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rA O INTRA-URBANO NO RA~ll ,: L= ,,..~ ,, ~ ,. .. ,. :;, .J - I] ll ' 'L " -'.JAl'ISP .... t • • ~ -- P.hio \iU.çi IWltll mi Cruzeiro. esudo de Sio Piuk , d:;:kimou-~ tm uquitrtun pm HL. t _p Oblt\t o titulo dt ·Mlslu of Gq Plmamg oo ~ lmtitmt ofTedmolog); tm Atb.nu. &udos Unidos e o de doutor~ Dqw°JJOOiro ck Geogrw d. mOHJSP fm I o S fu csugio de Pós Doutoniiu l1() Depwmmto dt Gcogrw di Unirersiibdt eh ú!ifamil cm~ · Otsdt l Qj4 ltcionJ no cn.~ de gndOlÇio. e drsde 1° no de~~ cu HU-USP. ondt é ProfCSIOl'funhrdt PbntjlIIltlllo Urbmo. r.oi ainsn~N f'ID Plmtjm1mto Urb.nD dt viras pmttnms e ôrgios públims cwrliws e Ctdcnh de pane~to. Durute IS lDOS oarpou ,·mos ~ m Secmw MuniCÍp4l de Phnepmruo de ~ Piulo. ~, foi. indusm M dt wbintbtc. [spa~o intra-ur~ano no Brasil 1 d,de ed1conal e grifka . b s com qua • ., -bletivo e publicar o r:i . as e eventuais reclamaçoes. entre em Nosso o scões du..,idas. cnu Para eXprC$sar suas suge • conoto conosco. AO CONSUMIDOR CENTAAL OE ATENDIMENTO d "" 531-004 • São Paulo • SP l046. 9a an ar • v-w Rua Pedroso AIV3r4e6n6~· f )(' ( 11 )3706-1461 fone. { li )3 706-1 3 • www.st0d1onobel.com.br atend1mento@stud1onobel.com.br E PROIBIDA A REPRODUÇÃO Nenhuma parte de.su obra poderi ser reproduiida, copiada, transcnca ou mesmo transmitida por meios eletrón icos ou gravações, sem a perm issão , por escnto, do editor. Os infratores serão punidos de acordo com a Let nª 9.610198 Este livro é frut o do tr abalho do autor e de toda uma equip e e ditorial . por favor, respe ite nosso t raba lho: não faça cõplas . Fl iavic, Villaça fspa~o intra-urbano no Brasil 2n Edição ,t::,APESP UFRJ/FAU \ 1929 Espaço era ..., no 8rull unco lrutKUt~. !\'XII 00-~Jl COO- -, 1 4C98 I es pua OQ.~ tt<h"'"-" Sn.s ~ço n- · l 8n Pbnep.'Mf'lto urtw'IO ] 11 , As cidades são como as estrelas; é preciso amá-las para entendê-las . Ao Rio de Janeiro Agradecimentos À rapesp, ao Lincoln Institute of Land Policy e a Martim O. Smolk a, pelo apoio que tornou viável esta public ação, e ao Zol pelo lindo trabalho gráfico. À Profa. Ora. Ana Lucia Ancona, a Adalberto da S. netto Jr., Prof. Antônio Cláudio M. L. Moreira, Célia Rocha Paes, Denise Antonucci Capelo, Domingos Theodoro de Azevedo Netto, Fernanda de Macedo Haddad, José Marinho Nery da Silva Jr., Profa. Ora. Luci Gati, Marcelo de Brito Albuquerque Ponte s Freitas, Profa. Ora. Maria Cristina da Silva Leme, Profa. Ora. Sarah Feldman, Sérgio Luís Abrahão e ao Prof. Wladimir Bartalini, meu sincero muito obrigado pela leitura e debate de panes do texto e por outras gentilezas. No Rio de Janeiro Abrasce - Associação Brasileira de Shopping Centers À hospitalidade de Almir e Marlene Fernandes Em São Paulo Construtora Albuquerque, Takaoka S. A. Francisca Luiza Gimenez Cardieri e Stella Maris Atai a França, da Emplasa, e Epaminondas Duarte Jr., do Metrô. Em Belo Horizonte EUete Amélia de Souza, José Moreira de Souza, Maria Laudelina Garcia de Carvalho, Maria de Lourdes D. Pereira, Yara Marques. Em Porto Alegre Oberon da Silva Mello e Marcos Mangan. Em Saluador Ana Clara Din.iz Guerra, /\na Fernandes, Cristina Xavier Ferreira, Fernando Sérgio Teixeira, Liliane Mariano Fcrrcira1 Antônio HeJiodório Lima Sampaio, Maria das Graças Torreão, Rubênio Sim as, Vitória Regina Sampai o. À hospitalidade de Suely e Niels Erik Poul Leoni No Recife Jan Bitoun, da Prefeitur a Municipal do Recife, Manoel Feliciano da Silva Filho. José Ângelo Ferreira da Fonseca, do Museu da Cidade do Recife, Teresa do Amaral, do IBGE-Recife. Sun1ário Capítulo 1 Introdução ) l Capllulo 2 Espaço intra-urbano: esse desconhecido 17 A questão semântica 18 Espaços regional e intra -urbano 20 Especificidades do espaço intra-urbano 22 Abordagens dos espaços intra-urbano e regional 26 Espaço e sociedade 45 Capírulo 3 Os processos espaciais de conurbação 49 Capítulo 4 Direções de expansão urbana 69 Introdução ó9 Os setores viários 70 Localização, valor e preço da tcrrn urbana 70 Vias regionais e urbanização 80 O período pré-ferrovi:írio 86 Setores ocefrnicos 107 Capítu lo 5 A est rutura urbana básica 113 A metrópole interior l l •I São Paulo l 16 Belo I forizonte 118 A metrópole litorânea no Capítu lo 6 Os seto res industriai s. A articulação c~pacial entre 1netrópol e e região 135 · Capítu lo 7 A segregação urbana 141 O conceito de segregação l •12 Os se tores IS'i Capí tul o 8 Os bairros residenciais das camadas de alta ren da O Hio de Janeiro O século XlX O século XX Deslocamentos, incorporação imobiliáric1, forma urbana e estilos de vida São Paulo Belo l lorizonte Porto Alegre Salvador Recife 157 157 159 177 180 192 199 203 207 211 Capí tul o 9 Os bairros residenciais das carn adas popul ares 225 Capítu lo 10 Os cent ros princi pais 237 A natu reza do centro principal 237 O valor simbólico do centro 247 O surgimento dos centros principa is Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre Belo Horizonte Os centros principai s e as camadas de alta renda O centro principal e a nova mob ilidade territorial O centro princip al e as camadas populares O centro do Recife Cap ítu lo 11 Os subccn tros A evolução dos subcentro s Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre e Belo Horizonte O shopp ing center ; 252 255 261 266 267 270 277 283 284 293 294 294 297 300 302 Capí tul o 12 Segregação e es tru turação do espaço int ra- u rbano 311 Cap ítul o 13 Reflexões fina is 327 O consumo e a estruturação do espaço intra -urbano 328 A segregação e o controle do espaço intra-urbano 334 Segregação, contro le do Estado e ideo logia 343 O contro le do espaço intra-urbano e o controle do tempo 352 Referênci as bibli ográficas 363 Capítu lo l Introdução O objetivo deste livro é procu rar en tender as localizações in tra- urb anas, a constituição e os movimento s do espaço intra- urbano das metrópol es brasileira - entend ido como uma estrutura territor ial. Serão estudadas as área s metrop olitanas de São Paulo, Rio de Janeiro , Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. No Cap ítulo 2, são feitas considerações sobre o espaço intra-urb ano e a pou- ca atenção que tem sido dispen sada ao se u estudo, tanto do ponto de vista teórico como do empírico. Regist ra- se, particularmente , o pouco intere sse, no Brasil. quan- to aos est udo s espaciais de nossa s met rópoles e, quando são rea lizado s, têm -se li- mitado, em geral, às cidades (ou municí pios) centrai s das áreas metropolit anas. :\l ém disso, cabe destacar a inexistênc ia de estudos sobre os aspectos comun s aos espa- ços urbanos da s diversas metrópole s. Afinal, se todos vêm sendo produzidos num mesmo país, pela mesma fotmaçào social, num mesmo m omento hi stórico - os últimos 150 ano s-, sob um mesmo modo de produção, atrav és das me smas rela- ções sociais e so b o mesmo Esta do, deve haver muito cm comum entr e seus espa- ços. No en tant o, pou co se tem estudado sob re tais aspectos, com exceção do fato de rodas as metr ópole s terem , de um lado, uma área central mai s bem atendida por equipa men tos urbanos e onde mora uma minoria que pa rticipa do s frutos do tra- balho social, e de outro, uma enorme periferia, onde mora a maiori a excluída dessa participação. De man eira geral. os pauli stas estudam São Paul o; os cariocas, o Rio; os baianos, Salvador , e assim por dianr e. Quando um es tudioso paulista comenta com um carioca algum proc ess o espacial que ocorr e em São Paulo , ouve qu ase in- variavelme nt e como rép lica : "Não ... aqui no Rio é diferente ''. Mas, o que não é dife- rente? e o que há de com um? Procur amo s ne sta obra dar amp litude e profundidade à análise por meio de uma dupla abordage m , a saber a análise compara tiva ent re várias metrópol es e a 11 investigação de um amplo período histórico da forma ção de seus espaços, de m, neira a captar os aspectos efetivamenteestruturai s. Com apoio cm Bastide (1971, 1) chamar emos de estrutura um todo consti1u do de elementos que se relacionam entre si de tal forma que a alteração de um elE menta ou de uma relação altera todos os demais eleme ntos e todas as demais rei, ções. As estruturas são dotadas de movimento e o grande desafio intelectual resid em desvendar a fonte desse movimento. São considerados elemento s dessas estru turas o cent ro principal da metrópole (a maior aglom eração diversificada de em pregos, ou a maior aglomeração de comércio e serviços), os subcentros de comércii e serviços (aglomerações diversificadas de comércio e serviços, réplicas menores d, centro prin cipal), os bairro s reside nciai s, ou melhor , os conjunt os de bairro residenciais segundo as classes socia is e as áreas indu striais. Essa estrutura esti imbricada a outras estruturas territoriai s, como os sistemas de transportes e desa neamento. Entretanto, consideramos ser a primeira mais importante, pois inclui incorpora e subjuga as demais, mais do que o contr ário, em bora não possa existi1 sem elas. Essa estrutura territorial mais importante está também articulada a outras, não territoriais, como a econômica, a política e a ideológica. Como é sabido, estas1 na concepção original de Marx (1977, 24), estão organi zadas em "base" e "superes- trutura ". A estrutura territorial é socialmente produzida e ao mesmo tempo reage sobre o social. Evidentemente essas considerações são de enorme amplitude e ge- neralidade e dar conta desse emaranhado de inter-relaçõe s é uma epopéia que a mente humana jamais poderá ambicionar. Óbvio que não temos tal pretensão. En- tretanto, nesta obra, procurar-se -á: l. Detectar traços e movimentos comuns a todas as estruturas territoriais anali- sadas; daí a importância da história territorial e da análise comparativa de várias metrópo les. Por exemplo, o que há de comum entre a distribuição territorial das classes sociais, além da óbvia distinção entre centro e periferia? A chamada ''decadência" do centro principal é um proces so comum a todas as nossas metrópol es. QuaJ sua fonte? Em que consiste na realidade? Qual sua essência? Que relações há entre o elemento "centro princip al" e outros elementos das estruturas territorial e socia l? 2. Relacionar os movimento s da estrutura territorial com os das estruturas so- ciais (lato sensu) e-o que é bem mais difícil -v ice-versa. Veja este exemplo: que papel desempenham as classes sociais na estruturação territorial urba- na? Qual o papeJ que sua segregação espacia l desemp enha na dominação polílica? E na ideologia urbana? Em que consiste e como se dá essa domina- ção política através do espaço urbano? Que partkipação tem o espaço pro- duzido em Copacabana sobre os valores e eslilo de vida de seus moradores e dos cariocas da zona Sul em geral? 3. Relacionar entre si os movimento s dos diversos elemento s das estruturas territoriais urbana s- os vários bairros, o centro urb ano, a estrutura de trans- porte s, ete-: - e com os de outras est rutura s articuladas. 12 A expressão "estru tu ra urbana" - e sun correlata "ree strnluraçào urbana " - tem sido vítima de muitos abusos . É freqüentemente utilizada como sinônimo de cidade enquanto elemento fís ico, de cidade como um todo mat erial , sem conside - rar a inter -relação entre seus e lem entos, a liás sem con siderar sequer qu e.elem ento s são esses . Constantemente se usa o termo ree struturação para qualquer alteraç ão do espaço urbano, sem m aiores preocupaçõe s com os elementos espaciai s da estru - tura e com as relações existentes entre e les . O simple s registro de transformaçõe s espaciais não é sufici ente para caracter izar a estruturação ou a ree s trutu ração. É preciso mostrar como mudanças em um elemento da estrutura provocam mudan- ças em outros elementos. Já houve época em que se tentou descrever as estru tura s territoriai s urbana s atrav és de ''modelos" esp ac iais que tiveram grande prestígio intelectual. Pe lo menos um desses modelos - o de Burgess (1968) - tinha ambi ções teóricas e pretendia, inclu sive, dar conta dos movimentos da es trutura urbana. Mais recentemente, os modelos matemáticos in cor po rara m os movimentos da estrutura, esco lhendo mais ou menos arbitrariamente, entreta nt o como motor desse movimento, a partir de um momento inicial em que este é congelado, "forças externas" cuja origem e papel são pouco questionados. O modelo de Burgess, da década de 1920, é certamente o mais famoso. Sob sua influência , e em oposição a ele, foram propostos outros, menos pr etensiosos e famo sos; o chamado modelo de "seto res", de Hom er Hoyt (1939), e o de "núcl eos múltiplos", de Harris e Ullman (1945)*. O primar is m o descritivo desses modelos fez com que tivessem vida curta. O de Hoyt, ent reta nto , é mais útil do qu e parece, desde que não sejam su perestimados sua finalidade e seu alca nce. Vamos nos utiliz ar bas- tante de le. Seguem-se ca pítulo s em que são analisados os processos históricos de cons- tituição das est rutu ras terr itoriai s m etropo lit an as aqui est ud adas. Inicialm ent e as formas metropolitanas co mo um todo, os pro cessos de co nurba ção e as direções preferenciais de cresci m ento da urbanização. Desde aí, as co ndi ções de tra nsporte apa recem como fator decisivo na estru tu ração do es paç o urbano. Em seguida são ana lisados os processos de const itui ção das grandes á reas onde se seg regam as no ssas bu rgues ias urbanas. Esses processos se destacam como os mais distintivos de nossas estruturas ter ritoriai s metropolitana s. Nossas m etró- poles - co m exceção de São Pau lo e do Rio de Janeiro - só na s últimas décadas começaram a desenvolver áreas indu striai s sig nifi cat ivas. Su as est rutura ções têm sido dominadas, ent ão, pelos centros pr in cipais, seus sub ce ntro s e por suas á reas residenciais das camadas de al ta renda. São, por isso, os ele m en tos das estrut uras metropolitanas aqui privi legiados . Como as áreas indu st riai s são elemé'l'l.tos cuja s loca lizações são determina- das por forças externas aos espaços metropolitano s, a seg regação espacia l das ca- • Para uma visão geral dos modelos, ver a série CI IORLEY, H. e HJ\GG.rrn: P. Modelos em Geogmfln.. Rio de loneiro, EDUSP , 1975. 13 n1adas de alta renda surge co mo o elemento interno mai s po der o so no JOgCJ ,.., 1Â ças que determina a es tn 1tur ação do espaço intr a-urbano de n ossas metr0po ~ A obra se fecha com a lgun1a s co nclu sões teórica s sobr e o ma tenal tmµ ·~ apresentado. Por tratar de tema pouco abordado, es ta é uma obra h e terog én ea, não~Q-· · to aos temas propostos, co mo pr incipalmente quanto ao s nh' ei~ das análise:1.~ va riam de sde os es tágios m a is rud im enta res - e por isso um po uco maçan•es-1t inves tigação científica, co mo a descrição de tipologia s e a cla ss ificação de pmcew. (no in ício da obra ). até níveis teo ri ca m ente mais ambicio sos (no fina fJ. As exp ressões camadas de alta renda e burgu esias foram uti lizadas c..o:ro~ nônimos. Por burguesiasentende-se tanto a pequena, média e alca burgues1a~c.o~ as bu rguesias industria l, mercantil ou financeira. Quando houve n ecessi d ade de sepa rar c lasses dentro de sses gra~::e, conjuntos, utilizaram-se exp re ssões co mo alta burgue sia e classe média . ;\essesu,~. juntos, reconhece-se a h egemon ia d a a lta burgue sja enquanto cla c;se do:mr.2··e. "Elites" (se mpre soc ioeco nômicas), alta bur guesia e classe dominante iambém:·- ram empregados como s inô nimo s. Consideramo s que num trab aJho daamp.:_~= deste, que analisa se is metrópoles p or um p eríodo de mais de um sécu lo, asd~,- renças ent re esses conceitos pod er iam se r n1inimizada s sem prejuízo da ar:áii~ Se há diferença ent re classes de renda e classes soc iai s, há bem menos dife:t-"c entre as regiões das cidades por elas ocupadas- que, a]iás, nunca são cma!m~::.-~ homogêneas. Quando se tratade quantificar ou medir as classes, em seis metróp oles :r: longos períodos, não h á co mo escapa r d a u tilização do s indicadore s aqw ut....n· dos: faixas de renda e aparência do s bairros o u da s habita ções. Por ourro .?C:l para os tempos atua is, a fa ixa de renda utilizad a para caracterizar as camadas.:f alta renda é tão "fo lgada" - acima d e vinte sa lá ri os-mínimos- que ela enquaC'."! satisfatoria ment e "as burguesias", a burgu es ia , o u a classe domin ame , indeptr:· dentemente de va riações co n cei tu ais. O importante é q ue na definiçã o e:,pac.:. seja enq uad rada a classe dominante, que coman d a a estruturação do espico.f válido admitir que as espac ia'lidade s das classes o u camada s sociai s não ,ar.:::- significa tivamente segu nd o os vários co n ceitos. Uma rnonografia sobre a ·geo~ · fia socia l" do município do Rio de Janei ro, usando téc ni cas da ecologia fatOi,:., dado s do censo de 1960 (Morris, l 973, 48), pond erou 22 variáveis para defimr~ mapear a população segu ndo sta tu s. O mape a m ento revelou uma espacialidaü d a p opulação de mais alto s ta t us exa tam e nt e igual ao qu e já é sabido em terr.:c- de renda ou classe socia l e s impl es co nh eci me n to s up erficial: a área de mai al:o sta tu s engloba Flamengo , CaLetc, Botafogo, Urca, Copacabana, Leme, Ipaner.:! Leb lon e Lagoa e Gávea. Seg u ndo Short (1976, 77). ''o a specto mais consisten:c que eman a da s eco logia s fa toria is d a c idade tem si do a id ent ificação de padrot" de segregação com base no s tatu s socia l. Embora uma va riedade de técntc3~ :e- nha s ido utili zada e embor a as variáveis se lec ionadas tenham sido diferente5 0) re s ultado s, em ge ral, co nfirm ar am essa de sco be rta. Na verdade, as confirmaçõr 14 têm sido registrada s com regulnridadc qu ase monót ona".• Se fosse nccc~sária a de- finição prévia, consensual, quantificáve l e espacializ,ível de clns~c socia l. classe de renda, elite socioeco nômi ca, alta, média e pequena burgue siêls e classe domi rrnntc, para seis metr ópoles dura nt e 150 anos, este trabalh o seria inviável. Uma palavrinha sob re "relações espacia is". Claro que espaços não mantêm relações sociais entre si. Entretanto, há certos processos sociais nos quais espaço e sociedade estão de tal forma imbricados que é impossível entende r as relações so- ciais sem uma visão espacial. Isso é particularme nte verdadeiro quando se trata do espaço intrn-urbano , onde a presença do espaço nas relnções sociais é marcante . Algumas das conclu sões desta obra contra riam posições fundam entai s do materiali smo histórico. A soberania do cons umid or - desde que este sejam as ca- madas de alta renda - na esco lha da localização ele seus bairros, o primado do con- sumo na estruturação do espaço intra -urbano (mas não na sun produção ), a relação entre o setor imobiliário e a classe dominante são algumas. Isso nos preocupa . Acre- ditamos, en tretanto , que as evidências empíricas que sustentam aquela s conclu - sões são fortes. Se elas fertilizarem discussões, daremo-nos por satisfeitos. • ''Thc mosL consistcnt fcaturc arising from laclo1 ial ccologics of Lhe ciiy has becn lh e idc 111 iíication of paucrns ní sc~rcgntion 0 11 thc bas1,; oí social swtu,;. A1Lhuugh a varicly of Lcchniqu c!> havc bccn u~cd and vnnnblcs c;dc ctcd hnvc cliffcrccl, lhe rcs11lts hnvc gcncrnlly confiimcd thls finclin~. l11dccd. confirmi llio11 has l>ccn repor tcd wl th almost rnonotonous rcgularity." 15 • 1 'l Capttu o,... Espaço i11tra-t1rbar10: e, se desconl1ecido , . 'o :implo campo dos est udo s territoriais, têm hn\'1do na, últimas d •catf. um cn• ente dt"senvol\'imcnto das investigações r('gionais e uma c;urpn•cndrnrt• · r&.1~· mição do1:; l' tudo c; intra-urbano, . Este!>, pou co de rclevanl c produ11rnrn dt·~dt• n de - cada d~ 1970 . ~fo ·mo no período entre as dé cadas de 1!)30 e 1970. tor.im fr.tKct s as ro nm b u1~ >t><:, nc,,a área (em bom abundn-;sem as análi-,cs rcgion.,h ). dd<fa,, pm exem - plo. peln cronom1a e geografia neoclássicas (\Villi am Alon!>o. Brion Bcrry, H. 1: \luth , 1 f. S Pcrloff t~ l owdon\\'1ngo Jr., para citar apenas aJgun!> cxpocnws) . Oec.:omp{>~ ,e a cidadt.> em 'hinos elemen tos e produziu-se urna sé ne de t·~tudos atom11ado~ ~obre tem,~ esp~ctficos. como a densidade demográfica, as n.rcn'i mdustri .. u,. as comcrriais, o pn:\ o dn terra . etc; além disso , produztram-c;e a<; conhecida~ tronac; ponttMJs tia localv.,lçao. Umn frngil visa o de conjunt o, incapaz de ajudar a construçJo de uma h se tl -órica mat~ amplu wbrc o e'ipaço uura-urbano, foi aprc~entnd,t. Ne,:,c M'nti<lo . pou - co w m·ançou na, tnn!,tigaçõcs sobre o conjunt o da cidJd t• e ~obre .i urllcula,. o en - tre ,ua" \'árias área') luncionai, , ou seja, !-.OOrt' a e:,tnitura intm-urban 1 A \'Í fio aniculadíl e de conjun to fot , aliá\ , n grande con tr ibu1ç .. 10 da l'"icol.t dt' CJucago A.~ 1cmat1vJ~ d~ formulaçao de modt•lo, e!>pltCHti'.-1 - l1 n d1tu11t.11<la\ pc,r Chorle)' & l laggett no final do~ ano:> 60 (meado~ dn5 ano, 70, nu 8ra;.;1IJ - llH'ram cun<1 durac;ào. pu1s forJm atropelJdas pt•lo-, t•,tudu, terrltonab dt.> bu,c marxistt, ~urgido~ igualmente naquela época e que pn<.,saram &.l <luminar o íls,unto ; e\,('S es - tudo~. <-ntrctamo . vêm ignorctndo qua se totalmente o c~pn~·o intra -urbano Dc\dl' C'ntno a mah notável tentatt\.a de tcor11nçao d (·~se (':,paço tomo um todo lenha 1do, tal\'eZ, a feita por t.n~telb em 1 a que~tion urba me E~~c auw r, porem . abando- nou o Lampo de estudo em foco e ninguém o re tomou a partir do ponto em que clt' o deixou. Pelo menos, a partir dele, não ~e rormou uma corrente ou escola de pPn a- mento sobre o espaço intra -urbano . 17 , Nesta obra procurn -sc desenvolver a tese de que os processos que, de lll lado, podem ser identificados com a estruturação das redes urbana s, com o elemer to urbano das estruturas espaciais regionai s, ou com o proces so espacial de urbao, zaçào, e de outro, os proce ss os de estruturação interna do espaço urbano não se gucm a me sma lógica, não pa ss am pelas mesma s medi ações (de sde as macroanálise socioeconômicas até as tran sformações espaciais intra-urbana s) e não podemse abo rdado s pelo s mes mo s paradigmas teó rico s . Part indo de uma dada formação~ cial, para se chegar ao espaço intra-urbano, há necessidade de pa ssar por media ções diferentes das requerida s para chegar ao espaço regional. No entanto, nasúhi ma s década s têm havido tran sbordamentos eq uivo cados da s análi ses regionais- que constituem a maioria - para as intra -urbana s. A fundamentação teórica de se nvolvida para demon s trar essa Lese será e1 posta a segu ir, organizada em quatro itens, a saber: • a questão semântica. A(1ui pretende-se explicar por que é utilizada nestaob~ a contrago sto, a redunclante exp ressão intra -urbano; • breves considerações sobre a di s tinção entre espaço inLra-urbano e regio~ • a especificidade do espaço intr a-urbano; • confu sões na s abordagens do s es paço s intra-urbano e regional. Seguem-se depois breve s cons id erações sobre a relação entre espaço e so- ciedade. A questão semântica Trata-se de entender e justificar a expres são inira-urbano. Como veremos adiante, essa questão não é mera e inconseqüente formalidade . A expressão int ra-urbano não deveria ser necessá ria, poi s ''espaço urbano·ê uma expressão satisfatória. Por que , encão, é uti lizada? A expressão espaço urbano, bem como "estrutura urbana ", "estruturação UI· bana", "rees truturação urbana " e outras congêneres, só pode se referir ao inrra-ur· bano . Tal expressão deveria se r, poi s, de snecessária , em face de sua redundância Porém, espaço urbano - e toda s aque las afins- está hoje de tal forma comprome· tida com o co mponente urbano do espaço regional que houve necessidadedecTiaJ outra expre ssão para de signar o espaço urb ano; daí o surgimento e uso de inua· urbano. Aquilo que grande parte darecente literatura espacial progre ssista tem cha· mado de espaço urbano refere-se, na verdade, ou ao proce sso de urbanização gene- ricamente abordado , ou a espaços regionais, nacionais, continentais e mesmo pia· netário. Nos último ::, casos, o espaço urbano aparece como elemen to de estruturas espacia is regionai s, nacionai s, continenta is ou plan etá ria . Com efe ito, das dua s uma : Oll se est uda o arran jo int erno dos espaços urba· nos, ou se estuda o arranjo interno dos es paços regionais, nacionai s ou planetário. Nos doi s casos, óbvio, o espaço é imra . Portanto, a ex pr essão es paço urbano-n ão há como ser diferente - só pode referir-se ao espaço intra-u rb ano, assim comoa 18 expressã o espaço regional se refere ao intra-regional. No entanto , não se usa a ex- pressão espaço intra-regional./\ redundância da expre ss ão espa ço int ra- urb ano fica evidente quando se imagina o uso da expres são espaço intra -regional. Par ece ab- surda, não é? Parece, não: é absurda, poi s es paço regional basta, me smo que - com o é a maioria dos casos - se queira privilegiar o componente urbano no s es tudo s regionai s. Então a expre ssão intra-urbano lambém deveria ser ab s urda, e es paço urbano também deveria bastar. É curioso que pouco ou n ada se fale de estrutura regional, ou de reeslrulllração regional, enquanto se fala abundantemente de estruturação e ree struturação urba - nas. Por quê? O que comu m cnte se chama de estruturação urbana não é estrutura - ção (ou reestruturação) urb ana, mas estruturação (ou reestruturação) regional, poi s aborda o eleme nt o urbano da estrutura regionaJ, o processo de urbanização enquan- to processo do espaço regional, seja de urna região, de um país, de vários paíse s ou do mundo. Tomem-se, por exemplo, algumas exce lentes obras lançadas recentemente entre nós: Reestruturaçào urbana: tendências e desafios (Valladare s e Preteceille, org. 1990), ou Reestruturação do espaço urbano e regional no Brasil (Lavina s et al. erg. 1993). De que tratam elas? Ou do processo geral da urbanização brasileira , ou da reestruturação de nossa rede de cidades, ou seja, das cidades enquanto ele- mentos do espaço regional ou nacional (desmetropolização, desconcentração re- gional, etc). Por que não reestruturação regionaJ? O que se anali sa nesses livros é a reestruturação de uma região (o espaço nacional brasileiro), embora o único ele- mento da região analisado sejam as cidades. São, claramente, estudos de reestruturação regio nal. Por outro lado - a não se r que espaço urbano signifi qu e intra-urbano, o que raramente acontece- não tem sentido falar de "espaço urb ano'' ao lado de "espaço regional", como na expres são "espaço urbano e regional", abundantemente empre- gada na literatura especializada, inclusive nas obras acima indicadas. Já há década s que as estruturações (ou reestruturações) regionais, nacionais ou planetária inclu- em neces sariamente as redes urbanas, pois elas constituem o principal elemento das estruturas te rrit oriais analisadas. Não cabe, portanto, fala r em "reestruturação do espaço urbano e regional", mas Lãa-somente em reestruturação do espaço regio- nal. O fato de, nessas obras, as cidades serem privilegiadas como elemento da estru- turação regional não autoriza nem justifica a redundância "regional e urbano", pois toda reestruturação de uma rede urbana {que é o que tais obras analisam) é neces- sariamente uma reestruturação regional. Por outro Jado , no Brasil urbano de hoje- para não faJar do Primeiro Mundo - é inc oncebíve l uma reestruturação regional que não seja simultaneamente também uma reestruturação de rede urbana. No entanto, fala-se, por exemplo, referindo-se ao estado de São Paulo atua l, em" ... es- tratégias de desenvo lvimento urbano e regional". A palavra urbano é aí certamente dispensável, no mínimo por dar a falsa impr essão de que poderia haver no estado em questão uma es trat ég ia de desenvolvimento urbano qu e não fosse ao mesmo tempo regiona l, e vice-ve rsa. 19 \J . IS tPltt ' l , \t ' lt\ , U , 1.l 1t lt • lll • 1 l S I\ ltl d ' 1 • I , •d i (Pll \IH\ lllllt\Plll l 'S JWt 1.tl ( 11111 l\ l ' l l \ I S I 1 ' l '•l\ 11,\: /),/ •,1/ 1•, 1 ),. 1111 J H 1 1\ ) l} t I l .t(/ "ª" ., u1h ,\ 1lll h' g tnn t i I ' ' li . .. J' ·t ,u l li 11111 fl \ , IHIHl , 111~.1 , ll t I n . • 1 ' p, · 1 1 1 \ 'h .. t . 1 • 1 • ( 1111\ 1t·, ,•hc•tt 1) lll\l lP d ,- Ih' , t1u t 111, t • t' O ll!III , , 11,l l ' l ll.,1 10 d, · llllfHt·, • 4 \ • li t 't OllOllll , 1 \ ' t 4'J1 1(1lfl11 " f lll t lrlll>O -. C) <! l q111\1lll , , • tllllltu llt ' ll\ d . 1, ,lllll , tdtll l .. º ' ' "'º"<' ., ,I '-; tjllt'J lf,I lt ' l' S {lllllll.l Ç.11) 1111>.a '' !-,. n •,• -. ltttl\H 1, · ,,,11111',H l, t , .. tq ~aon,d " 11•1 , q11t'r rJ,l { > f.tln 1 ' qth• d.td,t ,l ltllJl II t 1 1 1 •lllt 1,1 t • • p101 ,· ,, n df' 1111>,11111'.tl~ , 111 e• clt1 t.; 1 c·cl , >, ln,, , ll,1 ,•, tt \lt\lt,H ; ,tn rc·1•1l111 ti '\ • <" 11r. r- • • 1 IH• ,-.1h •.., 1111110 , · ,p ,11,1111rll ,H10 , t•, rri11111c1 url t ll 1t • , •, (1 ultll,\r ' ,lcl ,111> lll l I' IS"- . )fina ' · • · .. ,11.11n ,1 '-t'I t·,,,,,• , ,n,·, de J>re,11,•10 t· lor 1m · l • 1 l ,.., ~ t,tpl11r, l ·' ' t 1nnnPJhl 1 •11 ,t-- pt'l,l, c•, 111tl,l -. lt'J.!ll111.11, 1\ v1-.1.i d l'.,,, , -.it1 1.1~.10, torno, obri < do,•' n,,, 1 t'tllkt . •1 l n nt t , tgn , 1 o , ,1 l l'l llllnn ln gi, 1 J,t t 11s 1,d11,1<la l' a nn, contornrnr ~n - \11 lh Z ,ll .1 \'\.J)l\'",',,,ll) lll' ~ll Hl qlll' ll'dUlld<lllft' l'SfhlÇ'O illllcl Urh;1r,o , rn l ''" tf \ll ' 'l.to ' l ' lll ."intk ,1. ço n10 d1, M· 1110 ~. 11.10 e 111t•r .1 t' inconscciüt-nlt- formo . ltd.Hh· \d1.1tHl' 'Pll ' ll\lls ,l lg1111, clt• ~cu~ dc , dulH.1111C'11ln!-. .tll.tr1w1He prohlcmdticos . Espaços rc g ional ' intra -urbano 4\ d t~t ,n ç .. to 1tt,11s imprn t,tnlc <'lllll' espa(O inll ,1-urbnno e cspnço reg ional de- ' l\ ,l do~ t 1,1n spo 1 t L'~ e d ,1s com1111k,1(ue s. Q11<•r no t' Sp,1ço i ntrn - urb:in o. qu er no rc- g1011.,I. o dt>:-lol',llll t'lllll til- n1at1..•ria e do st·r llu11rn110 tem um poder cstruturndor be1n rn:uor do qul' l) de s loca m ·nto da c 1wrgia ou das inform ações. A es trutura ção do C""Pª" ' º 1t•g1onnl c5 clominadn rwlo u~sloenmcnl <Hins i11lornrnçõcs, dn energia, do c,1p i t ul n111, t .1nt c.: (' d as mer c, tclm in s t•rn gcr.11 - l'\ 'Pntunlmc nt c at é da mcr cndoria fc>n,-a dt ' Lr.1b..1Jho . O e$p~wo intra - u rb.1110, ao con1rn1io, é cscrnturndo f1indamcntal - n1 n t e pd,u. cu ndi~ ·ões tlt.• tle slocn m l'll l o do ser hu111a 110, seja enqua nt o portador da n1ercadori.1 tor~·a de trnbrdho - como no desl oca mento ca~n / trnbalh o-, seja en- q u.,nto con wnid o r - r ' (HOc.lu~·üo cfa forç.1 ele trabnlho, des locam ento casn-com- pr~s. cn"a - lal'cr . esco la , e tc . Exat.1rnt •11H' tf ,11 vem, por exempl o, o enorme poder c-~c rul11r-.1dor intra -u rbnno da s area s comerciais e de scrv i,·os, u começar pelo pró - pr io ce ntr o urbanú . r.1is arcas, m esmo nas cidades imlu strini s, são as que gcra n1 e atracn1 a mai or <.ptanudn<lc d e de ~loca nwnt o:- (viagen s), pois acu mu lam os dc s lo- can 1e nt ob de f 0 1~·.i Ut' t I al>alho - os qu e ali I rJbnl ltam - co m os de co ns umidor es - o s que n l i fa :l..(~m L'Om p rns t" v: n no · scrvi ~·os. Quanto ao papel Pspnciul dn ~ co m1111icnc;ücs, trnta- sl' de Jss unl o qu e já traz à bnila a con fu soo en tre ~1s anuli-;es do " cspa(OS inlrn -ur bano e regio naJ; j á ten10 s aqui a oponunidndl• d e m c n cion ~u C!:>sa qu e rtio, que será desenvo lvida logo a se- guir , n1os t rando co mo o do mfnio dos es cudo s inrrn -urbano s te m s id o prejudicado p e la i ndc v ida adoçfHJ uc paradigmas, co ncr itos e metodologias típi cos dos est u - dos region nis. Trnla -sc de regi s tmr o hábit o cios annli s tas reg ionai s d e utilizar, em análises int ra- urb a n as, estes doi s vocá bul os- tran sporte s e comunic ações-e con sc qüen - tc n1c nt e as realidade~ que expr imem, tão amarrados quanto irm ãos siam eses. Igno- ra -se a ss in1 o foto de que se us efei tos sobre os espaç os intra-urbano e regional são 20 totalmente distintos. As comun icações têm efeito profundo sobre os espaços regio- nais, nacionais ou planetário, comparáve l ao dos transportes. Entre outras razões, pelo Fato de o espaço regional se r, como dissemos, estruturado pelo deslocamento de energia, pelas comunicações e pe lo transporte de mercadorias, e o dinheiro, uma das mercadorias mais transportadas ultimamente no espaço regional. tem-se utili- zado exatamente das comunicações. Esta metáfora , muito utilizada, se aplica bem a essa situaçã o: as comunicações, tal como os transportes, têm feito com que o mun- do sc"encolha". As com unicaçõe s, a certa altura da história da técnica, se libertaram dos transportes. Elas dependiam-pelo menos a grandes distâncias-do tran sp or- te da mensagem: transporte do jornal, transporte da carta. Foi com a invenção do telégrafo que as comunicações se libertaram en tão. Harvey (1993, 220), aliás, utili- za-se de duas iluslrações para mostrar o "enco lhim ento" do mundo: uma através dos transportes e outra - a propaganda de uma empresa de telecomunicaçõe s - através das co munica ções. Entretanto, a estruturação do espaço intra- urb ano é dominada pelo deslo ca- mento do ser hum ano, enquanto portador da me rcadoria força de trabalho ou en- quanto consumidor (mai s do que pelo deslocamento das mercadorias em geral ou do capital constante). Nesses deslocamentos, não há espaço para as comunicações ou para o transporte da energia. Assim, o de senvolvimento do transporte de energia e das comu nicações- que não envolve o deslocamento do se r humano- tem pro- vocado no espaço intra-urbano efeitos desprezíveis, se é que tem existido. Não co- nhecemos nenhum estudo com fundamentação teórica e base empírica que mos- tre, por exem plo, os efeitos que a difusão do telégrafo teve sobre o espaço intra-urbano. Desconhecemos, igua lmente, qualquer investigação - e muito me- nos teoria- que tenha abordado os efeitos que a introdução do telefone, ou do fax, teve sob re o espaço interno das metrópoles. Finalmente, desconhecemo s qua lquer estudo sob re o impacto intra-urbano de uma das mai s fan tásticas invenções de to- dos os tempos: a energia elétrica. Conjecturas há, certamente, mas para conjecturas a mente humana tem a liberdade e o infinito. É curioso registrar, en passanr, e nos - sas experiências permitem-nos afirmar isto, que a ma ioria dos estudiosos do espaço reage a essas colocações em geral tão veemente quanto impulsiva e irracionalmen- te, dada a falta de est udos objetivos e argumentos convincentes contra elas. No en- tanto, abundam nos estudos espaciais menções aos "efeitos dos transportes e das comunicações sobre o espaço urbano ou metropolitano ", quando na verdade tais efeitos deviam ser apenas os do s tran spo rte s, e não os das comunicações. Trata-se certamente de uma indevida generalização, para o nível intra-urbano, dos estudos espaciais regionais ou plan etá rio. A esse respeito é de se registrar que tais estudos têm ignorado amplamente o fato de que, em qualquer ponto do espaço intra -urba- no ou imramelropolitano, os custos da energia e das comunicações são iguais (ou apresentam diferenças desprezíveis, quando as têm), tornando esses espaços unifor- mes ou homogêneos do ponto de vista da disponibilidade de energia e das comu nica - ções. Com os transporte s, especial mente o de seres humanos, a questão é totalmente distinta. No tocante a eles, o espaço intra-urbano é alta mente heterogêneo. 21 - lJma scf( un dn dbt inçüo no s,. dud n por 1.. l>o 11i 1w <· 1 1ph•I1 ( l '-)90, l 'l) 11-1,t", aulorcs, no Llcsenvo lv inwn tn dt ' ', ('li ... t.•, tuclo s 1owg1111do n lt11lrn dn e li.1111,,d,1 1 -.u,la France sa da Re~ul nçi1o, ckp o i~ dl' ele-tin i nym con 1( > morl f'lo de ti,·"'" tJOh1i11wnt11 e, ( on junro formm1n por um m odo d' 1eg1tl,,~·no, um 1c'Ai1tu• d<· ar1111111l.1<i,,H> t 11111 hlcHo hc g •mõnico, pe1gun1am: " ... sl)brt· tj11al p, p.i~·" ~r·oí-~t,tlko ,e ' '-',tlt'.l.,l ., t1111dadl' ele um moe.leio <lc u est.·nvo lvinwntn 'I Admiti1t•n10 :-. qll( ~ ,. po ,, lvl' I d1 •,11111{\11r, g10'-\0 mo<lo, tre s nívei s: regional. nncio n al t· i111 •1 rrndona l" (l.iptt ·lz 1 '-l7 /, l 'JW,) e rnno o es pa ço urb ano o u m et ro po l i tano na o ap un•n·, ~o rno s o ln igJ do s a e onc luil qut• o es p aço que limit a, qu e cnqu nd1a t c 1 ritc,rin lm v nlP um,1 mcl1 opo le, n.w .,,.11.i no pensa m ent o desses nutorPs - um espa ço adPqu aclo h n,n1li ... P d .t u111d,1cl<· de um mod e lo de de e nvo lvim ento . Ou sc jn, a~ dt 'tL'rrnínac .;ô(•.., lund c.1nH~ntab dt • u111 mo- d e lo de desenvolvimento podem n nc1 M' ::irt lc.:ul a 1 C\pnda lm entt• no n1vt'l i111r,t ur- bnno. Mai s uma distinção - n scrm n vá lid ns a-; prop o,içne.., clc o.,\P!-. nul<>n' \ ent re espn ço intra -urban o e reg ional. Uma ter ce ira di stin ção enco ntra -se no deli ca do e in cx pJ<n,:1<.lo c.i mpo do \ dei- to s do es pa ço so bre o soc ial. Bod dy ab orda um n po c;,..,fvt•I d1 ..,linçfH 1 C'lllrr' n, P4'paçoc: intra -urbano e regional. Seg und o (')e (197G, 1). " . . definir um campo de economia políti ca 11rbrz 11n !grifo no o riginal ! é nigum ·n t .. u q u e<- tlr11tm !grifo no-..sol dn , cida- d es( ... ) que os efe itos do espacia l so bre o ~oc i..1I , ão mai s forlC'.., (' ·rn crgc:m como ó bvio s. O 'urbano ' passa ent ão a ser definido c m 1e 1 m o-.. e.lo~ ·fei t o:-, pnnH .:ulaH·~ do int ens id ade da s int craçõc!> entre o social e o ·spadnl. pro vocada,; pela forma e pt>· c ífica de a ni cuJação espac ial da pr od uçao, da circ u laçao e do con.;;.umo, rw forma- ção soc inl". Por fim , uma faixa de penumbra . Trata- se do novo t ip o de "rcgiuo urbnn a", um mi s to de c idad e e região qu e e rar ia surgindo no s 1. ... téldos Unido <; e que pode- ria esca par à di s tinção aqui fe ita . Seria a regi ão m c t ropolitana ameri ca na co niem- porân ea, polinu cleada, dc sco ncc nlrada e di spersa qu e. seg u ndo Mark Go ltdi cner, se ria uma forma de " ... espaço d e asse nta men to carac te rí s tica d os E~tado s Uni· do s .. .'' e qu e ai nd a" ... n ão surgiu , em um se ntid o qualitat ivo, cm outro s paísl', nem m esmo n a Eu rapa indu s tri a liza d a" (Go tt dic n c r, 198 5, 9) 1• Ne ss a obra , o que Gottdiener estu da ou men c io na são proce ssos intra -u rb a no~. tran s formaçõe s cm element os da es trutura in tra-urba n a: o ce ntro , a c id ade ccn traJ. os muito ~ centros (polinucl eação) e a periferia esparsa . Anali sa, portanto, a c-;t ruturn intra -urbana , por maj s qu e ela ass um a a esca la d e um a região. Trata-se de um tipo particular de espaço urb a no . Espec ificidades do espaço intra- urb ano De acordo com I Jarvey { 1982, 375). "o es pa ço é um a1ributo mat erial de todo os valores de uso··. Na ve rd ade o é também do s produt os n ão produzid os pel o traba· lho , ou se ja, q uc não são va lo res de uso s imple s1nen te por n ão terem vn lor, como O!> oceanos ou as mon ta nh as . Mas fiquemo s por aq ui. O espaço é at ribu to de um auto· m óve l, do co rpo hum ano, de uma cadeira, de um ed ifí cio ou um co njunt o de cdifi· 22 cios e de uma cidad e inteira. Prossegue I larvey (idem, ibid.). "o trnlrnllw ulll t nm rt '· to produz vnlorcs de uso em determinado s lugares''. Os valon·s de tho ,,1o tamhr111 consumid os cm "determ inados lugares". Ternos então dois espaços: o <lw, ol>Jt•to-; em si (produ zidos ou nflo pelo trabalho hum ano) e aqu ele drlerm i nad o pelos loc.11" onde estes são produ zidos e consumido s. Aparece ass im a questão da loca lização - os locais onde os produt os 4.,,10 produ zidos e consumid os. A localizaçã o é relação a outro s objeto s ou rnnp111to~ de objetos e a loca lização urb ana é um tipo específico de localização: aq uela 1w qual as relações não pode m existir sem um tipo parti cular de contato. aquele qu c- envolve deslocamentos dos produtor es e dos con sumid ores entre os locai., de moradia e os de produ ção e con sumo. Com isso, temos dois ou tros tipos de cspH· ço: os que envolvem deslocamento s - as localizações - e os que não envolvem desloca mentos - os objetos em si. Nestes último s, o espaço é dado por rclaçôrs visuais ou por contato direto; na localização , as relações se dão atravé s dos trnns - porres (de produtos, de energia e de pessoas), das comunicaçõe s e da disr onib ili- dade de infra-est rutura. Note-se, entretanto, que o tran sporte de ene rgia. as co- municações e a infra-estrutura pode m inexistir no espaço urbano , como em aldeias primitiva s ou em pa rtes de espaço s urbanos algumas década s atrás. O tran sporte de pessoas não. Tanto parn o exercício imediato do traba lho como para a reprodu ção ela forçn de trabalho, a localização urbana 2 é determinada então por dois atributo s. São eles: • Uma rede de infra.est ru tura: vias, redes de água, esgotos, pavimentaç ão, ene rgia, etc; • Possibilidade s de transporte de produtos de um ponto a outro, de deslo ca· menta de pessoa s e de comu nicação . Dent re essas possibilidade s, a de desJo. camento do ser humano (para os loca is de trabalho, de compras, de serviços, de lazer, etc.) dominará a estruturação do espaço intra-urbano, já que , entre os deslocamentos de matérias e os do ser humano, dominar á o últim o. Por outro lado, a necessidade de des locamento do ser human o domin ará as t.lc comuni cação na estruturação do espaço intra.urbano pois, como vimos, o custo das comun icações por fax, telefone ou televisão é praricnment e o mes- mo cm qualquer ponto do espaço urbano. As condiç ões de deslocamento do ser humano, associada s a um ponto do território urbano , predominarão sobre a disponibilidad e ele infra-est rutura s desse mesmo ponto. A acessibilidade é mais vital na produ ção de localizações do que a disponibilidade de infra-estrutura . Na pior das hipóteses, mesmo não havendo infra- estrutura, uma terra jama is poderá ser considerada urbana se não for acessível - por meio do deslocamento diá rio de pessoas - a um conlcxto urbnno e a um con- junto ele atividades urbana s ... e isso exige um sistema de tran sport e de passage iros. A recíproca não é verdadeira. Além disso, a infra-estrutura é produ zida e pode ser reproduz ida pe lo trabalho humano e estendida a toda a cidad e. J ln países do Pri· mciro Mundo em que toda terra urbana tem toda infra-estrutura ; a locnlizaçno, dada pelas possibilidades de deslocamento do ser humano, não . Ela é como as obra s ele 23 arte e antigüidades-são fnito do trabalho hum ano mas não podem ser reproduzidas pelo trabalho humano (Marx, s.d., L 3, v. 6, 727). Os produtos específicos resultantes da produção do espaço intra-urbano não são os objetos urbanos em si; as praças, as ruas ou os edifícios, mas suas loca. lizações. A produção de edifícios ou de conjuntos de edifícios - A Noite, o ~lartinelli. Barra da Tijuca, Copacabana, o Jardim Amér ica ou a avenida Paulista, etc. - enquanto objetos urbanos certamente é produção de es paço. Entretanto o é tanto quanto a produção de cadeiras, árvores, ou canetas. A produ ção dos obje. to urbanos só pode ser entendida e explicada se forem cons ideradas suas locali· zações. A localização é, ela própria, também um produto do trabalho e é ela que especifica o espaço intra-urbano. Está associada ao espaço intra -urbano como um todo, pois refere-se às relações entre um determinado ponto do território urbano e todos os demais. O estudo das formas é sen1 dúvida estudo do espaço urbano, mas não é espe- cífico do espaço urbano. Muito pelo contrár io, as formas são atributo de todo espa- ço (árvores, cadeiras, canetas). No entan to, para explicar as formas urbanas - os bairros , as direções de crescimento, a forma da mancha urbana, a verticalização, densidades, etc. - é indispensável co nsiderar as relações de determinado ponto, ou conjunto de pontos, com todos os demais pontos do espaço urban o. Esperamos mostrar nesta obra que dominam essas relações, que se materializam através do deslocamento dos seres humanos enquanto cons unüdore s e/ ou portadores de for- ça de trabalho. É o que, em outra obra (Villa ça, 1985). chamamos de localização pura. Portanto, a análise específica do espaço intra-urbano não pode limitar-se, por exemplo, aos estudos da produção de escritórios na avenida Paulista ou de condo- mínios verticais na Barra da Tijuca e horizontais em Alphaville; nem registrar que São Paulo cresce mais para o leste e Porto Alegre tem uma forma marcantemente linear . É preciso explicar por que os condomín ios são ve rti cais e não horizontais, e vice-versa; em segundo lugar, por que produziran1 as localizações representadas pela avenida Paulista, Barra da Tijuca ou Alphaville, e não aq uelas representadas pela avenida Aricanduva, Belfort Roxo, Sapiranga (PA) ou ltaquera.* Não basta explicam abertura da avenida Rio Branco, no Rio, con10 fruto da especulação imobiliária. O estudo específico do espaço intra-urbano deverá exp licar por que ela foi aberta na localização que foi e não em outra qualquer. Não basta explicar o desenvolvimento industrial de São Paulo ao longo das ferrovias, na primeira metade do século XX. É preciso explicar por que esse de se nvolvimento ocorreu ao lon go de uma ferrovia- ª que demandava Santos-, e não de outra- a que demandava o Rio. No caso das metrópoles brasiJeiras, é neces sá rio explicar por que as camadas de alta renda se localizam em áreas mais centraiis, produzindo grande quantidade de edifícios de • Avenida Paulista, Copacabana, Bclfort Hox.o e ítaquera 1150 são pontos ele um espaço geométricc, t:ibulciro continente. As expressões na avenida Paulista e e111 Copacabarw silo enganosas, pois veiculam o idéia de espaço tabuleiro preexistente. A avenida PauJista, enquant o es pa ço socia l e ponto de grandes escritórios,/ um espaço, não está no espaço. As avenidas Paulista e Copacabana de 1920 são um espaço e ns avenidas Paulista e Copacabana de 1980 são outro. Por isso, dizemos localização representada por ... 24 apan.amcnto e não predomi nanteme nte em apa rtamentos uburbnnos- como nJ Rarrn da Tijuca - nem em residências uniíamiliares suburhanas - corno em \lphaville. Final mente - e aqu i está uma ques tão vital parn ..i compreenc.ào do e-.- paço intra-urbano brasi leiro-, po r que as camadas de alta renda, quando vão para o subúrbios- Barra da Tijuca, Nova Lima, na Área Metropo litana de Belo Hori1.on- te ou Alphaville - escolhem cer tas localizações su bu rbanac; e não outras, como Belfort Roxo, Venda Nova ou Jtaqu era. Ao mes mo tempo . 6 preciso entender as im - plicações e as conseqüê ncias dessas loca lizações; cm resumo, é preciso explicar a localizações intra-urbanas. Para ilustrar a especificidade do espa ço intra- ur bano, vejamos um ponto de partida tão fundamenta l qua nto eleme nta r. Quais os processos socioespaciai~ intra- urbanos mais im portantes e significativos e qu e por isso devem merecer maior aten- ção por parte dos estudiosos? As análises e teorias so bre o desenvolvimento ou es- truturação (ou reestruturação) regionais já há m uito responderam a essa pergunta. Há um razoâ\'el conse nso quan to à imp ortância de algun s processos socioespaciais regionais , como aqueles ligado s à urb anização, às relações ent re a industrialização e a urbanização, ao dese nvolvimento reg ion al des igual (nacion aJ ou planetá rio). adi- \ isão internacional do traba lho, às relações entr e os mode los de dese nvolvimento - na definição acima, de Upi etz - e a es trutura ção territ orial regional, etc. Apenas para mencionar o caso ma is con heci do bas tar ia lem brar o prestíg io inte lec lual hoje l desfrutado pelos est udos reg ionais e plan etário produ zidos com base nas idéias da_ § ~ chamada Escola Frances a da Regulação, os qu ais vão desde o Sunb elt x Snowbelt ~ =i ~ aos centrosde crescime nto flexível, como os tão difundid os casos do vale do Silício, .1 ~ e Emília-Romag na, Corre dor M-4 e out ros (Bodd y, 1990). ~ ~ ~ No entanto, e ao contr ár io do qu e vem ocorrend o com os espaços regionaJ e .., i planetário, não se dese nvolveu, nas últimas déca das, nenhum a corrente de pe nsa- mento voltada para os p rocessos soci oespacia is intra- urba no s mais significatiV05, e muito menos para as co nexões entre as tra nsforma ções das esfe ras socioeconomicas e as espaciais . Estas refe rir-se- iam não ape nas aos efe itos das tra nsformações socioeconômicas sob re o espaço - que é o ram o de investigação mais freqüente e desenvolvido-, mas tam bém ao opos to, isto é, os efe itos das tra nsformações espa- ciais sobre a esfera socioeco nõm ica, muito menos freqü ent es. Fina lmente, pode - riam referir-se também - e mais correLame nt e - à dia lélica sotioespacial (Soja, 1980). Tal dialética, então, é quase total m ent e ignorada . Cabe então reiterar a pergu nta: q uais os processos socio<.'spadais intrn -urba- nos mais significativos e importantes? Por quê? Avcmcmos algum as hiµOte!>C~. 1. Seria a versão intra-urba na do dese nvolvimento regio nal e planetáno desi- gual? Seria cnt ào a do desenvo lvime nto dcsigunl do espaço intra-urbano? Li- mitar-se-ia esse espaço à questão centro x periferia? 2. Seria uma eve ntual Lcndência das metrópo les no sent ido da descon- centração polinucleada e da formação de enormes "nuvens urbanas" , como as ide ntificadas por Gottd iener ( J985). que existiriam apenas nos Estado~ Unidos? 25 3. ' cria n rhamnda "decadência" dos cent ros pr incipai s (CBDs - Central Busincss Dist rict}? 4. Seria o ur gimento de novos ce ntro s alternativos aos CBDs? 5. Scrin o dc~loramcnto e/ou a expansão dos centros principai s antigos e a for- m.,ç no dos chanrndos "centros expa ndido s"? 6. 'eria :1 segn'g.1çào urbana? Se ria não só a seg rega ção, ma s a po sição relativa das a1c:ls seg regada s no espaço urban o, como na descrição de Manchester feit:i por Engels { l 978. 579) cm Tlie conditi on of the working class in England in IR./.f nu nos ele Burgei,s ( 1968, 47) para Ch icago ? 7. Seria o deslocamento espacial das classes soc iai s? 8. erin a verticalização? rinalmcnce, quais seriam os principais elementos da estrutura espacial intrn- urban:1 l' por que? Essas questões eleme ntar es não têm sido sis temati cam ente expostas e de- cn\'olvidas - muito menos int erpreta da s ou explicada s-, na s últimas décadas1 pelos estudiosos de origem marxista (próx ima ou remota), excetuada talvez, como ja vimos, a efêmera e questionada incursão de Caste lls no assunto, em La questíon urbnine. Portanto, os temas sob re os quais versam aquelas pergunta s permanecem aba ndonado s e elas, sem resposta. Se não há consenso, corrente organizada de pensamento nem investigação empírica siste mática sobre espaço intra-urbano, como havia, por exemplo , com a Geografia e Economia urbanas neoclássicas; se é precário o conhecimento desse espaço intra-urbano; se não há consenso so bre os processos socioespaciais incra- urbanos mais importantes, e que por isso devem se r estudados, como é possível acreditar minimamente em qualquer teoria do espaço intra -urbano? Se é limitado o material empírico e teór ico sistemat izado e elabora do sobre espaço in tra-urbano, como aceirnr, para esse espaço, processos socioespacia is, metodologia s, paradi gmas ou teorias transplantadas das análises regionais? Para finalizar, aproveitemos as obse rvaç ões acima, sobre o papel dos deslo- camentos espaciais do se r humano como especi ficador do espaço intra-urbano, para registrar que não considera m os as á reas metropolitanas regiões. Como pretende- mos mostrar nesta obra, são elas asse ntam e nt os, ou co mpartimento s territoriais estruturado s pelos deslocamentos dos seres humanos enq uanto consumidores ou portadores da merc ado ria força de trabalho; são, por isso, ci dad es - por maior e mais imponante s e globais que sejam, e por mai s que incluan-1 vários muni cípios. São um tipo particular de cidade, mas são cidades. Não são regiões. Por isso, nesta obra , só no s utilizamos da expressão área- e não região rnetropolitana. Abordagens dos espaços intra-urbano e regional O aspecto central ne s ta questão é o segui nt e: as rela ções, ou as medi ações. entre as grandes transformações socioeconôrnicas nacionais ou p1ane ttirias e, de 26 um lado , as transformações espaciais regionai s e, de outro, as intra -urbanas são as mesmas? Por quais mediações passam as relações entre, de um lado, a estruturação do espaço intra-urbano das diferentes cidades de um paí s e, de outro, as grandes transformações sociais e econômicas exper iment adas por esse país, o grupo de paí - ses ao qual este pertence e mesmo a sociedade mundi al? Nossa tese é de qu e tai s mediações passam fundamental men te pelos traços nacionais definidore s da estru- tura e do s confli to s de classe e, ainda, pe la dominação política e eco n ômica através do espaço intra-u rbano . Tais traços se manifestam na estrutura espacial intra -urba- na por meio da segregação, que passa a ser ent ão o processo ce ntral definidor dessa estrutura. Esses traços são bastante inelásticos em face de algumas transformações sociais e econô mica s nacionais e planetárias. Nossa análise do espaço intra -urbano de seis metrópole s nacionai s mostra que a lógica básica de seus espaços pouco se alterou nos últimos cem anos, por mai s que, nesse período, o capitalismo brasileiro tenha se alterado, seja nacionalmente, seja em distintas regiões do país. Claro que, se, por exemp lo, o neoliberalismo faz aumentar o desemprego e a pobreza, as áreas pobres de nossas cidades aumentarão. Essa exp lica- ção é tão verdade ira e óbvia quanto pobre. No nível intra-urbano é fundamental en- tender como essas transformações são filtradas em nossa sociedade e traduzida s em estruturação e reestruturação- e não apenas em alteração-do espaço urbano. Para mo strar a distinção entre os espaços intra-urbano e regional abordare- mo s a segui r os pensamentos de alguns not áveis analistas contemporâneos doe s- paço. Vejamos inicialmente o pensamento nacional sob re a questão , utilizando-nos do enfoq ue de alguns de nossos mais brilhantes estudiosos. Queiróz Ribeiro (s.d. ) e Queiróz Ribeiro e Corrêa do Lago (s.d., 9) vêem na pro- moção imobiliária o elemento de ligação entre, de um lado , as transformações macroeconômicas n aciona is e, de outro, a reestruturação intra-urbana . Desenvolvem importante inve st igação sobre a atividade imobiliária no Brasil urbano, assunto mui- to próximo ao espaço intra-urbano, razão pela qual são impelido s a abordá-lo. Os au- tores explicam por que os lucros de incorporação, derivando , segundo eles, de trans- formações no uso do solo, provocam transformações intra-urbanas. Procuram, então, investigar as conexões entre o recente advento e difusão da "moderna incorporação imobiliária '' e aquelas transformações. Nesse sentido, chegam inclusive a considerar essa moderna incorporação a causadora da segregação espacial. ''A dinâmica constru- tiva empresa rial concen tra- se e reno va intensamente os núcleos urbanos, elitizando e segregando essas áreas das grandes e médias cidade s, especialmente das cap itais. No Rio de Janeiro, por exemplo , estima- se que, no período 1980-1988, 73,8% dos in - vestimentos realizados pelos incorporadore s tenham se localizado nas zonas Norte , Sul e na Barra da Tijuca " (Ribeiro , 1992). Em Porto Alegre, as unidades constrnídas no centro da cidade passam de42 % do total da cidade em 1982 para 65% em 1989 (Rovatti, 1992). Números seme lhant es pod em ser enc ontrado s para São Paulo (Galena, 1992), Aracaju (Dantas , 1992), Natal (Araújo & Câmara, 1982, e Petit Mello, 1992) e Salvador (Pinho, 1992). Concl uem Ribeiro e Lago qu e " ... em todas as capi tais produziu-se o me smo mod elo de espaço urbano segregadoe diferenciado; isto é, a moderna produ - 27 imobiliária? Até que ponto - co mo pretcnd emoc; noc; - a i;egregação é um proce $SO necessário para o exercício da dominação social por mei o do ec;pac;.o urbano, de cor- rendo, portant o, <ln luta de classes em torno dac;., vnntag ens e de van tagenc; do espaço construído? Outro caso ilus trativo da s difere nças de conexão entre a!> tran c;formações eco- nômicas nacio nai s ou pl anetárias e os es paços urbano e reg ional é fornecrdo por uma anális e tip ica m ente reg ional : Ncgri e Pacheco (1994, 62) identificam três tipos de aglom eração ba seada na produ ção ílcxiv el. Prim eiran1e nt e, " ... as indú trias in- tensivas em design ou rev itali zada s pela introdu ção de co nt eúdos 'ar tesan a is' (. .. ) com dois Lipos principais de localização: ou em áreas pr óxim a da s grand es metró- poles (a exem plo de Nova forque, Par is, Londre s, etc .) ou em antigos centr os (grifo nosso] 'arte sa nais ' {como a Terce ira Itália, parte s da França , Espanha, etc ). Em 5e- gundo lugar, a indú stria de 'alta' t ec nolo gia lend e ria a se localizar em áreas selecio nada s nos subúrbio s da s grandes cidade s ou em áreas anteriorm en te n ão industrializadas (como no Sunbelt americano )". Finalm ent e (apoiando-se cm Sco tt , torper, 1990, 22/23). afirmam que" ... os se rviços produtivo s e financeiros tende- riam n localizar-se no centro [grifo no sso] das grandes cidades como ~lanhattan , a City de Lon dr es ou La Défense em Pari s". Negr i e Pacheco não anali sa m, nem pretendem anali sar, o espaço intr a -urb a- no. Deles nos utilizamos pela ó tima oportunidade que oferecem para mostrar adi- ferença entre a abordagem reg ional e a int ra-urbana . Em primeiro lugar, para a aná - lise regional , uma cidade ce ntral de uma metr ópol e, uma área metrop olitana ou um a região urb ana é um "centro ". Assim, a região ela Terceira Itália é chamada de centro . Entreta nto , os autores também cha mam a City de Londr es de cen tro. ap esar de se r uma área exígua e de natureza completam ente ruversa se comp arada com Manhattan ou co m a Terceira Itália. Por ou tro lado - e isso é parti cularment e im- portante-, pro cu rand o o centro de Paris, os se rviços produti vos e finan ce iros p ro- curari am ... La Défense, que está a 9 quilômetros do centr o de Paris. Se na s análises regionais tamanha s dif erença s en lre "centro s" não são import anLes, nas análise · intra-u rbanas essa confu são é inaceitável. lss o por s i já revela a difer ença enuc as aná lises regionai s e intra -ur bana s. Na análi se intra-urbana , não é po ssíve l englobar La Défense e a City de Londre s sob o mes mo conceito de ce nt ro. No nível incra- urban o, terí am os que stões da se guin te natur eza: por que os erviços produti vo e financeiro s aci m a mencio nados procurariam La Défcn se, e não o ce ntro tradi cion,d de Paris? Por que pro curariam a City (equivalente às rua s Qu inze de Novembro, Quitanda e Boa Vista. em São Paulo, ou m, rua s Sete de Selemb ro, Quitanda e do Carmo, no ílio ), e não uma localização suburbana eq uivalente?\ do Centro Empre- sa riaJ de São Paulo ou um "cenlro novo'' co mo La Défense? Por que. em nossa~ me- trópoles, os centro s lrndicionai s - agora num sentid o inlrn -urbano - cmram em decadência e surge m cancros novo s? Por que a alta finança é uma da s pou ca~ ati\ i- dade s a se manter nos centros velhos não só de noss ns metrópole s, mas me!,mo no~ do Primeiro Mundo , como em Wall Strcet , na City? Respos ta a essa~ ques1õe!> int ra- urbana s não se rá encontrada nem na acumulação ílexivcl, tamp ouco em qualquer outra ma cro teo ria do gêne ro. Essas macro teo rias pod em explicar por que os serv iços 29 produtivos e financeiro vão pnra Londres, Tóquio ou Nova Iorque; podem até expli- car por que a indü triade pontn vai para a Terceira lt tfün, mas não têm condi çôc!) de t!'\.plicar a localiLnçõc-s intra-urbanjs Jnquele s serv iços, nem suas impli cnçõc~. P~hscmos agora para a abordagem de c-studio sos estra ngeiros. Mnnu cl Castclls foi o único dos contemporâneo s de origem marxi sta que apre sentou uma proposta de abordagem tcorica nbiangcnte d o espnço intrn -urbano c m La questinn 11rúni11e. Entrcrnnto , ·ua propo sta não prosperou já que ele própr io abnndonou esse campo de in, ·e rigaçào sem ter deixado seg uidore s. Ap<>sar dis so, tem mantid o algum intc- rc se nas questõc . referentes ao espaço intra -urbano, embora se m a ambição de profundidade totalizante demon strada na obra citnda acima. Fazendo uso de uma contribuição recente de Cas lc lls de 1994, vamos conti- nuar a tecer com,idcrações sobre um elemento absolutamente fundamental da cs- tmturn cerritoria l intra-urbana: o centro da cidade ou da metrópole. lni cialmcnLe, con, ém deixar claro que é nece ssá rio estar atento para o fato de que, como acaba- mos de vc-r, \'ariam muito os conceitos e as realidades repres entadas pela expressão n. .. ntro ttrbano; é preciso, poi s, caute la na interpretação desse vocábulo e também na ua utilização. Ele pode designar ou os chamados centros tradicionai s (impro- pnamcnte chamados de "histó ricos"), como o CBD dos americanos; pode designar uma arca central mais ampla , como a que os urbanistas brasileiros chamam dc "cen- tro expandido"' ; pode até mesmo significar cidade central. especialmente no caso da-. cidade america nas, que freqüentemente têm área territorial pequenn , tanto em termos ahsoluto como relativos às extensões das respect ivas áreas mctropolita- nac;; finalmente, cm análises regionai s, pode significar áreas metropolita nas intei- ra!>. Referindo-se às cidades da Europa Ocidental, diz Castel ls (1994, 26): ''O centro de negocios constituj -se de uma infra-estrutura de telecom uni cações, co muni ca- ções . serviço - urbanos e espaço para escritório, baseados em inst ituições tccno- log1ca e inc;titucionais . Ele pro spera a partir do proc essa mento de informaçõe s e funçõe!> de con1role Às vezes é complementado por instalações de turismo e via- gens . l:Je é o nó do espaço de fluxos que caracteriza o espaço dominanle elas socie - dade,; informacionais'".• lnddentalmeme, é curi oso que Castells não mencione as atividades - ou instituições - cullurais como a~ específicas dos centros. Não está claro se Caslells está se referindo a um ··centro expa ndid o" ou a um ce ntro tradicional- o CBD, por exemplo !\o caso de Nova Jorque, o centro seria a ilha de Manhattan inteira ou apr - nas a pane ao !>UI do Central Park'? Note-se que ele tamb ém não incluiu as ínslitui - ções educac1onah nec:;se centro (se Livcsse incluído , e le estaria, obviamente, se refe- rindo a um ccmro expan did o), mas apenas at ividades baseadas em instituiç õc educacionai s. ~eJa como for, fica claro qu e Castells está se mpr e se referindo a um centro de uma cidade ou árt!a metropolitana . • • Jnc bu sin c , i:L"llll r I" mJd ~ up uf ,lll l11f1a, 1ruc1111t• oi tclt~co11111rn11lca1ionc;, co mmuni c,11io11!., 11rhu11 Cf'\lCCS and oUict·.spJcc b:Jr,cd uron ci:dmulogy anti cdu ca11u11::il in~1iiu1ion-. ll I hrivt~s 1h1011gh 1nlorn1,1lin11 pmc~ ... tng and co11tml !um:11on-, li 1, -.omcumr ... complC'mc111cd by touri <;rn ,mel 11avcl l,acilitie<,, lt 1 .. lht1 no<l,. of lhe pa ce of tl"\., .. rhnt chamc lcr!Lcs tJ1c domina nt 1,pacc of lnf ormuUonal sncic t lc-.". 30 Goudiencr abordnrin de outra manrir.1 · rcít•rir- ·-ia , s mC'trópol "s p(llt- nuclcadac., reconhe cendo ou nJo , que um . e ,o um. do <i rl'ntros wna n pr mnp.1I. Goudiener u ana lmsme.s ccnter.s, no plural. t• n,10 hm111e,s, e11/cr. ,\,,,m .:;cndo. d.1 duas uma: ou Cac;te ll, e Goudiener 1ealmc1Ht• tlivcrgem, ou <.'lllttO a~ c1dJdcs nortc- amencan as - que ·ão as estudadas por GolldiC'nl'í- s ,10 realmente d1forcmcs das da Luropa Ocidental - às quai,; se refere Cas tcll s. l·m qualquer l'Jso, cabem as ~c- guintes indagações tipicamen te intra-urbana s: ncs!:!C asprcto, como ~ão as cidade, brasileira~? Quais osprocessos que vêm ocorrendo cm ~eus t.:elllro..,? No no..,.,o caso, o~ grandes equipa ment os metropolitano s exemplificado s por Castelh e~tan.1m ~e.· localizando no centros tradicionais (ou encos tados a cle5). como o f'elcpono do Rio de Janeiro? Em caso afirmativo, por quê; se não, por quê? E~tariam ~e locahlan- do em centros expandido s - muito afastados dos centros trndicionab - como no s caso~ das a\enidas Luís Carlos Berrini1 ou da marginal do rio Pinheiros em São Pau- lo, ou na região do Shopping Iguatemi, em Salvador? Escariam se locnhzando fora até me mo dos cenlros expandidos. como na região do Centro Empre anal de Jo Paulo (g1gantesco complexo de escr ilórios conslruído na década de 1970 a 15 quilo- metro5 em ltnha reta do centro principal) , ou junto no Centro Admmi trau vo de Sal,ado r? Enfim, quais as transformações territoriais por que vem p~ sando o cen- tros das metrópoles brasileiras e por quê? São elas causadas pela acumul açao fll!Xl- \'el, pela realidade pós-fordista, pela globalização das economia s nacionais. ou pela nova socieda de informacional? Em qualquer caso, nossas menopolc s permane ceri- am eventualmente com um centro principal apenas, trocando o "velho" ltrad1cio- nal) por um "novo"? Finalmeme, as principai s questões, especificamente mlra -ur- banas: por que os ditos centros novos se instalam na regino em que se instalam e nao em outra qualquer? Qual a razão de sua localiznçào? Quais a!, implicaçõc~ e com;equências de sua localização? Ca~tclls discorre ainda sobre outros, processos socioespaciais imm-urhano ; 50bre a 5cgrcgação espacial das elites nas cidades da Europa Oc1dcntal, diz que, l,1, essa clas!>e não foi para o~ subúrbios - ao contnirio das amcncnnal> - e enuncia, sem desenvolver, uma hipótese, a nosso ver, correm: a que rrlnciona a locali1.,ação intra-urbana com a dominação {idém, 26):• "Nas c1da<lcs curopctéls, ao contrário das americana.,, éll> área!, re!,idenciais realmemc !>oltsticadas ccn<lem n apropriar-se da cuhura e h1~tória urbanas , localizando-~e cm áreas rcab1lnc1da.l> da cidade cen- tral. enfa11zando o falo fundamental de que, quando a donu11Jc;ao ci,ta claramen te e">tabclecida e aplicada , a elite não necessita ir para o cxího suburbano, como fi1e- ram a~ frágeis e amedrontadas elites americana !> par d escapnr cio conlrolP da popu laçao urbana (com as significativas exceções de Nova Iorque, São Franci,co e Boslon )". •• • l•111h1ir;111.,0 ,ria ttll\ ,! dominaçao ntlfw6 do espaço rul lfmo, ronm rnm luirt•mn, nc~ln oh1,1 .. ' ln l 1111,pt•,111, il•l', , urtllh· rn J\mcma, tltt> ltul y cxthhr\t' rC">ldt·n11,tl Jlt'.h 11•11d ltJ ,1pp 111p11,lll' 111b.1n 1·11lt111r· ,111J hh101 y, hy lot ,ti 111g in rt•lt11hililJll'<I ;mw , of 1lw cc111 tJI e ri>", 1•1nplu1,11111.: 1 lw h.t,1\. l,H I lhat wlwn do111111,111t,11 ,, < lt•.11 lv t '>IJhl h hcd ,111d cnío1ct·u, lhe d1w d,w, n11l nnd lfl i:u 11110 ,\ ,uh111 h,111 i·:tllt', J 11h1• Wf',Jl. ,llld h::u 1111 A1i°11•1 ic:1 11 dite.", clrcl lll ,,.,, ,tp l' Í101111lw c:umrol oi thl' 111h.111 popuL,11011 (wllh the !Jll(tllíir ,1111 <·xt ,•pt ion ... oí Nc w Yo, k., !)on I m rH. ii,cn and 1\11, ton ) • 3L Entretanto, há uma questão mais instigante - e, para nós, questionável - elaborada por Castells: a relação que se estabe lece entre a estrutura espacial intra- urbana e as macrotransfonnações socioeconôm icas. Depoi s de uma rápida exposi- ção sobre a estru tura espacial nas cidades da Europa Ocidental, afirma ele (idem, 28) que "os grandes centros metropolitanos europeus apresentam algumas varia- ções cm torno da estrutura de espaço urbano que nós res umimo s dependendo de seu pap el diferenciado na economia européia !grifo nossol. Quanto mais baixa sua posição na nova rede informaciona l, maior será a dificuldade de sua transição do estágio indu str ial e mais tradiciona l sua estrutura urbana, com os antigos e consoli· dados bairros e áreas comercia is desempenhando o pape l determinant e na dinâmi- ca da cidade. Por outro lado, quanto mais alta sua pos ição na estrutura competitiva da nova economia européia, maior o papel de seus serviços avançados no distrito de negócios e mais intensa a reestruturação do espaço urbano. Ao mesmo tempo, naquelas cidades, em que a nova sociedade européia reloca funções e pessoa s atra- vés do espaço, imigração, marginalidade e contracu lturas estarão mais destaca- damente pre se ntes, lutando pelo controle do território à n1edida que as identidades se tornam crescentemente definidas pela apropriação do espaço".• Esse trecho é rico e muito se presta à exploração e ao desenvol vimento de algumas questõe s fundamentais sobre o espaço intra-urbano. É preci so sempre ter cuidado com o conceito de "centro"; na mais generosa interpretação, essa palavra designaria uma área bem ampla, ma s certamente não seria sinônimo de "cidade central", expressão que Castells usa com freqüência. O autor estabelece aí uma clara correlação entre importância socieoeconômica (o papel diferencial na econonúa européia) e renovação física da cidade. Não ,analisa , contudo, a locali zação onde ocorre essa renovação física. Orn,, não se pode analisar transformação de estrutura intra-urbana sem analisar alterações de localizações intra-urbanas. Segundo Castells, a s cidades que ocupar e m uma posição hierárqu ica inferior na nova rede informacional manterão uma estrutura urbana mais tradicional, com as áreas residenciai s e comercia is antigas - antigas e consolidadas - desemp en hand o um pap el determinante na "dinâmica da cidade". Por outro lado, quanto mais alta sua posição na hierarquia econômica" ... maior o papel de seus serviços avançados no distr ito de negócios e mais intensa a reestruturação do espaço urbano'' . Esse raciocí- nio é incapa z de explicar, por exemplo, as transformações intra -urbana s nos cen- tros da s metrópole s. Nessas palavras não há espaço para centros velhos ou novos, nem para a "decadência" de centros nem para o deslocamento de centros. Também • " ... major Europca n mc tro politan cc ntcr s prc sc nt so me vari:uions around thc s tru cturc o( urban spaccwc hav c oullincd cfrpending 011 Ifmr diffcrcnt ia/ role i11 tlze U11ropca1t economy !grifo fl(Jsso ]. The lowcr thcir po s ition i11 th c ncw infonnalionnl nc1work , lh e ~rcal cr Lhe difficulty o f lhe ir Lran it ion from lhe lnduslri::il stag c nnd lh t: mor e 11adition al wíll bc th ei r url>an s1ruclu1c, with o ld cstah lishcd ne ighborhnod s ,rnd cormnerciaJ quarlers playing lhe dc1erminon1 rol e in lhe dinami c of lh e city. On lh e orhcr hund , rhc highcr thcir po s i1io11 in lh e compcliliv c s rru ctur c o f lh e new Europcun cconomy, Lhe grca!er lhe JOlc of thrir advanccd se rvices in lhe bu sinc ss dis tricl nnd lh e more intcn sc will bc lhe rec s trn cluring of lhe urb.111 spa cc. Al thc sam c lim e, in lho sc citics whcrc lhe ncw Europcon so cicty rclocalc s fun ctiun s and pcnplr lhroughoul rhc spacc, immigration, marginality anel counter cu ltur cs w ilJ bc lhe mo s t prc se nt. fighlin~ ovcr lhe con 11ol of the lcrrilory as idcntiUc s be cornc in crca-.ingly deílncd by lhe appropri: :11ion ofsp:ice." 32 n~o hn espnço par,,~ n·110va\·ao 011 lnrali1.11çan lll'lll d• ,lll',l~ tc'1.,1d<·rKf.1i,, 1~1m111rnt o de oulros n •nlro,; tt' t-ci.it io" qttt' n,lo o:- ti ttdkionnh n•nl, 01., p, 111< ip.ii s. 1 umb ém aqt11 é pn.•riso C'ltid:ic.lo com () conceito de CS(trlflll1l . c a.,ll'II', 11,,1 no 11\l l cll cll' l'~p .1\0 \trbano - l'S:-ia palavrn rn mo ~inünimn de <.'SJrn~·o rn lrn,m 1'.11 ,1 nm,, 1h10. r,1 ru111r.1, quando Sl' 1efc1c J l'Spa ço til bano, di z 1c•:,pcilo :1 loraliza~ \ lo rcl,1tiv,1 dns rlt'nwnr n-. r!'>paciais e ~u.\s rl'lnçoes, ou M'J, 1, do s r l'l\lt os d<.1 ,wgüt 1Ps (11Jo M) o prín dpal, 111.1s tnmb<.\m ns ckma is) d,t!-1 t\1e:1s rcl'lidcnrii1b scgrl-'gadas t', finalmc11l t\ dt1~ .irl', t t.. 111 d\l~triai s. Castclls nhorda t rnnsl'ormaçocs do cspnçn (n·11ovnç.io do 11H•io ron ..,11 u1clo) como "n•rstnll tm1(:lo" do csp:1<;0. Pode havrr rt'novn(no do l'S J'HlÇ'O o:;('m 11rc(•.:;c;aria · mente haver rccstrutura~ ·tto. Qt1nm lo, nos pri111riros vi111c :,nos dci,tc s,~culo, o qun dro imo bi lidrio do centr o de no~sns cidade~ foi tolalmc nl c renovado co m a dem olr ç5o dn colonia l e n impla nt açt\o do ncnclrí:ssico e do rd<:tismo , ru7o hut1walti'l'tlÇao 11n c>str11t11ra 11rbnna, µ ois esses cent rns nf\n prrclt•ra111 sun imp ortüncin , su:1 po:>i- çno, sua nnture za nem lorali za~'flo. No c11tnn to. houvr lt ansf<1nnn~·ün do cspttc;o 111- bnno l! intensa alividn clc im obili ária . Qunnd o, em Snlvndo r, na Vit ó rin , C.1mpo Cramll' ou Grnc;.i, as mans ões são dc>molidns e sub stilufdn s por upn, lam ento s ,Ili lu-xo, ltn allernção do espa ço cons tru ído, mns não 11.\ nllt'raçi1o dn cst ruturn urb,rna, um n \ C/ que tai s b:1irros mant êm sua nmurc 1.n, class t' socia l e lornli znçfiu c11q11onro C'lc•mt.•fl ws rln estrutura t..'spacinl 11r/)(l11n. Volte m os, contud o, no texto de Cnstc lls. Se e vnl ido rorrel:1cionnr - como r,11. Castcll s - n po sição hi crárquicn da cida de co m seu dinamismo irHobi l i6ti o, uJu é \'iílido faze, o mesmo - como 1nmbém rnz C,1::;tcll~ - rom a lornlizuçiio di1t-i ílrl'íl'í lhnflmicas em termos imobili drios. As.sim, n alta llicrnrqui 11 e o di, wmis mo cconô- mic o- irnobifüírio nno imp licnrn ncccssn rinmc nt e que o cc 11t1 o ttt bnno SL' renovnr.i . l:m París, por exemplo, esse dinami smo imobi li ,ír io íoi cnnnlin 1do parn fom do t:t'n- tro - n:-i Oélcnsc . f<cssaltc- sc q11r CnstPlls l nla t·m "di st rilo de tll'gório~", 0 11 sejn, centro num ~C'nlit.lo rest ri lo. E~sa análbc é va lida para o Brasil? 11,lvt•rin cntn~ rnís alguma r<-'laçt-1c1 t'nll e ,, posi(àO hicrMquicn dn cidade na "novu redl' i11íor111,1do11nl" l>rasilcit, 1 e sua l\stu1- lu ração inte rna ? Qua l a rclaçao enl rc ,1s lr ,111sfo111rn~·úc·s ú l' UJ ricl,1s 110~ rt• nl w s de no ssas c ldmJes - trndicionai s 011 PÃJHLntlidos - e n dt'St•nvDlvinwnlo L' 1111lucrw1.1 dessas me sma s Lidaclcs, seja no 11fvcl regional, do Mcr co~itl ou i11tt'lll,\l ' ln11,llml ' ll tt'? Qu.1I n wla~·ão entre a po~i~·:ío '1iNárq11ica, <Ht qu.llquN 0 111rn tcln~\ lt) l'Olll .1s 11 nnsfo mrn çõc 4, ~ociocc:o nü111 icus plnnc1 ,li lns e ,l rnn11t1lt'n~·.w dt• u111,1 "t•st I ut 111.1 Lradicio nal " de um Indo e unrn 11rnío1 intensidade na l l.\l'~I ru i u r.i~·.in cio ~SJH1~·0 intr.i - urbnnu , de outro , co 1110 lata Ca~tclls? lh.!1w1i11do nos ~i\ qtH'..,l,ll) u•1111~t1: pu, q11.11~ mediaçõe~ pa ssa m n~ t rnn slo rn1a~õc-, srwinL't·o1w111ic<1s 11adon,11s uu pl,uwt,h ia~ até se mani festarem c m t1nnsforn1a'.-6t•s 11.111s tn1T111,111111.1 u1 l'l.111.1 dP 110~, n!> Lid,1 dcs? Pnra nó s, passJm pc l.ic, suns cs 11,1tilita~·oc:-. ...udt11s, 1wlo tfl'~nivc.'I de podt•r econômico e políti co cnl rt• 111, cl,\s•H!s cm JH):;.sa ., lll l' l I o pu les; pa-,-,.1111 pel,1 domi nação que se chl po 1 meio do l':,pnçu url>.111t1 Míl1tilr..,ln111 Sl' l,tll ih, 110 lntn de il maior i.i c.l,ts classes cJc mnis .ilLa 1cnd.i m·up .11 pn-;it;oe:- cc 1111nb, npn,a , de J,l ter· se inicíndo , n n d écada de .1970, um proces:·W dt.: subu rha111z 11ÇHD dc s ns cla ~!>L's; 1w foto de os ce ntro s de nossas grandes cidades ap resen tarem h á mai s de cem anos - cm maior ou menor grau - um claro e cont ínu o proce sso de deslocamento no mesmo sentido que as camadas res idenc iais de ma is alta renda; e no fato de essas cama da s apresentarem - também há mui tas décadas - uma tendência de concentração em uma única região de n ossas metrópo les. Como entender tais processos? I\1artha Schteigart e Horacio Torres, em texto an tigo - Estructura inlernay centralidad en metropolis latinoamericanas. Estudio de casos, in: Castells, s.d., 253 -, propõem-se a" ... destacar as características d iferenc iais da estrutura jntcrna das metrópoles latino-americanas com relação às moda lid ad es específicas que ad- quirem os processos gerais de deserwolvimenlo da sociedade [gr ifo n os so ] nesta área. São exploradas so bretudo as inter-re lações existentes entre esses p roces sos gerais e os processos urbano s, enfatizando a caracter ização dos ce n tros cujo pape l e con- teudo social const ituem e lementos para a defin ição da estrut u ra urbana''. * Em face disso, estuda m Buenos Aires, Santiago de Chil e e Lin 1a. O prime iro equívoco está em admitir-se a priori a existência de um a corre lação d ireta entre as etapas do proces so de estruturação intra-u rba n a d essas ci d a d es e as etapas dos proce ssos globais de desenvolvimento - do processo de in du stria lização, crescimenlo eco- nômico, imigração européia, etc. - dos respectivos países. Isso se manife sta no fato de ado tarem, para a história do espaço intra- u rbano , a n1esma periodiza ção e as mesmas etapas que adotam para o desenvo lvimento n ac io n al. Tem-se aqui um exemplo da indevida transposição, pa ra a aná lise in tra-urba n a, de premi ssas e métodos válidos para o estudo do desenvolvime n to nacional. A p remjs sa ser ia vá- lida se, na melhor das hipóteses, o objeto de an álise fosse o p roces so de urbani za- ção, mas não outro diferente- o de estruturação intra- urba na. Pelo menos para o Brasil, essa premissa não se ria válida e temos fundadas razões para suspeitar que o mesmo se daria para a América Latina. As relações que ex istem ent re, de um lado, as transformações so cioeconômicas naciona is e p lanetárias e, de outro, a estruturação do es paço intra-urbano em nossas me trópoles são específicas; não são as mesmas que existe m entre aque le desenvo lvimen to e o es paço regional ou nacional. Além disso, as periodizações podem dife r ir. Po r exemp lo: mostrar emos adiante que uma das mai s profundas tra nsfo rmaçõe s es truturais de no ssas metró- polec; - a chamada "decadência" de seus ce ntro s - está ligada ao abandono des- ses cemros pela5 camadas de alta renda e que esse abando n o foi pro voc ado prin- cipalmente (mas não exclusivamente) pela nova m obil idade territoria l propi ciada pela difu são do automóve l. Essa difusão e a dita ''decadência'' têm então início, exceto no Rio de Jan eiro, na década de 1960, ma s realmente se conso lidam na de 1970. Desse ponto de vi5ta, os anos 70 ser iam o ma rco a se r adotado cm uma • • .. pnncr de manií1c)IO l.15 ca1actcríc.t1cas difc1cncrnlc s de lo cs 1rnc l11r.:ic16n interna ele mctrópoli~ l.111noamcm:anas cn rel:1ci6n con las modalidodc!> cspe cílicns que- adq uir em los fJrOct's~os gc1lí'mh·11/t' dcioirolfo d,• ln ~o, tcdrul lg11fo no-;soj en C!>ta área. ·e cxp lnt :lll sobre todo l:1s i11tcrrc!Jci0Hci. c~b,cnlt', entre es01-procc-.c;o-; ~cncrJl~ y los proccs'-OS ur banos, ponicnc.lo c l ~1cienw c n la car,:ic1c1izacion de lo~ centro•,. cuyo papel y conten1do soc ial conc;tituycn elemento s p.ira l.i rJcfinición de la c~lructma u1bílna • 34 periodização da hi stó ria intra-urbana da m aior parte da s metrópole s e me smo das cidades médias do Bra sil. No en tan to , em ter m os de de senvol vimento nacio- nal, o marco notável deveria se r o período de adm ini s tração de Ju sc clino Kub itscheck , de 1955 a 1960, em vi rtude do impul so econômico e da s tran s for- mações que provocou no país , dentre as quai s se de s taca a implantação da in- dústria automobilís tica. Volta nd o à análise do texto de Schteigart e Torres, desta camo s que, com ba se na co rre lação direta ent re o de senvo lvimento naciona l e a es truturação intra-ur- bana, não é possível ir - co m o não foi possível ao s au tores- nlém de obviedade s como esta: "A essa épo ca de grande expa nsão econô mi ca, corre sponde a con stru - ção de grandes edifí cios públicos e privados, a abertura de eixo s e avenidas. Essas obras, que configurara m basicamente a estrutura espacial do centro metropolita- no, são clara exp ressão de um poder ol igár qui co que se afi rm a, se moderniza e se 'europeiza'"(258 )*. Não va mo s tratar das co nsiderações tecidas pelo
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