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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS ENGENHARIA DE PESCA RELATÓRIO TÉCNICO DE ANÁLISE LIMNOLÓGICA DO RIO ARIAÚ, SITUADO NO MUNICÍPIO DE IRANDUBA – AMAZONAS. Manaus – AM 2023 Aline da Cunha Ferreira - 22154273 RELATÓRIO TÉCNICO DE ANÁLISE LIMNOLÓGICA DO RIO ARIAÚ, SITUADO NO MUNICÍPIO DE IRANDUBA – AMAZONAS. MANAUS – AM 2023 Relatório de aula pratica, apresentado para obtenção de nota parcial do período letivo 2022/2, da disciplina de Limnologia I, ministrada pela Professora Dra. Anete Rubim. 1. OBJETIVOS 1.1 Objetivo Geral Avaliar os parâmetros da água de um trecho do Rio Ariaú por meio de medições e interpretações das variáveis físicas e químicas da água. 1.2 Objetivo Específicos • Realizar a análise nictimeral em um ponto do Rio Ariaú; • Definir e analisar o perfil do oxigênio dissolvido e da temperatura na margem direita do Rio Ariaú; • Analisar as variáveis limnológicas nos diferentes pontos do trecho. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo A área de estudo está localizada às margens do Rio Ariaú, como mostra a figura 1, na área do paleocurso do rio Negro, no município de Iranduba, Amazonas. O clima da região da área em estudo é tropical chuvoso e úmido, com temperaturas anuais entre 24ºC a 33ºC. O Rio Ariaú sofre influência de dois grandes rios amazônicos, o rio Negro e o rio Solimões. A coleta para o estudo do perfil de oxigênio dissolvido foi realizada em um ponto situado na margem esquerda do rio, área com grande predominância de vegetação aquática e a análise nictimeral foi em frente ao hotel. Figura 1: Mapa do trecho utilizado para o estudo. 2.2 Analise Nictimeral As medições foram feitas de 3 em 3 horas, começando às 12h do primeiro dia e terminando as 12h do outro dia, totalizando um intervalo de 24 horas. Para a coleta de valores de O.D. foram utilizadas duas metodologias, o medidor portátil e a de Winckler. Pelo método Winkler, primeiramente em campo foram coletadas duas amostras em frascos, de maneira que bolhas não se criassem no frasco e posteriormente foi adicionado em cada amostra 2ml de sulfato manganoso, como é mostrado na figura 10 e 2ml de azida sódica, como também é mostrado na figura 11. Após a fixação as amostras foram homogeneizadas e armazenadas. Na área de laboratório, localizado no hotel, foram adicionadas as amostras 2,5ml de ácido fosfórico aguardando um período de trinta minutos até o período máximo de 2 horas. Com o auxílio de uma pipeta, foram transferidos 100ml de cada amostra para dois erlenmeyers de 250ml e adicionado 0,5ml de amido como indicador. Por fim, realizar a titulação com tiossulfato de sódio, até a coloração púrpura se tornar incolor e anotando o volume final de tiossulfato de sódio gasto. Para os valores de pH, foram coletadas as amostras e analisadas no laboratório de limnologia, na Universidade Federal do Amazonas. Figura 2: Medidor portátil de O.D; Figura 3: Medidor de transparência; Figura 4: Medidor de profundidade; Figura 5: Sulfato manganoso; Figura 6: Azida; Figura 7: Frasco de Winckler; Figura 8: Titulação; Figura 9: Laboratório montado no hotel. 2 3 4 5 6 7 8 9 2.3 Perfil do Oxigênio Para analisar e avaliar o oxigênio dissolvido, o grupo escolheu um ponto a margem direita do rio e as medidas no fio do aparelho tinham intervalos de 50 cm. A medida que o fio ia descendo, o O.D e a temperatura iam variando. A metodologia utilizada para coleta de dados de oxigênio dissolvido foi a do medidor portátil, sendo coletados os dados a partir de cada profundidade. 2.4 Equipamentos Os equipamentos utilizados para coletar as variáveis limnológicas foram: • Medidor portátil: para medir oxigênio dissolvido e a temperatura; • Oximetro: para medir Ph; • Condutivímetro digital: para fazer medidas de condutividade; • Disco de Secchi foi utilizado para medir a transparência, graduado de 10 cm em 10 cm, utilizado de maneira que afunde até onde perca sua visibilidade; • Corda graduada: foi utilizada para medir a profundidade. A corda estava graduada em 10 metros, com intervalos de 50cm e possuía um peso em sua extremidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Análise Nictimeral Logo após a coleta dos dados, foi realizado uma comparação entre os horários e os valores obtidos respectivamente, manifestaram-se em tabelas Figura 10: Medidor portátil de O.D; Figura 11: Medidor de Ph; Figura 12: Medidor de condutividade; Figura 13: Disco de Secchi; Figura 14: Corda graduada. 10 11 12 13 14 e gráficos que proporciona a observação do comportamento das variações dos parâmetros físicos e químicos da agua nos pontos escolhidos. Os valores coletados em todos os parâmetros mostram que o rio Solimões tem maior influência sobre o rio Ariaú durante o período analisado, que coincide com a cheia do ciclo hidrológico amazônico. De acordo com Sioli (1984), os fenômenos vitais e as variações físicas e químicas dependem do ciclo hidrológico do rio. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 1 2 H 1 5 H 1 8 H 2 1 H 0 0 H 0 3 H 0 6 H 0 9 H 1 2 HO X IG Ê N IO D IS S O L V ID O ( m G /L ) TEMPO (HORAS) Winckler Aparelho Horários O.D (mg/L) T (°C) W A 12h 0.48 0.76 28.8 15h 0.24 0.55 28.9 18h 0.1 0.49 28.6 21h 0.1 0.61 28.8 00h 0.16 0.58 28.5 03h 0.08 0.44 28.5 06h 0.1 0.46 28.5 09h 0.1 0.48 28.5 12h 0.1 0.40 28.5 Tabela 1: Dados referentes aos parâmetros limnológicos do Rio Ariaú, no período de tempo de 24 horas. Figura 15: Variação do oxigênio dissolvido em dois métodos diferentes: Winckler e Aparelho. O oxigênio dissolvido é uma das principais variáveis limnológicas, pois, além de afetar diretamente toda a biota dos ambientes aquáticos, também regula muitos processos químicos que ocorrem nesses ambientes (WETZEL, 1993; ESTEVES, 2011). Os valores coletados indicaram que a partir de 12h os níveis de O.D estão mais elevados em relação ao período de 06h. Este comportamento deve estar relacionado com a diminuição a atividade fotossintética, por conta da falta da ação dos raios solares (DARWICH et al., 2005). O art. 15 do CONAMA 357, estabelece para rios de água doce classe 2 valores de oxigênio dissolvido, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L. Portanto podemos observar, nos dados relacionados, valores de O.D (método Winckler) variando entre 0.1 a 0.48 mg/L, o que indica alterações dos padrões aceitáveis previstos nas normas. A temperatura manteve-se dentro de uma pequena variação, onde o valor registrado mais elevado foi de 28.9°C, como mostra na tabela 1, no horário das 15h, e a temperatura mais baixa foi 28.5°C, no período de 00h a 06h da manhã. Altas temperaturas constantes são características dos rios de regiões tropicais, onde a variação sazonal é pouco acentuada em relação à variação diária (ESTEVES, 2011). Tais resultados refletem diretamente a ação do aquecimento diurno e do resfriamento noturno, onde ocorre a perda de calor nas camadas superficiais associadas ao resfriamento da temperatura atmosférica, resultando na mistura da massa de água (MACINTYRE; MELACK, 1984). A condutividade elétrica analisada, obteve valores que variaram entre 58,4 a 55,5 μS/cm, mantendo-se superior aos valores de condutividade elétrica para o Rio Negro 8,8 e 28,6 μS, e inferior ao observado para o Rio Solimões de 68,8 a 93,3 μS. Sendo assim apresentado um caráter de moderada. Desta maneira pode ser observada, novamente, a grande influência dos Rios Negro e Solimões na área em que o estudo foi realizado.Durante o período de estudo, a profundidade variou de 6,10 m a 5,16m e isso se deve ao fato de que os rios de influência do Solimões e Rio Negro não são tão profundos. Segundo Darwich et al. (2005), os lagos de várzea amazônicos têm pouca profundidade (cerca de 6-8 m no nível médio das águas), quase sempre variando com a flutuação anual do nível da agua dos grandes rios. A transparência do Rio Ariaú variou de 0,80 cm a 0,70 cm, isso também se deve ao fato da influência dos dois grandes rios e a radiação variou de 1741 no horário de 15h e 1520 Lux no horário de 09h. 3.2 Perfil do Oxigênio Dissolvido As coletas seguiram em um ponto, localizado a margem direita do Rio Ariaú, e nesse ponto tinham interferências de ambiente e vegetação, os valores coletados não se comportaram de acordo com o ponto onde a primeira análise (nictimeral) foi realizada, de acordo com a tabela 2 podemos observar a grande divergência dos parâmetros de acordo com o aumento da profundidade. Tabela 2: Ponto 1 (Margem esquerda do Rio) – 15h 29/05/2023 Notamos que, no ponto 1, os valores de O.D variam de 0,42 mg/L a 0,82 mg/L, valores muito baixos e com isso podem trazer algumas consequências, como: restrição da vida aquática, mudanças na composição de espécies, redução na reprodução e crescimento das espécies e alteração nos processos Profundidade O.D (mg/L) T (°C) Superfície 0.82 29.4 50 cm 0.51 29 1 metro 0.47 28.8 1,5 metros 0.45 28.6 2 metros 0.44 28.6 2,5 metros 0.43 28.5 3 metros 0.43 28.5 3,5 metros 0.42 28.5 4 metros 0.42 28.4 4,90 metros 0.42 28.4 Tabela 2: Dados referentes aos parâmetros limnológicos do Rio Ariaú, a margem esquerda do Rio biogeoquímicos. A temperatura variou de 28.4 °C a 29.4 °C, o que está dentro do esperado para rios da Região Amazônica. A condutividade medida no local apresenta um valor de 64,8 μS/cm, o qual está dentro da faixa esperada para rios de água com influência dos rios Solimões e Negro. Em geral, em rios de água branca, é esperada uma variação a partir de 90 μS/cm. No entanto, em rios de água preta, é comum encontrar uma condutividade mais baixa, geralmente entre 10 e 14 μS/cm. Portanto, o valor observado indica que a condutividade está de acordo com o padrão esperado para rios de água mistas. Uma transparência alta, com um valor de 0,70, está associada a rios de água preta. No entanto, é importante ressaltar que o Rio Ariaú é um rio de águas mistas, o que significa que sua composição é influenciada por diversos fatores, incluindo sedimentos e matéria orgânica dissolvida. Por fim, o Ph de 6.73 está dentro do esperado, pois de acordo com CONAMA 357, o Ph deve ser 6 para a manutenção da vida aquática. 4. Referências Bibliográficas CONAMA. Resolução No 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2005 DARWICH, A. J.; APRILE, F. M.; ROBERTSON, B. A. Variáveis limnológicas: contribuição ao estudo espaço temporal de águas pretas amazônicas. In: SANTOSSILVA, E. N.; APRILE, F. M.; SCUDELLER, V. V.; MELO, S. (Org.)BioTupé: meio físico, diversidade biológica e sociocultura do Baixo Rio Negro Amazônia Central. Manaus: INPA. cap. 2, p. 20-33. 2005. ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. KÜCHLER, I. L.; MIEKELEY, N.; FORSBERG, B. R. A Contribution to the Chemical Characterization of Rivers in the Rio Negro Basin, Brazil. Journal of the Brazilian Chemical Society, v.11, n.3, p.286-292, 2000. MACINTYRE, S.; MELACK, J. M. Vertical mixing in Amazon floodplain lakes. Verhandlungen - Internationale Vereinigung fur Theoretische und Angewandte Limnologie, v. 22, p. 1283-1287, 1984 SIOLI, H. The Amazon and its main affluent: Hydrography, morphology of the river courses, and river types. In: SIOLI, H. (Ed.). The Amazon. Limnology and Landscape ecology of a mighty tropical river and its basin. Dordrecht: Dr Junk Publishers. Cap. 5, p.127-165. 1984. WETZEL, R. G. Limnologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo
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