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METODOLOGIA CIENTÍFICA AULA 1 Prof.ª Dayse Mendes 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, você conhecerá quais são os itens iniciais de um artigo científico e os elementos que compõem a introdução desse artigo. Para tanto, você será apresentado ao título, autoria e palavras-chave, que são os itens iniciais do artigo, observando a sua importância e como desenvovê-los. Logo a seguir, você terá acesso aos vários elementos que compõem a introdução de um artigo científico que são o tema e delimitação do tema; a formulação do problema, na qual se estabelece a pergunta de pesquisa; os objetivos geral e específicos; e as justificativas prática e teórica. Além desses elementos obrigatórios, é importante escrever ao final da Introdução um parágrafo resumo que dê ao leitor uma visão panorâmica do que ele vai encontrar ao longo do texto. Lembre-se que, embora a introdução seja o primeiro item do conteúdo de um artigo, ela deve ser revisada após o término da escrita desse artigo já que é possível que, com o decorrer do desenvolvimento do texto, algumas informações precisem ser modificadas para se ajustarem ao artigo como um todo. Não tenha receio de fazer e refazer sua introdução até que ela fique o mais próximo possível do que se deseja de uma introdução, que é demonstrar ao leitor o que ele vai encontrar ao longo do artigo! TEMA 1 – TÍTULO E OUTROS ITENS INICIAIS Você decidiu escrever um artigo científico. Seja porque teve essa vontade de vivenciar a experiência de contar para outras pessoas sobre um estudo ou pesquisa que desenvolveu, seja porque recebeu a tarefa de escrever um artigo científico, para finalizar seu curso de graduação ou de pós-graduação, por exemplo. É a primeira vez que realiza essa atividade e você percebe que é uma tarefa que exige dedicação e conhecimento acerca daquilo que se pretende descrever. Pode-se dizer que o artigo científico é a parte final de um estudo ou pesquisa realizado por você para tentar entender uma determinada situação e você quer, na verdade, você tem como objetivo, que outras pessoas leiam o seu artigo e possam utilizar desse estudo que você desenvolveu e decidiu tornar público. Então, você percebe que é necessário o poder de convencimento, já que um dos primeiros grandes desafios quando se toma a decisão de desenvolver 3 um artigo científico é fazer com que as pessoas tenham interesse em ler. Desta forma, o primeiro desafio é dar nome a ele, um nome que expresse adequadamente o que se encontra descrito ao longo do texto. Esse nome é denominado de Título do artigo. O título deve comunicar com clareza a meta da pesquisa realizada. Mas também é necessário que ele seja atrativo e gere vontade de leitura no público-alvo que se pretende atingir. Figura 1 – Título do artigo Crédito: estudio Maia/Shutterstock. Um título eficaz para um artigo científico deve ter algumas características. Entre elas, esse título deve transmitir os principais temas do estudo e destacar a importância da pesquisa. Mas também deve ser conciso e objetivo, ao mesmo tempo em que consiga atrair os leitores para que se interessem pela sua pesquisa. Assim, vale a pena observar algumas dicas de como escrever um bom título para o seu artigo: “primeiro, liste os temas abordados pelo artigo. Tente juntar todos os temas no título usando a menor quantidade de palavras possível. Um título muito longo parecerá desajeitado, incomodará os leitores e provavelmente não atenderá os requisitos do local em que se pretende publicá- lo”. 4 A partir disso, escreva alguns títulos possíveis e então selecione o melhor título para refiná-lo um pouco mais. Pergunte a algumas pessoas a opinião delas (familiares, colegas de trabalho, colegas de estudo). Reserve um tempo para fazer todas essas ações e, com isso, terá um bom resultado (Springer, 2022). Além do título, outro elemento inicial que você precisa acrescentar no seu artigo é a identificação dos autores. De acordo com a NBR 6022 (2018), que é a norma no Brasil que diz como escrever um artigo científico, o autor é a pessoa física responsável pela criação do conteúdo de um determinado documento. Já as informações a serem apresentadas quanto à autoria variam conforme o local em que se vai publicar o artigo. É importante observar as regras para submissão do artigo e o que se pede em termos de informação de autoria. Podem ser solicitadas informações como nome, e-mail, minicurrículo, nome da instituição de ensino com a qual o autor tem vínculo, entre outras. No caso do projeto final de curso, o que se pede é o nome do(s) autor (es), e do orientador, e em nota de rodapé, os títulos que essas pessoas possuem. Geralmente, como autores haverá, no mínimo, você e seu orientador. Veja a Figura 2 e os exemplos de minicurrículo logo a seguir: Figura 2 – Como informar autor/orientador Fonte: Dayse Mendes, 2022. PS.: minicurrículo deve aparecer em nota de rodapé, com fonte Arial 10 1.Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção (nome da instituição). 2.Doutor e Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Paraná, professor [...]. Outro dos elementos iniciais em um artigo são as palavras-chave. Essas são sempre solicitadas, não importa o local de publicação. As palavras-chave auxiliam indexadores e mecanismos de busca a encontrar artigos relevantes. 5 Elas têm o mesmo papel das hashtags (#) nas redes sociais. Se uma base de dados puder encontrar seu artigo, os leitores também poderão encontrá-lo. Isso provavelmente aumentará o número de pessoas que acessarão o seu artigo, e provavelmente levará o seu artigo a ser mais citado em outras pesquisas, o que demonstra a relevância do seu estudo, assim como seguidores, curtidas e comentários demonstram a relevância de uma rede social. E é isso que se deseja, que muitas pessoas leiam e usem o seu artigo. Para que os buscadores encontrem suas palavras-chave, elas devem representar adequadamente o conteúdo do seu artigo e ser específicas do campo ou subcampo de pesquisa que você está realizando (Springer, 2022). Por exemplo, seu campo de estudos é Gestão da Qualidade e seu subcampo são as Ferramentas da Qualidade. Nesse caso, você poderia ter como palavras-chave fluxograma, diagrama de Pareto, histograma. Figura 3 – Hashtags e palavras-chave Crédito: Cagkan Sayin/Shutterstock. No que se refere à quantidade, você não deve criar mais do que cinco palavras-chave. O ideal é entre três e cinco. Existe uma norma que regula especificamente a forma de escrever resumos e palavras-chave em artigos. É a NBR 6028. Essa norma estabelece que as palavras-chave devem ser escritas totalmente com letra minúscula, a não ser que a palavra seja um nome próprio. Estabelece também que a separação entre as palavras-chave seja feita com 6 vírgula. O ideal é que suas palavras-chave sejam diferentes das palavras que você usou no seu título, mas que representem o tema estudado. Essas regras precisam ser seguidas quando você desenvolver seu artigo. Relembre, então, no Quadro 1, quais são os itens iniciais de um artigo científico: Quadro 1 – Itens iniciais Item O que é Título É o nome do artigo Identificação dos autores São as informações acerca das pessoas que escreveram o artigo Palavras-chave São as “hashtags” dos artigos científicos Fonte: Dayse Mendes, 2022 Há mais um elemento inicial nos artigos científicos, que é o resumo. Porém, pela sua importância, ele será tratado com mais profundidade em um outro momento. TEMA 2 – INTRODUÇÃO: TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA Ao começar a desenvolver a escrita da Introdução do seu artigo, você vai se deparar com alguns itens imprescindíveis nesse item. O primeiro deles é o tema. Este é o assunto que norteoua pesquisa que está sendo apresentada no artigo. Provavelmente, ele ocupará um parágrafo ou dois de sua introdução, já que a ideia é descrever sobre o que você pesquisou. Conforme Praça (2015, p. 78), o tema “refere-se a aspectos gerais sobre um determinado assunto a ser estudado, diferentemente do título da pesquisa, que deve ser mais específico e escolhido posteriormente”. No entanto, para realizar a pesquisa em si e escolher o tema, você deve observar uma série de quesitos. Sua escolha deve levar em conta suas aptidões em relação à elaboração da pesquisa. Você deve ter domínio e capacidade necessários para estudar esse assunto. Algumas dicas podem auxiliar você na escolha do que estudar. Você deve se perguntar: 1. Estou atualizado sobre os acontecimentos na minha área de atuação? Quais são as coisas recentes que estão acontecendo nessa área? 2. Consigo identificar uma necessidade e, a partir dela, desenvolver 7 uma pesquisa a respeito? Consigo definir uma situação-problema relacionada a essa necessidade? Uma boa maneira de se informar sobre o que está acontecendo na área que você pretende estudar é buscar plataformas de estudos científicos e nelas começar a selecionar artigos científicos que o auxiliem a compreender melhor o tema definido para sua pesquisa. Veja o Quadro 2. Quadro 2 – Plataformas de pesquisa Plataforma Link Scielo <http://www.scielo.br/> Periódicos Capes <http://www.periodicos.capes.gov.br/> Academia.Edu <http://www.academia.edu/> BDTD <http://bdtd.ibict.br/vufind/> Google Acadêmico <https://scholar.google.com.br/> Fonte: Dayse Mendes, 2022. Para verificar se o tema escolhido por você é relevante, você deve analisar se, com sua pesquisa, o grau de conhecimento sobre o assunto irá aumentar. Você deve se perguntar se a sua pesquisa acrescenta algo ao que já é conhecido sobre o tema. Por exemplo, você decide estudar sobre inteligência artificial (IA). O que você vai produzir sobre IA vai melhorar o entendimento em relação ao que já existe sobre esse tema? Lembre-se que sua contribuição não precisa ser impactante ou extremamente inovadora, mas ela deve fazer com que haja algum avanço em relação àquilo que já se conhece sobre o assunto. Após definir o tema, você deve partir para a delimitação do tema. Está relacionada à determinação de um campo de ação específico. Após a escolha do tema de pesquisa, ou seja, do assunto que se deseja provar ou desenvolver, se delimita um tema de pesquisa elegendo “uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o desenvolvimento da pesquisa pretendida” (Magalhães; Orquiza, 2002, p. 18). A delimitação do tema pode surgir com base na sua observação do cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas e em estudo da literatura especializada. Na prática, a delimitação consiste em escolher, entre os vários aspectos levantados sobre uma situação problema, aquele que merecerá estudo e investigação no momento (Santos, p. 55). 8 Utilizando ainda o exemplo de Inteligência Artificial, a delimitação do tema poderia ser o uso de IA em simulação de processos produtivos na Empresa X. O exemplo mostra que, ao se escolher e delimitar um aspecto, abandona-se outros possíveis temas que poderiam ser abordados na pesquisa. Isso se deve à necessidade de priorização, tendo em vista os recursos escassos disponíveis para as pesquisas, tais como tempo, pessoas ou recursos financeiros. Tanto o tema como a delimitação do tema, devem ser descritos de forma bem clara na Introdução do artigo científico, de forma que qualquer pessoa que leia esses parágrafos iniciais consiga compreender perfeitamente do que o artigo está tratando. Não se deve inserir outros assuntos, mesmo que pareçam relacionados ao tema, já que a ideia não é colocar uma grande quantidade de informação, mas, sim, o suficiente para deixar claro qual estudo está sendo realizado. Quantidade aqui não é qualidade! Figura 4 – Textos inadequados Fonte: Lero Lero, 2022. Evite escrever textos genéricos, que possam servir para descrever qualquer assunto, só porque eles parecem bonitos ou impactantes. Textos desse tipo, prolixos e sem conteúdo real, não são adequados para a escrita de artigos científicos e vão aparentar o uso de textos gerados automaticamente por computador, como os famosos geradores de lero-lero. 9 TEMA 3 – INTRODUÇÃO: FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Mais um item que não pode faltar na Introdução do seu artigo é a formulação do problema de pesquisa. Sua pesquisa deve ser focada sobre um problema relacionado ao tema escolhido, ou seja, uma questão associada ao tema e com importância real, que ainda não tenha sido devidamente respondida pela literatura existente. É importante ressaltar que um problema não é, necessariamente, algo negativo, mas, sim, uma situação que pode ser interessante analisar. Para elaborar seu problema de pesquisa, você deve ter em mente algumas condições. De acordo com Martins e Theóphilo (2007), entre essas condições, o problema de pesquisa deve ser acessível e se inserir em algum campo do conhecimento, deve ser bem definido e ater-se a uma única solução, e deve ser elaborado já se pensando antecipadamente sugestões de forma de investigação para resolvê-lo. É necessário, também, segundo os autores, identificar se não há nenhum tipo de pressuposto falso que dificulte a comprovação do que se está estudando. No Quadro 3, você poderá ver uma sequência de questionamentos e orientações para estabelecer de forma mais concreta o seu problema de pesquisa. Quadro 3 – Dicas para elaboração do problema de pesquisa Questionamentos Orientações Você fez um recorte adequado do seu objeto de pesquisa? O problema deve ser claro e preciso Seus termos estão definidos de forma adequada e evitam ambiguidades? O problema deve ser respondível Você possui os meios adequados para buscar a solução da sua situação-problema? O problema deve ser suscetível de solução É possível realizar a pesquisa com os instrumentos e tempo que você possui? O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável Você está usando algum tipo de juízo de valor? O problema deve ser científico Fonte: elaborado com base em Araújo, 2020. No momento da formulação do problema, você vai desenvolver uma pergunta de pesquisa. É uma questão que o pesquisador deseja responder ao se aprofundar em seu problema de pesquisa. Um problema científico deve ser 10 elaborado em forma de questão para que seja claro, objetivo e resumido, e que se relacione com todos os itens da pesquisa. Desta forma, é necessário que o problema seja apresentado “com uma pergunta inteligente que indique os caminhos que o investigador deve seguir” (Cunha et al., 2012, p. 128). A pergunta de pesquisa não pode ter respostas abertas como “sim” ou “não”. Ela deve causar no pesquisador esforço para a formulação de uma resposta específica e cientificamente aceitável, já que, segundo Gil (2022), nem todo problema pode ser resolvido por meio de um tratamento científico. Desta forma, é preciso identificar o que é científico daquilo que não é. Um problema tem natureza científica quando envolve situações que podem ser testadas e replicadas a partir de um método estabelecido para tanto. É o que chamamos de método científico. Figura 5 – Pergunta de pesquisa Crédito: sdecoret/Shutterstock. Veja alguns exemplos de perguntas de pesquisa: • Qual o impacto da implementação da ISO 9001:2015 nos processos produtivos da Empresa XXX, no período compreendido entre 2018 e 2022? • O ensino à distância de Engenharia Mecânica influencia na capacidade produtiva de montadoras de veículos no estado de São Paulo? • Há relação entre o uso de energias não renováveis e o aumento da temperaturaglobal, nos últimos cinco anos? 11 Observe que essas perguntas de pesquisa não podem ser respondidas com um simples sim ou não, demandam estudo para uma solução adequada e delimitam o que se pretende estudar, tornando o recorte da pesquisa bem claro. Agora, veja alguns exemplos do que não é uma pergunta de pesquisa: • Qual a melhor técnica para construir uma edificação sustentável? • É bom adotar jogos eletrônicos como forma de capacitar os colaboradores da Empresa XXX? • É importante se preocupar com a destinação de resíduos sólidos? • Há vida em Marte? Algumas dessas questões trazem juízo de valor, outras podem ser respondidas com um sim ou não, e outras trazem questões que carecem de evidências para que se comece um estudo sobre elas. Em sua pergunta de pesquisa, evite utilizar palavras como melhor, pior, bom, ruim, importante. Adjetivos devem ser evitados em qualquer tipo de escrita científica. Evite ainda trazer curiosidades ou situações inviáveis de serem respondidas em seu problema de pesquisa. Se você conseguiu formular corretamente o problema e estabeleceu uma boa pergunta de pesquisa, que possa ser tratada de forma científica, você já pode iniciar a organização do desenvolvimento do seu estudo (Atena, 2020). TEMA 4 – INTRODUÇÃO: OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS Definido e delimitado seu tema de pesquisa e formulado seu problema de pesquisa, cabe, a seguir, apresentar em sua Introdução os objetivos de pesquisa. Você deve estabelecer o que pretende alcançar com a pesquisa, em seu objetivo geral, e as metas específicas para que o objetivo geral se cumpra, nos objetivos específicos. No objetivo geral, deve-se definir o que se pretende alcançar, ao final, com a execução da pesquisa. Essa resposta será dada pelo pesquisador, que deverá encontrá-la ao longo do seu estudo. Desta forma, o objetivo geral deve expressar claramente aquilo que o pesquisador busca com sua investigação. Santos (1993, p. 60) esclarece que o objetivo não diz respeito ao que o pesquisador vai fazer (isto é, procedimento de pesquisa), “mas o que pretende conseguir como resultado intelectual final de sua investigação”. 12 Figura 6 – Objetivos de pesquisa Crédito: Dmitry Demidovich/Shutterstock. Os objetivos específicos, por sua vez, retratam as ações necessárias para se cumprir com o objetivo geral. Nesse sentido, eles são a subdivisão do objetivo geral. Pode-se dizer que os objetivos específicos definem metas específicas da pesquisa que sucessivamente complementam e viabilizam o alcance do objetivo geral. Para De Sordi (2017, p. 34), o objetivo geral e os objetivos específicos devem: transmitir uma unidade de informação bastante lógica e natural, o que significa sem sobreposições ou desvios; além disso, todos os específicos devem suportar o objetivo geral, ou seja, os objetivos específicos direcionam os trabalhos para o alcance do objetivo geral. Para a seção de procedimentos, cada objetivo específico gerará de forma bastante direta e clara uma ou mais etapas de pesquisa. Bertolini (2016) explica que o objetivo geral está mais próximo do problema, enquanto os objetivos específicos têm mais relação com a metodologia do trabalho científico. Desta forma, enquanto o objetivo geral estuda um fenômeno, os objetivos específicos vão medir, analisar, avaliar esse fenômeno que está sendo estudado. Você deve ter alguns cuidados ao elaborar seus objetivos, evitando algumas situações que possam dificultar a realização do seu estudo. Entre esses cuidados, está: verificar se você confundiu o objetivo geral com um objetivo específico; evitar escolher um objetivo específico extremamente óbvio; propor 13 algo impossível de se alcançar, seja pela falta de recursos, seja porque a proposta não tem uma solução plausível; cuidar para ordenar adequadamente os objetivos específicos, já que eles devem conduzir a uma sequência lógica de ações; verificar se você confundiu o objetivo geral com o tema de pesquisa. Um exemplo comum de erro na formulação dos objetivos é colocar como objetivo específico a revisão da literatura. Revisão de literatura não é um objetivo específico do seu estudo, visto que a revisão deve ser realizada para qualquer estudo científico. Evite esse erro! Para redigir os objetivos, você deve observar que, como os objetivos geral e específicos são ações, eles devem sempre ser escritos iniciando com verbos de ação no infinitivo. Este é um padrão que deve ser realizado. Não é aceitável escrever objetivos em qualquer outro formato. A ordem de apresentação dentro de sua Introdução também tem um padrão a ser seguido que é o da sequência da execução dos objetivos ao longo do estudo. Então, apresenta-se primeiro o objetivo geral e depois cada um dos objetivos específicos, conforme sua sequência lógica. Veja um exemplo de objetivo geral e seus respectivos objetivos específicos: Objetivo geral: analisar acidentes na Fábrica XX, de acordo com o tipo de atividade Objetivos específicos: • Identificar quais acidentes ocorrem na fábrica. • Apurar com que frequência os acidentes ocorrem. • Averiguar em quais postos de trabalho ocorrem os acidentes. • Identificar a causa dos acidentes. • Classificar o tipo de acidente em relação à atividade exercida. Exemplos de verbos para objetivos Geral: abranger; analisar; desenvolver; demonstrar; estabelecer; interpretar. Específicos: apurar; configurar; classificar; citar; categorizar; checar; codificar; corrigir; contestar; converter; diferenciar; desenvolver; distinguir; documentar; enunciar; exprimir; estabilizar; estimar; exemplificar; expressar; fornecer; generalizar; identificar; ilustrar; inferir; produzir; realizar; revisar; reunir; reportar; repercutir; reduzir; restringir; revelar; salientar; selecionar; situar; sustentar; usar. 14 Embora o objetivo geral seja um item da Introdução, ele também vai aparecer em seu artigo científico no Resumo e nas Considerações Finais. E você não deve mudar a escrita dele para colocá-lo nessas outras partes do artigo. Ele deve ser escrito sempre exatamente da forma como foi apresentado na Introdução. TEMA 5 – INTRODUÇÃO: JUSTIFICATIVA PRÁTICA E TEÓRICA Seu artigo científico deve apresentar uma utilidade prática e/ou teórica, visto que seu estudo deve trazer alguma contribuição nova, ser relevante. Ao desenvolver uma pesquisa e descrevê-la em um artigo científico, você deve ter, para você mesmo e para os seus leitores, quais são as contribuições que sua pesquisa e, por consequência, o seu artigo trazem tanto em termos práticos como em termos conceituais para a sociedade. Desta forma, um dos itens que não pode faltar na sua introdução é a sua explicação do porquê a pesquisa foi realizada e como ela pode auxiliar a resolver alguma situação e a trazer avanços no entendimento do tema pesquisado. Portanto, é necessário apresentar justificativa para a realização da pesquisa, que convença o leitor da importância do estudo realizado. E você deve apresentar tanto uma justificativa prática quanto uma justificativa teórica na Introdução do seu artigo. Com isso, você esclarece ao leitor, desde o início, a relevância e a originalidade do seu estudo nos seus aspectos prático e conceitual. No que diz respeito à justificativa teórica, você deve apresentar qual avanço conceitual o seu artigo está apresentando. Não se assuste com isso. O nível de contribuição conceitual estará sempre atrelado ao nível de conhecimento do pesquisador. Há expectativas diferentes entre o que um estudante de graduação deve apresentar em relação à produção de um doutor, por exemplo, visto que o domínio desses dois pesquisadores está em nível distinto de capacidade de produzir conceitos ou teorias. 15 Figura 7 – Nível de conhecimento Crédito: VectorMine/Shutterstock. Já a justificativa prática deve mostrarqual a contribuição que seu estudo trouxe em termos utilitários, ou seja, qual a utilidade, em termos reais, que seu estudo proporcionou. Para desenvolvê-la, é interessante que você se pergunte e descreva na justificativa, por que você escolheu este tema, que resultados você tem a expectativa de alcançar, qual a contribuição real do estudo para resolver a situação problema, para quem se destina o seu estudo e como essas pessoas serão beneficiadas com os resultados obtidos? Quadro 4 – Dicas para elaboração das justificativas Itens da justificativa Perguntas que o pesquisador deve realizar Conveniência Para que serve a sua pesquisa? Relevância social Qual a importância para a sociedade? Quem será beneficiado com os resultados da pesquisa? De que maneira? Implicações práticas A pesquisa irá ajudar a resolver algum problema real? Valor teórico Com a pesquisa, algum vazio de conhecimento será preenchido? É possível sugerir ideias, recomendações ou hipóteses para estudos futuros? Utilidade metodológica A pesquisa pode ajudar a criar um novo instrumento para coletar ou analisar dados? Será que ela sugere como estudar mais adequadamente uma situação problema? Fonte: elaborado com base em Sampieri et al., 2013. 16 Importante salientar que motivações pessoais não devem nunca ser descritas como justificativa para um estudo científico. Por mais que o estudo seja seu e as escolhas feitas para sua realização tenham um caráter pessoal (é a sua pesquisa!), além de algumas imposições, como ter de fazer um artigo para o seu Projeto de Final de Curso, essas escolhas ou imposições não serão aceitas como justificativas plausíveis. Suas justificativas devem se basear na conveniência, na relevância social, nas implicações práticas, no valor teórico e na utilidade metodológica do seu estudo. FINALIZANDO Nesta etapa, você pôde conhecer cada um dos elementos que comporão a Introdução do seu artigo científico e como eles devem ser formulados durante a sua escrita. Dessa forma, você pôde compreender o que é o título e qual a sua importância. Entendeu como você vai identificar a autoria do artigo. Identificou a associação entre as palavras-chave e as hashtags. Pecebeu que na primeira parte do texto da sua Introdução terá descrito o tema e a delimitação do tema. Logo a seguir, você deverá apresentar na Introdução a sua formulação do probelma de pesquisa, sempre por meio de uma pergunta de pesquisa. Com esses itens já desenvolvidos, você apresentará seus objetivos de pesquisa, tanto o objetivo geral quanto os objetivos específicos. E, logo a seguir, você deverá justificar o seu estudo, de forma prática e teórica, mostrando ao leitor a relevância e a originalidade do seu estudo, finalizando assim os itens obrigatórios de uma Introdução. Você pôde perceber que todos esses itens devem levar o leitor a uma compreensão clara do que você pretende apresentar ao longo do artigo, mas também devem despertar o interesse desse leitor. Como último item da Introdução é interessante, mas não obrigatório, construir um parágrafo com a estrutura do artigo, ou seja, o que será tratado nos próximos capítulos. 17 REFERÊNCIAS ATENA. Como identificar o tema de pesquisa. Disponível em <https://www.atenaeditora.com.br/blog/como-identificar-o-tema-de-uma- pesquisa/>. Acesso em: 29 set. 2022. ARAÚJO, D. de. 5 dicas para formular um problema de pesquisa excelente. 2020. Disponível em: <https://www.caedjus.com/dicas-para-formular-um- problema-de-pesquisa-excelente/>. Acesso em: 29 set. 2022. ABNT. NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. BERTOLINI, S. M. M. G. Pesquisa científica: do planejamento à divulgação. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. CAUCHICK, P. A. (Org.). Metodologia científica para engenharia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. DE SORDI, J. O. Desenvolvimento de projeto de pesquisa. São Paulo: Saraiva, 2017. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 7. ed. Barueri: Atlas, 2022. MARTINS, G. de A.; THEÓPHILO, C. R. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2007. PRAÇA, F. S. G. Metodologia da pesquisa científica: organização estrutural e os desafios para redigir o trabalho de conclusão. Revista Eletrônica Diálogos Acadêmicos, v. 8, n. 1, jan./jul., 2015. p. 72-87. Disponível em: <http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627112856.pdf>. Acesso em: 29 set. 2022. SAMPIERI, R. H. et al. Metodologia de pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013. SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1999. SPRINGER. Título, Resumo e Palavras-Chave. 2022. Disponível em: <https://www.springer.com/br/authors- editors/authorandreviewertutorials/writing-a-journal-manuscript/title-abstract- and-keywords/12011956>. Acesso em: 29 set. 2022. METODOLOGIA CIENTÍFICA AULA 2 Prof.ª Dayse Mendes CONVERSA INICIAL Nesta etapa, veremos como desenvolver o segundo capítulo de nosso artigo científico, denominado Fundamentação Teórica. Para que possamos escrever adequadamente esse capítulo importante do artigo, devemos ter alguns conhecimentos prévios que facilitarão esse processo. Nesse sentido, seremos apresentados ao conceito de conhecimento e, mais específicamente, de conhecimento científico. Após entendermos o que é o conhecimento científico, será possível perceber o porquê de se ter um padrão para a escrita do artigo como um todo e, em especial, da Fundamentação Teórica. Tendo compreendido o que é conhecimento científico, veremos como elaborar a base conceitual que dará origem ao capítulo de Fundamentação, inclusive aprendendo a fazer fichamentos, uma estratégia fundamental para quem desenvolve artigos científicos. Você também terá acesso a uma série de dicas do que não é base conceitual e das situações que devemos evitar enquanto estamos fazendo nossa busca dos conceitos necessários à nossa pesquisa. Já sabendo o que é e o que não é uma base conceitual, teremos a possibilidade de compreender como escrever adequadamente a Fundamentação. Finalmente, seremos alertados acerca do plágio, uma ação que não é adequada a pesquisadores, nem moral nem legalmente. Vamos compreender as maneiras e os motivos para evitar o plágio, seja na Fundamentação Teórica, seja em qualquer outro capítulo do artigo científico. TEMA 1 – O QUE É CONHECIMENTO? Para escrever um artigo científico, vamos lidar com conhecimento. Seja ao buscá-lo, para compreender melhor o tema que escolhemos, seja quando o artigo já estiver pronto e pudermos disseminar o conhecimento que adquirimos durante a realização do nosso estudo. Mas nós já nos perguntamos o que é conhecimento? Se conhecimento é o ato de conhecer, o que é conhecer? Conhecer está relacionado à situação de uma conduta adequada em relação àquilo que nos cerca. Conhecemos como devemos nos comportar no local em que vivemos para que possamos sobreviver nesse ambiente. Entretanto, o conhecimento é maior do que somente conhecer para sobreviver. Porque, embora possamos afirmar que todos os organismos vivos são sistemas cognitivos capazes de 3 conhecer o mundo em que vivem, nem todos são capazes de produzir conhecimento (Andrade; Silva, 2005). O conhecimento é, portanto, um processo próprio do ser humano de aprender sobre algo que ele ignorava, sendo assim um procedimento de compreensão do mundo que o cerca. Como produção do conhecimento, podemos entender o processo de conhecer somado à possibilidade de retomar esse processo, descrever como ele aconteceu e melhorá-lo em uma próxima vez em que a situação se apresentar. Assim, nesse processo, sempre haverá alguém para conhecer e algo para ser conhecido.Figura 1 – Processo do conhecimento Crédito: Fran_Kie/Shutterstock. Para um entendimento amplo do conceito de conhecimento, é necessário compreender dois outros elementos relacionados à ideia de conhecimento: dados e informação. Dados são elementos brutos, ou seja, que ainda não foram processados, assim, não têm nenhuma significação imediata. Podemos dizer que são coleções de evidências relevantes sobre um fato observado (De Sordi, 2015, p. 9). Essas coleções têm características que podem ser observadas para melhor defini-las, que são “a possibilidade de transmissão ou processamento por máquinas ou pelo homem; matéria-prima para geração de informação; compreendem números, palavras e imagens” (De Sordi, 2015, p. 12). Os dados podem ser pensados como pedaços de informação, que, ao serem manipulados, geram esse novo elemento. Informação, portanto, é gerada a partir do momento em que uma coleção de dados é processada. A palavra informação em si tem uma série de outros sentidos, mas sempre com a ideia de algo que é conhecido e precisa ser https://www.shutterstock.com/g/frankies 4 passado à frente. Para nós, o significado mais importante é o que relaciona informação e dados. Assim, definiremos informação como “a interpretação de um conjunto de dados segundo um propósito relevante e de consenso para o público-alvo” (De Sordi, 2015, p. 13). Como características, De Sordi (2015, p. 13-14) destaca que a informação “requer a definição de unidades de análise, o consenso entre as pessoas responsáveis pelo processamento e o público leitor da informação, bem como o envolvimento intelectual humano de maneira mais intensa e complexa do que o exigido para a geração de dados”. Figura 2 – Dados, informação, conhecimento Crédito: Hanss/Shutterstock. Finalmente, o conhecimento pode ser compreendido, sob essa ótica de relacionamento com dados e informação, como a informação que foi assimilada por alguém e, depois disso, transformou-se em algo que pertence à pessoa que passou por esse processo. Logo, há uma relação explícita com o termo informação, já que conhecimento pode ser entendido como informação adquirida. Interessante ressaltar que, dessa forma, o conhecimento é individual. Mesmo que a informação dada a pessoas diferentes seja a mesma, o conhecimento de cada uma será diferente, já que depende da forma como cada pessoa assimilou aquela informação. 5 1.1 Tipos de conhecimento Não existe uma definição única para conhecimento, pois isso depende do ponto de vista que se está usando para trabalhar com a ideia de conhecimento. Nesse sentido, há uma série de formas para entendê-lo, de acordo com a área de estudos que trata da questão. Assim, é possível apontar vários tipos de conhecimentos distintos. Correia (2022) propõe uma tipologia de conhecimentos, subdividindo-os em sete possibilidades diferentes, que são: o saber da vida, o conhecimento mítico, o conhecimento teológico, o conhecimento filosófico, o conhecimento técnico, o saber das artes, e o conhecimento científico. O saber da vida, ou o saber da experiência, é um tipo de conhecimento estudado pela filosofia e pela educação, e diz respeito à vivência do ser humano e de sua capacidade de ir construindo de forma instintiva um conjunto de saberes, desde o momento em que nasce até o dia de sua morte. É um conjunto de saberes que, normalmente, denominamos senso comum, pois não é construído de acordo com procedimentos científicos ou metodológicos, mas sim por meio de vivência espontânea da vida. Em contrapartida, é interessante por não ter fronteiras: “tudo o que diz respeito à condução da vida na terra pode se tornar objeto a ser explorado e representado nesse nível de conhecimento da realidade” (Correia, 2022). Pode ser denominado, também, conhecimento empírico, correspondendo àquele que vem da prática, da relação da pessoa com o objeto conhecido, mesmo que essa relação seja assistemática. O conhecimento mítico está relacionado a uma forma antiga, em termos históricos, e mística de se compreender o mundo e o que nos cerca. A busca por compreender fenômenos naturais por meio de explicações sobrenaturais e intuição está relacionada a essa forma de conhecimento. Portanto, é um tipo de conhecimento que, assim como o saber da vida, não é resultado de experimentação científica, mas sim do entendimento de que seres fantásticos e suas histórias sobrenaturais são os responsáveis pela razão de ser daquilo que existe no mundo. 6 Figura 3 – Conhecimento mítico Crédito: Sermsak Rattanagowin/Shutterstock. O conhecimento teológico, por sua vez, fundamenta-se na fé. Embora possa parecer, na atualidade, um conhecimento inadequado, visto que hoje nos pautamos pelo racionalismo, foi uma importante forma de pensar e fazer evoluir o conhecimento durante grande parte da história humana. Conforme Correia (2022), esse tipo de conhecimento “parte da compreensão e da aceitação da existência de um Deus ou de deuses, os quais constituem a razão de ser de todas as coisas”. Esse ser superior detém todo o conhecimento do mundo que nos cerca e vai revelando à humanidade alguns desses seus saberes. Assim, cabe àquele que quer obter esse saber apenas aceitar essa verdade revelada, que é indiscutível, inquestionável. Os saberes adquiridos por meio de conhecimento teológico são dogmas que não necessitam da razão para sua compreensão. Conhecimento filosófico é um conhecimento racional, embora não seja experimental, pois surgiu como forma de compreensão de mundo antes de os métodos científicos serem concebidos. A intenção no uso desse tipo de saber está relacionada à necessidade da busca da verdade, do porquê das coisas. E essa busca se faz por meio de uma sistemática em que aquele que procura o conhecimento elabora uma série de perguntas e sai em busca das respostas. Como exemplos de perguntas relacionadas ao conhecimento filosófico, Correia (2022) apresenta “Quem é o homem? De onde ele veio? Para onde ele vai? Qual é o valor da vida humana? O que é o tempo? O que é o sentido da vida?”. 7 Outro tipo de conhecimento é o técnico, que está relacionado ao saber fazer, à operacionalização de formas de se lidar com a natureza e o mundo ao nosso redor. O objetivo é que o ser humano possa dominar a natureza e transformá-la para seja útil à vivência humana. Para Correia (2022), é o tipo de conhecimento “especializado e específico que se esmera na aplicação de todos os outros saberes que lhe podem ser úteis”. Esse conhecimento está disseminado em toda a sociedade atualmente, já que não conseguimos viver sem inovação tecnológica e suas aplicações. Correia (2022) destaca como mais um tipo de conhecimento o saber das artes. Ele é pertinente às questões estéticas do ser humano – lembrando que estética está relacionada aos sentimentos que as coisas que estão ao nosso redor produzem em nós. Assim, esse saber dá ao ser humano a possibilidade de refinar seu espírito, experimentar e compreender o belo e entender sua importância em nossa sociedade. Sendo, possivelmente, o mais conhecido da atualidade, o conhecimento científico é produzido de forma racional, mediante investigação planejada da realidade, utilizando experimentos ou entendimento lógico daquilo que se quer compreender dentro da natureza e da sociedade. Assim, em contraposição aos tipos de conhecimento anteriores, trata-se de um conhecimento que é “sistemático, metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente na lógica racional” (Correia, 2022). O conhecimento científico, portanto, é gerado pelo uso do método científico, ou seja, segue todas as etapas necessárias de pesquisa para se chegar ao entendimento do fenômeno que está sendo investigado. Ao se lançar hipóteses e corroborá-las, ou não, é possível avançar no entendimento de um determinadoassunto e intervir na realidade de forma a transformá-la. Araújo (2018, p. 4) complementa a explicação sobre esse tipo de conhecimento afirmando que ele busca leis e métodos que auxiliem a explicar fenômenos de modo racional. A autora ainda ressalta que “o conhecimento científico pode ser alterado, reformulado, aprimorado e testado continuamente, devendo ser divulgado e benéfico socialmente”. 8 Figura 4 – Conhecimento científico Crédito: Black Jack/Shutterstock. Ao escrever o nosso artigo científico, naturalmente estaremos lidando com esse tipo de conhecimento, tanto no momento em que estivermos desenvolvendo nosso estudo quanto no momento de buscar as informações necessárias para construir nossa base teórico-conceitual. Esta dará a fundamentação necessária para que possamos ter mais clareza se a problematização que definimos é adequada e se o uso do conhecimento científico estará presente, pois é esse tipo de conhecimento que é aceito como adequado em uma pesquisa acadêmica. TEMA 2 – BUSCA DE BASE CONCEITUAL Para gerar conhecimento científico de forma adequada, é necessário estabelecer uma série de procedimentos, ou passos, que possibilitam que um estudo possa ser compreendido como ciência. A essa série de procedimentos denominamos metodologia científica. Assim, para construir o conhecimento científico, o primeiro passo é realizar uma busca adequada das bases conceituais que farão parte da pesquisa e, por consequência, da seção de Fundamentação Teórica do artigo, da pesquisa científica. Devemos compreender que pesquisa alguma parte da estaca zero. Dessa forma, de acordo com Magalhães e Orquiza (2002), uma procura em fontes documentais ou bibliografias é necessária para evitar a duplicação de esforços, https://www.shutterstock.com/g/kosecki 9 já que não podemos perder tempo tentando descobrir ideias que já foram encontradas. Para começar a busca da nossa base conceitual, devemos ter em mente o tema de pesquisa. É importante lembrar que o tema é o assunto pelo qual temos interesse. Vale aqui uma dica preciosa dada por Dickman e Dickman (2020, p. 11), que orientam o pesquisador a se dedicar a um único foco de pesquisa, pois assim vamos “acumular cada dia mais informações e conhecimentos sobre ele”, o que faz com que nos tornamos “aos poucos uma referência na área de conhecimento”. Então, a dica valiosa é escrever “muito sobre pouco”, pois “quanto menos assuntos” pesquisarmos, melhor (Dickman; Dickman, 2020). Com o tema em mãos, devemos começar a buscar fontes de informação que servirão de base para a Fundamentação Teórica. Esse tipo de situação exige o trabalho com fontes de informação formal, pois esse tipo de informação já se encontra estruturada e está baseada em dados. Existem três tipos de fontes de informação distintas que são utilizadas no desenvolvimento de pesquisa científica. São elas: a fonte primária, a fonte secundária, e a fonte terciária. A fonte primária de informação diz respeito às informações originais que são disseminadas na forma em que o autor disponibilizou inicialmente essas informações, sem interferência e análise de outros meios. Cunha (2001) cita que as fontes primárias dizem respeito a descobertas ou novas informações que são compartilhadas pelo autor. Tendo em vista todas essas características, Menezes (2021) afirma que as fontes primárias serão as que devemos utilizar no embasamento de nossa pesquisa. Já as fontes de informação secundárias são aquelas que contêm informações sobre as fontes primárias de maneira estruturada. Assim, as fontes secundárias são uma espécie de organizadores das fontes primárias, que facilitam o acesso e guiam o leitor no entendimento das informações primárias. Nesse sentido, análises, interpretações, resumos e sínteses das fontes primárias são exemplos de fontes secundárias (Cunha, 2001; Menezes, 2021). Podemos utilizar diretamente as fontes secundárias na Fundamentação Teórica, mas o ideal é que usemos a fonte secundária apenas para encontrar as publicações originais que usaremos em nossa pesquisa. Finalmente, as fontes de informação terciárias podem ser descritas como aquelas que tem como função principal auxiliar o pesquisador na busca pelas 10 fontes primárias e secundárias, indicando e organizando essas fontes para facilitar o acesso a elas. Assim, em sua maioria, não trazem informação ou assuntos como um todo, apenas sugerem onde encontrar essas informações. (Cunha, 2001; Menezes, 2021). Figura 5 – Fontes de informação Fonte: Mendes, 2022. Quadro 1 – Exemplos de fontes de informação Exemplos de fontes de informação Fonte primária Fonte secundária Fonte terciária Artigos em periódicos científicos; teses e dissertações; anais de congressos; patentes; normas técnicas; relatórios técnicos; legislação; dados estatísticos; documentos governamentais; entrevistas; discursos etc. Livros; manuais; internet; dicionários; enciclopédias; tabelas; unidades de medidas e estatística; bases de dados e bancos de dados; bibliografias e índices; livros e artigos de metodologia científica; filmes; vídeos etc. Mecanismos de busca (Google); portais; revisões de literatura; bibliografias; índices; almanaques; listas de leituras; enciclopédias; manuais de instrução; dicionários; serviços de indexação e resumo etc. Fonte: Menezes, 2021; Cunha, 2001. Uma boa forma de trabalhar com as informações obtidas ao longo da busca é realizar o fichamento de todas as obras e demais fontes que pesquisarmos, visto que é fundamental organizar todas essas informações. O fichamento é uma ferramenta utilizada pelos pesquisadores que facilita a organização das informações relevantes sobre o trabalho científico que se deseja desenvolver. Medeiros (2019) afirma que essa prática pode parecer demorada e entediante, porém, à medida que o pesquisador se familiariza com o procedimento, percebe sua importância e o ganho de tempo na escrita dos trabalhos científicos. Fundamentação teórica Fonte terciária Fonte secundária Fonte primária 11 Figura 6 – Exemplo de fichamento Fonte: Medeiros, 2019, p. 110. Na Figura 6, vemos um exemplo de ficha com as informações necessárias para elaborarmos o fichamento. Podemos usar um processador de texto ou um editor de planilhas para estruturar essas fichas, mas elas não precisam ser exatamente nesse formato. O mais recomendado é buscarmos um formato com o qual nos adaptamos e tenhamos facilidade para encontrar as informações necessárias. Não adianta fazer um bom fichamento se depois não usarmos essas informações estruturadas em nossa Fundamentação Teórica. A construção dos fichamentos deve ser em função dos temas de pesquisa, e deverá facilitar o diálogo entre os textos identificados. Vale comentar, ainda, acerca da Figura 6, que na parte referente ao texto podemos apenas copiar trechos da obra para usá-los como citação direta ou citação indireta na nossa Fundamentação. Entretanto, o fichamento fica mais interessante se, junto dos recortes, já colocarmos comentários e análises. Esse é um fichamento mais completo e que nos auxilia ainda mais no desenvolvimento da nossa Fundamentação, já que não precisaremos consultar novamente o documento original. Finalmente, vale comentar que o item Local em que se encontra a obra pode trazer tanto informação de local físico, como é o caso do exemplo da figura, quanto do local na internet (site) em que se localiza a obra consultada e fichada. 12 TEMA 3 – O QUE NÃO É UMA BASE CONCEITUAL Para começar a construir nosso artigo, usando as informações corretas para construir conhecimento científico, devemos buscar o auxílio de outras pessoas/autores que já desenvolveram pesquisas semelhantes à nossa. Então, vamos ler e analisar outras pesquisas que possam nos auxiliar a entender melhor sobre nosso tema e problematização.Nesse momento, alguns cuidados são necessários para que nossa base de conceitos possa realmente nos ajudar na compreensão do que pretendemos estudar e, posteriormente, escrever no artigo científico. É a nossa base conceitual que vai dar origem à seção de Fundamentação Teórica do artigo, a qual tem o propósito de concentrar informações conceituais retiradas da literatura pertinente, de forma a explicar conceitos, definições e características fundamentais dos assuntos relacionados ao nosso projeto. Ou seja, nesse momento, nossa opinião não é relevante, ela não deve ser colocada nessa seção. Haverá outro momento no artigo em que poderemos expressar nossa opinião e os nossos achados de pesquisa, com base no que lemos e analisamos. É importante pontuar que literatura sobre o assunto não significa somente livros sobre o tema que conseguimos identificar durante a pesquisa. Quando falamos de literatura que fará parte da nossa base conceitual, estamos sim nos referindo a livros, mas também e, principalmente, a artigos científicos, relatórios de pesquisa e outros materiais de fontes primárias confiáveis que possam dar a base para o entendimento de nosso tema de pesquisa. Em contrapartida, livros muito antigos (que não sejam clássicos da área), textos jornalísticos (como artigos de jornais ou de revistas de circulação nacional), blogs, plataformas de conteúdo livre (como Wikipédia), por exemplo, não são fontes adequadas e não devem fazer parte de nossa base conceitual. 13 Figura 5 – Pesquisa e leitura de artigos Crédito: Andrey_Popov/Shutterstock. Outro ponto importante a que devemos nos atentar é o que vamos selecionar para colocar na Fundamentação Teórica. Não devemos colocar tudo que encontrarmos durante as leituras, mesmo porque, na prática, não vamos conseguir absorver tudo o que vamos pesquisar e ler, mesmo que sejam informações que são de interesse da pesquisa. E, sob outra perspectiva, nem tudo o que vamos ler é relevante para nossa pesquisa. Assim, devemos ter em mente que a Fundamentação Teórica é um texto organizado, com conteúdo conectado de maneira lógica. Deve ser escrito de forma que favoreça o entendimento. Não é somente reunir um punhado de referências e colocá-las no artigo de maneira aleatória. Mais uma situação a se evitar é fazer uma coleção de cópias de parágrafos dos autores, uma atrás da outra, como uma “colcha de retalhos”. O nosso texto não pode ser só “Ctrl C + Ctrl V”. Mesmo que não possamos expressar nossa opinião, devemos cuidar para que os textos utilizados na Fundamentação Teórica façam sentido. É essencial lembrarmos que o leitor tem de entender o que tentamos expressar. 14 Figura 6 – Ctrl C + Ctrl V Crédito: Doodlart/Shutterstock. Finalmente, ao desenvolvermos a base conceitual, não devemos colocar qualquer explicação sobre o desenvolvimento do estudo realizado em si. Ou seja, as etapas que realizamos para atingir o objetivo da pesquisa, o procedimento de pesquisa ou outras questões relacionadas à forma como conduzimos o trabalho deverão constar em uma seção denominada Metodologia. Então, na Fundamentação Teórica, não haverá explicações sobre o local (uma empresa, por exemplo) em que realizamos nosso estudo, entrevistas ou questionários realizados, experimentos que conduzimos ou qualquer outra ação que realizamos para alcançar o objetivo de pesquisa, porque essas ações não fazem parte de nossa base conceitual. Além disso, é importante lembrar que todos os conceitos abordados nessa seção do artigo precisam ter exclusiva relação com o foco do estudo, ou seja, devemos evitar desenvolver aprofundamentos de conteúdos que não vão influenciar ou que não fizeram parte da pesquisa ou, ainda, que não terão conexão com os tópicos que serão abordados no artigo. Quantidade não é qualidade. TEMA 4 – COMO FAZER SUA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Depois de preparar uma excelente base conceitual, está na hora de usar todos os fichamentos realizados, “colocar a mão na massa” e escrever a segunda parte do artigo científico, a Fundamentação Teórica. Uma boa Fundamentação Teórica é aquela que é suficiente para que nós e os leitores do artigo entendamos, com a profundidade necessária, o tema de pesquisa. Para 15 tanto, devemos apresentar teorias e informações relacionadas ao problema de pesquisa, bem como pesquisas anteriores que possam dar subsídios à pesquisa. No que se refere às pesquisas anteriores, uma boa medida é procurar trabalhar com artigos ou outros documentos produzidos até, no máximo, cinco anos. Além disso, devemos ler todas as publicações que consultarmos e conferir se as fontes são seguras, fazendo uma análise criteriosa, pois, na prática, não absorvemos tudo o que lemos, nem mesmo vamos conseguir relacionar todas as obras fichadas ao “pé da letra”. Contudo, o importante não é a quantidade de autores citados, mas sim a qualidade e a pertinência das citações em relação ao tema de pesquisa e a concatenação das ideias apresentadas. A Fundamentação Teórica tem o propósito de concentrar informações conceituais retiradas das fontes de pesquisa, de preferências das fontes primárias, para explicar conceitos, definições e características fundamentais dos assuntos relacionados ao artigo. O objetivo da Fundamentação Teórica é explorar os estudos já publicados que envolvem o tema, aprofundando e detalhando os conceitos relacionados ao nosso objetivo. A seguir, apresentamos algumas dicas importantes que devemos observar ao escrever a Fundamentação Teórica, em especial porque devemos ter em mente que o texto deve ser técnico. Assim, o uso de adjetivos sem a devida comprovação, como bom, ruim, excelente, fantástico, super, inovador, moderno, entre outros, tornam o texto clichê e diminuem o valor de escrita. Isso também vale para o uso de generalizações das situações, com frases como: “todo mundo faz as operações da mesma forma”, “todas as pessoas usam internet”, “nenhuma empresa se preocupa com os funcionários” etc. Devemos evitar esse tipo de texto, em especial porque, dessa forma, faremos julgamentos e emitiremos nossa opinião, elementos que não podem fazer parte da Fundamentação. Finalmente, mas não menos importante, devemos utilizar uma linguagem impessoal. Nesse sentido, o ideal é o uso da terceira pessoa do singular. Fez- se, estudou-se e foi analisado são exemplos de escrita adequada. É possível usar nós, a primeira pessoa do plural, caso façamos nosso artigo com outras pessoas. Se estivermos escrevendo sozinhos, o mais adequado é o uso da terceira pessoa do singular. No que diz respeito ao formato da Fundamentação Teórica, é muito importante organizarmos tema e subtemas em seções primárias e secundárias. 16 Seções terciárias serão utilizadas apenas se julgarmos necessário. Dessa forma, podemos criar subtítulos a fim de organizar os temas envolvidos no projeto. Na Figura 7, vamos observar os subtítulos de exemplo para o seguinte tema: “Qualidade no processo de produção de softwares”. Figura 7 – Seções da Fundamentação Teórica Fonte: Mendes, 2022. Outro ponto importante é que a Fundamentação Teórica será baseada em publicações de outros autores, por isso, é imprescindível a utilização das citações, que podem ser diretas ou indiretas. A citação é a forma de dizer ao leitor que determinada parte do texto do seu artigo não é uma ideia desenvolvida por nós mesmos, mas sim por outra pessoa. Existe uma norma específica para elaborar as citações, que é a ABNT NBR 10520, de agosto de 2022, que vamos aprender a aplicar em outro momento. No entanto, é importante sempre lembrarmos que Fundamentação Teórica sem citações não é Fundamentação Teórica. Figura 8 – Exemplos de citação direta Fonte: Mendes, 2022. Isso significa que citações de outros estudos são obrigatórias, já que a Fundamentação traz os estudos similaresou os conceitos que baseiam nosso estudo. Não é possível apresentar uma Fundamentação Teórica sem citações 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 QUALIDADE 2.2.1 As funções de um departamento de qualidade 2.2 PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SOFTWARES 2.3 A CERTIFICAÇÃO ISO PARA A PRODUÇÃO DE SOFTWARES 17 diretas ou indiretas dos achados feitos na literatura sobre o tema. Vale ressaltar que todas as citações realizadas no artigo como um todo devem ser descritas nas Referências (que são o último item do artigo científico), assim como todas as referências mencionadas devem ser encontradas ao longo do texto. Se lemos, mas não citamos, seja de forma direta ou indireta, não devemos incluir nas Referências, mesmo que achemos o conteúdo muito importante. Se a leitura foi tão importante para o seu estudo, então devemos citá-la no texto. TEMA 5 – PLÁGIO Um assunto muito importante quando se trata da escrita de um artigo científico, derivada de uma pesquisa, é o plágio. Vamos imaginar que passamos um ano de nossa vida pesquisando, estudando e escrevendo para finalizar nosso Projeto de Final de Curso, o que certamente não foi um processo fácil. Isso demandou tempo pessoal, dinheiro, entre outros recursos. Tivemos de renunciar a alguns momentos pessoais ou com sua família para finalizar o estudo. Publicamos nosso artigo e, um tempo depois, vamos imaginar que descobrimos que uma pessoa copiou trechos do artigo e assumiu o que copiou como se fosse de sua autoria. Como nos sentiríamos? Figura 9 – Sentimento do plagiado Crédito: M.G.O/ Shutterstock. Talvez não tenhamos parado para pensar que os textos que encontramos em livros, artigos, na internet, demandaram uma série de esforços e recursos de quem os escreveu. Não é correto se apossar de todo esse conteúdo sem apontar de forma adequada quem fez o esforço para que o texto ficasse disponível para 18 nós e todas as pessoas que precisam dele. Essa é, então, uma questão moral. Nossa família deve ter dito em algum momento de nossa vida que pegar coisas dos outros não é certo. Pegar texto dos outros também não. Além da questão moral, também há a questão legal. A Lei n. 10.695, de 1º de julho de 2003, conhecida como Lei Antipirataria, em seu art. 1º diz que “violar direitos de autor e os que lhe são conexos” pode acarretar como pena “reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. Para determinar quais são os direitos do autor, existe a Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula todas as situações relacionadas aos direitos autorais. Assim, o autor que sofre plágio está amparado legalmente. Quem comete plágio está sujeito a sofrer as penalidades legais, assim como a desmoralização acadêmica. Figura 10 – Plágio Crédito: Ayunannas/Shutterstock. No entanto, nem sempre temos a intenção de cometer plágio. Apenas não sabíamos que aquilo que imaginávamos que era pesquisa (como copiar e colar da internet) na verdade é errado. Ou então copiamos um texto e mudamos as palavras, colocando sinônimos no lugar; ou parafraseamos corretamente o texto, mas não citamos a origem da ideia; ou, ainda, usamos um texto nosso já publicado e não mencionamos a autoria na citação. Todas essas situações configuram plágio. Então, é importante conhecer suas modalidades. Sim, há diferentes formas de cometer plágio. Veja as mais comuns: https://www.shutterstock.com/g/Ayunannas 19 • Plágio direto: cópia literal do texto original, sem referência ao autor e sem indicar que é uma citação. • Plágio indireto: reprodução, com as próprias palavras, das ideias de um texto original (paráfrase), sem indicação da fonte. • Plágio de fontes: utilização das fontes de um autor consultado (fontes secundárias) como se tivessem sido consultadas em primeira mão. • Plágio consentido: apresentação ou assinatura de trabalho alheio como de autoria própria, com anuência do verdadeiro autor. • Autoplágio: reapresentação, como se fosse original, de trabalho de própria autoria (em todo ou em parte). (BVSMS Saúde, 2022) Por mais que tenhamos retrabalhado fortemente um texto, se a ideia não é nossa, precisamos citar a fonte da informação. Ao fazer as citações e a referenciação correta, não cometeremos plágio. Assim, podemos garantir que não teremos problemas com a submissão do artigo ou a aprovação do Projeto Final de Curso. Plágio é motivo para não atribuição de nota na correção do artigo, então, tomemos todas as precauções necessárias para evitá-lo. FINALIZANDO Nesta etapa, pudemos compreender como desenvolver a Fundamentação Teórica do nosso artigo científico. Para isso, descobrimos que trabalhar com um tipo específico de conhecimento, o conhecimento científico, exige um procedimento padrão para sua construção. Assim, pudemos perceber que devemos inciar a Fundamentação Teórica buscando as bases conceituais que norteiam o nosso estudo. Para tanto, observamos que existem diferentes fontes de informação. As fontes aceitas para o desenvolvimento da Fundamentação são as fontes formais e, dentre elas, existem três tipos distintos: as fontes primárias, as fontes secundárias e as fontes terciárias. Aprendemos, ainda, que as fontes a serem efetivamente usadas na Fundamentação são as fontes primárias, como também que as fontes secundárias e terciárias podem auxiliar a encontrar as fontes primárias adequadas. Também, aprendemos que é interessante fazer fichamentos das informações que pesquisamos. Esses fichamentos nos auxiliarão na escrita do artigo científico. Percebemos, ainda, que muitas coisas que imaginávamos poder usar no artigo não são consideradas boas bases conceituais. Essas são situações que precisamos evitar quando estivermos desenvolvendo nossa base conceitual e escrevendo a Fundamentação Teórica. De acordo com todos esses conhecimentos, compreendemos, então, o que é a Fundamentação Teórica e como desenvolvê-la, sempre atentos tanto à 20 correção quanto ao uso de fontes de outras pessoas adequadamente, para que não cometamos plágio e precisemos sofrer as consequências negativas de plagiar obras de outros autores, já que agora temos o conhecimento sobre uma série de situações que denotam essa cópia indevida. 21 REFERÊNCIAS ANDRADE, L. A. B.; SILVA, E. P. O conhecer e o conhecimento: comentários sobre o viver e o tempo. Ciências & Cognição, v. 4, p. 35-41, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10520: Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2022. ARAÚJO, W. M. de. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2018. BRASIL. Lei n. 10.695, de 1º de julho de 2003. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 jul. 2003. Disponível em: <https://legislacao. presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=10695&ano=2003&ato=e87o3aq10d RpWT990>. Acesso em: 23 set. 2022. _____. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 fev. 1998. Disponível em: <https://legislacao. presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=9610&ano=1998&ato=02dMTRE1Ee NpWT89a>. Acesso em: 23 set. 2022. BVSMS SAÚDE. Plágio acadêmico: conhecer para combater. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/plagio_academico.pdf>. Acesso em: 23 set. 2022. CORREIA, W. Os diversos tipos de conhecimento. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/FILO SOFIA/Artigos/diversos_tipos_conhecimento.pdf>. Acesso em: 23 set. 2022. CUNHA, M. B. da. Para saber mais: fontes de informação em ciência e tecnologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2001. DE SORDI, J. O. Administração da informação: fundamentos e práticas para uma nova gestão do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. DICKMANN, I.; DICKMANN, I. Artigo científico: o passo a passo para escrever e publicar em revistas e coletâneas. Chapecó:Livrologia, 2020. MAGALHÃES, L. E. R.; ORQUIZA, L. M. Metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos. Curitiba: FESP, 2002. MEDEIROS, J. B. Redação científica: prática de fichamentos, resumos, resenhas. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2019. 22 MENEZES, S. Fontes de informação: definição, tipologia e confiabilidade. 2021. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/bibeng/fontes-de-informacao-definicao- tipologia-confiabilidade/>. Acesso em: 23 set. 2022. METODOLOGIA CIENTÍFICA AULA 3 Prof.ª Dayse Mendes 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, vamos aprender a contar para os leitores do nosso artigo, em detalhes, o que definimos que seria a nossa pesquisa e como a fizemos. Essa explicação dos procedimentos que realizamos deve ser desenvolvida no capítulo de metodologia, que traz a especificação do problema, o delineamento de pesquisa, população e amostragem, coleta e tratamento de dados e o relato dos procedimentos experimentais. Inicialmente, vamos entender que devemos apresentar hipótese de pesquisa, que é uma espécie de frase afirmativa que funciona como resposta ao nosso problema de pesquisa. Nesse mesmo momento, também apresentaremos nossas variáveis de pesquisa, especificando o nosso problema. A próxima etapa de nossa Metodologia diz respeito ao delineamento de pesquisa, em que vamos compreender que precisamos caracterizar a nossa pesquisa sob uma série de aspectos distintos. Vamos também aprender a como descrever os nossos procedimentos referentes a dados, tanto no que se refere à população e amostra, como também à forma como os coletamos e tratamos. Finalmente vamos aprender como descrever, em detalhe, seus procedimentos experimentais, caso tenhamos realizado algum experimento em nossa pesquisa. Todos esses procedimentos são descritos no capítulo de Metodologia tanto para comprovar que seguimos um método científico em nossa pesquisa como para auxiliar outros pesquisadores a replicarem o nosso estudo, seja para aumentar a confiabilidade de nossa pesquisa, seja para contrapor outras hipóteses em relação ao estudo. TEMA 1 – ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA O terceiro capítulo de nosso artigo trata da Metodologia. Ou seja, nesse capítulo, vamos contar ao leitor, com a maior quantidade possível de detalhes, o que e como fizemos a nossa pesquisa. Isso serve para confirmar com o leitor que usamos um caminho de pesquisa realmente científico, como também para que outros pesquisadores possam seguir esse mesmo caminho indicado por nós e refazer a pesquisa. Essa ação de refazer se chama “replicar a pesquisa”. Muitas pesquisas necessitam dessa replicação de vários pesquisadores para que seus resultados sejam aceitos pela comunidade científica ou, até mesmo, pela sociedade. Então precisamos tomar cuidado com esse capítulo e o que vamos relatar nele. 3 Você precisa deixar claro para o leitor, em termos metodológicos, o que fizemos na nossa pesquisa. A essa parte denominamos especificação do problema de pesquisa. Essa especificação auxilia tanto a nós, enquanto estivermos realizando a pesquisa, quanto ao leitor que pretenda replicar o nosso estudo, ou, com base nele, construir uma nova pesquisa. Esse auxílio vem em uma compreensão mais aprofundada do problema, já apresentado na introdução do artigo, mas sem grandes detalhes. Figura 1 – Hipóteses de pesquisa Crédito: Ileezhun/Shutterstock. A especificação do problema começa com o lançamento de hipóteses de pesquisa. Uma hipótese é uma espécie de resposta ou de solução em relação ao nosso problema de pesquisa. Assim, ao escrever nossa hipótese, precisamos relembrar qual foi a pergunta de pesquisa que lançamos na introdução do artigo. A hipótese de pesquisa deve ser redigida em forma de afirmação, em uma única frase que deve ser clara e escrita de forma bem objetiva e exata. Existem tipos diferentes de hipóteses. De acordo com Richardson (2017, p. 106), é possível classificar as hipóteses segundo o número de variáveis que essa hipótese tem e qual a relação entre elas. Vale comentar que variáveis de pesquisa definem qualquer tipo de relação de causa e efeito que possa ser observada em nosso estudo. Assim, é possível identificar três tipos distintos de hipóteses, como podemos observar no Quadro 1 a seguir. 4 Quadro 1 – Tipos de hipóteses quanto às variáveis Hipótese Conceito Exemplo Hipóteses univariadas ou singulares São as que apresentam apenas uma variável. Menos de 20% das peças verificadas apresentam problemas de qualidade. Hipóteses multivariadas ou de associação São as que apresentam ligação entre duas ou mais variáveis. Redes de computadores que apresentam lentidão também apresentam dificuldade na realização de backup. Hipóteses de relação causal ou de causalidade São as que apresentam relação de causa e efeito entre as variáveis. Quanto maior o nível educacional do trabalhador, maior sua produtividade Hipóteses de tendência (trend) São aquelas que tratam da direção do movimento de uma ou mais variáveis ao longo do tempo. O uso de ferramentas de metaverso aumentará nos próximos quatro anos. Fonte: Richardson, 2017, p. 106. Descrita a ou as hipóteses de pesquisa em nossa metodologia, cabe agora propormos uma série de definições para apresentar os termos importantes e as variáveis de pesquisa. Há duas definições a serem realizadas, a definição constitutiva e a definição operacional. A definição constitutiva diz respeito ao conceito que foi utilizado durante a pesquisa, seja das variáveis, seja dos termos importantes para a pesquisa. Já a definição operacional diz respeito a como as variáveis foram observadas na situação real do estudo. Vejamos um exemplo de definição constitutiva (DC) e operacional (DO) da variável centralização, um elemento de estrutura organizacional, na Figura 2 a seguir. Figura 2 – Exemplo de definição constitutiva (DC) e operacional (DO) da variável centralização Centralização DC: “distribuição de autoridade ou poder decisório nas organizações” (Machado da Silva; Alperstedt, 1995, p. 313). DO: grau de participação dos membros organizacionais nas decisões. O grau de participação na tomada de decisão será mensurado a partir de uma adaptação da Escala de Aston. Crédito: Mendes, [S.d.]. A primeira parte da metodologia, em que esmiuçamos o problema e descrevemos o que ele é, fica pronta assim que escrevemos a hipótese, estabelecemos quais são as variáveis do estudo, e descrevemos de forma constitutiva e operacional essas variáveis, finalizando nossa especificação do 5 problema. Disso em diante, podemos começar a descrever como fizemos a nossa pesquisa. TEMA 2 – DELINEAMENTO DE PESQUISA Além de contarmos o que fizemos em nossa pesquisa, outra importante preocupação é o relato de como a fizemos. O primeiro passo desse relato é o delineamento de pesquisa, ou seja, vamos classificar a pesquisa que desenvolvemos em, pelo menos, um parágrafo. Existem várias formas de se fazer uma pesquisa científica. Precisamos dizer ao leitor quais dessas formas utilizamos. A classificação se divide em quatro grandes grupos, que são: o tipo de pesquisa quanto à natureza, o tipo de pesquisa quanto à abordagem, o tipo de pesquisa quanto aos objetivos e o tipo de pesquisa quanto aos procedimentos. As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto à natureza como pesquisa básica ou aplicada. A pesquisa básica tem como objetivo o progresso da ciência. Já a pesquisa aplicada, por sua vez, gera “conhecimento para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos” (Magalhães; Orquiza, 2002, p. 11). Os artigos de engenharia são, por característica própria da área, do tipo pesquisa aplicada, visto que tem por objetivo a utilização, as “consequências práticas do conhecimento”, envolvendo verdadese interesses específicos (Magalhães; Orquiza, 2002, p. 11). Quanto à abordagem do problema, relatamos se a análise dos fenômenos estudados é realizada por meio de pesquisa qualitativa ou pesquisa quantitativa. A pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir, em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (Magalhães; Orquiza, 2002). Já a pesquisa qualitativa, como o próprio nome diz, trabalha com características de qualidade dos dados, sem necessidade de intervenções estatísticas. A pesquisa quantitativa se baseia na medição numérica e na análise estatística para estabelecer padrões e comprovar teorias. Tal pesquisa se torna viável por ser possível mensurar e quantificar as respostas que se conseguiu quando se fez a coleta de dados, por meio do uso de recursos e de técnicas estatísticas. Já a pesquisa qualitativa considera que há situações que não podem ser traduzidas em números. Assim, esse tipo de pesquisa utiliza a coleta de dados sem medição numérica para descobrir ou aprimorar perguntas de 6 pesquisa no processo de interpretação de fenômenos ou de situações-problema. É possível mesclar os dois tipos e realizar uma pesquisa quali-quanti, ou seja, uma pesquisa que usa tanto os métodos quantitativos quanto os métodos qualitativos de tratamento dos dados, no intuito de poder fazer uma análise mais aprofundada sobre o tema estudado. Figura 3 – Pesquisa quantitativa Crédito: Bakhtiar Zein/Shutterstock. As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto aos seus objetivos, relacionando-os ao grau de aproximação que o pesquisador tem em relação ao fenômeno em estudo. Assim tem-se as pesquisas exploratória, descritiva e explicativa. A pesquisa exploratória diz respeito à primeira aproximação a um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno, ou seja, ao definir que a pesquisa é exploratória, diremos ao leitor que não encontramos nada parecido com o nosso estudo quando construímos nossa base conceitual. Por isso, a pesquisa exploratória é quase sempre feita, em termos de procedimento, como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam/atuam na área, visitas a websites etc. A pesquisa descritiva, por sua vez, é um levantamento das características conhecidas de uma situação-problema. Nesse tipo de pesquisa, o interesse é descrever o fato ou fenômeno que se observa durante a pesquisa, para tornar o tema mais claro. É normalmente feita na forma de levantamento ou observações sistemáticas do problema escolhido. Finalmente, a pesquisa explicativa tem por objetivo criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou fenômeno. Essa pesquisa se ocupa com os “porquês” do problema, isto é, com a identificação dos fatores que contribuem para explicar o que está acontecendo em relação ao tema estudado (Santos, 1999). https://www.shutterstock.com/g/Bakhtiar+Zein 7 É possível dizer então que, quanto aos objetivos, há uma espécie de hierarquia entre elas. É impossível fazer uma pesquisa explicativa sem que, antes, alguém tenha feito uma pesquisa exploratória sobre o tema. Devemos lembrar que estamos tratando do tema aqui, então se pretendemos escrever, por exemplo, acerca da economia de energia pela utilização de placas solares na empresa em que trabalhamos, mesmo que acreditamos inicialmente que este é um estudo exploratório porque ninguém fez um estudo desses nessa empresa, essa ideia é incorreta, pois muitas pessoas já pesquisaram e escreveram como tema a energia solar. Assim, essa pesquisa será descritiva ou explicativa. A última classificação diz respeito aos procedimentos, ou seja, vamos descrever os métodos práticos utilizados para juntar as informações necessárias à nossa pesquisa. Aqui, ainda não descrevemos em detalhes como fizemos a coleta de dados, somente informa o padrão utilizado para essa coleta. Nesse caso, as pesquisas científicas podem ser classificadas como pesquisa bibliográfica, documental, experimental, de levantamento, estudo de caso, de campo, de laboratório, ex-post-facto, survey, participante, pesquisa-ação, design science, etnográfica, etnometodológica. Alguns desses tipos são mais adequados a pesquisas voltadas à engenharia que outros. Assim, é importante ter uma noção sobre cada um deles. Vejamos os tipos de pesquisa no Quadro 2 a seguir. Quadro 2 – Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos Tipo de pesquisa Característica Bibliográfica Uso de um conjunto de materiais escritos/gravados que contém informações já elaboradas e publicadas por outros autores. Documental Uso de fontes documentais originais e não publicadas, tais como relatórios de empresas, documentos arquivados, obras originais de qualquer natureza, entre outras. Experimental Um fato ou um fenômeno da realidade é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou por ele são produzidos. De levantamento Busca-se informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter. Trata-se de um procedimento útil em pesquisas exploratórias e descritivas. Estudo de caso Estudo de caso diz respeito a selecionar um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos característicos. Esse objeto pode ser, por exemplo, uma empresa, uma comunidade. (continua) 8 (Quadro 2 – conclusão) Tipo de pesquisa Característica De campo Está relacionada ao local no qual acontecem os fatos e fenômenos. Nesse tipo de pesquisa, se recolhe os dados in natura, no local de observação, como percebidos pelo pesquisador. De laboratório Está relacionada ao local no qual acontecem os fatos e fenômenos. Nesse tipo de pesquisa, se recolhe os dados em laboratório, com o experimento acontecendo sob controle do pesquisador. Ex-post-facto Pesquisa experimental que acontece naturalmente, sem o controle do pesquisador em que, depois do fenômeno ter acontecido, tenta explicá-lo e entendê-lo. Survey O pesquisador busca informações diretamente com o grupo em que deseja obter dados. As pesquisas de opinião são um exemplo desse tipo de procedimento. Participante Os pesquisadores envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado, com poder de decisão quanto à situação em estudo. Pesquisa-Ação Os pesquisadores envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado, mas sem poder de decisão quanto à situação em estudo. Design science research Um processo rigoroso de projetar artefatos para resolver problemas, avaliar o que foi projetado ou o que está funcionando, e comunicar os resultados obtidos. Etnográfica É o estudo de características de um grupo específico, tais como cultura e comportamento. Etnometodológica É o estudo do cotidiano dos indivíduos. Fonte: Magalhães e Orquiza (2002); De Sordi (2017) Ao escrever o parágrafo de delineamento da metodologia, vamos dizer ao leitor, então, o tipo de pesquisa que fizemos quanto à sua natureza, à sua abordagem, aos seus objetivos e ao seu procedimento. Por exemplo, digamos que nós investigamos o uso de tecnologias de informação na empresa em que trabalhamos para verificar se o uso está influenciando a produtividade das pessoas. Para tanto, elaboramos um questionário, com escalas nas respostas, e o distribuímos para os chefes de todos os setores da empresa. Nesse caso, no parágrafo inicial de metodologia, devemos comentar que essa é uma pesquisa aplicada por trazer um estudo prático; é quantitativa por usar um questionário que vai quantificar os resultados e possibilitará utilizar estatística para a análise; é descritiva porque vai descrever se as tecnologias de informação influenciam a produtividade; é um estudo de caso visto que está sendo feita na empresa
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