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Ensino híbrido durante a emergência sanitária COVID-19 (2020-2021) estudo de casos na Zona Leste de Manaus - Brasil e Nampula-Moçambique

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DOI: 10.53660/CLM-1505-23H42 
 
 
 
CONCILIUM, VOL. 23, Nº 12, 2023, ISSN: 0010-5236 
Blended Learning During the COVID-19 Health Emergency (2020-2021): 
Case Study in the East Zone of Manaus -Brazil and Nampula-Mozambique 
Ensino Híbrido Durante a Emergência Sanitária COVID-19 (2020-2021): Estudo de 
casos na zona leste de Manaus -Brasil e Nampula-Moçambique 
 
Received: 2023-05-20 | Accepted: 2023-06-21 | Published: 2023-06-23 
 
 
Mauro Vieira da Costa 
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0795-6932 
Universidade Federal do Amazonas UFAM 
E-mail: mauroprofessordefisica@hotmail.com 
Antonio Alone Maia 
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3500-8235 
Universidade Rovuma-Nampula; Membro e pesquisador do CERNe 
E-mail: alonemaia13@gmail.com 
Heron Salazar Costa 
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2965-0683 
Universidade Federal do Amazonas UFAM 
E-mail: hescosta@ufam.edu.br 
 
 
ABSTRACT 
The health emergency (Covid 19, 2020-2021) was an event that affected teaching practice in almost the entire 
world, including Africa and Brazil. It also highlighted the differences between social strata. It was no different in 
the east zone of Manaus, one of the poorest regions of the Amazonian capital. It was also like this in Nampula, in 
the north of Mozambique. In both locations there are precarious schools and students from needy families. In 
such conditions, teachers had to overcome major challenges brought about by the pandemic, adapting their 
practices to a new reality, that of Emergency Remote Teaching - ERE, a significant change in the way of 
teaching. In this context, a reflective analysis was carried out on remote teaching as an evolution in the way of 
teaching adopted during the pandemic period. The difficulties that teachers had to practice teaching during the 
adoption of the ERE are discussed, emphasizing the difficulties associated with the particular socioeconomic 
conditions of the East Zone of Manaus, capital of the State of Amazonas. It is a reflection on the future of 
teaching in formal education, considering several studies that addressed the new methods, developed, or that 
gained notoriety from the adoption of the ERE. Furthermore, the question remains: how will society be able to 
reduce inequalities in education, evidenced and accentuated by the pandemic? 
Keywords: Teaching; Health emergency; Remote teaching. 
 
RESUMO 
A emergência sanitária (Covid 19, 2020-2021) foi um acontecimento que afetou a prática de ensino em quase 
todo o mundo, incluindo África e Brasil. Também escancarou as diferenças entre os estratos sociais. Não foi 
diferente na zona leste de Manaus, uma das regiões mais carentes da capital amazonense. Também foi assim em 
Nampula, no norte de Moçambique. Em ambas as localidades se encontram escolas em situação de precariedade 
e estudantes de famílias carentes. Em tais condições, os professores tiveram que superar grandes desafios 
trazidos pela pandemia, adaptando as suas práticas para uma nova realidade, a do Ensino Remoto Emergencial – 
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ERE, uma significativa modificação na forma de ensinar. Nesse contexto, fez-se uma análise reflexiva sobre o 
ensino remoto como uma evolução no modo de ensinar adotado no período de pandemia. Discute-se as 
dificuldades que os professores tiveram para praticarem o ensino durante a adoção do ERE, enfatizando-se as 
dificuldades associadas às condições socioeconômicas particulares a Zona Leste de Manaus, capital do Estado do 
Amazonas. Fica uma reflexão sobre o futuro do ensino na educação formal, considerando-se diversos estudos 
que abordaram os novos métodos, desenvolvidos, ou que ganharam notoriedade a partir da adoção do ERE. 
Ademais, fica a questão: como a sociedade será capaz de reduzir as desigualdades na educação, evidenciadas e 
acentuadas pela pandemia? 
Palavras-chave: Ensino; Emergência sanitária; Ensino remoto. 
 
 
INTRODUÇÃO 
O ano de 2020 mostrou-se atípico para o mundo inteiro, pois a pandemia causada pelo Corona 
vírus causou enorme impacto na vida das pessoas. Tal situação teve início ainda em 2019, quando 
autoridades de Saúde da China divulgaram a detecção de um vírus altamente contagioso e de fácil 
proliferação, alertando o mundo para necessidade de medidas para se evitar a disseminação da doença. 
A declaração de situação de pandemia trouxe consequências indesejáveis para muitos setores 
da sociedade, entre os quais se destacam a política, a saúde, a educação, os transportes, o comércio, 
quer no Brasil assim como em Moçambique. No caso da educação, foram feitas inúmeras discussões 
sobre a necessidade de continuidade ou interrupção das aulas presenciais. 
Ao ser decretado o estado de pandemia, logo pensou-se em várias medidas que ajudassem no 
combate e contenção do novo Corona vírus. Uma medida que vinha sendo adotada, por vários países, 
foi o isolamento social. No Brasil, tal medida, recomendada pela Organização Mundial de Saúde 
(OMS) foi adotada em combinação com as recomendações feitas pela Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA). Em Moçambique foi emitido o primeiro decreto presidencial n.11/2020 que 
declarava o estado de emergência por 30 dias, com início às 00h.00 do dia 01 de abril até dia 30 de 
abril, por razões de calamidade pública, em todo o território nacional. Na sequência, vários outros 
decretos se sucederam, os quais apelavam para o seguimento das medidas de prevenção a COVID/19.1 
Ao surgirem os primeiros casos no território brasileiro, cada ente federativo tomou medidas 
com a finalidade de poupar a população da infecção pelo vírus, uns com mais e outros com menos 
rigor, o que tornou inviável a continuidade das aulas presenciais. Em Moçambique, através do Decreto 
Presidencial n°11/2020, como medidas restritivas, as aulas foram suspensas em todas as escolas 
públicas e privadas do ensino pré-escolar até ao universitário.2 
 
1 Boletim da Republica. Decreto Presidencial n°11/2020. Publicação Oficial da República de Moçambique. 
Segunda Feira, 30 de março de 2020, I Série, numero 61. 
2 Boletim da Republica. Decreto Presidencial n°11/2020. Publicação Oficial da República de Moçambique. 
Segunda Feira, 30 de março de 2020, I Série, numero 61. 
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A interrupção das aulas presenciais era um posicionamento da maioria dos professores, pais e 
responsáveis, mas o prolongamento dessa paralisação trouxe à reflexão, levantado o questionamento 
sobre o momento certo para voltar às aulas “normais” e a forma como essa “voltar” aconteceria. Em 
meio ao debate, uma das medidas adotadas pela Secretaria de Estado da Educação e Desporto do 
Amazonas (SEDUC) foi a implantação do regime especial de aulas não presenciais (AMAZONAS, 
2020) e em Moçambique introduziu-se o ensino híbrido. 
Na reflexão sobre a necessidade do retorno das escolares presenciais, foram consideradas as 
possibilidades de adequação do calendário e, principalmente, a impossibilidade de manter uma escola 
em funcionamento com tantos profissionais em grupos considerados de risco, além da gravidade da 
exposição das crianças e adolescentes, caso voltassem frequentarem o ambiente escolar. 
Com tantos avanços tecnológicos e todos os estudos sobre o ensino mediado por tecnologia, a 
possibilidade do Ensino Remoto Emergencial (ERE) veio como uma luva. Ao final das contas, 
quantos trabalhadores não tiveram que se reinventar nesse período? Quantos acadêmicos não 
aproveitaram o momento para fazer um curso de qualificação na modalidade de educação à distância? 
Em tal contexto, no Estado do Amazonas, Brasil, entrou em questão a possibilidade do retorno 
parcial de maneira remota com a mediação tecnológica usando a estrutura que a Secretaria Estadual de 
Educação já dispunha para os estudantes de áreas de difícil acesso. Essa transição, forçada pela 
pandemia, pegou, muitos da comunidade escolar, desprevenidos, principalmente os professores, que 
tiveram que pôr em prática uma metodologiaque não fazia parte do seu aparato de práticas 
pedagógicas. 
Os estudantes e seus familiares tiveram que se adequar a um sistema de ensino que, para 
muitos, era novo e para outros requeria recursos tecnológicos que não lhes cabiam no orçamento, 
como smartphones, computadores e internet. 
A preocupação com a conclusão do conteúdo programático dentro do período proposto no 
planejamento, forçou a uma conclusão do ano letivo com uma “aprovação” quase que total e 
indiscriminada, chegando a noventa, oito e meio por cento (98.5%) de aprovação no ensino básico, 
conforme dados da segunda etapa (movimento) do Censo Escolar promovido pelo Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -INEP. Nesse contexto, nos cabe uma reflexão, 
uma vez que a prática docente se faz da reflexão e da intencionalidade, pois “planeja-se o ensino na 
intencionalidade da aprendizagem futura do aluno” (FRANCO, 2015). O professor ensina acreditando 
que o estudante aprende, mas essa aprendizagem não tem correlação direta com o ato de ensinar, visto 
que ela pode se dar em diferentes etapas do processo e de diferentes formas, exigindo do educador a 
prática da reflexão, construindo, desconstruindo e reconstruindo suas práticas, induzindo o estudante a 
encontrar, na sua assimilação, o significado que pode vir de dentro de si ou do meio que o cerca. Essa 
postura reflexiva do professor sobre o processo ensino-estudo-aprendizagem é que propicia a 
aprendizagem e, dentro da conjuntura atual brasileira se tornou ainda mais necessária na prática 
docente. 
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Por um lado, o desafio de ter que ensinar em meio à pandemia fez com que os profissionais da 
educação básica dessem um salto temporal na trajetória de modernização do processo de ensino, mas 
por outro, os estudantes também foram levados a adotar tais ferramentas para suas atividades de 
estudos. Esse processo de modernização tecnológica na educação já vinha ocorrendo aos poucos no 
Estudo do Amazonas , trazendo para o ambiente escolar as tecnologias de informação e comunicação 
(TIC), as tendências pedagógicas ativas, e fazendo uso da mediação tecnológica (PIRES, 2020). 
Contudo, havendo o melhor ambiente virtual de aprendizagem em um mundo hipotético em 
que não existam problemas de queda de energia ou de conexão, a tecnologia em si não é capaz de 
educar. E o papel do professor como mediador nunca foi tão exigido, não apenas o papel do professor, 
mas também o da família, que se manteve, muitas das vezes, alheia à vida escolar, mas que agora 
precisaram se unir em favor da educação. 
É bem verdade que muitos dos professore estão aprendendo com a prática aquilo que não foi 
visto na graduação sobre as TIC e o seu uso aplicado à educação, mas em meio aos inúmeros aparatos 
tecnológicos que nem todos sabem como usá-los e aplicá-los ao ensino de disciplinas específicas, 
mesmo assim os professores se dedicaram em concluir, dentro das suas condições, mais um ano letivo. 
Todo esse esforço deve ser avaliado em termos quantitativos e qualitativos, pois alguma lição deve ser 
deixada como legado. Uma pesquisa feita em Mocambique, na Universidade Rovuma sobre vantagens 
e desvantagens da introdução do ensino híbrido, apontou como sendo uma das vantagens esse duplo 
aprendizado ocorrido, isto é, à medida que todos os envolvidos no Processo de Ensino e 
Aprendizagem iam utilizado as novas ferramentas, ambos exercitavam a aprendizagem, sem 
necessariamente ter um formador (Maia at al. 2022:731).3 
Este artigo, traz uma reflexão sobre a temática do ensino, sua manifestação diante da 
mediação tecnológica forçada que ocorreu durante o período pandêmico de 2020 – 2021, tendo como 
base artigos que abordaram o tema, levando em conta a experiência de como ela ocorreu frente a uma 
situação socioeconômica aquém do ideal, a realidade da maioria da população brasileira, aqui 
vivenciada e espelhada no olhar especial para a Zona Leste de Manaus num paralelo com Nampula, 
região norte de Moçambique. 
O principal objetivo é trazer ao debate a relação ensino de qualidade e mediação tecnológica 
dentro de uma visão socio-crítica da educação tendo como marco temporal o período de pandemia 
vivido nos anos de 2020-2021, numa perspectiva comparada. 
A Evolução Dos Conceitos 
Por muito tempo, acreditou-se na pura transmissão de conhecimento. O Professor, detentor do 
saber, o despejava aos seus estudantes como se fossem caixas vazias. Com o passar do tempo e com o 
 
3 Maia, Antonio Alone. Vantagens e Desvantagens do Ensino Híbrido em Tempo da Covid-19: Uma Visão de 
Docentes e Gestores de Plataformas da FLCS da Universidade Rovuma. In: António Alone Maia, Elizabeth 
Tavares Pimentel, Igor Câmara e Suely Mascarenhas (orgs.). Educação e Ensino: novas perspectivas e 
realidades. São Paulo: Alexa Cultural, Manaus: EDUA, 2022. 
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avanço dos estudos sobre o desenvolvimento dos seres humanos como sendo a junção das dimensões 
biológicas e histórico-culturais, as crianças deixaram de ser tratadas como recipientes, e passaram a ser 
entendida como um ser integral. A criança deixou de ser vista como adultos em miniatura, passando a 
ser vistas como uma das fases do desenvolvimento do ser bio-histórico-cultural com autonomia e 
liberdade natural, bem como o ensino deixou de ser entendido como mera instrução (ARANHA, 
2012). 
Com o processo de institucionalização da educação e com o desenvolvimento dos estudos 
acerca da educação formal, as teorias ou tendências pedagógicas foram sendo construídas e adquirindo 
um arcabouço teórico. Podemos dizer que a primeira foi denominada como teoria tradicional, a qual 
tem como principais características a centralização no Professor, a aula expositiva como forma de 
transmissão dos conhecimentos acumulados pela sociedade e o comportamentalismo, pois acreditava-
se na memorização dos conteúdos, e por isso, estes eram fornecidos pelo professor que condicionava 
os discentes a estímulos e respostas (SAVIANI, 2018). 
Este conceito inicial passou a ser confrontado com novas ideias sobre a educação, sobre a 
relação professor/estudante e sobre o conceito de didática. A nova tendência pedagógica, que ficou 
conhecida como Escola Nova, contrapôs os ideais da pedagogia tradicional, mudando o paradigma que 
se baseava na transmissão dos conhecimentos acumulados pela comunidade e a visão magistocêntrica 
do ensino extremamente rígida e baseada na memorização (ARANHA, 2012). A nova visão valorizou 
a pesquisa, a experimentação e a descoberta, mudando a centralidade do professor para o método 
exploratório com a iniciativa do estudante (SAVIANI, 2018). 
A mudança no paradigma não alcançou os objetivos educacionais e não cobriu as lacunas 
deixadas pela pedagogia tradicional, percebeu-se que ensino não pode ser confundido com pesquisa e 
assim foram surgindo outras tendências pedagógicas que, gradualmente mudaram o foco, 
direcionando-o ao estudante e não mais ao professor, substituindo as práticas de memorização pelas 
experiências sensoriais, a verticalização do ensino pela horizontalidade (SAVIANI, 2018). 
Após, e com, o escolanovismo, outras tendências pedagógicas surgiram e, embasada no modo 
de trabalho fabril e nas políticas desenvolvimentistas da segunda metade do século XX, surge a 
pedagogia tecnicista, cujas principais características são o fracionamento do trabalho, a centralização 
no método e o ensino repartido em módulos. Dessa forma, os professores e estudantes tornam-se 
meramente coadjuvantes, executores no processo baseado na eficiência (SAVIANI, 2018), Aranha 
(2012) corrobora, afirmando que “O behaviorismo também está nos pressupostos da orientação 
tecnicista da educação” com seu caráter mecanicista, associacionista e positivista. 
Tendo em vista o que Saviani (2018) considera como fracasso da escola em cumprir o seu 
papel social e diminuir as diferenças na construção do aprendizado, outras formas de ver oensino 
foram se articulando. O ensinar, então deixou de ter esse sentido de transmissão do conteúdo e passou 
ser sinônimo de mediação, pois o conhecimento não é mais entendido como propriedade exclusiva do 
professor, a ser entregue ao estudante, mas entendeu-se que o conhecimento é propriedade de todos, 
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sendo construído com o passar dos anos pela própria comunidade, e o papel do professor é o de levar o 
estudante até esse conhecimento, não o conhecimento até o estudante. Ele já é dotado de 
conhecimentos do senso comum e da sua própria visão de mundo construída no contato com o 
ambiente histórico cultural que lhe é exposto. 
Nesse novo conceito de ensino, o conhecimento prévio e as experiências de vida dos 
estudantes devem ser considerados como a base para os novos conceitos que lhe serão apresentados. 
Portanto, o sentido de ensinar passou a ser proporcionar condições para manter uma situação de 
aprendizagem favorável, tendo relações claras entre todo o aparato teórico, e apresentado a vida real, 
para que o aprendiz construa seus conceitos e dê sentido cultural a eles quando aplicá-los à resolução 
de problemas. 
O Professor tem que ter domínio do conteúdo, mas não basta apenas estar apropriado deste, 
nem das técnicas e métodos mais modernos, tem que pensar na individualidade da aprendizagem e na 
particularidade como cada aprendiz reage aos novos conceitos a que se deparam. E isso não é um 
trabalho simples, mas a partir de uma prática reflexiva, esse professor poderá alcançar os resultados do 
ensino, cujos frutos são a efetivação da aprendizagem significativa com caráter transformador pelo 
discente (VERDUM, 2013). 
As Propostas Metodológicas De Ensino 
As formas de ensinar foram se transformando conforme os conceitos sobre ensino evoluíram. 
Essa transformação se deu pelo fato de o conhecimento está sempre ligado ao poder político e 
econômico. Por exemplo, na antiguidade, dominar as técnicas de caça ou o uso das ferramentas era a 
condição necessária para sobrevivência, consequentemente, também para deter as melhores condições 
materiais e prestígio entre os pares. Logo depois, o conhecimento a respeito da existência, do ser e da 
natureza passou ser reconhecido como importante, pois ele traz poder bélico, político e religioso. À 
medida que as necessidades sociais, políticas e econômicas da sociedade evoluíam, crescia também a 
necessidade de técnicas mais sofisticadas para a transposição dos conhecimentos que se acumulavam 
(DIAMOND, 1997, Harari, 2015)). 
O que chamamos hoje de ensino tradicional é o reflexo de séculos de transmissão oral, mas 
que se massificou com a necessidade da doutrinação religiosa e, posteriormente, pela necessidade de 
mão de obra “qualificada”, em quantidade para atender a necessidade do sistema. A partir desse 
momento o ensino profissionalizante começou a tomar espaço no currículo com uma proposta ainda 
conteudista, mas segmentada em módulos voltando a educação para o mundo do trabalho a fim de 
formar mão de obra que pudesse satisfazer as necessidades desenvolvimentistas e manufatureiras 
(SAVIANI, 2018). 
A crítica aos modelos conteudistas deu início às teorias críticas, que fazem oposição à 
memorização e ao comportamentalismo, buscam entender que cada estudante é único, que não é um 
depósito de informações, mas que é formador do seu caminho e que pode construir os próprios 
conhecimentos além de considerarem o ambiente social e cultural em que este está inserido. Essa 
CLIUM.ORG | 228 
 
proposta tirou o foco do professor e apontou para a relação de mediação da tríade Professor – 
estudante – meio. Por isso, Freire (1987) afirma que na educação tradicional o “saber” é uma doação 
dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber e que a relação professor-estudante é uma relação 
vertical e bancária. 
Atualmente, outras propostas de ensino têm surgido com foco no protagonismo do estudante e 
na sua autonomia, lançando mão das ferramentas tecnológicas mais atuais. Essas propostas englobam 
uma tendência pedagógica que ficou conhecida como metodologias ativas, e por buscar a formação da 
persona ativa e protagonista. 
Abordagens De Ensino Ao Longo Da História Da Educação No Brasil 
No período colonial, o ensino chegou ao Brasil através dos missionários da Igreja Católica e, 
entre eles, destacaram-se os Jesuítas. Apesar da economia da época ser baseada praticamente no 
extrativismo e na produção agrícola, a educação não estava no foco da produtividade, os missionários 
faziam o papel da doutrinação religiosa evangelizadora sobre os índios e os negros, e buscando evitar 
que os colonos se afastassem da fé católica que se sentia ameaçada pela reforma protestante, além de 
servir como aparelho político para o estado (ARANHA 2012). 
Vale ressaltar que, nesse momento, os Jesuítas tiveram um papel Heroico de dedicação ao 
ensino, e um dos nomes que ficaram marcados na história do ensino foi o do noviço José de Anchieta, 
o qual ficou notabilizado pelo modo como catequizava os índios e ensinava os filhos dos colonos, pois 
lançava mão de todas as possibilidades, teatro, dança, poemas, músicas e diálogos, não separava os 
filhos dos colonos dos curumins (filhos dos indígenas) e assim pôde propagar a religião, os costumes 
europeus e a moral cristã, por outro lado, os Jesuítas também aplicavam castigos, açoites e 
chicoteadas, em público, com a finalidade de reprimir atitudes que se mostrassem “impuras” ou 
“pecaminosas”. 
Com a industrialização do país, a pedagogia tecnicista ganhou força, focada nos métodos de 
eficiência, aos moldes dos meios de produção fabril, esta tendência pedagógica punha professores e 
estudantes em níveis subjacentes ao método que era metódico e padronizado como em uma linha de 
produção, de modo que o professor deixava de ser a peça central e fundamental ao ensino e passava a 
ser um mero executor, enquanto o foco voltava-se à organização racional dos meios. 
Seguindo o modelo norte-americano, o ensino superior brasileiro deu início ao ensino de pós-
graduação que ainda trilhava caminhos da tendência tecnicista direcionada pelo regime militar vigente, 
entretanto, o espírito que tomou parte da pós-graduação era de influência, em parte, do modelo 
europeu e, essa contradição, impunha anseios que emergiam das necessidades sócias da época. E 
assim, paralelamente ao ensino tecnocrata, surgiram as primeiras teorias críticas no Brasil (ARANHA, 
2012). 
 
CLIUM.ORG | 229 
 
O Contexto Social E Econômico E Suas Implicações No Ensino Formal Brasileiro 
A família, em suas mais diversificadas composições, é a primeira fonte de contato com e 
educação, enquanto formação moral e o desenvolvimento físico -mental –emocional do indivíduo 
(POST DA SILVEIRA. et al., 2019). Portanto, é fácil considerar que as famílias, com maior 
proximidade à educação, valorizem mais a escolarização como forma de ascensão social e repassem 
esses valores aos seus filhos, ou seja, quanto mais os responsáveis valorizam e participam ativamente 
do cotidiano escolar e educativo do estudante, melhor é o rendimento deste no desenvolvimento das 
atividades escolares o que reflete também nas avaliações externas. 
É impossível falar de rendimento escolar e dizer que apenas o fator parental influi positiva ou 
negativamente na vida dos estudantes, outros fatores como a renda familiar tem forte influência no 
desempenho escolar e, consequentemente nas aprovações em vestibulares, isto porque os responsáveis 
com melhores condições de renda e maiores níveis de escolaridade podem proporcionar um ambiente 
mais propícios à aprendizagem (LUCENA; DOS SANTOS, 2020). 
Ensino não é sinônimo de instrução e, se fosse assim, qualquer pessoa que fosse instruída com 
o mesmo método, chegaria à mesma aprendizagem, isso não acontece porque outros fatores interferem 
neste processo, entre eles, o fator social e econômico das famílias, a valorização dos responsáveisà 
educação dos filhos e o ambiente de aprendizagem, ocupação, posse de bens ou de itens de conforto, 
estado civil e configuração familiar (ALVES; GOUVÊA; VIANA,2012). 
Considerando a enorme complexidade e as variáveis intervenientes na aprendizagem, em 
famílias, nas quais a possibilidade de obter aparatos tecnológicos digitais é baixa, não é difícil prever 
que diminui também a aprendizagem quando esta é mediada por tecnologias como celulares, 
computadores e internet. 
 
As Tecnologias De Informação E Comunicação – TIC, No Ensino 
O uso de ferramentas tecnológicas não é uma novidade no ensino, entretanto os últimos anos 
nos reservara tantas inovações que o estudante, apresentado por Santos e Sant’Anna (2021) como 
nativo digital, encontra-se imerso em inúmeros aparatos tecnológicos e, nesse universo de ferramentas, 
cabe ao professor a mediação desse processo. Contudo, Pires (2020) percebe insegurança por parte dos 
professores na inclusão das TIC nas suas práticas pedagógicas. 
 
Conceito E Caracterização Das TIC 
As tecnologias fazem parte do nosso cotidiano, sendo quase impossível se fazer qualquer 
atividade sem precisar de algum dispositivo tecnológico, contudo o termo é comumente confundido 
com as tecnologias digitais ou com as novas tecnologias. Desde que surgiram as primeiras 
necessidades de sobrevivência do ser humano, usamos artefatos que otimizam as nossas experiências 
com o mundo. A esse conjunto de artefatos, processos, meios ou métodos denominamos tecnologias. 
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Desde as primeiras armas de caça e pesca até os mais modernos computadores e smartfones, 
os artefatos tecnológicos são inovações que visam a facilitação das atividades humanas, entre as quais 
vamos destacar a informação e a comunicação. 
É bem verdade que a comunicação é uma das necessidades mais primitivas que temos. mas os 
meios que usamos para alcançá-la evoluíram com o tempo. Nos períodos mais remotos se usavam 
gravuras em cavernas, até que surgiu a linguagem oral, a linguagem escrita e, por fim tantas outras 
formas de linguagens (PIRES, 2020). A esses recursos, Kenski (2003) deu o nome de TIC, que são 
representadas por todas as tecnologias que mediam as formas de comunicar e, no contexto mais atual, 
também estão imersas nas relações sociais, de trabalho e na educação. 
 
O Uso Das TIC No Ensino Ao Longo Da História Do Brasil 
As primeiras inserções de TIC na educação deram-se por meio dos antigos cursos por 
correspondência que foram as primeiras versões da modalidade de Educação à Distância (EAD). Os 
cursos criados nessa modalidade seguiam o projeto desenvolvimentista do Brasil e buscavam a 
qualificação técnica e geração de mão de obra. Os recursos didáticos eram impressos encaminhados 
aos estudantes pelo serviço postal. Essa maneira de ensino ficou conhecida como a primeira geração 
da EAD que prevaleceu até a popularização do rádio e da televisão que caracterizou a segunda geração 
de educação a distância., A terceira geração se deu com a introdução dos computadores e da internet. 
Ela foi muito favorecida pela popularização do uso dos computadores, devido a diminuição dos custos 
de produção de tais equipamentos e permanece até hoje (ROSA, 2016). 
Mesmo sofrendo severas críticas de parte da comunidade acadêmica, a EAD seguiu 
sobrevivendo com cursos de caráter técnico e, posteriormente, com a propagação das redes de 
televisão surgiram os telecursos, os quais traziam um marketing mais atrativo, e eram veiculados em 
canais de TV aberta e, em alguns casos, eram focados em complementar a educação básica, foi quando 
em 1972, segundo Rosa (2016), surgiu o Programa Nacional de Telecomunicação. 
A inserção de TIC no contexto da sala de aula foi uma conquista que era defendida por parte 
dos profissionais da educação e criticada por outros. E ainda hoje, divide opiniões, mas sempre, 
conforme Pires (2020), “marcada por momentos claramente influenciados por questões políticas e 
econômicas”. 
Inicialmente, o uso de televisões, antenas parabólicas e aparelhos de videocassetes deu origem 
ao novo espaço escolar que ficou conhecido como videoteca. Em seguida, a informática passou a ter 
um papel de maior destaque. O uso de computadores em rede e softwares possibilitou maior 
versatilidade nas didáticas de ensino, as escolas passaram a ter laboratórios de informática, os livros, 
jornais e revistas começaram a ser digitalizados e, aos poucos, o formato tradicional de ensino foi se 
remodelando (ROSA, 2016). 
Apesar do processo de intensificação do uso dos dispositivos eletrônicos no cotidiano das 
pessoas, inclusive nas atividades das escolas, dentro das quatro paredes da sala de aula, o ensino 
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continuou seguindo a linha da aula expositiva. Como já dizia Teixeira et al (2021), vivemos no século 
XXI, mas com uma escola do século XIX. Entretanto, o uso de calculadoras foi se disseminando, e 
lentamente. os celulares começaram a disputar a atenção dos estudantes. Por um tempo, o celular foi 
tido como um grande rival dos professores, era visto como obstáculo para a aprendizagem e ficou 
proibido o seu uso nas salas de aula, mas, com a evolução dos aparelhos celulares, os atuais 
smartfones deram ao ensino muitas outras possibilidades de aprendizagem e, mesmo que em certos 
casos ainda haja resistência por partes dos professores mais antigos, atualmente os celulares 
comportam aplicativos que colaboram com simulações, pesquisas e ferramentas de realidade virtual e 
realidade aumentada nas aulas, tornando-as mais atrativas (PIRES, 2020). 
 
O Uso Das TIC No Ensino Formal, No Estado Do Amazonas, Brasil 
O sistema de ensino no Estado do Amazonas, Brasil, também foi se modernizando e inserindo, 
aos poucos, as TIC no contexto escolar. Tal processo se iniciou com a TV Escola, que foi ao ar em 
1996, conforme conta França (2013), e desde então, as chamadas videotecas passaram a se popularizar 
nas rotinas dos professores que queriam diversificar a suas práticas de ensino. 
Ainda que tardia, a chegada da TV Escola trouxe para o estado do Amazonas, Brasil a 
possibilidade de superar as barreiras impostas pelas dificuldades de acesso aos municípios do interior. 
Essa, que era uma inovação tecnológica para agregar às aulas nas escolas da capital, também, segundo 
França (2013), ofereceu qualificação aos Professores dos municípios interioranos e elevou a qualidade 
do ensino nestas localidades. 
O Centro de Mídia de Educação do Amazonas (CEMEAM) foi criado em 2007 com a missão 
de “ampliar e diversificar o atendimento aos alunos da rede pública de ensino” e, durante a pandemia 
de Corona vírus, estendeu o seu alcance à capital e a outros estados da federação com aulas ao vivo 
transmitidas por televisão, YouTube, satélite e IPTV (Internet Protocol Television) (CEMEAM, 
2022). 
É verdade que as TIC já estavam sendo gradualmente inseridas no ambiente escolar, 
entretanto as restrições implantadas pelo combate e controle da pandemia aceleraram um processo que 
caminhava lentamente, pois os professores acabaram por ter que utilizar das ferramentas tecnológicas 
mais recentes para dar continuidade às aulas remotas. 
Efeitos Da Pandemia No Ensino Formal Brasileiro 
Durante o período de emergência sanitária que o mundo conhecido enfrentou recentemente 
(2020-2021), as práticas pedagógicas sofreram mudanças e adaptações para se adequar à nova 
realidade. A situação contextual em causa, desvelou problemas que, há muito tempo vinham sendo 
ignorados. Todas as abordagens de ensino foram prontamente adaptadas para um modelo remoto 
atendesse à demanda da educação básica, porém isso não foi suficiente para impedir que a evasão 
subisse substancialmente por conta da condição de vulnerabilidade social (MENDES; LUZ; 
PEREIRA., 2021). 
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A adoção do ensino remoto, durante a emergência sanitária (Covid-19, 2020-2021) trouxe à 
tona muitas problemáticas, pois as desigualdades sociaisaumentaram e, entre os mais vulneráveis, o 
afastamento das escolas causou problemas no desenvolvimento que demandarão muito tempo para 
serem resolvidos, ou que talvez nem sejam. 
O fenômeno trouxe à tona as deficiências existentes em diversos setores da sociedade, 
sobretudo nos setores da saúde e da educação. As escolas não estavam aparelhadas para promover uma 
educação remota de qualidade, nem os professores estavam preparados para tal transformação. Os 
estudantes sempre na dependência do que os pais podem proporcionar foram bastante afetados na 
aprendizagem. O que é lamentável, pois sabemos que a maioria, são filhos de trabalhadores que 
contam com recursos limitados para a sua sobrevivência (PIMENTA, et al., 2020). 
Herrera et al. (2020) apontam as dificuldades de contato entre os Professores e os estudantes e 
entre os Professores e os familiares desses estudantes como uma problemática associada ao estado de 
pandemia. Segundo eles, a maioria dos professores alegam não ter contato com os familiares dos 
estudantes e colocam como causa dessa impossibilidade os problemas com a internet. 
Os problemas apontados corroboram para a evasão escolar, pois as motivações para essas 
evasões estão ligadas ao contexto de desigualdade social e falta de acesso aos recursos tecnológicos 
que permitam participar das aulas, ou seja, o que ocorre na verdade pode ser chamado de exclusão dos 
mais vulneráveis que não conseguem participar das aulas ainda que queiram. No contexto 
moçambicano, muitos estudantes provenientes de famílias de baixa renda tiveram dificuldades de ter 
acessos as aulas ministradas nas plataformas, justamente por não possuírem equipamentos adequados, 
grande parte deles são portadores de celulares básicos e simples vulgarmente chamados de bombinhas. 
O estudo realizado em Nampula aponta que, uma das formas que poderia ter ajudado as instituições de 
ensino solucionarem o problema de carência dos estudantes por computadores, tablets ou mesmo 
celulares compatíveis, seria o estabelecimento de parcerias entre os sectores de educação com o sector 
empresarial para aquisição destes aparelhos compatíveis, mediante acordos estabelecidos entre as 
partes (MAIA, 2022). Neste sentido, evitar-se-ia que o ensino híbrido fosse exclusivo ao invés de ser 
inclusivo. 
A busca por ferramentas que permitissem a transmissão das aulas, a atribuição de tarefas e a 
aplicação das avaliações, remotamente, mais o curto tempo para a execução do currículo previsto para 
o ano letivo, forçaram os professores usarem ferramentas que não haviam sido criadas com o fim 
pedagógico, mas que estavam ao alcance de todos, como o WhatsApp, Google Meet, Zoom, entre 
outros, pois satisfaziam aquele momento de encontro remoto (HERRERA et al.,2020). Segundo os 
mesmos autores, o WhatsApp foi o aplicativo mais usado para interação entre professores e 
estudantes. Foi por meio dele que aconteceram as aulas assíncronas. O Google formulários foi a 
ferramenta de coleta de dados mais usual, e o Google Meet, juntamente com o Zoom foram as 
ferramentas usadas para os encontros síncronos mais comuns. Vale considerar, que diante das 
inúmeras ferramentas surgidas, ou que foram adaptadas ao ensino na modalidade remota, a maioria 
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dos professores não sabia usar algumas delas, ou não sabiam aplicá-las às suas aulas como ferramentas 
de facilitação da aprendizagem (SYCHOCKI; FRANZEN, 2021), (MORAES; COSTA; PASSSOS, 
2021) (TEIXEIRA et al. (2021). A pesquisa realizada na UniRovuma em Nampula, por meio de 
perguntas aos docentes sobre quais teriam sido as vantagens do ensino hibrido, a resposta foi de que, 
os docentes familiarizaram-se de forma concreta, em relação ao uso das TICs em diferentes 
plataformas (MAIA, 2022). 
Dessa maneira os Professores, foram adaptando suas práticas pedagógicas a fim de 
proporcionar a melhor experiência de sala de aula remota aos seus estudantes, mesmo com todas as 
dificuldades geradas com a disponibilização dos seus números de celular pessoal, ou de suas redes 
sociais. O fato de se ter mensagens de estudantes chegando em qualquer momento do dia, trouxe 
preocupação e, ao mesmo tempo, trouxe angústia, por não atender de maneira adequada, devido as 
dificuldades de acesso à internet própria. Muito professores tiveram que superar as dificuldades de 
formação específicas para os ambientes virtuais e, muitas vezes, também a falta de qualificação que 
deveria ter sido ofertada pelas instituições as quais estão vinculados (HERRERA et al., 2020). Mesmo 
assim, os professores se permitiram dar essa aula remota para alcançarem os seus objetivos didáticos 
de promover a construção do conhecimento e a formação integral dos estudantes (TEIXEIRA, 2021). 
Em um passado pouco remoto, as tecnologias digitais, como o celular e o tablet, eram 
inimigas dos professores na sala de aula. Tais dispositivos disputavam espaços entre as aulas, o 
professor acabava por se sentir ineficiente nessa “luta,” onde quem ganhava era sempre o celular. 
Entretanto, o ensino remoto nos ensinou que esses aparatos podem ser aliados nas práticas docentes. 
Portanto, a perspectiva para os próximos anos é que as TIC, se afirmem ainda mais nas práticas dos 
professores como forma de diminuir as distâncias entre os estudantes e os conhecimentos construídos 
no decorrer dos tempos. A questão que se coloca é: como proporcionar oportunidade de acesso às 
tecnologias para todos? 
Na avaliação dos efeitos da declaração de estado de pandemia sobre o ensino, é importante 
considerar o aspecto quantitativo. Com a paralisação das aulas presenciais, a saída para manter as 
metas de escolarização foi o ensino mediado por tecnologia na forma de aulas síncronas e assíncronas, 
e em grande parte, por tecnologias digitais. Essas aulas dividiram opiniões entre os professores, porém 
entre os estudantes, o descontentamento com o sistema parece ser predominante pois, segundo 
Mendes, Luz e Pereira (2021), 91,4% dos estudantes entrevistados na sua pesquisa disseram preferir o 
ensino presencial. Um fator que pode ter colaborado com isso foi o fato de que, mesmo com a 
mediação tecnológica, os professores, nem sempre, estavam capacitados para tirar o melhor proveito 
dessas ferramentas e muitos apenas reproduziam a tradicional aula expositiva (TEIXEIRA, 2021). No 
contexto moçambicano, quando se perguntou aos gestores de plataformas e docentes da UniRovuma a 
respeito de qual seria a sugestão deles como forma de enfrentar futuras situações de pandemia? 33,3% 
dos gestores de plataformas afirmaram que havia uma necessidade de capacitar os utentes a todos os 
níveis e que não se parasse de utilizar estes meios garantindo para que todos tivessem domínio. 
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Enquanto, para 50% dos docentes é necessário, não apenas dotar as instituições e os atores de recursos, 
mas também é preciso capacitá-los (Maia, 2022:733). 
O Instituto Sonho Grande (2021) apontou que 46% dos pais e responsáveis perceberam falta 
de motivação dos estudantes do ensino remoto para o cumprimento das atividades escolares em maio 
de 2020, porém em junho do mesmo ano esse número aumentou para 53%, impulsionado pela 
dificuldade de compreensão do conteúdo (31%) e falta de interesse (29%), quando se fala de ensino 
médio. 
Apesar desse número considerável de estudantes que desaprovam a metodologia de ensino 
remoto, Teixeira (2021) constatou que 48% dos professores acreditam que os objetivos de 
aprendizagem foram totalmente alcançados enquanto apenas 12% não concordam que os objetivos de 
aprendizagem tenham sido realmente alcançados, os demais 40% afirmam que esses objetivos foram 
parcialmente alcançados. Isso demonstra que a metodologia pode sim ser eficiente, ou que existe uma 
enorme discordância entre os que ensinam e os que devem aprender. 
 
O Ensino Formal Na Zona Leste De Manaus Brasil 
Segundo o que foi levantado por Carvalho (2021), a Zona Leste é a segunda regiãomais 
populosa da cidade de Manaus. Com 542.593 habitantes, esse conjunto de bairros está em plena 
expansão, mas apresenta situação de vulnerabilidade das famílias ocupantes das suas áreas mais 
periféricas. Conforme conta Batista (2016), a chamada Zona Leste surgiu a partir das migrações de 
interioranos em busca de melhores condições de vida na Zona Franca de Manaus, a qual foi criada 
conforme os planos desenvolvimentistas da década de 70, sob pressão do capital internacional. 
O êxodo rural inflou a cidade de modo que as ocupações irregulares (também conhecidas 
como invasões), juntamente com o crescimento demográfico começaram a dar origens a novos bairros 
que, por sua vez, se mostraram carentes de políticas públicas, tais como saneamento e serviços de 
saúde, segurança e educação. O comércio informal, também é uma característica marcante do início 
desse processo de ocupação dos espaços urbanos que contempla o Centro Comercial da Zona Leste, no 
bairro de São José Operário, um dos bairros que faz parte desse complexo urbano (CALDAS, 2009). 
Quanto ao sistema formal de ensino, a Zona Leste de Manaus conta com 34 escolas da rede 
estadual e 162 da rede municipal, contemplando desde a creche, o pré-escolar, o ensino fundamental e 
o ensino médio nas modalidades regular e educação de jovens e adultos (AMAZONAS, 2022) 
(MANAUS, 2022). 
Ainda em plena expansão, a Zona Leste de Manaus se apresenta como uma área ocupada, em 
boa parte, por famílias em estado de vulnerabilidade social, com muitos bairros que apresentam falta 
de urbanização, ou ainda, outras condições de precariedade. Dentro deste contexto, se percebe que o 
ensino, nestas comunidades, deve atuar como importante vetor social na recuperação da dignidade da 
população necessitada, tanto no ensino regular como na modalidade de Educação de jovens e Adultos 
EJA. 
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Dada a importância social e econômica da Zona Leste para o município de Manaus, e pelo 
convívio, que dos autores tivveram com os efeitos que a pandemia causou sobre o ensino formal, por 
ser seu ambiente de atuação no magistério foi elaborado um projeto de pesquisa, visando analisar, de 
maneira quali-quantitativa como se deu o uso das TIC no ensino de matemática, considerando o 
período de ensino remoto, Com os dados a serem coletados, poderemos fazer uma reflexão mais 
apurada sobre o que deve ser melhorado no uso das TIC em favor do ensino. Acreditamos que as 
tecnologias são desenvolvidas para trazerem qualidade de vida aos seres humanos, pois é isso que 
deve estar subentendido quando uma máquina passa fazer o que antes era feito por um ser humano. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste artigo, tentamos fazer uma abordagem meta-cultural a respeito do ensino híbrido em 
tempo de pandemia, abordando o contexto da zona leste de Manaus, Brasil e Nampula em 
Moçambique. Até agora, o acontecimento mais conturbado para a humanidade no século XXI foi, sem 
dúvida, o advento da emergência sanitária (Covid-19), entretanto esse trágico acontecimento 
desencadeou uma transformação nos métodos tradicionais de ensino, pois toda a estrutura da educação 
seja básica assim como a do Ensino Superior, fragilizada para o uso de tais aparatos tecnológicos 
precisou se adaptar e se reinventar para a manutenção do currículo e garantir a continuidade do 
Processo de Ensino – Estudo- Aprendizagem (PEEA) frisado no estudo feito em Nampula. 
Mesmo com muitas perdas, o andamento regular da educação, durante o período de pandemia, 
houve seu restabelecimento com a introdução das TIC no ensino regular ainda neste momento, novas 
metodologias ganharam notoriedades e ficaram conhecidas como Metodologias Ativas. 
O ensino remoto e o híbrido foram aplicados na educação básica, modificando a maneira de 
ensinar, e trazendo outras preocupações à tona. A necessidade de acesso aos equipamentos eletrônicos 
e à internet, tão necessários para efetivação dessa modalidade de ensino escancararam uma das facetas 
da tamanha desvantagem socioeconômica que acomete a maioria dos estudantes das escolas públicas 
brasileiras assim como no contexto moçambicano. 
Não seria diferente na Zona Leste de Manaus, Brasil, uma pequena amostra dentro de uma 
realidade comum em qualquer Estado da federação. O ensino remoto expôs as nossas feridas, mas nos 
deu um start para um futuro após esse fenômeno em termos de ampliar a qualidade do planejamento 
sistêmico da infraestrutura instalada nos ambientes educativos escolares e obviamente fortalecer as 
políticas de investimento na infraestrutura tecnológica disponível nos contextos escolares em todas as 
esferas. 
Hoje, não é mais possível pensar na educação, seja básica assim como superior, sem a 
mediação tecnológica, sem a introdução das TIC, mesmo porque, muitas ferramentas foram criadas 
para facilitar a aprendizagem e garantir a continuidade do PEEA. Com isso, se reconhece a tendência 
de que os métodos de ensino pós-pandêmico já apontam, não só para a incorporação das TIC na sala 
de aula regular, mas acima de tudo, como também conclui-se que o estudo feito em Nampula indica 
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que, o futuro do PEEA em nosso contexto passa necessariamente pela apropriação e agregação das 
TICs no campo da educação formal, o que significa que, as tecnologias também são e servem para 
fazer educação, sendo necessário caminhar pari passu com evolução tecnológica. 
 
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