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Atualização do livro Manual de 
Processo Penal – edição 2020
Introdução
Pacote Anticrime
Os efeitos da reforma ao Código de Processo Penal.
No dia 23 de janeiro de 2020 entrou em vigor a Lei 13.964/2019 que acarretou a 
alteração de 16 artigos do Código de Processo Penal, além de outros dez dispositivos 
do Código Penal, sem contar as profundas inovações na legislação extravagante de 
natureza penal e processual penal. Conhecido como Pacote Anticrime, esse novo 
diploma legal que teve um período de vacatio legis de apenas trinta dias, ao arrepio 
de todas as orientações disciplinadas na Lei Complementar no 95/1998, que exige do 
legislador bom senso no momento de fixar o tempo entre a publicação e a vigência 
da lei, levando em conta a sua complexidade, bem como repercussão para a vida em 
sociedade, trouxe muito mais problemas para o ordenamento jurídico brasileiro do 
que propriamente mecanismos legais capazes de conter, ainda que minimamente, a 
criminalidade endêmica do nosso país.
Por ironia do destino, ao menos no que diz respeito ao Processo Penal, o aspecto 
mais importante da Lei 13.964/2019 está naquilo que não fez parte do seu texto 
original, mas sim por intermédio de uma inserção proposta por alguns parlamentares 
no bojo do processo legislativo. Trata-se da criação do instituto do Juiz das Garantias, 
que não tem por escopo combater a delinquência, mas sim o arbítrio institucionalizado 
por um Código de Processo Penal de 1941, idealizado e redigido por juristas nascidos 
na segunda metade do século XIX.
Há muitos anos parte da doutrina vinha anunciando que o caráter inquisitivo 
do inquérito policial estaria com os dias contados em razão da estrutura processual 
contemplada pelo Novo Código de Processo Penal, ainda em trâmite no Congresso 
Nacional, provavelmente carcomido pelo tempo, entre traças, poeira e mofo. A tese 
tinha como fundamento a criação de um juiz para atuar na investigação, assegurando 
o contraditório em vários momentos dessa fase tão delicada da persecução penal. 
2 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Inesperadamente, tal realidade se consolidou com a edição da lei em comento, 
que antecipou diversas alterações, entre elas o mencionado juiz envolvido no 
procedimento investigatório. A esse magistrado caberia decidir sobre decretação de 
medidas assecuratórias, busca e apreensão domiciliar, interceptação das comunicações 
telefônicas, trancamento do inquérito policial via habeas corpus, entre outras atribuições. 
Sua atividade cessaria no momento em que recebesse a denúncia ou queixa. A partir da 
instauração do processo seria sucedido pelo juiz da instrução e julgamento.
Apesar de todo o avanço jurídico, o Supremo Tribunal Federal, em decisão de 
caráter liminar, proferida pelo Ministro Luiz Fux, suspendeu a eficácia dos arts. 3o-A 
ao 3o-F, ainda pendente de deliberação do Plenário. A medida foi tomada sob o 
fundamento de suposta violação às normas constitucionais de ordem orçamentária 
que afetam o Poder Judiciário. Não obstante a controvérsia no âmbito da Suprema 
Corte, seja qual for a sorte da ação de inconstitucionalidade em andamento, pode-
se afirmar que, finalmente, o Congresso Nacional promoveu na legislação pátria 
um importantíssimo movimento no sentido de adequá-la ao Sistema Acusatório, 
contemplado pela atual Constituição da República, mediante o qual se assegura ao 
investigado maior amplitude de defesa na etapa administrativa de apuração do delito.
A propósito, se consolidado o posicionamento em favor do Juiz das Garantias, 
diversas normas constantes no Código de Processo Penal serão direta ou indiretamente 
afetadas, como no caso do art. 12 do Código de Processo Penal. Como sabido, o 
inquérito é um procedimento formal. E por essa razão, tudo que for investigado 
deverá ser reduzido a termo e cada folha juntada aos autos deverá ser rubricada pela 
autoridade policial (art. 9o do CPP). O art. 12 do Código de Processo Penal sempre 
serviu de exemplo que reforça o caráter escrito do inquérito policial ao estabelecer que 
quando a denúncia e a queixa se basearem em inquérito policial, este acompanhará as 
respectivas exordiais acusatórias. Entretanto, com o advento Lei 13.964/2019, a partir 
do momento em que o art. 3o-C, § 3o, do Código de Processo Penal, passar a produzir 
seus devidos efeitos, tal dispositivo estará tacitamente revogado, em decorrência de 
os autos do inquérito não poderem mais acompanhar a denúncia ou queixa. A nova 
regra visa impedir que o juiz da instrução sofra algum tipo de influência daquilo que 
fora realizado no curso da investigação submetida ao controle do Juiz das Garantias.
Ainda com relação à fase administrativa da apuração do crime, de acordo com a 
regra contida no art. 10 do Código de Processo Penal, o inquérito deve ser remetido a 
juízo no prazo de 10 (dez) dias se o indiciado estiver preso e 30 (trinta) dias se estiver 
solto (art. 10 do CPP), mesmo que não concluído, caso em que a autoridade policial 
poderá solicitar a devolução dos autos para a realização de diligências imprescindíveis 
ao oferecimento da denúncia. Deferido o requerimento de baixa, os autos retornarão 
à polícia judiciária para que conclua as devidas diligências dentro do prazo que o juiz 
fixar, desde que o indiciado se encontre em liberdade.
Por sua vez, a Lei 13.964/2019, em seu art. 3o-B, § 2o, trouxe a possibilidade 
de prorrogação do inquérito policial, por uma única vez, pelo prazo de 15 (quinze) 
dias, a ser determinada pelo Juiz das Garantias, mesmo em se tratando de investigado 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 3
segregado ao cárcere. Ultrapassado o tempo da prorrogação sem que a investigação 
tenha sido concluída, a prisão tornar-se-á ilegal, devendo o relaxamento se sobrepor 
à constrição da liberdade como medida de contracautela. Mais uma vez vale lembrar 
que a nova regra encontra-se com a eficácia suspensa por decisão do Supremo 
Tribunal Federal, mantendo-se, por enquanto, a aplicação da norma expressa no art. 
10 do Código de Processo Penal, excetuando-se as hipóteses previstas na legislação 
extravagante, como preceitua a Lei de Drogas (art. 51 da Lei 11.343/2006).
Em relação aos prazos de conclusão do inquérito policial não se pode perder 
de vista o que dispõe o art. 31 da Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019), 
contemporânea ao Pacote Anticrime, que passou a incriminar a conduta daquele 
que, dolosamente, “estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em 
prejuízo do investigado ou fiscalizado”, em consonância com o Princípio da Razoável 
Duração do Processo.
No que tange à conclusão do procedimento inquisitivo, a Lei 13.964/2019 
revogou o art. 28 do Código de Processo Penal a fim de permitir o arquivamento do 
inquérito policial diretamente pelo representante do Ministério Público, sem que a 
medida se sujeitasse ao controle do Poder Judiciário. Caberia apenas ao promotor de 
justiça comunicar o ato à autoridade policial e aos interessados (indiciado e vítima), 
submetendo, em seguida, os motivos de sua decisão à apreciação de um órgão revisor 
dentro da própria instituição para um reexame necessário.
Apesar de o novo art. 28 representar uma antiga reivindicação do Ministério 
Público, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela suspensão da eficácia do dispositivo 
em tela. O fundamento do pedido de liminar suscitado na ADI 6298 MC/DF, deferido 
pelo Ministro Luiz Fux, baseia-se na suposta violação às normas constitucionais 
relativas à autonomia e gestão administrativa e financeira do Ministério Público.
Contudo, os mais controvertidos pontos da Lei 13.964/2019 não giram em 
torno do Juiz das Garantias ou do inquérito policial, mas sim no que diz respeito ao 
acordo de não persecução penal (Art. 28-A). É sabido que a atual Constituição da 
República consagrou o que chamamos de Justiça Penal Consensual ao dispor sobre os 
Juizados Especiais Criminais. Antevendo a atravancamento dos processos judiciais que 
ocorreria anos maistarde, culminando na proporção de quase um processo para cada 
dois brasileiros, o legislador constituinte lançou as bases para a realização de acordos 
no âmbito criminal.
A Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) regulamentou 
definitivamente a matéria, instituindo três medidas despenalizadoras com o objetivo 
de evitar o oferecimento da acusação e a eventual instauração do processo, ou, 
quando não possível, a sua suspensão mediante o preenchimento de certas condições. 
A composição civil e a transação penal cumpriram a primeira tarefa, permitindo, 
respectivamente, as negociações de reparação do dano e cumprimento imediato de 
pena não privativa de liberdade como forma de solucionar a questão de natureza 
penal, sem a necessidade de demandar em busca da pacificação social.
4 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Diante do novo diploma legal, a doutrina passou a apregoar que o instituto 
da transação penal teria mitigado o Princípio da Obrigatoriedade, segundo o qual 
o Ministério Público deve demandar contra o suposto autor da infração penal nas 
situações em que estejam presentes os elementos mínimos para o oferecimento da 
denúncia. Com a Lei 9.099/1995 tal obrigação teria sido atenuada em virtude da 
possibilidade da negociação penal em tela, pois mesmo possuindo todas as condições 
para deflagrar a fase judicial da apuração do crime, o promotor de justiça não o faria 
quando ausentes as vedações elencadas no art. 76, § 2o, I, II, III, da Lei 9.099/1995.
Por sua vez, a Lei 13.964/2019 ao criar o chamado acordo de não persecução penal 
acentuou ainda mais a mitigação ao Princípio da Obrigatoriedade. Mediante o negócio 
jurídico (processual) disciplinado no art. 28-A do Código de Processo, com redação 
determinada pela lei em comento, o Ministério Público poderá deixar de promover a 
ação penal, caso todos os requisitos subjetivos e objetivos para a sua celebração estejam 
presentes, como a existência de procedimento investigatório que não se coadune às 
hipóteses de arquivamento; a infração penal não tiver como elementar a violência ou a 
grave ameaça, e a pena mínima cominada for inferior a quatro anos; ter o investigado 
confessado formalmente, e voluntariamente, ser o autor da infração penal; a infração 
não ter sido cometida no âmbito da violência doméstica ou familiar contra a mulher; 
o investigado não ter sido beneficiado nos últimos cinco anos por transação penal ou 
suspensão condicional do processo etc.
Importante destacar que o texto da lei não trouxe proibição expressa no que se refere 
à possibilidade de proposta do acordo de não persecução penal no caso de prática de 
crimes hediondos ou a estes equiparados. Considerando que o ordenamento jurídico 
deve obedecer aos comandos da Constituição da República, que define a separação 
dos Poderes como Princípio Fundamental do Estado brasileiro, não cabe ao intérprete 
proibir aquilo que o legislador não o fez quando do exercício de sua função típica de 
legislar, caso contrário estaria realizando analogia in malam partem, vedada na esfera 
penal. Conclui-se, portanto que não havendo vedação prevista no texto legal, e o fato 
criminoso se enquadrar nas condições cumulativas elencadas no caput do artigo 28-A 
para a sua propositura, não haverá óbice para que o Membro do Ministério Público 
ofereça o acordo de não persecução penal ao investigado.
A aceitação da proposta pelo acusado implicará no compromisso do beneficiado 
de reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; 
renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos ou proveito do crime, prestar serviço à comunidade ou a entidades 
públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de 
um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do 
Código Penal, a entidade pública ou de interesse social, que tenha, preferencialmente, 
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente 
lesados pelo delito; ou cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada 
pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal 
imputada.
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 5
O acordo de não persecução penal dependerá de homologação do juiz, que poderá 
recusá-lo caso entenda não terem sido respeitados os requisitos legais acima citados, 
ou quando considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições firmadas. 
Nessas hipóteses, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que seja 
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
Ao contrário do que foi previsto sobre o Juiz das Garantias, o acordo de não 
persecução penal está em pleno vigor, e os operadores do Direito vêm encontrando 
inúmeras dificuldades no enfrentamento de algumas questões fundamentais. No 
caso de descumprimento, por exemplo, quem terá competência para revogar o pacto 
homologado? E caso seja uma atribuição do promotor de justiça, este será o que atua 
na Vara de Execuções Penais ou aquele que formulou a proposta? O acordo de não 
persecução penal poderá ser oferecido apenas antes do oferecimento da denúncia ou 
em qualquer fase do processo penal?
Quanto ao instituto da prisão cautelar, a Lei 13.964/2019 se antecipou aos planos 
de alguns parlamentares que visavam alterar o Código de Processo Penal, aos moldes 
do Projeto de Lei no 554/2011, que procurava inserir ao art. 306 a audiência de 
custódia, instituto que vem sendo aplicado na prática desde 2016, como efeito de 
diversos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, entre eles a Convenção 
Interamericana de Direitos Humanos – Pacto de San Jose da Costa Rica, e o Pacto 
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, segundo os quais o preso deve ser 
apresentado, sem demora, à presença do magistrado. Nesse sentido, a Lei 13.964/2019 
cumpriu a exigência das normas supralegais ao introduzir a audiência de custódia ao 
texto do art. 310 do Código de Processo Penal: “Após receber o auto de prisão em 
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, 
o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado 
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, 
nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos 
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes 
as medidas cautelares diversas da prisão; ou conceder liberdade provisória, com ou 
sem fiança.”. Aguardamos, por enquanto, o que irá prevalecer no Supremo Tribunal 
Federal sobre o parágrafo quarto do mesmo artigo que também se encontra com a 
eficácia suspensa.
Se por um lado nos sentimos obrigados a homenagear a iniciativa do legislador 
no que diz respeito à nova redação dada ao art. 310 do Código de Processo Penal, em 
contrapartida lamentamentos a infeliz inserção da norma contida ao parágrafo segundo 
do mesmo dispositivo. Não obstante o consolidado entendimento dos Tribunais 
Superiores no sentido de que não se pode presumir a necessidade da prisão com base na 
gravidade abstrata do delito, ficou estabelecido no texto atual que “se o juiz verificar que 
o agente é reincidente ou integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta 
arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas 
cautelares.”. Mais uma vez pretende o legislador subtrair do magistrado a análise dos 
6 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
elementos concretos revelados nos autos do inquérito ou do processo para que se possa 
determinar a constrição da liberdade, antecipando assim uma conclusão a ser elaborada 
na mente de quem detém o poder jurisdicional. Aliás, com tal dispositivo olegislador 
não se limitou a afrontar a doutrina e a jurisprudência no que se refere à disciplina 
da prisão, mas também ao que ele próprio disciplinou no Código de Processo Penal, 
mais precisamente nos arts. 312, caput, e § 2o; 313, § 3o; 315, II. Um contrasenso 
inadmissível, e que deve ter a mesma sorte das nefastas normas outrora repudiadas pela 
Suprema Corte, por pretenderem instituir a famigerada prisão automática.
O art. 311 do Código de Processo Penal, também alcançado pela recente reforma, 
passou a dispor que “em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, 
caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, 
do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial”. Nota-se 
que o legislador positivou o entendimento já pacificado na doutrina e na jurisprudência 
sobre a inadmissibilidade do decreto prisional de ofício, tanto na fase do inquérito 
policial (hipótese que já havia sido rechaçada pela Lei 12.403/2011), quanto na fase 
do processo penal.
Se o juiz decretasse a prisão preventiva de ofício na fase da investigação policial, 
estaria antecipando uma análise que somente poderia ser feita pelo Ministério Público. 
Ao receber o inquérito policial, o promotor de Justiça irá avaliar as provas colhidas 
durante a investigação, a fim de averiguar a existência de justa causa para a propositura 
da ação penal. Considerando a exigência legal de um conjunto probatório significativo 
para a decretação da prisão preventiva, capaz de demonstrar a tendência de ocorrer 
condenação ao final do processo (fumus boni iuris), e que para a propositura da ação 
penal basta a existência de indícios da materialidade e autoria, a decretação, nesse 
momento, já estaria deixando entrever que o promotor teria provas mais do que 
suficientes para denunciar. Seria um contrassenso afirmar existir prova que justifique 
a constrição da liberdade, porém insuficiente para originar um processo. Em suma, 
se há prova para prender, então há mais do que o necessário para denunciar. O juiz, 
decretando a prisão preventiva de ofício na fase do inquérito, não daria outra opção 
ao Ministério Público a não ser promover a ação penal. Entretanto, a análise quanto 
à essa iniciativa não pertence ao judiciário, mas sim ao Ministério Público, na ação 
penal pública, em que o promotor forma livremente a opinio delict, ou ao ofendido, 
ou seu representante legal, na ação penal privada.
A prisão preventiva decretada por livre iniciativa do juiz na segunda fase da 
persecução penal também se mostrava ofensiva ao Sistema Acusatório, segundo o 
qual as funções de acusar e defender não podem ser entregues a um dos órgãos que 
compõem a relação processual. A adoção desse sistema pela Constituição da República 
visa garantir a imparcialidade do órgão julgador. A possibilidade de o magistrado 
decretar a prisão preventiva no curso do processo sem que houvesse a provocação 
dos interessados o colocaria em posição de suspeição, por representar uma incoerente 
medida de quem, na contramão da ordem constitucional, demonstraria algum 
interesse em se aliar à acusação.
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 7
A medida cautelar extrema da prisão preventiva continua não comportando prazo. 
Quando decretada pelo juiz, subsistirá enquanto os motivos que ocasionaram a sua 
deflagração perdurarem. A liberação do preso dependerá de revogação determinada 
pelo próprio juiz que a originou, ou pelo tribunal, mediante provocação ou de ofício. 
Nos dois casos, haverá a expedição de alvará de soltura.
Embora a Lei 13.964/2019 tenha preservado a regra acima sobre a possibilidade 
de se manter o acusado preso enquanto não desaparecerem os motivos que serviram de 
fundamento para a segregação cautelar, por outro lado acrescentou o parágrafo único 
ao art. 316 do Código de Processo Penal, a fim de impor ao juiz, ou ao Tribunal, o 
reexame da necessidade da custódia a cada 90 (noventa) dias: “Decretada a prisão 
preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção 
a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de 
tornar a prisão ilegal.”. 
Por se tratar de medida cautelar, para a decretação da prisão preventiva permanece 
intacta a necessidade de se conjugar os elementos que compõem o fumus boni iuris 
(fumus comissi delicti) – traduzidos como a possibilidade maior de condenação ao 
final do processo, uma vez constatadas as provas da existência do crime e indícios 
suficientes da autoria – com algum dos elementos que indique o periculum in mora 
(periculum libertatis), entendido como a imprescindibilidade de antecipação daquilo 
que tende a ocorrer ao final do processo, ou seja, a prisão. Logo, se periculum in 
mora deve ser interpretado como a necessidade da prisão, qualquer um dos demais 
elementos contidos no art. 312 do Código de Processo Penal estaria de pleno 
acordo com essa concepção, como a garantia da ordem pública, a garantia da ordem 
econômica, conveniência da instrução criminal e asseguração da aplicação da lei penal. 
O “perigo gerado pelo estado de liberdade”, incluído pela Lei 13.964/2019, destaca-se 
pela despicienda redundância, pois trata-se de uma expressão genérica representativa 
das circunstâncias anteriormente mencionadas.
A Lei 13.964/2019 inseriu ainda uma série de dispositivos sobre a prisão preventiva 
com o único intuito de trazer para o corpo da lei o entendimento já consolidado pelos 
Tribunais Superiores. A inovação legislativa alterou o art. 315, § 2o, do Código de 
Processo Penal, estabelecendo que “não se considera fundamentada qualquer decisão 
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I- limitar-se à indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou 
a questão decidida; II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o 
motivo concreto de sua incidência no caso; III – invocar motivos que se prestariam 
a justificar qualquer outra decisão; IV- não enfrentar todos os argumentos deduzidos 
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento. E, em complemento, a qualquer uma das 
8 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
hipóteses acima, aplica-se o recém-criado inciso V, do art. 564 do Código de Processo 
Penal, que considera nula qualquer decisão judicial carente de fundamentação.
No âmbito das provas, a Lei 13.964/2019 renovou a malfadada proposta com 
o fulcro de criar mais um caso de impedimento do juiz, além daqueles já previstos 
na legislação pátria, decorrente do reconhecimento de uma prova contida nos autos 
produzida por meios ilícitos (art. 157, § 5o, do Código de Processo Penal). Dessa vez, 
não foi o veto presidencial que derrubou a pretensão do legislador, como ocorrera 
em relação à Lei 11.690/2008, mas sim a decisão proferida pelo Ministro Luiz Fux, 
do Supremo Tribunal Federal, suspendendo a eficácia do referido dispositivo pelos 
termos expostos abaixo: “O § 5o do art. 157 é também danoso ao princípio do juiz 
natural, por ser norma de competência que não fornece critérios claros e objetivos 
para sua aplicação. Como redigido, o preceito pode resultar na criação de situações 
em que a produção de prova eventualmente nula sirva como instrumento deletério 
de interferência na definição do juiz natural (CF, art. 5o, LIII), abrindo brecha para 
a escolha do magistrado que examinará o processo-crime, vulnerando-se, por via 
transversa, o postulado constitucional em questão.”.
Contudo, ao capítulo destinado ao exame de corpo de delito e outras períciashouve um acréscimo de mais um instituto em matéria processual: a cadeia de custódia. 
Disciplinada nos arts. 158-A ao 158-F do Código de Processo Penal é definida como 
o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua 
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. Embora a novidade 
legislativa mereça aplausos por almejar maior segurança quanto à preservação da 
prova, reduzindo assim os riscos de sua contaminação em razão de questões de ordem 
meramente administrativas, entendemos que o tema deveria ter sido tratado por lei 
específica, engrossando o rol das leis extravagantes de natureza criminal.
No tocante aos procedimentos, ao contrário do ocorrido em 2008, quando 
a reforma ao Código de Processo Penal atingiu sobremaneira esse tema, dessa vez 
nenhuma alteração foi promovida, exceto quanto ao rito do Tribunal do Júri. De 
acordo com o novo texto atribuído ao art. 492, I, e, do Código de Processo Penal, 
foi inserido o abominável instituto da execução provisória da sentença condenatória, 
outrora rechaçado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão plenária. Entendemos, 
por conseguinte, que a sorte do dispositivo em comento não poderá ser outra senão o 
reconhecimento de sua inconstitucionalidade.
Em contrapartida, feliz tratamento deu o legislador aos casos de decretação de 
perdimento de obras de arte ou de outros bens de valor cultural ou artísticos com a 
inserção do art. 124-A ao Código de Processo Penal. Não havendo vítima determinada, 
tais objetos poderão ser destinados a museus públicos. Torcemos, entretanto, para 
que não virem pedaços de carvão como efeito do total abandono direcionado ao 
patrimônio cultural brasileiro.
Muito oportuna também a inserção do art. 133-A ao dispor que o juiz poderá 
autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 9
ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos 
no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, 
da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o 
desempenho de suas atividades. Há muito tempo a sociedade questionava a razão 
de o poder público não se utilizar dos bens sequestrados e apreendidos no combate à 
criminalidade.
Com o passar do tempo os institutos acima apresentados poderão ser analisados 
com mais profundidade, principalmente após testados na rotina dos Tribunais, e 
debatidos pelos operadores do Direito, que levarão à tona as experiências adquiridas 
entre erros e acertos no âmbito da prática forense. Que as arestas venham ser aparadas 
sem perder de vista que o Direito voltado para fins estranhos ao bem-estar do indivíduo 
não passa de um emaranhado de papel e tinta no qual os protagonistas continuarão 
sendo os fictícios Tício, Caio e Mévio dos enunciados das questões de prova.
Sergio Ricardo do Amaral Gurgel é advogado criminalista, sócio em COSTA, MELO 
& GURGEL Advogados; autor da Editora Impetus; professor de Direito Penal e 
Direito Processual Penal; e-mail: contato@cmgadvogados.com.br
Flávia Duarte Mantiolhe é advogada, pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil; 
graduanda em Ciências Penais e Segurança Pública; aprovada no concurso público para 
o cargo de analista jurídico do Ministério Público do Estado de São Paulo; Consultora 
Editorial da Editora Impetus.
Pág. 8/9 – Capítulo 3: Inserir, logo após, o parágrafo que começa com: “Ainda sobre 
o tema...”, o julgado também do STJ, ficando assim:
Ainda sobre o tema retratação, deve-se observar a Lei no 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha), que trouxe inovações em relação ao instituto pela exigência da realização 
de uma audiência específica nos casos em que a vítima tenha se retratado. De acordo 
com o art. 16 da lei supracitada, a retratação da representação somente será admitida 
em audiência especialmente designada com tal finalidade, perante o juiz, e antes do 
recebimento da denúncia.
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. INADE-
QUAÇÃO. LESÃO CORPORAL NO CONTEXTO DE VIOLÊN-
CIA DOMÉSTICA E ESTUPRO. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA PELA 
RETRATAÇÃO DA VÍTIMA. RESE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
A Lei Maria da Penha disciplina procedimento próprio para que a vítima possa 
eventualmente se retratar de representação já apresentada. Dessarte, dispõe o 
art. 16 da Lei no 11.340/2006 que, “só será admitida a renúncia à representação 
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade” (HC 
371.470/RS, Rel. Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 
TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 25/11/2016). Considerando que, no 
caso em apreço, a retratação da suposta ofendida ocorreu somente em cartó-
10 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
rio, sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação 
do ato, correto posicionamento da Corte de origem ao elucidar tal ilegalidade 
e cassar a decisão que rejeitou a denúncia com base unicamente na retratação 
(HC 138.143/MG, Rel. Min. RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, 
julgado em 03/09/2019, DJe 10/09/2019).
A audiência do art. 16 da Lei no 11.340/2006 deverá ser designada especial-
mente para fins de retratação, tão somente após concreta manifestação da 
vítima nesse sentido, para formalização do ato. A designação de ofício da 
referida audiência, sem qualquer manifestação anterior da vítima, contraria 
o texto legal e impõe à vítima a necessidade de ratificar uma representação já 
realizada. Entender pela obrigatoriedade da realização da audiência sempre 
antes do recebimento da denúncia, e sem a manifestação anterior da vítima 
no sentido vontade de se retratar, seria o mesmo que criar uma nova condi-
ção de procedibilidade para a ação penal pública condicional que a própria 
provocação do interessado, contrariando as regras de direito penal e proces-
sual penal. Audiência que deve ser entendida como forma de confirmar a re-
tratação e não a representação (HC 179.446/PR, Rel. Min. GILSON DIPP, 
QUINTA TURMA, julgado em 03/05/2012, DJe 10/05/2012).
Pág. 47 – Capítulo 4. – No item: 4.1. Características do Inquérito Policial: 
4.1.1. Escrito
O inquérito é um procedimento formal. Sendo assim, tudo que for investigado 
deverá ser reduzido a termo e cada folha juntada aos autos deverá ser rubricada pela 
autoridade policial (art. 9o do CPP). Quando usado para embasar a denúncia ou 
queixa, o inquérito acompanhará essas peças processuais, sendo a elas anexo (art. 12 
do CPP). 
OBS: O texto ficará da seguinte forma:
O inquérito é um procedimento formal. Sendo assim, tudo que for investigado 
deverá ser reduzido a termo e cada folha juntada aos autos deverá ser rubricada pela 
autoridade policial (art. 9o do CPP).
O art. 12 do Código de Processo Penal sempre serviu de exemplo que reforça o 
caráter escrito do inquérito policial ao estabelecer que quando a denúncia e a queixa se 
basearem em inquérito policial, este acompanhará as respectivas exordiais acusatórias. 
Entretanto, com o advento da Lei no 13.964/2019, a partir do momento em que o 
art. 3o-C, § 3o, do Código de Processo Penal, passar a produzir seus devidos efeitos, tal 
dispositivo estará tacitamente revogado, em decorrência de os autos do inquérito não 
poderem mais acompanhar a denúncia ou queixa. A nova regra visa a impedir que o 
juiz da instrução sofra algum tipo de influência daquilo que fora realizado no curso 
da investigação submetida ao controle do Juiz das Garantias. Abaixo, seguem as novas 
regras:
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 11
Art. 3o-C. (...)
§ 3o Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão 
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e 
não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamen-
to, ressalvados os documentosrelativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em 
apartado.
Pág. 49/50 – Capítulo 4: Inserir, texto com a reflexão se o Contraditório é Diferido??? 
Em parte Contraditório???? Com destaque para o trancamento do IP:
Atualmente, alguns autores sustentam que o caráter inquisitivo do inquérito 
policial estaria com os dias contados, em razão de o novo Código de Processo Penal, 
ainda em trâmite no Congresso Nacional, criar um “juiz das garantias” para atuar na 
investigação, assegurando, em vários momentos, o contraditório nessa fase. Entretanto, 
enquanto não entrarem em vigor as novas regras, podemos afirmar, com segurança, 
que o inquérito não é regido pelo contraditório, embora haja direito de defesa, porém, 
com evidentes restrições.
Há muito tempo parte da doutrina vinha anunciando que o caráter inquisitivo do 
inquérito policial estaria com os dias contados em razão da estrutura processual instituída 
pelo novo Código de Processo Penal, ainda em trâmite no Congresso Nacional. A tese 
tinha como fundamento a criação do Juiz das Garantias para atuar na investigação, 
assegurando o contraditório em vários momentos dessa fase da persecução penal. 
Inesperadamente, tal realidade se consolidou com a edição da Lei no 13.964/2019, 
que antecipou diversas alterações previstas no novo Código de Processo Penal, entre 
elas o referido juiz atuante no procedimento investigatório. Sendo assim, o que se 
pode afirmar no presente momento, é que caso o Supremo Tribunal Federal decida 
pela eficácia dos arts. 3o-A a 3o-F, finalmente o sistema processual brasileiro dará um 
dos seus mais importantes passos no sentido de se adequar ao Sistema Acusatório 
contemplado na Constituição da República, assegurando ao investigado maior 
amplitude de defesa na etapa administrativa de apuração do delito. 
Pág. 59 – Capítulo 4: Item 4.6.1: Prazo:. 
4.6. ConClusão do InquérIto
4.6.1. Prazo 
O inquérito policial será remetido a juízo no prazo de 10 dias se o indiciado estiver 
preso e 30 dias se estiver solto (art. 10 do CPP), ainda que não concluído, caso em 
que a autoridade policial poderá solicitar a devolução dos autos para a realização de 
diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia (somente quando o indiciado 
estiver solto). Deferido o requerimento, os autos retornarão à polícia judiciária para 
que conclua as devidas diligências dentro do prazo que o juiz fixar.
12 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
O texto ficará da seguinte forma:
O inquérito policial será remetido a juízo no prazo de 10 (dez) dias se o indiciado 
estiver preso e 30 (trinta) dias se estiver solto (art. 10 do CPP), ainda que não 
concluído, caso em que a autoridade policial poderá solicitar a devolução dos autos 
para a realização de diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Deferido 
o requerimento, os autos retornarão à polícia judiciária para que conclua as devidas 
diligências dentro do prazo que o juiz fixar.
A Lei no 13.964/2019, em seu art. 3o-B, § 2o, trouxe a possibilidade de prorrogação 
do inquérito policial, por uma única vez, pelo prazo de 15 (quinze) dias, pelo Juiz das 
Garantias, no caso do investigado preso. No entanto, será necessária representação da 
autoridade policial e oitiva do membro do Ministério Público. Passados os 15 (quinze) 
dias da prorrogação sem que a investigação tenha sido concluída, a prisão tornar-se-á 
ilegal devendo, portanto, ser relaxada. Vale lembrar que a nova regra encontra-se com 
a eficácia suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Ainda sobre o prazo de conclusão do inquérito policial, convém observar que a nova 
Lei de Abuso de Autoridade incriminou a conduta daquele que, dolosamente, “estender 
injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou 
fiscalizado”, na forma do art. 31 da Lei no 13.869/2019, e em consonância com o 
Princípio da Razoável Duração do Processo.
Pág. 61 – Capítulo 4; Inserir novo item com a numeração 4.6.5, ficando assim:
4.6.5. Arquivamento Direto pelo Ministério Público. O Novo Art. 28 do CPP
4.6.5. Arquivamento Direto pelo Ministério Público
A Lei no 13.964/2019 revogou o art. 28 do Código de Processo Penal a fim de que 
o Ministério Público pudesse determinar o arquivamento do inquérito policial, sem a 
necessidade de que a medida se submetesse ao controle do Poder Judiciário. Caberia 
apenas ao promotor de justiça comunicar o ato à autoridade policial e aos interessados 
(indiciado e vítima), submetendo, em seguida, os motivos de sua decisão à apreciação 
de um órgão revisor dentro da própria instituição para um reexame necessário.
Apesar de o novo art. 28 representar uma antiga reivindicação do Ministério 
Público, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela suspensão da eficácia do dispositivo 
em tela. O fundamento do pedido de liminar suscitado na ADI 6.298 MC / DF, 
deferido pelo Ministro Luiz Fux, baseia-se na suposta violação a normas constitucionais 
relativas à autonomia e gestão administrativa e financeira do Ministério Público.
Abaixo, segue o trecho da decisão do Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal 
Federal:
“Em análise perfunctória, verifico satisfeito o requisito do fumus boni iuris 
para o deferimento do pedido cautelar de suspensão do art. 28, caput, da 
Lei no 13.964/2019. Na esteira dos dados empíricos apresentados pela par-
te autora, verifica-se que o Congresso Nacional desconsiderou a dimensão 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 13
superlativa dos impactos sistêmicos e financeiros que a nova regra de arqui-
vamento do inquérito policial ensejará ao funcionamento dos órgãos minis-
teriais. Nesse sentido, a inovação legislativa viola as cláusulas que exigem pré-
via dotação orçamentária para a realização de despesas, além da autonomia 
financeira dos Ministérios Públicos. Na esteira do que já argumentado no 
tópico anterior, vislumbro, em sede de análise de medida cautelar, violação 
aos arts. 169 e 127 da Constituição. 
O periculum in mora também se encontra demonstrado na medida em que 
o dispositivo impugnado poderá entrar em vigor em 23/01/2020, sem que 
os Ministérios Públicos tenham tempo hábil para se adaptar estruturalmente 
à nova competência estabelecida. Não apenas há dificuldades operacionais 
relativas aos recursos materiais e humanos que precisarão ser deslocados para 
a implementação da medida. Anoto que questões operacionais simples dei-
xaram de ser resolvidas pelo legislador, como, por exemplo, a cláusula aberta 
trazida no caput do art. 28, ao determinar que o arquivamento do inquérito 
policial será homologado pela “instância de revisão ministerial”. A nova le-
gislação sequer definiu qual o órgão competente para funcionar como ins-
tância de revisão. (…)
Em análise perfunctória, verifico satisfeito o requisito do fumus boni iuris para 
o deferimento do pedido cautelar de suspensão do art. 28, caput, da Lei no 
13.964/2019. Na esteira dos dados empíricos apresentados pela parte autora, 
verifica-se que o Congresso Nacional desconsiderou a dimensão superlativa 
dos impactos sistêmicos e financeiros que a nova regra de arquivamento do 
inquérito policial ensejará ao funcionamento dos órgãos ministeriais. Nesse 
sentido, a inovação legislativa viola as cláusulas que exigem prévia dotação 
orçamentária para a realização de despesas, além da autonomia financeira dos 
Ministérios Públicos. Na esteira do que já argumentado no tópico anterior, 
vislumbro, em sede de análise de medida cautelar, violação aos arts. 169 e 
127 da Constituição. 
Ex positis, suspendo ad cautelam a eficácia do art. 28, caput, do Código de Pro-
cesso Penal, na redação dada pela Lei no 13.964/2019. Nos termos do art. 11, 
§ 2o, da Lei no 9.868/99, a redação revogada do art. 28 do Código de Processo 
Penal permanece em vigor enquanto perdurar esta medida cautelar”.
Pág. 61 – Capítulo 4; Inserir novo item com a numeração 4.6.6, ficando assim:4.6.6. O Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28-A)
4.6.6. O Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28-A)
A atual Constituição da República consagrou o que chamamos de Justiça 
Penal Consensual ao dispor sobre os Juizados Especiais Criminais. Antevendo o 
atravancamento dos processos judiciais que ocorreria anos mais tarde, culminando na 
proporção de quase um processo para cada dois brasileiros, o legislador constituinte 
lançou as bases para a realização de acordos no âmbito criminal. 
14 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
A Lei no 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) regulamentou 
definitivamente a matéria instituindo três medidas despenalizadoras no intuito de evitar 
o oferecimento da exordial acusatória e a eventual instauração do processo ou, quando 
não possível, a sua suspensão. A composição civil e a transação penal cumpriram a 
primeira tarefa, permitindo, respectivamente, as negociações de reparação do dano e 
cumprimento imediato de pena não privativa de liberdade como forma de solucionar 
a questão de natureza penal, sem a necessidade de demandar em busca da pacificação 
social.
Diante do novo diploma legal, a doutrina passou a apregoar que o instituto 
da transação penal teria mitigado o Princípio da Obrigatoriedade, segundo o qual 
o Ministério Público deve demandar contra o suposto autor da infração penal nas 
situações em que estejam presentes os elementos mínimos para o oferecimento da 
denúncia. Com a Lei no 9.099/95 tal obrigação teria sido atenuada em virtude da 
possibilidade do acordo penal em tela, pois mesmo possuindo todas as condições para 
deflagrar a fase judicial da apuração do crime, o promotor de justiça dessa forma não 
agiria quando ausentes as vedações elencadas no art. 76, § 2o, da Lei no 9.099/1995.
Por sua vez, a Lei no 13.964/2019, ao criar o chamado “acordo de não persecução 
penal”, contribuiu ainda mais no sentido de mitigar o Princípio da Obrigatoriedade. 
Por intermédio da negociação disciplinada no art. 28-A do Código de Processo, 
com redação determinada pela lei em comento, o Ministério Público poderá deixar 
de promover a ação penal caso todos os requisitos subjetivos e objetivos para a sua 
celebração estejam presentes: 1- existência de procedimento investigatório que não se 
coadune às hipóteses de arquivamento; 2- a infração penal não tiver como elementar 
a violência ou a grave ameaça, e a pena mínima cominada for inferior a quatro anos; 
3- ter o investigado confessado formalmente, e voluntariamente, ser o autor da 
infração penal; 4- a infração não ter sido cometida no âmbito da violência doméstica 
ou familiar contra a mulher; 5- o acordo se mostrar necessário e suficiente para a 
reprovação e prevenção do crime; 6- o investigado não for reincidente, e não houver 
elementos probatório da habitualidade de sua conduta, exceto se insignificantes as 
infrações pretéritas; 7- não ser o caso de proposta de transação penal; 8- o investigado 
não ter sido beneficiado nos últimos cinco anos por transação penal ou suspensão 
condicional do processo.
A aceitação da proposta pelo acusado implicará no compromisso do beneficiado 
de reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; 
renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos ou proveito do crime, prestar serviço à comunidade ou a entidades 
públicas correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois 
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Código 
Penal, a entidade pública ou de interesse social, que tenha, preferencialmente, como 
função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo 
delito; ou cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 15
O acordo de não persecução penal dependerá de homologação do juiz, que poderá 
recusá-lo caso entenda não terem sido respeitados os requisitos legais acima citados, 
ou quando considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições firmadas. 
Nessas hipóteses, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que seja 
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 
Pág. 63 – Capítulo 4: Inserir a seguinte observação no comentário da questão nº 
3, ficando assim:
03. (Cespe / Tribunal Regional Eleitoral / Analista Judiciário – Área Administrativa / Rio 
de Janeiro / 2012) 
1. Se o promotor de Justiça, após analisar as conclusões do inquérito policial, não 
apresentar denúncia, mas, ao contrário, pedir o arquivamento do inquérito, o juiz, se 
entender improcedentes as razões do promotor, deverá indeferir o pedido e determinar 
o imediato início da ação penal. 
2. O delegado de polícia não poderá instaurar inquérito policial para a apuração de crime 
de ação penal privada sem o requerimento de quem tenha legitimidade para intentá-la.
Comentário: 
Se o juiz entender improcedentes as razões invocadas pelo promotor de Justiça 
para o arquivamento do inquérito policial, remeterá os autos para o procurador-
geral de Justiça, a fim de que seja solucionada a controvérsia (art. 28 do CPP). Em 
hipótese alguma o juiz poderá determinar a abertura do processo por livre iniciativa, 
pois representaria grave ofensa ao sistema acusatório. Em crime de ação penal privada, 
o inquérito policial só poderá ser instaurado mediante requerimento do ofendido ou 
do seu representante legal (art. 5o, § 5o, do CPP). Somente a segunda afirmativa está 
correta.
Continuando o comentário sobre a questão acima, acrescento o segundo parágrafo:
Conforme mencionado no item 4.6.4, do Capítulo 4, desta obra, convém ressaltar 
o disposto no novo art. 28 do Código de Processo Penal, com redação determinada 
pela Lei no 13.964/2019. Se porventura o Supremo Tribunal decidir pela aplicação 
do dispositivo mencionado, o arquivamento do inquérito deixará de se sujeitar ao 
controle do Poder Judiciário.
Pág. 67/68 – Capítulo 4: Inserir observação no comentário da questão nº 11, 
ficando assim:
11. (Cespe / Tribunal Superior Eleitoral / Analista Judiciário / 2006) Assinale a opção 
correta acerca do inquérito policial. 
a) O trancamento de inquérito policial só se justifica em situações excepcionais, como 
no caso da investigação de conduta que não constitua crime em tese ou quando já 
estiver extinta a punibilidade, pois o inquérito é mecanismo genuinamente estatal das 
16 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
atividades de segurança pública, voltado à preservação de bens jurídicos, da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas.
b Aplica-se ao inquérito policial a garantia constitucional do contraditório e da ampla 
defesa, por tratar-se de processo destinado a decidir litígio. 
c) O indiciado e seu advogado têm direito de acessar as informações já introduzidas nos 
autos do inquérito policial e as relativas à decretação e à execução de diligências em 
curso, ainda não trazidas ao interior da investigação, como interceptações telefônicas e 
buscas e apreensões. 
d) O MP não pode dispensar o inquérito policial ainda que tenha conseguido, por outros 
meios, angariar elementos de convicção aptos a embasar denúncia. 
Comentário: 
Conforme o entendimento pacificado na jurisprudência dos tribunais, o 
trancamento do inquérito policial só poderá ocorrer nos casos de flagrante ilegalidade, 
como a investigação de um fato evidentemente atípico ou quando a infração já tiver 
sido atingida pela prescrição ou no caso de extinta a punibilidade. 
O inquérito tem um caráter inquisitivo. Isso significa que não é regido pelos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. Em cumprimento à Súmula Vinculante 
no 14, não se pode negar vista dos autos do inquérito ao defensor, exceto quanto às 
diligências ainda não concluídas. 
O inquérito nãoé condição para o regular exercício do direito de ação. Por 
essa razão, o Ministério Público pode dispensá-lo e oferecer denúncia com base em 
qualquer outra peça de informação.
O comentário passará a ter a seguinte redação:
Conforme o entendimento pacificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores, 
o trancamento do inquérito policial só poderá ocorrer nos casos de flagrante ilegalidade, 
como a investigação de um fato evidentemente atípico ou quando a infração já tiver 
sido atingida pela prescrição ou no caso de extinta a punibilidade. O art. 3o-B, IX, 
do Código de Processo Penal, com a eficácia ainda suspensa por determinação da 
Suprema Corte, atribui a competência para decidir sobre o pedido de trancamento do 
inquérito policial ao juiz das garantias.
O inquérito tem um caráter inquisitivo. Isso significa que não é regido pelos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. Em cumprimento à Súmula Vinculante 
no 14, não se pode negar vista dos autos do inquérito ao defensor, exceto quanto às 
diligências ainda não concluídas. 
O inquérito não é condição para o regular exercício do direito de ação. Por 
essa razão, o Ministério Público pode dispensá-lo e oferecer denúncia com base em 
qualquer outra peça de informação. 
A alternativa correta é a letra A.
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 17
Pág. 72 – Capítulo 5: No parágrafo abaixo alterar o número do artigo de 287 para 
283. Alterar a redação do artigo 283 conforme a Lei 13.964/19) E ACRESCENTAR O 
NOVO PARÁGRAFO LOGO ABAIXO (está em azul)
As espécies de prisão cautelar são: flagrante, temporária e preventiva. Com a 
reforma do Código de Processo Penal, promovida pela Lei no 12.403/2011, a discussão 
a respeito das prisões existentes em nossa legislação finalmente se esgotou, graças à 
nova redação dada ao art. 283 (art. 287) do Código de Processo Penal. 
De acordo com o art. 283 do Código de Processo Penal, com redação determinada 
pela Lei no 13.964/2019: “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência 
de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado”. 
Desde as alterações trazidas pela Lei no 12.403/2011, não havia mais o que falar sobre 
as extintas prisões decorrentes de pronúncia e de sentença condenatória recorrível, que 
desde o advento da atual Constituição deixavam dúvidas se haviam sido recepcionadas, 
porque invertiam a lógica constitucional a respeito das prisões, colocando-as como 
regra no momento da prolação da sentença e a liberdade como exceção. Hoje, na órbita 
criminal, a prisão poderá ser penal, que é aquela decorrente de sentença condenatória 
irrecorrível, como a reclusão, detenção e prisão simples (DL no 3.688/41), ou então 
processual, que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença, como as prisões em 
flagrante, temporária e preventiva, que passaremos a ver.
Pág. 78 – Capítulo 5: Alterar onde está escrito art. 310, parágrafo único, para art. 
310, §1º.
Em contrapartida, se existirem provas indicando que o fato, supostamente, 
tenha sido praticado sob o manto de alguma causa de exclusão da antijuridicidade, 
não haverá, por conseguinte, fumus boni iuris, devendo o juiz conceder a liberdade 
provisória sem fiança na forma do art. 310, §1o (parágrafo único), do Código de 
Processo Penal (Obs: Sérgio. Aqui você colocou a observação que o legislador perdeu a 
oportunidade de inserir as causas de exclusão da culpabilidade no texto legal, portanto 
copiei o parágrafo para te facilitar: § 1o Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 
flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos 
incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade 
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, 
sob pena de revogação) (ver também art. 314 do CPP). Devem ser reconhecidas ainda 
as causas de exclusão da culpabilidade como ensejadoras da mesma medida, tendo em 
vista propiciarem igualmente a absolvição do réu, excluindo assim o fumus boni iuris. 
Embora não esteja expresso na lei processual, esse é o entendimento doutrinário e 
jurisprudencial. A mesma sorte terá o preso, com ou sem fiança, de acordo com o art. 
310, III, do CPP, quando ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, 
pois nesse caso faltará o periculum in mora (ver também art. 321 do CPP).
18 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Em contrapartida, se existirem provas indicando que o fato, supostamente, tenha 
sido praticado sob o manto de alguma causa de exclusão da antijuridicidade, não haverá, 
por conseguinte, fumus boni iuris, devendo o juiz conceder a liberdade provisória sem 
fiança na forma do art. 310, § 1o, do Código de Processo Penal (ver também o disposto 
no art. 314). Devem ser reconhecidas ainda as causas de exclusão da culpabilidade 
como ensejadoras da mesma medida, pelo fato de propiciarem igualmente a absolvição 
do réu, excluindo assim o fumus boni iuris. Embora a hipótese não esteja expressa na lei 
processual, esse é o entendimento doutrinário e jurisprudencial. Por essa razão, pode-
se dizer que o legislador perdeu uma preciosa oportunidade de incluir no referido 
dispositivo as causas de exclusão da culpabilidade ao editar a Lei no 13.964/2019, que 
alterou a redação do caput do art. 310, acrescentando ainda três novos parágrafos. 
A mesma sorte terá o preso, com ou sem fiança, de acordo com o art. 310, III, do 
CPP, quando ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, pois nesse caso 
faltará o periculum in mora (ver também art. 321 do CPP).
Lamentamos a recente e infeliz inserção da norma contida no § 2o do art. 310 do 
CPP. Não obstante o consolidado entendimento dos Tribunais Superiores no sentido 
de que não se pode presumir a necessidade da prisão com base na gravidade abstrata do 
delito –como já ocorreu em relação à Lei dos Crimes Hediondos (Lei no 8.072/90), Lei 
de Organização Criminosa (revogada Lei no 9.034/95), Estatuto do Desarmamento 
(Lei no 10.826/2003) e Lei de Drogas (Lei no 11.343/2006) – o legislador fez constar 
no dispositivo em tela que “se o juiz verificar que o agente é reincidente ou integra 
organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, 
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares”. Mais uma vez 
pretende o legislador subtrair do magistrado a análise dos elementos concretos contidos 
nos autos do inquérito ou do processo para que se possa determinar a constrição da 
liberdade, antecipando assim uma conclusão a ser elaborada na mente de quem detém 
o poder jurisdicional. Aliás, com tal dispositivo o legislador não se limitou a afrontar 
a doutrina e a jurisprudência no que tange à disciplina da prisão, mas também ao 
que ele próprio disciplinou no Código de Processo Penal, tendo em vista o que fora 
instituído nos arts. 312, caput e § 2o; 313, § 3o; 315, II, do mesmo diploma legal. Um 
contrassenso inadmissível, e que deve ter a mesma sorte das normas antecedentes que 
pretenderam instruir o injusto padrão.
Pág. 82 – Capítulo 5 – Alterar a redação do primeiro parágrafo. Retirar o segundo 
parágrafo, ficando assim.
Atualmente tramita no Senado Federal o Projeto de Lei no 554/2011 que altera 
o art. 306 do Código de Processo Penal, a fim de introduzir na legislação pátria a 
obrigatoriedade de apresentação do preso ao juiz em audiência de custódia. Pela Emenda 
no 1, proposta pelo Senador João Capiberibe, o parágrafo quinto do referido artigo 
passaria a ter a seguinte redação: “Na Audiência de Custódia de que trata o parágrafo 
quarto, o juiz ouvirá o Ministério Público, que poderá, caso entenda necessária, 
requerer a prisão preventiva ou outra medida cautelar alternativa à prisão, em seguida, 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição2020 ■ 19
ouvirá o preso e, após manifestação da defesa técnica, decidirá, fundamentadamente, 
nos termos do art. 310”
Resta agora aguardar que o Congresso Nacional venha a consolidar o instituto 
da audiência de custódia no âmbito do processo legislativo, e que o novo Código de 
Processo Penal não apenas o mantenha, como também promova o seu aperfeiçoamento. 
Usando a expressão contida nos tratados internacionais acima citados, “sem demora”, 
a sociedade clama por soluções penais inteligentes, experimentadas com sucesso no 
exterior, e devidamente adequadas à realidade nacional. 
Mais tarde, passou a tramitar no Senado Federal o Projeto de Lei no 554/2011 que 
alteraria mais uma vez o art. 306 do Código de Processo Penal, a fim de introduzir 
na legislação pátria a obrigatoriedade de apresentação do preso ao juiz em audiência 
de custódia. Pela Emenda no 1, proposta pelo Senador João Capiberibe, o § 5o do 
referido artigo passaria a ter a seguinte redação: “Na Audiência de Custódia de 
que trata o parágrafo quarto, o juiz ouvirá o Ministério Público, que poderá, caso 
entenda necessária, requerer a prisão preventiva ou outra medida cautelar alternativa 
à prisão, em seguida, ouvirá o preso e, após manifestação da defesa técnica, decidirá, 
fundamentadamente, nos termos do art. 310”.
Todavia, o Pacote Anticrime (Lei no 13.964/2019) antecipou a inovação legislativa, 
alterando a redação do art. 310 do Código de Processo Penal. Sendo assim, a exigência 
de se apresentar o preso ao juiz, sem demora, deixou de ser fundamentada apenas em 
norma supralegal, passando a integrar o corpo da lei maior de natureza processual 
penal: “Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência 
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da 
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz 
deverá, fundamentadamente: I – relaxar a prisão ilegal; ou II – converter a prisão em 
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste 
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da 
prisão; ou conceder liberdade provisória, com ou sem fiança”.
Pág. 82 – Capítulo 5: Item 5.3.2. Momento da Prisão: inserir um novo parágrafo 
antes do último parágrafo, ficando assim:
5.3.2. Momento da Prisão 
O art. 311 do Código de Processo Penal, com a entrada em vigor da Lei 13.964 
de 24 de dezembro de 2019, dispõe que “em qualquer fase da investigação policial ou 
do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial” em qualquer fase da investigação policial ou do Processo Penal, caberá prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento 
do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da 
autoridade policial”. (Obs: Sérgio, gostaria que você revisasse esse parágrafo inteiro 
20 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
porque na minha humilde opinião, essa parte da “ressalva da decretação da preventiva 
de ofício pelo juiz apenas durante o processo” poderia ser retrada o que você acha?). 
Inicialmente, devemos destacar as seguintes alterações trazidas pela Lei no 12.403/11, 
que deram ao referido artigo nova redação. Foi incluída no texto legal a ressalva quanto 
à exigência de já ter sido iniciado o processo criminal para o juiz poder decretar a prisão 
de ofício. Embora possa ser considerada uma novidade em nossa legislação, a condição 
já era imposta pela doutrina e pela jurisprudência, porque se o juiz decretasse a prisão 
preventiva de ofício na fase da investigação policial, estaria antecipando uma análise 
que somente poderia ser feita pelo Ministério Público. Ao receber o inquérito policial, 
o promotor de Justiça irá avaliar as provas colhidas durante a investigação, a fim de 
averiguar a existência de justa causa para a propositura da ação penal. Considerando 
a exigência legal de um conjunto probatório significativo para a decretação da prisão 
preventiva, capaz de demonstrar a tendência de ocorrer condenação ao final do 
processo (fumus boni iuris), e que para a propositura da ação penal basta a existência de 
indícios da materialidade e autoria, a decretação, nesse momento, já estaria deixando 
entrever que o promotor teria provas mais do que suficientes para denunciar. Seria 
um contrassenso afirmar existir prova que justifique a constrição da liberdade, porém 
insuficiente para justificar a instauração de um processo. Em suma, se há prova para 
prender, então há mais do que o necessário para denunciar. O juiz, decretando a 
prisão preventiva de ofício na fase do inquérito, não daria outra opção ao Ministério 
Público a não ser promover a ação penal. Entretanto, a análise quanto à iniciativa não 
pertence ao judiciário, mas sim ao Ministério Público, na ação penal pública, em que 
o promotor forma, livremente, a opinio delict, ou ao ofendido, ou seu representante 
legal na ação penal privada. 
O art. 311 do Código de Processo Penal, com a entrada em vigor da Lei no 13.964, 
de 24 de dezembro de 2019, dispõe que: “Em qualquer fase da investigação policial ou 
do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial”. Nota-se que o legislador positivou o entendimento já pacificado na doutrina 
e na jurisprudência sobre a inviabilidade do decreto prisional de ofício, tanto na fase 
do inquérito policial (hipótese que já havia sido rechaçada pela Lei no 12.403/2011) 
quanto na fase do processo penal.
Se o juiz decretasse a prisão preventiva de ofício na fase da investigação policial, 
estaria antecipando uma análise que somente poderia ser feita pelo Ministério Público. 
Ao receber o inquérito policial, o promotor de Justiça irá avaliar as provas colhidas 
durante a investigação, a fim de averiguar a existência de justa causa para a propositura 
da ação penal. Considerando a exigência legal de um conjunto probatório significativo 
para a decretação da prisão preventiva, capaz de demonstrar a tendência de ocorrer 
condenação ao final do processo (fumus boni iuris), e que para a propositura da ação 
penal basta a existência de indícios da materialidade e autoria, a decretação, nesse 
momento, já estaria deixando entrever que o promotor teria provas mais do que 
suficientes para denunciar. Seria um contrassenso afirmar existir prova que justifique 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 21
a constrição da liberdade, porém insuficiente para justificar a instauração de um 
processo. Em suma, se há prova para prender, então há mais do que o necessário para 
denunciar. O juiz, decretando a prisão preventiva de ofício na fase do inquérito, não 
daria outra opção ao Ministério Público a não ser promover a ação penal. Entretanto, 
a análise quanto à iniciativa não pertence ao Judiciário, mas sim ao Ministério Público, 
na ação penal pública, em que o promotor forma, livremente, a opinio delict, ou ao 
ofendido, ou seu representante legal na ação penal privada. 
A prisão preventiva decretada por livre iniciativa do juiz na segunda fase da 
persecução penal também se mostrava ofensiva ao Sistema Acusatório, segundo o 
qual as funções de acusar e defender não podem ser entregues a um dos órgãos que 
compõem a relação processual. A adoção desse sistema pela Constituição da República 
visa a garantir a imparcialidade do órgão julgador. A possibilidade de o magistrado 
decretar a prisão preventiva no curso do processo sem que houvesse a provocação 
dos interessados o colocaria em posição de suspeição, por representar uma incoerente 
medida de quem, ao arrepio da lei, pretende se aliar à acusação.
Pág. 83/84. – Capítulo 5: Item 5.3.3.Prazo – Inserir novo parágrafo.
5.3.3. Prazo 
A prisão preventiva não comporta prazo. Quando decretada pelo juiz, subsistirá 
enquanto os motivos que levaram a sua deflagração subsistirem. A liberação do preso 
dependerá de revogação determinada pelo próprio juiz que a originou ou pelo tribunal, 
mediante provocação ou de ofício. Nos dois casos, haverá a expedição de alvará de soltura.
A prisão preventiva não comporta prazo. Quando decretada pelo juiz, subsistirá 
enquanto os motivos que levaram à sua deflagração perdurarem. A liberação do 
preso dependerá de revogação determinada pelo próprio juiz que a originou ou pelo 
tribunal, mediante provocação ou de ofício. Nos dois casos, haverá a expedição de 
alvará de soltura.
Embora a Lei no 13.964/2019 tenha preservado a regra acima sobre possibilidade 
de se manter o acusado preso enquanto não desaparecerem os motivos que serviram de 
fundamento para a segregação cautelar, acrescentou o parágrafo único ao art. 316 do 
Código de Processo Penal, para impor ao juiz, ou ao Tribunal, o reexame da necessidade 
da custódia a cada 90 (noventa) dias: “Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão 
emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, 
mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal”. 
Pág. 84 – Capítulo 5: Novo texto ficando assim:
5.3.4. Cabimento 
Para sabermos se é cabível a prisão preventiva em um caso concreto, devemos 
analisar a redação do art. 313 do Código de Processo Penal que, com o surgimento da 
22 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Lei no 12.403/11, passou a dispor o seguinte: “Nos termos do art. 312 deste Código, 
será admitida a decretação da prisão preventiva: I – nos crimes dolosos punidos com 
pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II – se tiver sido 
condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o 
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 – Código Penal; III – se o crime envolver violência doméstica e familiar 
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” As condições elencadas nos 
incisos citados não são cumulativas, bastando que a situação se enquadre em qualquer 
um deles para se admitir o decreto de prisão. O novo texto finalmente desvinculou a 
prisão preventiva à espécie de pena, como costumava ser, ligando-a atualmente à sua 
quantidade. E, independentemente da pena, será também cabível para o reincidente 
em crime doloso, salvo se voltar a ser primário. Além disso, a Lei no 11.340/06 (Lei 
Maria da Penha) havia incluído no Código de Processo Penal a possibilidade de recair 
a prisão sobre aquele que cometesse crimes de violência contra a mulher. Mas a Lei no 
12.403/11 (12.403/08) estendeu a medida para alcançar também os crimes praticados 
contra criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência.
Se por um lado o legislador agiu bem na alteração do art. 313, por outro gerou 
desnecessária polêmica com a inclusão do seu §1o (parágrafo único). Reza o dispositivo 
que “também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade 
civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, 
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo 
se outra hipótese recomendar a manutenção da medida”. Discute-se na doutrina se o 
legislador estaria abrindo um precedente para a decretação de prisão preventiva diante 
da prática de qualquer crime, inclusive os crimes culposos. Entendemos que não. 
Todas as hipóteses descritas nos incisos do art. 313 referem-se a crimes dolosos e, por 
coerência, o seu §1o (parágrafo) não poderia destoar. Além do mais, admitir a custódia 
cautelar para aqueles que supostamente praticaram crimes culposos seria totalmente 
desproporcional, uma vez que a condenação por crime culposo, na grande maioria dos 
casos, não levará o sujeito ao cárcere, tendo em vista as regras de conversão das penas 
privativas de liberdade dispostas no art. 44 do Código Penal. Se o indivíduo não irá 
preso quando condenado, o mesmo não ocorrerá enquanto perdurar seu estado de 
inocência, ainda que a medida se mostre útil para sua identificação, como preceitua o 
dispositivo em comento.
Para sabermos se é cabível a prisão preventiva em um caso concreto, devemos 
analisar a redação do art. 313 do Código de Processo Penal que, com o surgimento da 
Lei no 12.403/2011, passou a dispor o seguinte: “Nos termos do art. 312 deste Código, 
será admitida a decretação da prisão preventiva: I – nos crimes dolosos punidos com 
pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II – se tiver sido 
condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o 
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 – Código Penal; III – se o crime envolver violência doméstica e familiar 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 23
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” As condições elencadas nos 
incisos citados não são cumulativas, bastando que a situação se enquadre em qualquer 
um deles para se admitir o decreto de prisão. O novo texto finalmente desvinculou a 
prisão preventiva à espécie de pena, como costumava ser, ligando-a atualmente à sua 
quantidade. E, independentemente da pena, será também cabível para o reincidente 
em crime doloso, salvo se voltar a ser primário. Além disso, a Lei no 11.340/2006 (Lei 
Maria da Penha) havia incluído no Código de Processo Penal a possibilidade de recair 
a prisão sobre aquele que cometesse crimes de violência contra a mulher. Mas a Lei 
no 12.403/2011 estendeu a medida para alcançar também os crimes praticados contra 
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência.
Se por um lado o legislador agiu bem na alteração do art. 313, por outro gerou 
desnecessária polêmica com a inclusão da regra contida, atualmente, em seu primeiro 
parágrafo. Reza o dispositivo que “também será admitida a prisão preventiva quando 
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos 
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade 
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida”. 
Discute-se na doutrina se o legislador estaria abrindo um precedente para a decretação 
de prisão preventiva diante da prática de qualquer crime, inclusive os crimes culposos. 
Entendemos que não. Todas as hipóteses descritas nos incisos do art. 313 referem-
se a crimes dolosos e, por coerência, o seu § 1o não poderia destoar. Além do mais, 
admitir a custódia cautelar para aqueles que supostamente praticaram crimes culposos 
seria totalmente desproporcional, uma vez que a condenação por crime culposo, na 
grande maioria dos casos, não levará o sujeito ao cárcere, tendo em vista as regras de 
conversão das penas privativas de liberdade dispostas no art. 44 do Código Penal. Se o 
indivíduo não irá preso quando condenado, o mesmo não ocorrerá enquanto perdurar 
seu estado de inocência, ainda que a medida se mostre útil para sua identificação, 
como preceitua o dispositivo em comento.
Pág. 85 – Capítulo 5: Item 5.3.5. Pressupostos e Requisitos: Inserir um novo 
parágrafo logo após o parágrafo que começa com: “ Como já foi discutido...”
No item 5.3.5. alterar a parte final do segundo parágrafo que passa a ter a seguinte 
redação:
(…) E se o periculum in mora deve ser entendido como a necessidade da prisão, 
qualquer um dos demais elementos contidos no dispositivo em questão estaria de 
pleno acordo com essa análise, como a garantia da ordem pública, a garantia da ordem 
econômica, conveniência da instrução criminal, asseguraçãoda aplicação da lei penal e 
perigo gerado pelo estado de liberdade. Esse último, incluído pela Lei no 13.964/2019, 
destaca-se pela redundância, que pode ser entendida como uma expressão genérica 
representativa dos outros requisitos anteriores, ou seja, o periculum libertatis, traduzido 
para a língua nacional.
24 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Pág. 86 – Capítulo 5: Inserir um novo parágrafo ao final do item 5.3.5. e antes 
do item 5.4. para explicar as inserções legislativas sobre o posicionamento 
consolidado no STF: 
No item 5.3.5. acrescento mais um parágrafo ao final redação:
A Lei no 13.964/2019 inseriu uma série de dispositivos referentes à prisão preventiva 
no intuito de positivar o entendimento consolidado pelos Tribunais Superiores sobre 
o tema. A inovação legislativa alterou o art. 315, § 2o, do Código de Processo Penal, 
estabelecendo que “não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à 
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso; III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão; IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes 
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V – limitar-se a invocar 
precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes 
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI – deixar 
de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, 
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento.
Pág. 86/87 – Capítulo 5 – Item 5.4.2. Prazo: Inserir texto com a redação do art. 40 
e o inciso IV do art. 12 da Lei nº 13.869/19 
5.4.2. Prazo 
Ao contrário da prisão preventiva, a prisão temporária comporta prazo. De 
acordo com o artigo supracitado, a prisão temporária terá o prazo de 5 (cinco) dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Discute-
se na doutrina se o juiz deverá decretar a prisão por 5 (cinco) ou por até 5 (cinco) dias. 
Como se trata de restrição a direito fundamental, impõe-se a interpretação menos 
gravosa do ponto de vista do indivíduo. Nesse sentido, entendemos que o juiz poderá 
decretar por até cinco dias, se esse limite for necessário. E havendo prorrogação por 
uma única vez, mediante nova decisão judicial, esta será pelo mesmo tempo pelo qual 
foi decretada
O texto ficará com a seguinte redação:
Ao contrário da prisão preventiva, a prisão temporária comporta prazo. De 
acordo com o artigo supracitado, a prisão temporária terá o prazo de 5 (cinco) dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Discute-
se na doutrina se o juiz deverá decretar a prisão por 5 (cinco) ou por até 5 (cinco) dias. 
Como se trata de restrição a direito fundamental, impõe-se a interpretação menos 
Atualização do livro Manual de Processo Penal – edição 2020 ■ 25
gravosa do ponto de vista do indivíduo. Nesse sentido, entendemos que o juiz poderá 
decretar por até cinco dias, se esse limite for necessário. E havendo prorrogação por 
uma única vez, mediante nova decisão judicial, esta será pelo mesmo tempo pelo qual 
foi decretada.
A nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei no 13.869/2019, alterou a redação do 
art. 2o da Lei no 7.960/89, estabelecendo que no mandado de prisão deverá conter 
não apenas o período de duração da prisão temporária, mas também o dia em que o 
preso deverá ser libertado. E para que não houvesse qualquer dúvida sobre a técnica 
de contagem de prazo no que tange às prisões (art. 10 do Código Penal), firmou em 
seu oitavo parágrafo que o dia do cumprimento do mandado de prisão inclui-se no 
cômputo do prazo de prisão temporária.
Terminado o prazo, o preso deverá ser colocado imediatamente em liberdade, 
independentemente da expedição de alvará de soltura. Havendo dolo na manutenção 
do preso além do prazo fixado pelo juiz, a autoridade policial incorrerá no crime de 
abuso de autoridade previsto no art. 12, IV, da Lei no 13.869/2019.
Pág. 90 – Capítulo 5, Item 5.5 Liberdade Provisória: Alterar o artigo e o número da 
Lei no parágrafo que começa com: ”Ocorre que com ...”, ficando assim:
O texto passará a ter a seguinte redação:
Ocorre que com o passar do tempo o instituto da fiança foi perdendo o sentido, 
transformando-se em um dos alvos prediletos das críticas feitas pela doutrina. Isso 
se dava porque, para sabermos se o indivíduo poderia responder em liberdade 
mediante fiança, bastava o exame dos casos proibitivos constantes na Constituição 
da República, nas leis especiais, como também no próprio Código de Processo Penal, 
mais especificamente os arts. 323 e 324 do CPP, como ainda se faz atualmente. Se na 
legislação não estivesse vedada a fiança, devíamos entendê-la como permitida; sendo 
assim, o indivíduo teria o direito de prestar fiança para ver restaurada a sua liberdade. 
Caso o juiz a negasse, mesmo quando permitida por lei, incorreria em crime de abuso 
de autoridade (atual art. 19 da Lei de Abuso de Autoridade, Lei no 13.869/2019). 
Nesse sentido, se em um caso concreto a lei, por alguma razão, não vedasse a fiança, o 
indivíduo teria de prestá-la para responder em liberdade. Mas em situações mais graves, 
em que o legislador vedasse a fiança, e não estivessem presentes os pressupostos que 
autorizam o decreto de prisão, ele ficaria em liberdade provisória sem fiança. Então, 
nos crimes inafiançáveis, não sendo caso de prisão, o indivíduo poderia responder 
em liberdade mais facilmente do que aquele que cometesse um crime afiançável. Essa 
realidade já foi confirmada diversas vezes pelos tribunais superiores, até mesmo em 
relação aos crimes hediondos e equiparados, sob o argumento de que o fato de o crime 
ser inafiançável não significa que seja insuscetível de liberdade provisória. Destacamos 
o julgado publicado no Informativo no 665 do STF:
26 ■ Manual de Processo Penal — Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Pág. 94 – Capítulo 5: Acrescentar no comentário à questão 03 a referência aos 
seguintes artigos: Art. 312, § 2º, do CPP; Art. 313, § 2º, do CPP; Art. 315, § 2º, IV, 
do CPP, ficando assim:
03. (Cespe / Tribunal Regional Federal / Juiz / 5ª Região / 2007)
O comentário da questão passará a ter a seguinte redação:
Comentário: 
Para decretar a custódia cautelar é preciso fundamentar a real necessidade da 
prisão com base em elementos concretos constantes nos autos. A simples gravidade 
da infração supostamente praticada não faz presumir a necessidade de constrição à 
liberdade – arts. 312, § 2o; 313, § 2o; 315, § 2o, IV, todos do CPP.
Na situação hipotética narrada no enunciado, interpretada à luz do texto acima, 
que repudia veementemente a prática do automatismo em relação ao encarceramento 
em nosso país, não há que se falar em estado de flagrância daquele que foi encontrado 
horas depois do delito. 
Somente a primeira afirmativa está correta.
Pág. 94/95 – Capítulo 5: Alterar acrescentar no comentário à questão 04 , o número 
do artigo e da Lei, ficando assim:
04. (Cespe / Polícia Civil / Delegado / Tocantins / 2008) Considere a seguinte situação 
hipotética:
Comentário: 
O comentário da questão passará a ter a seguinte redação:
Comentário: 
É sabido que a prisão temporária poderá ser prorrogada por igual período em caso 
de extrema e comprovada necessidade, como prevê a Lei no 7.960/89. Entretanto, 
esse prolongamento da custódia somente poderá ser determinado pela autoridade 
judicial. A manutenção do preso no cárcere de forma arbitrária pela autoridade policial 
configura crime de abuso de autoridade, previsto no art. 19 da Lei no 13.869/2019, 
nova Lei do Abuso de Autoridade. 
A afirmativa está errada.
Pág. 102/103 – Capítulo 5: Questão 19 ANULADA porque

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