Buscar

0 MA Elemento Textual - Tecnologias de Tratamento de Solo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 98 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 98 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 98 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE 
SOLO 
Liane Nakada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA - PARTE I ...................................................... 3 
2 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA - PARTE II ................................................... 19 
3 INTRODUÇÃO À GEOMORFOLOGIA ....................................................... 30 
4 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA ................................................................. 42 
5 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................... 58 
6 REMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS ............................................ 81 
 
 
, 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA - PARTE I 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados conceitos e teorias relacionados à geologia, bem 
como as divisões de estudo da ciência da Terra. Além disso, A hierarquia de 
organização do tempo geológico será definida e acontecimentos notáveis serão 
identificados. Por fim, serão descritos os principais fenômenos geológicos. 
1.1 Conceitos, Histórico e Divisões da Geologia 
A geologia pode ser considerada a ciência da Terra, visto que tem como objetivo 
estudar e compreender o planeta que habitamos, sua origem, composição e evolução. 
Ela também estuda os processos da dinâmica geológica, tais como a formação de 
rochas e solos, vulcões, o movimento de placas tectônicas, entre outros. 
O estudo da geologia não se limita aos processos naturais, pois também abrange a 
dinâmica que interfere nas paisagens antrópicas, como as cidades e as zonas rurais. 
Desse modo, o conhecimento geológico auxilia na obtenção de recursos naturais 
essenciais para a vida como conhecemos. 
De maneira mais direta, podemos entender a geologia, em um sentido mais amplo, 
como: 
O ramo da ciência que estuda a origem, a formação, a história física, a 
evolução, a composição mineralógica e a estrutura da Terra, por meio da 
pesquisa e do conhecimento dos minerais e das rochas que compõe a crosta 
terrestre e das forças e dos processos que atuam sobre eles (QUEIROZ, 
2016, p.21) 
Apesar dos fenômenos geológicos serem uma das principais preocupações do ser 
humano desde os tempos primitivos, a geologia como ciência é recente. Os estudos 
geológicos são fundamentados em princípios científicos definidos a partir do século XIX 
e que se mantêm em constante atualização. 
Constancio.Alcantara
Realce
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
4 
 
O geólogo escocês James Hutton (1726-1797) desenvolveu a teoria conhecida como 
uniformitarismo, que é um dos princípios ainda utilizados pela geologia moderna. Essa 
abordagem considera que a observação de fenômenos geológicos atuais pode ser a 
base para o estudo da história da Terra, por exemplo, as marcas de ondas observadas 
na areia de uma praia são geradas pelo mesmo mecanismo que originou as marcas de 
ondas encontradas em arenitos de milhões de anos de idade. Em resumo, essa teoria 
considera que “o presente é a chave do passado”. 
Ao se deparar com o que chamou de inconformidade angular (Figura 1.1), James 
Hutton percebeu a diferença entre o tempo geológico e o tempo de vida humana. Em 
Siccar Point (Escócia), foram encontradas rochas de diferentes tipos sobrepostas, ou 
seja, uma rocha escura com estratos praticamente verticais (a que chamou de xisto) foi 
localizada em baixo; e arenito vermelho (rocha sedimentar) com estratos horizontais 
foi localizado em cima. Como a rocha não poderia ter sido formada por depósitos 
verticais, a rocha inferior deve ter tido suas camadas depositadas horizontalmente, 
posteriormente inclinadas e aplainadas; e o arenito acima deve ter sido formado em 
outra fase do tempo geológico. 
Desse modo, outra teoria defendida por James Hutton é a denominada plutonismo, 
que considera que as rochas foram originadas da solidificação do magma do interior da 
Terra, sendo que poderiam existir três processos (magmático, sedimentar e 
metamórfico), dinâmica conhecida como ciclo das rochas (Figura 1.2). 
 
Fonte: MARK GODDEN via Shutterstock 
Figura 1.1 - Inconformidade angular em rochas de Siccar Point (Escócia), estudada 
por James Hutton 
, 
 
 
5 
 
 
Fonte: STIHII via Shutterstock 
Figura 1.2 - Representação esquemática do ciclo das rochas 
As teorias do uniformitarismo e do plutonismo acabaram se tornando a base 
fundamental do estudo geológico ao se sobrepor a outras teorias que eram defendidas 
na época, como o netunismo, que considerava que as rochas eram provenientes de 
uma grande inundação. Em 1830, baseado nas teorias defendidas por Hutton, o livro 
Principles of geology foi editado pelo cientista inglês Charles Lyell (1797-1875) dando 
os passos iniciais da evolução da geologia como ciência moderna. 
Diante da sua amplitude e multidisciplinaridade, atualmente podemos subdividir a 
geologia em diferentes ramos (Figura 1.3). 
, 
 
 
6 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
Figura 1.3 - Grandes divisões da geologia 
Podemos caracterizar os diferentes ramos da geologia, conforme descrito a seguir: 
• Geologia física - Considera os materiais que constituem a Terra, estuda a 
estrutura terrestre e suas feições superficiais, além de analisar os processos 
envolvidos na sua estrutura e aparência. 
• Geologia histórica - Tem como abordagem a história do planeta Terra, a 
avaliação da sua idade, o seu passado geológico e o estudo de suas 
transformações. 
• Geologia econômica- Nesse ramo se estuda a ocorrência de jazidas minerais, 
procurando avaliar a viabilidade da extração de bens minerais, sob os aspectos 
legal, econômico e técnico. Entre os bens minerais, pode-se destacar petróleo, 
carvão mineral, minerais metálicos ou não metálicos, pedras preciosas, 
materiais de construção, água subterrânea e energia geotermal. 
• Geologia de engenharia - Trata-se do ramo responsável pelo domínio 
tecnológico da interface entre a atividade humana e o meio físico geológico. Ela 
é a base para fundações de construções e grandes obras, como barragens e 
túneis. 
Além desses quatro ramos, a geologia também apresenta subdivisões, que se 
caracterizam como áreas de aplicação do conhecimento geológico: 
Geologia
Teórica
Geologia 
física
Geologia 
histórica
Aplicada
Geologia 
econômica
Geologia de 
Engenharia
, 
 
 
7 
 
• Geofísica – Trata-se da combinação da geologia com a física, que se propõe a 
estudar a estrutura terrestre ou identificar depósitos minerais por métodos 
físicos (magnetometria, gravimetria e sismologia). 
• Geoquímica - Estuda os ciclos geoquímicos de minerais, além da evolução e 
origem das principais classes de rochas e minerais. 
• Mineralogia - Estuda os minerais encontrados na crosta terrestre (ou mesmo 
fora dela). 
• Geologia estrutural - Estuda dobras, falhas e fraturas geológicas, buscando 
identificar depósitos minerais ou apoiando a construção civil. 
• Paleontologia - Busca estudar a vida pré-histórica, por meio de fósseis de 
animais de grande porte, plantas ou mesmo seres microscópicos. 
• Geomorfologia - Estuda a evolução das feições terrestres e dos agentes que 
moldam o relevo do planeta. 
• Hidrogeologia - Tem o foco no estudo das águas subterrâneas, desde sua 
caracterização hidro ambiental até a gestão dos recursos. 
• Geologia ambiental - Campo relativamente novo, que busca utilizar o 
conhecimento geológico para resolver problemas da intervenção humana no 
meio ambiente. 
1.2 As Eras Geológicas e a Evolução Geológica do Planeta 
Para entender melhor a história geológica da Terra e ordenar organizadamente os 
eventos geológicos ocorridos no passado, foi criada uma escala padronizada de tempo 
para a geologia, que é mundialmente aplicada. Essa escala é chamada de escala de 
tempo geológico, que é dividida em unidades cronoestratigráficas. 
É importante destacar que o início e fim de cada uma dessas unidades é marcado por 
algum acontecimento notável da evolução do planeta Terra, como, por exemplo, oaparecimento de um grupo de seres vivos e consequente desaparecimento de outro 
grupo. Vejamos uma descrição sucinta de cada unidade cronoestratigráfica. 
, 
 
 
8 
 
• Éon – Trata-se do maior período geológico, caracterizado por um intervalo 
de tempo muito grande. A história da Terra é dividida em quatro éons: 
Hadeano, Arqueano, Proterozoico e Fanerozoico. Com exceção do éon 
Hadeano, todos os outros são divididos em eras. 
• Era - Intervalo de tempo caracterizado por diferentes configurações de 
continentes e oceanos na superfície terrestre, além dos seres vivos que nela 
se encontravam. As eras são divididas em períodos, com exceção das eras 
do éon Arqueano. 
• Período - São as unidades fundamentais na escala de tempo geológico. Os 
períodos são subdivididos em épocas, com exceção dos períodos do éon 
Proterozoico. 
• Época: as épocas mais recentes são subdividas em idades. 
• Idade: são as menores divisões do tempo geológico, podem variar entre 1 e 
6 milhões de anos. 
Vejamos, a seguir, as principais divisões do tempo geológico e fatos marcantes que 
ocorreram nesses intervalos de tempo (Quadro 1.1). Na Figura 1.4, podemos observar 
a evolução dos continentes em alguns períodos, de acordo com a teoria da deriva 
continental. 
, 
 
 
9 
 
 
Fonte: RAINER LESNIEWSKI via Shutterstock 
Figura 1.4 - Teoria da deriva continental: evolução dos continentes ao longo dos 
períodos geológicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
10 
 
Quadro 1.1 - Éons, eras e períodos geológicos, com respectivos tempos cronológicos 
e acontecimentos notáveis 
 
 
Fonte: Adaptado de Branco (2016) 
1.3 Principais fenômenos geológicos 
A teoria da deriva continental é uma ideia antiga, baseada nas evidências de fósseis 
semelhantes encontrados em continentes diferentes. Após diversos estudos, uma 
outra teoria, a da tectônica de placas, foi utilizada para justificar essa ideia. 
, 
 
 
11 
 
A litosfera (camada exterior da Terra) é dividida em placas rígidas denominadas placas 
tectônicas (Figura 1.5). 
 
Fonte: PETER HERMES FURIAN via Shutterstock 
Figura 1.5 - Principais placas tectônicas do planeta Terra 
As placas tectônicas estão apoiadas sobre uma camada movediça, localizada até cerca 
de duzentos quilômetros de profundidade, na parte mais externa do manto terrestre 
(Figura 1.6). Conforme essa camada de material mineral fundido se move, as placas 
tectônicas também se movimentam, de forma lenta e contínua, umas em relação às 
outras. Desse modo, os continentes e oceanos são transportados juntamente com as 
placas. 
, 
 
 
12 
 
 
Fonte: YUSUFDEMIRCI via Shutterstock 
Figura 1.6 - Estrutura do planeta Terra: núcleo interno, núcleo externo, manto e 
crosta 
A movimentação de placas tectônicas pode acontecer de diferentes formas, causando 
diferentes consequências. No caso de uma placa oceânica (mais densa) se movimentar 
sob uma placa continental (menos densa), é formado um fosso no fundo oceânico 
(Figura 1.7), conhecido como fossa abissal. Se o movimento entre placas de mesma 
densidade for convergente, o encontro entre duas placas pode causar a sobreposição 
de uma delas, formando cadeias de montanhas (Figura 1.8), assim se originou o 
Himalaia, por exemplo. Se o movimento entre placas for divergente (Figura 1.9), 
ocorre a formação de fendas. 
, 
 
 
13 
 
 
Fonte: STIHII via Shutterstock 
Figura 1.7 - Movimentação convergente de placas tectônicas de densidades 
diferentes 
 
Fonte: STIHII via Shutterstock 
Figura 1.8 - Movimentação convergente de placas tectônicas de mesma densidade. 
, 
 
 
14 
 
 
Fonte: STIHII via Shutterstock 
Figura 1.9 - Movimentação divergente de placas tectônicas 
Outra consequência relevante da movimentação de placas tectônicas é o vulcanismo. 
As erupções vulcânicas se caracterizam como a expulsão de fragmentos de rocha 
fundida e gases quentes da crosta terrestre por orifícios vulcânicos que têm 
comunicação com o magma das camadas mais profundas. Os vulcões podem ser 
classificados em extintos, dormentes, ou em atividade (Figura 1.10 e 1.11). 
 
, 
 
 
15 
 
 
Fonte: GRITSALAK KARALAK via Shutterstock 
Figura 1.10 - Diferentes estágios de atividade vulcânica; 
 
Fonte: DENI_SUGANDI via Shutterstock 
Figura 1.11 - Vulcão Anak Krakatau (Indonésia) em momento de erupção, com 
lançamento de cinzas na atmosfera e despejo de magma 
, 
 
 
16 
 
O movimento de placas também pode formar falhas nas fronteiras entre duas placas e, 
quando esse movimento causa tensão nas rochas, surgem os sismos (tremores de 
terra ou terremotos). Podemos entender os terremotos como vibrações da crosta 
terrestre, que podem variar de intensidade, desde tremores identificáveis somente por 
equipamentos até aqueles com consequências catastróficas. 
Os terremotos são mais frequentes próximos às falhas e fraturas da crosta terrestre 
(Figura 1.12), mas também podem ser provenientes de explosões vulcânicas, falhas 
rochosas e explosões em trabalhos em minas e covas. O ponto no interior da crosta 
onde se inicia a ruptura é denominado foco (ou hipocentro), enquanto o ponto na 
superfície terrestre imediatamente acima do foco é o epicentro. 
 
Fonte: VECTORMINE via Shutterstock 
Figura 1.12 - Epicentro de atividade sísmica, próximo a falha da crosta terrestre 
, 
 
 
17 
 
A principal escala para mensurar a magnitude dos sismos é a escala de Richter (Figura 
1.13), em referência a Charles Richter, que criou a escala em 1935. Essa escala é 
logarítmica, isto é, a diferença na amplitude das vibrações é de dez vezes entre uma 
unidade e outra; e relativa, uma vez que compara os terremotos entre si. 
 
 
Fonte: GRITSALAK KARALAK via Shutterstock 
Figura 1.13. Escala de Richter: principal escala de medida de atividade sísmica 
Conclusão 
Neste bloco, vimos a definição e a evolução do estudo da geologia, distinguimos o 
tempo geológico do tempo como conhecemos e identificamos os principais fenômenos 
geológicos. Além disso, estudamos teorias e processos de formação e alteração de 
paisagens do planeta Terra. 
REFERÊNCIAS 
ARAGÃO, M. J. História da Terra. Rio de Janeiro: Interciência, 2008. 
BRANCO, P. M. Breve história da Terra. Brasília: Serviço Geológico do Brasil – CPRM, 
2016. Disponível em: <https://bit.ly/3JaUjtC>. Acesso em: 29 jan. 2022. 
BRANCO, P. M. Terremotos. Serviço Geológico do Brasil. CPRM, 2014. Disponível em: 
<https://bit.ly/3KMlyuX>. Acesso em: 02 fev. 2022. 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DA UFC. Sobre a Geologia. 2019. Disponível em: 
<https://bit.ly/3MTfK4K>. Acesso em: 28 jan. 2022. 
, 
 
 
18 
 
QUEIROZ, R. C. Geologia e Geotecnia Básica para Engenharia Civil. São Paulo: Blucher, 
2016. 
ROSSI, C. H. A. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 
2016. 
SILVA, M. V. C.; CRISPIM, A. B. Geologia Geral. Fortaleza: EdUECE, 2019. 
SILVA, N. M.; TADRA, R. M. S. Geologia e pedologia. Curitiba: InterSaberes, 2017. 
TEIXEIRA, W. Histórico da geologia. In: Geologia. São Paulo: USP/UNIVESP, 2014. 
 
, 
 
 
19 
 
 
2 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA - PARTE II 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados os principais minerais envolvidos na formação das 
rochas. Além disso, serão definidos aspectos geológicos do território brasileiro, 
identificadas as principais estruturas geológicas, e listados os depósitos minerais de 
destaque. Por fim, serão apresentados conceitos relacionados às águas subterrâneas. 
2.1 Minerais e Rochas 
Os ambientes geotectônicos são formados por uma rica variedade de materiais, 
destacando-se as rochas, devido à sua abundância e importância na formação da 
crosta terrestre, além da sua relevância econômica para a humanidade. 
Os elementos constituintes das rochas são chamados de minerais. Eles podem ser 
definidos como substâncias sólidas e cristalinas, geralmente inorgânicas, de ocorrência 
natural e com uma composição química específica. Os minerais diferem das rochas 
pois são homogêneose não podem ser dissociados por meios mecânicos. 
Quimicamente, podem ser substâncias simples, formadas por um elemento químico 
(exemplo: diamante, formado apenas por carbono), ou compostas, quando as 
moléculas apresentam dois ou mais elementos químicos (exemplo: calcita, formado 
por carbonato de cálcio (CaCO3). 
Apesar de existirem milhares de minerais conhecidos, um grupo relativamente 
pequeno deles pode ser considerado formador das rochas. Dentro desse pequeno 
grupo, destacam-se os silicatos, que estão presentes em cerca de 97% do volume total 
da crosta terrestre continental. A constituição mineralógica da crosta terrestre 
continental está apresentada no Quadro 2.1. 
 
 
 
Constancio.Alcantara
Realce
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
20 
 
Quadro 2.1. Constituição mineralógica da crosta terrestre continental 
Classe mineral Espécie ou grupo mineral % em volume 
Silicatos 
Feldspatos 58 
Piroxênios e anfibólios 13 
Quartzo 11 
Micas, clorita, argilominerais 10 
Olivina 3 
Epídoto, cianita, andaluzita, sillimanita, granadas, 
zeólitas, etc. 2 
Carbonatos 
Óxidos 
Sulfetos 
Haloides 
 3 
Fonte: Silva e Trada (2017). 
As rochas podem ser consideradas um agregado de um ou mais minerais, geralmente 
consolidados. Ela não é homogênea, sendo possível dividi-la em todos os seus minerais 
constituintes. Apesar disso, as rochas são materiais coesos, pois todos os seus 
constituintes, sejam eles cristais ou grãos, estão muito bem unidos, aspecto que as 
diferencia dos sedimentos (como a areia) que são conjuntos de diversos minerais não 
agregados. 
As rochas podem ser classificadas quanto ao processo de origem como (Figura 2.1): 
• Magmáticas (ou ígneas) - São formadas pela cristalização resultante do 
resfriamento do magma. 
, 
 
 
21 
 
• Sedimentares - São formadas a partir da deposição, compactação, cimentação 
e consolidação de fragmentos de rochas provenientes do processo de 
intemperismo, erosão e transporte. 
• Metamórficas - Também se formam a partir de fragmentos de rochas 
existentes, porém são formadas por um processo de transformação decorrente 
da ação de altas temperaturas e pressões sobre a rocha já existente, sem que 
causem a sua fusão. 
 
Fonte: NASKY via Shutterstock 
Figura 2.1. Ciclo das rochas: classificação quanto ao processo de origem 
 
 
, 
 
 
22 
 
2.2 Principais Aspectos Geológicos do Território Brasileiro 
O Brasil está localizado na Plataforma Sul-Americana, que é uma área na porção 
central da Placa Sul-Americana. Por isso, essa área é menos suscetível aos movimentos 
causados nos encontros entre placas, diminuído as possibilidades de o território ser 
atingido por terremotos e vulcões. 
Além da plataforma, outras estruturas geológicas são importantes para entender os 
aspectos do território brasileiro: 
• Crátons - São núcleos de rochas formadas no éon Arqueano, que têm raízes na 
litosfera antiga e fria, com profundidade de até 400 km no manto inferior e 
maior rigidez e resistência diante de processos térmicos e tectônicos. 
• Escudos - São áreas profundamente erodidas, com revestimento de pequena 
espessura ou ausente, estáveis desde o Pré-Cambriano. 
Dadas essas definições, podemos observar um mapa com a compartimentação 
geotectônica brasileira e suas principais formações (Figura 2.2). 
 
Fonte: ALMEIDA, 1977. 
Figura 2.2. Compartimentação geotectônica brasileira, e suas principais formações 
Constancio.Alcantara
Realce
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
23 
 
Os aspectos geológicos do território brasileiro influenciam na sua acumulação de bens 
minerais. O registro geológico do Brasil tem ambientes férteis em todo tempo 
geológico, que também se beneficia da extensão territorial do país e sua diversificada 
metalogenia. Os amplos escudos antigos do Brasil têm grandes depósitos de Ferro (Fe), 
Manganês (Mn), Alumínio (Al), Estanho (Sn) e Nióbio (Nb). 
Apesar de existirem centenas de distritos mineiros no país, a maior parte das minas e 
depósitos minerais são concentrados em duas principais províncias metalogenéticas, e 
quatro conjuntos de distritos mineiros. Eles são: 
• Província Mineral Ferro-Aurífera do Quadrilátero Ferrífero (MG); 
• Província Mineral Polimetálica de Carajás (PA); 
• Distritos de greenstones belts auríferos de Goiás, Bahia e Minas Gerais; 
• Distritos de maciços básico-ultrabásico de Goiás, Bahia e Pará. 
Por conta dessas características, os estados de Minas Gerais, Pará, Goiás e Bahia são 
responsáveis pela produção de cerca de 80%, em valor, das commodities minerais 
brasileiras. 
Das minas brasileiras cadastradas no Departamento Nacional da Produção Mineral 
(cerca de 10.800), 98% são de produtos para construção civil (areia, brita, cascalho e 
argila) e extração de água mineral. Apenas 1,4% das minas são consideradas de grande 
e médio e porte, que representam commodities e são significativas na concepção 
internacional. Entende-se que minas com produção acima de 100 mil t/ano são 
consideradas de médio porte. 
Das 155 minas brasileiras de commodities minerais de médio e grande porte: 
• 57 são de metais ferrosos (Ferro-Fe e Magnésio-Mn); 
• 21 de metais preciosos (Ouro-Au); 
• 39 de metais bases e outros metais (Níquel-Ni, Alumínio-Al, Cobre-Cu, Zinco-Zn, 
Cromo-Cr, Nióbio-Nb, Estanho-Sn, Titânio-Ti, e Wolfrâmio-W); 
, 
 
 
24 
 
• 23 são de não metálicos (Fosfato -P2O5, Caulim, Amianto, Potássio-K, Grafita e 
Magnetita). 
As maiores minas brasileiras operam a céu aberto. Podemos destacar algumas das de 
classe internacional: 
Nb de Araxá (MG); Fe do Quadrilátero Ferrífero (MG); Fe de Carajás (Pa); Fosfato de 
Salitre de Tapira (Araxá-MG) e de Catalão (GO); Ni de Niquelândia (GO) e de Barro Alto 
(GO), Santa Rita (BA) e Onça-Puma (PA); Bauxita (Al2O5) de Oriximiná, Juriti, Trombetas 
e Paragominas (PA) e São Lourenço (MG); Caulim de Barcarena e Ipixuma (PA); Grafita 
de Tijuco Preto, da Paca e Zé Crioulo (MG) e de Imídia (BA); Magnesita de Brumado 
(BA); Carvão de Candiota (RS; Au de Paracatu (MG); Fe/Mn de Urucum (MS); Mn de 
Azul (PA), Sn de Pitinga, Bom Futuro e Massangana (RO); e cobre de Salobo (PA). 
2.3 Água Subterrânea 
Um importante bem mineral é a água, que existe na subsuperfície e no subterrâneo 
terrestre, se movendo através dos poros (espaços vazios) existentes entre os grãos do 
material não consolidado (solos) e das rochas sedimentares. É possível que a água 
circule também através das fraturas, provenientes da movimentação da crosta 
terrestre, de alguns tipos de rochas. 
Ao infiltrar no solo, a água passa por uma zona não saturada (ZNS) – quando os poros 
não estão totalmente preenchidos por água, e por uma zona saturada (ZS). Ao limite 
entre ZNS e ZS é normalmente dado o nome de lençol freático, sendo que a 
profundidade do lençol pode variar ao longo do ano, com a variação climática e a 
pluviosidade. A água que circula pela zona saturada é chamada de água subterrânea. 
A quantidade de água armazenada nos poros das rochas é diretamente relacionada 
com a sua porosidade, ou seja, a proporção volumétrica de vazios em relação ao 
volume total da rocha. Depósitos de sedimentos inconsolidados (como os solos) 
apresentam porosidade maior que rochas (arenito, calcário, folhelho, rochas 
fraturadas etc.). Uma comparação entre a porosidade de diferentes grãos de solo e de 
rochas é apresentada na Tabela 2.1. 
, 
 
 
25 
 
Tabela 2.1. Porosidade de diferentes grãos de solo e de rochas 
Sedimento Diâmetro 
partícula 
(mm) 
Porosidade 
total (%) 
Rocha 
sedimentar 
Porosidade 
total (%) 
Cascalho > 2,0 24 – 38 Arenito 5 – 30 
Areia grossa 0,2 – 2,0 31 – 46 Siltito 21 – 41 
Areia fina 0,02 – 0,2 26 – 53 Calcário/Dolomito 0 – 40 
Silte 0,002 – 0,02 34 – 61 Calcário cárstico 0 – 40 
Argila < 0,002 34 – 60 Folhelho 0 – 10 
 
Fonte: IRITANI e EZAKI, 2012 
Um reservatório subterrâneo de água recebe o nome de aquífero, e é caracterizado 
por formações geológicassuficientemente permeáveis, com capacidade de armazenar 
água em quantidades que possam ser extraídas e aproveitadas como fonte de 
abastecimento para usos diversos. 
, 
 
 
26 
 
 
Fonte: AMADEU BLASCO via Shutterstock 
Figura 2.3 - Água subterrânea: usos e contaminação de aquíferos 
Os aquíferos podem ser classificados em relação ao tipo de porosidade da rocha que 
armazena a água (Figura 2.4): 
• Granular - Ocorre em rochas sedimentares e sedimentos não consolidados. 
Muitas vezes esse tipo de aquífero é chamado de aquífero sedimentar. 
• Fissural - Ocorre em rochas maciças e compactas (como granitos e gnaisses), 
magmáticas ou metamórficas, que sofreram fraturas ao longo da história 
geológica. Essas fraturas se conectam e formam os reservatórios subterrâneos. 
 
 
, 
 
 
27 
 
• Cárstico - Ocorre nos carstes, exemplificados aqui pelas cavernas e grutas. 
Essas estruturas ocorrem quando certas rochas carbonáticas (por exemplo, os 
calcários), sofrem um processo lento de dissolução aquosa. As águas 
ligeiramente ácidas são provenientes da combinação das águas pluviais ou 
fluviais com o dióxido de carbono (CO2), proveniente da atmosfera ou do solo. 
As cavidades formadas nesses processos podem gerar galerias com rios 
subterrâneos, além de cavernas. 
 
Fonte: Iritani e Ezaki (2010) 
Figura 2.4. Classificação dos aquíferos quanto ao tipo de rocha: aquífero granular, 
fissural ou cárstico 
Outra classificação dos aquíferos é feita com base em suas características hidráulicas: 
• Aquíferos livres - Estão mais próximos da superfície, submetidos à pressão 
atmosférica. 
• Aquíferos confinados - São limitados na parte superior e inferior por rochas de 
baixa permeabilidade (como argila, folhelho, rochas magmáticas, etc.), o que 
faz com que estejam submetidos a uma pressão superior à atmosférica. Nos 
casos em que o nível freático (nível da água) está acima do terreno, temos os 
poços artesianos jorrantes (Figura 2.5). 
, 
 
 
28 
 
 
Fonte: VectorMine via Shutterstock 
Figura 2.5. Classificação dos aquíferos quanto às características hidráulicas: aquífero 
livre, aquífero confinado, e poço artesiano jorrante 
Conclusão 
Neste bloco vimos a classificação das rochas quanto ao processo de origem no ciclo 
das rochas, além das principais estruturas e os aspectos geológicos do território 
brasileiro. Por fim, estudamos a água subterrânea e a influência das rochas na 
formação dos diferentes tipos de aquíferos, e distinguimos aquíferos livres de 
confinados. 
 
 
, 
 
 
29 
 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, F. F. M. Cratons brasileiros. Wikimedia Commons, 1977. Disponível em: 
<https://bit.ly/36lIG4x>. Acesso em: 14 mar. 2022. 
GONZALEZ, M. O Brasil se move para a esquerda, uma área de atritos. Notas Geo, 
2018. Disponível em: <https://bit.ly/36mSk6Y>. Acesso em 30 jan. 2022. 
IRITANI, M. A.; EZAKI, S. As águas subterrâneas do Estado de São Paulo. São Paulo: 
Secretaria do Meio Ambiente – SMA, 2012. 
IRITANI, M. A.; EZAKI, S. Hidrogeologia. São Paulo: Instituto Geológico, 2010. 
Disponível em: <https://bit.ly/34K16vb>. Acesso em: 03 fev. 2022. 
MELFI, A. J.; MISI, A.; CAMPOS, D. A.; CORDANI, U. G. Recursos Minerais no Brasil: 
problemas e desafios. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2016. 
SILVA, N. M.; TADRA, R. M. S. Geologia e pedologia. Curitiba: InterSaberes, 2017. 
 
https://bit.ly/36lIG4x
, 
 
 
30 
 
 
3 INTRODUÇÃO À GEOMORFOLOGIA 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados conceitos e teorias relacionados à geomorfologia. 
Além disso, a estrutura hierárquica do estudo do relevo será definida e exemplos serão 
identificados. Por fim, será apresentada uma visão geral do relevo do Brasil. 
3.1 Noções de Geomorfologia 
A geomorfologia refere-se ao estudo das formas do relevo, e dos processos 
responsáveis pela definição dessas formas. Vejamos a seguir a definição de 
geomorfologia: 
A Geomorfologia é a ciência que estuda as formas de relevo. As formas 
representam a expressão espacial de uma superfície, compondo as 
diferentes configurações da paisagem morfológica. É o seu aspecto visível, a 
sua configuração, que caracteriza o modelo topográfico de uma área. As 
formas de relevo constituem o objeto da Geomorfologia. Mas se as formas 
existem é porque elas foram esculpidas pela ação de determinado processo 
ou grupo de processos. 
Podemos definir processo como sendo uma sequência de ações regulares e 
contínuas que se desenvolvem de maneira relativamente bem especificada 
e levando a um resultado determinado. Dessa maneira, há um 
relacionamento muito grande entre as formas e processo; o estudo de 
ambos pode ser considerado como o objetivo central deste ramo do 
conhecimento, como as características fundamentais do sistema 
geomorfológico, que é um sistema aberto pois recebe influências e também 
atua sobre outros sistemas componentes de seu universo (CHRISTOFOLETTI, 
1980, p. 1). 
Nos sistemas, os processos são responsáveis pelo crescimento e a forma reflete a 
organização da estrutura. Desse modo, as formas do relevo evoluem até atingir um 
equilíbrio dinâmico dado pela proporcionalidade das variáveis geométricas em relação 
aos processos, tornando-se então independentes da escala de tempo. 
Constancio.Alcantara
Realce
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
31 
 
No estudo da geomorfologia, considera-se a existência de diferentes sistemas. Eles são 
os antecedentes e os subsequentes. Os sistemas antecedentes mais importantes no 
estudo do sistema geomorfológico são os seguintes (Figura 3.1): 
• Sistema climático – O calor, a umidade e os movimentos atmosféricos 
sustentam e mantêm o dinamismo dos processos. 
• Sistema biogeográfico – A flora e a fauna atuam como fatores de 
diferenciação, tanto na intensidade, como na modalidade dos processos, e 
também atuam na adição ou subtração de matéria. 
• Sistema geológico - A variação litológica atua como fornecedor de material, 
representando um fator passivo sobre o qual os processos atuam. 
• Sistema antrópico - Causa alterações na distribuição de matéria e energia 
dentro dos sistemas, gerando desequilíbrio. 
 
Fonte: CHRISTOFOLETTI (1980) 
Figura 3.1. Os sistemas antecedentes controladores do sistema geomorfológico. 
A relação entre os sistemas antecedentes e os subsequentes não é linear ou sequencial 
como pode-se sugerir por suas nomenclaturas, pois a ocorrência de um mecanismo de 
retroalimentação possibilita que sistemas subsequentes influenciem sistemas 
antecedentes. 
O mecanismo de retroalimentação pode ser classificado em (Figura 3.2): 
Homem Biogeografia
Clima
Geologia
Processos
Formas
, 
 
 
32 
 
• Retroalimentação direta - Relação direta entre duas variáveis, “em via de mão 
dupla”. 
• Retroalimentação em circuito - Mais de duas variáveis, fechando um circuito. 
• Retroalimentação negativa - Circuito com número ímpar de sinais negativos de 
correlação. Ocorre quando uma variação externa leva o sistema à busca por 
reequilíbrio, sendo o tipo mais comum de retroalimentação. Por exemplo, em 
um rio, o aumento de volume (variação externa) causa aumento de velocidade 
da água (correlação positiva), que causa aumento de erosão (correlação 
positiva), que causa aumento da largura do rio (correlação positiva), que por 
sua vez causa redução da velocidade da água (correlação negativa). 
• Retroalimentação positiva - Circuito com número par de sinais negativos de 
correlação, ou sem sinais negativos de correlação. Ocorre quando uma variação 
externa leva o sistema à destruição. Por exemplo, o desmatamento (variação 
externa) causa redução da capacidade de infiltração de água no solo e aumenta 
o escoamento superficial (correlação negativa), que aumenta a erosão 
(correlação positiva), que também diminui a capacidade de infiltração de água 
no solo (correlação negativa). Com o tempo, o sistema será destruído, pois 
ocorrerá afloramento de rocha, sem mais infiltração ou erosão., 
 
 
33 
 
 
Fonte: CHRISTOFOLETTI (1980) 
Figura 3.2. Os principais tipos de mecanismos de retroalimentação 
3.2 Estrutura da Geomorfologia 
A estrutura da geomorfologia pode ser dividida conforme apresentado a seguir (Figura 
3.3): 
, 
 
 
34 
 
 
Fonte: IBGE (2009) Manual Técnico de Geomorfologia. 
Figura 3.3. Estrutura da geomorfologia. 
1. Domínios Morfoestruturais - Constituem o primeiro nível hierárquico da 
classificação do relevo. Ocorrem em escala regional e são determinados pela 
natureza das rochas e pela tectônica que atua sobre elas. Amplos conjuntos de 
relevos com características próprias foram gerados ao longo do tempo 
geológico, sob efeito de fatores climáticos. 
2. Regiões Geomorfológicas - Constituem o segundo nível hierárquico da 
classificação do relevo. Encontram-se inseridos nos conjuntos 
litomorfoestruturais, e em função de fatores climáticos apresentam 
características genéticas comuns, agrupando feições semelhantes, associadas 
às formações superficiais e às fitofisionomias. A distribuição espacial e a 
localização geográfica também são consideradas na identificação dessas 
regiões. O Planalto da Borborema, a Chapada Diamantina, a Serra do 
Espinhaço, a Serra da Mantiqueira e o Planalto das Araucárias são exemplos de 
Regiões Geomorfológicas. 
, 
 
 
35 
 
 
Fonte: RTZSTUDIO via shutterstock 
Figura 3.4 – Exemplo de regiões geomorfológicas – Chapada Diamantina (BA) 
 
Fonte: LUCIANA TANCREDO via Shutterstock 
Figura 3.5 - Exemplos de regiões geomorfológicas - Serra da Mantiqueira (MG) 
3. Unidades Geomorfológicas - Constituem o terceiro nível hierárquico da 
classificação do relevo. Apresentam formas altimétrica e fisionomicamente 
semelhantes em seus diversos tipos de modelados, explicadas por fatores 
paleoclimáticos, litológicos e estruturais. A Planície Amazônica, o Planalto dos 
Guimarães, a Serra da Canastra e o Planalto dos Campos Gerais são alguns 
exemplos de Unidades Geomorfológicas 
, 
 
 
36 
 
 
Fonte: CAIO PEDERNEIRAS via Shutterstock 
Figura 3.6. Exemplos de unidades geomorfológicas - Planalto dos Guimarães (MT) 
 
Fonte: RAPHAEL COMBER SALES via Shutterstock 
Figura 3.7. Exemplos de unidades geomorfológicas - Serra da Canastra (MG) 
4. Modelados - Constituem o quarto nível hierárquico da classificação do relevo. 
Em função da gênese em comum e dos processos morfogenéticos, ocorre um 
padrão de formas de relevo que apresentam definição geométrica similar. Os 
modelados podem ser classificados em quatro tipos. Eles são: 
, 
 
 
37 
 
• Modelados de acumulação - Em função de sua gênese, podem ser 
fluviais, lacustres, marinhos, lagunares, eólicos ou de gêneses mistas. 
• Modelados de aplanamento - Identificados em função de sua gênese e 
funcionalidade, combinadas ao seu estado atual de conservação ou 
degradação, determinado por processos erosivos posteriores à sua 
elaboração. 
• Modelados de dissolução - Ocorrem em rochas carbonáticas e sua 
evolução é identificada com base em seu aspecto em superfície ou em 
subsuperfície. 
• Modelados de dissecação: ocorrem de forma mais generalizada na 
paisagem brasileira, e são definidos pela forma dos topos e pelo 
aprofundamento e densidade da drenagem. 
As feições de topo do relevo são classificadas em: 
• Convexas (c) – Geralmente esculpidas em rochas ígneas, metamórficas e 
eventualmente em sedimentos, às vezes denotando controle estrutural; 
• Tabulares (t) – Geralmente esculpidas em coberturas sedimentares 
inconsolidadas e rochas metamórficas, denotando eventual controle 
estrutural; 
• Aguçadas (a) - Esculpidas em rochas metamórficas, e, eventualmente, 
em rochas ígneas e sedimentares, denotando controle estrutural. 
5. Formas de Relevo: Constituem o quinto nível hierárquico da classificação do 
relevo. São feições que, por sua dimensão espacial, somente podem ser 
representadas por símbolos lineares ou pontuais. Deltas, falésias, meandros 
abandonados, dunas, e sumidouros são exemplos de formas de relevo. 
 
 
, 
 
 
38 
 
3.3 Relevo do Brasil 
Com base em novos conceitos, foram definidos quatro domínios morfoestruturais para 
o Brasil (Figura 3.8): 
• Depósitos sedimentares quaternários - Esse domínio é constituído 
pelas áreas de acumulação representadas pelas planícies e terraços 
de baixa declividade e, eventualmente, depressões modeladas 
sobre depósitos de sedimentos horizontais a sub-horizontais de 
ambientes fluviais, marinhos, fluviomarinhos, lagunares e/ou 
eólicos, dispostos na zona costeira ou no interior do continente. 
• Bacias e coberturas sedimentares fanerozóicas - Planaltos e 
chapadas desenvolvidos sobre rochas sedimentares horizontais a 
sub-horizontais, eventualmente dobradas e/ou falhadas, em 
ambientes de sedimentação diversos, dispostos nas margens 
continentais e/ou no interior do continente. 
• Cinturões Móveis Neoproterozóicos - Compreendem extensas 
áreas representadas por planaltos, alinhamentos serranos e 
depressões interplanálticas elaborados em terrenos dobrados e 
falhados, incluindo principalmente metamorfitos e granitóides 
associados. 
• Crátons Neoproterozóicos - Planaltos residuais, chapadas e 
depressões interplanálticas, tendo como embasamento 
metamorfitos e granitóides associados e incluindo como cobertura 
rochas sedimentares e/ou vulcano-plutonismo, deformados ou não 
(IBGE, 2009, p.29). 
, 
 
 
39 
 
 
Fonte: IBGE (2009) Manual Técnico de Geomorfologia 
Figura 3.8. Domínios morfoclimáticos e morfoestruturais do Brasil 
As unidades geomorfológicas são compostas por conjuntos de formas de relevo que 
constituem compartimentos identificados como planícies, depressões, tabuleiros, 
chapadas, patamares, planaltos e serras, conforme descrito a seguir: 
• Planícies - São conjuntos de formas de relevo planas ou 
suavemente onduladas, em geral posicionadas a baixa altitude, e 
em que processos de sedimentação superam os de erosão. 
• Tabuleiros e chapadas - São conjuntos de formas de relevo de topo 
plano, elaboradas em rochas sedimentares, em geral limitadas por 
escarpas; os tabuleiros apresentam altitudes relativamente baixas, 
enquanto as chapadas situam-se em altitudes mais elevadas. 
, 
 
 
40 
 
• Depressões - São conjuntos de relevos planos ou ondulados 
situados abaixo do nível das regiões vizinhas, elaborados em rochas 
de classes variadas. 
• Patamares - São relevos planos ou ondulados, elaborados em 
diferentes classes de rochas, constituindo superfícies 
intermediárias ou degraus entre áreas de relevos mais elevados e 
áreas topograficamente mais baixas. 
• Planaltos - São conjuntos de relevos planos ou dissecados, de 
altitudes elevadas, limitados, pelo menos em um lado, por 
superfícies mais baixas, onde os processos de erosão superam os 
de sedimentação. 
• Serras - Constituem relevos acidentados, elaborados em rochas 
diversas, formando cristas e cumeadas ou as bordas escarpadas de 
planaltos (IBGE, 2009, p.30). 
Os compartimentos de relevo do Brasil estão distribuídos conforme representado na 
Figura 3.9. 
, 
 
 
41 
 
 
Fonte: IBGE (2009) Manual Técnico de Geomorfologia 
Figura 3.9. Compartimentos de relevo do Brasil 
Conclusão 
Neste bloco, vimos a definição de geomorfologia, os diferentes sistemas que 
controlam o sistema geomorfológico, e os níveis de hierarquia da classificação do 
relevo. Além disso, estudamos os processos envolvidos na determinação das formas 
do relevo, e identificamos os compartimentos de relevo do Brasil. 
REFERÊNCIAS 
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2 Ed. São Paulo: Blucher, 1980. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / Coordenação de Recursos 
Naturais e Estudos Ambientais. Manual técnico de geomorfologia. 2.ed. Rio de 
Janeiro: IBGE, 2009. 182 p. 
 
, 
 
 
42 
 
 
4 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA 
Apresentação 
Neste bloco serão apresentados os processos e os fatores condicionantes para a 
formação dos solos. Serãodefinidos critérios para a sua caracterização, e indicados 
métodos de ensaios em laboratório para determinação de sua composição 
granulométrica. Por fim, será apresentada uma síntese das classes de solos do Brasil e 
suas respectivas características. 
4.1 Formação dos solos 
A pedologia refere-se ao estudo do solo, incluindo os processos responsáveis pela 
formação dos seus diferentes tipos. Vejamos a seguir a definição de solo: 
Trata-se de uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, 
líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais 
minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das 
extensões continentais do nosso planeta, contêm matéria viva e podem ser 
vegetados na natureza onde ocorrem e, eventualmente, terem sido 
modificados por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2018, p. 27). 
Os processos de formação dos solos são condicionados a cinco fatores (Figura 4.1): 
• Material de origem - O solo pode ter como material de origem diferentes 
rochas e sedimentos, que determinam os seus atributos. As características de 
composição química e mineralógica das rochas são determinantes na formação 
dos solos. As rochas expostas sofrem ação direta do sol, das chuvas, e dos 
organismos, fenômeno denominado intemperismo ou meteorização. Os 
sedimentos podem ser classificados como coluviais (aqueles originários de 
pontos mais altos do relevo e depositados ao longo da encosta) e aluviais 
(aqueles depositados por transbordamento de rios). 
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
43 
 
• Clima - A temperatura, a precipitação e a umidade regulam o intemperismo das 
rochas, e o crescimento dos organismos. A água das chuvas causa efeitos 
diretos para a formação do solo: 
I. As reações de hidrólise alteram o material de origem; 
II. A água atua nas ações de translocação, adição ou remoção de materiais 
no interior do perfil do solo. 
Já o efeito da temperatura é indireto: interfere na velocidade das reações 
químicas e do intemperismo. 
• Organismos - A presença de organismos da fauna e da flora ocasiona processos 
de decomposição e humificação, que influenciam a formação dos solos. A 
adição de matéria orgânica de origem vegetal ao solo e sua decomposição pela 
ação de formigas, minhocas e microrganismos influencia na agregação de 
partículas, na infiltração de água e no escurecimento do horizonte superficial. 
• Relevo - A dinâmica dos fluxos de água é regulada pelo relevo, que tem efeitos 
sobre as condições de drenagem, a lixiviação de solutos e a ocorrência de 
processos erosivos. Os pontos mais altos da paisagem (mais distantes do lençol 
freático) possuem boas condições de drenagem. Baixas declividades favorecem 
a infiltração da água, enquanto altas declividades favorecem o escoamento 
superficial, aumentando a suscetibilidade à erosão e promovendo o 
rejuvenescimento do solo. 
• Tempo - A relação do tempo com a formação do solo refere-se à evolução e à 
sua maturidade. Quanto mais tempo o material de origem fica exposto, maior a 
ação do intemperismo. 
, 
 
 
44 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
Figura 4.1. Fatores de formação dos solos 
A formação dos solos ocorre em função de quatro ações principais. Elas são adição, 
remoção, translocação e transformação (Figura 4.2): 
• Adição – Trata-se de qualquer material proveniente do exterior de um corpo de solo 
como, por exemplo, água, matéria orgânica, sedimentos aluviais e coluviais. 
• Remoção - Trata-se da perda de material da superfície ou do interior de um corpo de 
solo. Por exemplo, na superfície solo, pode ocorrer a perda de partículas transportadas 
pela água das chuvas ou pelos ventos. No interior de um corpo de solo, pode ocorrer 
perda por lixiviação (perda de solutos orgânicos ou minerais por percolação da 
solução no solo). 
• Translocação - Trata-se do deslocamento de material dentro de um corpo de solo, sem 
que haja perda para fora. Por exemplo, em locais pouco chuvosos, comumente, a 
lixiviação é incompleta, de modo que a solução começa a percolar, em parte evapora, 
e deixa os sais no solo. 
• Transformação - Trata-se da alteração química e/ou física de constituintes de um 
corpo de solo como, por exemplo, a transformação de resíduos orgânicos em húmus 
por atividade microbiana. 
Solo
Material 
de 
origem
Relevo
Clima
Organis
mos
Tempo
Constancio.Alcantara
Realce
, 
 
 
45 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora 
Figura 4.2 - Processos de formação dos solos 
As ações de adição, remoção, translocação e transformação ocasionam a formação de 
diferentes seções horizontais (denominadas horizontes do solo), que se diferenciam 
gradativamente da rocha de origem à medida que se distanciam da rocha não alterada 
(Figura 4.3). 
, 
 
 
46 
 
 
Fonte: AMADEU BLASCO 
Figura 4.3 - Representação esquemática da formação dos horizontes dos solos 
4.2 Caracterização dos solos 
Os solos podem ser caracterizados quanto à identificação de seus horizontes e 
camadas principais, de modo que um solo bem desenvolvido apresenta cinco tipos de 
horizontes, conforme descrito a seguir (Figura 4.4): 
• Horizonte O - Horizonte orgânico de solos minerais. 
• Horizonte A - Horizonte mineral com acúmulo de húmus. 
, 
 
 
47 
 
• Horizonte E - Horizonte claro de máxima remoção de argila e/ou óxidos de 
ferro. 
• Horizonte B - Horizonte claro de máxima expressão de cor e agregação ou de 
concentração de materiais removidos dos horizontes A e/ou E. 
• Horizonte C - Material inconsolidado de rocha alterada. 
• Camada R - Rocha não alterada. 
 
Fonte: ELLEN BRONSTAYN via Shutterstock 
Figura 4.4 - Representação esquemática de um perfil de solo com os principais 
horizontes 
, 
 
 
48 
 
Além dos horizontes principais, podem ser utilizados sufixos representados por letras 
minúsculas, que indicam alguma característica de destaque (Quadro 4.1). 
Quadro 4.1. Sufixos para identificação de horizontes do solo 
Sufixo Característica 
d Avançado estado de transformação da matéria orgânica 
f Material laterítico brando ou plintita 
g Gleização intensa 
h Acúmulo de material orgânico coloidal iluvial 
i Desenvolvimento incipiente de horizonte 
j Tiomorfismo 
n Acúmulo de sódio trocável 
o Material orgânico não decomposto 
p Aração ou outras pedoturbações 
r Rocha branda ou saprólito (exclusivo do horizonte C) 
s Acúmulo iluvial de óxidos de ferro e alumínio com matéria orgânica 
t Acúmulo de argila (iluvial ou não) 
w Intensa intemperização com inexpressiva acumulação de argila 
 
As características morfológicas dos solos incluem: 
• Cor - É considerada uma das propriedades morfológicas mais importantes, pois 
possibilita a delimitação de horizontes, e é indicativa do teor de matéria 
orgânica, do grau de oxidação/hidratação dos compostos de ferro, e da 
condição de drenagem. Por exemplo, solos escuros indicam elevados teores de 
matéria orgânica decomposta; óxi-hidróxidos de ferro apresentam coloração 
avermelhada quando desidratados e amarelada quando hidratados; 
tonalidades de cinza com pequenas manchas indicam presença permanente de 
água. A cor do solo deve ser identificada por comparação com uma escala 
padronizada de cores, a Carta de Cores de Munsell para Solos (Figura 4.5). 
, 
 
 
49 
 
 
Fonte: Fort Monroe Contraband Archaeological Dig, 2010. 
Figura 4.5 - Identificação da cor do solo por comparação de solo com a Carta de Cores 
de Munsell para Solos 
• Textura - Definida com base nas proporções das partículas de areia, silte e 
argila presentes no solo (Quadro 4.2). As frações de cada tipo de partícula são 
determinadas a partir da análise granulométrica do solo, em dois ensaios de 
laboratório: 
1) Ensaio de peneiramento (Figura 4.6) - Emprego de peneiras com 
diferentes aberturas para separação de partículas grossas (d > 0,075 
mm); 
2) 2) ensaio de sedimentação (Figura 4.7) - Para separação de partículas 
finas (d < 0,075 mm), com basena velocidade de sedimentação das 
partículas em solução aquosa com uso de um dispersante, por exemplo, 
hidróxido de sódio. 
Com base nos resultados da análise granulométrica do solo, o Triângulo 
Textural (Figura 4.8) é utilizado para identificar a classe solo. 
 
 
, 
 
 
50 
 
Quadro 4.2. Granulometria dos constituintes do solo 
Constituinte Granulometria (diâmetro médio) – mm 
Calhaus (pedras) 20 ≤ d < 200 
Cascalho 2 ≤ d < 20 
Areia 0,05 ≤ d < 2 
Silte 0,002 ≤ d < 0,05 
Argila d < 0,002 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Fonte: ZETTABYTE via Shutterstock 
Figura 4.6 – Ensaio de peneiramento – Conjunto de peneiras em agitador 
 
Fonte: NEW AFRICA via Shutterstock 
Figura 4.7. Ensaio de peneiramento - Detalhe de amostra de solo em peneira 
, 
 
 
51 
 
 
Fonte: BLUE RING MEDIA via Shuttersock 
Figura 4.8. Ensaio de sedimentação do solo - 1) solo e solução aquosa de dispersante, 
2) mistura homogênea, 3) material sedimentado 
 
Fonte: ALI DM via Shutterstock 
Figura 4.9. Ensaio de sedimentação do solo - Detalhe da mistura homogênea e das 
camadas de sedimentação 
, 
 
 
52 
 
 
Fonte: VECTORMINE via Shutterstock 
Figura 4.10 - Triângulo textural para determinação de textura do solo 
• Estrutura - Refere-se ao arranjo das partículas de solo em aglomerados ou 
agregados. A descrição da estrutura é feita quanto à forma: 
A. Prismática - Eixo vertical maior que o eixo horizontal, base em prisma 
laminar; 
B. Colunar - Eixo vertical maior que o eixo horizontal, base arredondada; 
C. Blocos angulares - Dimensões x, y e z equivalentes, com faces planas e 
vértices angulares; 
, 
 
 
53 
 
D. Blocos subangulares - dimensões x, y e z equivalentes, com faces e 
vértices arredondados; 
E. Laminar - Arranjo segundo um plano horizontal; 
F. Granular - Aspecto arredondado, sem faces de contato (Figura 4.9). 
 
Fonte: BIJLTJESPAD,1989. 
Figura 4.11 - Tipos de estrutura de solo - A) prismática; B) colunar; C) blocos 
angulares; D) blocos subangulares; E) laminar; F) granular 
• Consistência - Definida pelas forças físicas de coesão e adesão, em função da 
umidade do material de solo, dividida em: 
I. Consistência do material seco - Avalia o grau de dureza ou tenacidade 
de amostras indeformadas (torrões), e é classificada em solta, macia, 
ligeiramente dura, dura, muito dura ou extremamente dura; 
II. Consistência do material úmido - Classifica o grau de friabilidade de 
torrões em solto, muito friável, firme, muito firme ou extremamente 
firme; 
, 
 
 
54 
 
III. Consistência do material molhado - Avalia o grau de plasticidade 
(capacidade de ser moldado) em não plástico, ligeiramente plástico, 
plástico e muito plástico; e o grau de pegajosidade (capacidade de 
aderir a outros objetos) em não pegajoso, ligeiramente pegajoso, 
pegajoso e muito pegajoso. 
4.3 Solos do Brasil 
O relevo do território brasileiro não sofre grandes alterações desde o final do período 
Cretáceo e, por isso, a natureza da rocha e o relevo apresentam importância 
secundária na formação dos solos do Brasil, sendo o clima o principal fator de 
influência. 
No Brasil, os latossolos são os solos mais importantes, pois estão presentes em 
praticamente todo o território nacional. Eles são típicos de clima tropical úmido e 
semiúmido e se desenvolvem a partir de todos os tipos de rocha, em terrenos planos 
ou pouco ondulados. Em geral, os latossolos são solos muito profundos (> 2 m), bem 
desenvolvidos, constituídos por argilas de baixa atividade, com cor característica em 
tons de amarelo a vermelho-escuro (óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio), e baixa 
capacidade de troca catiônica. 
O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), atualmente em sua quinta 
edição, baseia-se no antigo sistema americano, e consiste em modificações que 
tiveram início na década de 1950, a partir de levantamentos pedológicos realizados em 
todos os estados brasileiros. O mapa de solos do Brasil é apresentado na Figura 4.12 e 
uma síntese das classes de solos do Brasil e suas respectivas características é 
apresentada no Quadro 4.3. 
, 
 
 
55 
 
 
Fonte: IBGE (2015). 
Figura 4.12 Mapa de solos do Brasil. 
Quadro 4.3. Classes de solos do SiBCS 
Classe de 
solo 
Principais características 
Alissolo Solo com horizonte B textural e com alto conteúdo de alumínio 
extraível, além de ser ácido. 
Argissolo Solo bem evoluído, argiloso, apresentando mobilização de argila da 
parte mais superficial. 
Cambissolo Solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente. 
, 
 
 
56 
 
Chernossolo Solo com desenvolvimento médio; atuação de processo de 
bissialitização, podendo ou não apresentar acumulação de carbonato de 
cálcio. 
Espodossolo Solo evidenciando a atuação do processo de podzolização; forte 
eluviação de compostos aluminosos, com ou sem ferro, presença de 
húmus ácido. 
Gleissolo Solo hidromórfico (saturado em água), rico em matéria orgânica, 
apresentando intensa redução dos compostos de ferro. 
Latossolo Solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais 1:1 e oxi-
hidróxidos de ferro e alumínio. 
Luvissolo Solo com horizonte B de acumulação (B textural), formado por argila de 
atividade alta (bissialitização); horizonte superior lixiviado. 
Neossolo Solo pouco evoluído, com ausência de horizonte B. Predominam as 
características herdadas do material original. 
Nitossolo Solo bem evoluído (argila caulinítica – oxi-hidróxidos), fortemente 
estruturado (estrutura em blocos), apresentando superfícies brilhantes 
(cerosidade). 
Organossolo Solo essencialmente orgânico; material original constitui o próprio solo. 
Planossolo Solo com forte perda de argila na parte superficial e concentração 
intensa de argila no horizonte subsuperficial. 
Plintossolo Solo com expressiva plintitização (segregação e concentração localizada 
de ferro). 
Vertissolo Solo com desenvolvimento restrito; apresenta expansão e contração 
pela presença de argilas 2:1 expansivas. 
Fonte: Adaptado de Branco (2014) 
, 
 
 
57 
 
Conclusão 
Neste bloco vimos que aspectos geológicos e geomorfológicos desempenham 
importante influência na formação dos solos. Estudamos os fatores e os processos 
determinantes na formação das diferentes classes de solos, e vimos as principais 
características dos solos brasileiros. 
REFERÊNCIAS 
BIJLTJESPAD. Soil structure. Wikimedia Commons, 1989. Disponível em: 
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Soil_structure.jpg>. Acesso em: 16 mar. 
2022. 
BRANCO, P. M. Os solos. Brasília: CPRM – Serviço Geológico do Brasil. 2014. Disponível 
em: <https://bit.ly/3u6Dlq1>. Acesso em 14 fev. 2022. 
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de 
Classificação de Solos. 5. ed. Brasília: Embrapa, 2018. 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de pedologia. 3. 
ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. 
LEPSCH, I. F. 19 lições de pedologia. 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2021. 
LEPSCH, I. F. Formação e conservação dos solos. 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 
2010. 
PEREIRA, M. G.; ANJOS, L. H. C.; PINHEIRO JUNIOR, C. R. et al. Formação e 
caracterização de solos. In: TULLIO, L. (org.) Formação, Classificação e Cartografia dos 
Solos. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019. 
U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS NORFOLK DISTRICT. Fort Monroe Contraband 
Archaeological Dig. Wikimedia Commons, 2010. Disponível em: 
<https://bit.ly/3KFltJo>. Acesso em: 16 mar. 2022. 
 
 
, 
 
 
58 
 
 
5 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados conceitos relacionados aos processos de degradação 
dos solos e às técnicas de recuperação de áreas degradadas. A bioengenharia de solos 
será definida e as técnicas aplicáveis serão exemplificadas e ilustradas. 
5.1 Processos de degradação do solo 
O principal processo de degradação dos solos é a erosão, que é um processo natural, 
mas que pode ser intensificadopela ação humana. A erosão tem papel fundamental na 
formação dos solos, das rochas e da paisagem, e está inserida na dinâmica de 
intemperismo, transporte e deposição (Figura 5.1). 
 
Fonte: VECTORMINE via Shutterstock 
Figura 5.1. Dinâmica de intemperismo, erosão, transporte e deposição 
, 
 
 
59 
 
Vejamos a seguir as principais características dos processos de intemperismo, erosão, 
transporte e deposição: 
• Intemperismo - Processo de decomposição e desintegração (ou desgaste) de 
rochas e solos. Pode ocorrer por ação de vento, água e/ou temperatura, e é 
subdividido em: 
I. Físico - Causado por amplitude térmica, congelamento, 
descongelamento, correnteza, e ondas, por exemplo; 
II. Químico - Ocorre a partir de reações químicas, principalmente em 
presença de água, decompondo minerais; 
III. Biológico - A presença de plantas e animais intensificam os processos. 
• Erosão - Pode ser entendida como a “separação” das partículas e compostos 
intemperizados das rochas e camadas de solo. Alguns especialistas consideram 
que a erosão é a combinação dos processos de intemperismo e transporte. Ela 
pode ser classificada quanto ao fator de atuação, como éolica (ação do vento), 
fluvial (ação de rios), marinha (ação do mar) e glacial (ação do gelo). 
 
Fonte: VLADIMIR MELNIK via Shutterstock 
Figura 5.2 - Exemplos de processos de intemperismo e erosão - eólica 
, 
 
 
60 
 
 
Fonte: SKREIDZELEU via Shutterstock 
Figura 5.3 - Exemplos de processos de intemperismo e erosão - fluvial 
 
Fonte: TERO HAKALA via Shutterstock 
Figura 5.4 - Exemplos de processos de intemperismo e erosão - marinha 
, 
 
 
61 
 
 
Fonte: K I PHOTOGRAPHY via Shutterstock 
Figura 5.5 - Exemplos de processos de intemperismo e erosão - glacial. 
• Transporte – Trata-se do carreamento das partículas e/ou compostos, 
separados das massas rochosas ou de solo. Normalmente ocorre por meio da 
ação de vento ou água. 
• Deposição/sedimentação - é o processo de deposição das partículas separadas 
pela ação do intemperismo. Elas são levadas até locais planos ou que tenham 
limitações físicas, impossibilitando que as partículas continuem sendo 
transportadas. Esse processo é fundamental na formação de rochas 
sedimentares e perfis de solo transportado. 
Um importante processo de erosão do solo refere-se à erosão hídrica (aquela causada 
principalmente por precipitações) que é classificada quanto à forma em: 
• Erosão por salpico - Partículas de solo são desagregadas na superfície devido 
ao impacto direto das gotas de chuva, o que causa a obstrução dos poros do 
solo e leva à formação de uma superfície selante, que ocasiona o aumento de 
velocidade do escoamento superficial (Figura 5.6). 
 
 
, 
 
 
62 
 
• Erosão laminar - Partículas de solo são provenientes da erosão por salpico e 
são removidas por meio do escoamento superficial da água, em áreas com 
relevo pouco acidentado. Esse tipo de erosão é um grande problema para áreas 
agrícolas, pela perda das porções superficiais de solo e, consequentemente, 
perda de matéria orgânica, nutrientes, e camada suporte para o plantio (Figura 
5.7). 
• Erosão linear ou em sulcos - Ocorre quando a água proveniente do 
escoamento superficial percorre o solo por meio de caminhos preferenciais, 
formando sulcos (Figura 5.8). Esses sulcos podem ser superficiais (denominados 
ravinas) (Figura 5.9) ou mais largos e profundos, possivelmente atingindo o 
lençol freático (conhecidos como voçorocas) (Figura 5.10). As voçorocas são 
formadas devido aos escoamentos superficial e subsuperficial da água. 
• Erosão por deslizamento de terra - Tem como característica o escorregamento 
de grande volume de solo, a partir de movimentos rápidos. Ocorre como 
consequência de descontinuidades no perfil do solo, taludes mal executados, 
ou em função da dinâmica de relevos acidentados (Figura 5.11 e 5.12). 
 
Fonte: AMADEU BLASCO via Shutterstock 
Figura 5.6. Representação esquemática de erosão por salpico 
, 
 
 
63 
 
 
Fonte: DANIL EVSKYI via Shutterstock 
Figura 5.7 - Exemplo de erosão laminar 
 
Fonte: MERYLL via Shutterstock 
Figura 5.8 - Exemplo de erosão linear 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Danilevskyi+Mykhailo
https://www.shutterstock.com/pt/g/meryll
, 
 
 
64 
 
 
 
Fonte: EVGENIY_16 via Shutterstock 
Figura 5.9 - exemplo de ravina 
 
Fonte: LYNETTE KNOTT RUDMAN via Shutterstock 
Figura 5.10 - Exemplo de voçoroca 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Evgeniy_16
https://www.shutterstock.com/pt/g/LynetteKnottRudman
, 
 
 
65 
 
 
Fonte: EREBORMOUNTAIN via Shutterstock 
Figura 5.11 - Representação esquemática de deslizamento de terra 
 
Fonte: GOROSAN via Shutterstock 
Figura 5.12 - Exemplo de erosão por deslizamento de terra 
Embora a erosão seja um processo natural, quando intensificado pela ação humana, as 
taxas de perda de solo ultrapassam os níveis naturais e a erosão passa a ser um 
problema grave, em razão de consequências como: 
 
https://www.shutterstock.com/pt/g/lukaves
, 
 
 
66 
 
• Perda de nutrientes da camada superficial do solo; 
• Redução da penetração de raízes no solo; 
• Diminuição do armazenamento de água no solo; 
• Perda de áreas agricultáveis; 
• Assoreamento de rios e mares, causado pelas partículas de solo desprendidas 
pelas ações erosivas; 
• Poluição de corpos d’água, devido ao transporte de defensivos agrícolas 
aderidos às partículas de solo. 
As causas de intensificação de processos erosivos por ação humana incluem: 
• Desmatamento; 
• Baixa adesão de práticas conservacionistas na agricultura e pecuária; 
• Falta de planejamento urbano; 
• Ruas não pavimentadas; 
• Insuficiência de sistemas de esgotamento sanitário e de águas pluviais; 
• Dimensionamento inadequado para o escoamento de água; 
• Construção de rodovias sem cuidados especiais; 
• Mineração e outras atividades econômicas que podem tornar o solo 
desprotegido. 
5.2 Recuperação de áreas degradadas 
Para compreender a importância da recuperação de áreas degradadas, vejamos 
algumas definições apresentadas na Instrução Normativa Nº. 4 (IBAMA, 2011), que 
dispõe sobre a elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas: 
, 
 
 
67 
 
Área degradada: área impossibilitada de retornar por uma trajetória 
natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado conhecido antes, 
ou para outro estado que poderia ser esperado. 
Área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda mantém 
meios de regeneração biótica, ou seja, possui capacidade de regeneração 
natural. 
Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre 
degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua 
condição original. (IBAMA, 2011, p.2) 
Observamos que uma área degradada é inapta a desenvolver um processo de 
regeneração natural, e, portanto, é uma área que demanda intervenção. Podemos 
entender que o principal objetivo da recuperação de uma área degradada é a transição 
dessa área a uma condição não degradada. Para alcançar esse objetivo é comum 
recorrer à recuperação das funções pedológicas do solo, em associação ao plantio de 
espécies vegetais preferencialmente nativas. 
As principais etapas para a recuperação de áreas degradadas são: 
1. Interrupção do fator de degradação - Consiste em interromper ou eliminar as 
ações que estão causando a degradação do solo, como por exemplo, 
mineração, execução de obras civis, atividades de pecuária, agricultura ou 
mesmo incêndios. 
2. Análise do solo - Consiste em coletar e analisar amostras de solo, com o 
objetivo de avaliar a necessidade de correções, tais como adubação, calagem, 
aração e subsolagem. 
3. Seleção da técnica de recuperação - Após a determinação da qualidade do 
solo, é importante selecionar a técnica de recuperação que será utilizada para 
possibilitar o crescimento de vegetação nativa (Quadro 5.1). 
4. Seleção de espécies para recuperação - Após a seleçãoda técnica de 
recuperação, devem ser escolhidas as espécies que serão utilizadas. 
Recomenda-se o emprego de espécies nativas diversas, de modo que nenhuma 
ultrapasse 15% do número total de indivíduos. Indica-se também o uso de 
espécies pioneiras, que apresentam maior tolerância à luz direta durante o 
crescimento. 
, 
 
 
68 
 
5. Monitoramento e manutenção da área - Após o plantio deve-se avaliar o 
desenvolvimento das espécies e verificar constantemente a necessidade de 
manutenção. 
6. Verificação do sucesso da recuperação - Considera-se que uma área 
recuperada é aquela que possui recursos suficientes para assegurar seu 
desenvolvimento sem necessidade de manutenção, ou seja, quando os 
processos ecológicos e a biodiversidade estão restabelecidos e o ambiente 
encontra-se em equilíbrio. 
Quadro 5.1. Técnicas de recuperação de áreas degradadas e principais características 
Regeneração 
natural* 
Consiste no monitoramento das condições naturais do próprio 
ambiente. Depende de um solo em condição não compactada, da 
existência de bancos de sementes, e/ou de proximidade a uma 
floresta (Figura 5.13). 
Enriquecimento Consiste no plantio de sementes ou mudas em áreas que mantêm 
algumas características naturais (áreas alteradas ou perturbadas). 
Geralmente, essas áreas estão cobertas por capoeiras (gramíneas e 
arbustos esparsos). 
Adensamento Consiste no plantio de sementes ou mudas de espécies nativas em 
espaços não vegetados, e visa aumentar a cobertura por espécies 
nativas, bem como a viabilidade de regeneração natural, enquanto 
controla espécies indesejáveis. 
Nucleação Busca formar núcleos de vegetação e consiste no uso de espécies 
capazes de melhorar as condições do ambiente. Nessa técnica, 
também há o favorecimento de interações entre plantas e animais, 
visando processos como dispersão de sementes e polinização. 
Semeadura Plantio de sementes de espécies nativas da região, que pode ser 
feito em linha ou por lançamento ao solo. 
, 
 
 
69 
 
Plantio de 
mudas 
Plantio de mudas de espécies nativas da região, que pode ser feito 
em linha ou de forma aleatória. 
*somente aplicável para áreas alteradas ou perturbadas 
 
 
Fonte: EREBORMOUNTAIN via Shutterstock 
Figura 5.13 - Representação esquemática de sucessão secundária, em processo de 
regeneração natural 
 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/g/lukaves
, 
 
 
70 
 
5.3 Técnicas de bioengenharia aplicadas ao controle da degradação de solos 
As técnicas de bioengenharia de solos diferem das técnicas de reflorestamento, por 
terem objetivos distintos. As técnicas de bioengenharia utilizam espécies vegetais 
leves e de raízes profundas (em geral, capins e arbustos) com o objetivo de estabilizar 
as camadas subsuperficiais do solo, e proporcionar proteção contra erosão superficial. 
Já as técnicas de reflorestamento têm como objetivo recompor as condições 
ecológicas de áreas degradadas, com preferência pelo plantio de espécies nativas. As 
técnicas não são excludentes, mas complementares, visto que a estabilização do solo 
favorece o desenvolvimento da vegetação nativa. 
Muitas vezes, as técnicas de bioengenharia são a única alternativa viável para o 
controle de erosão em locais inacessíveis a maquinários. Essas técnicas baseiam-se no 
pressuposto de que um ecossistema saudável é capaz de se autossustentar sem a 
necessidade de intervenções pesadas e/ou dispendiosas. Desse modo, as técnicas de 
bioengenharia aplicadas a solos constituem uma alternativa às intervenções 
tradicionais da engenharia, e são caracterizadas pelo uso mínimo de equipamentos e 
movimentação de solo, e baixos níveis de perturbação ao meio. 
É importante destacar que a bioengenharia não substitui as técnicas tradicionais de 
engenharia, mas constitui uma alternativa viável para a recuperação de áreas 
degradadas. A integração de elementos inertes naturais ou sintéticos com espécies 
vegetais é fundamental para que as técnicas de bioengenharia sejam bem-sucedidas 
no controle da erosão. Os principais materiais naturais empregados em bioengenharia 
são madeira, bambu, blocos de rochas, areia e fibras naturais. Dentre os materiais 
sintéticos pode-se citar pneus, geocélulas e geotêxtil. 
A adoção de técnicas de bioengenharia de solos apresenta vantagens técnicas, 
econômicas, ecológicas, e paisagísticas, bem como algumas limitações de ordem 
técnica (Quadro 5.2). 
 
 
, 
 
 
71 
 
Quadro 5.2. Vantagens e limitações da adoção de técnicas de bioengenharia de solos 
Vantagens • Controle de erosão por salpico; 
• Controle de escoamento superficial; 
• Controle de erosão eólica; 
• Melhoria da estrutura do solo; 
• Melhoria na drenagem do solo pelas raízes das plantas; 
• Regulação de umidade e temperatura na superfície do solo; 
• Aumento da estabilidade de encostas; 
• Baixos custos (construção e manutenção); 
• Utilização de materiais biodegradáveis; 
• Integração com a paisagem; 
• Prevenção de poluição visual. 
Limitações • Germinação malsucedida de sementes; 
• Transporte de sementes pela água da chuva; 
• Utilização de plantas para alimentação de animais; 
• Necessidade de retrabalho em decorrência das limitações 
citadas. 
 
Vejamos a seguir algumas técnicas de bioengenharia de solos que podem ser utilizadas 
para contenção de processos erosivos e deslizamentos de terra: 
 
, 
 
 
72 
 
• Uso de fibras sintéticas ou naturais - As fibras são empregadas em conjunto 
com técnicas de plantio e têm a função de reter as partículas de solo, bem 
como as sementes aplicadas na revegetação de áreas erodidas. As fibras 
naturais têm a vantagem de serem biodegradáveis e, após o crescimento e 
amadurecimento da vegetação, são incorporadas naturalmente pelo meio 
(Figura 5.14 e 5.15). 
 
Fonte: CHENG WEI via Shutterstock 
Figura 5.14 - Aplicação de fibras para contenção de erosão - fibra de coco em encosta 
 
Fonte: AISYAQILUMARANAS via Shutterstock 
Figura 5.15 - Aplicação de fibras para contenção de erosão - fibra sintética (geotêxtil), 
com crescimento de gramíneas. 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Cheng+Wei
https://www.shutterstock.com/pt/g/Harrazhafiyrayyan
, 
 
 
73 
 
• Estabilização de solo com gramíneas de raízes longas - O plantio de vegetação 
em encostas contribui no controle de processos erosivos superficiais e 
subsuperficiais, devido à resistência à tração gerada pelas raízes longas dessas 
plantas. Uma espécie comumente empregada é a Chrysopogon zizanioides (L.) 
Roberty, conhecida popularmente como capim Vetiver (Figura 5.16 e 5.17). 
Embora não seja uma espécie nativa, não é considerada invasora, e seu uso 
consiste no plantio em linha em taludes artificiais e encostas com riscos de 
escorregamento (Figura 5.18 e 5.19). 
 
Fonte: MEECHAI39 via Shutterstock 
Figura 5.16 - Representação esquemática do capim vetiver e seu crescimento em um 
perfil de solo 
https://www.shutterstock.com/pt/g/meechai39
, 
 
 
74 
 
 
Fonte: OPERATION SHOOTING via Shutterstock 
Figura 5.17. - Foto de raízes do capim vetiver 
 
Fonte: TAIHERN via Shutterstock 
Figura 5.18 - Plantio de capim vetiver em linha, com proteção de estrutura de bambu 
 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Operation+Shooting
https://www.shutterstock.com/pt/g/taihern
, 
 
 
75 
 
 
Fonte: STUDIO 11 via shutterstock 
Figura 5.19 - Capim vetiver em estágio mais avançado de crescimento 
• Utilização de pneus para construção de muros de arrimo - Nessa técnica, 
pneus são preenchidos com solo, tornando-se pesados. A estrutura de pneus 
para contenção de erosão confere estabilidade ao talude devido à ação da 
gravidade. A integração com o meio ocorre com o crescimento de vegetação no 
solo de preenchimento dos pneus (Figura 5.20 e 5.21). 
 
Fonte: ALESSANDRARC via Shutterstock 
Figura 5.20 - Muro de pneus construído em talude para contenção de erosão 
https://www.shutterstock.com/pt/g/STUDIO+11
https://www.shutterstock.com/pt/g/AlessandraRC, 
 
 
76 
 
 
Fonte: ALESSANDRARC via Shutterstock 
Figura 5.21 - Detalhe dos pneus preenchidos com solo e crescimento inicial de 
vegetação. 
• Uso de geocélulas para construção de muros de arrimo - Semelhante à técnica 
anterior, porém com uso de geocélulas (material sintético), fabricado 
especialmente para fins de contenção de processos erosivos. As geocélulas 
podem ser preenchidas com pedregulho ou com solo (Figura 5.22 e 5.23), e 
existem modelos de geocélulas com perfurações que permitem o fluxo de 
sementes, favorecendo o crescimento de vegetação no local de aplicação 
(Figura 5.24 e 5.25). 
 
Fonte: NATIC via Shutterstock 
Figura 5.22 - Geocélulas preenchidas com pedregulhos 
https://www.shutterstock.com/pt/g/AlessandraRC
https://www.shutterstock.com/pt/g/Natic
, 
 
 
77 
 
 
Fonte: ALEKSANDR SIMONOV via Shutterstock 
Figura 5.23 - Geocélulas preenchidas com solo 
 
FONTE: AKINTEVS via Shutterstock 
Figura 5.24 - Geocélulas usadas para contenção de erosão em margem de rio, com 
crescimento de vegetação 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Aleksandr+Simonov
https://www.shutterstock.com/pt/g/SimonSPb
, 
 
 
78 
 
 
Fonte: SERGIOS via Shutterstock 
Figura 5.25 - Detalhe do crescimento de vegetação dentro de geocélulas perfuradas. 
• Utilização de sacos de areia ou blocos de rocha para construção de retentores 
de sedimentos e muros de arrimo - Os materiais pesados podem ser utilizados 
para contenção de sedimentos ou para emprego como muro de arrimo (Figura 
5.26 e 5.27). Essa técnica funciona a partir da ação da gravidade, de modo que 
os materiais pesados evitam o transporte de partículas de solo, evitando 
escorregamentos. 
 
Fonte: GREG PETERSON via Shutterstock 
Figura 5.26 - Uso de sacos de areia para retenção de sedimentos 
https://www.shutterstock.com/pt/g/sergios
https://www.shutterstock.com/pt/g/gkpeterson
, 
 
 
79 
 
 
Fonte: AISYAQILUMARANAS via Shutterstock 
Figura 5.27 - Uso de blocos de rochas para contenção de talude. 
• Construção de paliçadas de madeira e/ou bambu - As paliçadas são estruturas 
muito aplicadas para contenção de processos erosivos no meio rural. São 
empregadas, principalmente, para retenção de sedimentos (Figura 5.28), 
evitando a perda de partículas de solo, permitindo o crescimento vegetal e a 
integração com a paisagem. As paliçadas podem ser construídas com bambu 
perfurado (para possibilitar o fluxo de sementes) ou com madeira. 
 
Fonte: CHENG WEI via Shutterstock 
Figura 5.28 - Paliçada de bambu usada para contenção de erosão. 
 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Harrazhafiyrayyan
https://www.shutterstock.com/pt/g/Cheng+Wei
, 
 
 
80 
 
Conclusão 
Neste bloco vimos os fatores determinantes para a ocorrência de intemperismo e a 
relação entre intemperismo, erosão e degradação dos solos. Estudamos os diferentes 
tipos de processos erosivos, e diversas técnicas viáveis para a recuperação de áreas 
degradadas e para o controle da degradação de solos. 
REFERÊNCIAS 
CARDOSO, C. H. S. Desenvolvimento de um protocolo para micropropagação de 
vetiver (Chrysopogon zizanioides [L.] Roberty). Trabalho de conclusão de curso 
(Agronomia). Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 2011. 
CHAVES, T. A.; ANDRADE, A. G.; LIMA, J. A. S.; PORTOCARRERO, H. Recuperação de 
áreas degradadas por erosão no meio rural. Niterói: Programa Rio Rural, 2012. 
GUERRA, A. J. T.; JORGE, M. C. O. (org.). Processos erosivos e recuperação de áreas 
degradadas. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
IBAMA – INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS 
RENOVÁVEIS. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 4, de 13 de abril de 2011. Diário Oficial da 
União. Seção 1. Brasília: 2011. 
LEPSCH, I. F. Formação e conservação dos solos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 
2010. 
TRICHÊS, G.; THIVES, L. P. Geotecnia e meio ambiente. Florianópolis: UFSC, S.D. 
Disponível em: <https://rodoviasverdes.ufsc.br/material-didatico/3-laboratorios-e-
infraestrutura-de-suporte/grupo/>. Acesso em 24 fev. 2022. 
SILVA, D. F. M. Contenção de taludes com pneus: uma alternativa ecológica e de 
baixo custo. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Civil), Universidade Anhembi 
Morumbi, São Paulo, 2006. 
SIMEÃO, C. M. G.; IVO, L. C. Recuperação de áreas degradadas: soluções para colher 
mais lucros e sustentabilidade. SEBRAE, 2019. 
https://rodoviasverdes.ufsc.br/material-didatico/3-laboratorios-e-infraestrutura-de-suporte/grupo/
https://rodoviasverdes.ufsc.br/material-didatico/3-laboratorios-e-infraestrutura-de-suporte/grupo/
, 
 
 
81 
 
 
6 REMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados conceitos relacionados à contaminação dos solos e às 
técnicas de remediação de áreas contaminadas. Serão definidas as principais técnicas 
físico-químicas e biológicas de tratamento de solos. 
6.1 Contaminação de solos 
A resolução CONAMA 420/2009, alterada pela resolução CONAMA 460/2013, traz 
importantes definições sobre o gerenciamento de áreas contaminadas. 
Contaminação - Presença de substância(s) química(s) no ar, água ou solo, 
decorrentes de atividades antrópicas, em concentrações tais que restrinjam 
a utilização desse recurso ambiental para os usos atual ou pretendido, 
definidas com base em avaliação de risco à saúde humana, assim como aos 
bens a proteger, em cenário de exposição padronizado ou específico. 
Bens a proteger - A saúde e o bem-estar da população; a fauna e a flora; a 
qualidade do solo, das águas e do ar; os interesses de proteção à natureza / 
paisagem; a infraestrutura da ordenação territorial e planejamento regional 
e urbano; a segurança e ordem pública. 
Remediação - Uma das ações de intervenção para reabilitação de área 
contaminada, que consiste em aplicação de técnicas, visando a remoção, 
contenção ou redução das concentrações de contaminantes. 
Reabilitação - Ações de intervenção realizadas em uma área contaminada 
visando atingir um risco tolerável, para o uso declarado ou futuro da área. 
(CONAMA, 2009, p.3-4) 
A resolução CONAMA 420/2009 lista 80 compostos cuja presença nos solos indica 
contaminação da área. Dentre as classes de contaminantes do solo, podemos destacar 
os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), que são substâncias providas de elevadas 
estabilidade e toxicidade. Os POPs podem ser transportados por longas distâncias e 
têm potencial de bioacumulação e biomagnificação na cadeia alimentar (Figura 6.1). 
, 
 
 
82 
 
 
Fonte: VECTORMINE via Shutterstock 
Figura 6.1 - Representação esquemática dos fenômenos de bioacumulação e 
biomagnificação 
Em razão dos riscos à saúde humana e à qualidade ambiental causados pela presença 
de POP no ambiente, um tratado internacional denominado Convenção de Estocolmo 
foi ratificado com a proposta de eliminar e/ou restringir o uso dessas substâncias, seus 
estoques e resíduos, bem como reduzir emissões não intencionais no ambiente, e 
identificar e gerenciar áreas contaminadas por esses compostos. Em 2021, vinte anos 
após a criação do tratado, a Convenção de Estocolmo contava com 184 países 
signatários, incluindo o Brasil. 
A Convenção de Estocolmo lista os POPs em três anexos: 
• Anexo A – POPs a serem eliminados; 
• Anexo B – POPs com usos restritos (perspectiva de serem eliminados); 
• Anexo C – POPs produzidos não intencionalmente (Quadro 6.1). 
https://www.shutterstock.com/pt/g/normaals
, 
 
 
83 
 
Quadro 6.1 - Anexos da Convenção de Estocolmo - POP a serem eliminados, POP com 
usos restritos, e POP produzidos não intencionalmente 
Anexo A – Eliminação Agrotóxicos - Aldrin, Dieldrin, Endrin, Clordano, Clordecone, 
Heptacloro, Hexaclorobenzeno (HCB), Alfa 
Hexaclorociclohexano (alfa HCH), Beta hexaclorociclohexano 
(beta HCH), Lindano, Mirex (dodecacloro), Pentaclorobenzeno 
(PeCB), Endossulfam, Toxafeno, Pentaclorofenol e seus sais e 
ésteres. 
Uso industrial - Bifenilas Policloradas (PCB); Hexabromobifenil 
(HBB); Éter Hexabromodifenílico

Continue navegando