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DESCRIÇÃO Os processos produtivos no mundo jornalístico, a partir das teorias do gatekeeper, organizacional, do newsmaking e do gatewatcher, e do debate sobre questões como objetividade, subjetividade, limitações, audiência e tecnologia. PROPÓSITO Entender a relação entre os processos produtivos da prática de Jornalismo e a percepção e construção da realidade a partir da compreensão das principais teorias sobre esse campo, a comparação entre elas (pelas similaridades e diferenças) e sua aplicabilidade. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a relação entre os processos produtivos do Jornalismo e a Teoria do Gatekeeper MÓDULO 2 Identificar os principais conceitos e contextos da Teoria Organizacional MÓDULO 3 Reconhecer as principais características conceituais da Teoria do Newsmaking INTRODUÇÃO As teorias do Jornalismo fornecem estruturas explicativas para a compreensão de uma combinação complexa da prática social, do produto jornalístico e dos arranjos institucionais envolvidos nos processos produtivos da notícia (SOUSA, 2002). Assim, neste tema, você irá se inteirar das bases conceituais e contextuais nas quais a Teoria do Gatekeeper, a Teoria Organizacional e a Teoria do Newsmaking se desenvolveram ao longo dos anos. Mais do que apenas identificar a centralidade conceitual de cada uma dessas teorias, este é o momento para refletir sobre a atualidade e as possibilidades de ressignificação desses arcabouços teóricos no Jornalismo contemporâneo. MÓDULO 1 Descrever a relação entre os processos produtivos do Jornalismo e a Teoria do Gatekeeper EVENTO E NOTÍCIA Você já parou para pensar que milhões de eventos ocorrem no mundo todos os dias, mas apenas alguns deles se tornam notícias? Qual o motivo para que isso ocorra ou, ainda, quem decide o que é notícia? Nas redações onde é feito o jornalismo, sejam elas de veículos impressos, sonoros, televisivos ou digitais, assim como nos manuais práticos de Jornalismo, fala-se em noticiabilidade, ou seja, do caráter daquilo que é notícia, o que tem interesse público. Mas os teóricos do Jornalismo notaram uma limitação dessa abordagem e tratam de outros fatores no processo de decisão entre o que é e o que não é notícia. O PROCESSO QUE DETERMINA ESSA DECISÃO É CONHECIDO COMO GATEKEEPING. A TEORIA DO GATEKEEPER (GUARDIÃO DO PORTÃO) É O NEXO ENTRE DOIS FATOS INDISCUTÍVEIS: OS EVENTOS OCORREM EM TODOS OS LUGARES O TEMPO TODO E A MÍDIA DE NOTÍCIAS NÃO PODE COBRIR TODOS ELES. E, ASSIM, QUANDO OCORRE UM EVENTO, ALGUÉM TEM QUE DECIDIR “SE” E “COMO” VAI PASSAR A INFORMAÇÃO PARA O PÚBLICO. COMENTÁRIO Muitas escolhas são feitas entre a ocorrência de um evento e sua transmissão como notícia: os pontos de decisão são chamados de gates [portões], e os tomadores de decisão de gatekeepers, daí todo o processo da tomada de decisão ser pensado como gatekeeping. PROCESSOS PRODUTIVOS E TEORIA DO GATEKEEPER A tradição de pesquisas anglo-saxã, no cenário do Jornalismo, é a responsável por trazer à academia a Teoria do Gatekeeper. Tendo em David M. White o maior autor a tratar do assunto, a Teoria do Gatekeeper tem sua linha de raciocínio fortemente atrelada à figura do jornalista como uma espécie de filtro e, ao mesmo tempo, um guardião responsável pelo fluxo noticioso. Como Castro (2012) explica, o estudo de White foi desenvolvido nos anos de 1950, a partir da observação de um jornalista de meia-idade, nos EUA, que tinha muita experiência profissional e atuava como editor-chefe. Como ocorre usualmente, nesse cargo, esse jornalista tinha, acima de tudo, uma grande responsabilidade: era ele quem respondia pela seleção noticiosa do que provinha das agências de notícias no jornal que atuava. White dá ao jornalista o apelido de Mr. Gates (“Sr. Portões”). O pesquisador norte-americano concluiu que aquele Sr. Jornalista era uma espécie de “porteiro”, isto é, era um jornalista gatekeeper que detinha o poder pessoal da escolha, decisão e motivação para o que se poderia caracterizar como notícia ou não. Logo, o que era publicado ou não publicado dependia das escolhas desse sujeito em específico (CASTRO, 2012). Fonte:Shutterstock Fonte: PongMoji | Shutterstock Mesmo além da esfera dos editores em geral, sejam eles de níveis mais altos de tomada de decisão, sejam editores de seção (Economia, Política, Cultura etc.), passando ainda por subeditores e jornalistas, é possível que cada um deles faça parte desse filtro e dessa tomada de decisão, por exemplo, sugerindo (ou não) uma pauta de reportagem, optando (ou não) por usar o material de uma agência de notícia, assessoria de imprensa etc. SAIBA MAIS Além do indivíduo em si, é importante entender que a Teoria do Gatekeeper também pode abarcar os processos produtivos (as rotinas de trabalho de comunicação), as características organizacionais, as instituições sociais e o sistema social que envolve os sistemas midiáticos (SHOEMAKER et al., 2001, p. 234). Nesse contexto, vamos falar dos processos produtivos como um cenário importante no qual a ideia de gatekeeping ocorre. Entre os estudos que examinam as forças de rotina, Shoemaker et al. (2001) mostram que as rotinas específicas do meio influenciam as decisões, como os jornalistas gatekeepers da televisão que acabam por se interessar mais por notícias com bons recursos visuais: quanto mais visualidade, mais positiva é a força da imagem, mais forte é a notícia que se veicula. Além disso, os editores de notícias de jornais diminuem sua taxa de aceitação de matérias à medida que seus prazos (deadlines) se aproximam, supostamente, porque já ocuparam grande parte do espaço disponível. Portanto, a proximidade do prazo pode ser uma força negativa, a menos que haja uma força positiva compensatória de alto valor jornalístico. As rotinas de produção jornalística, diferentes em cada meio (digital, impresso, sonoro, televisivo), são cruciais para determinar quais itens passam pelo canal de notícias e quais são rejeitados, e a distinção entre forças individuais e forças rotineiras na gestão de notícias deve ser feita se quisermos avaliar a extensão de cada uma separadamente. ATENÇÃO Mesmo que uma pessoa pareça ser um gatekeeper (pessoal) de notícias, devemos nos perguntar até que ponto a pessoa está apenas executando um conjunto de procedimentos de rotina. Se essas rotinas forem mais importantes, esperamos ver uniformidade na seleção entre os gatekeepers. Mas, segundo a teoria ora estudada, a variação entre os indivíduos indicaria que as características dos indivíduos são mais importantes do que os procedimentos de rotina (SHOEMAKER et al., 2001, p. 234). CENTRALIDADE CONCEITUAL Na Teoria do Gatekeeper, a informação só se torna notícia quando, para ser divulgada, ela necessariamente precisa passar pelos filtros subjetivos e, principalmente, arbitrários do jornalista gatekeeper. É dizer que o poder individual do jornalista, no contexto desse viés teórico, é mais do que forte. A figura do jornalista é a pedra fundamental dessa teoria. Fonte:Shutterstock Fonte: magic pictures | Shutterstock Segundo Traquina (2005), para pensar a Teoria do Gatekeeper, no campo do Jornalismo, é ainda essencial que a observação não seja direcionada somente ao sujeito que detém tal poder. Mais do que isso, é preciso ficar atento aos motivos que levam a tais escolhas, os juízos de valor implícitos e explícitos, as experiências, as atitudes e as expectativas vivenciadas pelo gatekeeper. Nessa teoria, há a possibilidade de entrada do elemento da rotina e dos processos produtivos, dialogando com a individualidade do profissional. A figura 1 explicita como o processo de conceituação da Teoria do Gatekeeper opera. Nela, vê- se que as fontes de notícia (N) colocam em cena várias informações (N1, N2, N3, N4) que, potencialmente, podem vir a ser notícias. Fonte:Shutterstock Figura 1 - Como a Teoria do Gatekeeper funciona? Fonte: Adaptado de Communication Theory: Gatekeeping Theory Todas apresentam “noticiabilidade” em algumgrau. Como um filtro fazendo a mediação entre a fonte da notícia e a audiência, exatamente no meio da imagem, a figura do gatekeeper (Gate) aparece em sua centralidade conceitual. A partir de determinados critérios de escolha, motivação e arbitrariedade, algumas informações são descartadas (N1, N4) e outras, por sua vez, passam pelo filtro. Tais itens selecionados (N1, N3) tornam-se as notícias que chegam até o consumo midiático da audiência (M). GATEKEEPER O gatekeeper decide quais informações devem ser movidas para o grupo ou indivíduo e quais informações não devem. Aqui, os “porteiros” são os tomadores de decisão que deixam todo o sistema social em ordem. O gatekeeper está, assim, tendo sua própria influência social, cultural, ética e política sobre aquilo que filtra. Com base em influências pessoais ou sociais, ele autoriza a passagem da informação para o grupo. Alguns autores, como Pena (2005), por exemplo, descrevem nessa teoria que, através desse processo, as informações indesejadas, sensíveis e controversas são removidas pelo gatekeeper, ajudando a controlar a sociedade ou um grupo e deixá-los, em tese, no caminho certo. EDITOR DE MÍDIAS DE NOTÍCIAS O editor de mídia de notícias desempenha um papel vital. Ele tem que decidir qual tipo de itens de notícias será publicado e qual não. Todos os dias, o canal de notícias recebe diversas matérias de todo o mundo. O canal tem suas próprias ética e política, por meio delas o editor decide as notícias a serem publicadas ou veiculadas. E os próprios jornalistas, com mais ou menos consciência a respeito desses direcionamentos, podem encaminhar suas sugestões de pauta. Mas leituras mais recentes da Teoria do Gatekeeper defendem que esses profissionais, por motivos e caminhos diversos, acabam se alinhando às orientações do veículo. ATENÇÃO Em certos casos, alguns itens de notícias são rejeitados pelo editor devido à política da organização ou por itens de notícias que não são adequados para publicação (como se verá adiante, essa ideia é mais bem desenvolvida pela Teoria Organizacional). OBJETIVIDADE, SUBJETIVIDADE E LIMITAÇÕES Ao processar as informações e transmiti-las a outra pessoa, o jornalista gatekeeper altera as informações de maneira direta ou indireta. Tradicionalmente, o papel do gatekeeper era visto como o de um jornalista ou editor de notícias. Atualmente, vemos, todavia, que as redes interpessoais nas mídias sociais e seus participantes, por exemplo, se conectam com as cadeias de mídia de um jeito inteiramente novo — movendo informações de uma para outra, sobrepondo a mídia de notícias e integrando-se a um novo Jornalismo, no qual repórteres e funcionários têm menos controle sobre o fluxo de informações do que no século XX. Fonte:Shutterstock Fonte: GaudiLab | Shutterstock SAIBA MAIS Enquanto antes podíamos informar apenas aos nossos círculos sociais as notícias que eram relevantes para nós, agora, aqueles que têm a tecnologia e as habilidades para usar a mídia social são os gatekeepers que atuam em círculos cada vez maiores. Isso pode resultar no compartilhamento de mais informações do que o pretendido consciente ou inconscientemente. Pela primeira vez, desde a invenção da imprensa escrita, indivíduos em múltiplos públicos controlam o fluxo de informações dentro e através dos sistemas de mídias sociais. Um pequeno número de funcionários e jornalistas não pode mais controlar as decisões sobre quais informações são aceitáveis e quais são inadequadas. Um exemplo evidente de como isso aconteceu se deu nas manifestações de junho de 2013, no Brasil, sobretudo nos grandes centros urbanos, quando, fora da chamada grande mídia, foi possível acompanhar imagens e relatos que não eram comuns até então, como reações desproporcionais da polícia, inclusive com flagrante de forja de provas. O SÉCULO XXI MARCOU O INÍCIO DE UMA ERA DE NOVAS COMBINAÇÕES ENTRE A MÍDIA DE NOTÍCIAS E AS REDES SOCIAIS, OS JORNALISTAS E OS INDIVÍDUOS. No que diz respeito à objetividade, é preciso entendê-la como algo que surge porque se reconhece a inevitabilidade da subjetividade no Jornalismo (PENA, 2005). Ao contrário de compreender a objetividade como a saída ou mesmo o fim da subjetividade, é preciso que se tenha em mente que ambas convivem lado a lado no campo jornalístico a partir da Teoria do Gatekeeper. Sobre a objetividade, é válido destacar que: “Seu verdadeiro significado está ligado à ideia de que os fatos são construídos de forma tão complexa que não se pode cultuá- los como a expressão absoluta da realidade”, explica Pena (2005, p. 13). Mais do que isso: A OBJETIVIDADE, ENTÃO, SURGE PORQUE HÁ UMA PERCEPÇÃO DE QUE OS FATOS SÃO SUBJETIVOS, OU SEJA, CONSTRUÍDOS A PARTIR DA MEDIAÇÃO DE UM INDIVÍDUO, QUE TEM PRECONCEITOS, IDEOLOGIAS, CARÊNCIAS, INTERESSES PESSOAIS OU ORGANIZACIONAIS E OUTRAS IDIOSSINCRASIAS. E COMO ELAS NÃO DEIXARÃO DE EXISTIR, VAMOS TRATAR DE AMENIZAR SUA INFLUÊNCIA NO RELATO DOS ACONTECIMENTOS. VAMOS CRIAR UMA METODOLOGIA DE TRABALHO. (PENA, 2005, p. 14) Já a subjetividade, como recorda Aguinaga (2001, p. 251), ganha contornos peculiares a partir da Teoria do Gatekeeper. Segundo o autor, a classificação jornalística aplica critérios subjetivos de importância e, ao mesmo tempo que transforma informação em conhecimento, também formula uma interpretação da realidade. Dessa forma, a figura do gatekeeper transita por entre a objetividade (que se espera da notícia jornalística) ao mesmo tempo que também passa pela subjetividade (intrínseca aos processos de escolha, motivação e seleção do gatekeeper). Por fim, acerca das limitações, pode-se elencar três principais vias que trazem um olhar crítico à falibilidade da Teoria do Gatekeeper (MACHADO, 2004; TRAQUINA, 2008; STEEN; AHVA, 2015): PRIMEIRA LIMITAÇÃO Relaciona-se com a ideia de que a análise simplista da notícia, apenas a partir de quem a produz, é ingênua demais, posto que ignora todo o entorno comunicacional ao redor da figura do gatekeeper. SEGUNDA LIMITAÇÃO Diz respeito à compreensão de que muitos trabalhos voltados ao viés teórico de estudo em questão, no fim, omitem que as normas profissionais também têm um papel relevante na interferência dos processos produtivos jornalísticos. TERCEIRA LIMITAÇÃO A última crítica mais significativa reside no entendimento de que grande parte dos estudos sobre a Teoria do Gatekeeper tende a ignorar a estrutura burocrática das organizações de mídia nos processos decisórios de veiculação noticiosa. Muitas dessas críticas às visões potencialmente limitantes da Teoria do Gatekeeper têm sido, ao longo dos anos, respondidas por trabalhos como o de Shoemaker et al. (2001), todavia, a terceira limitação destacada ainda é muito debatida nos círculos acadêmicos. Assim, esse é um dos motivos que nos levam à Teoria Organizacional como uma possível resposta a esse tipo específico de limitação. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A Teoria do Gatekeeper se alinha com uma vertente da Sociologia conhecida como individualismo metodológico. Entenda a discussão para avaliar seus prós e contras. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O TRABALHO PIONEIRO DE DAVID M. WHITE FOI DESENVOLVIDO AINDA NA DÉCADA DE 1950. SÃO DELE OS REGISTROS DAS PRIMEIRAS DISCUSSÕES SOBRE A TEORIA DO GATEKEEPER. NESSE CONTEXTO, O TRABALHO DE WHITE FOCALIZA EM PRIMEIRO PLANO: A) Exclusivamente a figura da organização de mídia como a principal responsável no processo decisório de publicação das notícias. B) O processo de reconhecimento apenas dos pares, isto é, as jornalistas mulheres de rádios exclusivamente norte-americanas decidem entre si o que poderá ser veiculado. C) O reconhecimento do papel do jornalista como a figura central que decide o que é ou não notícia, segundo o seu conjunto de valores, crenças e ideologias. D) O reconhecimento exclusivo dos assinantes como os principais responsáveis pela decisão sobre o que é publicado nas TVs norte-americanas. E) O reconhecimentode editores e assinantes como os principais responsáveis pelo processo decisório de publicação das notícias. 2. COMO PARTE DA CENTRALIDADE CONCEITUAL, A TEORIA DO GATEKEEPER VÊ O JORNALISTA SOB AS LENTES DE UM MICROCOSMO SOCIAL INDIVIDUALIZADO. DE ACORDO COM PENA (2005), O CONJUNTO DE VALORES, CRENÇAS, IDEOLOGIAS E TODA A BAGAGEM CULTURAL QUE FAZ PARTE DA VIDA DO JORNALISTA GATEKEEPER TÊM AS SEGUINTES FUNÇÕES: A) Decidir quais informações serão acessadas pelo público, auxiliar a manutenção da ordem social por meio de suas escolhas e excluir assuntos indesejados da pauta do dia como forma de manter a sociedade em um caminho ordenado e seguro. B) Compartilhar as dúvidas sobre o processo democrático dando espaço aos assinantes, ouvintes e telespectadores para que eles possam também decidir em conjunto quais assuntos serão publicados ou não. C) Tornar acessíveis e socializadas as publicações que foram, previamente, escolhidas para publicação por meio de processos decisórios acima do jornalista, isto é, escolhas feitas sob a lógica organizacional. D) Prestar um variado serviço de curadoria ao público leitor dos jornais e colocar-se à disposição para ouvi-los (ou seja, as funções do gatekeeper confundem-se com as do ombudsman). E) Promover o debate entre as esferas envolvidas: editores, assinantes, telespectadores, visando selecionar o material de mais interesse, sendo este o subsídio para o processo decisório sobre quais informações serão acessadas. GABARITO 1. O trabalho pioneiro de David M. White foi desenvolvido ainda na década de 1950. São dele os registros das primeiras discussões sobre a Teoria do Gatekeeper. Nesse contexto, o trabalho de White focaliza em primeiro plano: A alternativa "C " está correta. Ao analisar o trabalho de um jornalista de meia-idade, chamado por ele de Mr. Gates, White percebeu que as escolhas e decisões sobre o que poderia ser entendido como notícia estavam localizadas na mão desse jornalista. Assim, ele entendeu que a figura do jornalista (especialmente a partir de um cargo como editor-chefe, por exemplo) é determinante na filtragem do que será veiculado nos meios. O jornalista é o “porteiro” (gatekeeper) que seleciona as notícias e, assim, as tornam públicas. 2. Como parte da centralidade conceitual, a Teoria do Gatekeeper vê o jornalista sob as lentes de um microcosmo social individualizado. De acordo com Pena (2005), o conjunto de valores, crenças, ideologias e toda a bagagem cultural que faz parte da vida do jornalista gatekeeper têm as seguintes funções: A alternativa "A " está correta. Pena (2005) nos lembra de que, além de operar o processo de seleção noticiosa, o gatekeeper também tem uma visão de controle e ordenamento do mundo que tomará contato com as publicações do veículo de informação. Mais do que apenas escolher o que é publicável ou não, os gatekeepers (“porteiros”) são vistos como os tomadores de decisão editorial que deixam todo o sistema social em ordem. MÓDULO 2 Identificar os principais conceitos e contextos da Teoria Organizacional BASES CONCEITUAIS A discussão que a Teoria Organizacional desenvolveu ao longo das décadas se volta não mais para a figura individual do jornalista, mas, ao contrário, localiza sua centralidade argumentativa na estrutura organizacional em que os processos produtivos da notícia são engendrados. Fonte:Shutterstock Fonte: Wright Studio | Shutterstock É a partir de Breed (1993), com seu texto Social control in the newsroom: a functional analysis (traduzido para português como “Controle social na redação: uma análise funcional”), que as primeiras discussões sobre a Teoria Organizacional começam a ganhar consistência em meados da década de 1950. Como o nome da teoria propõe, estamos falando de uma composição teórica que pensa os processos de organização, estruturação, hierarquização e sistematização que possibilitam a produção noticiosa. SAIBA MAIS Warren Breed, além de sociólogo, também era jornalista e isso o auxiliou a pensar os processos produtivos aliados às teorias do Jornalismo de um modo empírico, prático e não descolado da realidade profissional. Para Breed (1993), a questão de um controle social presente nas redações (colocado, por exemplo, nas figuras de editores, de diretores executivos e mesmo os donos de um jornal), de maneira direta ou indireta, influencia na forma como os jornalistas realizam seus trabalhos. Essa perspectiva dialoga com a observação de Nelson Traquina, em Teorias do Jornalismo, a respeito da Teoria do Gatekeeper: o olhar ao indivíduo não pode estar dissociado do olhar a suas causas e motivações, ou seja, àquilo que leva às escolhas individuais. Em outros termos, tal controle social (para usarmos as ideias de Breed) faz com que os jornalistas sigam a "política" da organização. Por isso, na Teoria Organizacional, mesmo o que está implícito em relação a determinadas regras deve ser levado em conta – o “não dito”, mas completamente entendido pelos profissionais que conhecem as potencialidades e os limites impostos pelas organizações nas quais atuam. Aqui entram, segundo Traquina (1993), questões ligadas, inclusive, às punições e às recompensas na relação entre o jornalista e a organização. Há diversas maneiras de se orientar condutas profissionais. A começar, inclusive, na seleção dos jornalistas que trabalharão para determinado veículo. Sobre a Teoria Organizacional, podemos destacar: DEFINIÇÃO E PRINCIPAL BASE CONCEITUAL A Teoria Organizacional diz respeito a como uma organização consegue não apenas criar metas, com base em objetivos econômicos, políticos, culturais e sociais, como, acima de tudo, moldar o produto noticioso. Isto é, como tais metas da organização – e aqui, é importante notar, falamos desde os conglomerados multinacionais de mídia até o pequeno jornal de bairro – conseguem se utilizar de meios específicos do trabalho que resultam na divulgação de informações à sociedade. A principal base conceitual dessa teoria reside na ideia de que as organizações e os atores sociais que ali atuam (editor-chefe, editores, repórter, pauteiro, ilustrador, social media, diagramador, setor jurídico, setor financeiro etc.) influenciam diretamente no resultado do trabalho jornalístico que se apresenta ao fim da cadeia produtiva. TRABALHO JORNALÍSTICO Para a Teoria Organizacional, o trabalho jornalístico tem sua dependência diretamente conectada aos meios de produção utilizados pela organização. E, de maneira muito evidente, o fator econômico é aquele que fala mais alto em relação a todos os outros fatores condicionantes à existência dessa organização. Desse modo, em uma sociedade mobilizada pela lógica capitalista, não podemos esquecer que o Jornalismo é um negócio que, ao fim e ao cabo, visa ao lucro. PAPEL DO JORNALISTA Não se trata de retirar por completo a importância do jornalista na ação produtiva. Todavia, na Teoria Organizacional, ainda que o jornalista tenha suas intenções e motivações no processo da entrevista, redação e edição do material jornalístico, os limites para contar sua história, muitas vezes, esbarram nos limites pré-colocados pela organização mantenedora. Logo: "Nesse contexto, o jornalista, ao contrário de deter um imenso poder pessoal, é levado a adaptar-se à política editorial da organização, por meio de recompensas e punições. Nesse caso, as normas da corporação são mais importantes do que as crenças individuais, e as expectativas e os valores profissionais deixam de ter como referência o público e passam a ser dirigidos a seus colegas, superiores hierárquicos e patrões." (CASTRO et al., 2013, p. 4-5) CENTRALIDADE NO COLETIVO A centralidade do conceito da Teoria Organizacional localiza-se em um coletivo tangível (a organização) e não mais em um indivíduo que deteria todo o poder de controle sobre o que é ou não é notícia. Assim, as normas editoriais ganham mais força do que propriamente o que o jornalista tem como o seu conjunto de valores, suas crenças eintenções pessoais. No entendimento dessa teoria, a principal fonte de “expectativas, orientações e valores profissionais do jornalista” (CASTRO, 2012) não seria o público, mas sim um grupo de referências composto pelos superiores e os colegas desse jornalista. SAIBA MAIS No Brasil, a pesquisadora Cremilda Medina (1988), ainda no ano de 1978, foi uma das pioneiras a discutir o processo de construção noticiosa sob o viés da Teoria Organizacional. Para a autora, a notícia como um produto à venda desvela bem o condicionante econômico como a centralidade dos objetivos das organizações midiáticas. Para Medina (1988), o Jornalismo, na sociedade urbana e industrial, não passa incólume às influências do capital, ao contrário, eles atuam lado a lado. BASES CONTEXTUAIS Sobre os contextos envolvendo a Teoria Organizacional, é necessário explicitar que aqui se fala de um espaço socializador e (não raras vezes) disciplinador. Logo, como relembra Breed (1993), as políticas da organização são apreendidas por meio da “socialização” da redação (um processo que, novamente, não escapa à ideia de disciplina: sobre o que se pode falar e o que não se pode, o que merece atenção e o que deve ser rejeitado). Fonte:Shutterstock Fonte: GaudiLab | Shutterstock A figura 2, a seguir, intenta demonstrar breve e resumidamente as instâncias que permeiam a construção noticiosa e todo o processo produtivo de uma rotina jornalística a partir da Teoria Organizacional. Na imagem, como se vê, o jornalista continua presente, porém, outros atores sociais da organização mostram sua influência em todo o trajeto que modela a notícia. Obviamente, por tratar-se de um exemplo hipotético, outras funções e outros cargos podem não fazer parte da imagem, mas isso não significa que eles inexistam nas redações jornalísticas das muitas organizações de mídia contemporâneas. Muitas redações têm colaboradores externos, como chargistas ou colunistas. Todas as redações de jornal impresso têm diagramadores. Um último exemplo é o de algumas redações em todo o mundo que passaram a adotar o papel de um checador de informações. Fonte:Shutterstock Figura 2 – Organograma de redação em uma organização jornalística Fonte: Curadoria de Humanidades Fonte: Rawpixel.com | Shutterstock Muitas vezes, os preceitos éticos e mesmo assuntos de imensa noticiabilidade são obliterados por determinadas políticas organizacionais. Se é certo que os jornalistas apreendem as políticas organizacionais a partir da maneira como o trabalho é desenvolvido na redação (como funciona a práxis produtiva do Jornalismo), também é certo que pode existir um conflito de interesses entre a organização e determinados assuntos noticiosos (LAGE, 2006). Sobre essa relação contextual, é nítido que o Jornalismo e a Teoria Organizacional tangenciam, novamente, a questão da objetividade versus subjetividade. Ou em termos ainda mais aprofundados, essa relação contextual opera um sutil choque entre o que se entende por natureza informativa versus natureza interpretativa do Jornalismo. Como relembra Aguinaga (2001, p. 252): A NATUREZA INTRINSECAMENTE INTERPRETATIVA DO JORNALISMO COM SEU ACOMPANHAMENTO DE OPINIÕES CONTINGENTES NÃO REFLETE APENAS OS VALORES DE IMPORTÂNCIA E INTERESSE (O QUE IMPORTA E O QUE NÃO IMPORTA, EM TODOS OS MOMENTOS) APROVANDO E REPROVANDO [...], MAS ESTABELECE A FRONTEIRA ENTRE O DESEJÁVEL E O REJEITÁVEL, QUE É INEVITAVELMENTE TRANSMITIDO COMO MENTALIDADE E, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, COMO COMPORTAMENTO POTENCIAL, CAPAZ DE GERAR UMA NOVA REALIDADE. Passados 65 anos desde a primeira discussão trazida por Breed, é preciso pensar em como a Teoria Organizacional ainda se mantém forte atualmente. EM SUA BUSCA POR GERAR NOVAS REALIDADES POSSÍVEIS, A TEORIA ORGANIZACIONAL CONTINUA TENTANDO ENTENDER COMO A GESTÃO DE REDAÇÃO PODE RESOLVER PROBLEMAS PRÁTICOS E TEÓRICOS QUE AFETAM AS ORGANIZAÇÕES JORNALÍSTICAS. Em uma das mais recentes publicações sobre o assunto, Hollifield (2019) mostra que a Teoria Organizacional ainda tem um forte objetivo nos efeitos da gestão na qualidade do conteúdo das notícias, além da lucratividade organizacional. Todavia, tal teoria ainda é capaz de distinguir a pesquisa em gestão de redação da pesquisa em gestão no campo dos negócios. A força de trabalho do Jornalismo tem sido o tópico mais estudado na gestão da redação, seguido pela tomada de decisões de notícias e os efeitos das estruturas organizacionais, concorrência de mercado e tecnologias no conteúdo de notícias (HOLLIFIELD, 2019). Segundo a autora, a pesquisa sobre o gerenciamento de redação não acompanhou as interrupções da indústria do século XXI e, atualmente, o contexto de viabilidade da organização de notícias mostra-se como a questão de pesquisa mais importante para o campo. Fonte:Shutterstock Fonte: Pavel L Photo and Video | Shutterstock NÍVEL ORGANIZACIONAL E NÍVEL EXTRAORGANIZACIONAL NAS ROTINAS DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA Trazendo a discussão para o cenário brasileiro, Melo (2006) explica que o campo do Jornalismo passa por múltiplas turbulências que afetam não apenas o processo produto da notícia, mas, principalmente, as organizações que sediam os veículos informativos. MUDANÇAS TECNOLÓGICAS, TRABALHISTAS E GEOPOLÍTICAS ATROPELAM OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO NOTICIOSA, IMPONDO AJUSTES AOS NOVOS TEMPOS. (MELO, 2006, p. 9) Pensar a Teoria Organizacional em tempos de convergência das rotinas de produção jornalística, dentro e fora do Brasil, é algo de suma importância. É preciso que se diferencie o nível organizacional do nível extraorganizacional que afeta o processo produtivo da notícia. Combinados, esses dois níveis são fatores que influenciam toda a rotina produtiva. NÍVEL ORGANIZACIONAL Por nível organizacional entende-se como a notícia é perpassada por questões provenientes da organização na qual o trabalho jornalístico se encontra. Ou seja, nesse nível, assuntos como a lucratividade, receita e saúde financeira entram em jogo. Para além desses tópicos, é no nível organizacional que surgem as questões burocráticas, as disputas de poder pela hierarquia, a competição interna (entre editores e editorias) e externa (a busca pela notícia exclusiva, o “furo”) e mesmo o status adquirido por determinado jornalista dentro de sua organização. Isto é, como a organização visualiza o interesse editorial em publicar ou não determinado assunto a depender de quem o produziu, como recordam Sousa (2002) e Traquina (2008). NÍVEL EXTRAORGANIZACIONAL Por nível extraorganizacional estamos falando de algo que escapa do controle social estabelecido pela organização na qual as informações são transformadas em notícia. Aqui, entram em contexto a audiência, o mercado, a relação entre o jornalista e a fonte de sua informação e, de modo completamente incontrolável, as variáveis políticas e econômicas que podem transformar a organização de maneira muito radical (ou seja, empresas de comunicação que em um período são verdadeiros impérios midiáticos e, por razões diversas, acabam falindo, sendo extintas ou tendo sua visibilidade e legitimidade diminuídas a ponto de serem quase retiradas de cena). EXEMPLO Um exemplo rápido de uma variável incontrolável é o caso da emissora televisiva RCTV, na Venezuela, em 2006 (BEZERRA, 2011). A rede, que tinha a maior audiência naquele país com cerca de 10 milhões de venezuelanos assistindo à sua programação (45% de share, isto é, 45% das TVs ligadas estavam nesse canal), não teve sua concessão renovada pelo então presidente Hugo Chávez (1954-2013) e, depois de 20 anos funcionando, foi fechada em 2007. SAIBA MAIS No Brasil, a TV Tupi, que veiculou o primeiro telejornal do país, o Imagens do dia, assim como o célebre Repórter Esso, e que pertencia ao conglomerado Diários Associados, um dos maiores do Brasil, saiu do ar em 1980, devido a problemas financeiros e administrativos, depois de 30 anos no ar. Quanto uma estrutura social pode moldar um indivíduo? E até onde umaorganização empresarial pode ditar os caminhos da notícia? Será que a Teoria Organizacional responde a essas perguntas? Assista ao vídeo a seguir e reflita sobre essas questões. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SOB A ÓTICA DA TEORIA ORGANIZACIONAL É CORRETO AFIRMAR QUE O PAPEL DO JORNALISTA É: A) Totalmente retirado de cena e ignorado pelos veículos de comunicação, posto que a organização de mídia é superior à figura individual desse sujeito e acaba por oprimi-lo nas decisões editoriais. B) É colocado em segundo plano, isto é, as decisões sobre a publicação ou não de uma notícia moldam-se mais aos interesses da organização do que do indivíduo produtor da informação em si. C) É exaltado ainda mais porque, entre outros motivos, o viés organizacional é idêntico ao viés do gatekeeper tratado em outras teorias prévias ao desenvolvimento das discussões conceituais jornalísticas. D) Totalmente retirado do foco para que a audiência, no caso, os assinantes, telespectadores e ouvintes possam ser ouvidos e levados em consideração na hora de escolher e publicar determinada notícia. E) Um papel preponderante, uma vez que será o principal articulador e fornecerá as informações que serão a base das decisões da organização no sentido de moldar o produto noticioso. 2. O CONTEXTO ÉTICO E MESMO OS VALORES FUNDAMENTAIS QUE GUIAM O TRABALHO DE UM JORNALISTA NÃO RARAMENTE PODEM ENTRAR EM CONFLITO COM OS PRINCÍPIOS EDITORIAIS DE UMA ORGANIZAÇÃO MIDIÁTICA. NESSE EMBATE, A TEORIA ORGANIZACIONAL PRESSUPÕE QUE: A) O público que consome o produto final deve ser ignorado e, logo, só é publicado aquilo que verdadeiramente faz parte das crenças ideológicas do jornalista e de sua equipe de colegas profissionais. B) O modelo de negócios da organização precisa ser obliterado pelo valor da noticiabilidade dos fatos, ou seja, deve-se publicar determinada notícia e não se importar com o lucro. C) A organização e o jornalista têm o mesmo poder de decisão editorial, por isso, como é de se esperar, existe uma equidade de ambas as partes nos fatores que determinam o que é notícia ou não e o que deve ser publicado ou não. D) A organização dá a palavra final sobre a seleção noticiosa e isso se deve, em grande medida, porque os interesses organizacionais (financeiros e políticos, por exemplo) falam mais alto do que necessariamente os preceitos individuais do jornalista. E) Diante de possível conflito de interesse que pode ocorrer entre os jornalistas e a organização na decisão pelo produto a ser noticiado, a definição se dará a partir da consulta ao público consumidor do produto. GABARITO 1. Sob a ótica da Teoria Organizacional é correto afirmar que o papel do jornalista é: A alternativa "B " está correta. A Teoria Organizacional, como recordam Castro (2012) e Castro et al. (2013), postula um deslocamento no entendimento de quem é o responsável pelos processos produtivos em relação à escolha e publicação do que é ou não noticiável. Nesse cenário, lembra o autor, a organização de mídia tem um papel preponderante porque é por meio de seus condicionantes (principalmente, financeiros) que a notícia é moldada. Ou seja, a figura do jornalista continua sendo importante, mas ela é secundária: “Neste caso, as normas da corporação são mais importantes do que as crenças individuais, e as expectativas e os valores profissionais” do jornalista (CASTRO, 2012, p. 4-5). 2. O contexto ético e mesmo os valores fundamentais que guiam o trabalho de um jornalista não raramente podem entrar em conflito com os princípios editoriais de uma organização midiática. Nesse embate, a Teoria Organizacional pressupõe que: A alternativa "D " está correta. O clássico estudo de Breed (1993) explica que os contextos que envolvem a Teoria Organizacional podem ser entendidos como verdadeiros espaços socializadores. Dito de outro modo, as políticas da organização são apreendidas por meio da “socialização” da redação e, nesse caso, os interesses organizacionais são preponderantes em relação à decisão editorial sobre o que é noticiável e publicável. MÓDULO 3 Reconhecer as principais características conceituais da Teoria do Newsmaking UMA TEORIA DO EQUILÍBRIO Tentando encontrar um espaço que não coloque tanto foco apenas na figura unívoca do jornalista e, ao mesmo tempo, evitando o peso quase autoritário das organizações, a Teoria do Newsmaking pressupõe o processo de produção noticiosa por uma via de equilíbrio. Analisada de outro ângulo, a rotina de produção jornalística passa a ser vista como o espaço conformador de uma possível realidade (nem sempre fidedigna) do mundo. Ou seja, sabendo que existe uma superabundância na dieta informativa que chega das redações ao público, caberia, então, à sistematização do trabalho jornalístico produzir as notícias de modo organizado. E, assim, uma espécie de “lente para ler o mundo” seria produzida a partir do processo de construção noticiosa. Fonte:Shutterstock Fonte: Bloomicon | Shutterstock Em comparação às duas teorias anteriormente debatidas, Castro (2012) assinala que uma das principais características da Teoria do Newsmaking é a parcimônia, o meio-termo: NESSE CONTEXTO, O JORNALISTA NEM TEM O NÍVEL DE PODER INDIVIDUAL QUE LHE É ATRIBUÍDO PELA TEORIA DO GATEKEEPER, NEM É TÃO SUBJUGADO DENTRO DA REDAÇÃO QUANTO ENTENDE A TEORIA ORGANIZACIONAL. (CASTRO, 2012) A notícia publicada seria, portanto, resultado de negociação entre gatekeepers diferentes, que “a despeito de suas inevitáveis subjetividades individuais, atuariam com base em critérios profissionais de noticiabilidade” (CASTRO, 2012, p. 8). Quais são esses critérios? Jornalistas e estudiosos da Comunicação nem sempre concordam ou pontuam as mesmas questões, mas como critérios mais comumente apontados, segundo o autor, estão: shutterstock Impacto sobre a nação e o interesse nacional shutterstock Grau e nível hierárquico das pessoas envolvidas shutterstock Quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento shutterstock Novidade shutterstock Inesperado Histórica e contextualmente, o interesse pela Teoria do Newsmaking parte de três pesquisadores muito importantes no campo da Comunicação e do Jornalismo: Gaye Tuchman (1973, 1978), Mauro Wolf (2010) e Nelson Traquina (1993, 2005, 2008). É a partir da reflexão desses pesquisadores, como relembra Castro (2012), que a visão do Jornalismo, como um mero espelho a refletir fidedignamente a realidade do mundo, passa a ser questionada. A POSSIBILIDADE DE O JORNALISMO NÃO SER ESSE ESPELHO, MAS SIM UMA CONSTRUÇÃO DE UMA SUPOSTA REALIDADE GANHA MUITA FORÇA NOS ESTUDOS SOBRE A TEORIA DO NEWSMAKING. Colocando em outros termos, Pimentel e Temer (2012, p. 119) explicam que: “A hipótese do newsmaking orienta-se para a produção e os produtores da notícia, ao estudar a influência da rotina (constrangimentos organizacionais, condições orçamentárias, distribuição da rede noticiosa etc.) na representação dos acontecimentos”. Assim, a figura 3, a seguir, demonstra como a rotina jornalística, sob o ponto de vista da Teoria do Newsmaking, constrói uma ideia de realidade na qual o caminho percorrido por um fato até a sua constituição como notícia, novamente, se distribui por várias instâncias processuais de influência. Fonte:Shutterstock Teoria do Newsmaking: do fato à notícia Fonte: Da sociologia dos emissores ao newsmaking – Souza e Goedicke (2011) A PRODUÇÃO DA NOTÍCIA, EMBORA POSSA PARECER UM PROCESSO SIMPLES, PRECISA SER PLANEJADA COMO UMA ROTINA INDUSTRIAL. (CASTRO, 2012, p. 7) Seguindo essa linha de raciocínio, a Teoria do Newsmaking prevê uma construção social da realidade muito peculiar e característica: ela não mais se pauta em um entendimento quase automático de espelhamento entre a notícia e a sociedade, na qual a notícia se formaria e à qual retornaria. As relações entre as duas são, para essa teoria, muito mais imbricadas e complexas. Outro aspecto importante da Teoria do Newsmaking, segundo Pena (2005), localiza-senas funções e obrigações que os órgãos de informação precisam prestar ao tecido social no qual atuam. Logo, o newsmaking, isto é, o fazer noticioso, relaciona-se com três características principais, como aponta Tuchman (1978): 1 A atividade de possibilitar que um fato (antes desconhecido ou omitido à audiência) se torne noticiável e reconhecido pelo público. 2 O processo de criar estratégias inteligíveis de relatos noticiosos a partir de um ponto de vista não idiossincrático. 3 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A atividade de organizar temporal e espacialmente o relato da notícia como maneira organizativa do fluxo informacional dos veículos midiáticos. Essa teoria compreende que o processo de produção da notícia é planejado como uma rotina processual, portanto, mesmo que o jornalista seja um participante ativo na construção da realidade, não há autonomia incondicional em sua prática profissional. [CONSIDERAMOS] O NEWSMAKING COMO UM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL QUE ENVOLVE DISCIPLINAS DE TRABALHO, CONCEPÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO, NOÇÕES IDEOLÓGICAS E HÁBITOS CULTURAIS E PROFISSIONAIS. (BENAVIDES, 2017, p. 32) PODE-SE AFIRMAR QUE, NA TEORIA DO NEWSMAKING, HÁ UMA ESPÉCIE DE SUBMISSÃO A UMA ABORDAGEM PRODUTIVA QUE, NO FIM, DERRUBA A HIPÓTESE DE “MANIPULAÇÃO DA NOTÍCIA”, POIS AS IMPOSIÇÕES DA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA ULTRAPASSARIAM A INTENÇÃO DE MANIPULAÇÃO DO JORNALISTA COMO UM ÚNICO INDIVÍDUO. Finalmente, sobre a aplicabilidade dessa teoria a outros campos que não apenas o do jornalismo informativo, Benavides (2017) ainda relembra que áreas como a crônica jornalística e mesmo o jornalismo literário são atravessados por influências que fogem ao domínio do jornalista como o pretenso responsável único pela construção de seu texto. GATEWATCHER, JORNALISMO ONLINE E AUDIÊNCIA Em tempos em que a figura do prosumer se faz cada dia mais presente no jornalismo online, é preciso ter em mente que a Teoria do Newsmaking também é perpassada pela influência do gatewatcher. Diferentemente da visão mais singularizada de um gatekeeper que monopoliza as decisões e seleções noticiosas, as correlações entre o gatewatcher e o newsmaking se dão de modo mais fluido e menos hierarquizado. GATEWATCHER Uma definição mais acurada do termo gatewatcher é dada por Bruns (2005). De acordo com o pesquisador australiano, gatewatchers são as pessoas (inclusive, jornalistas) que, no espaço online, observam e avaliam qual material está disponível e o que é interessante, “e identificam novas informações úteis com vistas a canalizar esse material em reportagens estruturadas e atualizadas que podem incluir guias para conteúdos relevantes e trechos do material selecionado” (BRUNS, 2005, p. 18). GATEWATCHING Por conseguinte, gatewatching seria uma espécie de função editorial na qual o jornalista e a audiência produzem seu próprio processo de curadoria informacional nas redes sociais e por toda a internet. Em sua leitura da obra de Bruns (2005), Träsel (2006, p. 3) destaca ainda que os blogs têm se dedicado a esse processo desde seu surgimento. “Em sua obra, Bruns mostra com dez estudos de caso como o gatewatching transcendeu a blogosfera e hoje é a forma de operação de diversos tipos de sites de jornalismo participativo”. Percebe-se que o gatewatcher pode transitar por entre outras influências previamente descritas na Teoria do Newsmaking. O processo de gatewatching, porém, dá um passo além, pois ele é direcionado pela "observação dos portões [gates] de saída de veículos noticiosos e outras fontes, de modo a identificar o material importante assim que ele se torna disponível" (BRUNS, 2005, p. 17). RESUMINDO Mais do que apenas participar como mero receptor, o gatewatcher traz à audiência o papel ativo de dar continuidade à rotina jornalística, editorial e curatorial à parte das organizações e à parte do jornalista responsável pela matéria. Vamos conhecer um pouco mais sobre o papel da audiência na formação da notícia? Assista ao vídeo a seguir! VARIÁVEIS IMPORTANTES NA PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS: TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) Ainda no campo das inovações tecnológicas, é perceptível que a Teoria do Newsmaking não ignora como os usos de ferramentas de inteligência artificial (IA), algoritmos e máquinas inteligentes (machine learning) têm remodelado os modelos de produção noticiosa contemporâneos. Preocupado com essas questões, Marconi (2020) oferece uma nova perspectiva sobre o potencial dessas tecnologias no processo de newsmaking. Ele explica como os repórteres, os editores e as redações de todos os tamanhos podem aproveitar as possibilidades que essas ferramentas oferecem para desenvolver novas maneiras de contar histórias e se conectar com os leitores. MAIS DO QUE COLOCAR A IA COMO A DESTRUIDORA OU SALVADORA DOS MODELOS DE NEGÓCIOS ATUAIS, O QUE O AUTOR PROPÕE É PENSAR NO TRABALHO CONJUNTO ENTRE O HUMANO E A MÁQUINA. Marconi (2020) analisa os desafios e as oportunidades da IA por meio de estudos de caso que vão desde publicações financeiras, usando algoritmos para escrever relatórios de lucros, a repórteres investigativos que analisam grandes conjuntos de dados e meios de comunicação que determinam a distribuição de notícias nas mídias sociais. Segundo o autor, o newsmaking vê na IA uma variável importante para reinventar o fazer jornalístico. Para ele, a IA pode aumentar – não automatizar – a indústria, permitindo que os jornalistas divulguem mais notícias rapidamente, ao mesmo tempo que liberam seu tempo para análises profundas. Fonte:Shutterstock Fonte: TippaPatt | Shutterstock Fonte:Shutterstock Forte em Saint Tropez ao por do sol Ao reunir percepções extraídas da experiência em primeira mão, Marconi (2020) mapeia um cenário de mídia transformado pela inteligência artificial para melhor. Ou seja, mesmo colocando a tecnologia dentro das variáveis que podem alterar radicalmente o cenário de produção jornalística, o autor não vê o uso de IA no newsmaking como algo depreciativo à profissão jornalística ou, pior, como algo a ser evitado. Além de considerar os benefícios dessas novas tecnologias, Marconi enfatiza a necessidade contínua de supervisão editorial e institucional. Trazendo exemplos de aplicabilidade da IA no newsmaking de veículos internacionalmente reconhecidos, como a agência de notícias Associated Press e o Wall Street Journal, Marconi (2020) explica que da coleta de notícias à conexão com o público, existe uma infinidade de oportunidades e desafios apresentados por esse complexo conjunto de ferramentas e sistemas. EM SUMA, O QUE O AUTOR PROPÕE PENSAR É COMO A TEORIA DO NEWSMAKING PODE TIRAR VANTAGEM DAS VARIÁVEIS TECNOLÓGICAS PRESENTES NO COTIDIANO DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA, MAIS DO QUE APENAS IGNORÁ- LAS OU TEMÊ-LAS. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A HIPÓTESE QUE GUIA A TEORIA DO NEWSMAKING RESIDE NA IDEIA DE QUE OS PROCESSOS DE ESCOLHA NOTICIOSA E AS NOTÍCIAS EM SI SÃO RESULTANTES DE UMA ROTINA DE PRODUÇÃO COM SUAS PRÓPRIAS LÓGICAS. TAIS ROTINAS, AFIRMAM AUTORES COMO PIMENTEL E TEMER (2012), MODELAM A FORMA FINAL DA NOTÍCIA QUE CHEGA AO PÚBLICO. NESSE SENTIDO, PODE-SE AFIRMAR QUE: A) O Jornalismo, sob os processos de newsmaking, continua a depender da figura do gatekeeper para manter-se relevante. B) A ideia de uma manipulação da notícia continua a existir porque a organização de mídia é a responsável por criar os critérios de noticiabilidade. C) Os produtores da notícia são entendidos, no processo de newsmaking, como os responsáveis mais importantes por criar uma rotina jornalística que modela a notícia. D) Para além de filtrar, organizar e planejar, o jornalista, no processo de newsmaking, é o responsável por ouvir o público no que diz respeito a que material publicar ou não. E) No processo de newsmaking o jornalista tem papel fundamental, uma vez que busca manter a visão do Jornalismo como um espelho a refletir fidedignamente a realidade do mundo. 2. AS PRÁTICAS DE GATEWATCHINGNÃO SÃO EXCLUSIVIDADE DOS JORNALISTAS, COMO RECORDA BRUNS (2005) E TRÄSEL (2006). LOGO, É POSSÍVEL PERCEBER QUE O PAPEL DA AUDIÊNCIA COMO GATEWATCHERS É: A) Um processo pontual feito apenas uma vez na checagem de informações duvidosas que provêm da esfera política. B) Um papel passivo, ou seja, a audiência é meramente um conjunto de receptores que consome a informação noticiosa. C) Uma atividade que foge ao campo jornalístico e deve ser feita por profissionais ligados à área do Direito Civil com o objetivo de manter a liberdade de expressão. D) Uma atividade processual ativa na qual a audiência dá continuidade ao processo de newsmaking, posto que ela contribui na influência da rotina jornalística. E) Uma atividade meramente especulativa, buscando identificar as brechas que possibilitam moldar a opinião do consumidor do produto. GABARITO 1. A hipótese que guia a Teoria do Newsmaking reside na ideia de que os processos de escolha noticiosa e as notícias em si são resultantes de uma rotina de produção com suas próprias lógicas. Tais rotinas, afirmam autores como Pimentel e Temer (2012), modelam a forma final da notícia que chega ao público. Nesse sentido, pode-se afirmar que: A alternativa "C " está correta. Mais do que apenas selecionar fatos e acontecimentos que se tornarão notícia, sob a lógica do newsmaking, os produtores da notícia criam uma rotina jornalística que, ao fim e ao cabo, é a responsável pela maneira como o produto comunicacional chega ao público. Dessa forma, é a influência da rotina de produção jornalística (perpassada pelo jornalista, pelos editores, pelos diagramadores, pelos fotógrafos, ou seja, por toda a equipe que atua na produção noticiosa) que determina a representação dos acontecimentos (PIMENTEL; TEMER, 2012). 2. As práticas de gatewatching não são exclusividade dos jornalistas, como recorda Bruns (2005) e Träsel (2006). Logo, é possível perceber que o papel da audiência como gatewatchers é: A alternativa "D " está correta. Em seu estudo, Bruns (2005) compreendeu que o processo de gatewatching transita por entre outras influências previamente descritas na Teoria do Newsmaking, todavia, segundo o autor, o gatewatcher dá um passo além. O papel da audiência, no processo de gatewatching, é ativo e dá continuidade à rotina jornalística, editorial e curatorial da notícia. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Iniciamos nossa discussão interessados em entender como o processo de produção das notícias se dá a partir de uma visão localizada, especificamente, no campo das Teorias do Jornalismo. Tivemos contato com a Teoria do Gatekeeper, a Teoria Organizacional e a Teoria do Newsmaking. Para além de compreender as características essenciais e contextuais de cada uma delas, foi possível também perceber como as correlações entre as três teorias podem produzir sentido em termos de aproximação e similaridade ou mesmo distanciamento e diferenciação. Assim, foi possível concluir que a Teoria do Gatekeeper tem sua centralidade na figura individual do jornalista como o responsável pelos critérios de noticiabilidade e publicação. Por outro lado, a Teoria Organizacional inverte a balança e localiza, na organização de mídia, o maior peso editorial nos processos decisórios de construção noticiosa. E, finalmente, a Teoria do Newsmaking procura dar um equilíbrio às visões teóricas anteriores postulando a ideia de que a construção social da realidade que acompanha a rotina jornalística é perpassada por variadas instâncias de influências que não necessariamente se localizam nos extremos do jornalista, como figura isolada, nem da organização como a detentora de todas as decisões. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AGUINAGA, H. Hacia una teoría del periodismo. In: Estudios sobre el mensaje periodístico, n. 7, 2001. BENAVIDES, J. El Newsmaking, un nuevo enfoque para el abordaje de las rutinas productivas de los cronistas freelances. 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São Paulo: Martins Fontes, 2010. EXPLORE+ Acesse sites especializados, como, por exemplo: portal Comunique-se, Mercado de Comunicação, Revista Imprensa e Meio e Mensagem. Observe como os próprios meios de comunicação falam de si, fique atento à metalinguagem. Como são descritos os processos de produção noticiosa da imprensa brasileira? Quais as especificidades que se dão a ver entre os meios de comunicação? Que desafios os processos de produção jornalística enfrentam na atualidade? Por fim, reflita sobre a importância desses portais noticiosos no processo de comunicação a partir da retroalimentação. Se você se interessou pela temática da Teoria Organizacional, a dica é pesquisar mais sobre o assunto a partir do Grupo de Pesquisas em Teoria do Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenado pelo Prof. Dr. Rafael Paes Henriques, o grupo realiza pesquisas e desenvolve trabalhos sobre o campo teórico do Jornalismo. Busque a obra A Teoria Clássica do Gatekeeper e do Newsmaking na rádio: o caso da RDP (2011). Nessa dissertação, produzida por Bruno Rafael Duarte Fernandes (Universidadeda Beira Interior, Portugal), você terá contato com uma visão muito peculiar sobre o assunto. Além disso, terá a oportunidade de entender como a academia lusófona, à parte do Brasil, enxerga a dupla articulação das temáticas teóricas. CONTEUDISTA Anderson Lopes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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