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Introdução à Hematologia Clínica

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HEMATOLOGIA CLÍNICA
2
Tatiane Marques
Ana Paula Michelin
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
 HEMATOLOGIA CLÍNICA
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Tamara Gonçalves Apolinário
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Marques, Tatiane
Hematologia clínica / Tatiane Marques, Ana Paula 
Michelin. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 
2022.
32 p.
ISBN 978-65-5356-279-0
1. Análises. 2. Clínicas. 3. Hematologia. I. Michelin, Ana 
 Paula. II. Título.
CDD 616.07561 
_____________________________________________________________________________ 
Evelyn Moraes – CRB 010289/O
M357h
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Células sanguíneas e sua importância diagnóstica ___________ 07
Hemograma: a avaliação laboratorial do sangue _____________ 23
Distúrbios hematológicos ___________________________________ 39
Diagnóstico dos distúrbios hematológicos ___________________ 50
HEMATOLOGIA CLÍNICA
5
Apresentação da disciplina
Seja bem-vindo à disciplina Hematologia clínica. É uma grande satisfação 
poder compartilhar o conhecimento de uma área tão importante e atual 
com você. Durante nossos estudos, retomaremos conceitos básicos do 
sistema imune e verificaremos todo o processo de crescimento dessa 
ciência com o avanço da medicina, que proporcionou diagnosticar e 
verificar evoluções de doenças que antes não eram possíveis.
Serão abordados assuntos sobre análise e interpretação do hemograma 
de sangue periférico normal e esfregaços de alterações morfológicas 
na série branca e vermelha; interpretação dos conjuntos de parâmetros 
laboratoriais que estabelecem os aspectos qualitativos e quantitativos 
das células sanguíneas; interpretação das alterações laboratoriais 
nos distúrbios de coagulação, leucócitos e eritrócitos; e as técnicas 
avançadas na análise de células sanguíneas. As competências 
e habilidades desenvolvidas englobam: classificar distúrbios da 
coagulação, leucócitos e eritrócitos; interpretar o hemograma de sangue 
periférico normal e esfregaços de alterações morfológicas na série 
branca e vermelha; interpretar aspectos qualitativos e quantitativos 
das células sanguíneas; e reconhecer técnicas avançadas na análise das 
células sanguíneas.
Nesse contexto, a busca incessante por metodologias denominadas 
“padrão ouro” fez com que os exames laboratoriais fossem cada vez 
mais aprimorados e os equipamentos utilizados fossem cada vez mais 
potentes. Tudo isso está relacionado com a busca por tratamento e cura 
de doenças, bem como por melhores marcadores para diagnóstico. 
6
Vamos juntos explorar o mundo de possibilidades que a imunologia 
clínica nos oferece.
Bons estudos! 
7
Células sanguíneas e sua 
importância diagnóstica
Autoria: Tatiane Marques
Leitura crítica: Tamara Gonçalves Apolinário
Objetivos
• Compreender a importância do setor de 
hematologia no laboratório clínico para o 
diagnóstico de enfermidades.
• Conhecer os métodos de análise de células 
sanguíneas no setor de hematologia.
• Correlacionar os exames realizados no setor de 
hematologia com as enfermidades diagnosticadas.
8
1. Hematologia clínica e sua importância 
diagnóstica
Do grego Haimatus (sangue) e logus (estudo), hematologia é a ciência que 
estuda o sangue e seus componentes, sejam eles celulares ou humorais, 
assim como os órgãos e tecidos hematopoiéticos, responsáveis pela 
produção das células sanguíneas. Também estuda as alterações 
morfofuncionais sanguíneas e dos órgãos hematopoiéticos, assim como 
as enfermidades relacionadas a elas.
O setor de hematologia clínica em um laboratório de patologia clínica 
representa um dos setores mais versáteis em suas possibilidades 
diagnósticas. Por meio da análise das células sanguíneas, em seus 
aspectos qualitativos e quantitativos, é possível identificar e diagnosticar 
inúmeras enfermidades, infecciosas ou não, e algumas vezes até mesmo 
identificar suas causas.
Neste contexto, neste Tema você irá estudar o sangue e as células 
que o compõem e conhecer quais exames são realizados no setor 
de hematologia em um laboratório de análises clínicas, bem como as 
doenças que podem ser diagnosticas a partir deles.
1.1 Sangue
Bombeado pelo coração, o sangue é um líquido de coloração 
avermelhada, composto por uma porção sólida e uma porção líquida, 
que circula por todo o organismo dentro dos vasos sanguíneos 
(RODRIGUES, 2019). Por meio dele é transportado o oxigênio, do 
pulmão para todos os tecidos do organismo, ligado à hemoglobina, no 
interior das hemácias. Também encontramos na corrente sanguínea, 
compondo a porção celular do sangue, os leucócitos, ou seja, as células 
responsáveis pela defesa do organismo contra partículas estranhas e 
microrganismos invasores, bem como as plaquetas, que são pequenos 
9
fragmentos celulares responsáveis pela coagulação sanguínea. A parte 
líquida do sangue é composta principalmente por água, mas você 
também encontrará gases, eletrólitos, hormônios, nutrientes e excretas, 
entre outras substâncias imersas e dissolvidas em água (ANTUNES, 
2019).
Você sabia que o volume total de sangue de um indivíduo adulto 
corresponde a cerca de 8% de seu peso corporal? Isso significa que 
aproximadamente cinco litros desse precioso líquido estão distribuídos 
em suas artérias e veias, circulando por todo o seu corpo. A Figura 1 
mostra que o plasma é o componente mais abundante do sangue, 
correspondendo a cerca de 52 a 62% de seu volume total. Entre os 
componentes celulares, as células vermelhas estão presentes em 
maior quantidade e representam de 38 a 48% do volume celular total. 
Já as células brancas e as plaquetas, presentes em menor proporção, 
correspondem ao 2%.
Figura 1 – Componentes do sangue
Fonte: Shutterstock.com. 
10
O plasma, componente líquido do sangue, é composto principalmente 
por água (90% de seu volume), que representa o solvente universal e 
meio de transporte de componentes orgânicos e inorgânicos nos vasos 
sanguíneos. Dissolvidos no plasma, um líquido de coloração amarelada, 
encontram-se vitaminas, gases, eletrólitos e outros componentes do 
metabolismo, como as proteínas plasmáticas (RODRIGUES, 2019). Entre 
as proteínas, a albumina é a mais abundante e importante, pois ligada 
a ela são carreadas as moléculas insolúveis em água, como hormônios 
de natureza lipídica. Essa molécula também é responsável por regular a 
pressão osmótica do sangue (ANTUNES, 2019).
Outra proteína de fundamental importância é o fibrinogênio, proteína 
solúvel no plasma que, quando convertida em fibrina, sua forma 
insolúvel, possui importante papel na coagulação sanguínea (ANTUNES, 
2019). Diversas outras proteínas, como fatores de coagulação, proteínas 
do sistema complemento, hormônios e até mesmo anticorpos, estão 
presentes no plasma sanguíneo e podem serdosadas em exames 
laboratoriais nos setores de hematologia, endocrinologia, imunologia e 
bioquímica.
A importância do plasma sanguíneo não se limita à questão do 
transporte de substâncias, pois, em situações de desequilíbrio osmótico 
do organismo, ele será responsável por absorver o excesso de líquido 
tecidual, evitando a formação de edema. Do mesmo modo, em casos 
de desidratação ou perda excessiva de líquidos em determinados 
tecidos, o plasma é a principal fonte de reposição hídrica e de eletrólitos 
(RODRIGUES, 2019). É importante lembrar que pela circulação do sangue 
no organismo é mantida a temperatura corporal estável e é gerado e 
distribuído calor para todo o corpo.
Os componentes celulares serão estudados com maiores detalhes a 
seguir com relação à sua função e produção no organismo, pois são 
componentes de meia-vida curta e suas proporções são variáveis na 
corrente sanguínea. As células vermelhas, também conhecidas como 
11
hemácias ou eritrócitos, têm meia-vida de aproximadamente 120 dias 
e são as responsáveis pelo transporte e fornecimento de oxigênio aos 
tecidos. Os glóbulos brancos, também denominados genericamente de 
leucócitos, são representados pelos granulócitos polimorfonucleares 
(neutrófilos, eosinófilos e basófilos), pelos fagócitos (monócitos) e 
pelos linfócitos T e linfócitos B (HOFFBRAND; MOSS, 2018). A meia-vida 
dessas células pode variar de dias a semanas, assim como sua presença 
na corrente sanguínea, podendo o aumento de alguns desses tipos 
celulares sinalizar o desenvolvimento de um processo inflamatório ou 
até mesmo infeccioso.
Por fim, temos as plaquetas ou trombócitos. Esses pequenos fragmentos 
celulares complementam os componentes sólidos do sangue e 
permanecem circulando por dias, sempre em prontidão para conter 
ou estancar sangramentos e processos hemorrágicos consequentes 
de lesões teciduais e sanguíneas. A produção e a secreção desses 
fragmentos no sangue é diária, mas, em média, sua sobrevida é 
de 10 dias, quando são então removidas pelo baço ou pelo fígado 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
1.2 Hematopoiese
As células sanguíneas, assim como os demais componentes do sangue, 
possuem meia-vida curta e precisam ser constantemente repostas 
para manter a homeostasia sanguínea. O processo de produção e 
liberação no sangue de novas células é denominado hematopoiese e 
ocorre nos órgãos hematopoiéticos, representados principalmente pela 
medula óssea (Figura 2) e pelos órgãos linfoides, como os linfonodos. 
No entanto, durante a fase fetal, ou em casos de doenças com grave 
comprometimento da medula óssea, o baço e o fígado podem assumir 
essa importante função. A partir de uma célula-tronco totipotente, 
mediante estímulos químicos diferentes, as células progenitoras 
12
diferenciam-se em linhagens eritrocíticas, mieloides e linfoides 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Figura 2 – Medula óssea e produção de células sanguíneas
Fonte: Shutterstock.com.
A linhagem eritroide, representada pelas células vermelhas do sangue 
e derivada de células progenitoras mieloides, passará por diferentes 
processos de maturação e diferenciação, que resultam na formação 
de reticulócitos, ou seja, hemácias imaturas (Figura 3). O processo 
de maturação final será a perda do núcleo e a liberação da hemácia 
madura na corrente sanguínea. Nos próximos 120 dias, essa célula 
13
será responsável pelo transporte de oxigênio ligado à hemoglobina, a 
proteína mais abundante no citoplasma dessas células (ANTUNES, 2019).
A partir da linhagem mieloide de células progenitoras e mediante 
diferentes estímulos químicos e antigênicos, também se formarão as 
células brancas do sangue, chamadas genericamente de granulócitos ou 
células polimorfonucleares, representadas pelos basófilos, eosinófilos 
e neutrófilos (Figura 3). Finalmente, também derivados desse precursor 
comum, são formados os monócitos, células imaturas que, mediante 
estímulo antigênico, migram para o sítio inflamatório e diferenciam-
se em macrófagos, células fagocitárias e apresentadoras de antígenos 
(RODRIGUES, 2019). Vale lembrar que as plaquetas, fragmentos celulares 
derivados da fragmentação de megacariócitos, também se originam 
desse progenitor comum.
Figura 3 – Hematopoiese
Fonte: Shutterstock.com.
14
1.3 Células sanguíneas
Você já estudou o sangue, seus componentes e sua importância para a 
manutenção da vida e da saúde do organismo. Além disso, estudou a 
hematopoiese, ou seja, o processo de produção das células sanguíneas. 
Agora vamos aprender a diferenciar a morfologia das células sanguíneas 
e detalhar sua função no organismo.
As hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos ou 
eritrócitos, representam a maior proporção dos componentes sólidos do 
sangue. No hemograma, são avaliados seus parâmetros de morfologia, 
tamanho, quantidade de hemoglobina e coloração. Essas células 
circulam no sangue em média por 120 dias e há em média 4,5 x 106 
células/mm3 de sangue em um adulto saudável.
Morfologicamente, no microscópio, você as verá como células 
bicôncavas anucleadas, medindo aproximadamente 2,5 µm por 7,5 
µm e com coloração avermelhada devido à hemoglobina presente 
em seu citoplasma. A Figura 4 traz a morfologia e o diâmetro de 
uma hemácia humana normal, possibilitando verificar que sua parte 
periférica é mais espessa que a porção central, o que facilita as trocas 
gasosas pulmonares e teciduais. Após a eliminação do núcleo celular 
e de algumas organelas, o citoplasma da hemácia é completamente 
preenchido pela hemoglobina, que é a proteína responsável pelo 
transporte de oxigênio. Alterações na constituição desta resultam em 
deficiência do transporte de O2, uma condição patológica conhecida 
como hemoglobinopatia, que pode ser classificada como Talassemia α, 
Talassemia β ou Anemia Falciforme (ANTUNES, 2019; RODRIGUES, 2019).
15
Figura 4 – Morfologia da hemácia
Fonte: Shutterstock.com. 
Alterações quali-quantitativas referentes à diminuição das hemácias 
sanguíneas caracterizam um grupo de doenças conhecidas 
genericamente como anemias, que podem ser classificadas conforme a 
diminuição na contagem geral dessas células, alterações em seu formato 
e em sua coloração ou quantidade de hemoglobina. Essas alterações 
resultam em prejuízo de sua função no transporte de oxigênio 
relacionado a alterações na hemoglobina e a manifestações clínicas 
resultantes dessa deficiência. Por outro lado, o aumento na contagem 
global dessas células é conhecido como policitemia ou eritrocitose e, da 
mesma forma, é uma patologia que pode comprometer gravemente a 
saúde humana.
As células componentes da série branca do sangue, também conhecidas 
como leucócitos ou glóbulos brancos, correspondem na verdade a vários 
tipos celulares que permanecem circulando na corrente sanguínea. 
Essas células representam menos de 1% do total de células do sangue, 
16
mas são as células de defesa contra toxinas e microrganismos invasores. 
Também são responsáveis por sinalizar a ocorrência de um processo 
inflamatório e de alergias; remover células mortas e fragmentos 
celulares; auxiliar no processo de cicatrização; e até mesmo remover 
fragmentos de coágulos, evitando a formação de trombos sanguíneos. 
A contagem global dessas células no sangue de uma pessoa adulta 
saudável situa-se entre 4,5 x 103 e 11 x 103 leucócitos/mm3 de sangue; 
variações nessa contagem podem sinalizar a ocorrência de um processo 
infeccioso, uma alergia e até mesmo uma neoplasia (HOFFBRAND; 
MOSS, 2018).
A Figura 5 traz a morfologia das células granulocíticas e linfocíticas 
circulantes na corrente sanguínea. Os leucócitos são agrupados em 
dois tipos de populações celulares: os granulócitos, compostos por 
neutrófilos, basófilos e eosinófilos; e os agranulócitos, representados 
pelos monócitos e linfócitos T e B. A seguir, você irá aprender sobre 
a função de cada célula como componente do sistema imune e as 
características morfológicas para sua identificação.
Figura 5 – Leucócitos sanguíneos
Fonte: Shutterstock.com.17
Os leucócitos granulócitos recebem esse nome, pois, vistos no 
microscópio, apresentam-se como células repletas de grânulos em 
citoplasma. Também conhecidos como leucócitos polimorfonucleares, 
são as células sentinelas da corrente sanguínea, pois permanecem 
circulando em busca de partículas estranhas ou agentes invasores. 
Atuam em conjunto com outros componentes do sistema imune 
inato. As três células componentes desse grupo diferenciam-se, na 
hematologia, pela afinidade de seus grânulos específicos aos corantes 
utilizados para estudo dessa população celular e pelo formato de seu 
núcleo. Trazemos a seguir as principais diferenças entre neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos, segundo Abbas (2019):
• Neutrófilos: são as principais células sentinelas do sangue. Com 
grande mobilidade, permanecem circulando na corrente sanguínea 
a postos para fagocitar e remover qualquer partícula estranha 
ou indesejada. À microscopia, você verá células com afinidade 
por corantes neutros, com núcleo em forma de ferradura, 
fragmentado em 2 a 5 lóbulos (Figura 5). Por quimiotaxia, durante 
uma resposta inflamatória, migram para os tecidos e contribuem 
para o processo inflamatório. Quando mortos, são os principais 
componentes das secreções purulentas.
• Eosinófilos: representando de 3 a 5% dos leucócitos circulantes 
no sangue, essas células são de fundamental importância no 
processo alérgico e na resposta imune mediada por IgE e proteínas 
do sistema complemento. Sua contagem poderá estar aumentada 
em infecções parasitárias, principalmente aquelas causadas 
por helmintos, mas também em infecções fúngicas e virais. Ao 
microscópio, você verá células com afinidade por corantes ácidos, 
pois seus grânulos são acidófilos, e núcleo bilobulado em forma de 
rim (Figura 5).
• Basófilos: representando os leucócitos presentes em menor 
proporção na corrente sanguínea, você verá níveis aumentados 
dessa célula em processos alérgicos, principalmente sistêmicos. 
18
Em um processo inflamatório, migram por quimiotaxia para o 
local da inflamação, onde podem exercer atividade fagocítica, 
mas são mais importantes por secretar heparina e histamina, que 
resultam em vasodilatação e evitam a formação de coágulos, além 
de facilitar a migração leucocitária. No esfregaço sanguíneo, ao 
microscópio, você verá células cujos grânulos possuem afinidade 
por corantes básicos e núcleo com formato irregular (Figura 5).
Leucócitos agranulócitos recebem esse nome por não apresentarem 
grânulos corados quando observados à microscopia óptica, utilizando 
coloração de rotina, como hematoxilina-eosina, panótico ou giemsa. 
Presentes em menor proporção na composição total dos leucócitos, 
essas células são representadas pelos monócitos e linfócitos. Trazemos 
a seguir suas principais características morfológicas e funcionais, 
segundo Abbas (2019):
• Monócitos: representam a morfologia imatura dos macrófagos, as 
principais células fagocitárias do sistema imune. Os monócitos são 
liberados na corrente sanguínea após sua produção na medula 
óssea, migram ativamente na corrente sanguínea e, ao receberem 
o devido estímulo antigênico e quimiotático, fazem a diapedese 
para os tecidos e diferenciam-se em macrófagos, a célula ativada. 
À microscopia óptica, você verá grandes células de formato 
irregular e núcleo intensamente corado em formato de C (Figura 
5).
• Linfócitos: ao pensar em linfócitos, naturalmente, você assimila 
duas células diferentes: linfócitos B, as células produtoras 
de anticorpos, e linfócitos T, as células auxiliares da resposta 
imune. No entanto, no esfregaço sanguíneo, essas células são 
indistinguíveis e você as verá como células com núcleo grande, 
ocupando entre 80 e 90% de seu volume citoplasmático, com 
núcleo irregular e intensamente corado (Figura 5).
19
A avaliação laboratorial dos leucócitos, seja pelo hemograma seja pela 
contagem diferencial no esfregaço sanguíneo, visa avaliar a presença de 
uma resposta inflamatória e contribui para o diagnóstico de infecções, 
inflamações, processos alérgicos e até mesmo outras enfermidades 
sanguíneas. As alterações qualitativas denotam a presença de células 
jovens, resultantes do aumento de sua produção na medula óssea, 
fenômeno conhecido como desvio à esquerda (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). Nesse caso, é associado a outros exames e às condições 
clínicas do paciente, sendo possível sugerir a presença de infecções, 
inflamações, alergias e outras condições de enfermidades. Com relação 
às alterações quantitativas, há os casos de diminuição na contagem 
total de leucócitos, que recebe o nome de leucopenia, e de aumento na 
contagem total dessas células, também conhecido como leucocitose.
A leucopenia é a contagem de leucócitos totais abaixo de 4.5 x 103 
células/mm3 de sangue e o significado clínico dessas alterações 
deve ser avaliado individualmente, conforme as alterações celulares 
evidenciadas. Geralmente, é mais comum evidenciar diminuição 
na contagem de neutrófilos e leucócitos, caracterizando maior 
susceptibilidade do organismo a infecções oportunistas. A leucocitose, 
por sua vez, representada pela contagem global de leucócitos acima de 
11 x 103 células/mm3 de sangue em adultos saudáveis, é um sinal claro 
da presença de um processo inflamatório, seja ele infeccioso ou não. 
A depender do fator causal, pode ocorrer aumento de um único tipo 
celular ou aumento global dessas células (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Embora não sejam células, e sim fragmentos celulares, as plaquetas, 
também denominadas trombócitos (Figura 6), estão incluídas entre 
os elementos sólidos que compõem o sangue. Você visualizará essas 
pequenas partículas como fragmentos bem menores do que as células, 
seja em tamanho ou em quantidade, na proporção aproximada de 
1:20 (uma plaqueta para cada vinte hemácias). Elas são de extrema 
importância na coagulação sanguínea, quando se aglutinam e estacam 
sangramentos de intensidade variável após a exposição do endotélio 
20
lesionado, formando um tampão branco (ANTUNES, 2019; RODRIGUES, 
2019).
Figura 6 – Plaquetas
Fonte: Shutterstock.com. 
Alterações quantitativas e qualitativas deixam o organismo vulnerável 
a problemas da coagulação, mas podem também sinalizar algumas 
infecções virais e outros processos patológicos. A contagem normal 
de plaquetas em um indivíduo adulto e saudável varia em torno de 
150.000 a 400.000/mm3 de sangue. A trombocitopenia, fenômeno em 
que é constatada a baixa contagem de plaquetas no sangue, deixa o 
organismo mais vulnerável a sangramentos espontâneos e fenômenos 
hemorrágicos. A trombocitose, ao contrário, predispõe a formação de 
coágulos e acidentes vasculares devido ao aumento quantitativo das 
plaquetas (ANTUNES, 2019; RODRIGUES, 2019).
1.4 Avaliação laboratorial do sangue
No laboratório de análises clínicas, o setor de hematologia é um dos 
mais requisitados devido à versatilidade de análises e diagnósticos 
21
possíveis apenas pela contagem e análise das células sanguíneas. 
No setor de análises clínicas, o hematologista clínico é o profissional 
responsável por analisar as amostras de sangue, caracterizar as 
alterações celulares morfológicas e quantitativas e, com base nisso, 
liberar o laudo diagnóstico com as possíveis anomalias e patologias 
sugeridas.
O principal exame realizado para a análise do sangue é o hemograma, 
um procedimento em que são contadas as células sanguíneas e, em seu 
lado, são liberadas as contagens da série vermelha (hemácias), série 
branca (leucócitos) e série plaquetária (plaquetas). Além dessas análises, 
também são realizados os esfregaços sanguíneos, corados por Giemsa 
ou Panóptico, duas colorações laboratoriais rotineiras, para avaliação 
morfofuncional dessas células (silva, 2016; melo; SILVEIRA, 2019). 
Uma vez identificadas alterações importantes, procede-se à contagem 
diferencial em câmara de Neubauer para detalhamento da população 
celular alterada, como a presença de grânulos anormais.
O resultado de um hemograma contribui para o diagnósticode enfermidades do sangue, como anemias, policitemias, 
leucemia, neoplasias sanguíneas e hemoglobinopatias. Avaliações 
complementares podem ser realizados, como o teste de sedimentação 
de hemácia, avaliação da função plaquetária e estudos de alterações da 
hemoglobina (silva, 2016; melo; SILVEIRA, 2019).
Nesta leitura você aprendeu sobre o sangue, seus componentes e a 
função de cada um no organismo. Além disso, também se inteirou 
dos processos envolvidos na hematopoiese e na produção de células 
sanguíneas, assim como sua liberação na corrente sanguínea. 
Agora que você já sabe como diferenciar as células sanguíneas 
conforme sua morfologia e afinidade aos corantes histológicos, é 
preciso lembrar também que o exame realizado em laboratório de 
hematologia para estudo das células do sangue é o hemograma. Não 
se esqueça de que esse exame traz vários benefícios para o paciente, 
22
entre os quais destacam-se: diagnóstico de infecções, identificação 
de anemias, avaliação e monitoramento da imunidade, estudo da 
coagulação sanguínea e triagem de doenças hematológicas, como as 
hemoglobinopatias e neoplasias sanguíneas.
Referências
ABBAS, A. K. Imunologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
ANTUNES, S. R. Hematologia Clínica. Porto Alegre: SAGAH, 2019.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. A. Fundamentos em Hematologia de 
Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
MELO, W.; SILVEIRA, C. M. Laboratório de Hematologia: teoria, técnicas e atlas. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2019.
RODRIGUES, A. D. Hematologia Básica. 2. ed. Porto Alegre: SAGAH, 2019.
SILVA, P. H. Hematologia Laboratorial: Teoria e Procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.
23
Hemograma: a avaliação 
laboratorial do sangue
Autoria: Tatiane Marques
Leitura crítica: Tamara Gonçalves Apolinário
Objetivos
• Conhecer o exame hemograma e os parâmetros 
sanguíneos avaliados.
• Diferenciar o hemograma automatizado e as 
técnicas de contagem manual de células.
• Aprender a interpretar corretamente o hemograma 
e fazer sua correlação com diferentes possibilidades 
diagnósticas.
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1. Hemograma
Hemograma é o exame laboratorial realizado no setor de hematologia 
de um laboratório de patologia clínica que avalia o sangue total. 
Também referido como hemograma completo, segundo Rosenfield 
(2012), é o exame mais solicitado em consultórios e ambulatórios 
clínicos devido à sua importância para a triagem da saúde do paciente. 
Com seu resultado expresso em valores quantitativos e porcentagens, 
geralmente divide-se em três etapas: eritrograma, leucograma e 
plaquetograma.
Você sabia que o hemograma é um exame que permite uma avaliação 
do estado geral de saúde de uma pessoa? Sua correta interpretação 
possibilita, por exemplo, a confirmação diagnóstica de anemias, a 
suspeita ou a confirmação de infecções virais e bacterianas e, em 
alguns casos, até mesmo uma triagem inicial de doenças autoimunes 
e neoplasias sanguíneas. Nesse contexto, neste Tema, você estudará 
sobre o hemograma e aprenderá sobre o processamento automatizado 
da amostra e sua comparação com o processamento manual. Além 
disso, conhecerá os parâmetros sanguíneos analisados e compreenderá 
como interpretá-los para a emissão de um laudo diagnóstico.
1.1 Fase pré-analítica
Fase pré-analítica é o termo que compreende todos os processos 
realizados antes da análise da amostra dentro do laboratório clínico. 
As falhas ocorridas nessa etapa e principalmente durante a coleta da 
amostra podem resultar em interferência na leitura e na interpretação 
correta do hemograma. Na hematologia laboratorial, são seguidos os 
seguintes passos: pedido do exame, preparação do paciente, coleta 
adequada da amostra e transporte, caso esta seja feita em domicílio, e a 
preparação da amostra para análise.
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O hemograma deverá ser realizado mediante solicitação médica, ou de 
outro profissional de saúde, a partir da suspeita de alguma enfermidade 
ou apenas para um check-up. No pedido de solicitação do exame, o 
ideal é que o médico inclua sua suspeita diagnóstica para direcionar 
o hematologista clínico em sua avaliação. No setor de recepção do 
laboratório, devem ser registrados no sistema os dados pessoais do 
paciente (nome completo, idade, data de nascimento, sexo, endereço 
residencial, telefone de contato) e os dados do médico solicitante (nome 
completo, CRM). Neste momento, também devem ser anotadas algumas 
informações importantes, como uso de medicamentos, estado geral, 
presença de febre e alguma doença preexistente, pois esses dados 
podem ser úteis na averiguação de alterações nos exames.
A coleta de sangue pode ser realizada no próprio laboratório de análises 
clínicas ou, se o paciente apresentar dificuldades de locomoção, 
intradomiciliar. Para a coleta da amostra, não são necessários jejum 
nem nenhuma outra preparação específica, como a interrupção de 
medicações de uso contínuo. No entanto, o paciente precisa sentir-se 
tranquilo e, na medida do possível, confortável para que a coleta seja 
ágil e sem interferentes. O garrote deve ser firmemente ajustado para 
que não interfira na coleta, mas de modo a não produzir hemólise. O 
ideal é que a coleta ocorra o mais rapidamente possível para não alterar 
a amostra por indução de coagulação ou hemólise (SILVA, 2016; MELO; 
SILVEIRA, 2019).
A coleta deve ser realizada por punção de sangue periférico, a vácuo ou 
com seringa, em tubo com anticoagulante EDTA (Ácido Etilenodiamino 
Tetra-acético), para evitar sua coagulação. A Figura 1 traz um exemplo 
de coleta de sangue para hemograma. Ao coletor, cabe o cuidado 
de obedecer à marca presente no rótulo que sinaliza o volume ideal 
de amostra a ser coletado, a fim de evitar sua hemodiluição ou 
hemoconcentração.
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Figura 1 – Coleta de sangue para hemograma
Fonte: Shutterstock.com. 
Após a coleta da amostra, o sangue deve ser cuidadosamente 
homogeneizado (3 a 5 vezes) para misturar-se com o anticoagulante 
EDTA e evitar sua coagulação. Caso a amostra não seja homogeneizada, 
um coágulo se formará, o que interfere na contagem das células 
sanguíneas e das plaquetas. O cuidado durante a coleta, o transporte 
e o armazenamento da amostra também é necessário para evitar a 
hemólise ou a alteração de parâmetros solúveis do plasma sanguíneo. 
A amostra é estável por até 6 horas após sua coleta em temperatura 
ambiente ou 24 horas se armazenada em geladeira a 4°C. No entanto, 
Naoum e Naoum (2008) recomendam a análise em até 4 horas, pois 
este é o tempo de vida médio de um neutrófilo. Não é necessário 
centrifugar a amostra para análises, que podem ser automatizadas, 
feitas no hemocitômetro, ou manuais, no esfregaço sanguíneo ou em 
câmara de Neubauer. De qualquer modo, antes da liberação do laudo, 
os resultados devem ser conferidos manualmente e confrontados 
com os dados do paciente para a averiguação de possíveis alterações 
patológicas.
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1.2 Fase analítica
A fase analítica compreende a análise da amostra em si e a dosagem 
dos analitos correspondentes. No que se refere ao hemograma, consiste 
na contagem das células vermelhas, células brancas e plaquetas, o que 
atualmente é realizado de modo automatizado, mesmo nos laboratórios 
mais simples. Além disso, inclui a análise de esfregaços sanguíneos à 
procura de células com morfologia alterada, células imaturas e outras 
anormalidades, como a agregação plaquetária. Outros parâmetros de 
avaliação incluem a dosagem da hemoglobina e o hematócrito, que é a 
proporção entre a fase líquida e a fase sólida do sangue.
Nesta parte de seu material de estudo, inicialmente, você conhecerá 
os parâmetros analisados no hemograma e como suas alterações 
contribuem para a triagem e a avaliação diagnósticas. Posteriormente, 
você estudará os métodos manuais e automatizados de contagem das 
células sanguíneas, assim como suas vantagens e desvantagens. De 
acordo com Naum e Naum (2015) e Rosenfield (2012), nos próximos 
anos a tendência para os laboratórios de análises clínicas é que todaa análise do hemograma seja realizada de forma automatizada, 
mesmo em laboratórios menores e menos tecnológicos, apesar de 
ambos ressaltarem que os resultados obtidos pelos dois métodos não 
apresentam diferenças tão significativas.
A análise não automatizada, erroneamente referida por alguns autores 
como análise manual, consiste em três etapas: contagem das células, 
determinação do hematócrito e leitura da hemoglobina. A contagem das 
células é feita por meio do esfregaço sanguíneo (Figura 2) corado por 
Giemsa ou Panóptico, em que são contadas as hemácias, os leucócitos 
(contagem total e diferencial) e as plaquetas, podendo também ser feita 
pela câmera de Neubauer (Figura 3). O hematócrito é determinado pela 
centrifugação do sangue em capilares muito finos em centrífuga própria 
(Figura 4). Já a leitura da hemoglobina é feita pelo espectrofotômetro 
ou fotocolorímetro. Lembre-se de que para garantir a precisão e a 
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confiabilidade nos resultados de contagens manuais todas as amostras 
devem ser processadas em vidrarias limpas, com corantes de boa 
qualidade, e em equipamentos devidamente calibrados e ajustados 
(ROSENFIELD, 2012; MELO; SILVEIRA, 2019).
Figura 2 – Esfregaço sanguíneo para contagem manual de células
Fonte: Shutterstock.com. 
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Figura 3 – Contagem manual de células em Câmara de Neubauer
 
Fonte: Vivas (2014, p. 8).
Figura 4 – Microhematócrito
Fonte: Shutterstock.com. 
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É fato que a análise automatizada do sangue possibilita a análise de um 
volume maior de amostras de sangue em um único dia. A escolha do 
equipamento deve ser realizada conforme a demanda do laboratório, 
pois os equipamentos disponíveis atualmente no mercado permitem a 
análise de 30 a 120 hemogramas por hora. Vale ressaltar que existem 
aparelhos com diferentes tecnologias de análise, com os mais modernos 
possibilitando até mesmo a distinção de células imaturas.
Laboratórios mais simples e com menor demanda diária geralmente 
utilizam aparelhos cujo princípio de análise é a impedância. Em outras 
palavras, há passagem de corrente elétrica entre dois eletrodos 
quando o aparelho está ligado e a leitura é realizada quando as células 
presentes em uma amostra de sangue atravessam a corrente elétrica, 
gerando um impulso elétrico. O mais interessante nessa tecnologia tão 
simples é que células de diâmetros diferentes geram impulsos elétricos 
diferentes e, com base nisso, os equipamentos identificam e quantificam 
hemácias, leucócitos e até mesmo as plaquetas (MELO; SILVEIRA, 2019). 
Laboratórios maiores, com mais recursos financeiros e, principalmente, 
com maior demanda diária para a realização de exames, trabalham com 
contadores automatizados que, aliados à impedância, também possuem 
tecnologias como a citometria de fluxo, a citoquímica e a citologia 
diferencial, que distingue reticulócitos e blastos (células imaturas). Essas 
novas tecnologias avaliam as amostras qualitativa e quantitativamente, 
também pela dispersão da luz, além da impedância (BANDEIRA; 
MAGALHÃES; AQUINO, 2014).
A Figura 5 traz um exemplo de equipamentos básicos para o 
setor de hematologia: um contador automatizado de células, um 
espectrofotômetro e um microscópio.
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Figura 5 – Equipamentos básicos do setor de hematologia de um 
laboratório clínico
Fonte: Shutterstock.com. 
Na contagem automatizada, o hematologista deverá, incialmente, 
realizar a calibração do aparelho e configurar os parâmetros de leitura 
para “ensinar” quais e como as células serão detectadas. É importante 
que sejam feitas diariamente a limpeza e a calibração do aparelho, além 
da leitura de amostras-controle para garantir os parâmetros, a qualidade 
e a precisão na liberação dos resultados. Entre essas configurações, 
será realizada a programação para a avaliação quantitativa do total de 
hemácias detectadas, assim como a aferição de seu tamanho (diâmetro). 
Por meio dessa análise, também é dosada a hemoglobina. Em seguida, 
são realizados cálculos para determinar o valor do hematócrito e outros 
índices hematimétricos (BANDEIRA; MAGALHÃES; AQUINO, 2014; MELO; 
SILVEIRA, 2019), como estudaremos adiante.
O laudo do hemograma é liberado em seções identificadas como 
eritrograma, ou série vermelha, leucograma, ou série branca e 
plaquetograma, ou série plaquetária. Essas seções correspondem, 
respectivamente, aos resultados das análises de hemácias, leucócitos 
e plaquetas. Obrigatoriamente, ao lado dos resultados do paciente, 
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devem constar valores de referência para comparação e análise. Esses 
valores podem variar conforme o sexo biológico do paciente (feminino/
masculino) ou a idade (recém-nascido, bebês, crianças, adolescente até 
15 anos, adolescentes acima de 15 anos e adultos). Alterações relativas 
à morfologia e à presença de células imaturas são laudadas como 
observação.
O Quadro 1 traz os parâmetros analisados que compõem o eritrograma 
e seu significado clínico.
Quadro 1 – Eritrograma
Eritrograma Parâmetro analisado Significado clínico
Eritrócitos Contagem global de hemácias
Alterações na contagem 
de hemácias podem ser 
sugestivas de anemias 
e policitemia.
Hemoglobina
Avaliação quantitativa da 
hemoglobina presente 
nas hemácias
Alterações nesse 
parâmetro podem ser 
sugestivas de anemia.
Hematócrito
Porcentagem do volume total 
de sangue correspondente 
às hemácias
Alterações na contagem 
de hemácias podem ser 
sugestivas de anemias 
e policitemia.
HCM Peso da hemoglobina na hemácia
Auxilia no diagnóstico 
de anemia.
VCM Volume Corpuscular Médio
Avaliação do tamanho 
da hemácia; auxilia no 
diagnóstico de anemia.
CHCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
Avalia a concentração 
da hemoglobina dentro 
da hemácia; auxilia no 
diagnóstico de anemia.
RDW Red Cell Distribution Width
Índice que indica a 
variação de tamanho da 
hemácia (anisocitose).
Observações
Local do hemograma em que 
são descritas alterações na 
morfologia das hemácias e 
a presença de reticulócitos
Depende das alterações 
observadas, mas auxiliam na 
triagem de diagnóstico de 
hemoglobinopatias, anemias 
e até mesmo algumas 
enfermidades infecciosas.
Fonte: elaborado pela autora.
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Como você pôde notar no Quadro 1, o eritrograma relata de forma 
geral os aspectos relacionados às análises quali-quantitativas das 
hemácias, com relação à contagem total, ao tamanho e à concentração 
da hemoglobina. O parâmetro RDW, que traz a média na variação 
dos tamanhos das hemácias, nem sempre será relatado no laudo do 
hemograma, sendo possível, portanto, encontrar resultados sem essa 
avaliação. Por outro lado, sempre que presentes, serão relatadas as 
alterações na morfologia das hemácias. A Figura 6 ilustra as principais 
alterações morfológicas que podem ser encontradas em um esfregaço 
sanguíneo.
Figura 6 – Variações morfológicas das hemácias 
Fonte: Shutterstock.com.
O leucograma avalia a série celular branca, ou seja, a presença de 
alterações quantitativas de linfócitos, monócitos, neutrófilos, basófilos e 
eosinófilos. Alterações na contagem dessas células sugerem a presença 
de infecções, reações alérgicas, doenças autoimunes e, em alguns casos, 
até mesmo malignidades da medula óssea. Outro parâmetro a ser 
observado nessa parte do hemograma é a presença de células imaturas, 
o que é laudado como desvio à esquerda e tem significado clínico de 
aumento da produção e liberação dessas células na corrente sanguínea, 
um fenômeno altamente sugestivo da presença de inflamação. O 
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Quadro 2 discrimina os parâmetros analisados no leucograma e seu 
significado clínico.
Quadro 2 – Leucograma
Leucograma Parâmetro analisado Significado Clínico
Leucócitos 
totais
Contagem global de 
células da série branca
Valores diminuídos são referidos como 
leucopenia e valores aumentados 
como leucocitose. O significado 
clínico de leucocitose depende do tipo 
celular predominante ou alterado.
Bastonetes Contagem de células imaturas
Não há valores diminuídos, pois não é 
normal encontrá-los no sangue. Valores 
aumentadossão sugestivos de infecção.
Segmentado Contagem de neutrófilos
Valores diminuídos podem sugerir 
problemas de produção dessas 
células pela medula óssea. Valores 
aumentados são relacionados a 
infecções virais ou bacterianas.
Eosinófilo Contagem de eosinófilos
Valores diminuídos podem sugerir 
problemas de produção dessas 
células pela medula óssea. Valores 
aumentados são relacionados a reações 
alérgicas e infecções por helmintos.
Basófilo Contagem de basófilos
Não há valores diminuídos, pois é 
normal encontrar até uma célula 
no esfregaço. Valores aumentados 
são relacionados a reações 
inflamatórias e processos alérgicos.
Monócito Contagem de monócitos
Valores diminuídos podem sugerir 
problemas de produção dessas células 
pela medula óssea. Valores aumentados 
são relacionados a infecções virais e 
à leucemia mieloide crônica e podem 
ser evidenciados após quimioterapia.
Linfócito Contagem de Linfócitos B e Linfócitos T
Valores diminuídos podem sugerir 
problemas de produção dessas células 
pela medula óssea. Valores aumentados 
são relacionados a infecções virais 
e à leucemia linfocítica crônica.
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Blastos Detecção e contagem de células imaturas
Os blastos normalmente não estão 
presentes no sangue. A presença de 
células imaturas sugere aumento de 
produção de leucócitos na medula e 
seu fator causal deve ser investigado 
conforme as células encontradas.
Fonte: elaborado pela autora.
Fique atento, pois, para a liberação dos resultados de um leucograma, 
apenas a contagem total dos leucócitos não é suficiente, como pode 
ser constatado no Quadro 2. É necessário fazer também a contagem 
diferencial, seja ela manual ou automatizada, para identificar alterações 
pontuais na contagem dos diferentes tipos celulares.
Todas as alterações na contagem diferencial, principalmente 
relacionadas à presença de blastos e bastonetes, devem ser relatadas 
nas observações do hemograma. O encontro de linfoblastos, por 
exemplo, é um parâmetro sinalizador de leucemia linfoide aguda ou 
do Linfoma de Burkitt. Os mieloblastos, por outro lado, são recorrentes 
em hemograma de pacientes com leucemia mieloide, síndrome 
mielodisplásica e até mesmo em infecções graves (reação leucemóide). 
Monoblastos também são encontrados em pacientes com leucemia 
mieloide. Você também deverá relatar sobre linfócitos atípicos, muito 
frequentes em infecções virais e algumas infecções parasitárias. 
Finalmente, você poderá se deparar com um fenômeno referido como 
granulações tóxicas, quando há aumento de produção de granulócitos e 
diminuição em seu tempo de maturação, principalmente dos neutrófilos 
(BANDEIRA; MAGALHÃES; AQUINO, 2014; MELO; SILVEIRA, 2019).
A última seção do resultado do hemograma refere-se à serie 
plaquetária, também identificada como plaquetograma. Nela são 
laudados a quantidade total de plaquetas contadas e seu tamanho 
médio e variações importantes neste. Nos dias atuais, é comum a 
contagem de plaquetas ser feita de forma manual, no mesmo canal em 
que é realizada a contagem de hemácias, pois ambas são facilmente 
diferenciadas pelo tamanho e pelo volume. Esse tipo de contagem ainda 
36
é realizado em laboratórios com menor demanda ou, em situações 
específicas, após a contagem automatizada, quando a contagem é muito 
baixa. Nesses casos, é necessário confirmar se a contagem foi realmente 
baixa ou se houve o fenômeno de agregação plaquetária.
1.3 Fase pós-analítica
A fase pós-analítica, ao contrário do que muitos laboratoristas 
acreditam, é igualmente importante às demais fases em um laboratório 
de análises clínicas. Ela é representada pela análise dos resultados 
liberados após a conclusão do hemograma pelo responsável técnico 
do setor ou do laboratório e a liberação de sua consulta on-line ou 
impressão e entrega para o paciente ou médico solicitante. O ponto 
crítico dessa etapa concentra-se na liberação de laudos incorretos, com 
alterações que não sejam sugestivas do quadro clínico do paciente, ou 
até mesmo sugerindo uma patologia que não existe.
Neste ponto, é muito importante que os resultados do hemograma 
sejam confrontados com as informações fornecidas na fase pré-
analítica, quando o paciente e a amostra foram registrados no sistema. A 
autorização da emissão do resultado deve ser concedida apenas após o 
profissional responsável pela assinatura do laudo certificar-se de que as 
alterações são mesmo resultantes da análise daquela amostra. Não raro, 
os métodos automatizados sugerem alterações facilmente descartadas 
quando é feita a avaliação manual da amostra, seja pela leitura do 
esfregaço, seja pela contagem em câmara de Neubauer. O Quadro 3 traz 
um exemplo de laudo de um hemograma de paciente adulto e saudável 
sem alterações.
Quadro 3 – Exemplo de laudo de um hemograma sem alterações
Hemograma Completo
Material: sangue Método: automatizado
Eritrograma Valores de referência
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Hemácias 4,47 milhões/mm3 4.00 a 5.20 milhões/mm3
Hemoglobina 14,7g% 11.7 a 15.7g%
Hematócrito 41,6% 36.0 a 47.0%
VCM 93,06 fl 80.0 a 100.0 fl
HCM 31,89 pg 26.0 a 32.0 pg
CHCM 35,34% 32.0 a 36.0%
RDW 13,40%
Leucograma Valores de referência
Leucócitos 5.750/mm3 4.000 a 11.000/mm3
Basófilos 1% 58/mm3 0 a 1% 0 a 110/mm3
Eosinófilos 1% 58/mm3 0 a 1% 0 a 110/mm3
Mielócitos 0% 0/mm3 0 a 0% 0 a 0/mm3
Metamielócitos 0% 0/mm3 0 a 0% 0 a 0/mm3
Bastões 0% 0/mm3 0 a 5% 0 a 550/mm3
Segmentados 66% 3.795/mm3 40 a 70% 1.600 a 7.700/mm3
Linfócitos 26% 1.495/mm3 20 a 40% 800 a 4.400/mm3
Linfócitos atípicos 0% 0/mm3 0 a 5% 0 a 550/mm3
Monócitos 6% 345/mm3 2 a 12% 80 a 1320/mm3
Plaquetograma Valores de referência
Plaquetas 182 mil/mm3 4.00 a 5.20 milhões/mm3
Fonte: elaborado pela autora.
Nesta leitura você aprendeu sobre o hemograma, o exame de sangue 
mais solicitado na rotina de um laboratório clínico no setor de 
hematologia. É importante que você saiba conhecer e compreender 
os fatores avaliados nesse exame e sua finalidade diagnóstica, ou seja, 
detectar a presença de alterações quali-quantitativas em hemácias, 
leucócitos e plaquetas. Lembre-se de que nem toda alteração no 
eritrograma refere-se a um quadro anêmico, pois pode ser sugestivo de 
policitemia e até mesmo hemoglobinopatias. As alterações leucocitárias 
têm um significado muito mais amplo, pois podem ser sugestivas de 
infecções, neoplasias, doenças autoimunes e até mesmo alergias. 
Para confirmação diagnóstica, os resultados devem ser confrontados 
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com o quadro clínico do paciente e outros exames mais específicos. A 
contagem plaquetária também tem um importante valor diagnóstico, 
pois alterações em sua contagem podem ser sugestivas de problemas 
na coagulação e até mesmo de infecções.
Referências
BANDEIRA, R.; MAGALHÃES, A. F.; AQUINO, H. B. S. Interpretação dos Critérios de 
Liberação dos Resultados de Hemograma através de Contadores Automatizados 
em Laboratórios de Urgência. Revista Saúde e Pesquisa, [s.l.], v. 7, n. 3, p. 403-408, 
2014.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. A. Fundamentos em Hematologia de 
Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
MELO, W.; SILVEIRA, C. M. Laboratório de Hematologia: Teoria, Técnicas e Atlas. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2019.
Naoum, P. C.; Naoum, F. A. Interpretação Laboratorial do Hemograma. Ciência 
News, 2008. Disponível em: http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/
IMAGENS/Artigos_cientificos/Interphemo.pdf. Acesso em: 29 jun. 2022.
ROSENFIELD, R. Hemograma. J. Bras. Patol. Med. Lab., [s.l.], v. 48, n. 4, 2012.
SILVA, P. H. Hematologia Laboratorial: Teoria e Procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.
VIVAS, W. L. P. Manual prático de hematologia. [s.l.], 2014. Disponível em: http://
docente.ifsc.edu.br/rosane.aquino/MaterialDidatico/AnalisesClinicas/hemato/
Manual%20de%20Hematologia.pdf. Acesso em: 25 jul. 2022.
39
Distúrbios hematológicos
Autoria: Ana Paula Michelin
Leitura crítica: Tamara Gonçalves Apolinário
Objetivos
• Conceituar conhecimentos básicos em hematologia.
• Apresentar as principais doenças que afetam o 
sangue.
• Compreenderas alterações laboratoriais induzidas 
por essas doenças.
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1. Distúrbios hematológicos
Hemogramas completos são um dos exames de sangue laboratoriais 
mais comumente solicitados. Vários índices hematológicos 
importantes, particularmente a contagem de leucócitos e a contagem 
de plaquetas, têm sido associados a doenças ateroscleróticas e 
mortes cardiovasculares. A variação no hemograma pode, portanto, 
contribuir significativamente para consequências clínicas significativas. 
Estudos epidemiológicos sugerem que idade e sexo são os principais 
determinantes na heterogeneidade dos índices hematológicos, 
enquanto evidências mais recentes têm demonstrado que os perfis 
lipídicos também contribuem para a mudança desses parâmetros.
Os estudos relacionados às variações em parâmetros hematológicos são 
realizados no mundo todo. Diferenças importantes foram demonstradas 
em parâmetros laboratoriais de pessoas saudáveis em diferentes 
regiões geográficas e populações, principalmente impulsionadas por 
uma combinação de fatores genéticos, demográficos, nutricionais e 
ambientais.
1.1 Coagulação
As coagulopatias, também chamadas de distúrbios de coagulação, 
ocorrem quando o sangue não coagula normalmente. Na coagulação 
normal, ou formação de coágulos sanguíneos, as células sanguíneas 
chamadas plaquetas criam um tampão no local da lesão para 
interromper o sangramento. Uma proteína chamada fibrina então forma 
uma cobertura que o fortalece e estabiliza. Normalmente, o coágulo se 
dissolve à medida que a lesão cicatriza (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Distúrbios da coagulação impedem que esse processo complexo ocorra 
normalmente, o que resulta em sangramento anormal ou coágulos 
que não desaparecem como deveriam. As coagulopatias podem ser 
41
herdadas, isto é, transmitidas pelos pais, ou adquiridas em algum 
momento mais tarde na vida. A causa subjacente pode envolver um 
defeito nos vasos sanguíneos, plaquetas sanguíneas ou fatores de 
coagulação do sangue (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Os dois tipos principais de coagulopatias envolvem sangue que não 
coagula o suficiente ou sangue que coagula demais. A coagulação 
insuficiente pode resultar em sangramento prolongado ou excessivo, 
chamado de hemorragia. Já a coagulação excessiva pode causar 
coágulos que bloqueiam o vaso sanguíneo onde se formam, conhecida 
como trombose, ou que se rompem e causam bloqueio em outro lugar, 
conhecida como embolia (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
Nesse contexto, existem as coagulopatias hereditárias, que são 
causadas por diferenças genéticas, sendo as mais comuns: hemofilia, 
trombocitopenia hereditária e doença de Von Willebrand. A hemofilia 
é uma condição na qual o sangue não possui proteínas de coagulação 
suficientes. A hemofilia A é causada por um fator VIII de coagulação 
sanguínea ausente ou defeituoso (FVIII), enquanto a hemofilia B 
é causada por uma deficiência do fator IX. Os dois tipos causam 
sangramento excessivo externa ou internamente (HOFFBRAND; MOSS, 
2018).
A trombocitopenia hereditária, um distúrbio no qual o número de 
plaquetas no sangue é muito baixo, é causada por uma mutação 
genética que afeta a formação de plaquetas. A Doença de Von 
Willebrand (vWD), por sua vez, é rara e causada por um defeito ou uma 
deficiência no Fator de von Willebrand (VWF), retardando o processo 
de coagulação, o que resulta em sangramento intenso ou hematomas 
excessivos (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013).
Além das coagulopatias hereditárias, existem as coagulopatias 
adquiridas, que podem ocorrer por várias razões, incluindo doenças ou 
fatores ambientais. Alguns dos fatores de risco mais comuns associados 
42
às coagulopatias adquiridas incluem as doenças autoimunes, como 
lúpus; distúrbios da medula óssea, como anemia aplástica; exposição 
a substâncias tóxicas; doença hepática; reação a certos medicamentos; 
infecção grave; lesão traumática; e deficiência de vitamina K (MARTY; 
MARTY, 2015).
Se houver suspeita de coagulopatia, alguns testes laboratoriais podem 
ajudar a alcançar o diagnóstico, e, dependendo dos resultados, 
mais testes podem ser necessários. Os testes iniciais podem incluir 
hemograma completo para analisar todos os componentes do sangue, 
incluindo plaquetas, como esfregaço de sangue periférico, no qual uma 
amostra de sangue é examinada ao microscópio para procurar sinais 
de doença ou avaliar anormalidades das células sanguíneas, tempo de 
protrombina (PT) e tempo parcial de tromboplastina (PTT) (SILVA; NETO; 
SANTOS, 2017).
1.2 Desvio à esquerda
O uso correto do termo “desvio à esquerda” refere-se à presença de 
neutrófilos imaturos no sangue. Ele é derivado dos diagramas dos 
seis estágios de desenvolvimento de neutrófilos na medula óssea. Na 
extrema esquerda, está o precursor mais básico: o mieloblasto. Na 
extrema direita do diagrama encontra-se o neutrófilo segmentado 
maduro, também conhecido como leucócito polimorfonuclear. Logo à 
esquerda dele está o neutrófilo em forma de bastão, o quinto estágio 
do desenvolvimento de neutrófilos no qual a grande faixa de material 
nuclear ainda não se “dissolveu” em segmentos, conhecido como 
bastonete (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
43
Figura 1 – Maturação de neutrófilos
 
Fonte: Sakurra/iStock.com. 
Nesse contexto, quando ocorre uma infecção de moderada a grave, 
pode ocorrer uma extensa sobrecarga dos neutrófilos que já estão 
presentes na corrente sanguínea, necessitando que a medula óssea 
libere mais neutrófilos. Entretanto, nem sempre existirão neutrófilos 
maduros para serem enviados à periferia. Assim, a medula acaba 
liberando neutrófilos imaturos, inicialmente bastonetes. Se a infecção 
persistir e ainda existir a necessidade de mais neutrófilos, pode ocorrer 
a liberação de células mais precoces (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
Figura 2 – Presença de desvio à esquerda
Fonte: Kantarose Boonyuen/iStock.com.
44
1.3 Leucocitose
Os leucócitos protegem o organismo de substâncias estranhas e 
combatem infecções. Um número maior do que o normal de leucócitos 
é denominado leucocitose. Eles geralmente aumentam em número 
quando estão fazendo seu trabalho, mas existem algumas outras 
condições que podem causar seu aumento (MARTY; MARTY, 2015).
É importante destacar que a contagem normal de leucócitos não é a 
mesma para todos. Uma contagem normal para adultos é de 4.500 a 
11.000 por microlitro, enquanto para recém-nascidos o número é muito 
maior, chegando a 38.000. Essa contagem diminui à medida que a 
criança cresce, eventualmente caindo para níveis adultos. As mulheres 
grávidas têm contagens ligeiramente mais elevadas (MARTY; MARTY, 
2015).
Embora os leucócitos sejam muito importantes, representam apenas 
cerca de 1% do sangue. Como outras células sanguíneas, são produzidos 
na medula óssea e criados o tempo todo, visto que a maioria tem 
uma vida útil muito curta. Existem cinco tipos principais de leucócitos: 
neutrófilos; eosinófilos; monócitos; linfócitos e basófilos. Quando o 
corpo está sob ataque, os leucócitos correm para a região afetada 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Para o diagnóstico da leucocitose, na maioria das vezes, os médicos 
usam um hemograma completo. Outro teste, chamado diferencial de 
leucócitos, às vezes é feito ao mesmo tempo por fornecer a contagem 
para os cinco principais tipos de leucócitos (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
1.4 Leucemias
A leucemia é um câncer das células do sangue. Existem várias categorias 
de células sanguíneas, incluindo hemácias, leucócitos e plaquetas. 
Geralmente, a leucemia refere-se a alterações nos leucócitos. As células 
45
leucêmicas geralmente se comportam como leucócitos anormais e 
podem se dividir muito rapidamente e expulsar as células normais 
(SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
O início da leucemia pode ser agudo (início súbito) ou crônico 
(início lento). Na leucemia aguda, as células leucêmicas se dividem 
rapidamente e a doença progride de forma acelerada; os sintomas se 
iniciam em algumas semanas após a formação das células leucêmicas. 
É potencialmente fatale requer o início imediato da terapia. É o câncer 
mais comum em crianças (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Já na leucemia crônica, muitas vezes, essas células se comportam como 
células sanguíneas imaturas e maduras. Algumas delas se desenvolvem 
até o ponto em que funcionam como as células que deveriam se tornar, 
mas não da mesma forma que suas contrapartes. A doença costuma 
piorar lentamente em comparação com a leucemia aguda e, dessa 
forma, os sintomas podem ficar imperceptíveis por anos. É mais comum 
em adultos do que em crianças (MARTY; MARTY, 2015).
A leucemia também é classificada de acordo com o tipo de célula 
afetada. Quando envolve células mieloides é chamada de leucemia 
mieloide e, quando envolve linfócitos, é chamada de leucemia linfocítica. 
Nesse contexto, existem quatro tipos principais de leucemia: leucemia 
mieloide aguda (LMA); leucemia linfocítica aguda (LLA); leucemia 
mieloide crônica (LMC); e leucemia linfocítica crônica (LLC) (ZAGO; 
FALCÃO; PASQUINI, 2013). A LMA pode ocorrer em crianças e adultos 
e é a forma mais comum de leucemia; a LLA ocorre principalmente em 
crianças; a LMC afeta principalmente adultos; e a LLC é mais provável 
de afetar pessoas com mais de 55 anos. Independentemente do tipo, 
análises do sangue dos indivíduos podem permitir interpretações que 
auxiliem no diagnóstico e no tratamento (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
46
1.5 Anemias
A anemia ocorre quando o número de hemácias que circulam no 
corpo diminui. É o distúrbio sanguíneo mais comum e muitas vezes 
se desenvolve como resultado de outros problemas de saúde que 
interferem na produção de hemácias saudáveis ou aumentam as taxas 
de degradação ou perda dessas células.
A medula óssea é um tecido localizado no centro dos ossos e 
desempenha um papel essencial na produção de hemácias. Ela produz 
células-tronco, as quais se desenvolvem em hemácias, leucócitos e 
plaquetas (MARTY; MARTY, 2015).
Figura 3 – Anemias
Fonte: joshya/iStock.com. 
Várias doenças podem afetar a medula óssea, incluindo a anemia. A 
anemia aplástica, por exemplo, ocorre quando poucas ou nenhuma 
célula-tronco está presente na medula. Em outros casos, a anemia 
ocorre quando as hemácias não crescem e amadurecem como 
47
deveriam, como na talassemia, uma forma hereditária de anemia (SILVA; 
NETO; SANTOS, 2017).
Outros tipos de anemia que ocorrem devido à redução do número de 
hemácias ou hemácias com funções prejudicadas incluem a anemia 
falciforme, na qual as hemácias possuem formato de meia lua, podendo 
quebrar mais rapidamente do que os eritrócitos saudáveis ou se alojar 
em pequenos vasos sanguíneos. Esse bloqueio pode reduzir os níveis de 
oxigênio e causar dor (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Outro tipo é a anemia por deficiência de ferro, induzindo a redução 
da produção de hemácias devido à falta de ferro no corpo. Pode se 
desenvolver como resultado de dieta pobre em ferro; menstruação; 
treinamento de resistência; certas condições digestivas, como a doença 
de Crohn; e medicamentos que irritam o revestimento intestinal, como o 
ibuprofeno (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013).
Também existem as anemias por deficiência de vitaminas, como a 
anemia perniciosa, decorrente da deficiência de vitamina B12, e a 
anemia megaloblástica, decorrente da falta de folato e de vitamina B12. 
Nesse contexto, é importante ressaltar que a vitamina B12 e o folato são 
essenciais para a produção de hemácias (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
2. Bancos de sangue
O sangue humano é composto por várias células e substâncias, algumas 
líquidas e outras sólidas. A parte líquida refere-se ao plasma, que é 
composto por água, sais e proteínas. A maioria das pessoas tem cerca 
de 4 a 6 litros de sangue, sendo a maior parte composta por plasma. A 
parte celular é composta por hemácias, leucócitos e placas. As hemácias 
removem o dióxido de carbono e os leucócitos atuam como mecanismo 
de defesa, destruindo invasores e os combatendo. As plaquetas 
48
ajudam na coagulação do sangue e aceleram a cicatrização. Embora 
esses ingredientes sejam os mesmos, existem alguns componentes ou 
substâncias que podem variar, o que acaba dando origem a tipos de 
sangue diferentes (MARTY; MARTY, 2015).
Os quatro principais grupos sanguíneos são baseados principalmente 
em se o indivíduo tem ou não antígenos específicos, ou seja, o tipo A 
e o tipo B. Na área da saúde, esse tipo de categorização é chamado de 
Sistema de Grupo Sanguíneo ABO. Sendo assim, o indivíduo pertencente 
ao Grupo A possui o antígeno do tipo A e o anticorpo para tipo B. Já 
o indivíduo considerado do grupo B possui o antígeno do tipo B e o 
anticorpo para o tipo A. O indivíduo considerado do grupo AB, por sua 
vez, possui antígenos do tipo A e do tipo B, mas não possui anticorpos 
para o tipo A nem para o tipo B. Por fim, o indivíduo pertencente ao 
Grupo O não possui antígenos do tipo A ou B, mas possui anticorpos 
contra os tipos A e B (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
Além dos dois tipos usuais de antígeno A e B, há um terceiro tipo que 
é conhecido como o fator Rh ou os antígenos do fator Rhesus (Rh). 
Os indivíduos que possuem essa proteína, denominada antígeno D 
na superfície celular, são considerados Rh positivos (Rh +). Nos casos 
em que não existe a proteína expressa na superfície da hemácia, são 
considerados Rh negativos (Rh -) (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013).
É feito um conjunto de perguntas padrão para os doadores de sangue 
antes de propriamente doarem sangue para ajudar a determinar se 
estão em boas condições de saúde e livres de quaisquer doenças que 
possam ser transmitidas por transfusão de sangue. Se as respostas 
indicarem que não estão bem ou correm o risco de ter uma doença 
transmissível por transfusão de sangue, não podem doar sangue 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Se o doador for elegível para doar, o sangue doado é testado para tipo 
sanguíneo (grupo ABO) e tipo Rh (positivo ou negativo). Isso ocorre para 
49
garantir que os pacientes recebam o sangue que corresponda ao seu 
tipo sanguíneo. Antes da transfusão, o doador e a unidade de sangue 
também são testados para certas proteínas (anticorpos) que podem 
causar reações adversas em uma pessoa que recebe uma transfusão de 
sangue (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013).
Todo o sangue para transfusão é testado quanto à evidência de certos 
patógenos de doenças infecciosas, como os vírus da hepatite B e C e o 
vírus da imunodeficiência humana (HIV). Além destes, são feitos testes 
em relação à presença de Vírus Linfotrópicos T Humanos (HTLV) I e II, 
Sífilis, Doença de Chagas e várias outras doenças transmissíveis. Apesar 
de a transfusão de sangue se fazer necessária em muitos casos, não é 
desejado que quem recebe seja infectado automaticamente.
Dessa forma, além da importância de conhecer as doenças 
hematológicas, é imprescindível compreender o que elas causam 
em nosso organismo e entender os sinais e sintomas clínicos para 
diagnosticá-las. Avanços tecnológicos estão sendo úteis para detectar 
e diagnosticar doenças mais precocemente, o que também ajuda 
a qualificar amostras dentro de um banco de sangue (SILVA; NETO; 
SANTOS, 2017).
Referências
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia. 7. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2018.
MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia laboratorial. São Paulo: Érica, 2015.
SILVA, A. M.; NETO, L. M. R.; SANTOS, P. C. J. L. Hematologia: Métodos e 
Interpretação. São Paulo: Roca, 2017.
ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. Rio de Janeiro: 
Atheneu, 2013.
50
Diagnóstico dos distúrbios 
hematológicos
Autoria: Ana Paula Michelin
Leitura crítica: Tamara Gonçalves Apolinário
Objetivos
• Conceituar conhecimentos básicos das metodologias 
mais utilizadas.
• Apresentar as principais metodologias utilizadas na 
hematologia.
• Estabelecer fatores importantes sobre os aspectos 
clínicos da hematologia na interpretação dos 
resultados.
51
1. Metodologias laboratoriais hematológicas
Na hematologia, existem exames comumente solicitados, como o 
hemogramacompleto e os testes de coagulação. Entretanto, devido 
às inúmeras doenças que podem afetar o tecido sanguíneo como um 
todo, os estudos das metodologias utilizadas e o aprimoramento dos 
testes já realizados foram imprescindíveis para que o diagnóstico e 
o acompanhamento dessas doenças fossem cada vez mais eficazes 
(MELO; SILVEIRA, 2019).
Um exemplo é a utilização da biologia molecular na pesquisa de doenças 
hematológicas. Nesse contexto, a hematologia molecular é um recurso 
abrangente para hematologistas para aumentar a compreensão da base 
molecular de várias doenças do sangue, seus patógenos e pesquisas 
e terapias moleculares atuais e emergentes. O impacto da pesquisa 
molecular no campo da hematologia é significativo – as técnicas 
moleculares continuam a desempenhar um papel central no diagnóstico 
e no tratamento de doenças do sangue. A caracterização molecular 
de genes e proteínas aumentou a compreensão das causas das 
doenças hematológicas e levou ao desenvolvimento de novas terapias 
medicamentosas e proteínas recombinantes (SILVA et al., 2015).
Sendo assim, é fácil entender a relevância clínica da biologia molecular 
em hematologia, pois ela fornece visões gerais na biologia das 
células cancerígenas, com ênfase na leucemia e no linfoma. Por isso 
a hematologia molecular é um tema essencial para hematologistas 
e oncologistas em treinamento e praticantes, biólogos moleculares 
e cientistas de pesquisa que trabalham no campo da hematologia. É 
importante destacar que a citometria de fluxo vem sendo muito utilizada 
no âmbito da hematologia clínica, tendo em vista seu potencial no 
estudo diferencial das células, bem como a utilização no monitoramento 
de doenças, como HIV (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
52
1.1 Hemograma completo
Um hemograma completo é um teste de triagem abrangente que pode 
ajudar a diagnosticar uma ampla gama de doenças e enfermidades, 
incluindo anemia, leucemia, distúrbios hemorrágicos e infecções. Ele 
fornece as seguintes informações (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
• Leucócitos: são a principal defesa do corpo contra doenças e 
ajudam a combater infecções.
• Eritrócitos: são responsáveis por transportar oxigênio e dióxido 
de carbono para longe de todas as células. A deficiência de ferro 
diminuirá a contagem de glóbulos vermelhos.
• Hemoglobina: é um composto químico dentro dos glóbulos 
vermelhos que transporta oxigênio através da corrente sanguínea 
para todas as células do corpo. A hemoglobina dá a cor vermelha 
ao sangue.
• Amplitude de distribuição de glóbulos vermelhos (RDW): mede 
a quantidade de variação de glóbulos vermelhos em volume 
e tamanho, denominada anisocitose. Quando as hemácias se 
apresentam aumentadas, são consideradas macrocíticas e, quando 
diminuídas, microcíticas.
53
Figura 1 – Anisocitose
Fonte: Shutterstock.com.
• Linfócitos: este resultado, juntamente com basófilos, eosinófilos, 
monócitos e neutrófilos, lida com a função dos glóbulos brancos.
• Hematócrito: mede a quantidade de espaço que os glóbulos 
vermelhos ocupam no sangue, o que é reportado como uma 
porcentagem.
• Monócitos: este resultado, juntamente com basófilos, eosinófilos, 
linfócitos e neutrófilos, lida com a função dos glóbulos brancos.
• Neutrófilos: este resultado, juntamente com basófilos, eosinófilos, 
linfócitos e monócitos, lida com a função dos glóbulos brancos.
• Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): é a concentração média 
de hemoglobina dentro da hemácia. Com esse valor diminuído, 
interpreta-se que o paciente apresenta hipocromia das hemácias, 
54
comum em casos de anemia. Quando não existe a variação, é 
considerado normocrômico.
• Concentração média de hemoglobina corpuscular (CHCM): é a 
porcentagem média de concentração de hemoglobina dentro de 
um glóbulo vermelho.
• Volume Corpuscular Médio (VCM): é o tamanho médio dos 
glóbulos vermelhos.
• Plaquetas: são partículas de células sanguíneas associadas à 
formação de coágulos sanguíneos.
1.2 Testes de coagulação
As metodologias que mensuram a coagulação verificam a capacidade 
do sangue de coagular, bem como o tempo que demora para que 
isso aconteça. Essas metodologias podem auxiliar a equipe médica a 
verificar o potencial do risco de formação de coágulos (denominado 
trombose) ou de excesso de sangramento em alguns vasos sanguíneos. 
As metodologias que avaliam a coagulação possuem processos 
semelhantes aos outros exames de sangue, nos quais é necessário 
realizar uma coleta de sangue com o risco de sofrer os mesmos efeitos 
colaterais, mas associados apenas ao processo da coleta do material 
biológico (MELO; SILVEIRA, 2019).
Existem algumas condições clínicas com potencial de acarretar 
problemas no processo de formação de coágulos, entre elas trombofilia, 
hemofilia e doença hepática. A hemofilia é uma doença associada à 
incapacidade do sangue de formar coágulos de maneira normal (SILVA; 
NETO; SANTOS, 2017).
Como bem sabemos, o processo de coagulação é o que impede a 
ocorrência de hemorragias em uma lesão. Por outro lado, a coagulação 
55
excessiva também é um problema, pois, enquanto o sangue se move 
dentro dos vasos, ele não deve coagular, porém, caso ocorra a formação 
de coágulos, estes podem percorrer a corrente sanguínea até o coração, 
o cérebro ou os pulmões, podendo resultar em um ataque cardíaco ou 
até mesmo em morte (SILVA et al., 2015).
Além do exposto, os testes que avaliam a coagulação são úteis para 
monitorar indivíduos que utilizam alguma medicação, que pode 
interferir nos processos de coagulação. Normalmente, exames que 
avaliam a coagulação são solicitados em condições pré-cirúrgicas. 
Existem muitos tipos de testes que possuem a capacidade de avaliar a 
coagulação (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
• Fibrinogênio: avalia a quantidade de fibrinogênio circulante 
no sangue. Ele é sintetizado pelo fígado. Resultados alterados 
costumam ser indicativos de hemorragias, descolamento de 
placenta ou fibrinólise.
• Hemograma completo: é normalmente solicitado como exame de 
rotina já que muito se pode avaliar com seus resultados, devido à 
quantidade de marcadores presentes. Também é possível avaliar 
a coagulação, visto que seus resultados podem alertar a baixa 
contagem de plaquetas ou anemia, além de outros pontos que 
possam interferir na capacidade de coagulação.
• Contagem de plaquetas: a baixa contagem de plaquetas é 
comum em doença celíaca, deficiência de vitamina K e leucemia. 
Elas participam do processo de coagulação. Quimioterapia, 
medicamentos e transfusões de sangue podem acarretar sua 
diminuição.
• Tempo de atividade da protrombina (TAP): a protrombina é 
produzida pelo fígado. Essa metodologia avalia a eficácia e a 
velocidade em que o sangue formará coágulos. A média normal de 
tempo está entre 25 e 30 segundos, mas pode levar mais tempo 
56
se o indivíduo utilizar medicamento que interfere no processo 
de coagulação, como um anticoagulante. Doenças hepáticas, má 
absorção e hemofilia podem induzir uma alteração no TAP. É 
utilizado para monitorar o uso de medicamentos que interferem 
na coagulação. Normalmente, para esse teste, é utilizado o cálculo 
do Índice Normalizado Internacional (INR) para comparar os 
resultados de diferentes laboratórios.
• Tempo de trombina: avalia o funcionamento do fibrinogênio. 
Valores alterados podem ser encontrados em casos de distúrbios 
de coagulação hereditários, alguns tipos de câncer, doença 
hepática e medicamentos que podem alterar a coagulação.
• O tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa): baseia-se no 
princípio de que no plasma citratado a adição de um substituto 
plaquetário, ativador do fator XII e CaCl2, permite a formação de 
um coágulo estável. É um ensaio de coagulação comumente usado 
por ser fácil de realizar e acessível, sendo, portanto, realizado na 
maioria dos laboratórios de coagulação, tanto clínicos quanto de 
pesquisa, em todo o mundo. Ele avalia o tempo necessário para 
a formação de um coágulo estável, é registrado em segundos e 
representa o resultado realdo TTPa.
• Tempo de sangramento: analisa a rapidez com que pequenos 
vasos sanguíneos em sua pele se fecham e param de sangrar. É 
realizado de forma diferente dos outros exames de sangue. Para 
a realização desse teste, realiza-se um furo na orelha utilizando 
lanceta ou lâmina descartável. Nos dois casos, o sangramento 
é avaliado a cada 30 segundos por meio de um papel filtro, que 
absorve o sangue do local. O teste tem fim quando o papel filtro 
não absorve mais o sangue. O sangramento geralmente dura de 
um a três minutos.
As metodologias que avaliam a coagulação são realizadas de maneira 
semelhante aos demais exames sanguíneos. As vezes pode ser 
57
necessário interromper o uso de medicamentos antes do teste para 
que o resultado seja condizente com a realidade do paciente. Além 
das metodologias descritas, também é possível dosar os fatores de 
coagulação, que são importantes e fazem parte do funcionamento 
correto da cascata de coagulação (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
Os fatores de coagulação são proteínas que circulam no sangue 
essenciais para a formação adequada de coágulos sanguíneos. Os testes 
do fator de coagulação medem a função ou, às vezes, a quantidade 
dessas proteínas no sangue (MELO; SILVEIRA, 2019).
Figura 2 – Cascata de Coagulação
Fonte: Sutterstock.com. 
A coagulação do sangue é um processo complexo que envolve inúmeros 
fatores de coagulação produzidos pelo fígado e pelos vasos sanguíneos. 
58
Cada fator de coagulação é avaliado com um ou mais testes. Quando 
os níveis de fator são baixos, pode causar falha na coagulação do 
sangue, levando a episódios de sangramento. A medição dos fatores de 
coagulação pode ajudar o profissional de saúde a determinar a causa do 
sangramento e o melhor tratamento (SILVA; NETO; SANTOS, 2017).
Os fatores de coagulação geralmente são testados medindo seu nível 
de atividade no sangue. Os ensaios de atividade podem detectar 
níveis reduzidos de proteínas ou proteínas que não funcionam 
adequadamente (MELO; SILVEIRA, 2019).
Quando ocorre algum sangramento, o sistema de coagulação é ativado, 
obstruindo o vaso sanguíneo com um coágulo. O sistema de coagulação 
consiste em uma série de fatores de coagulação que se ativam em um 
processo passo a passo denominado cascata de coagulação. O resultado 
é a formação de fios de fibrina insolúveis que se unem no local da lesão, 
juntamente com fragmentos celulares agregados chamados plaquetas, 
para formar um coágulo sanguíneo estável. O coágulo evita a perda 
de sangue adicional e permanece no local até que a área lesada esteja 
curada (SILVA et al., 2015).
A coagulação do sangue é dinâmica; uma vez que um coágulo é 
formado, outros fatores são ativados e retardam a coagulação ou 
dissolvem o coágulo em um processo chamado fibrinólise. O coágulo 
é eventualmente removido após a cicatrização do local da lesão. Em 
indivíduos normais e saudáveis, esse equilíbrio entre a formação e a 
remoção do coágulo garante que o sangramento não se torne excessivo 
e que os coágulos sejam removidos quando não forem mais necessários 
(MELO; SILVEIRA, 2019).
Porém, para pessoas com distúrbios hemorrágicos, a coagulação 
não funciona adequadamente porque não possuem plaquetas ou 
fatores de coagulação, ou suas plaquetas ou fatores não funcionam 
adequadamente. Há uma variedade de distúrbios hemorrágicos que 
59
podem ser transmitidos pelas famílias (hereditários) ou adquiridos 
após o nascimento. Se uma pessoa apresentar sinais e sintomas de um 
desses distúrbios, o teste do fator de coagulação pode ser solicitado 
para ajudar a determinar o diagnóstico e o tratamento (HOFFBRAND; 
MOSS, 2018).
2. Investigação e interpretação de resultados
Todas as metodologias utilizadas nas análises clínicas, especificamente 
na hematologia, são importantes para diagnóstico e monitoramento 
das doenças. Entretanto, cabe ao profissional avaliar e interpretar os 
resultados de forma adequada (SILVA et al., 2015).
Um exemplo interessante a ser citado são as anemias derivadas da 
presença de uma doença crônica. Nem sempre uma doença crônica 
cursará com anemia; entretanto, é interessante verificar sinais e 
sintomas e verificar sua presença o quanto antes. Em pacientes 
portadores de doenças que evoluem durante um tempo longo, pode 
surgir anemia com etiopatogenia bastante complexa (MELO; SILVEIRA, 
2019).
Geralmente na anemia leve a moderada, os sintomas mais críticos 
presentes são aqueles relacionados à doença de base, e não à anemia 
propriamente dita. Quando há sintomatologia relacionada à anemia, 
estes costumam se desenvolver em torno de 90 dias e usualmente 
não progridem, normalizando-se com o tratamento da doença de 
base. (SILVA; NETO; SANTOS, 2017). Esses casos são particularmente 
importantes, pois fazem parte da rotina de trabalho de muitos 
profissionais da saúde, tanto no âmbito público como no privado 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
60
Caso 1 – Paciente com diabetes
Nesses pacientes, é comum o acometimento dos rins, que são 
responsáveis pela produção de eritropoietina, substância imprescindível 
para a produção das hemácias. Sem níveis normais de eritropoietina, 
pode haver a presença de anemia. Então, todo paciente diabético que 
apresenta anemia é devido à deficiência de eritropoietina? Não. A 
anemia de doenças crônicas pode ser decorrente de outras situações, 
como deficiência de ferro, vitamina K e compostos do complexo B. 
Sendo assim, somente uma nova bateria de exames poderá verificar a 
causa da anemia e direcionar o tratamento (SILVA et al., 2015).
Caso 2 – Anemia
U.D.W., mulher, 47 anos. Procura atendimento médico, pois há algumas 
semanas apresenta fadiga intensa quando realiza pequenos esforços e 
está bastante pálida. Os resultados dos exames estão apresentados na 
Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados do exame laboratorial
Exame (unidade 
de medida)
Resultado Referência 
normal
HCM (pg) 20,4 27,0 – 32,0
Hemoglobina (g/dL) 9,1 11,5 – 16,0
VCM (fl) 62,7 75,0 – 92,0
Plaquetas (x109/L) 568,00 150,0 – 400,0
Leucócitos (x109/L) 8,8 4,0 – 11,0
Ferritina (mg/L) 9,8 12,0 – 200,0
TIBIC (mmol/L) 92,0 42,0 – 80,0
Ferro sérico (mmol/L) 5,9 11,0 – 32,0
Vitamina B12 (ng/L) 238,0 > 150,0
Folatos (mg/L) 8,6 > 2,0
Fonte: elaborada pela autora.
Como é possível verificar nos exames, a paciente tem anemia microcítica 
e hipocrômica. O ferro encontra-se diminuído, e o TIBIC, que é a 
61
capacidade de transporte, está elevado, o que pode indicar um possível 
sangramento. Associado a isso, o número de plaquetas também 
está aumentado, o que pode confirmar o indicativo de sangramento, 
tendo em vista que o organismo libera as plaquetas produzidas para o 
sangue periférico devido a sangramentos, por exemplo. Após conseguir 
interpretar os resultados, é interessante investigar a causa do problema, 
que, no caso, pode estar associada à menorragia ou à deficiência 
alimentar. Se essas duas hipóteses forem excluídas, é importante 
investigar problemas no trato gastrointestinal (HOFFBRAND; MOSS, 
2018).
Referências
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia. 7. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2018.
MELO, M. A. W.; SILVEIRA, C. M. Laboratório de Hematologia: teorias, técnicas e 
atlas. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2019.
SILVA, A. M.; NETO, L. M. R.; SANTOS, P. C. J. L. Hematologia: Métodos e 
Interpretação. São Paulo: Roca, 2017.
SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2015.
62
	Sumário
	Apresentação da disciplina 
	Células sanguíneas e sua importância diagnóstica
	Objetivos 
	1. Hematologia clínica e sua importância diagnóstica
	Referências 
	Hemograma: a avaliação laboratorial do sangue
	Objetivos 
	1. Hemograma 
	Referências 
	Distúrbios hematológicos 
	Objetivos 
	1. Distúrbios hematológicos 
	2. Bancos de sangue 
	Referências 
	Diagnóstico dos distúrbios hematológicos
	Objetivos 
	1. Metodologias laboratoriais hematológicas 
	2. Investigação e interpretação de resultados 
	Referências

Outros materiais