Barreiras de Proficiência
Como mencionado, uma das características mais importantes no processo 
desenvolvimental é a cumulativa: novas aprendizagens decorrem e são possíveis 
com base nas experiências anteriores. No caso de desenvolvimento motor, caso 
alguma deficiência desenvolvimental venha a ocorrer, aquisição e competência 
motora futura podem ser comprometidas.
Diferentemente, desenvolvimento motor proficiente, rico em possibilidades e 
experiências, amplia e possibilita que o ser em desenvolvimento prossiga com 
sucesso seu aprimoramento motor no estágio subsequente. Do contrário, se a 
criança ou adolescente não tem oportunidade apropriada e condizente com as 
suas possibilidades e experiências, pode ficar retido no presente estágio de 
desenvolvimento, sem possibilidade de avançar nos períodos subsequentes. 
Portanto, qualquer prejuízo no desenvolvimento motor vivenciado nos anos iniciais 
pode ser desastroso e impeditivo para aquisições motoras futuras.
Novamente, voltamos ao exemplo apresentado do correr e quicar uma bola, 
condição necessária para uma atividade de basquete. Se a criança não tiver 
facilidade em realizar o correr e o quicar e, mais ainda, tiver dificuldades de realizar 
ambos simultaneamente, a participação da mesma em uma atividade de basquete 
será dificultada ou até mesmo comprometida..
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Em algumas idades e períodos desenvolvimentais específicos, essa característica 
cumulativa do processo de desenvolvimento ao longo da vida é ainda mais evidente. 
Esse é o caso da transição do período de habilidades fundamentais para o período 
das habilidades mais específicas ao contexto, onde a dependência das experiências 
anteriores assume importância ainda maior.
A maior importância dessa transição decorre do fato de que, como já destacado, 
no período de habilidades motoras fundamentais as habilidades são realizadas 
de forma isolada e a partir de então as mesmas devem ser realizadas de forma 
combinada. Caso essa transição não venha a ser realizada apropriadamente, o 
avanço no processo desenvolvimental é prejudicado de forma a criar dificuldades 
para a realização de habilidades específicas das modalidades esportivas, recreativas, 
rítmicas e de dança e, consequentemente, as crianças,muito provavelmente, 
apresentarão desinteresse em se envolver nessas atividades. Tal desinteresse, neste 
caso, decorreria da dificuldade em realizar as habilidades e ações motoras pela falta 
de competência motora. Ainda, a criança poderá ser “discriminada” pelos próprios 
colegas e, muitas vezes, até mesmo pelo professor, considerando as dificuldades 
que a mesma apresenta em realizar as tarefas. Assim, “autoexclusão” e/ou 
“exclusão”, quanto ao envolvimento e engajamento em atividades de Educação 
Física, decorrem, na maioria dos casos, da falta de habilidade motora compatível 
com o grau de dificuldade e exigência em realizar a atividade proposta.
Importante!
A dificuldade em aprender e realizar habilidades motoras específicas e, por decorrência, 
desistir de praticar ou de se envolver em práticas motoras, é denominada “barreira 
de proficiência motora” e apontada como um dos maiores problemas relacionados ao 
processo de aquisição motora. Na Figura 4 pode-se observar uma representação dessa 
barreira de proficiência como impeditiva para a sequência do desenvolvimento nos 
períodos posteriores.
Importante!
Se uma criança vivencia o problema de “incompetência motora”, tornando-se 
uma barreira para a prática de atividades futuras, a situação tende a complicar cada 
vez mais. Com dificuldades na realização de atividades, a criança passa a ser excluída 
dessas, diminuindo sua possibilidade de desenvolvimento e entrando em um círculo 
vicioso: faz menos, pois tem dificuldades; passa a ter mais dificuldades, pois faz 
menos, de modo que o desfecho é amplamente conhecido: falta de interesse em 
praticar atividade física!
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Figura 6: Representações da barreira de proficiência motora, entre o período das habilidades motoras 
fundamentais e o período das habilidades motoras específicas ao contexto – fase de transição
Importante!
Como a barreira de proficiência pode ser evitada? A resposta, pelo menos na teoria, é 
fácil: promovendo o desenvolvimento motor pleno das crianças nos respectivos níveis 
desenvolvimentais. Considerando a importância das habilidades motoras fundamentais 
para as aquisições futuras e que crianças estão cada vez mais tendo o espaço e interesse 
reduzido – principalmente pelo envolvimento desde cedo em atividades e/ou jogos 
eletrônicos –, além da falta de incentivo – pais sedentários –, há a necessidade de que 
atividades sejam implementadas para as crianças desde cedo.
Trocando ideias...
Leia o artigo sobre aulas de Educação Física desde o Ensino Infantil,.
Disponível em: http://goo.gl/wdUthS.
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Ou seja, mesmo nos anos iniciais, para que as habilidades motoras fundamentais 
sejam realizadas por todas as crianças e adquiridas de forma “natural”.
Posteriormente, as crianças necessitam se tornarem proficientes na realização 
dessas habilidades fundamentais, combinando-as nas situações mais variadas de 
atividade física: jogos, danças, lutas, brincadeiras, esportes etc. Finalmente, os 
adolescentes precisam aprender a praticar as atividades mais proeminentes na 
sociedade, de modo que essas possam ser utilizadas ao longo da vida em um hábito 
de prática de atividade física.
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Importante!
Vale também alertar que especializar-se precocemente em uma determinada 
modalidade esportiva antes do período indicado – após os quatorze anos de idade –, 
não dando atenção a outras vivências motoras, pode, de alguma forma, desencadear 
também em uma barreira de proficiência motora.
Importante!
Especializar-se antes do tempo pode impedir a aprendizagem de outras 
manifestações corporais que também são importantes de serem aprendidas, 
limitando a criança ou o adolescente em suas possibilidades de prática ao longo da 
vida. Até os quatorze anos de idade, o objetivo traçado deve ser buscar adquirir um 
repertório motor amplo e proficiente, vivenciando o maior número de combinações 
motoras possíveis e aplicando-as aos fundamentos técnicos das atividades e/ou 
modalidades mais proeminentes na sociedade. Mais tarde, sim, com o repertório 
rico adquirido, será o momento de especialização naquilo que mais satisfazer o 
interesse de seu praticante. 
A Importância da Atuação do Professor
Ao longo das discussões, diversos aspectos ressaltando o papel do professor de 
Educação Física já foram abordados. Assim, o objetivo desta seção é enfatizar a 
importância docente na aquisição e refinamento das habilidades motoras específicas 
ao contexto que, como já destacado, nada mais são do que as habilidades motoras 
fundamentais combinadas e aplicadas ao contexto das atividades e/ou modalidades 
mais proeminentes na sociedade.
Considerando que nos dias atuais têm ocorrido mudanças drásticas no 
repertório motor, tanto de crianças, como de adultos, porquanto das facilidades 
advindas da tecnologia e, ainda, que isso é acrescido pelos efeitos deletérios de 
sobrepeso e obesidade em nossa população, o envolvimento com a prática de 
atividade física é crucial.
Portanto, a Educação Física, entre outras áreas, tem um papel fundamental 
na vida das crianças, devendo, dessa forma, ter como um de seus objetivos evitar 
que a barreira de proficiência motora ocorra, promovendo desenvolvimento motor 
proficiente em todos os períodos desenvolvimentais, ou pelo menos aqueles 
condicionados pelo contexto ambiental.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Nesse fenômeno complexo e dinâmico chamado desenvolvimento motor, cabe 
ao professor de Educação Física atuar como um manipulador de restrições. 
Especificamente, deve buscar atuar diretamente nas restrições do ambiente e da 
tarefa, fazendo com que seus alunos aprendam com proficiência as diferentes e 
diversas habilidades motoras, atuando, dessa forma, indiretamente no organismo 
do ser. Assim, o professor interfere diretamente nas restrições externas – ambiente 
e tarefa – para provocar, indiretamente, mudanças internas no aluno, pois a 
aprendizagem é inerente ao praticante.
E como o professor pode manipular tais restrições? A resposta já foi dada algumas 
vezes: oferecendo oportunidades de práticas estruturadas e instrução apropriada. 
É papel docente organizar suas aulas com objetivos definidos e compatíveis com o 
nível desenvolvimental esperado para a respectiva idade das crianças e adolescentes. 
Além disso, é o responsável por fornecer instrução apropriada para que os objetivos 
pretendidos sejam alcançados.
Como assim, “instrução apropriada”? Como já enfatizado, após a realização 
das atividades, o aluno deve receber informação sobre os movimentos realizados 
e, caso seja necessário, deve receber instrução sobre o que e como corrigir seus 
movimentos para se tornar competente motoramente.
A partir do exposto, podemos definir alguns objetivos gerais mais importantes 
para o trabalho com crianças e adolescentes na escola – ou também fora da escola 
–, até por volta dos quatorze anos de idade:
 · Fase de transição (Ensino Fundamental 1) – refinar e combinar as habilidades 
motoras fundamentais nas mais variadas condições possíveis, aproximando-
se de situações de fundamentos e/ou gestos das atividades mais proeminentes 
da sociedade; 
 · Fase de aplicação (Ensino Fundamental 2) – aplicar as habilidades motoras 
fundamentais em situações próprias das atividades mais proeminentes na 
sociedade – modalidades esportivas, lutas e danças –, buscando competência 
e proficiência motora na realização dos fundamentos e gestos que compõem 
as mesmas; bem como a aprendizagem das regras, técnicas e táticas que 
compõem essas atividades.
Assim, ao final desse período, as crianças sairiam competentes em diferentes 
habilidades específicas, inclusive, adquirindo proficiência para participação em 
diferentes atividades, tendo um ótimo repertório a ser utilizado nos anos posteriores, 
adquirindo autonomia para escolher, por exemplo, uma, duas, três ou até mais 
modalidades esportivas para se tornarem habilidosas. Como consequência, pode-
se terum executante competente, motivado e confiante para práticas corporais 
diversas, seja para simples prática habitual de atividade física, seja para o 
envolvimento em atividades recreativas e/ou, ainda, se preferir, para a participação 
em atividades competitivas.
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Importante!
Após essas discussões, resta ainda abordarmos um ponto muito relevante, o qual pode 
ser identificado a partir de algumas perguntas: como reconhecer se meu aluno adquiriu, 
aprendeu e/ou refinou determinada habilidade motora? Como saber se meu aluno 
conseguiu aprender o que tentei ensiná-lo? Como saber se as atividades que propus em 
minha aula são realmente suficientes para atender aos meus objetivos? Como corrigir os 
movimentos dos meus alunos, com base em quais informações? Respostas para essas 
questões apenas são possíveis de serem alcançadas uma vez que o professor avalie seus 
alunos. Ou seja, somente a partir de uma avaliação, seja formal ou informal, que se torna 
possível tirar conclusões, fazer interpretações, tentar responder questões importantes 
como essas com propriedade.
Trocando ideias...
A seguir trataremos, sucintamente, acerca de avaliação do desenvolvimento motor.
Avaliação do Desenvolvimento Motor
Avaliar o desenvolvimento motor, sem dúvida, não é uma tarefa fácil. Tal 
dificuldade decorre principalmente da complexidade e da especificidade em que 
o desenvolvimento acontece para cada ser. Conforme exposto, desenvolvimento 
humano é um processo complexo, influenciado por um intricado relacionamento 
de muitos fatores inerentes ao ambiente, ao organismo e à tarefa a ser realizada. 
Justamente por essa característica multicausal, a definição de uma ferramenta 
confiável que possibilite avaliar o desenvolvimento motor parece ser um desafio 
não apenas entre os pesquisadores, mas também entre os professores.
A principal questão levantada quando se faz necessário avaliar é o que avaliar? 
Ao pensar nisso, uma das características desenvolvimentais que merece destaque 
é a ocorrência de mudanças qualitativas e quantitativas no comportamento motor 
durante todo o curso da vida. Nesse sentido, duas facetas permeiam o que pode 
ser examinado: o produto e o processo. Apesar do reconhecimento da importância 
em ambas as maneiras de se avaliar, de certa forma, avaliação quantitativa, ao 
longo dos anos, tem sido priorizada, isso provavelmente advindo das facilidades da 
realização da mesma, quando comparada a uma análise qualitativa de movimento.
É comum se avaliar desenvolvimento motor com base no desempenho da 
realização de certa habilidade motora puramente em termos da quantificação 
do produto, com medidas de tempo, distância e precisão, até pela facilidade da 
obtenção e análise dessas informações. Avaliamos a velocidade da corrida, o 
tempo para percorrer certa distância, o quão alto, o quão forte foi um arremesso. 
Desnecessário mencionar que esse tipo de avaliação é importante, contudo, é 
limitado aos aspectos de desempenho e restringe a obtenção de informações sobre 
como o movimento foi realizado. A utilização de avaliação quantitativa não permite 
a investigação do padrão de movimento utilizado e as especificidades do mesmo na 
realização de determinada tarefa motora.
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Uma avaliação qualitativa de movimento, por sua vez, permite fazer considerações 
sobre como o movimento foi realizado por uma criança, por exemplo, como 
o mesmo é coordenado, no sentido de como os diversos segmentos corporais 
são organizados para a realização de uma dada habilidade motora. Neste caso, 
a forma com que essa criança se configura no espaço e a relação dos segmentos 
corporais selecionados dentro do contexto ambiental para a realização da tarefa 
motora expressará a qualidade dos movimentos realizados, podendo ser ou não 
movimentos considerados biomecanicamente eficientes. 
Importante!
Algumas questões podem ser apontadas: será que é importante avaliar a quantidade de 
movimento, se eu não sei como foi realizado? Como professor de Educação Física, terei 
mais informações relevantes sobre meus alunos com o valor da distância de um chute, 
ou a velocidade de um arremesso, ou com informações sobre como os segmentos foram 
posicionados na realização dessas habilidades, para que seja possível alguma correção, 
instrução ou sugestão? Talvez ambas as informações juntas, do processo e do produto, 
possam fazer mais sentido. Mas se eu não sei nada acerca do processo, o que me adianta 
tirar conclusões apenas a partir do produto? Ou seja, como corrigirei meu aluno, a fim 
de que consiga ter melhores resultados no produto, arremessar mais longe ou mais alto, 
se não sei qual padrão de movimento foi utilizado pelo estudante? Assim, antes de se 
importar com o produto do movimento, é fundamental se preocupar em saber a “forma” 
que o mesmo foi realizado.
Trocando ideias...
Importante!
Diante de tais possíveis modos de avaliação, o que deve ficar claro é que na primeira 
década de vida, é mais importante avaliar os processos que permeiam a realização de 
uma dada habilidade motora, do que o produto final da mesma. 
Importante!
Você pode até questionar o porquê dessa afirmação. A resposta você já sabe! 
Conforme já discutido, até por volta dos dez anos de idade, tem-se como objetivo, 
resumidamente, a aquisição e o refinamento das habilidades motoras fundamentais, 
bem como a combinação dessas em situações variadas. Assim, é mais importante a 
investigação do nível de execução dessas habilidades, como as mesmas são realizadas 
para que, como professor, seja possível orientar os alunos sobre como fazer, o que 
fazer, o que corrigir, na realização de determinada habilidade motora. Por exemplo, 
investigar em qual estágio de desenvolvimento uma criança nessa faixa etária está 
correndo ou arremessando uma bola, se a mesma realiza essas habilidades em 
um padrão inicial, elementar ou maduro de movimento. O quão distante, o quão 
forte ou o quão rápido, ou seja, quantificar a execução de determinada habilidade, 
é mais importante de ser realizado quando a mecânica do movimento já estiver 
relativamente bem dominada, algo que só acontece nos anos subsequentes à fase 
dos movimentos fundamentais.
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De forma geral, identificar os níveis de desenvolvimento de crianças através 
de uma avaliação qualitativa é essencial, pois permite, por exemplo: realizar uma 
triagem de um grupo desconhecido e/ou identificar características de uma população 
específica; elaborar programas interventivos com as finalidades de potencializar, 
impedir ou remediar atrasos ou dificuldades na realização de novas habilidades; 
verificar a eficiência de um programa motor; diagnosticar atrasos e impedir os efeitos 
catastróficos dos mesmos; organizar dados normativos, entre outros.
Outro exemplo é um diagnóstico inicial de desenvolvimento motor, o mesmo 
permite aos profissionais identificarem os fatores que tornam o movimento limitado, 
possibilitando a tomada de decisão sobre qual habilidade e/ou critérios motores 
devem ser enfatizados na elaboração de um programa, o tempo necessário de 
prática para cada habilidade e estabelecer metas de desempenho, possibilitando o 
desenvolvimento das crianças.
Diante da importância de se avaliar, alguns testes motores são propostos 
buscando responder a questões de diferentes áreas do conhecimento acerca do 
curso desenvolvimental. Podemos destacar a Educação Física escolar que, desde 
tempos, alimenta discussões que se atentam à importância de seu objeto de 
atuação – o movimento – e discute, inclusive, o que avaliar, porque avaliar e para 
quê avaliar. De certa forma, essa área ainda necessita de definições de objetivos e 
de procedimentos de avaliações claros.
Perceba que não é objetivo desta seção propor como avaliar seus alunos em suas 
aulas de Educação Física para passá-los ou não de ano, para reprová-los caso não 
atinjam um desenvolvimento “modelo”. Na verdade, o interesse aqui é que você, 
enquanto professor, entendaque precisa planejar e organizar sua prática e que, 
para tal, é necessário se partir de algum ponto ou diagnóstico, o qual só é possível 
de se ter uma vez que se tenha avaliado. Para então planejar suas aulas buscando o 
desenvolvimento de habilidades motoras, você precisa avaliar habilidades motoras. 
Diversos testes motores são desenvolvidos a fim de atender às expectativas de 
uma avaliação fidedigna do desenvolvimento na realização das habilidades motoras. 
Entre esses, podemos aqui destacar três:
 · A escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto é composta de uma bateria 
de testes para avaliar o desenvolvimento motor de crianças dos dois aos onze 
anos de idade;
Acessando este link: http://www.motricidade.com.br/kit-edm.html.
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 · O Instrumento de Avaliação de Padrão Motor Fundamental (FMPA), proposto 
Gallahue e Donnelly (2008), é encontrado nos capítulos 12, 18 e 20 do 
livro apresentado em nossas Referências, nesta Unidade. É um instrumento 
informal para classificar indivíduos nos estágios inicial, elementar e/ou 
maduro de desenvolvimento em várias habilidades motoras fundamentais, 
até ao redor dos dez anos de idade;
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
 · Já o Teste de Desenvolvimento Motor Geral II (TGMD-2) permite a avaliação 
de crianças entre os três e dez anos de idade, a partir de doze habilidades 
motoras fundamentais que são comuns entre as crianças, por meio de 
critérios de desempenho – padrões de movimento – específicos para cada 
uma das habilidades. 
O TGMD-2 é utilizado não apenas no Brasil, mas no mundo – em cerca de 
150 países –, destacando-se por sua possibilidade de se quantificar o nível de 
desenvolvimento motor, além de sua fácil aplicação. Esse teste é considerado 
no meio acadêmico como um dos mais importantes para a avaliação de 
habilidades motoras.
Assista ao vídeo com um exemplo de aplicação do TGMD-2.
Disponível em: http://goo.gl/hG1Oep
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Mais exemplos de testes para avaliação qualitativa, bem como diversos exemplos 
para avaliação quantitativa do movimento, deverão ser apresentados ao longo do 
curso de Educação Física, em uma disciplina específica para o ensino de testes, 
medidas e avaliação.
Importante!
Por agora, cabe ressaltar a importância de se utilizar a avaliação como parte do 
planejamento das aulas, como meio para o professor identificar as dificuldades de seus 
alunos e também – por que não dizer? – como forma de o professor verificar a qualidade 
de seu trabalho, por exemplo, avaliando se as atividades aplicadas são suficientes para 
os alunos desenvolverem com proficiência as habilidades motoras fundamentais.
Em Síntese
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
FULL TGMD-2
http://goo.gl/ueKPF2
 Leitura
Movimento na infância: combustível para o desenvolvimento
AVIGO, E. L.; BARELA, J. A. Movimento na infância: combustível para o desenvolvi-
mento. Revista Por Escrito: Corpo em Movimento, v. 10, p. 48-53, 2015.
http://goo.gl/FHqQ2a
Crescimento e desenvolvimento na adolescência
COUTINHO, M. F. G. Crescimento e desenvolvimento na adolescência. Revista de 
Pediatria Soperj. [20--]. 
http://goo.gl/T1Vx48
Manual de práticas para iniciação esportiva no programa Segundo Tempo
GRECO, P. J.; CONTI, G.; PEREZ MORALES, J. C. Manual de práticas para inicia-
ção esportiva no programa Segundo Tempo. Maringá, PR: Eduem, 2013. 
http://goo.gl/iVWngI
Avaliação do desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais em alunos da 5ª série dos anos finais
MINIKOWSKI, R. D. M.; XAVIER FILHO, E. Avaliação do desenvolvimento das habi-
lidades motoras fundamentais em alunos da 5ª série dos anos finais. In: O professor 
PDE e os desafios da escola pública paranaense. v. 1. Secretaria de Educação do 
Governo do Estado do Paraná, 2010. 
http://goo.gl/uVFRLv
Development of fundamental motor skills in children of a public school in the city of Sao Paulo
RODRIGUES, D.; AVIGO, E. L.; BARELA, J. A. Development of fundamental mo-
tor skills in children of a public school in the city of Sao Paulo. BJMB, v. 9, n. 1, 
p. 1-10, 2015.
http://goo.gl/ZJ5Dom
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UNIDADE Crescimento e desenvolvimento: infância e adolescência
Referências
AVIGO, E. L.; BARELA, J. A. Movimento na infância: combustível para o 
desenvolvimento. Revista Por Escrito: Corpo em Movimento, v. 10, p. 48-
53, 2015. Disponível em: <http://www.fundacionarcor.org/es/detalle/635/---
movimiento-en-la-infancia--combustible-para-el-desarrollo--->.
GALLAHUE, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, 
adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.
________.; DONNELLY, F. Educação Física desenvolvimentista para todas as 
crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. 
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C. Growth, maturation and physical activity. 
2th ed. Champaign: Human Kinetics, 2004.
28

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