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METODOLOGIA CIENTÍFICA

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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dayse Mendes 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, você conhecerá quais são os itens iniciais de um artigo 
científico e os elementos que compõem a introdução desse artigo. Para tanto, 
você será apresentado ao título, autoria e palavras-chave, que são os itens 
iniciais do artigo, observando a sua importância e como desenvovê-los. Logo a 
seguir, você terá acesso aos vários elementos que compõem a introdução de um 
artigo científico que são o tema e delimitação do tema; a formulação do 
problema, na qual se estabelece a pergunta de pesquisa; os objetivos geral e 
específicos; e as justificativas prática e teórica. 
Além desses elementos obrigatórios, é importante escrever ao final da 
Introdução um parágrafo resumo que dê ao leitor uma visão panorâmica do que 
ele vai encontrar ao longo do texto. Lembre-se que, embora a introdução seja o 
primeiro item do conteúdo de um artigo, ela deve ser revisada após o término da 
escrita desse artigo já que é possível que, com o decorrer do desenvolvimento 
do texto, algumas informações precisem ser modificadas para se ajustarem ao 
artigo como um todo. Não tenha receio de fazer e refazer sua introdução até que 
ela fique o mais próximo possível do que se deseja de uma introdução, que é 
demonstrar ao leitor o que ele vai encontrar ao longo do artigo! 
TEMA 1 – TÍTULO E OUTROS ITENS INICIAIS 
Você decidiu escrever um artigo científico. Seja porque teve essa vontade 
de vivenciar a experiência de contar para outras pessoas sobre um estudo ou 
pesquisa que desenvolveu, seja porque recebeu a tarefa de escrever um artigo 
científico, para finalizar seu curso de graduação ou de pós-graduação, por 
exemplo. É a primeira vez que realiza essa atividade e você percebe que é uma 
tarefa que exige dedicação e conhecimento acerca daquilo que se pretende 
descrever. 
Pode-se dizer que o artigo científico é a parte final de um estudo ou 
pesquisa realizado por você para tentar entender uma determinada situação e 
você quer, na verdade, você tem como objetivo, que outras pessoas leiam o seu 
artigo e possam utilizar desse estudo que você desenvolveu e decidiu tornar 
público. 
Então, você percebe que é necessário o poder de convencimento, já que 
um dos primeiros grandes desafios quando se toma a decisão de desenvolver 
 
 
3 
um artigo científico é fazer com que as pessoas tenham interesse em ler. Desta 
forma, o primeiro desafio é dar nome a ele, um nome que expresse 
adequadamente o que se encontra descrito ao longo do texto. Esse nome é 
denominado de Título do artigo. O título deve comunicar com clareza a meta da 
pesquisa realizada. Mas também é necessário que ele seja atrativo e gere 
vontade de leitura no público-alvo que se pretende atingir. 
Figura 1 – Título do artigo 
 
Crédito: estudio Maia/Shutterstock. 
Um título eficaz para um artigo científico deve ter algumas características. 
Entre elas, esse título deve transmitir os principais temas do estudo e destacar 
a importância da pesquisa. Mas também deve ser conciso e objetivo, ao mesmo 
tempo em que consiga atrair os leitores para que se interessem pela sua 
pesquisa. 
Assim, vale a pena observar algumas dicas de como escrever um bom 
título para o seu artigo: “primeiro, liste os temas abordados pelo artigo. Tente 
juntar todos os temas no título usando a menor quantidade de palavras possível. 
Um título muito longo parecerá desajeitado, incomodará os leitores e 
provavelmente não atenderá os requisitos do local em que se pretende publicá-
lo”. 
 
 
4 
A partir disso, escreva alguns títulos possíveis e então selecione o melhor 
título para refiná-lo um pouco mais. Pergunte a algumas pessoas a opinião delas 
(familiares, colegas de trabalho, colegas de estudo). Reserve um tempo para 
fazer todas essas ações e, com isso, terá um bom resultado (Springer, 2022). 
Além do título, outro elemento inicial que você precisa acrescentar no seu 
artigo é a identificação dos autores. De acordo com a NBR 6022 (2018), que é a 
norma no Brasil que diz como escrever um artigo científico, o autor é a pessoa 
física responsável pela criação do conteúdo de um determinado documento. Já 
as informações a serem apresentadas quanto à autoria variam conforme o local 
em que se vai publicar o artigo. É importante observar as regras para submissão 
do artigo e o que se pede em termos de informação de autoria. Podem ser 
solicitadas informações como nome, e-mail, minicurrículo, nome da instituição 
de ensino com a qual o autor tem vínculo, entre outras. 
No caso do projeto final de curso, o que se pede é o nome do(s) autor 
(es), e do orientador, e em nota de rodapé, os títulos que essas pessoas 
possuem. Geralmente, como autores haverá, no mínimo, você e seu orientador. 
Veja a Figura 2 e os exemplos de minicurrículo logo a seguir: 
Figura 2 – Como informar autor/orientador 
 
Fonte: Dayse Mendes, 2022. 
PS.: minicurrículo deve aparecer em nota de rodapé, com fonte Arial 10 
1.Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção (nome da 
instituição). 
2.Doutor e Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de 
Santa Catarina, Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Paraná, 
professor [...]. 
Outro dos elementos iniciais em um artigo são as palavras-chave. Essas 
são sempre solicitadas, não importa o local de publicação. As palavras-chave 
auxiliam indexadores e mecanismos de busca a encontrar artigos relevantes. 
 
 
5 
Elas têm o mesmo papel das hashtags (#) nas redes sociais. Se uma base de 
dados puder encontrar seu artigo, os leitores também poderão encontrá-lo. Isso 
provavelmente aumentará o número de pessoas que acessarão o seu artigo, e 
provavelmente levará o seu artigo a ser mais citado em outras pesquisas, o que 
demonstra a relevância do seu estudo, assim como seguidores, curtidas e 
comentários demonstram a relevância de uma rede social. E é isso que se 
deseja, que muitas pessoas leiam e usem o seu artigo. 
Para que os buscadores encontrem suas palavras-chave, elas devem 
representar adequadamente o conteúdo do seu artigo e ser específicas do 
campo ou subcampo de pesquisa que você está realizando (Springer, 2022). Por 
exemplo, seu campo de estudos é Gestão da Qualidade e seu subcampo são as 
Ferramentas da Qualidade. Nesse caso, você poderia ter como palavras-chave 
fluxograma, diagrama de Pareto, histograma. 
Figura 3 – Hashtags e palavras-chave 
 
Crédito: Cagkan Sayin/Shutterstock. 
No que se refere à quantidade, você não deve criar mais do que cinco 
palavras-chave. O ideal é entre três e cinco. Existe uma norma que regula 
especificamente a forma de escrever resumos e palavras-chave em artigos. É a 
NBR 6028. 
Essa norma estabelece que as palavras-chave devem ser escritas 
totalmente com letra minúscula, a não ser que a palavra seja um nome próprio. 
Estabelece também que a separação entre as palavras-chave seja feita com 
 
 
6 
vírgula. O ideal é que suas palavras-chave sejam diferentes das palavras que 
você usou no seu título, mas que representem o tema estudado. Essas regras 
precisam ser seguidas quando você desenvolver seu artigo. Relembre, então, 
no Quadro 1, quais são os itens iniciais de um artigo científico: 
Quadro 1 – Itens iniciais 
Item O que é 
Título É o nome do artigo 
Identificação dos autores São as informações acerca das pessoas que 
escreveram o artigo 
Palavras-chave São as “hashtags” dos artigos científicos 
Fonte: Dayse Mendes, 2022 
Há mais um elemento inicial nos artigos científicos, que é o resumo. 
Porém, pela sua importância, ele será tratado com mais profundidade em um 
outro momento. 
TEMA 2 – INTRODUÇÃO: TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA 
Ao começar a desenvolver a escrita da Introdução do seu artigo, você vai 
se deparar com alguns itens imprescindíveis nesse item. O primeiro deles é o 
tema. Este é o assunto que norteoua pesquisa que está sendo apresentada no 
artigo. Provavelmente, ele ocupará um parágrafo ou dois de sua introdução, já 
que a ideia é descrever sobre o que você pesquisou. Conforme Praça (2015, p. 
78), o tema “refere-se a aspectos gerais sobre um determinado assunto a ser 
estudado, diferentemente do título da pesquisa, que deve ser mais específico e 
escolhido posteriormente”. 
No entanto, para realizar a pesquisa em si e escolher o tema, você deve 
observar uma série de quesitos. Sua escolha deve levar em conta suas aptidões 
em relação à elaboração da pesquisa. Você deve ter domínio e capacidade 
necessários para estudar esse assunto. Algumas dicas podem auxiliar você na 
escolha do que estudar. 
Você deve se perguntar: 1. Estou atualizado sobre os acontecimentos na 
minha área de atuação? Quais são as coisas recentes que estão acontecendo 
nessa área? 2. Consigo identificar uma necessidade e, a partir dela, desenvolver 
 
 
7 
uma pesquisa a respeito? Consigo definir uma situação-problema relacionada a 
essa necessidade? 
Uma boa maneira de se informar sobre o que está acontecendo na área 
que você pretende estudar é buscar plataformas de estudos científicos e nelas 
começar a selecionar artigos científicos que o auxiliem a compreender melhor o 
tema definido para sua pesquisa. Veja o Quadro 2. 
Quadro 2 – Plataformas de pesquisa 
Plataforma Link 
Scielo <http://www.scielo.br/> 
Periódicos Capes <http://www.periodicos.capes.gov.br/> 
Academia.Edu <http://www.academia.edu/> 
BDTD <http://bdtd.ibict.br/vufind/> 
Google Acadêmico <https://scholar.google.com.br/> 
Fonte: Dayse Mendes, 2022. 
Para verificar se o tema escolhido por você é relevante, você deve analisar 
se, com sua pesquisa, o grau de conhecimento sobre o assunto irá aumentar. 
Você deve se perguntar se a sua pesquisa acrescenta algo ao que já é conhecido 
sobre o tema. Por exemplo, você decide estudar sobre inteligência artificial (IA). 
O que você vai produzir sobre IA vai melhorar o entendimento em relação ao que 
já existe sobre esse tema? Lembre-se que sua contribuição não precisa ser 
impactante ou extremamente inovadora, mas ela deve fazer com que haja algum 
avanço em relação àquilo que já se conhece sobre o assunto. 
Após definir o tema, você deve partir para a delimitação do tema. Está 
relacionada à determinação de um campo de ação específico. Após a escolha 
do tema de pesquisa, ou seja, do assunto que se deseja provar ou desenvolver, 
se delimita um tema de pesquisa elegendo “uma parcela delimitada de um 
assunto, estabelecendo limites ou restrições para o desenvolvimento da 
pesquisa pretendida” (Magalhães; Orquiza, 2002, p. 18). 
A delimitação do tema pode surgir com base na sua observação do 
cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e 
relacionamento com especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas e em 
estudo da literatura especializada. Na prática, a delimitação consiste em 
escolher, entre os vários aspectos levantados sobre uma situação problema, 
aquele que merecerá estudo e investigação no momento (Santos, p. 55). 
 
 
8 
Utilizando ainda o exemplo de Inteligência Artificial, a delimitação do tema 
poderia ser o uso de IA em simulação de processos produtivos na Empresa X. 
O exemplo mostra que, ao se escolher e delimitar um aspecto, abandona-se 
outros possíveis temas que poderiam ser abordados na pesquisa. Isso se deve 
à necessidade de priorização, tendo em vista os recursos escassos disponíveis 
para as pesquisas, tais como tempo, pessoas ou recursos financeiros. 
Tanto o tema como a delimitação do tema, devem ser descritos de forma 
bem clara na Introdução do artigo científico, de forma que qualquer pessoa que 
leia esses parágrafos iniciais consiga compreender perfeitamente do que o artigo 
está tratando. Não se deve inserir outros assuntos, mesmo que pareçam 
relacionados ao tema, já que a ideia não é colocar uma grande quantidade de 
informação, mas, sim, o suficiente para deixar claro qual estudo está sendo 
realizado. Quantidade aqui não é qualidade! 
Figura 4 – Textos inadequados 
 
Fonte: Lero Lero, 2022. 
Evite escrever textos genéricos, que possam servir para descrever 
qualquer assunto, só porque eles parecem bonitos ou impactantes. Textos desse 
tipo, prolixos e sem conteúdo real, não são adequados para a escrita de artigos 
científicos e vão aparentar o uso de textos gerados automaticamente por 
computador, como os famosos geradores de lero-lero. 
 
 
 
 
 
9 
TEMA 3 – INTRODUÇÃO: FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 
Mais um item que não pode faltar na Introdução do seu artigo é a 
formulação do problema de pesquisa. Sua pesquisa deve ser focada sobre um 
problema relacionado ao tema escolhido, ou seja, uma questão associada ao 
tema e com importância real, que ainda não tenha sido devidamente respondida 
pela literatura existente. É importante ressaltar que um problema não é, 
necessariamente, algo negativo, mas, sim, uma situação que pode ser 
interessante analisar. 
Para elaborar seu problema de pesquisa, você deve ter em mente 
algumas condições. De acordo com Martins e Theóphilo (2007), entre essas 
condições, o problema de pesquisa deve ser acessível e se inserir em algum 
campo do conhecimento, deve ser bem definido e ater-se a uma única solução, 
e deve ser elaborado já se pensando antecipadamente sugestões de forma de 
investigação para resolvê-lo. 
É necessário, também, segundo os autores, identificar se não há nenhum 
tipo de pressuposto falso que dificulte a comprovação do que se está estudando. 
No Quadro 3, você poderá ver uma sequência de questionamentos e orientações 
para estabelecer de forma mais concreta o seu problema de pesquisa. 
Quadro 3 – Dicas para elaboração do problema de pesquisa 
Questionamentos Orientações 
Você fez um recorte adequado do seu objeto de 
pesquisa? 
O problema deve ser claro e 
preciso 
Seus termos estão definidos de forma adequada 
e evitam ambiguidades? 
O problema deve ser respondível 
Você possui os meios adequados para buscar a 
solução da sua situação-problema? 
O problema deve ser suscetível 
de solução 
É possível realizar a pesquisa com os 
instrumentos e tempo que você possui? 
O problema deve ser delimitado a 
uma dimensão viável 
Você está usando algum tipo de juízo de valor? O problema deve ser científico 
Fonte: elaborado com base em Araújo, 2020. 
No momento da formulação do problema, você vai desenvolver uma 
pergunta de pesquisa. É uma questão que o pesquisador deseja responder ao 
se aprofundar em seu problema de pesquisa. Um problema científico deve ser 
 
 
10 
elaborado em forma de questão para que seja claro, objetivo e resumido, e que 
se relacione com todos os itens da pesquisa. Desta forma, é necessário que o 
problema seja apresentado “com uma pergunta inteligente que indique os 
caminhos que o investigador deve seguir” (Cunha et al., 2012, p. 128). 
A pergunta de pesquisa não pode ter respostas abertas como “sim” ou 
“não”. Ela deve causar no pesquisador esforço para a formulação de uma 
resposta específica e cientificamente aceitável, já que, segundo Gil (2022), nem 
todo problema pode ser resolvido por meio de um tratamento científico. Desta 
forma, é preciso identificar o que é científico daquilo que não é. Um problema 
tem natureza científica quando envolve situações que podem ser testadas e 
replicadas a partir de um método estabelecido para tanto. É o que chamamos de 
método científico. 
Figura 5 – Pergunta de pesquisa 
 
Crédito: sdecoret/Shutterstock. 
Veja alguns exemplos de perguntas de pesquisa: 
• Qual o impacto da implementação da ISO 9001:2015 nos processos 
produtivos da Empresa XXX, no período compreendido entre 2018 e 
2022? 
• O ensino à distância de Engenharia Mecânica influencia na capacidade 
produtiva de montadoras de veículos no estado de São Paulo? 
• Há relação entre o uso de energias não renováveis e o aumento da 
temperaturaglobal, nos últimos cinco anos? 
 
 
11 
Observe que essas perguntas de pesquisa não podem ser respondidas 
com um simples sim ou não, demandam estudo para uma solução adequada e 
delimitam o que se pretende estudar, tornando o recorte da pesquisa bem claro. 
Agora, veja alguns exemplos do que não é uma pergunta de pesquisa: 
• Qual a melhor técnica para construir uma edificação sustentável? 
• É bom adotar jogos eletrônicos como forma de capacitar os colaboradores 
da Empresa XXX? 
• É importante se preocupar com a destinação de resíduos sólidos? 
• Há vida em Marte? 
Algumas dessas questões trazem juízo de valor, outras podem ser 
respondidas com um sim ou não, e outras trazem questões que carecem de 
evidências para que se comece um estudo sobre elas. Em sua pergunta de 
pesquisa, evite utilizar palavras como melhor, pior, bom, ruim, importante. 
Adjetivos devem ser evitados em qualquer tipo de escrita científica. Evite ainda 
trazer curiosidades ou situações inviáveis de serem respondidas em seu 
problema de pesquisa. 
Se você conseguiu formular corretamente o problema e estabeleceu uma 
boa pergunta de pesquisa, que possa ser tratada de forma científica, você já 
pode iniciar a organização do desenvolvimento do seu estudo (Atena, 2020). 
TEMA 4 – INTRODUÇÃO: OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS 
Definido e delimitado seu tema de pesquisa e formulado seu problema de 
pesquisa, cabe, a seguir, apresentar em sua Introdução os objetivos de 
pesquisa. Você deve estabelecer o que pretende alcançar com a pesquisa, em 
seu objetivo geral, e as metas específicas para que o objetivo geral se cumpra, 
nos objetivos específicos. 
No objetivo geral, deve-se definir o que se pretende alcançar, ao final, com 
a execução da pesquisa. Essa resposta será dada pelo pesquisador, que deverá 
encontrá-la ao longo do seu estudo. Desta forma, o objetivo geral deve expressar 
claramente aquilo que o pesquisador busca com sua investigação. Santos (1993, 
p. 60) esclarece que o objetivo não diz respeito ao que o pesquisador vai fazer 
(isto é, procedimento de pesquisa), “mas o que pretende conseguir como 
resultado intelectual final de sua investigação”. 
 
 
 
12 
Figura 6 – Objetivos de pesquisa 
 
Crédito: Dmitry Demidovich/Shutterstock. 
Os objetivos específicos, por sua vez, retratam as ações necessárias para 
se cumprir com o objetivo geral. Nesse sentido, eles são a subdivisão do objetivo 
geral. Pode-se dizer que os objetivos específicos definem metas específicas da 
pesquisa que sucessivamente complementam e viabilizam o alcance do objetivo 
geral. Para De Sordi (2017, p. 34), o objetivo geral e os objetivos específicos 
devem: 
transmitir uma unidade de informação bastante lógica e natural, o que 
significa sem sobreposições ou desvios; além disso, todos os 
específicos devem suportar o objetivo geral, ou seja, os objetivos 
específicos direcionam os trabalhos para o alcance do objetivo geral. 
Para a seção de procedimentos, cada objetivo específico gerará de 
forma bastante direta e clara uma ou mais etapas de pesquisa. 
Bertolini (2016) explica que o objetivo geral está mais próximo do 
problema, enquanto os objetivos específicos têm mais relação com a 
metodologia do trabalho científico. Desta forma, enquanto o objetivo geral estuda 
um fenômeno, os objetivos específicos vão medir, analisar, avaliar esse 
fenômeno que está sendo estudado. 
Você deve ter alguns cuidados ao elaborar seus objetivos, evitando 
algumas situações que possam dificultar a realização do seu estudo. Entre esses 
cuidados, está: verificar se você confundiu o objetivo geral com um objetivo 
específico; evitar escolher um objetivo específico extremamente óbvio; propor 
 
 
13 
algo impossível de se alcançar, seja pela falta de recursos, seja porque a 
proposta não tem uma solução plausível; cuidar para ordenar adequadamente 
os objetivos específicos, já que eles devem conduzir a uma sequência lógica de 
ações; verificar se você confundiu o objetivo geral com o tema de pesquisa. 
Um exemplo comum de erro na formulação dos objetivos é colocar como 
objetivo específico a revisão da literatura. Revisão de literatura não é um objetivo 
específico do seu estudo, visto que a revisão deve ser realizada para qualquer 
estudo científico. Evite esse erro! 
Para redigir os objetivos, você deve observar que, como os objetivos geral 
e específicos são ações, eles devem sempre ser escritos iniciando com verbos 
de ação no infinitivo. Este é um padrão que deve ser realizado. Não é aceitável 
escrever objetivos em qualquer outro formato. 
A ordem de apresentação dentro de sua Introdução também tem um 
padrão a ser seguido que é o da sequência da execução dos objetivos ao longo 
do estudo. Então, apresenta-se primeiro o objetivo geral e depois cada um dos 
objetivos específicos, conforme sua sequência lógica. 
Veja um exemplo de objetivo geral e seus respectivos objetivos 
específicos: 
Objetivo geral: analisar acidentes na Fábrica XX, de acordo com o tipo 
de atividade 
Objetivos específicos: 
• Identificar quais acidentes ocorrem na fábrica. 
• Apurar com que frequência os acidentes ocorrem. 
• Averiguar em quais postos de trabalho ocorrem os acidentes. 
• Identificar a causa dos acidentes. 
• Classificar o tipo de acidente em relação à atividade exercida. 
Exemplos de verbos para objetivos 
Geral: abranger; analisar; desenvolver; demonstrar; estabelecer; interpretar. 
Específicos: apurar; configurar; classificar; citar; categorizar; checar; codificar; 
corrigir; contestar; converter; diferenciar; desenvolver; distinguir; documentar; 
enunciar; exprimir; estabilizar; estimar; exemplificar; expressar; fornecer; generalizar; 
identificar; ilustrar; inferir; produzir; realizar; revisar; reunir; reportar; repercutir; 
reduzir; restringir; revelar; salientar; selecionar; situar; sustentar; usar. 
 
 
14 
Embora o objetivo geral seja um item da Introdução, ele também vai 
aparecer em seu artigo científico no Resumo e nas Considerações Finais. E você 
não deve mudar a escrita dele para colocá-lo nessas outras partes do artigo. Ele 
deve ser escrito sempre exatamente da forma como foi apresentado na 
Introdução. 
TEMA 5 – INTRODUÇÃO: JUSTIFICATIVA PRÁTICA E TEÓRICA 
Seu artigo científico deve apresentar uma utilidade prática e/ou teórica, 
visto que seu estudo deve trazer alguma contribuição nova, ser relevante. Ao 
desenvolver uma pesquisa e descrevê-la em um artigo científico, você deve ter, 
para você mesmo e para os seus leitores, quais são as contribuições que sua 
pesquisa e, por consequência, o seu artigo trazem tanto em termos práticos 
como em termos conceituais para a sociedade. 
Desta forma, um dos itens que não pode faltar na sua introdução é a sua 
explicação do porquê a pesquisa foi realizada e como ela pode auxiliar a resolver 
alguma situação e a trazer avanços no entendimento do tema pesquisado. 
Portanto, é necessário apresentar justificativa para a realização da pesquisa, que 
convença o leitor da importância do estudo realizado. E você deve apresentar 
tanto uma justificativa prática quanto uma justificativa teórica na Introdução do 
seu artigo. Com isso, você esclarece ao leitor, desde o início, a relevância e a 
originalidade do seu estudo nos seus aspectos prático e conceitual. 
No que diz respeito à justificativa teórica, você deve apresentar qual 
avanço conceitual o seu artigo está apresentando. Não se assuste com isso. O 
nível de contribuição conceitual estará sempre atrelado ao nível de 
conhecimento do pesquisador. Há expectativas diferentes entre o que um 
estudante de graduação deve apresentar em relação à produção de um doutor, 
por exemplo, visto que o domínio desses dois pesquisadores está em nível 
distinto de capacidade de produzir conceitos ou teorias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Figura 7 – Nível de conhecimento 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
Já a justificativa prática deve mostrarqual a contribuição que seu estudo 
trouxe em termos utilitários, ou seja, qual a utilidade, em termos reais, que seu 
estudo proporcionou. Para desenvolvê-la, é interessante que você se pergunte 
e descreva na justificativa, por que você escolheu este tema, que resultados você 
tem a expectativa de alcançar, qual a contribuição real do estudo para resolver 
a situação problema, para quem se destina o seu estudo e como essas pessoas 
serão beneficiadas com os resultados obtidos? 
Quadro 4 – Dicas para elaboração das justificativas 
Itens da justificativa Perguntas que o pesquisador deve realizar 
Conveniência Para que serve a sua pesquisa? 
Relevância social Qual a importância para a sociedade? Quem será 
beneficiado com os resultados da pesquisa? De que 
maneira? 
Implicações práticas A pesquisa irá ajudar a resolver algum problema real? 
Valor teórico Com a pesquisa, algum vazio de conhecimento será 
preenchido? É possível sugerir ideias, recomendações ou 
hipóteses para estudos futuros? 
Utilidade metodológica A pesquisa pode ajudar a criar um novo instrumento para 
coletar ou analisar dados? Será que ela sugere como 
estudar mais adequadamente uma situação problema? 
Fonte: elaborado com base em Sampieri et al., 2013. 
 
 
16 
Importante salientar que motivações pessoais não devem nunca ser 
descritas como justificativa para um estudo científico. Por mais que o estudo seja 
seu e as escolhas feitas para sua realização tenham um caráter pessoal (é a sua 
pesquisa!), além de algumas imposições, como ter de fazer um artigo para o seu 
Projeto de Final de Curso, essas escolhas ou imposições não serão aceitas 
como justificativas plausíveis. Suas justificativas devem se basear na 
conveniência, na relevância social, nas implicações práticas, no valor teórico e 
na utilidade metodológica do seu estudo. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, você pôde conhecer cada um dos elementos que comporão 
a Introdução do seu artigo científico e como eles devem ser formulados durante 
a sua escrita. Dessa forma, você pôde compreender o que é o título e qual a sua 
importância. Entendeu como você vai identificar a autoria do artigo. Identificou a 
associação entre as palavras-chave e as hashtags. 
Pecebeu que na primeira parte do texto da sua Introdução terá descrito o 
tema e a delimitação do tema. Logo a seguir, você deverá apresentar na 
Introdução a sua formulação do probelma de pesquisa, sempre por meio de uma 
pergunta de pesquisa. Com esses itens já desenvolvidos, você apresentará seus 
objetivos de pesquisa, tanto o objetivo geral quanto os objetivos específicos. E, 
logo a seguir, você deverá justificar o seu estudo, de forma prática e teórica, 
mostrando ao leitor a relevância e a originalidade do seu estudo, finalizando 
assim os itens obrigatórios de uma Introdução. 
Você pôde perceber que todos esses itens devem levar o leitor a uma 
compreensão clara do que você pretende apresentar ao longo do artigo, mas 
também devem despertar o interesse desse leitor. Como último item da 
Introdução é interessante, mas não obrigatório, construir um parágrafo com a 
estrutura do artigo, ou seja, o que será tratado nos próximos capítulos. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
ATENA. Como identificar o tema de pesquisa. Disponível em 
<https://www.atenaeditora.com.br/blog/como-identificar-o-tema-de-uma-
pesquisa/>. Acesso em: 29 set. 2022. 
ARAÚJO, D. de. 5 dicas para formular um problema de pesquisa excelente. 
2020. Disponível em: <https://www.caedjus.com/dicas-para-formular-um-
problema-de-pesquisa-excelente/>. Acesso em: 29 set. 2022. 
ABNT. NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica 
técnica e/ou científica – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 
BERTOLINI, S. M. M. G. Pesquisa científica: do planejamento à divulgação. 
Jundiaí: Paco Editorial, 2016. 
CAUCHICK, P. A. (Org.). Metodologia científica para engenharia. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2019. 
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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dayse Mendes 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, veremos como desenvolver o segundo capítulo de nosso 
artigo científico, denominado Fundamentação Teórica. Para que possamos 
escrever adequadamente esse capítulo importante do artigo, devemos ter alguns 
conhecimentos prévios que facilitarão esse processo. Nesse sentido, seremos 
apresentados ao conceito de conhecimento e, mais específicamente, de 
conhecimento científico. Após entendermos o que é o conhecimento científico, 
será possível perceber o porquê de se ter um padrão para a escrita do artigo 
como um todo e, em especial, da Fundamentação Teórica. 
Tendo compreendido o que é conhecimento científico, veremos como 
elaborar a base conceitual que dará origem ao capítulo de Fundamentação, 
inclusive aprendendo a fazer fichamentos, uma estratégia fundamental para 
quem desenvolve artigos científicos. Você também terá acesso a uma série de 
dicas do que não é base conceitual e das situações que devemos evitar 
enquanto estamos fazendo nossa busca dos conceitos necessários à nossa 
pesquisa. Já sabendo o que é e o que não é uma base conceitual, teremos a 
possibilidade de compreender como escrever adequadamente a 
Fundamentação. Finalmente, seremos alertados acerca do plágio, uma ação que 
não é adequada a pesquisadores, nem moral nem legalmente. Vamos 
compreender as maneiras e os motivos para evitar o plágio, seja na 
Fundamentação Teórica, seja em qualquer outro capítulo do artigo científico. 
TEMA 1 – O QUE É CONHECIMENTO? 
Para escrever um artigo científico, vamos lidar com conhecimento. Seja 
ao buscá-lo, para compreender melhor o tema que escolhemos, seja quando o 
artigo já estiver pronto e pudermos disseminar o conhecimento que adquirimos 
durante a realização do nosso estudo. Mas nós já nos perguntamos o que é 
conhecimento? Se conhecimento é o ato de conhecer, o que é conhecer? 
Conhecer está relacionado à situação de uma conduta adequada em relação 
àquilo que nos cerca. 
Conhecemos como devemos nos comportar no local em que vivemos 
para que possamos sobreviver nesse ambiente. Entretanto, o conhecimento é 
maior do que somente conhecer para sobreviver. Porque, embora possamos 
afirmar que todos os organismos vivos são sistemas cognitivos capazes de 
 
 
3 
conhecer o mundo em que vivem, nem todos são capazes de produzir 
conhecimento (Andrade; Silva, 2005). 
O conhecimento é, portanto, um processo próprio do ser humano de 
aprender sobre algo que ele ignorava, sendo assim um procedimento de 
compreensão do mundo que o cerca. Como produção do conhecimento, 
podemos entender o processo de conhecer somado à possibilidade de retomar 
esse processo, descrever como ele aconteceu e melhorá-lo em uma próxima vez 
em que a situação se apresentar. Assim, nesse processo, sempre haverá alguém 
para conhecer e algo para ser conhecido.Figura 1 – Processo do conhecimento 
 
Crédito: Fran_Kie/Shutterstock. 
Para um entendimento amplo do conceito de conhecimento, é necessário 
compreender dois outros elementos relacionados à ideia de conhecimento: 
dados e informação. Dados são elementos brutos, ou seja, que ainda não foram 
processados, assim, não têm nenhuma significação imediata. Podemos dizer 
que são coleções de evidências relevantes sobre um fato observado (De Sordi, 
2015, p. 9). Essas coleções têm características que podem ser observadas para 
melhor defini-las, que são “a possibilidade de transmissão ou processamento por 
máquinas ou pelo homem; matéria-prima para geração de informação; 
compreendem números, palavras e imagens” (De Sordi, 2015, p. 12). Os dados 
podem ser pensados como pedaços de informação, que, ao serem manipulados, 
geram esse novo elemento. 
Informação, portanto, é gerada a partir do momento em que uma coleção 
de dados é processada. A palavra informação em si tem uma série de outros 
sentidos, mas sempre com a ideia de algo que é conhecido e precisa ser 
https://www.shutterstock.com/g/frankies
 
 
4 
passado à frente. Para nós, o significado mais importante é o que relaciona 
informação e dados. Assim, definiremos informação como “a interpretação de 
um conjunto de dados segundo um propósito relevante e de consenso para o 
público-alvo” (De Sordi, 2015, p. 13). Como características, De Sordi (2015, p. 
13-14) destaca que a informação “requer a definição de unidades de análise, o 
consenso entre as pessoas responsáveis pelo processamento e o público leitor 
da informação, bem como o envolvimento intelectual humano de maneira mais 
intensa e complexa do que o exigido para a geração de dados”. 
Figura 2 – Dados, informação, conhecimento 
 
Crédito: Hanss/Shutterstock. 
Finalmente, o conhecimento pode ser compreendido, sob essa ótica de 
relacionamento com dados e informação, como a informação que foi assimilada 
por alguém e, depois disso, transformou-se em algo que pertence à pessoa que 
passou por esse processo. Logo, há uma relação explícita com o termo 
informação, já que conhecimento pode ser entendido como informação 
adquirida. Interessante ressaltar que, dessa forma, o conhecimento é individual. 
Mesmo que a informação dada a pessoas diferentes seja a mesma, o 
conhecimento de cada uma será diferente, já que depende da forma como cada 
pessoa assimilou aquela informação. 
 
 
5 
1.1 Tipos de conhecimento 
Não existe uma definição única para conhecimento, pois isso depende do 
ponto de vista que se está usando para trabalhar com a ideia de conhecimento. 
Nesse sentido, há uma série de formas para entendê-lo, de acordo com a área 
de estudos que trata da questão. Assim, é possível apontar vários tipos de 
conhecimentos distintos. 
Correia (2022) propõe uma tipologia de conhecimentos, subdividindo-os 
em sete possibilidades diferentes, que são: o saber da vida, o conhecimento 
mítico, o conhecimento teológico, o conhecimento filosófico, o conhecimento 
técnico, o saber das artes, e o conhecimento científico. 
O saber da vida, ou o saber da experiência, é um tipo de conhecimento 
estudado pela filosofia e pela educação, e diz respeito à vivência do ser humano 
e de sua capacidade de ir construindo de forma instintiva um conjunto de 
saberes, desde o momento em que nasce até o dia de sua morte. É um conjunto 
de saberes que, normalmente, denominamos senso comum, pois não é 
construído de acordo com procedimentos científicos ou metodológicos, mas sim 
por meio de vivência espontânea da vida. Em contrapartida, é interessante por 
não ter fronteiras: “tudo o que diz respeito à condução da vida na terra pode se 
tornar objeto a ser explorado e representado nesse nível de conhecimento da 
realidade” (Correia, 2022). Pode ser denominado, também, conhecimento 
empírico, correspondendo àquele que vem da prática, da relação da pessoa com 
o objeto conhecido, mesmo que essa relação seja assistemática. 
O conhecimento mítico está relacionado a uma forma antiga, em termos 
históricos, e mística de se compreender o mundo e o que nos cerca. A busca por 
compreender fenômenos naturais por meio de explicações sobrenaturais e 
intuição está relacionada a essa forma de conhecimento. Portanto, é um tipo de 
conhecimento que, assim como o saber da vida, não é resultado de 
experimentação científica, mas sim do entendimento de que seres fantásticos e 
suas histórias sobrenaturais são os responsáveis pela razão de ser daquilo que 
existe no mundo. 
 
 
6 
Figura 3 – Conhecimento mítico 
 
Crédito: Sermsak Rattanagowin/Shutterstock. 
O conhecimento teológico, por sua vez, fundamenta-se na fé. Embora 
possa parecer, na atualidade, um conhecimento inadequado, visto que hoje nos 
pautamos pelo racionalismo, foi uma importante forma de pensar e fazer evoluir 
o conhecimento durante grande parte da história humana. Conforme Correia 
(2022), esse tipo de conhecimento “parte da compreensão e da aceitação da 
existência de um Deus ou de deuses, os quais constituem a razão de ser de 
todas as coisas”. Esse ser superior detém todo o conhecimento do mundo que 
nos cerca e vai revelando à humanidade alguns desses seus saberes. Assim, 
cabe àquele que quer obter esse saber apenas aceitar essa verdade revelada, 
que é indiscutível, inquestionável. Os saberes adquiridos por meio de 
conhecimento teológico são dogmas que não necessitam da razão para sua 
compreensão. 
Conhecimento filosófico é um conhecimento racional, embora não seja 
experimental, pois surgiu como forma de compreensão de mundo antes de os 
métodos científicos serem concebidos. A intenção no uso desse tipo de saber 
está relacionada à necessidade da busca da verdade, do porquê das coisas. E 
essa busca se faz por meio de uma sistemática em que aquele que procura o 
conhecimento elabora uma série de perguntas e sai em busca das respostas. 
Como exemplos de perguntas relacionadas ao conhecimento filosófico, Correia 
(2022) apresenta “Quem é o homem? De onde ele veio? Para onde ele vai? Qual 
é o valor da vida humana? O que é o tempo? O que é o sentido da vida?”. 
 
 
7 
Outro tipo de conhecimento é o técnico, que está relacionado ao saber 
fazer, à operacionalização de formas de se lidar com a natureza e o mundo ao 
nosso redor. O objetivo é que o ser humano possa dominar a natureza e 
transformá-la para seja útil à vivência humana. Para Correia (2022), é o tipo de 
conhecimento “especializado e específico que se esmera na aplicação de todos 
os outros saberes que lhe podem ser úteis”. Esse conhecimento está 
disseminado em toda a sociedade atualmente, já que não conseguimos viver 
sem inovação tecnológica e suas aplicações. 
Correia (2022) destaca como mais um tipo de conhecimento o saber das 
artes. Ele é pertinente às questões estéticas do ser humano – lembrando que 
estética está relacionada aos sentimentos que as coisas que estão ao nosso 
redor produzem em nós. Assim, esse saber dá ao ser humano a possibilidade 
de refinar seu espírito, experimentar e compreender o belo e entender sua 
importância em nossa sociedade. 
Sendo, possivelmente, o mais conhecido da atualidade, o conhecimento 
científico é produzido de forma racional, mediante investigação planejada da 
realidade, utilizando experimentos ou entendimento lógico daquilo que se quer 
compreender dentro da natureza e da sociedade. Assim, em contraposição aos 
tipos de conhecimento anteriores, trata-se de um conhecimento que é 
“sistemático, metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, 
baseada na fé ou simplesmente na lógica racional” (Correia, 2022). 
O conhecimento científico, portanto, é gerado pelo uso do método 
científico, ou seja, segue todas as etapas necessárias de pesquisa para se 
chegar ao entendimento do fenômeno que está sendo investigado. Ao se lançar 
hipóteses e corroborá-las, ou não, é possível avançar no entendimento de um 
determinadoassunto e intervir na realidade de forma a transformá-la. Araújo 
(2018, p. 4) complementa a explicação sobre esse tipo de conhecimento 
afirmando que ele busca leis e métodos que auxiliem a explicar fenômenos de 
modo racional. A autora ainda ressalta que “o conhecimento científico pode ser 
alterado, reformulado, aprimorado e testado continuamente, devendo ser 
divulgado e benéfico socialmente”. 
 
 
8 
Figura 4 – Conhecimento científico 
 
Crédito: Black Jack/Shutterstock. 
Ao escrever o nosso artigo científico, naturalmente estaremos lidando 
com esse tipo de conhecimento, tanto no momento em que estivermos 
desenvolvendo nosso estudo quanto no momento de buscar as informações 
necessárias para construir nossa base teórico-conceitual. Esta dará a 
fundamentação necessária para que possamos ter mais clareza se a 
problematização que definimos é adequada e se o uso do conhecimento 
científico estará presente, pois é esse tipo de conhecimento que é aceito como 
adequado em uma pesquisa acadêmica. 
TEMA 2 – BUSCA DE BASE CONCEITUAL 
Para gerar conhecimento científico de forma adequada, é necessário 
estabelecer uma série de procedimentos, ou passos, que possibilitam que um 
estudo possa ser compreendido como ciência. A essa série de procedimentos 
denominamos metodologia científica. Assim, para construir o conhecimento 
científico, o primeiro passo é realizar uma busca adequada das bases 
conceituais que farão parte da pesquisa e, por consequência, da seção de 
Fundamentação Teórica do artigo, da pesquisa científica. 
Devemos compreender que pesquisa alguma parte da estaca zero. Dessa 
forma, de acordo com Magalhães e Orquiza (2002), uma procura em fontes 
documentais ou bibliografias é necessária para evitar a duplicação de esforços, 
https://www.shutterstock.com/g/kosecki
 
 
9 
já que não podemos perder tempo tentando descobrir ideias que já foram 
encontradas. 
Para começar a busca da nossa base conceitual, devemos ter em mente 
o tema de pesquisa. É importante lembrar que o tema é o assunto pelo qual 
temos interesse. Vale aqui uma dica preciosa dada por Dickman e Dickman 
(2020, p. 11), que orientam o pesquisador a se dedicar a um único foco de 
pesquisa, pois assim vamos “acumular cada dia mais informações e 
conhecimentos sobre ele”, o que faz com que nos tornamos “aos poucos uma 
referência na área de conhecimento”. Então, a dica valiosa é escrever “muito 
sobre pouco”, pois “quanto menos assuntos” pesquisarmos, melhor (Dickman; 
Dickman, 2020). 
Com o tema em mãos, devemos começar a buscar fontes de informação 
que servirão de base para a Fundamentação Teórica. Esse tipo de situação 
exige o trabalho com fontes de informação formal, pois esse tipo de informação 
já se encontra estruturada e está baseada em dados. Existem três tipos de fontes 
de informação distintas que são utilizadas no desenvolvimento de pesquisa 
científica. São elas: a fonte primária, a fonte secundária, e a fonte terciária. 
A fonte primária de informação diz respeito às informações originais que 
são disseminadas na forma em que o autor disponibilizou inicialmente essas 
informações, sem interferência e análise de outros meios. Cunha (2001) cita que 
as fontes primárias dizem respeito a descobertas ou novas informações que são 
compartilhadas pelo autor. Tendo em vista todas essas características, Menezes 
(2021) afirma que as fontes primárias serão as que devemos utilizar no 
embasamento de nossa pesquisa. 
Já as fontes de informação secundárias são aquelas que contêm 
informações sobre as fontes primárias de maneira estruturada. Assim, as fontes 
secundárias são uma espécie de organizadores das fontes primárias, que 
facilitam o acesso e guiam o leitor no entendimento das informações primárias. 
Nesse sentido, análises, interpretações, resumos e sínteses das fontes primárias 
são exemplos de fontes secundárias (Cunha, 2001; Menezes, 2021). Podemos 
utilizar diretamente as fontes secundárias na Fundamentação Teórica, mas o 
ideal é que usemos a fonte secundária apenas para encontrar as publicações 
originais que usaremos em nossa pesquisa. 
Finalmente, as fontes de informação terciárias podem ser descritas como 
aquelas que tem como função principal auxiliar o pesquisador na busca pelas 
 
 
10 
fontes primárias e secundárias, indicando e organizando essas fontes para 
facilitar o acesso a elas. Assim, em sua maioria, não trazem informação ou 
assuntos como um todo, apenas sugerem onde encontrar essas informações. 
(Cunha, 2001; Menezes, 2021). 
Figura 5 – Fontes de informação 
 
Fonte: Mendes, 2022. 
Quadro 1 – Exemplos de fontes de informação 
Exemplos de fontes de informação 
Fonte primária Fonte secundária Fonte terciária 
Artigos em periódicos 
científicos; teses e 
dissertações; anais de 
congressos; patentes; 
normas técnicas; relatórios 
técnicos; legislação; dados 
estatísticos; documentos 
governamentais; entrevistas; 
discursos etc. 
Livros; manuais; internet; 
dicionários; enciclopédias; 
tabelas; unidades de 
medidas e estatística; bases 
de dados e bancos de 
dados; bibliografias e 
índices; livros e artigos de 
metodologia científica; 
filmes; vídeos etc. 
Mecanismos de busca 
(Google); portais; revisões 
de literatura; bibliografias; 
índices; almanaques; listas 
de leituras; enciclopédias; 
manuais de instrução; 
dicionários; serviços de 
indexação e resumo etc. 
Fonte: Menezes, 2021; Cunha, 2001. 
Uma boa forma de trabalhar com as informações obtidas ao longo da 
busca é realizar o fichamento de todas as obras e demais fontes que 
pesquisarmos, visto que é fundamental organizar todas essas informações. 
O fichamento é uma ferramenta utilizada pelos pesquisadores que facilita 
a organização das informações relevantes sobre o trabalho científico que se 
deseja desenvolver. Medeiros (2019) afirma que essa prática pode parecer 
demorada e entediante, porém, à medida que o pesquisador se familiariza com 
o procedimento, percebe sua importância e o ganho de tempo na escrita dos 
trabalhos científicos. 
Fundamentação 
teórica 
Fonte terciária Fonte secundária Fonte primária 
 
 
11 
Figura 6 – Exemplo de fichamento 
 
Fonte: Medeiros, 2019, p. 110. 
Na Figura 6, vemos um exemplo de ficha com as informações necessárias 
para elaborarmos o fichamento. Podemos usar um processador de texto ou um 
editor de planilhas para estruturar essas fichas, mas elas não precisam ser 
exatamente nesse formato. O mais recomendado é buscarmos um formato com 
o qual nos adaptamos e tenhamos facilidade para encontrar as informações 
necessárias. Não adianta fazer um bom fichamento se depois não usarmos 
essas informações estruturadas em nossa Fundamentação Teórica. A 
construção dos fichamentos deve ser em função dos temas de pesquisa, e 
deverá facilitar o diálogo entre os textos identificados. 
Vale comentar, ainda, acerca da Figura 6, que na parte referente ao texto 
podemos apenas copiar trechos da obra para usá-los como citação direta ou 
citação indireta na nossa Fundamentação. Entretanto, o fichamento fica mais 
interessante se, junto dos recortes, já colocarmos comentários e análises. Esse 
é um fichamento mais completo e que nos auxilia ainda mais no desenvolvimento 
da nossa Fundamentação, já que não precisaremos consultar novamente o 
documento original. Finalmente, vale comentar que o item Local em que se 
encontra a obra pode trazer tanto informação de local físico, como é o caso do 
exemplo da figura, quanto do local na internet (site) em que se localiza a obra 
consultada e fichada. 
 
 
12 
TEMA 3 – O QUE NÃO É UMA BASE CONCEITUAL 
Para começar a construir nosso artigo, usando as informações corretas 
para construir conhecimento científico, devemos buscar o auxílio de outras 
pessoas/autores que já desenvolveram pesquisas semelhantes à nossa. Então, 
vamos ler e analisar outras pesquisas que possam nos auxiliar a entender melhor 
sobre nosso tema e problematização.Nesse momento, alguns cuidados são 
necessários para que nossa base de conceitos possa realmente nos ajudar na 
compreensão do que pretendemos estudar e, posteriormente, escrever no artigo 
científico. 
É a nossa base conceitual que vai dar origem à seção de Fundamentação 
Teórica do artigo, a qual tem o propósito de concentrar informações conceituais 
retiradas da literatura pertinente, de forma a explicar conceitos, definições e 
características fundamentais dos assuntos relacionados ao nosso projeto. Ou 
seja, nesse momento, nossa opinião não é relevante, ela não deve ser 
colocada nessa seção. Haverá outro momento no artigo em que poderemos 
expressar nossa opinião e os nossos achados de pesquisa, com base no que 
lemos e analisamos. 
É importante pontuar que literatura sobre o assunto não significa somente 
livros sobre o tema que conseguimos identificar durante a pesquisa. Quando 
falamos de literatura que fará parte da nossa base conceitual, estamos sim nos 
referindo a livros, mas também e, principalmente, a artigos científicos, relatórios 
de pesquisa e outros materiais de fontes primárias confiáveis que possam dar a 
base para o entendimento de nosso tema de pesquisa. Em contrapartida, livros 
muito antigos (que não sejam clássicos da área), textos jornalísticos (como 
artigos de jornais ou de revistas de circulação nacional), blogs, plataformas de 
conteúdo livre (como Wikipédia), por exemplo, não são fontes adequadas e não 
devem fazer parte de nossa base conceitual. 
 
 
13 
Figura 5 – Pesquisa e leitura de artigos 
 
Crédito: Andrey_Popov/Shutterstock. 
Outro ponto importante a que devemos nos atentar é o que vamos 
selecionar para colocar na Fundamentação Teórica. Não devemos colocar tudo 
que encontrarmos durante as leituras, mesmo porque, na prática, não vamos 
conseguir absorver tudo o que vamos pesquisar e ler, mesmo que sejam 
informações que são de interesse da pesquisa. E, sob outra perspectiva, nem 
tudo o que vamos ler é relevante para nossa pesquisa. Assim, devemos ter em 
mente que a Fundamentação Teórica é um texto organizado, com conteúdo 
conectado de maneira lógica. Deve ser escrito de forma que favoreça o 
entendimento. Não é somente reunir um punhado de referências e colocá-las no 
artigo de maneira aleatória. 
Mais uma situação a se evitar é fazer uma coleção de cópias de 
parágrafos dos autores, uma atrás da outra, como uma “colcha de retalhos”. O 
nosso texto não pode ser só “Ctrl C + Ctrl V”. Mesmo que não possamos 
expressar nossa opinião, devemos cuidar para que os textos utilizados na 
Fundamentação Teórica façam sentido. É essencial lembrarmos que o leitor tem 
de entender o que tentamos expressar. 
 
 
14 
Figura 6 – Ctrl C + Ctrl V 
 
Crédito: Doodlart/Shutterstock. 
Finalmente, ao desenvolvermos a base conceitual, não devemos colocar 
qualquer explicação sobre o desenvolvimento do estudo realizado em si. Ou 
seja, as etapas que realizamos para atingir o objetivo da pesquisa, o 
procedimento de pesquisa ou outras questões relacionadas à forma como 
conduzimos o trabalho deverão constar em uma seção denominada 
Metodologia. Então, na Fundamentação Teórica, não haverá explicações sobre 
o local (uma empresa, por exemplo) em que realizamos nosso estudo, 
entrevistas ou questionários realizados, experimentos que conduzimos ou 
qualquer outra ação que realizamos para alcançar o objetivo de pesquisa, porque 
essas ações não fazem parte de nossa base conceitual. 
Além disso, é importante lembrar que todos os conceitos abordados nessa 
seção do artigo precisam ter exclusiva relação com o foco do estudo, ou seja, 
devemos evitar desenvolver aprofundamentos de conteúdos que não vão 
influenciar ou que não fizeram parte da pesquisa ou, ainda, que não terão 
conexão com os tópicos que serão abordados no artigo. Quantidade não é 
qualidade. 
TEMA 4 – COMO FAZER SUA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Depois de preparar uma excelente base conceitual, está na hora de usar 
todos os fichamentos realizados, “colocar a mão na massa” e escrever a 
segunda parte do artigo científico, a Fundamentação Teórica. Uma boa 
Fundamentação Teórica é aquela que é suficiente para que nós e os leitores do 
artigo entendamos, com a profundidade necessária, o tema de pesquisa. Para 
 
 
15 
tanto, devemos apresentar teorias e informações relacionadas ao problema de 
pesquisa, bem como pesquisas anteriores que possam dar subsídios à pesquisa. 
No que se refere às pesquisas anteriores, uma boa medida é procurar trabalhar 
com artigos ou outros documentos produzidos até, no máximo, cinco anos. 
Além disso, devemos ler todas as publicações que consultarmos e conferir 
se as fontes são seguras, fazendo uma análise criteriosa, pois, na prática, não 
absorvemos tudo o que lemos, nem mesmo vamos conseguir relacionar todas 
as obras fichadas ao “pé da letra”. Contudo, o importante não é a quantidade de 
autores citados, mas sim a qualidade e a pertinência das citações em relação ao 
tema de pesquisa e a concatenação das ideias apresentadas. 
A Fundamentação Teórica tem o propósito de concentrar informações 
conceituais retiradas das fontes de pesquisa, de preferências das fontes 
primárias, para explicar conceitos, definições e características fundamentais dos 
assuntos relacionados ao artigo. O objetivo da Fundamentação Teórica é 
explorar os estudos já publicados que envolvem o tema, aprofundando e 
detalhando os conceitos relacionados ao nosso objetivo. 
A seguir, apresentamos algumas dicas importantes que devemos 
observar ao escrever a Fundamentação Teórica, em especial porque devemos 
ter em mente que o texto deve ser técnico. Assim, o uso de adjetivos sem a 
devida comprovação, como bom, ruim, excelente, fantástico, super, inovador, 
moderno, entre outros, tornam o texto clichê e diminuem o valor de escrita. 
Isso também vale para o uso de generalizações das situações, com frases 
como: “todo mundo faz as operações da mesma forma”, “todas as pessoas usam 
internet”, “nenhuma empresa se preocupa com os funcionários” etc. Devemos 
evitar esse tipo de texto, em especial porque, dessa forma, faremos julgamentos 
e emitiremos nossa opinião, elementos que não podem fazer parte da 
Fundamentação. 
Finalmente, mas não menos importante, devemos utilizar uma linguagem 
impessoal. Nesse sentido, o ideal é o uso da terceira pessoa do singular. Fez-
se, estudou-se e foi analisado são exemplos de escrita adequada. É possível 
usar nós, a primeira pessoa do plural, caso façamos nosso artigo com outras 
pessoas. Se estivermos escrevendo sozinhos, o mais adequado é o uso da 
terceira pessoa do singular. 
No que diz respeito ao formato da Fundamentação Teórica, é muito 
importante organizarmos tema e subtemas em seções primárias e secundárias. 
 
 
16 
Seções terciárias serão utilizadas apenas se julgarmos necessário. Dessa forma, 
podemos criar subtítulos a fim de organizar os temas envolvidos no projeto. Na 
Figura 7, vamos observar os subtítulos de exemplo para o seguinte tema: 
“Qualidade no processo de produção de softwares”. 
Figura 7 – Seções da Fundamentação Teórica 
 
Fonte: Mendes, 2022. 
Outro ponto importante é que a Fundamentação Teórica será baseada em 
publicações de outros autores, por isso, é imprescindível a utilização das 
citações, que podem ser diretas ou indiretas. A citação é a forma de dizer ao 
leitor que determinada parte do texto do seu artigo não é uma ideia desenvolvida 
por nós mesmos, mas sim por outra pessoa. 
Existe uma norma específica para elaborar as citações, que é a ABNT 
NBR 10520, de agosto de 2022, que vamos aprender a aplicar em outro 
momento. No entanto, é importante sempre lembrarmos que Fundamentação 
Teórica sem citações não é Fundamentação Teórica. 
Figura 8 – Exemplos de citação direta 
 
Fonte: Mendes, 2022. 
Isso significa que citações de outros estudos são obrigatórias, já que a 
Fundamentação traz os estudos similaresou os conceitos que baseiam nosso 
estudo. Não é possível apresentar uma Fundamentação Teórica sem citações 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 QUALIDADE 
2.2.1 As funções de um departamento de qualidade 
2.2 PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SOFTWARES 
2.3 A CERTIFICAÇÃO ISO PARA A PRODUÇÃO DE SOFTWARES 
 
 
 
17 
diretas ou indiretas dos achados feitos na literatura sobre o tema. Vale ressaltar 
que todas as citações realizadas no artigo como um todo devem ser descritas 
nas Referências (que são o último item do artigo científico), assim como todas 
as referências mencionadas devem ser encontradas ao longo do texto. Se lemos, 
mas não citamos, seja de forma direta ou indireta, não devemos incluir nas 
Referências, mesmo que achemos o conteúdo muito importante. Se a leitura foi 
tão importante para o seu estudo, então devemos citá-la no texto. 
TEMA 5 – PLÁGIO 
Um assunto muito importante quando se trata da escrita de um artigo 
científico, derivada de uma pesquisa, é o plágio. 
Vamos imaginar que passamos um ano de nossa vida pesquisando, 
estudando e escrevendo para finalizar nosso Projeto de Final de Curso, o que 
certamente não foi um processo fácil. Isso demandou tempo pessoal, dinheiro, 
entre outros recursos. Tivemos de renunciar a alguns momentos pessoais ou 
com sua família para finalizar o estudo. Publicamos nosso artigo e, um tempo 
depois, vamos imaginar que descobrimos que uma pessoa copiou trechos do 
artigo e assumiu o que copiou como se fosse de sua autoria. Como nos 
sentiríamos? 
Figura 9 – Sentimento do plagiado 
 
Crédito: M.G.O/ Shutterstock. 
Talvez não tenhamos parado para pensar que os textos que encontramos 
em livros, artigos, na internet, demandaram uma série de esforços e recursos de 
quem os escreveu. Não é correto se apossar de todo esse conteúdo sem apontar 
de forma adequada quem fez o esforço para que o texto ficasse disponível para 
 
 
18 
nós e todas as pessoas que precisam dele. Essa é, então, uma questão moral. 
Nossa família deve ter dito em algum momento de nossa vida que pegar coisas 
dos outros não é certo. Pegar texto dos outros também não. 
Além da questão moral, também há a questão legal. A Lei n. 10.695, de 
1º de julho de 2003, conhecida como Lei Antipirataria, em seu art. 1º diz que 
“violar direitos de autor e os que lhe são conexos” pode acarretar como pena 
“reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. Para determinar quais são os 
direitos do autor, existe a Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula 
todas as situações relacionadas aos direitos autorais. Assim, o autor que sofre 
plágio está amparado legalmente. Quem comete plágio está sujeito a sofrer as 
penalidades legais, assim como a desmoralização acadêmica. 
Figura 10 – Plágio 
 
Crédito: Ayunannas/Shutterstock. 
No entanto, nem sempre temos a intenção de cometer plágio. Apenas não 
sabíamos que aquilo que imaginávamos que era pesquisa (como copiar e colar 
da internet) na verdade é errado. Ou então copiamos um texto e mudamos as 
palavras, colocando sinônimos no lugar; ou parafraseamos corretamente o texto, 
mas não citamos a origem da ideia; ou, ainda, usamos um texto nosso já 
publicado e não mencionamos a autoria na citação. Todas essas situações 
configuram plágio. Então, é importante conhecer suas modalidades. Sim, há 
diferentes formas de cometer plágio. Veja as mais comuns: 
 
 
https://www.shutterstock.com/g/Ayunannas
 
 
19 
• Plágio direto: cópia literal do texto original, sem referência ao autor 
e sem indicar que é uma citação. 
• Plágio indireto: reprodução, com as próprias palavras, das ideias de 
um texto original (paráfrase), sem indicação da fonte. 
• Plágio de fontes: utilização das fontes de um autor consultado 
(fontes secundárias) como se tivessem sido consultadas em 
primeira mão. 
• Plágio consentido: apresentação ou assinatura de trabalho alheio 
como de autoria própria, com anuência do verdadeiro autor. 
• Autoplágio: reapresentação, como se fosse original, de trabalho de 
própria autoria (em todo ou em parte). (BVSMS Saúde, 2022) 
Por mais que tenhamos retrabalhado fortemente um texto, se a ideia não 
é nossa, precisamos citar a fonte da informação. Ao fazer as citações e a 
referenciação correta, não cometeremos plágio. Assim, podemos garantir que 
não teremos problemas com a submissão do artigo ou a aprovação do Projeto 
Final de Curso. Plágio é motivo para não atribuição de nota na correção do artigo, 
então, tomemos todas as precauções necessárias para evitá-lo. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, pudemos compreender como desenvolver a Fundamentação 
Teórica do nosso artigo científico. 
Para isso, descobrimos que trabalhar com um tipo específico de 
conhecimento, o conhecimento científico, exige um procedimento padrão para 
sua construção. Assim, pudemos perceber que devemos inciar a 
Fundamentação Teórica buscando as bases conceituais que norteiam o nosso 
estudo. Para tanto, observamos que existem diferentes fontes de informação. As 
fontes aceitas para o desenvolvimento da Fundamentação são as fontes formais 
e, dentre elas, existem três tipos distintos: as fontes primárias, as fontes 
secundárias e as fontes terciárias. Aprendemos, ainda, que as fontes a serem 
efetivamente usadas na Fundamentação são as fontes primárias, como também 
que as fontes secundárias e terciárias podem auxiliar a encontrar as fontes 
primárias adequadas. Também, aprendemos que é interessante fazer 
fichamentos das informações que pesquisamos. Esses fichamentos nos 
auxiliarão na escrita do artigo científico. Percebemos, ainda, que muitas coisas 
que imaginávamos poder usar no artigo não são consideradas boas bases 
conceituais. Essas são situações que precisamos evitar quando estivermos 
desenvolvendo nossa base conceitual e escrevendo a Fundamentação Teórica. 
De acordo com todos esses conhecimentos, compreendemos, então, o 
que é a Fundamentação Teórica e como desenvolvê-la, sempre atentos tanto à 
 
 
20 
correção quanto ao uso de fontes de outras pessoas adequadamente, para que 
não cometamos plágio e precisemos sofrer as consequências negativas de 
plagiar obras de outros autores, já que agora temos o conhecimento sobre uma 
série de situações que denotam essa cópia indevida. 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
ANDRADE, L. A. B.; SILVA, E. P. O conhecer e o conhecimento: comentários 
sobre o viver e o tempo. Ciências & Cognição, v. 4, p. 35-41, 2005. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10520: 
Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de 
Janeiro, 2022. 
ARAÚJO, W. M. de. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2018. 
BRASIL. Lei n. 10.695, de 1º de julho de 2003. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 2 jul. 2003. Disponível em: <https://legislacao. 
presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=10695&ano=2003&ato=e87o3aq10d
RpWT990>. Acesso em: 23 set. 2022. 
_____. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 20 fev. 1998. Disponível em: <https://legislacao. 
presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=9610&ano=1998&ato=02dMTRE1Ee
NpWT89a>. Acesso em: 23 set. 2022. 
BVSMS SAÚDE. Plágio acadêmico: conhecer para combater. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/plagio_academico.pdf>. Acesso 
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CORREIA, W. Os diversos tipos de conhecimento. Disponível em: 
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/FILO
SOFIA/Artigos/diversos_tipos_conhecimento.pdf>. Acesso em: 23 set. 2022. 
CUNHA, M. B. da. Para saber mais: fontes de informação em ciência e 
tecnologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2001. 
DE SORDI, J. O. Administração da informação: fundamentos e práticas para 
uma nova gestão do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
DICKMANN, I.; DICKMANN, I. Artigo científico: o passo a passo para escrever 
e publicar em revistas e coletâneas. Chapecó:Livrologia, 2020. 
MAGALHÃES, L. E. R.; ORQUIZA, L. M. Metodologia do trabalho científico: 
elaboração de trabalhos. Curitiba: FESP, 2002. 
MEDEIROS, J. B. Redação científica: prática de fichamentos, resumos, 
resenhas. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
 
 
22 
MENEZES, S. Fontes de informação: definição, tipologia e confiabilidade. 2021. 
Disponível em: <https://www.ufrgs.br/bibeng/fontes-de-informacao-definicao-
tipologia-confiabilidade/>. Acesso em: 23 set. 2022. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dayse Mendes 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos aprender a contar para os leitores do nosso artigo, 
em detalhes, o que definimos que seria a nossa pesquisa e como a fizemos. 
Essa explicação dos procedimentos que realizamos deve ser desenvolvida no 
capítulo de metodologia, que traz a especificação do problema, o delineamento 
de pesquisa, população e amostragem, coleta e tratamento de dados e o relato 
dos procedimentos experimentais. 
Inicialmente, vamos entender que devemos apresentar hipótese de 
pesquisa, que é uma espécie de frase afirmativa que funciona como resposta ao 
nosso problema de pesquisa. Nesse mesmo momento, também apresentaremos 
nossas variáveis de pesquisa, especificando o nosso problema. A próxima etapa 
de nossa Metodologia diz respeito ao delineamento de pesquisa, em que vamos 
compreender que precisamos caracterizar a nossa pesquisa sob uma série de 
aspectos distintos. Vamos também aprender a como descrever os nossos 
procedimentos referentes a dados, tanto no que se refere à população e amostra, 
como também à forma como os coletamos e tratamos. Finalmente vamos 
aprender como descrever, em detalhe, seus procedimentos experimentais, caso 
tenhamos realizado algum experimento em nossa pesquisa. Todos esses 
procedimentos são descritos no capítulo de Metodologia tanto para comprovar 
que seguimos um método científico em nossa pesquisa como para auxiliar outros 
pesquisadores a replicarem o nosso estudo, seja para aumentar a confiabilidade 
de nossa pesquisa, seja para contrapor outras hipóteses em relação ao estudo. 
TEMA 1 – ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA 
O terceiro capítulo de nosso artigo trata da Metodologia. Ou seja, nesse 
capítulo, vamos contar ao leitor, com a maior quantidade possível de detalhes, o 
que e como fizemos a nossa pesquisa. Isso serve para confirmar com o leitor 
que usamos um caminho de pesquisa realmente científico, como também para 
que outros pesquisadores possam seguir esse mesmo caminho indicado por nós 
e refazer a pesquisa. Essa ação de refazer se chama “replicar a pesquisa”. 
Muitas pesquisas necessitam dessa replicação de vários pesquisadores para 
que seus resultados sejam aceitos pela comunidade científica ou, até mesmo, 
pela sociedade. Então precisamos tomar cuidado com esse capítulo e o que 
vamos relatar nele. 
 
 
3 
Você precisa deixar claro para o leitor, em termos metodológicos, o que 
fizemos na nossa pesquisa. A essa parte denominamos especificação do 
problema de pesquisa. Essa especificação auxilia tanto a nós, enquanto 
estivermos realizando a pesquisa, quanto ao leitor que pretenda replicar o nosso 
estudo, ou, com base nele, construir uma nova pesquisa. Esse auxílio vem em 
uma compreensão mais aprofundada do problema, já apresentado na introdução 
do artigo, mas sem grandes detalhes. 
Figura 1 – Hipóteses de pesquisa 
 
Crédito: Ileezhun/Shutterstock. 
A especificação do problema começa com o lançamento de hipóteses de 
pesquisa. Uma hipótese é uma espécie de resposta ou de solução em relação 
ao nosso problema de pesquisa. Assim, ao escrever nossa hipótese, precisamos 
relembrar qual foi a pergunta de pesquisa que lançamos na introdução do artigo. 
A hipótese de pesquisa deve ser redigida em forma de afirmação, em uma única 
frase que deve ser clara e escrita de forma bem objetiva e exata. 
Existem tipos diferentes de hipóteses. De acordo com Richardson (2017, 
p. 106), é possível classificar as hipóteses segundo o número de variáveis que 
essa hipótese tem e qual a relação entre elas. Vale comentar que variáveis de 
pesquisa definem qualquer tipo de relação de causa e efeito que possa ser 
observada em nosso estudo. Assim, é possível identificar três tipos distintos de 
hipóteses, como podemos observar no Quadro 1 a seguir. 
 
 
4 
Quadro 1 – Tipos de hipóteses quanto às variáveis 
Hipótese Conceito Exemplo 
Hipóteses univariadas ou 
singulares 
São as que apresentam 
apenas uma variável. 
Menos de 20% das peças 
verificadas apresentam 
problemas de qualidade. 
Hipóteses multivariadas ou 
de associação 
São as que apresentam 
ligação entre duas ou mais 
variáveis. 
Redes de computadores que 
apresentam lentidão também 
apresentam dificuldade na 
realização de backup. 
Hipóteses de relação causal 
ou de causalidade 
São as que apresentam 
relação de causa e efeito 
entre as variáveis. 
Quanto maior o nível 
educacional do trabalhador, 
maior sua produtividade 
Hipóteses de tendência 
(trend) 
São aquelas que tratam da 
direção do movimento de 
uma ou mais variáveis ao 
longo do tempo. 
O uso de ferramentas de 
metaverso aumentará nos 
próximos quatro anos. 
Fonte: Richardson, 2017, p. 106. 
Descrita a ou as hipóteses de pesquisa em nossa metodologia, cabe 
agora propormos uma série de definições para apresentar os termos importantes 
e as variáveis de pesquisa. Há duas definições a serem realizadas, a definição 
constitutiva e a definição operacional. A definição constitutiva diz respeito ao 
conceito que foi utilizado durante a pesquisa, seja das variáveis, seja dos termos 
importantes para a pesquisa. Já a definição operacional diz respeito a como as 
variáveis foram observadas na situação real do estudo. Vejamos um exemplo de 
definição constitutiva (DC) e operacional (DO) da variável centralização, um 
elemento de estrutura organizacional, na Figura 2 a seguir. 
Figura 2 – Exemplo de definição constitutiva (DC) e operacional (DO) da variável 
centralização 
Centralização 
DC: “distribuição de autoridade ou poder decisório nas organizações” (Machado da Silva; 
Alperstedt, 1995, p. 313). 
DO: grau de participação dos membros organizacionais nas decisões. O grau de participação 
na tomada de decisão será mensurado a partir de uma adaptação da Escala de Aston. 
Crédito: Mendes, [S.d.]. 
A primeira parte da metodologia, em que esmiuçamos o problema e 
descrevemos o que ele é, fica pronta assim que escrevemos a hipótese, 
estabelecemos quais são as variáveis do estudo, e descrevemos de forma 
constitutiva e operacional essas variáveis, finalizando nossa especificação do 
 
 
5 
problema. Disso em diante, podemos começar a descrever como fizemos a 
nossa pesquisa. 
TEMA 2 – DELINEAMENTO DE PESQUISA 
Além de contarmos o que fizemos em nossa pesquisa, outra importante 
preocupação é o relato de como a fizemos. O primeiro passo desse relato é o 
delineamento de pesquisa, ou seja, vamos classificar a pesquisa que 
desenvolvemos em, pelo menos, um parágrafo. Existem várias formas de se 
fazer uma pesquisa científica. Precisamos dizer ao leitor quais dessas formas 
utilizamos. A classificação se divide em quatro grandes grupos, que são: o tipo 
de pesquisa quanto à natureza, o tipo de pesquisa quanto à abordagem, o tipo 
de pesquisa quanto aos objetivos e o tipo de pesquisa quanto aos 
procedimentos. 
As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto à natureza como 
pesquisa básica ou aplicada. A pesquisa básica tem como objetivo o progresso 
da ciência. Já a pesquisa aplicada, por sua vez, gera “conhecimento para 
aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos” (Magalhães; 
Orquiza, 2002, p. 11). Os artigos de engenharia são, por característica própria 
da área, do tipo pesquisa aplicada, visto que tem por objetivo a utilização, as 
“consequências práticas do conhecimento”, envolvendo verdadese interesses 
específicos (Magalhães; Orquiza, 2002, p. 11). 
Quanto à abordagem do problema, relatamos se a análise dos 
fenômenos estudados é realizada por meio de pesquisa qualitativa ou pesquisa 
quantitativa. A pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, 
o que significa traduzir, em números, opiniões e informações para classificá-las 
e analisá-las (Magalhães; Orquiza, 2002). Já a pesquisa qualitativa, como o 
próprio nome diz, trabalha com características de qualidade dos dados, sem 
necessidade de intervenções estatísticas. 
A pesquisa quantitativa se baseia na medição numérica e na análise 
estatística para estabelecer padrões e comprovar teorias. Tal pesquisa se torna 
viável por ser possível mensurar e quantificar as respostas que se conseguiu 
quando se fez a coleta de dados, por meio do uso de recursos e de técnicas 
estatísticas. Já a pesquisa qualitativa considera que há situações que não 
podem ser traduzidas em números. Assim, esse tipo de pesquisa utiliza a coleta 
de dados sem medição numérica para descobrir ou aprimorar perguntas de 
 
 
6 
pesquisa no processo de interpretação de fenômenos ou de situações-problema. 
É possível mesclar os dois tipos e realizar uma pesquisa quali-quanti, ou seja, 
uma pesquisa que usa tanto os métodos quantitativos quanto os métodos 
qualitativos de tratamento dos dados, no intuito de poder fazer uma análise mais 
aprofundada sobre o tema estudado. 
Figura 3 – Pesquisa quantitativa 
 
Crédito: Bakhtiar Zein/Shutterstock. 
As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto aos seus 
objetivos, relacionando-os ao grau de aproximação que o pesquisador tem em 
relação ao fenômeno em estudo. Assim tem-se as pesquisas exploratória, 
descritiva e explicativa. A pesquisa exploratória diz respeito à primeira 
aproximação a um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou 
fenômeno, ou seja, ao definir que a pesquisa é exploratória, diremos ao leitor 
que não encontramos nada parecido com o nosso estudo quando construímos 
nossa base conceitual. Por isso, a pesquisa exploratória é quase sempre feita, 
em termos de procedimento, como levantamento bibliográfico, entrevistas com 
profissionais que estudam/atuam na área, visitas a websites etc. 
A pesquisa descritiva, por sua vez, é um levantamento das 
características conhecidas de uma situação-problema. Nesse tipo de pesquisa, 
o interesse é descrever o fato ou fenômeno que se observa durante a pesquisa, 
para tornar o tema mais claro. É normalmente feita na forma de levantamento ou 
observações sistemáticas do problema escolhido. Finalmente, a pesquisa 
explicativa tem por objetivo criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou 
fenômeno. Essa pesquisa se ocupa com os “porquês” do problema, isto é, com 
a identificação dos fatores que contribuem para explicar o que está acontecendo 
em relação ao tema estudado (Santos, 1999). 
https://www.shutterstock.com/g/Bakhtiar+Zein
 
 
7 
É possível dizer então que, quanto aos objetivos, há uma espécie de 
hierarquia entre elas. É impossível fazer uma pesquisa explicativa sem que, 
antes, alguém tenha feito uma pesquisa exploratória sobre o tema. Devemos 
lembrar que estamos tratando do tema aqui, então se pretendemos escrever, por 
exemplo, acerca da economia de energia pela utilização de placas solares na 
empresa em que trabalhamos, mesmo que acreditamos inicialmente que este é 
um estudo exploratório porque ninguém fez um estudo desses nessa empresa, 
essa ideia é incorreta, pois muitas pessoas já pesquisaram e escreveram como 
tema a energia solar. Assim, essa pesquisa será descritiva ou explicativa. 
A última classificação diz respeito aos procedimentos, ou seja, vamos 
descrever os métodos práticos utilizados para juntar as informações necessárias 
à nossa pesquisa. Aqui, ainda não descrevemos em detalhes como fizemos a 
coleta de dados, somente informa o padrão utilizado para essa coleta. Nesse 
caso, as pesquisas científicas podem ser classificadas como pesquisa 
bibliográfica, documental, experimental, de levantamento, estudo de caso, de 
campo, de laboratório, ex-post-facto, survey, participante, pesquisa-ação, design 
science, etnográfica, etnometodológica. Alguns desses tipos são mais adequados 
a pesquisas voltadas à engenharia que outros. Assim, é importante ter uma noção 
sobre cada um deles. Vejamos os tipos de pesquisa no Quadro 2 a seguir. 
Quadro 2 – Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos 
Tipo de pesquisa Característica 
Bibliográfica Uso de um conjunto de materiais escritos/gravados que contém informações já elaboradas e publicadas por outros autores. 
Documental 
Uso de fontes documentais originais e não publicadas, tais 
como relatórios de empresas, documentos arquivados, obras 
originais de qualquer natureza, entre outras. 
Experimental 
Um fato ou um fenômeno da realidade é reproduzido de forma 
controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o 
produzem ou por ele são produzidos. 
De levantamento 
Busca-se informação diretamente com um grupo de interesse 
a respeito dos dados que se deseja obter. Trata-se de um 
procedimento útil em pesquisas exploratórias e descritivas. 
Estudo de caso 
Estudo de caso diz respeito a selecionar um objeto de pesquisa 
restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos 
característicos. Esse objeto pode ser, por exemplo, uma 
empresa, uma comunidade. 
(continua) 
 
 
 
 
8 
(Quadro 2 – conclusão) 
Tipo de pesquisa Característica 
De campo Está relacionada ao local no qual acontecem os fatos e 
fenômenos. Nesse tipo de pesquisa, se recolhe os dados in 
natura, no local de observação, como percebidos pelo 
pesquisador. 
De laboratório Está relacionada ao local no qual acontecem os fatos e 
fenômenos. Nesse tipo de pesquisa, se recolhe os dados em 
laboratório, com o experimento acontecendo sob controle do 
pesquisador. 
Ex-post-facto Pesquisa experimental que acontece naturalmente, sem o 
controle do pesquisador em que, depois do fenômeno ter 
acontecido, tenta explicá-lo e entendê-lo. 
Survey O pesquisador busca informações diretamente com o grupo em 
que deseja obter dados. As pesquisas de opinião são um 
exemplo desse tipo de procedimento. 
Participante Os pesquisadores envolvem-se no trabalho de pesquisa de 
modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de 
um resultado esperado, com poder de decisão quanto à 
situação em estudo. 
Pesquisa-Ação Os pesquisadores envolvem-se no trabalho de pesquisa de 
modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de 
um resultado esperado, mas sem poder de decisão quanto à 
situação em estudo. 
Design science research Um processo rigoroso de projetar artefatos para resolver 
problemas, avaliar o que foi projetado ou o que está 
funcionando, e comunicar os resultados obtidos. 
Etnográfica É o estudo de características de um grupo específico, tais como 
cultura e comportamento. 
Etnometodológica É o estudo do cotidiano dos indivíduos. 
Fonte: Magalhães e Orquiza (2002); De Sordi (2017) 
Ao escrever o parágrafo de delineamento da metodologia, vamos dizer ao 
leitor, então, o tipo de pesquisa que fizemos quanto à sua natureza, à sua 
abordagem, aos seus objetivos e ao seu procedimento. Por exemplo, digamos 
que nós investigamos o uso de tecnologias de informação na empresa em que 
trabalhamos para verificar se o uso está influenciando a produtividade das 
pessoas. Para tanto, elaboramos um questionário, com escalas nas respostas, 
e o distribuímos para os chefes de todos os setores da empresa. 
Nesse caso, no parágrafo inicial de metodologia, devemos comentar que 
essa é uma pesquisa aplicada por trazer um estudo prático; é quantitativa por 
usar um questionário que vai quantificar os resultados e possibilitará utilizar 
estatística para a análise; é descritiva porque vai descrever se as tecnologias de 
informação influenciam a produtividade; é um estudo de caso visto que está 
sendo feita na empresa

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