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Página 1 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 5 UNIDADE 1 – TRABALHO, CULTURA, SOCIEDADE E OS ELEMENTOS AMBIENTAIS As relações de trabalho e a sociedade As relações de trabalho estão ligadas às nossas relações sociais e à nossa realidade material. O trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. Essa afirmação condiz com a definição dada por Karl Marx quanto ao que seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exista em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se vivo. Dito isso, o impacto do trabalho e do seu contexto exercem grande influência na construção do sujeito. Assim, existem áreas do conhecimento dedicadas apenas a estudar as diferentes formas em que se constituem as relações de trabalho e seus desdobramentos na vida de cada um de nós. Não seria difícil, então, de se imaginar que, quando as relações de trabalho se alteram no fluxo de nossa história, as nossas estruturas sociais também são alteradas, principalmente a forma como se estruturavam nossas relações, posições na hierarquia social, formas de segregação e, em grande parte, aspectos culturais erguidos em torno das relações de trabalho. O trabalho no decorrer da história Tomemos como exemplo o rápido processo de mudança que atingiu os países europeus no início do século XVIII, o qual hoje chamamos de Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho, anteriormente, eram fortemente agrárias, constituídas dentro do âmbito familiar. O ofício dos pais era geralmente passado aos filhos, o que garantia a construção de uma forte identidade ligada ao labor a que o sujeito se dedicava. O indivíduo estava ligado à terra, de onde tirava seu sustento e o de sua família. A economia baseava-se na troca de serviços ou de produtos concretos, e não no valor fictício agregado a uma moeda. Da mesma forma, o trabalho também estava agregado à obtenção direta de bens de consumo, e não a um valor variável de um salário pago com uma moeda de valor igualmente variável. A estrutura social era rígida, com pouca ou nenhuma mobilidade para os sujeitos, ou seja, um camponês nascia e morria camponês da mesma forma que um nobre nascia e morria nobre. As mudanças trazidas pelo surgimento da indústria alteraram profundamente o sentido estabelecido para o trabalho e para a relação do sujeito com ele. A impessoalidade nas linhas de montagem que a adoção do Fordismo trouxe, em que milhares de pessoas amontoavam-se diante de uma atividade repetitiva em uma linha de montagem, sem muitas vezes nem ver o resultado final de seu esforço, passou a ser a principal característica do trabalho industrial. O trabalho presente e futuro As transformações de nossas relações de trabalho não pararam na Revolução Industrial, pois ainda hoje o caráter de nossas atividades modifica-se. Contudo, as forças que motivam essas mudanças são outras. A globalização é um dos fenômenos mais significativos da história humana e, da mesma forma que modificou nossas relações sociais mais íntimas, modificou também nossas relações de trabalho. A possibilidade de estarmos interconectados a todo momento encurtou distâncias e alongou nosso período de trabalho. O trabalho formal remunerado, que antes estava recluso entre as paredes das fábricas e escritórios, hoje nos persegue até em casa e demanda parte de nosso tempo livre, haja vista a crescente competitividade inerente ao mercado de trabalho. A grande flexibilidade e a exigência por uma mão de obra cada vez mais especializada fazem com que o trabalhador dedique cada vez mais tempo de sua vida para o aperfeiçoamento profissional. Essa é uma das origens das grandes desigualdades sociais da sociedade contemporânea, uma vez que apenas aqueles que dispõem de tempo e dinheiro para dedicar- se ao processo de formação profissional, caro e exigente, conseguem subir na hierarquia social e econômica. A introdução da automação na produção de bens de consumo tornou, em grande parte, a mão de obra humana obsoleta, aumentando o tamanho do exército de trabalhadores e diminuindo o valor da força de trabalho nos países que dispõem de grande população, mas com baixa especialização. Como resultado, a situação do trabalho só piora, pois se preocupar com o bem-estar do empregado é algo caro e, na concepção que prioriza o lucro monetário, não é um investimento que garanta renda imediata. A Cultura e a Sociedade A diversidade da vida e da cultura humana e os vários tipos de sociedade em que os homens vivem. O conceito que damos ao nome cultura está entre as noções mais usadas na sociologia. A “cultura” pelo que conhecemos pode ser conceitualmente diferenciada de “sociedade”, mas há conexões muito próximas entre essas noções. Uma sociedade é um sistema de inter- relações que conecta os indivíduos uns com os outros. A Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos são sociedades nesse sentido. Incluem milhões de pessoas. Outras, como as primeiras sociedades de caçadores e coletores, podem ser tão pequenas quanto 30 ou até 40 pessoas. Todas as sociedades são unidas pelo fato de que seus membros são organizados em relações sociais estruturadas, de acordo com uma cultura única. Porém, acima de todo o conhecimento histórico da humanidade, nenhuma cultura poderia existir sem cultura. Sem cultura, não seriamos nem sequer “humanos”, no sentido em que comumente entendemos esse termo. Não teríamos línguas em que nos expressar, nenhuma noção de autoconsciência e Página 2 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 6 nossa habilidade de pensar e raciocinar seria severamente limitada. Esses elementos culturais são compartilhados por membros da sociedade e tornam possível a cooperação e a comunicação, formando o contexto comum em que os indivíduos numa sociedade vivem suas vidas. Há valores e normas fundamentais a todas as culturas que são ideias que definem o que é considerado importante, válido e desejável. Essas ideias abstratas ou valores dão sentido e fornecem direção aos humanos enquanto estes interagem com o mundo social. As normas são regras de comportamento que refletem ou incorporam os valores de uma cultura. Os valores e as normas trabalham em conjunto para moldar a forma como os membros de uma cultura se comportam dentro de seus limites. Os valores e as normas variam enormemente através das culturas. Algumas culturas valorizam altamente o individualismo, enquanto outras podem colocar maior ênfase em necessidades em comum. Mesmo dentro de uma sociedade ou comunidade, os valores podem ser contraditórios: alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças religiosas tradicionais, enquanto outros podem enfatizar o progresso da ciência, assim como há pessoas que preferem conforto material e sucesso, e outras que podem preferir a simplicidade e uma vida tranquila. Os valores culturais e as normas frequentemente mudam através do tempo. Muitas normas que consideramos naturais em nossas vidas pessoais, como relações sexuais pré-matrimoniais e casais vivendo juntos sem estarem casados, contradiziam valores sustentados há poucas décadas. No ano 2000, uma comissão do governo japonês publicou um relatório que resumiu as principais metas para o Japão no século XXI. As principais descobertas da comissão surpreenderam muitas pessoas: os cidadãos japoneses precisam perder seu apego a alguns de seus valores principais se o país quiser enfrentar as suas atuais mazelas sociais com sucesso. Normas e valores culturais são profundamente incrustados e é muito cedo para dizer se um mandato governamental terá sucesso em alterar os valores japoneses tradicionais. Muitos de nossos comportamentos e hábitos cotidianos sãofundados em normas culturais. Um exemplo claro disso pode ser visto na forma como as pessoas sorriem, particularmente em contextos públicos através de diferentes culturas. A diversidade cultural não convém apenas as crenças culturais que diferem através das culturas. A diversidade das práticas e do comportamento humano é também notável. Formas aceitáveis de comportamento variam amplamente de cultura para cultura e, com frequência, contrastam drasticamente com o que as pessoas das sociedades ocidentais consideram “normais”. No Ocidente, comemos ostras, mas não comemos gatinhos ou cães de estimação, sendo que ambos são considerados especiarias em algumas partes do mundo. Os judeus não comem carne de porco, enquanto os indianos comem porco e evitam carne de gado. As pequenas sociedades, como as sociedades primitivas de caçadores e coletores, tendem a ser culturalmente uniformes ou monoculturais. O Japão, por exemplo, tem se mantido bastante monocultural e são também marcados por altos índices de homogeneidade cultural. A maioria das sociedades industrializadas, contudo, está tornando-se culturamente mais diversa, ou multicultural. Nas outras cidades mais modernas, por exemplo, muitas comunidades subculturais vivem lado a lado, indianos ocidentais, paquistaneses, indianos, bangladeshianos, italianos, gregos e chineses podem todos hoje ser encontrados no centro de Londres. As subculturas não se referem somente a grupos étnicos ou linguísticos dentro de uma sociedade maior que tem como âmbitos muito amplos e podem incluir naturalistas, góticos, hackers, hippies, rastafáris, fãs de hip-hop ou torcedores de times de futebol. É importante lembrar que toda cultura tem seus próprios padrões de comportamento, os quais parecem estranhos às pessoas de outras formações culturais. A cultura faz parte daqueles aspectos da sociedade que são aprendidos mais do que herdados. O processo pelo qual as crianças, ou outros novos membros da sociedade, aprendem o modo de vida de sua sociedade é chamado socialização. A socialização conecta diferentes gerações umas com as outras. O nascimento de uma criança altera as vidas daqueles que são responsáveis pela criação, portanto, passam por novas experiências de aprendizado. Os cuidados dos pais ligam comumente as atividades dos adultos às crianças para o restante de suas vidas. Através do processo de socialização, os indivíduos aprendem sobre os papéis sociais na expectativa sociais de uma pessoa segue numa posição social. Os cenários culturais em que nascemos e amadurecemos influenciam nosso comportamento, mas isso não significa que os humanos são privados de sua individualidade ou do seu livre-arbítrio. No decorrer da socialização, cada um de nós desenvolve um sentido de identidade e a capacidade para o pensamento e a ação independentes. No mundo atual, temos oportunidades sem precedentes de moldar a nós mesmos e de criar nossas próprias identidades. Somos nosso melhor recurso para definir o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Em um determinado período curto de nossa existência neste planeta, os seres humanos viveram em sociedades caçadoras e coletoras. Os caçadores e os coletores ganharam seu sustento da caça, da pesca e Página 3 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 7 da coleta de plantas comestíveis que crescem na natureza. Essas culturas continuam a existir em algumas partes do mundo, como em umas poucas partes áridas da África e das florestas do Brasil e da Nova Guiné. Há cerca de 20 mil anos, alguns grupos de caçadores e coletores voltaram-se à criação de animais domésticos e ao cultivo de áreas fixas de terra como meio de sustento. As sociedades pastoris são as que tiram seu sustento principalmente de animais domesticados, enquanto as sociedades agrárias são aquelas que praticam a agricultura. As primeiras civilizações desenvolveram-se no Oriente Médio, comumente em áreas fluviais férteis. O império chinês originou-se cerca de 2000 anos Antes da Era Comum, quando estados poderosos foram também fundados onde hoje são Índia e o Paquistão. O que aconteceu que destruiu as formas da sociedade que dominaram a história até dois séculos atrás? A reposta, numa palavra, seria a industrialização. Do século XVII até o século XX, os países ocidentais estabeleceram colônias em inúmeras áreas antes ocupadas por sociedades tradicionais, usando sua força militar superior quando necessário. O processo de colonialismo, foi crucial, como sabemos, para moldar o mapa social do globo terrestre. Muitas sociedades em desenvolvimento estão em áreas antes submetidas ao domínio colonial na Ásia, África e América do Sul. Os países em desenvolvimento não são uma unidade, a maioria dos países menos desenvolvidos está economicamente bastante atrasado em relação às sociedades ocidentais, algumas partes ingressaram em um processo de industrialização e experimentaram um dramático crescimento econômico. Porém, a mudança social como vimos, os modos de vida e as instituições sociais características do mundo moderno são radicalmente diferentes mesmo das dos passado recente. Durante um período de apenas dois ou três séculos, uma fração de minuto no contexto da história humana, a vida social humana, foi arrancada dos tipos de ordem social em que as pessoas viveram por milhares de anos. E isso é difícil de definir, pois há uma percepção de que tudo muda, o tempo muda, o tempo todo. Assim as mudanças que ocorrem a cada dia, estão indo no curso da história humana, e do mundo, tornando diferentes cada vez mais as culturas e a sociedade independentemente do que jamais foram. À medida que o ritmo do mundo acelera, a mudança persiste, segue, caminha, transforma um ponto ou um lugar do planeta afetando diretamente outras regiões. Agentes Transformadores do Relevo O relevo terrestre, apesar de aparentemente estático, é dinâmico e está em constante transformação. Tal dinâmica deve-se aos processos internos e externos que contribuem para que essa dinâmica aconteça, são os agentes transformadores do relevo. Os agentes transformadores do relevo são classificados conforme a origem de suas ações, aqueles que atuam abaixo dos solos são chamados de agentes endógenos ou internos e aqueles que atuam sobre a superfície são chamados de agentes exógenos ou externos. Agentes Internos Os agentes internos ou endógenos também são chamados de modeladores e costumam ser subdivididos em três grupos: o tectonismo, os abalos sísmicos e o vulcanismo. Vejamos, abaixo, algumas características gerais de cada um. Tectonismo: Também chamado de diastrofismo, é todo e qualquer movimento realizado a partir de pressões advindas da região localizada sobre o magma da Terra. Aqueles processos de duração longa (sob o ponto de vista do tempo geológico) são chamados de epirogênese e aqueles de curta duração são chamados de orogênese. Dentre as paisagens formadas pelo tectonismo, temos as montanhas, as cordilheiras, os vulcões e todas as paisagens que, posteriormente, são novamente modificadas pelos agentes externos de transformação do relevo. Cordilheira do Himalaia – conjunto de cadeias montanhosas onde se encontram as maiores altitudes do mundo. Abalos sísmicos: estão diretamente ligados à dinâmica tectônica. São gerados pelo movimento agressivo das massas da crosta interior da Terra ou do manto terrestre, resultante de abruptas acomodações das camadas rochosas. Podem ser resultantes do choque entre duas placas que se encontram (movimentos convergentes), do afastamento entre elas (movimentos divergentes) ou quando placas vizinhas se movimentam lateralmente, raspando uma na outra (movimentos transformantes). Exemplo da consequência de um abalo sísmico. Página 4 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamentale Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 8 Vulcanismo: são atividades de erupção do magma localizado no interior da Terra em direção à superfície. Esse material quente e pastoso costuma encontrar brechas para a sua ascensão nas zonas de encontro entre duas placas tectônicas, onde existem falhas e fraturas que permitem a sua passagem. Dos agentes endógenos de transformação do relevo, o vulcanismo é o que provoca mudanças na superfície de forma mais rápida, através da ação do magma sobre os solos, mas também atua de forma lenta, durante a formação dos próprios vulcões, o que leva milhares de anos para acontecer. Nyiragongo (erupção efusiva) vulcanismo de vale de rifte. Geralmente, os solos localizados em regiões vulcânicas, ou cuja origem remonta a atividades vulcânicas em tempos pretéritos, costumam ser extremamente férteis, em virtude da quantidade de minerais que são liberados durante as erupções. Agentes externos Os Agentes externos ou exógenos, também chamados de esculpidores, são responsáveis pela erosão (desgaste) e sedimentação (deposição) do solo. Eles são ocasionados pela ação de elementos que se encontram sobre a superfície, como os ventos, as águas e os seres vivos. O agente externo mais atuante sobre a transformação dos solos é a água, seja de origem pluvial (chuvas), seja de origem fluvial (rios e lagos), ou até de origem nival (derretimento do gelo). A ação das águas também pode ser dividida em fluvial, marinha e glacial. A água provoca transformação e modelagem dos solos e contribui para a formação de processos erosivos. A erosão pluvial ocorre pela ação das águas da chuva, que contribuem para o processo de lixiviação (lavagem da camada superficial) dos solos. Forma também alguns “caminhos” ocasionados pela força das enxurradas. Quando mais profundos, esses caminhos podem contribuir para a formação de ravinas (erosões mais profundas) e voçorocas (quando a erosão é muito grande ou quando ela atinge o lençol freático). A erosão fluvial acontece pela ação dos cursos d’água sobre a superfície, modelando a paisagem e transportando sedimentos. Podemos dizer que são os próprios rios que constroem os seus cursos, pois ao longo dos anos, as correntes de água vão desgastando o solo e formando os seus próprios caminhos, que vão se aprofundando conforme a força dos cursos dos rios vai erodindo o solo. Os cursos d’água provocam o desgaste dos solos, formando os seus próprios cursos. A erosão fluvial é causada, também, quando a retirada da mata ciliar provoca danos sobre as encostas dos rios, que ficam mais frágeis e cedem à pressão das águas. A erosão marinha é aquela provocada pela ação das águas do mar sobre a superfície, provocando o desgaste das formações rochosas litorâneas. Tal processo é lento e gradual, contribuindo para a erosão das costas altas (abrasão marinha) e pela deposição de sedimentos nas costas mais baixas. Contribui também para a modelagem do relevo litorâneo, com as falésias, restingas, tômbolas e praias. A erosão glacial é provocada pelo derretimento de geleiras localizadas em regiões montanhosas e de elevadas altitudes, que formam cursos d’água que modelam a superfície por onde passam. Outra forma de ação é o congelamento dos solos, que se rompem com a “quebra” das geleiras. Outro importante agente externo são os ventos, que atuam no relevo também em um processo lento e gradual, esculpindo as formações rochosas e transportando os sedimentos presentes no solo em forma de poeira. A ação dos ventos sobre o relevo é também chamada de erosão eólica. Exemplo de formação rochosa esculpida pela ação dos ventos. Além dos processos erosivos, há também o intemperismo, que é resultante da ação de transformações físicas, químicas e biológicas sobre os Página 5 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 9 solos. Esse processo também é conhecido como meterorização e é responsável pela desintegração e decomposição dos solos e das rochas. O intemperismo físico é causado pelas variações climáticas, que podem provocar a desintegração das rochas, algo comum em regiões extremamente secas ou desérticas. Observe na imagem abaixo um exemplo de intemperismo físico. Intemperismo causado pela ação do clima. Já o intemperismo químico ocorre em função da ação das águas e da umidade sobre a superfície, ocasionando a destruição da base original dos solos. Vejamos na imagem abaixo um exemplo de intemperismo químico. Dissolução do calcário em contato com a água. Exercícios de aprendizagem 01. A teoria da Tectônica de Placas explica como a dinâmica interna da Terra é responsável pela estrutura da litosfera. Diante do exposto, marque a alternativa INCORRETA. (A) A litosfera é a parte rígida que compõe a crosta terrestre; é segmentada em placas que flutuam em várias direções sobre o manto. (B) O movimento das placas pode ser convergente ou divergente, aproximando-as ou afastando- as, ou ainda deslizando-as uma em relação à outra. (C) A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos. (D) As placas continentais e oceânicas possuem semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta terrestre. 02. Com relação à constituição interna da Terra, suas camadas e características gerais, marque a alternativa CORRETA. (A) A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos. (B) O núcleo interno, constituído, principalmente, de ferro e níquel, encontra-se em estado líquido devido às altas temperaturas ali reinantes. (C) O núcleo externo encontra-se em estado sólido e apresenta uma constituição rochosa. Nele, são geradas correntes elétricas que imantam o núcleo interno e criam o campo magnético da Terra. (D) As placas continentais e as oceânicas possuem semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta terrestre. 03. O bloco diagrama representa o processo de formação de um fenômeno natural de grande magnitude, decorrente da movimentação de placas tectônicas. (A) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, sem deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. (B) Em superfície, sem deslocamento do solo oceânico e propagação de ondas gigantes; maremoto. (C) No fundo do oceano, com deslocamento do solo sem propagação de ondas; terremoto. (D) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. 04. A teoria da “tectônica de placas”, hoje mais do que comprovada empiricamente, explica fenômenos como vulcões, terremotos e tsunamis. Segundo essa teoria, as placas tectônicas: (A) Atritam entre si nas extremidades da Terra, derretendo as calotas polares. (B) Movem-se porque flutuam debaixo dos solos dos oceanos, causando abalos no continente. (C) Deslizam sobre o magma do interior da Terra e chocam-se em alguns pontos da crosta. (D) Movimentam-se em conjunto, desenvolvendo abalos sísmicos coordenados e previsíveis. 05. Podemos considerar agentes internos e externos do Globo Terrestre respectivamente: (A) Tectonismo e intemperismo. (B) Vento e vulcanismo. (C) Águas correntes e intemperismo. (D) Vento e águas correntes. Página 6 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 10 06. Terremotos são gerados pelos movimentos naturais das placas tectônicas da Terra, que causam ajustes na crosta terrestre, afetando aorganização das sociedades. Em relação aos sismos naturais, é correto afirmar que eles são causados por: (A) Forças endógenas incontroláveis. (B) Energias exógenas excepcionais. (C) Forças antrópicas descontroladas. (D) Energias antrópicas excepcionais. 07. Como desenvolvimento da Teoria da Tectônica de Placas, fenômenos como a formação das cadeias montanhosas e das fossas submarinas foram melhor compreendidos. Com isso, sabe- se que a Cordilheira dos Andes se encontra em uma região da crosta terrestre que: (A) Apresenta uma área de colisão de placas tectônicas. (B) Forma margem continental do tipo passiva. (C) Se situa em uma área de expansão do assoalho oceânico. (D) Coincide com limites divergentes de placas. 08. O processo que gerou a atual configuração dos continentes na superfície do planeta Terra resultou da fragmentação e do afastamento das terras emersas que, no princípio, constituíam um único bloco chamado Pangeia. Duas teorias tentam explicar esse processo, são elas: (A) A das placas tectônicas e a da descontinuidade de Mohorovicic. (B) A da deriva continental e a da descontinuidade de Gutemberg. (C) A das placas tangenciais e a das placas continentais. (D) A das placas tectônicas e a da deriva continental. Minhas anotações ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Página 7 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 11 UNIDADE 2 – AS RELAÇÕES COTIDIANAS NO ESPAÇO GEOGRAFICO Paisagem, tempo, espaço geográfico e sua construção O espaço geográfico é a superfície terrestre na qual os seres humanos vivem e produzem constantemente medicações. É o resultado da ação humana sobre a natureza. É o espaço produzido e apropriado pela sociedade, composta pela inter-relações entre sistema de objetos – naturais, culturais e técnicos – e sistemas de ações – relações sociais, culturais e econômicas. Deve ser considerado como algo que participa igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido; constituído por lugares, por paisagens, por regiões, por territórios e territorialidades. Tudo o que existe vem da natureza, como os materiais utilizados na construção de uma ponte, de um edifício, de uma hidrelétrica etc., mas esses materiais já não são apenas elementos da natureza em sua forma pura, ou seja, não são mais aquilo que chamamos de primeira natureza. Eles passaram por processos de transformação e adaptação aos diversos usos da sociedade humana. O ferro, por exemplo, dos pregos e das vigas da construção civil foi extraído do subsolo (como visto nas imagens anteriores) e precisou ser bastante modificado. É a transformação da primeira natureza em uma segunda natureza. A transformação das matérias- primas em materiais utilizados nas diversas atividades humanas é realizada por meio do trabalho. Assim, por meio do trabalho, as pessoas estabelecem relações entre si (o trabalho é uma atividade social, realizada pelas pessoas em conjunto e de forma interdependente) e com a natureza (é dela que vêm todas as coisas que utilizamos que transformamos). Logo, o ser humano cria ou produz o seu próprio ambiente, o seu próprio espaço geográfico, modificando constantemente. Atualmente, o espaço geográfico é global, mundial, uma vez que a humanidade ocupa ou provoca modificações em toda a superfície terrestre, e todos os seus lugares são interligados e interdependentes. O lugar pode ser, a um só tempo, espaço do singular e de realização do global, onde ocorrem as relações de consenso e de conflitos, de dominação e de resistência, base da (re) produção da vida, em que o trivial e o familiar revelam as transformações do mundo e servem de referência para identificá-las e explicá-las. É o espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade parecem presentes, revelando especificidades, subjetividades e racionalidades; é no lugar que as empresas negociam seus interesses, de onde querem se instalar ou de onde vão se retirar, o que afeta a organização soco espacial dos locais envolvidos pela sua presença/ausência. Se, por um lado, o conceito de lugar guarda uma dimensão objetiva, por outro, guarda uma dimensão subjetiva, sendo a porção do espaço apropriável para a vida, que faz parte do cotidiano, que é vivido, reconhecido e no qual se cria identidade espacial; é onde a vida acontece de fato. A paisagem é materialização de um instante da sociedade, de um momento histórico, formada por objetos materiais (visíveis) e não materiais (invisíveis). Está relacionada a tudo que os sentidos humanos podem perceber e aprender da realidade de determinado espaço geográfico ou parte dele – relacionado à sensibilidade humana. Embora a visão seja o principal sentido com o qual se observa a realidade, outros sentidos também podem participar da identificação da paisagem, introduzindo-se informações como sons e odores em sua descrição. A paisagem pretérita apresentava um conjunto de muitos elementos naturais, no entanto a paisagem humanizada (artificial) tem se expandido, à medida que o homem altera a natureza. A paisagem artificial é a paisagem construída e transformada pelo homem a partir do trabalho e das técnicas. Se, no passado, havia a predominância de paisagens naturais, hoje essamodalidade praticamente não existe mais. Sendo que quanto mais complexo e desenvolvido for o meio técnico-científico, mais afastado de um mundo natural estaremos emergindo em um mundo artificial. Para que a paisagem possa ser analisada e compreendida, ela precisa ser vista para além de sua aparência; deve-se buscar sua explicação para aquilo que está por detrás, isto é, deve-se ir além da descrição e enumeração dos fatos, compreendendo os processos de sua constituição. Pois a paisagem faz parte de uma totalidade sócio espacial, que é determinada por interesses econômicos e políticos, definidos em diferentes escalas geográficas; atendendo a funções sociais diferentes – heterogêneas –, pois é um conjunto de objetos com diferentes datações e em constante processo de transformação, um híbrido de espaço e tempo. O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”). Um conceito bastante presente na geografia em geral, o espaço geográfico apresenta definição bastante complexa e abrangente. Outros conceitos também relacionados ao espaço geográfico, ou antes, que estão contidos nele são: lugar, que é um conceito ligado a um local que nos é familiar ou que faz parte de nossa vida, e paisagem que é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da percepção. A primeira definição de “espaço” foi feita pelo filósofo Aristóteles para o qual este era inexistência do vazio e lugar como posição de um corpo entre outros corpos. Aristóteles ignorava o homem como constituinte do espaço, contudo, ele já considerava um aspecto importante da estrutura do espaço geográfico, a localização. Página 8 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 12 Mais adiante, no século XVIII, Immanuel Kant define o espaço como sendo algo não passível de percepção, porém, o que permite haver a percepção. Ou seja, Kant introduziu a ideia de que o espaço é algo separado dos demais elementos espaciais. Entretanto, suas ideias não permitem concebê-lo como algo constituído de significado ou estrutura própria. Mais tarde, outros filósofos inserem o homem como um componente essencial para a compreensão do espaço, com ser que cria e modifica espaços de acordo com suas culturas e objetivos. Por último, seguiu-se a concepção filosófica de espaço proposta por Maurice Merleau-Ponty: “O espaço não é o meio (real ou lógico) onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível.”. Todas estas são concepções filosóficas do espaço que, entretanto, diferem um pouco da concepção geográfica. A concepção geográfica de espaço que predominou de 1870 a meados de 1950, embora este ainda não fosse considerado como objeto de estudo, foi a introduzida por Ratzel e Hartshorne para os quais a concepção de “espaço vital” se confundia com a de território a medida em que era atrelado a ele uma relação de poder. Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados. A partir de 1950 o espaço passa a ser associado à noção de “planície isotrópica” (superfície plana com as mesmas propriedades físicas em todas as direções, homogênea) sob a ação de mecanismos unicamente econômicos (uso da terra, relações centro – periferia, etc.). Em 1970 surge uma nova concepção atrelada à geografia crítica, que tem como base os pensamentos marxistas e para a qual o espaço é definido como o locus da reprodução das relações sociais de produção. Nesta concepção espaço e sociedade estão intimamente ligados. Mais tarde surge uma nova concepção epistemológica para geografia que passa a encarar o espaço como fenômeno materializado. Ou, nas palavras de ALVES (1999), o espaço “é produto das relações entre homens e dos homens com a natureza, e ao mesmo tempo é fator que interfere nas mesmas relações que o constituíram. O espaço é, então, a materialização das relações existentes entre os homens na sociedade.”. Não há, no entanto, um consenso entre os geógrafos sobre o que seria, exatamente, o espaço geográfico, haja vista que muitos deles orientam-se a partir de diferentes correntes de pensamento que apresentam diferentes perspectivas. Por exemplo, para a corrente Nova Geografia, o espaço geográfico corresponde à organização da sociedade e seus elementos sobre o meio. Há autores, como Richard Hartshorne, que defendem que o espaço geográfico é apenas uma construção intelectual, não existindo de fato na sociedade. Seria, nesse caso, uma concepção da forma como nós enxergamos a realidade no sentido de apreender como acontece a espacialização da sociedade e tudo o que por ela foi construído. Já Milton Santos afirma que o espaço geográfico é um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os itens e elementos artificiais e as ações humanas que manejam tais instrumentos no sentido de construir e transformar o meio, seja ele natural ou social. Para os geógrafos humanistas, porém, o conceito de espaço geográfico estaria atrelado à questão subjetiva, cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local de morada dos seres humanos e, mais do que isso, é o meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas cotidianamente, proporcionando novas leituras à medida que a compreensão do mundo se modifica. Portanto, se consideramos apenas algumas das várias definições existentes, podemos perceber que o conceito em questão possui várias visões conflitantes entre si. O que, no entanto, pode ser estabelecido como consenso é que o espaço geográfico representa a intervenção do homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, dependendo da abordagem, pode também ser um produtor) das relações humanas e suas práticas sobre o substrato natural. Se ao longo de um rio, por exemplo, constrói-se uma ponte, estamos provocando a alteração das paisagens locais, o que representa a expressão do espaço geográfico. Se em uma cidade adotam-se medidas de revitalização de áreas degradadas, temos aí a transformação do espaço. Portanto, tudo o que é construído pelo homem é, notadamente, geográfico: hidrelétricas, cidades, campos agrícolas, sistemas de irrigação, entre outros elementos, são as construções mais visíveis do espaço geográfico. Quando observamos um lugar, podemos descrever os elementos que formam a paisagem deste lugar: florestas, campos, indústrias, vilas etc., no entanto, para que a paisagem possa ser vista como dado geográfico, temos que estabelecer as relações econômicas e sociais, responsáveis pelo retrato de um lugar no espaço geográfico (a paisagem). Como consequência, as paisagens modicam-se, conforme as relações econômicas e sociais que ocorrem nesse espaço. A região é a busca por fragmentos do espaço geográfico que apresentam internamente características semelhantes, de acordo, sobretudo, com os critérios e elementos elencados por quem está regionalizando – o processo de Página 9 de 50 http://www.infoescola.com/biografias/immanuel-kant/ http://brasilescola.uol.com.br/geografia/richard-hartshorne.htm http://brasilescola.uol.com.br/geografia/milton-santos.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 13 regionalização é o que dá origem às regiões. Os elementos internos de uma região não são idênticos, mas, quando comparados aos elementos de outra região, percebe-se certa homogeneidade interna. Para se empreender um processo de regionalização, é preciso estabelecer um conjunto de objetivos e critérios segundoos quais o espaço será dividido, podendo esses critérios ser de ordem natural, política, econômica, social, cultural etc. Vários tipos de regionalização para o mesmo espaço podem ser propostos, seguindo objetivos e critérios específicos. Atualmente, o desenvolvimento e a aceleração de uma economia que se tornou mundializada, sobretudo pelos progressos realizados no domínio dos transportes e das comunicações, faz com que nenhum espaço do planeta escape ao processo de globalização e fragmentação, isto é, individualização e regionalização. Sendo assim, as diversas regiões tornam-se resultado da combinação de elementos que agem em diferentes escalas geográficas (local, regional, nacional e mundial) impactando ao mesmo tempo, ou seja, não é possível compreender a regionalização de qualquer espaço sem levar em consideração vetores que acontecem fora dela. A compreensão do termo território não se restringe, à sua situação de conceito geográfico, pois faz parte do uso corrente de outras ciências, em que é adotado com significados diferentes. Portanto, na geografia, o significado de território está relacionado ao domínio social sobre o espaço, que se constitui em relações de poder que derivam da ação combinada do ato de ocupar a área, de utilizá-la e de delimitá-la, ou seja, é o meio geográfico apropriado por uma determinada sociedade e, delimitado por uma ação intencional de fechar o espaço e, assim, torná-lo exclusivo para o grupo que o ocupou. Nem sempre estas relações, que constituem e desfazem os vínculos dos grupos humanos com os seus territórios, são harmoniosas, gerando, ora ou outra, conflitos entre grupos que possuem interesses sobre o mesmo espaço. Da mesma forma que ocorre com as outras categorias espaciais, o território pode ser identificado em vários níveis escalares, como, por exemplo, em escala mundial, nacional, regional e local. As discussões a respeito da territorialidade destacam a possibilidade de que as relações de poder não necessariamente efetivem áreas de ocupação e controle de determinados agentes, em que as fronteiras podem se manifestar instáveis. A territorialidade se mantém associada às relações de poder, de gestão, de controle e se apresenta como tentativa de constituir um território, nem sempre materializável, por meio de fronteiras bem delimitadas. As disputas de grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas nas favelas, as áreas de prostituição em diversas regiões das cidades e as ocupações dos movimentos de trabalhadores sem-terra são exemplos de como a territorialidade pode se constituir. Atualmente, a nova economia mundial, baseada nos avanços dos meios de comunicação e nos meios de transportes, provocou o surgimento das chamadas redes geográficas. Essas redes adquirem cada vez mais importância no contexto atual e são o meio pelo qual se desenvolvem e se manifestam os diferentes tipos de -fluxos, conforme o tipo de rede e de seus nós. O desenvolvimento da tecnologia da informação favoreceu a base material para a expansão das redes em toda estrutura social, a ponto de que a tendência seja que, cada vez mais, a sociedade se organize em forma de redes geográficas materiais e não materiais. Entender o conceito e a materialização dessas diversas redes é precípuo para compreender a organização espacial da economia capitalista em seu estágio atual. A rede urbana é uma forma simples de compreender a organização em redes. Nesse caso, identifica- se uma hierarquia de cidades conforme sua importância socioeconômica, sendo seus nós compostos por cidades globais, metrópoles nacionais, metrópoles regionais, centros regionais, sub-centros regionais e cidades locais. Há uma interligação, a partir dos meios de transportes e comunicação, dos nós da rede urbana, entre os quais se estabelecem -fluxos de mercadorias, pessoas, serviços etc. Quanto maior a qualidade e a quantidade de bens e serviços disponibilizados nesses centros urbanos, maior sua importância na rede. Os conceitos geográficos até aqui discutidos tiveram o objetivo de servir como instrumento para a compreensão do mundo. O estudo dos conceitos não deve, no entanto, ser realizado de forma isolada e esgotar-se em si mesmo, pois somente adquirem real significado quando associados às realidades humanas. Faremos isso ao longo dos nossos estudos. A Terra no espaço O Planeta Terra está situado na via Láctea e faz parte do sistema solar, de todos os planetas integrantes somente a Terra possui temperaturas favoráveis ao desenvolvimento e proliferação da vida, isso por que nosso planeta não é muito quente e nem muito frio. Em circunstâncias normais a temperatura média da Terra é de 15ºC. Página 10 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 14 A Terra é o terceiro planeta a partir do Sol. É o quinto maior e mais massivo dos oito planetas do Sistema Solar, sendo o maior e o mais massivo dos quatro planetas rochosos. Além disso, é também o corpo celeste mais denso do Sistema Solar. A Terra também é chamada de Mundo ou Planeta Azul. Abrigo de milhões de espécies de seres vivos, que incluem os humanos, a Terra é o único lugar no universo onde a existência de vida é conhecida. O planeta formou-se há 4,54 biliões (ou bilhões em português do Brasil) de anos atrás, e as primeiras evidências de vida surgiram um bilião de anos depois. Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, bem como a formação de uma camada de ozono. Esta, em conjunto com o campo magnético terrestre, absorve as ondas do espectro eletromagnético perigosas à vida (raios gama, X e a maior parte da radiação ultravioleta), permitindo assim a vida no planeta. As propriedades físicas do planeta, bem como sua história geológica e sua órbita, permitiram que a vida persistisse durante este período. Acredita-se que a Terra poderá suportar vida durante mais 1,5 biliões de anos. Após este período, o brilho do Sol terá aumentado, aumentando a temperatura no planeta, tornando o suporte da biosfera insuportável. A crosta terrestre é dividida em vários segmentos rígidos, chamados de placas tectónicas, que migram gradualmente ao longo da superfície terrestre com o tempo. Cerca de 71% da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada, consistindo os restantes 29% em continentes e ilhas. A água no estado líquido, necessária para a manutenção da vida como se conhece, não foi descoberta em nenhum outro corpo celeste no universo. O interior da Terra permanece ativo, com um manto espesso relativamente sólido, um núcleo externo líquido, e um núcleo interno sólido, composto primariamente de ferro e níquel. A Terra interage com outros objetos no espaço, incluindo o Sol e a Lua. No presente, a Terra orbita o Sol uma vez para cada 366,26 rotações. Isto é o chamado ano sideral, que equivale a 365,26 dias solares. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4°, em relação ao seu plano orbital, produzindo as estações do ano. A Lua é o único satélite natural conhecido da Terra, orbitando o planeta há já 4,53 bilhões de anos. A Lua é a responsável pelas marés, e estabiliza a inclinação do eixo terrestre, além de diminuir gradualmente a rotação do planeta. Há cerca de 4,1 a 3,8 bilhões de anos atrás, durante o intenso bombardeio tardio, impactos de asteroides causaram mudanças significativas na superfície terrestre. Os recursos minerais da Terra, em conjunto com os produtos da biosfera, fornecem recursos que são utilizados para suportar uma população humana em escala global. Os habitantes da Terra estão agrupados em cerca de 200 estados soberanos, que interagem entre si. A estrutura da Terra O interior da Terra, assim como o interior de outros planetas telúricos, é divididopor critérios químicos numa camada externa de silício, denominada crosta, um manto altamente viscoso, e um núcleo que consiste numa porção sólida envolvida por uma pequena camada líquida. Esta camada líquida dá origem a um campo magnético devido à convecção de seu material, eletricamente condutor. O material do interior da Terra encontra frequentemente a possibilidade de chegar à superfície, através de erupções vulcânicas e fendas oceânicas. Grande parte da superfície terrestre é relativamente nova, tendo menos de 100 milhões de anos; as partes mais velhas da crosta terrestre têm até 4,4 mil milhões de anos. As camadas terrestres, a partir da superfície são: Crosta (de 0 a 30/35 km) Litosfera (de 0 a 60,2 km) Astenosfera (de 100 a 700 km) Manto (de 60 a 2900 km) Núcleo externo (líquido - de 2900 a 5100 km) Núcleo interno (sólido - mais de 5100 km) No seu todo, a Terra possui, aproximadamente, a seguinte composição em massa: • 34,6% de Ferro; • 30,2% de Oxigénio; • 15,2% de Silício; • 12,7% de Magnésio; • 2,4% de Níquel; • 1,9% de Enxofre; • 0,05% de Titânio. O interior da Terra atinge temperaturas de 5.270 K. O calor interno do planeta foi gerado inicialmente durante sua formação, e calor adicional é constantemente gerado pelo decaimento de elementos radioativos como urânio, tório e potássio. O fluxo de calor do interior para a superfície é pequeno se comparado à energia recebida pelo Sol (a razão é de 1/20 000). Página 11 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 15 Núcleo A massa específica média da Terra é de 5,515 toneladas por metro cúbico, fazendo dela o planeta mais denso no Sistema Solar. Uma vez que a massa específica do material superficial da Terra é apenas cerca de 3000 quilogramas por metro cúbico, deve-se concluir que materiais mais densos existem nas camadas internas da Terra (devem ter uma densidade de cerca de 8.000 quilogramas por metro cúbico). Em seus primeiros momentos de existência, há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra era formada por materiais líquidos ou pastosos, e devido à ação da gravidade os objetos muito densos foram sendo empurrados para o interior do planeta (o processo é conhecido como diferenciação planetária), enquanto que materiais menos densos foram trazidos para a superfície. Como resultado, o núcleo é composto em grande parte por ferro (80%), e de alguma quantidade de níquel e silício. Outros elementos, como o chumbo e o urânio, são muitos raros para serem considerados, ou tendem a se ligar a elementos mais leves, permanecendo então na crosta. O núcleo é dividido em duas partes: o núcleo sólido, interno e com raio de cerca de 1.250 km, e o núcleo líquido, que envolve o primeiro. O núcleo sólido é composto, segundo se acredita, primariamente por ferro e um pouco de níquel. Alguns argumentam que o núcleo interno pode estar na forma de um único cristal de ferro. Já o núcleo líquido deve ser composto de ferro líquido e níquel líquido (a combinação é chamada NiFe), com traços de outros elementos. Estima-se que realmente seja líquido, pois não tem capacidade de transmitir certas ondas sísmicas. A convecção desse núcleo líquido, associada a agitação causada pelo movimento de rotação da Terra, seria responsável por fazer aparecer o campo magnético terrestre, através de um processo conhecido como teoria do dínamo. O núcleo sólido tem temperaturas muito elevadas para manter um campo magnético (veja temperatura Curie), mas provavelmente estabiliza o campo magnético gerado pelo núcleo líquido. Evidências recentes sugerem que o núcleo interno da Terra pode girar mais rápido do que o restante do planeta, a cerca de 2 graus por ano. Tanto entre a crosta e o manto como entre o manto e o núcleo existem zonas intermediárias de separação, as chamadas descontinuidades. Manto O manto estende-se desde cerca de 30 km e por uma profundidade de 2900 km. A pressão na parte inferior do mesmo é da ordem de 1,4 milhões de atmosferas. É composto por substâncias ricas em ferro e magnésio. Também apresenta características físicas diferentes da crosta. O material de que é composto o manto pode apresentar-se no estado sólido ou como uma pasta viscosa, em virtude das pressões elevadas. Porém, ao contrário do que se possa imaginar, a tendência em áreas de alta pressão é que as rochas se mantenham sólidas, pois assim ocupam menos espaço físico do que os líquidos. Além disso, a constituição dos materiais de cada camada do manto tem seu papel na determinação do estado físico local. O manto superior pode deslocar-se vagarosamente. As temperaturas do manto variam de 100 graus Celsius (na parte que faz interface com a crosta) até 3500 graus Celsius (na parte que faz interface com o núcleo). Crosta A crosta (que forma a maior parte da litosfera) tem uma extensão variável de acordo com a posição geográfica. Em alguns lugares chega a atingir 70 km, mas geralmente estende-se por aproximadamente 30 km de profundidade. É composta basicamente por silicatos de alumínio. A superfície terrestre O terreno da superfície terrestre varia significativamente de região para região. Cerca de 70,8% da superfície terrestre é coberta por água, com muito da plataforma continental localizado abaixo do nível do mar. A superfície submergida possui características montanhosas, incluindo um sistema dorsal oceânica global, bem como vulcões oceânicos, fossas oceânicas, vales oceânicos, planaltos oceânicos e planícies abissais. Os 29,2% restantes não coberto por água consistem de montanhas, desertos, planícies, planaltos e outras geomorfologias. O formato da superfície da Terra muda gradualmente ao longo de períodos geológicos, devido aos efeitos da erosão e das placas tectónicas. Características geológicas criadas ou deformadas pelas placas tectónicas estão sujeitos a condições tais como precipitação, ciclos termais e efeitos químicos, bem como a geleiras, erosão litoral, recifes de corais e impactos de grandes meteoritos, que constantemente modelam o terreno da superfície terrestre. A pirosfera é a camada mais externa da Terra que é composta por solo, e é sujeita a piogênese. A pirosfera é modelada através da interação da litosfera, da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. No presente, cerca de 13,31% da superfície de terra firme do planeta é arável, com apenas 4,71% de área cultivável permanentes. Cerca de 40% da terra firme é utilizada para a agricultura e a pastagem dos animais, com 3,4×107 km² utilizados como pastagens e 1,3×107 km² utilizados como terrenos agrícolas. As elevações dos terrenos em terra firme variam a um mínimo de -418 m no Mar Morto para 8848 m no topo do Monte Evereste. A altura média da superfície localizada acima do nível do mar é de 840 m. A formação do planeta Terra O planeta poderá ter-se formado pela agregação de poeira cósmica em rotação, aquecendo-se depois, por meio de violentas reações químicas. O aumento da massa agregada e da gravidade catalisou impactos de corpos maiores. Essa mesma força gravitacional possibilitou a retenção de gases constituindo uma atmosfera primitiva. Os processos de formação do planeta Terra são a careçam, diferenciação e desintegração radioativa. O envoltório atmosférico Página 12 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 16 primordial atuou como isolante térmico, criando o ambiente na qual se processou a fusão dos materiais terrestres. Os elementos mais densos e pesados, como o ferro e o níquel, migraram para o interior; os mais leves localizaram-se nas proximidades da superfície. Dessa forma, constituiu-se a estrutura interna do planeta, com a distinção entre o núcleo, manto e crosta (litosfera). O conhecimento dessa estruturadeve-se à propagação de ondas sísmicas geradas pelos terremotos. Tais ondas, medidas por sismógrafos, variam de velocidade ao longo do seu percurso até a superfície, o que prova que o planeta possui estrutura interna heterogénea, ou seja, as camadas internas possuem densidade e temperatura distintas. A partir do arrefecimento superficial do magma, consolidaram-se as primeiras rochas, chamadas magmáticas ou ígneas, dando origem a estrutura geológica denominados escudos cristalinos ou maciços antigos. Formou-se, assim, a litosfera ou crosta terrestre. A libertação de gases decorrente da volatizarão da matéria sólida devido a altas temperaturas e também, posteriormente, devido ao resfriamento, originou a atmosfera, responsável pela ocorrência das primeiras chuvas e pela formação de lagos e mares nas áreas rebaixadas. Assim, iniciou-se o processo de intemperismo (decomposição das rochas) responsável pela formação dos solos e consequente início da erosão e da sedimentação. As partículas minerais que compõem os solos, transportados pela água, dirigiram-se, ao longo do tempo, para as depressões que foram preenchidas com esses sedimentos, constituindo as primeiras bacias sedimentares (bacias sedimentares são depressões da crosta, de origem diversa, preenchidas, ou em fase de preenchimento, por material de natureza sedimentar), e, com a sedimentação (compactação), as rochas sedimentares. No decorrer desse processo, as elevações primitivas (pré-cambrianas) sofreram enorme desgaste pela ação dos agentes externos, sendo gradativamente rebaixadas. Hoje, apresentam altitudes modestas e formas arredondadas pela intensa erosão, constituindo as serras conhecidas no Brasil como serras do Mar, da Mantiqueira, do Espinhaço, e, em outros países, os Montes Apalaches (EUA), os Alpes Escandinavos (Suécia e Noruega), os Montes Urais (Rússia), etc. Os escudos cristalinos ou maciços antigos apresentam disponibilidade de minerais metálicos (ferro, manganês, cobre), sendo por isso, bastante explorados economicamente. Nos dobramentos terciários podem haver qualquer tipo de minério. O carvão mineral e o petróleo são frequentemente encontrados nas bacias sedimentares. Já os dobramentos modernos são os grandes alinhamentos montanhosos que se formaram no contato entre as placas tectónicas em virtude do seu deslocamento a partir do período Terciário da era Cenozoica, como os Alpes (sistema de cordilheiras na Europa que ocupa parte da Áustria, Eslovénia, Itália, Suíça, Liechtenstein, Alemanha e França), os Andes (a oeste da América do Sul), o Himalaia (norte do subcontinente indiano), e as Montanhas Rochosas. Rotação e translação, dias e noites e as estações do ano Embora pareça que o Planeta Terra permaneça sempre imóvel, ele, assim como os outros planetas do Sistema Solar, realiza vários movimentos. Os dois principais movimentos realizados pela Terra são: rotação e translação. Vale ressaltar que estes dois movimentos ocorrem simultaneamente. Movimento de rotação É o movimento que a Terra faz em volta de seu próprio eixo. É um movimento feito no sentido anti-horário, ou seja, de oeste para leste. Por isso, o Sol parece nascer no Leste e se pôr no Oeste (esta posição varia no decorrer do ano, por isso não é uma posição fixa). O movimento completo tem a duração de 23 horas e 56 minutos. Graças ao movimento de rotação, existe o dia e a noite. Enquanto a superfície de metade do nosso planeta fica voltada para o Sol temos o dia nesta parte (com presença da luz solar). Já a noite ocorre quando a outra parte do planeta não recebe a luz solar, ficando no escuro. Movimento de Translação É o movimento que o Planeta Terra faz ao redor do Sol. Chamado de órbita terrestre, este movimento é elíptico (forma de elipse). A translação completa tem a duração de 365 dias, 5 horas e, aproximadamente, 48 minutos. Chamamos de ano a volta completa que nosso planeta dá ao redor do Sol. A velocidade da Terra neste movimento é de 107 mil quilômetros por hora. Outros movimentos - Mutação: oscilação pequena e periódica no eixo de rotação da Terra. É gerada pela força de atração gravitacional entre a Lua e o Sol com a Terra. Este movimento tem um ciclo de 18,6 anos. - Revolução: deslocamento no nosso planeta em relação ao centro da Via Láctea. - Precessão dos Equinócios: lenta mudança na direção do eixo de rotação da Terra. É exercida pelas forças da maré da Lua e Sol sobre a protuberância equatorial da Terra. Não se sabe exatamente quando o ser humano descobriu que a Terra é esférica. Os antigos gregos, observando a sombra da Terra sobre a Lua durante os eclipses, já tinham certeza da esfericidade de nosso planeta. O desaparecimento progressivo das embarcações que se distanciavam no horizonte do mar também fornecia argumentos aos defensores dessa ideia. Erastóstenes (276 a.C.-194 a.C.), astrônomo e matemático grego, foi o primeiro a calcular, há mais de 2 mil anos, com uma precisão impressionante, a circunferência da Terra. Página 13 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 17 A diferença entre a circunferência calculada por Erastóstenes (40 000 quilômetros) e a determinada hoje, com o auxílio de métodos muito mais precisos (40 075 quilômetros, no equador), como se vê, é bem pequena. A esfericidade de nosso planeta é responsável pela existência das diferentes zonas climáticas (polares, temperadas e tropicais), porque os raios solares atingem a Terra com diferentes inclinações e intensidades. Próximo ao equador, os raios solares incidem perpendicularmente sobre a superfície terrestre, porém, quanto mais nos afastamos dessa linha, mais inclinada é essa incidência. Consequentemente, a mesma quantidade de energia se distribui por uma área cada vez maior, diminuindo, portanto, sua intensidade. Esse fato torna as temperaturas progressivamente mais baixas à medida que nos aproximamos dos polos. O eixo da Terra é inclinado em relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol (movimento de translação). Uma consequência desse fato é a ocorrência das estações do ano. Em 21 ou 22 de dezembro, o hemisfério sul recebe os raios solares perpendicularmente ao trópico de Capricórnio; dizemos, então, que está ocorrendo o solstício de verão. O solstício (do latim solstitium, ‘Sol estacionário’) define o momento do ano em que os raios solares incidem perpendicularmente ao trópico de Capricórnio, dando início ao verão no hemisfério sul. Depois de incidir nessa posição, parecendo estacionar por um momento, o Sol inicia seu movimento em direção ao norte. Esse mesmo instante marca o solstício de inverno no hemisfério norte, onde os raios estão incidindo com inclinação máxima. Seis meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quando metade do movimento de translação já se completou, as posições se invertem: o trópico de Câncer passa a receber os raios solares perpendicularmente (solstício), dando início ao verão no hemisfério norte e ao inverno no. Em 20 ou 21 de março e em 22 ou 23 de setembro, os raios solares incidem sobre a superfície terrestre perpendicularmente ao equador. Dizemos então que estão ocorrendo os equinócios (do latim aequinoctium, ‘igualdade dos dias e das noites’), ou seja, os hemisférios estão iluminados por igual. Nesses momentos, iniciam-se, respectivamente, o outono e a primavera no hemisfério sul, ocorrendo o inverso no hemisfério norte. O dia e a hora do início dos solstícios e dos equinócios mudam de ano para ano; consequentemente, a duração de cada estação também varia. Os raios solares só incidem perpendicularmente em pontos localizados entre os trópicos (a chamada zona tropical), que, por isso, apresentam temperaturas mais elevadas. Nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares) e polares, o Sol nunca ficaa pino, porque os raios sempre incidem obliquamente. Outra consequência da inclinação do eixo terrestre, associada ao movimento de rotação da Terra, é a desigual duração do dia e da noite ao longo do ano. Nos dois dias de equinócio, quando os raios solares incidem perpendicularmente ao equador, o dia e a noite têm 12 horas de duração em todo o planeta, com exceção dos polos, que têm 24 horas de crepúsculo. No dia de solstício de verão, ocorrem o dia mais longo e a noite mais curta do ano no respectivo hemisfério; já no solstício de inverno, acontecem a noite mais longa e o dia mais curto. Coordenadas geográficas: paralelos, meridianos latitude, longitude e fusos horários Os paralelos e meridianos são linhas imaginárias traçadas para definir cartograficamente os diferentes pontos da Terra. A principal função dessas linhas é estabelecer as latitudes e as longitudes para assim precisar as coordenadas geográficas dos diferentes lugares do planeta. Trata-se, portanto, de círculos ou semicírculos que circundam a Terra nos sentidos norte- sul e Leste-Oeste. Os paralelos são os eixos que circundam imaginariamente o planeta no sentido horizontal. A partir deles, são medidas, em graus, as latitudes, que variam de -90º a 0º para o sul e de 0º a 90º para o norte. Existem alguns paralelos “especiais”, como é o caso da Linha do Equador. Essa linha imaginária possui o mérito de possuir uma igual distância em relação aos dois polos do planeta. Desse modo, tudo que está acima dela representa o hemisfério norte, também chamado de boreal ou setentrional, e tudo o que está abaixo representa o hemisfério sul, também chamado de austral ou meridional. O Equador também é importante por ser a zona da Terra que mais recebe os raios solares no sentido perpendicular, quando eles são mais fortes. Existem outros importantes paralelos: os trópicos. O Trópico de Câncer, localizado ao norte na latitude de 23º 27º (23 graus e 27 minutos), é a linha que indica o limite máximo em que os raios solares incidem verticalmente sobre a Terra durante os solstícios. Página 14 de 50 http://brasilescola.uol.com.br/geografia/coordenadas-geograficas.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 18 O Trópico de Capricórnio, por sua vez, possui a mesma função em relação ao hemisfério sul, com latitude de - 23º27'. Os meridianos representam as linhas imaginárias traçadas verticalmente sobre o globo terrestre. Nesse sentido, ao contrário do que acontece com a Linha do Equador, não existe uma zona de iluminação mais acentuada, não havendo, portanto, um “centro” da Terra. Eles são utilizados para medir as longitudes, que variam de -180º a 0º a oeste e de 0º a 180º a leste. No final do século XIX, por convenção, foi criado o Meridiano de Greenwich, com longitude de 0º. Esse meridiano divide a Terra no sentido vertical, originando, dessa forma, o hemisfério leste ou oriental, com longitudes positivas, e o hemisfério oeste ou ocidental, com longitudes negativas. O Meridiano de Greenwich “corta” a cidade de Londres ao meio, representando, de certa forma, a visão de mundo na época de seu estabelecimento, nitidamente eurocêntrica, ou seja, com a Europa colocada no cerne principal do mundo. Acrescenta-se a isso a função dos meridianos em relação aos fusos horários, igualmente contados a partir de Greenwich. Assim, dividiram-se 24 eixos (12 a leste e 12 a oeste), em que cada um representa a alteração de uma hora em relação ao meridiano mencionado, com horários somados quando se desloca para o leste e diminuídos quando se desloca para o oeste. Coordenadas Geográficas são linhas imaginárias que cortam o planeta Terra nos sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na superfície terrestre. As distâncias das coordenadas geográficas são medidas em graus, minutos e segundos. Um grau corresponde a 60 minutos, e um minuto corresponde a 60 segundos. Dessa maneira, temos dois tipos de coordenadas geográficas: - Latitude: São as linhas que tracejam a Terra no sentido horizontal, também conhecidas como paralelas. O círculo máximo da esfera terrestre, na horizontal, é chamado de Equador. O Equador corresponde à latitude 0°, dividindo o planeta em hemisférios Norte e Sul. As latitudes variam de 0 a 90°, tanto ao Norte quanto ao Sul. A latitude, além de servir para localização geográfica, é uma variável importante para estudar os tipos de clima da Terra, pois a incidência de raios solares no planeta é maior nos lugares com latitudes menores, isto é, mais próximas à linha do Equador. - Longitude: São as coordenadas geográficas que cortam a Terra no sentido vertical, também conhecidas como Meridianos. A distância das longitudes varia de 0° a 180°, nos sentidos Leste e Oeste. Como padronização internacional, adotou-se o Meridiano de Greenwich como ponto de partida, a longitude de 0°. Assim, tal meridiano divide a Terra em Ocidental (a Oeste) e oriental (a leste). Foi a partir das longitudes que se criaram os fusos horários. Todos os meridianos se encontram e se cruzam nos polos Norte e Sul. Por causa do movimento de rotação da Terra, em um mesmo momento, diferentes pontos longitudinais da superfície do planeta têm horários diversos. Para adotar um sistema internacional de marcação do tempo foram criados os fusos horários. Dividindo-se os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de duração aproximada do movimento de rotação 3, resultam 15 graus. Portanto, a cada 15 graus que a Terra gira, passa-se uma hora, e cada uma dessas 24 divisões recebe o nome de fuso horário. Observe a figura. Em 1884, 25 países se reuniram na Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington, capital dos Estados Unidos. Nesse encontro ficou decidido que as regiões situadas num mesmo fuso adotariam o mesmo horário. Foi também acordado pela maioria dos delegados dos países participantes (a República Dominicana votou contra, a França e o Brasil se abstiveram) que o meridiano de Greenwich seria a linha de referência para definir as longitudes e acertar os relógios em todo o planeta. Para estabelecer os fusos horários, definiu-se o seguinte procedimento: o fuso de referência se estende de 7º30’ para leste a 7º30’ para oeste do meridiano de Greenwich, o que totaliza uma faixa de 15 graus. Portanto, a longitude na qual termina o fuso seguinte a leste é 22º30’ E (e, para o fuso correspondente a oeste, 22º30’ W). Somando continuamente 15º a essas longitudes, obteremos os limites teóricos dos demais fusos do planeta. As horas mudam, uma a uma, à medida que passamos de um fuso a outro. No entanto, como as linhas que os delimitam atravessam várias unidades político-administrativas, os países fizeram adaptações estabelecendo, assim, os limites práticos dos fusos, na tentativa de manter, na medida do possível, um horário unificado num determinado território. No caso dos fusos teóricos, bastaria, para se determinar a diferença de horário entre duas localidades, saber a distância Leste-Oeste entre elas, Página 15 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 19 em graus, e dividi-la por 15 (medida de cada fuso). Porém, com a adoção dos limites práticos, em alguns locais os fusos podem medir mais ou menos que os tradicionais 15º. Observe o mapa da página ao lado. O mapa-múndi de fusos mostra que as horas aumentam para leste e diminuem para oeste, a partir de qualquer referencial adotado. Isso ocorre porque a Terra gira de oeste para leste. Como o Sol nasce a leste, à medida que nos deslocamos nessa direção, estamos indo para um local onde o Sol nasce antes; portanto nesse lugar as horas estão “adiantadas” em relação ao localde onde partimos. Quando nos deslocamos para oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um local onde o Sol nasce mais tarde; logo, nesse lugar as horas estão “atrasadas” em relação ao nosso ponto de partida. Além da mudança das horas, tornou-se necessário definir também um meridiano para a mudança da data no mundo. Na Conferência de 1884 ficou estabelecido que o meridiano 180º, conhecido como antimeridiano porque está exatamente no extremo oposto a Greenwich, seria a Linha Internacional de Mudança de Data (ou simplesmente Linha de Data). O fuso horário que tem essa linha como meridiano central tem uma única hora, como todos os outros, entretanto em dois dias diferentes. A metade situada a oeste desta linha estará sempre um dia adiante em relação à metade a leste. Com isso, ao se atravessar a Linha de Data indo de leste para oeste é necessário aumentar um dia. Por exemplo, numa hipotética viagem de São Paulo (Brasil) para Tóquio (Japão) via Los Angeles (Estados Unidos), um avião partiu às 19 horas de um domingo e entrou no fuso horário da Linha de Data às 10 horas desse mesmo dia; imediatamente após cruzar essa linha, ainda no mesmo fuso, continuarão sendo 10 horas, mas do dia seguinte, uma segunda- -feira (identifique essa rota no mapa acima). Ao contrário, a viagem de volta será de oeste para leste e quando o avião cruzar a Linha de Data deve-se diminuir um dia. Esse exemplo pode causar certa estranheza: estamos acostumados a observar, no planisfério centrado em Greenwich, o Japão situado a leste, mas como o planeta é esférico, podemos ir a esse país voando para oeste. Como observamos no mapa de fusos horários, a partir do meridiano de Greenwich, as horas vão aumentando para leste e diminuindo para oeste. Entretanto, diversamente do que muitas vezes se pensa, ao atravessar a Linha de Data indo para leste deve-se diminuir um dia e, ao contrário, para oeste, aumentar um dia. Mapas e seus elementos O mapa é uma das mais antigas formas gráficas de comunicação, precedendo a própria escrita. Na história humana, parafraseando Paulo Freire, a leitura do mundo (e sua representação gráfica) precedeu a leitura da palavra. Mesmo hoje, a leitura do mundo, em sentido amplo, muitas vezes precede a leitura de textos escritos sobre ele. Em Geografia, como vimos na introdução, a observação da paisagem é o primeiro procedimento para a compreensão do espaço geográfico, seguido do registro do que foi observado – daí a importância do mapa. Em um mapa, os elementos que compõem o espaço geográfico são representados por pontos, linhas, texturas, cores e textos, ou seja, são usados símbolos próprios da Cartografia. Diante da complexidade do espaço geográfico, algumas informações são sempre priorizadas em detrimento de outras. Seria impossível representar todos os elementos – físicos, econômicos, humanos e políticos – num único mapa. Seu objetivo fundamental é permitir o registro e a localização dos elementos cartografados é facilitar a orientação no espaço geográfico. Portanto, qualquer mapa será sempre uma simplificação da realidade para atender ao interesse do usuário. Além das coordenadas geográficas ou alfanuméricas (localização) e da indicação do Norte (orientação), que vimos no capítulo anterior, um mapa precisa ter: • Título, que nos informa quais são os fenômenos representados; • Legenda, que nos mostra o significado dos símbolos utilizados; • Escala, que indica a proporção entre a representação e a realidade e permite calcular as distâncias no terreno a partir de medidas feitas no mapa. Os primeiros mapas eram modelados em pedra ou argila. Depois passaram a ser desenhados em tecido, couro, pergaminho ou papiro. Com a invenção da imprensa, começaram a ser gravados em originais de pedra ou metal e em seguida impressos em papel. Hoje, Página 16 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 20 são processados em computador e podem ser analisados diretamente na tela. O aprimoramento dos satélites e dos computadores permitiu grandes avanços nas técnicas de coleta, processamento, armazenamento e representação de informações da superfície terrestre, causando grande impacto nos processos de elaboração de mapas e nos conceitos da Cartografia. Numa conceituação de 1994, Fraser Taylor, professor do Departamento de Geografia e Estudos Ambientais da Universidade Carleton, em Ottawa (Canadá), considerou que esses recentes avanços tecnológicos já foram incorporados pela Cartografia, definida por ele como a “disciplina que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização da desinformação nas formas gráfica, digital ou tátil”. Os mapas podem ser classificados em topográficos (ou de base) e temáticos. Num mapa topográfico, procura- se representar a superfície terrestre o mais próximo possível da realidade, dentro das limitações impostas pela escala pequena. Já numa carta topográfica, feita em escala média ou grande, há mais precisão entre a representação e a realidade. Na carta topográfica, as variáveis da superfície da Terra são representadas com maior grau de detalhamento e a localização é mais precisa. Isso torna possível identificar a posição planimétrica – fenômenos geográficos representados no plano, na horizontal: cidades, campos agrícolas, florestas, etc. – e a altimetria – representação vertical, altitude do relevo – de alguns elementos visíveis do espaço. Mapas e cartas topográficas são resultantes de levantamentos sistemáticos feitos por órgãos governamentais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do governo federal, o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), do governo do estado de São Paulo, o Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), do governo do estado do Paraná, ou por empresas privadas. Os mapas topográficos servem de base para outras representações de temas selecionados da realidade: os mapas temáticos. Os mapas temáticos contêm informações selecionadas sobre determinado fenômeno ou tema do espaço geográfico: naturais – geologia, relevo, vegetação, clima, etc. – ou sociais – população, agricultura, indústrias, urbanização, etc. Inicialmente é importante fazer uma distinção entre escala geográfica e escala cartográfica, embora haja uma correspondência entre elas. A primeira define a escala da análise geográfica, o recorte espacial. Uma análise do espaço geográfico pode ser feita em escala local, estadual, regional, nacional, continental ou mundial. A segunda define a escala de representação, ou seja, indica a relação entre o tamanho dos objetos representados na planta, carta ou mapa e o tamanho deles na realidade. A seguir, ao estudarmos a escala cartográfica e suas relações matemáticas, vamos perceber sua permanente relação com a escala geográfica. Por exemplo, a análise de fenômenos em escala local necessita de plantas em escala grande, já a análise de fenômenos mundiais exige mapas em escala pequena. Para a representação da realidade no mapa ou na planta, é necessário estabelecer uma correspondência entre as dimensões dos objetos representados e as do papel. Essa relação é feita por meio de uma escala cartográfica, que expressa quanto os elementos do espaço foram reduzidos para caberem em uma folha de papel ou tela de computador (veja indicação de sites, no final do capítulo, nos quais é possível observar representações em diversas escalas). Por exemplo, é impossível encontrarmos uma rua de qualquer cidade brasileira em um mapa-múndi ou no mapa político do Brasil (a escala utilizada nessa representação – 1: 37 000 000 – é pequena, nela até mesmo uma metrópole se torna apenas um ponto;). Para representar uma rua, é preciso usar uma escala grande, na qual seja possível visualizar os quarteirões, como a de 1: 10 000 Representaçõesem escala pequena mostram áreas muito extensas, com poucos detalhes, e são geralmente chamadas de mapas; já representações em escala grande ou média mostram áreas menores, porém com maior grau de detalhamento, e são chamadas de cartas. Representações em escalas muito grandes e com alto grau de detalhamento são chamadas de plantas. Veja o boxe na página 41 com a definição do IBGE para diferentes tipos de representação cartográfica. Globo – representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa. Mapa (características): • Representação plana; • Geralmente em escala pequena; • Área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), [limites] político- administrativos; • Destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos. A partir dessas características pode-se generalizar o conceito: “Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político- administrativos, destinada aos mais variados usos temáticos, culturais e ilustrativos. ” Carta (características): • Representação plana; • Escala média ou grande; • Desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática; • Limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes. Da mesma forma que dá conceituação de mapa, pode- se generalizar: “Carta é a representação no plano, em Página 17 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 21 escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais – paralelos e meridianos – com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala. ” Planta – a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o número de detalhes é bem maior. “Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala possa ser considerada constante. ” IBGE. Noções básicas de Cartografia. Rio de Janeiro, 1999. p. 21. (Manuais técnicos em Geociências; 8). Projeções cartográficas Uma projeção cartográfica é o resultado de um conjunto de operações que permite representar no plano, tendo como referência paralelos e meridianos, os fenômenos que estão dispostos na superfície esférica. Quando vista do espaço sideral, a Terra parece ser uma esfera perfeita, mas nosso planeta apresenta uma superfície irregular e é levemente achatado nos polos. Por isso os cartógrafos, geógrafos e outros profissionais que produzem mapas fazem seus cálculos utilizando uma elipse, que ao girar em torno de seu eixo menor forma um volume, o elipsoide de revolução. Segundo o IBGE, “o elipsoide é a superfície de referência utilizada nos cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica” Ao fazerem a transferência de informações do elipsoide para o plano, os cartógrafos se deparam com um problema insolúvel: qualquer que seja a projeção adotada, sempre haverá algum tipo de distorção nas áreas, nas formas ou nas distâncias da superfície terrestre. Só não há distorção perceptível em representações de escala suficientemente grande, como é o caso das plantas, nas quais não é necessário considerar a curvatura da Terra. As projeções podem ser classificadas em conformes, equivalentes, equidistantes ou alifáticas, dependendo das propriedades geométricas presentes na relação globo terrestre/mapa-múndi. Além disso, podem ser agrupadas em três categorias principais, dependendo da figura geométrica empregada em sua construção: cilíndricas (as mais comuns), cônicas ou azimutais (também chamadas de planas). Projeção de Mercador Nessa projeção, muito utilizada nos dias atuais, há uma preocupação em se manter as formas dos continentes, no entanto, as suas áreas são alteradas. Trata-se, portanto, de uma projeção conforma. Repare que, por exemplo, a Groelândia está maior que o Brasil, sendo que, na verdade, ela é bem menor do que ele. Mapa-múndi na projeção de Mercator. Projeção de Peters Ao contrário da anteriormente citada, essa projeção sacrifica as formas em benefício da conservação da proporção das áreas. É, portanto, um tipo de projeção equivalente. Os meridianos e os paralelos também são linhas retas. Mapa-múndi na projeção de Peters. Projeção de Robinson Essa é a mais utilizada atualmente para representar o mapa-múndi. Ela altera tanto as formas quanto as áreas dos continentes, entretanto, nem as áreas e nem as formas são tão distorcidas quanto nas duas projeções anteriores, ficando em uma espécie de “meio-termo”. Nela, os paralelos são retos, mas os meridianos são curvados, como se acompanhassem a esfera terrestre. Mapa-múndi na projeção de Robinson. Página 18 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 22 Exercícios de aprendizagem 01. O geógrafo Milton Santos deixou como um dos seus principais legados teóricos um meio que corresponde à evolução dos processos de produção e reprodução do meio geográfico. Esse legado é o: (A) Meio cibernético digital. (B) Meio organizativo estrutural. (C) Espaço das tecnologias digitais. (D) Meio técnico-científico-informacional. 02. A paisagem ajuda a construir os momentos e sentimentos que estão correlacionados a vivência dos seres humanos; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações ao luto dentre eles várias emoções. No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com a vida social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma dimensão: (A) Simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço. (B) Política de apropriação efetiva do espaço. (C) Econômica de uso de recursos do espaço. (D) Natural de composição por elementos físicos do espaço. 03. “São mapas que representam a produção do espaço econômico, isto é, as atividades econômicas de uma determinada área, bem como a distribuição de dados estatísticos, por exemplo: a receita financeira dos estados brasileiros, o índice de População Economicamente Ativa (PEA) de uma região etc.” O fragmento acima refere-se a um mapa: (A) Histórico. (C) Econômico. (B) Político. (D) Demográfico. 04. Entre todos os movimentos realizados pela Terra, a rotação e a translação são consideradas como os dois mais importantes, pois são os que exercem maior influência no cotidiano das sociedades. As consequências principais da rotação e da translação da Terra são, respectivamente, a: (A) Intercalação das atividades solares e a variação cíclica dos climas. (B) Ocorrência das estações do ano e a sucessão dos dias e noites. (C) Sucessão dos dias e noites e a ocorrência das estações do ano. (D) Existência dos solstícios e equinócios e a duração do ano em 365 dias. 05. É um aparelho de orientação que usa uma rede de satélites artificiais que permite localizar, precisamente, um objeto em qualquer lugar da terra. Estamos falando de: (A) Rosa-dos-ventos. (C) GPS. (B) Astrolábio. (D) Bússola. 06. Acerca das estações do ano, marque a alternativa CORRETA. (A) As estações do ano são bem definidas em todo o planeta.(B) O outono é a estação do ano que recebe maior quantidade de radiação solar. (C) O movimento de translação, juntamente com a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano orbital, é responsável pelas estações do ano. (D) O verão é a estação do ano que começa com o término do outono e antecede a primavera. 07. Sobre o sistema de coordenadas de localização, julgue as assertivas abaixo como CERTAS (C) ou ERRADAS (E) e, em seguida, marque a sequência CORRETA. I. A Linha do Equador não exerce função sobre os sistemas de localização, sendo irrelevante para se precisar os graus de latitude. II. As longitudes são equivalentes aos meridianos e as latitudes são equivalentes ao paralelos. III. O ponto situado nas coordenadas Latitude -15º e Longitude -20º encontra-se nos hemisférios austral e ocidental. IV. O território brasileiro encontra-se em dois hemisférios diferentes. (A) E – C – C – E (C) E – C – E – C (B) C – E – E – C (D) C – C – C – E Minhas anotações ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Página 19 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 23 UNIDADE 3 – GEOGRAFIA FÍSICA E O MEIO AMBIENTE Sistemas naturais do planeta Terra: Litosfera, Atmosfera, Hidrosfera e Biosfera O planeta Terra está em constante transformação, tanto em seu interior quanto na superfície. Durante sua formação, como se pode ver nas ilustrações do infográfico anterior, a configuração da crosta terrestre era completamente diferente da que observamos hoje. Essas transformações continuam acontecendo porque o planeta possui muita energia em seu interior e a superfície da crosta terrestre sofre a ação permanente de forças externas, como a chuva ou o vento, e do próprio ser humano, que constrói cidades, desmata, refloresta, extrai minérios, faz aterros e represas, desvia rios, etc. Algumas mudanças de origem natural são facilmente percebidas. Por exemplo, terremotos e erupções vulcânicas são fenômenos que podem provocar alterações imediatas na paisagem. Outras mudanças, como o afastamento dos continentes ou o processo de formação das grandes cadeias montanhosas, denominada orogênese (do grego oros, que significa ‘montanha’, e genesis, ‘origem’), ocorrem em um intervalo de tempo tão longo que não conseguimos percebê-las em nosso curto período de vida. Por isso falamos em tempo geológico, que é medido em milhões de anos. A história geológica da Terra é dividida em éons, que são subdivididos em eras, que se subdividem em períodos, que por sua vez são subdivididos em épocas. Observe a tabela da escala geológica do tempo na página anterior. Para entendermos melhor os 4,6 bilhões de anos de idade da Terra, utilizaremos um quadro em que o tempo geológico é comparado, proporcionalmente, aos meses de um ano. Nele é feita uma comparação entre o tempo geológico, medido em milhões de anos, como vimos, e o tempo histórico, que utilizamos para situar os fatos da História e de nosso cotidiano, medido em anos, décadas, séculos ou milênios. Embora os seres humanos tenham surgido há muito pouco tempo quando pensamos na escala geológica, alguns cientistas consideram que as transformações provocadas na superfície do planeta, principalmente após a Revolução Industrial, justificariam a criação de uma nova época, denominada Antropoceno. A criação dessa nova época e sua inserção na escala do tempo geológico depende da IUGS (sigla em inglês da União Internacional de Ciências Geológicas), que criou uma comissão que estuda essa possibilidade desde 2008. Tipos de rochas As rochas são agregadas sólidos naturais compostos de um ou mais minerais e podem ser classificadas, segundo sua formação, em magmáticas (ou ígneas), metamórficas e sedimentares. Há cerca de 3,8 bilhões de anos, a matéria incandescente da qual era formada a Terra começou a esfriar e a se solidificar, formando a crosta terrestre. Consolidaram-se, assim, as primeiras rochas, chamadas magmáticas ou ígneas. O termo magmático vem de magma, massa natural fluida com temperatura elevada, encontrada no interior da Terra. O termo ígneo vem da palavra latina ignis, ‘fogo’. Existem vários tipos de rocha magmática, dependendo da constituição química do magma e de como ele se consolidou. Essa consolidação pode acontecer lentamente, quando o magma esfria e se solidifica dentro da crosta terrestre, dando origem às chamadas rochas intrusivas (o prefixo in-, do latim, quer dizer ‘no interior’, ‘em’). Nelas, os minerais se agrupam e formam cristais visíveis a olho nu, como na maioria dos granitos utilizados na construção civil, nos quais conseguimos ver três componentes: quartzo, feldspato e cristais de mica. Quando atinge a superfície terrestre em forma de lava pela erupção de um vulcão, o magma esfria rapidamente, originando as chamadas rochas extrusivas (o prefixo ex-, do grego, quer dizer ‘fora de’). Sempre que isso ocorre, não conseguimos distinguir, a olho nu, os minerais componentes de uma rocha. Este é o caso do basalto. As rochas metamórficas, assim como as magmáticas, formam-se no interior da crosta terrestre. A pressão e a temperatura muito elevadas, os fortes atritos, ou a combinação química de dois ou mais minerais transformam a estrutura das rochas já formadas, o que dá origem às rochas metamórficas, como o mármore, a ardósia, o quartzito e o gnaisse. Esse processo não deve ser confundido com a fusão de rochas, que só ocorreria no manto, camada abaixo da crosta em que as temperaturas são mais elevadas. Nos primórdios da história geológica do planeta, a crosta terrestre era formada por rochas magmáticas e metamórficas. Os minerais que as compõem, no processo de consolidação, formaram cristais. Por isso essas rochas também são, em conjunto, chamadas cristalinas. É preciso lembrar que esse processo de formação de rochas continua acontecendo, pois faz parte da dinâmica da Terra. Mas, com exceção das Página 20 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 24 erupções vulcânicas, em que a solidificação da lava ocorre na superfície, não podemos observá-lo, já que é lento e ocorre no interior da crosta. O terceiro tipo de rocha presente na crosta terrestre são as sedimentares. Conforme a superfície da Terra se resfriava, gases como nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e outros foram liberados e formaram a atmosfera. A partir de então começaram a ocorrer as chuvas, e com elas iniciou-se o processo de intemperismo ou decomposição química das rochas. O intemperismo propiciou a formação dos solos, que com o tempo passaram a ser erodidos, principalmente pela chuva e pelo vento. Ao longo de milhões de anos, as partículas de rocha e solo foram transportadas pelo vento e pelas águas e depositadas em depressões, formando grandes depósitos sedimentares. Em muitas dessas depressões formaram-se, posteriormente, lagos e oceanos. A compactação física e a transformação química das partículas dos sedimentos deram origem às rochas sedimentares,como o arenito e o calcário. Grande parte dos fósseis é encontrada aprisionada nas rochas sedimentares. Vale lembrar que as rochas metamórficas se originam de transformações sofridas pelas rochas magmáticas e também pelas sedimentares. Atmosfera é o nome dado à camada gasosa que envolve os planetas. No caso da atmosfera terrestre ela é composta por inúmeros gases que ficam retidos por causa da força da gravidade e do campo magnético que envolve a Terra. No início da formação do planeta Terra a atmosfera era composta basicamente por gases (Metano, amônia, nitrito, vapor de água e dióxido de carbono) resultantes das constantes erupções e colisões na superfície inóspita da terra primitiva, além dos que eram expelidos por rachaduras na crosta terrestre. Então, em uma segunda fase, surgem os primeiros organismos vivos que realizam fotossíntese (processo bioquímico que transforma dióxido de carbono em oxigênio com o auxílio da luz solar, realizado pelos vegetais e algumas algas), absorvendo o gás carbônico da atmosfera e transformando-o em oxigênio. Com isso acontece uma das maiores transformações causadas no planeta por algum organismo vivo: a atmosfera torna-se saturada de oxigênio. Ironicamente, os primeiros organismos a realizar a fotossíntese eram anaeróbios (organismo que vivem sem oxigênio e morrem na presença dele), e são extintos. Alguns organismos, entretanto, continuam evoluindo e se adaptam a nova atmosfera cheia de oxigênio. Atualmente, o nitrogênio e o oxigênio juntos, somam cerca de 99% dos gases que compõem a atmosfera terrestre. O oxigênio é consumido pelos seres vivos através do processo de respiração e transformado em dióxido de carbono e vapor de água que serão depois reabsorvidos pelos organismos. O dióxido de carbono será consumido no processo de fotossíntese, e o vapor de água, responsável, por redistribuir a energia na terra através da troca de energia de calor latente, produzir o efeito estufa e causar as chuvas, será novamente consumido pelos organismos vivos na sua forma líquida. Outros gases que compõem a atmosfera terrestre são: dióxido de carbono, argônio, metano, óxido nitroso, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, óxido e dióxido de nitrogênio, os clorofluorcarbonos, ozônio, e outros que integram o 1% restante da atmosfera. Para fins de estudos a atmosfera terrestre é dividida em algumas camadas de acordo com a variação das transições de temperatura: A troposfera, que geralmente se estende a 12 km (entre 20 km no equador e 8 km nos pólos). É nesta camada que acontecem praticamente todos os fenômenos que influenciam o tempo. A estratosfera, estende-se até aproximadamente 50 km com temperaturas parecidas com as da troposfera até o limite de 20km. Esta camada é mais quente por causa do ozônio que se acumula e que absorve os raios ultravioletas. Na mesosfera, a temperatura novamente diminui. Esta camada vai até cerca de 80 km. A esta altura, a temperatura chega a -90ºC! E a termosfera, que não possui um limite inferior muito bem definido. Aqui as moléculas se agitam com uma velocidade enorme, o que significaria uma temperatura altíssima. Entretanto, a concentração dessas moléculas é muito baixa o que diminui drasticamente a quantidade de energia que essas moléculas poderiam transmitir para qualquer corpo que se encontrasse ali, anulando, de certa forma, a temperatura. A termosfera, por sua vez, compreende uma camada situada entre 80 a 900 km, chamada de ionosfera. A ionosfera, como o próprio nome já diz, é composta por uma infinidade de íons criados a partir da radiação solar que incide nas moléculas de oxigênio e nitrogênio, liberando elétrons. A ionosfera é composta por três camadas (da mais próxima a mais distante) D, E e F que possuem concentrações diferentes de íons. Durante a noite as camadas D e E praticamente desaparecem, porque não há incidência de raios solares e, consequentemente, não há formação de íons. Ou seja, durante a noite, os íons se recombinam formando novamente as moléculas de oxigênio e nitrogênio. Mas, à noite ainda há incidência de raios solares, mesmo que de menor intensidade, o que explica porque a camada F não se extingue também. A parte externa do Planeta Terra é recoberta por água em aproximadamente 70% de sua extensão. Esta superfície delineia sobre o globo um estrato sem solução de continuidade. A hidrosfera é justamente a totalidade desta esfera povoada por água de toda qualidade, sólida, líquida e gasosa. Assim, ela é composta por águas marinhas, muitas delas salgadas, pelas que se convertem em gelo, por substâncias gasosas úmidas, águas que percorrem a camada subterrânea, além de rios, lagoas, lagos e mares. De Página 21 de 50 http://www.infoescola.com/sistema-solar/terra/ http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/metano/ http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/amonia/ http://www.infoescola.com/quimica/vapor-dagua/ http://www.infoescola.com/quimica/dioxido-de-carbono/ http://www.infoescola.com/biologia/fotossintese/ http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/oxigenio/ http://www.infoescola.com/biologia/algas/ http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/nitrogenio/ http://www.infoescola.com/geografia/efeito-estufa/ http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/argonio/ http://www.infoescola.com/quimica/oxido-nitroso/ http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/dioxido-de-enxofre/ http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/ozonio/ http://www.infoescola.com/fisica/temperatura/ Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 25 todo este reservatório, os oceanos contribuem com a maior parcela - 97,3% do conjunto da hidrosfera. Aparentemente o Homem tem a sua disposição um potencial hidrográfico substancial, mas é preciso lembrar que somente 0,007% dele é passível de ser consumido pelo ser humano. A expressão O termo Biosfera começou a ser empregado por volta de 1920. A palavra é formada por Bio = vida e esfera = camada, espaço, esfera; sendo assim, a biosfera é o espaço que possui vida na Terra. Esse termo está relacionado aos componentes abióticos do nosso planeta que são: - Hidrosfera: espaço ocupado por água (hidro). Os oceanos, mares, lagos e rios ocupam ¾ da Terra. Abaixo do solo temos os lençóis freáticos que estão localizados desde poucos a milhares de metros subterrâneos. - Litosfera: espaço formado por solo, rochas (litos). É formada por uma grande variedade de rochas que em sua maioria está coberta por solo e hidrosfera provém do grego ‘hidro’ mais ‘esfera’, sendo traduzida como esfera da água. Ela constitui um dos ramos da biosfera, soma de todos os ecossistemas terrestres. Os seres vivos que residem na água ou, de alguma forma, necessitam essencialmente dela, bem como todos os recantos aquáticos, integram igualmente a hidrosfera. Ela elaborou, em conjunto com a atmosfera, os combustíveis fósseis mais significativos do Planeta o petróleo e o carvão. Não se sabe ao certo como se originou no globo terrestre a hidrosfera, mas os cientistas estão cientes de que há nele mais camadas de água do que em outros elementos do sistema solar. Hoje predomina a crença na participação de cometas e asteroides, astros abundantes em gelo, na composição de tamanha quantidade de substâncias aquáticas. Apesar da água doce ser de extrema utilidade para os seres humanos, no que tange à preservação da existência, os oceanos, com uma dose aproximada de 3,5% de sais, particularmente cloreto de sódio, contribuem mais profundamente para a manutenção vital, pois abrandam o efeito estufa, através da assimilação de um alto teor de dióxido de carbono presente na atmosfera. Também no oceano se dissemina o fito plâncton, uma das expressões vitais mais significativas do Planeta, algas minúsculas que boiam na superfície da água, impulsionadas pelas correntesmarítimas. Estas plantas têm o papel de preservar o equilíbrio das temperaturas na Terra, por meio da assimilação de gás carbônico e elaboração de oxigênio. Quase todas as esferas de água propiciam o nascimento e a evolução da vida. A depuração espontânea das superfícies doces e salgadas ocorre por meio da emissão de vapores, que, assim, extraem a maior cota de substâncias poluentes que vicejam na atmosfera. O Homem concentra sua maior atenção, porém, na água potável, própria para a sobrevivência humana. Outros depósitos de sedimentação. Atmosfera: espaço formado por gás (atmos). É constituída por nitrogênio (78%), oxigênio (21%), gás carbônico (0,03%), gases nobres e vapor d´água. O conjunto desses componentes com os seres vivos é que forma a biosfera. A biosfera compreende desde o topo das mais altas montanhas até as profundezas dos oceanos, ela é delimitada de acordo com a presença de seres vivos. O limite superior da Biosfera está em torno de 7000 m e seu limite inferior em 11.000 m, totalizando uma faixa de, aproximadamente, 18 Km. A maioria dos seres vivos terrestres se encontra até 5000 m acima do nível do mar e nos oceanos, algumas bactérias, já foram encontradas a mais de 9000 m de profundidade, sendo que também a maioria se encontra até 150m de profundidade. A diversidade de características que existe nesses ambientes se traduz na diversidade de espécies e na quantidade de seres vivos que habitam determinadas regiões. Por exemplo, nos extremos superior e inferior da biosfera, poucos seres vivos conseguem viver. As condições ambientais mais favoráveis estão nos limites intermediários dessa faixa. Devido a essa interação entre seres vivos e biótopo da biosfera, percebemos que essa camada de nosso planeta é modificada o tempo todo, tornando-a um espaço heterogêneo. Com a atuante presença do homem no ambiente e muitas vezes de maneira transformadora, a fragilidade da Biosfera se evidencia, entretanto, essa faixa também se mostra auto reguladora, dinâmica, capaz de resistir, ao menos dentro de certos limites, às modificações do meio ambiente. Como esses limites vêm sendo extrapolados ao longo das últimas décadas e as consequências têm sido desastrosas para os diferentes ecossistemas de nosso planeta, a UNESCO em 1970, lançou o “Programa Homem e Biosfera”, que consiste em designar áreas em diferentes regiões do planeta para serem preservadas, estudadas e se tornarem ecologicamente sustentáveis. Essas áreas são denominadas “Reservas da Biosfera”. Estrutura geológica Vimos os tipos de rocha que formam a crosta terrestre, que é apenas uma pequena parte do planeta. Didaticamente o planeta Terra pode ser comparado a um ovo, não em termos de forma, mas de proporção de suas estruturas: sua casca, extremamente fina, seria a crosta terrestre; a clara seria o manto; e a gema, o núcleo. Página 22 de 50 http://www.infoescola.com/geografia/hidrosfera/ http://www.infoescola.com/hidrografia/lencol-freatico/ http://www.infoescola.com/geologia/litosfera/ http://www.infoescola.com/biologia/biosfera/ http://www.infoescola.com/biologia/ecossistema/ http://www.infoescola.com/geografia/atmosfera/ http://www.infoescola.com/astronomia/asteroides/ http://www.infoescola.com/geografia/efeito-estufa/ http://www.infoescola.com/biologia/fitoplancton/ http://www.infoescola.com/biologia/algas/ http://www.infoescola.com/geografia/atmosfera/ http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/nitrogenio/ http://www.infoescola.com/quimica/vapor-dagua/ Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 26 A crosta terrestre possui uma espessura média de 25 km (por volta de 6 km em algumas partes do assoalho oceânico e de 70 km nas regiões de cadeias montanhosas). O manto, com 2 900 km de espessura média, é formado por magma pastoso e denso, em estado de fusão. O núcleo é formado predominantemente por níquel e ferro. É subdividido em duas partes: o núcleo externo, em estado de fusão, e o núcleo interno (a parte mais densa do planeta, também chamado de nife). Este, apesar das elevadas temperaturas, está em estado sólido graças à alta pressão no centro da Terra. Vamos imaginar agora que o “ovo” de nossa comparação foi cozido e acabamos de retirá-lo do fogo. Nós o batemos, muito quente e cheio de energia em seu interior, numa mesa. A casca fica totalmente rachada, mas continua presa à clara. Assim é a crosta terrestre. Ela não é inteiriça como a casca de um ovo cru, mas rachada como a de um ovo cozido batido numa mesa. Os vários pedaços de casca rachada seriam as placas tectônicas. Seus limites disformes, as A Paleontologia é uma especialidade interdisciplinar que faz uso de qualquer evidência, direta ou indireta, de organismos extintos em rochas sedimentares, para compreender a história geológica da vida e da Terra. Ainda contribui, de maneira fundamental, para nosso entendimento dos ambientes, arranjos geográficos, biodiversidade e ecossistemas do passado e permite ordenar e correlacionar temporalmente rochas estratificadas no mundo inteiro. Às vezes, o leigo confunde a Arqueologia com a Paleontologia, duas ciências-irmãs, que utilizam as mesmas técnicas de investigação, mas que diferem nos objetos que estudam. Os paleontólogos concentram-se no registro fóssil de organismos extintos, geralmente do passado remoto, enquanto os arqueólogos investigam evidências das culturas humanas e civilizações, bem mais recentes, principalmente dos últimos 10 mil anos. O limite de 10 mil anos adotado para distinguir entre objetos arqueológicos e paleontológicos é uma escolha de conveniência, pois existem exceções tanto na Arqueologia – as belas pinturas em cavernas da Europa – como na Paleontologia – ossadas de animais extintos em cavernas e cacimbas [poços] no Brasil. Mesmo assim, esta data reveste-se de grande significância temporal porque coincide, aproximadamente, com o advento do Holoceno, a mais recente época geológica, que se iniciou no término da última fase glacial do Pleistoceno. A melhora no clima global do Holoceno favoreceu a expansão demográfica que desencadeou grandes transformações culturais, culminando na civilização globalizada do presente [...]. Página 23 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 27 O registro arqueológico da grande jornada humana, ao contrário do registro paleontológico, compreende, comumente, artefatos e ossos humanos associados a restos de animais e plantas comuns até hoje preservados em materiais pouco consolidados (solos, sedimentos, escombros, etc.). Essa associação frequente facilita a reconstituição não somente das relações entre os homens da época, mas entre o homem e a natureza também. A litosfera (do grego lithos, que significa ‘pedra’, ‘rocha’) compreende as rochas da esfera terrestre, da crosta (continental e oceânica), e é formada por placas rígidas e móveis, as placas tectônicas. Logo abaixo dela encontramos a astenosfera (do grego sthenos, ‘sem força’, ‘fraco’), que é constituída por rochas parcialmente fundidas. Ao contrário da litosfera, é uma camada menos rígida e com temperaturas mais elevadas. Essas características dão mobilidade às placas tectônicas. Teoria das placas tectônicas As placas tectônicas são as grandes formadoras da crosta terrestre, elas são divididas em porções que preenchem todo o mundo. Cada parte do planeta tem a sua placa específica e que causa diferentes ações aos países e continentes. Elas estão localizadas na litosfera terrestre, que é a camada mais externa de um planeta rochoso, que pode ser mais ou menos espessa. Isso dependerá do encontro de placas tectônicas, formando cadeias montanhosas. A litosfera possui mais ou menos150 km de espessura, ainda muito longe do centro da Terra que tem cerca de 6 mil km de distância em relação ao solo em que nós pisamos. Impulsionadas pelo magma do interior do planeta Terra, as placas tectônicas se movem constantemente causando terremotos e formando vulcões, estes últimos se originam de uma fenda, ou seja, um buraco na gigantesca placa, que pode ou não entrar em erupção. Isso dependerá da atividade geológica que a placa tectônica está inserida. Seus movimentos podem consistir em afastamento ou aproximação de uma placa com a outra e move cerca de poucos milímetros por ano. Resultado disso são os continentes do planeta Terra, pois há milhões de anos eles eram todos juntos, mas com este movimento constante, foram se afastando ou agrupando, sendo separados por mar ou unidos por cadeias montanhosas, como o Everest. Os terremotos tendem a acontecer nas bordas das placas tectônicas ou próximo a elas, pois é onde o movimento mais se encontra, assim o centro da placa fica imune (ou quase isso) de possíveis tragédias naturais. Os tsunamis, por exemplo são resultado da movimentação das placas tectônicas existentes no meio do mar. Quando a crosta se mexe nos oceanos deveria causar um terremoto, porém seu efeito na água é a criação de ondas gigantescas, que podem simplesmente engolir cidades inteiras. Os tsunamis acontecem o tempo todo no mar, mas apenas alguns têm força suficiente para chegar até a costa marítima dos continentes. Página 24 de 50 https://www.resumoescolar.com.br/geografia/resumo-das-placas-tectonicas/ https://www.resumoescolar.com.br/literatura/crosta-terrestre/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/estrutura-interna-da-terra-e-placas-tectonicas-manto-crosta-sima-e-sial/ https://www.resumoescolar.com.br/fisica/variacao-de-espaco-e-distancia-percorrida-na-fisica/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/a-terra-no-espaco-movimentos-estacoes-do-ano-orientacao-e-coordenadas-geograficas/ https://www.resumoescolar.com.br/fisica/resolvendo-problemas-que-envolvem-forca/ Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 28 A geologia por trás do “chão subterrâneo” As zonas de divergência são onde as placas se afastam, e as zonas de convergência são onde elas se encontram. As placas tectônicas estão divididas entre as dez principais e a partir disso há também uma subdivisão muito específica para cada uma. As dez mais importantes são: - Placa do Pacífico: com cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados, é a maior do mundo. O Havaí está dentro desta placa e sua região tem muitos vulcões causados pelos magmas do centro da Terra, formando ilhas vulcânicas. - Placa de Nazca: ela tem cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados e fica menor a cada ano com a convergência com a Placa sul-americana, que se eleva na de Nazca, aumentando o tamanho da Cordilheira dos Andes. A placa Sul-Americana por ser mais “leve” desliza por cima da outra gerando também muitos vulcões. - Placa Sul-Americana: o Brasil está bem ao centro dela, por isso não sente seus tremores. A placa tem cerca de 32 milhões de quilômetros quadrados e 200 quilômetros de espessura. - Placa da América do Norte e Caribe: abrange todo o resta do continente americano e tem cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados. Tem uma falha na Califórnia, região de San Andreas, com terremotos devastadores para a população. - Placa da África: formava um continente único com a Sul-Americana há 135 milhões de anos. A partir de uma falha geológica no meio do oceano Atlântica, foi se afastando progressivamente da placa Sul-Americana e sua tendência é continuar crescendo e divergindo. Hoje, a placa tem um total de 65 milhões de quilômetros quadrados. - Placa da Antártida: dá suporte à Antártida, localizada no Polo Sul do planeta. Há 200 milhões de anos, a placa estava junto da Indo-Australiana, mas foi se afastando e chocando com outras placas. Ela tem cerca de 25 milhões de quilômetros quadrados. - Placa Indo-Australiana: compreende a Austrália, Índia e Nova Zelândia, é muito turbulenta e fonte de vários terremotos e tsunamis, pois segue um caminho divergente em sentido ao norte do planeta. Choca-se com a placa das Filipinas criando novas ilhas turbulentas por lá também. - Placa Euro Asiática Ocidental: placa que sustenta a Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do Mar Mediterrâneo. Compreende as cadeias montanhosas do Himalaia, a partir de uma convergência com a placa Indo- Australiana. Sua extensão territorial chega a 60 milhões de quilômetros quadrados. - Placa Euro Asiática Oriental: esta placa se choca com outras duas: a das Filipinas e do Pacífico, na região onde fica o Japão. Com o encontro das três placas, o local tem muitas ocorrências de terremotos, vulcões e cadeias montanhosas. - Placa das Filipinas: é também uma das mais violentas, já que ela é pequena perto das outras (7 milhões de quilômetros quadrados) concentra grande atividade de vulcões, terremotos e Tsunamis. Que forças eram essas, capazes de movimentar os continentes? Wegener encontrou algumas evidências que comprovaram sua teoria, mesmo assim sua teoria foi combatida e esquecida. No final da década de 1950, no entanto, a sua teoria foi finalmente aceita e estudada. Assim, com a evolução nas pesquisas, a teoria foi finalmente aceita a partir do final da década de 1950, onde ela foi modificada, passando a ser chamada de Teoria das Placas Tectônicas. Veja na imagem como é impressionante a demarcação exata das Placas Tectônicas Norte-americana; do Pacífico; do Caribe; Sul americana; Placa de Nazca (à esquerda da América do Sul, ao lado da Cordilheira dos Andes); Africana; Euroasiática; da Arábia; Antártica. - Placa Indo australiana: Wegener foi muito astuto e promissor em sua pesquisa, mas ele não conseguia responder a principal pergunta, que era como esses continentes se movimentavam? Que forças estavam por trás disso? Hoje, sabemos que quem realiza esses movimentos são as placas tectônicas, que são feitos não só pelos continentes, mas também pelo fundo dos oceanos. Essas placas se movimentam lentamente sobre o manto, afastando-se ou aproximando-se. A litosfera ou crosta terrestre é a parte mais externa, e fica acima do manto, parte mais viscosa que se encontra superaquecida e faz com que a crosta se desloque. Como comprovar esses movimentos? Esses movimentos são comprovados por técnicas e estudos e a utilização de satélites que com o auxílio de raio laser são capazes de identificar e medir o deslocamento das placas tectônicas e o movimento dos continentes. Veja na imagem um satélite orbitando a terra. Ele coleta as informações que identificam os movimentos. Temos nomeadas hoje as seguintes placas tectônicas: Placa Norte-americana; Placa do Pacífico, Placa do Caribe, Placa Sul americana, Placa de Nazca, Placa Página 25 de 50 https://www.resumoescolar.com.br/geografia/cordilheira-vegetacao-e-clima-nas-cordilheiras/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/resumo-america/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/resumo-do-continente-americano/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/resumo-california/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/populacao-distribuicao-estrutura-populacao-ativa-e-inativa-e-idh/ https://www.resumoescolar.com.br/geografia/demografia-e-ocupacao-da-antartida/ Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 29 Africana, Placa Euroasiática, Placa da Arábia, Placa Antártica e Placa Indo australiana. Movimentos e limites entre as placas Os limites entre as placas tectônicas são áreas onde ocorrem intensas atividades geológicas, tais como falhas, vulcões, abalos sísmicos, cadeias de montanhas, construção de novas placase crosta, bem como sua destruição. São nessas áreas que ocorrem os movimentos das placas tectônicas. Com base nisso, existem três limites entre as placas: - Limites transformantes ou conservativos: ocorre quando uma placa se desliza horizontalmente em relação a outra. Nesse tipo de falha, não há criação e nem destruição da litosfera, mas apenas um afastamento que pode gerar grandes rachaduras. Podem ser encontradas dentro dos oceanos ou em continentes como a Falha de San Andreas, na California, onde há um deslize entre a Placa do Pacífico e a Norte-Americana; - Limites divergentes: ocorre um afastamento entre placas que forma uma nova litosfera. Ou seja, nesses limites ocorrem tensões que provocam o afastamento das placas, quando o magma é ‘empurrado’ para a superfície dá origem a uma nova crosta. Existem dois tipos de limites divergentes: - Separação de placas nos continentes: quando há essa separação ocorrem atividades vulcânicas, terremotos ou vales em rifte. Um grande exemplo de riftes podem ser observados no Mar Vermelho e no Golfo da Califórnia. - Separação de placas nos oceanos: no oceano, essa separação é verificada por meio de uma dorsal meso- oceânica que causa a expansão do fundo oceânico. A partir dela, podem surgir vulcões ativos, riftes ou terremotos. - Limites convergentes: ocorre a colisão frontal, onde uma desliza para baixo, sendo ‘sugada’ para o manto. As consequências irão depender da densidade das placas. Normalmente, uma placa que possui uma densidade maior mergulha por cima da outra. Assim, existem três tipos de convergência: oceano-oceano, oceano-continente e continente-continente. Desastres naturais causados pelo movimento das placas Com o movimento das placas tectônicas diversos desastres podem deixar pessoas feridas, causar mortes ou arrasar lugares. Dentre os desastres mais comuns estão a ocorrência de erupções vulcânicas, terremotos e tsunamis. Após 1900 houve o surgimento de escalas de medição para terremotos e umas das mais famosas é a Escala Richter. Ela foi criada pelo americano Charles Richter, e possui uma medida que varia de 0 a 9,5 ou mais, dependendo do último terremoto ocorrido. Ela é responsável por medir a intensidade dos tremores. Um dos abalos mais violentos ocorreu no Chile, em 1960, que chegou a magnitude de 9.5, na escala. As regiões mais suscetíveis à terremotos são aquelas que estão nos limites das placas tectônicas. Hidrografia, clima, vegetação e relevo Hidrografia A água é fundamental para a vida dos animais e das plantas. Para os seres humanos, além de fonte de sobrevivência é também um importante recurso econômico. Há tanta água na Terra que muitas pessoas a consideram inesgotável. Setenta e três por cento da superfície do planeta é cobertos por água nos estados líquido e sólido. Porém, há regiões onde sua escassez é um sério problema. Vejamos algumas razões. Há uma distribuição desigual das reservas de água no planeta. Por exemplo: o índice de chuvas chega próximo de zero Página 26 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 30 em alguns desertos e supera 3 mil milímetros por ano em algumas regiões tropicais. Além disso, 97,5% dessas reservas estão nos oceanos e mares e, portanto, só podem ser utilizadas após dessalinização, o que aumenta muito seu custo. Dos 2,5% que restam – a água doce – somente cerca de 1/3 está disponível na superfície e no subsolo, o restante é constituído por geleiras e neves, portanto, de difícil utilização. Esses números nos mostram a importância do uso racional da água doce para que não haja escassez. A propósito, como podemos, com medidas simples em nosso dia a dia, economizar água e evitar sua poluição? Neste módulo veremos temas importantes para compreender a distribuição e a disponibilidade de água na superfície da Terra: o que são aquíferos e como eles se formam? Quais são os impactos ambientais que estão ocorrendo sobre eles? Como se formam e quais as características dos rios e das bacias hidrográficas? Vamos começar estudando a disponibilidade de água no mundo e no Brasil. Pode faltar água doce? O crescimento da população mundial é acompanhado por um correspondente aumento de demanda por água. Em muitas regiões do planeta, o consumo per capita de água também cresce em ritmo acelerado devido à melhoria do padrão de vida. Em 1900, cerca de 13% da população mundial vivia nas cidades; em 2011, segundo a ONU, os habitantes urbanos tinham atingido a marca de 52%. Esse aumento da população urbana se reflete num substancial acréscimo de consumo de água, porque nas cidades o uso doméstico per capita é, em geral, superior ao da zona rural. As fontes de água doce, as mais vitais para os seres humanos, são justamente as que mais recebem poluentes. Muitos lugares do planeta, como cidades e zonas agrícolas, correm sério risco de ficar sem água. Quando a água precisa ser trazida de outros lugares seu custo eleva-se bastante. O território brasileiro possui a maior disponibilidade de água doce do planeta, distribuída por uma densa rede hidrográfica que drena especialmente as regiões de climas mais úmidos. Essa disponibilidade é bastante desigual entre as regiões do país. A Amazônia possui 68,5% da água doce disponível em território brasileiro e o Centro-Oeste 15,7%, enquanto as regiões densamente povoadas têm uma participação bem mais reduzida: o Sul possui 6,5%, o Sudeste 6,0% e o Nordeste 3,3%. Quando observamos a disponibilidade per capita de água no mapa abaixo, percebemos que muitas regiões em que esse recurso é naturalmente abundante acabam sofrendo com escassez em períodos de estiagem. É o caso, principalmente, das regiões metropolitanas e grandes cidades densamente povoadas. Observe no mapa que no Vale do Rio Tietê (SP), uma região de clima tropical onde se concentram várias cidades de médio e grande porte e há predomínio de agricultura irrigada, a disponibilidade per capita de água é semelhante à encontrada em regiões de clima semiárido. Águas subterrâneas No estudo das águas correntes, paradas, oceânicas e subterrâneas, é importante considerar, de início, a água que provém da atmosfera. Ao entrar em contato com a superfície, a água das chuvas pode seguir três caminhos: escoar, infiltrar no solo ou evaporar. Por meio da evaporação, ela retorna à atmosfera. Já a água que se infiltra no solo e a que escoa pela superfície dirigem-se, pela ação da gravidade, às depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando córregos, rios, lagos, oceanos ou aquíferos. A água que se infiltra no solo alimenta os aquíferos – zonas do subsolo saturadas de água (encharcadas), ou seja, camadas de solo cujos poros encontram-se preenchidos por água (podem ser profundas ou mais próximas da superfície). Nos períodos mais chuvosos, o nível freático, que é o limite dessa zona encharcada, se eleva, e na época de estiagem, abaixa. Ao cavar um poço, encontra-se água assim que o nível freático é atingido. Quando o nível freático atinge a superfície, aparecem as nascentes dos rios. Em algumas regiões, principalmente nas tropicais semiúmidas e nas temperadas, o lençol freático abastece os rios em Página 27 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 31 época de estiagem (neste caso os rios são chamados efluentes). Em outras, como nas regiões semidesérticas, são os rios que abastecem de água o solo quando chega a época da estiagem (rios influentes). A água subterrânea também é muito importante para a manutenção da umidade do solo, que garante sua disponibilidade para a vegetação e para o abastecimento humano. Em regiões de clima árido e semeia rido, ela pode ser o principal recurso hídricodisponível para a população e, às vezes, o único. Estima-se que metade da população mundial utilize a água subterrânea para suas necessidades diárias de consumo. Por exemplo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) * a população da Arábia Saudita, Dinamarca e Malta é abastecida exclusivamente por águas subterrâneas, enquanto França, Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Holanda, Marrocos e Rússia têm 70% de seu abastecimento humano obtido dessa forma. No Brasil, em Ribeirão Preto (SP), Maceió (AL), Mossoró (RN) e Manaus (AM), entre vários outros municípios, as águas subterrâneas também são amplamente utilizadas. A maior disponibilidade de água subterrânea do Brasil é encontrada no aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios de água doce do mundo. Ele possui uma área de 1,2 milhão de km² e abrange vários estados brasileiros, além de partes dos territórios do Paraguai, Argentina e Uruguai. Observe o mapa. Com o crescimento das cidades e aumento da demanda por água, tanto em ambiente urbano quanto rural, os problemas envolvendo a manutenção da qualidade e da quantidade das águas superficiais e subterrâneas tendem a se agravar. Neste contexto, é importante lembrar que tudo que afeta as águas subterrâneas pode também afetar as águas superficiais, já que estas possuem uma forte relação. No Brasil, os problemas mais comuns das águas subterrâneas estão relacionados com a superexplotação, impermeabilização do solo e com a poluição. a) Superexplotação a superexplotação, ou seja, quando a extração de água ultrapassa o volume infiltrado, pode afetar o escoamento básico dos rios, secar nascentes, influenciar os níveis mínimos dos reservatórios, provocar subsidência (afundamento) dos terrenos, induzir o deslocamento de água contaminada, salinizar, provocar impactos negativos na biodiversidade e até mesmo exaurir completamente o aquífero. Em áreas litorâneas, a superexplotação de aquíferos pode provocar a movimentação da água do mar no sentido do continente, ocupando os espaços deixados pela água doce (processo conhecido como intrusão da cunha salina). b) Poluição das águas subterrâneas [...] as fontes mais comuns de poluição e contaminação direta das águas subterrâneas são: Deposição de resíduos sólidos no solo: descarte de resíduos provenientes das atividades industriais, comerciais ou domésticas em depósitos a céu aberto, conhecidos como lixões. Nessas áreas, a água de chuva e o líquido resultante do processo de degradação dos resíduos orgânicos (denominado chorume) tendem a se infiltrar no solo, carreando substâncias potencialmente poluidoras, metais pesados e organismos patogênicos (que provocam doenças). Esgotos e fossas: o lançamento de esgotos diretamente sobre o solo ou na água, os vazamentos em coletores de esgotos e a utilização de fossas construídas de forma inadequada constituem as principais causas de contaminação da água subterrânea. Atividades agrícolas: fertilizantes e agrotóxicos utilizados na agricultura podem contaminar as águas subterrâneas com substâncias como compostos orgânicos, nitratos, sais e metais pesados. A contaminação pode ser facilitada pelos processos de irrigação mal manejados em que, ao se aplicar água em excesso, tende-se a facilitar que estes contaminantes atinjam os aquíferos. Mineração: a exploração de alguns minérios, com ou sem utilização de substâncias químicas em sua extração, produz rejeitos líquidos e/ou sólidos que podem contaminar os aquíferos. Vazamento de substâncias tóxicas: vazamentos de tanques em postos de combustíveis, oleodutos e gasodutos, além de acidentes no transporte de substâncias tóxicas, combustíveis e lubrificantes. Cemitérios: fontes potenciais de contaminação da água, principalmente por microrganismos. As formas mais comuns de poluição/contaminação indireta são: Filtragem vertical descendente: poluição de um aquífero mais profundo pelas águas de um aquífero livre superior (situado acima do primeiro). Contaminação natural: provocada pela transformação química e dissolução de minerais, podendo ser agravada pela ação antrópica (aquela Página 28 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 32 provocada pelos seres humanos), por exemplo, a salinização, presença de ferro, manganês, carbonatos e outros minerais associados a formação rochosa. Poços mal construídos e/ou abandonados: poços construídos sem critérios técnicos, com revestimento corroído/rachado, sem manutenção e abandonados sem o fechamento adequado (tamponamento), podem constituir vias importantes de contaminação das águas subterrâneas. c) Impermeabilização o crescimento das cidades causa diversos impactos ao meio ambiente, refletindo diretamente na qualidade e quantidade da água. A impermeabilização do solo a partir da construção de casas, prédios, do asfaltamento de ruas, da ausência de jardins e parques, entre outros, reduz a capacidade de infiltração da água no solo. Como a água não encontra locais para infiltrar, acaba escoando pela superfície, adquirindo velocidade nas áreas de declive acentuado, em direção às partes baixas do relevo. Os resultados desse processo são bastante conhecidos: redução do volume de água na recarga dos aquíferos, erosão dos solos, enchentes e assoreamento dos cursos de água. Normalmente os rios possuem dois leitos, o menor (onde a água escoa na maior parte do tempo), e o maior, que é naturalmente inundado em períodos de chuvas intensas. A ocupação do leito maior pelos seres humanos potencializa os impactos das enchentes. As enchentes causam grandes prejuízos à população, não só materiais, como de saúde (doenças de veiculação hídrica). Em locais sem redes pluviais e/ou coleta de lixo, o escoamento superficial tende a carregar grande quantidade de sedimentos e de lixo para os rios, aumentando o risco de enchente e comprometendo ainda mais a qualidade destas águas. Redes de drenagem e bacias hidrográficas Os maiores rios nas proximidades de suas nascentes são pequenos córregos. À medida que avançam para a foz, isto é, de seu alto curso (ou montante) para o baixo curso (ou jusante), vão recebendo água de seus afluentes. Com isso ocorre um aumento gradativo no volume de água, aprofundando e/ou alargando o leito do rio. A variação na quantidade de água no leito do rio ao longo do ano recebe o nome de regime. Em determinada época do ano o nível de água do rio está baixo: é a chamada vazante; quando o volume de água é elevado, ocorre a cheia e, se as águas subirem muito, alagando grandes áreas, ocorrem as enchentes. Se a variação do nível das águas depende exclusivamente da chuva, dizemos que o rio tem regime pluvial; se depende do derretimento de neve, o regime é nível; se de geleiras, é glacial. Muitos rios apresentam regime misto ou complexo, como no Japão, onde são alimentados pela chuva e pelo derretimento da neve das montanhas. No Brasil, apenas o rio Solimões-Amazonas tem esse regime, pois uma pequena quantidade de suas águas provém do derretimento de neve da cordilheira dos Andes, no Peru, onde se localiza sua nascente. Todos os demais rios brasileiros possuem regime pluvial simples, associado aos tipos climáticos regionais. No período das cheias, a calha de muitos rios não suporta o escoamento de um volume maior de chuvas e as águas passam a ocupar um leito maior, a Página 29 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 33 várzea, também chamada planície de inundação. A várzea pertence ao rio tanto quanto suas margens. Portanto, ocupar uma área de várzea com casas, fábricas, armazéns, etc. significa construir sobre uma parte integrante do rio onde podem ocorrer inundações periódicas. As baciashidrográficas são importantes para a irrigação agrícola e o fornecimento de água potável à população. Os rios de planalto que apresentam grande desnível ao longo de seu curso podem ser aproveitados para a produção de hidroeletricidade. Nesse caso, por causa da construção das barragens, a navegação depende da construção de eclusas para que as embarcações possam passar de um nível a outro. Veja a foto abaixo. Os rios de planície, bem como os lagos, são facilmente navegáveis, desde que não se formem bancos de areia em seu leito (comum em áreas onde o solo está exposto à erosão) e não ocorra grande diminuição do nível das águas. Essas condições desfavoráveis podem impedir a navegação de embarcações com maior calado (a parte da embarcação que fica abaixo do nível da água). Os lagos são depressões do relevo preenchidas por água (observe a foto abaixo). Podem ser temporários ou permanentes e ter diversas origens: movimentos tectônicos provocando o surgimento de depressões, movimento de geleiras escavando vales, meandros que ficaram isolados do curso de um rio, pequenas depressões de várzeas, crateras de vulcões, etc. Em regiões de estrutura geológica antiga, como no território brasileiro, a maioria das depressões já foi preenchida por sedimentos e tornaram-se bacias sedimentares. Hidrografia Brasileira O Brasil, em razão de sua grande extensão territorial e da predominância de climas úmidos, possui uma extensa e densa rede hidrográfica. Os rios brasileiros têm diversos usos, como o abastecimento urbano e rural, a irrigação, o lazer, e a pesca. O transporte fluvial, embora ainda pouco utilizado, vem adquirindo cada vez mais importância no país. Em regiões planálticas, nossos rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico (capacidade de geração de energia), bastante explorado no Centro-Sul e nos rios São Francisco e Tocantins, com tendência de crescimento na Amazônia e Centro-Oeste. A seguir, veja as características da hidrografia brasileira. O Brasil não possui lagos tectônicos, pois as depressões tornaram-se bacias sedimentares. Em nosso território só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no Pantanal) e lagunas ou lagoas costeiras (como a dos Patos, no Rio Grande do Sul, e a Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, ambas formadas por restingas, como estudamos no capítulo 6), além de centenas de represas e açudes resultantes da construção de barragens; Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem regime simples pluvial; Todos os rios do país são exorei-os (exo, ‘fora’ em grego), possuem drenagem que se dirige ao oceano, para fora do continente. Mesmo os endereços (endo, ‘dentro’ em grego) que correm para o interior do continente têm como destino final de suas águas o oceano, como acontece com o Tietê, o Paranaíba e o Iguaçu, entre outros afluentes do rio Paraná, que deságuam no mar (no estuário do rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina); Considerando-se os rios de maior porte, só encontramos regimes temporários no Sertão nordestino, onde o clima é semiárido. No restante do país, os grandes rios são perenes; Predominam os rios de planalto, muitos dos quais escoam por áreas de elevado índice pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o grande volume de água proporcionam grande potencial hidrelétrico; Em vários pontos do país há corredeiras, cascatas e, em algumas áreas, rios subterrâneos (atravessando cavernas), o que favorece o turismo. As cataratas do Iguaçu (‘água grande’, em tupi- guarani), situadas no rio de mesmo nome na fronteira Brasil-Argentina, nas proximidades da cidade de Foz do Iguaçu (PR), atraem visitantes de todo o mundo. Outras quedas-d’água do mesmo porte desapareceram nos últimos 40 anos com a construção de represas de hidrelétricas, como as cataratas de Sete Quedas, no rio Iguaçu, que foi inundada com a construção da usina de Itaipu; Na região amazônica os rios têm grande importância como vias de transporte. Neles há barcos de todo tipo e tamanho, transportando pessoas e mercadorias. Nas demais regiões a navegação vem crescendo nos últimos anos, sobretudo na bacia Platina, onde uma sequência de eclusas já permite a navegação em um trecho de 1 400 quilômetros. É a hidrovia Tietê-Paraná. Página 30 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 34 Principais bacias hidrográficas do Brasil e fenômenos climáticos Veja a seguir os principais fatores que determinam o clima de um lugar ou região: Latitude de forma geral, quanto maior a latitude – ou seja, quanto mais nos afastamos da linha do equador em direção aos polos, menores são as temperaturas médias anuais. Como vimos no capítulo 1, por ser esférica, a superfície terrestre é iluminada de diferentes formas pelos raios solares, porque eles a atingem com inclinações distintas. Nos locais próximos ao equador, a inclinação é menos acentuada e os raios incidem sobre uma área menor, portanto com maior intensidade. Em contrapartida, conforme aumenta a latitude, mais acentuada se torna a inclinação com que os raios incidem, abrangendo uma área maior, com menos intensidade. Essa diferença na intensidade de luz incidente sobre a superfície faz com que a temperatura média tenda a ser maior quanto mais próximo ao equador e menor quanto mais próximo aos polos. Assim, a variação latitudinal é o principal fator de diferenciação das zonas climáticas – polar, temperada e tropical. Porém, em cada uma dessas zonas encontramos variados tipos de clima, explicados pelas diferentes associações entre os demais fatores climáticos. A grande extensão latitudinal do território brasileiro é um importante fator de diferenciação climática. Observe, no mapa e no gráfico da página seguinte, a variação das temperaturas médias em cidades situadas ao nível do mar, mas em diferentes latitudes. Página 31 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 35 Note que à medida que aumenta a latitude diminuem as temperaturas médias e aumenta a amplitude térmica anual, que é a diferença entre a maior temperatura média mensal ao longo do ano e a menor. Altitude quanto maior a altitude, menor a temperatura média do ar. No alto de uma montanha a temperatura é menor do que a registrada no nível do mar no mesmo instante e na mesma latitude. No topo de um edifício muito alto a temperatura também é menor que em sua base (veja a foto ao lado). Isso porque quanto maior a altitude, menor a pressão atmosférica, o que torna o ar mais rarefeito, ou seja, há uma menor concentração de gases, umidade e materiais particulados. Como há menor densidade de gases e partículas de vapor de água e poeira, diminui a retenção de calor nas camadas mais elevadas da atmosfera e, em consequência, a temperatura é menor. Além disso, nas maiores altitudes, a área de superfície que recebe e irradia calor é menor. Massas de ar São grandes porções da atmosfera que possuem características comuns de temperatura, umidade e pressão e podem se estender por milhares de quilômetros. Formam-se quando o ar permanece estável por um tempo sobre uma superfície homogênea (o oceano, as calotas polares ou uma floresta) e se deslocam por diferença de pressão, levando consigo as condições de temperatura e umidade da região em que se originaram. À medida que se deslocam, vão se transformando pela interação com outras massas, com as quais trocam calor e/ou umidade. De maneira geral, podemos distinguir as massas de ar da seguinte forma: Oceânicas: são massas de ar úmidas; Continentais: são massas de ar secas, embora haja também continentais úmidas, como as que se formam sobre grandes florestas; Tropicais e equatoriais: são massas de arquentes; Temperadas e polares: são massas de ar frias. Continentalidade e Maritimidade A maior ou menor proximidade de grandes corpos de água, como oceanos e mares, exerce forte influência não só sobre a umidade relativa do ar, mas também sobre a temperatura. Em áreas que sofrem influência da continentalidade (localização no interior do continente, distante do litoral), a amplitude térmica diária, ou seja, a diferença entre as temperaturas máxima e mínima registradas durante um dia, é maior do que em áreas que sofrem influência da maritimidade (proximidade de oceanos e mares). Isso ocorre porque a água retém calor por mais tempo, demora mais para irradiar a energia absorvida. Os continentes, por sua vez, esfriam com maior rapidez quando a incidência de luz solar diminui ou cessa. Em consequência, os oceanos demoram mais para se aquecer e para se resfriar do que os continentes. Correntes Marítimas São grandes volumes de água que se deslocam pelo oceano, quase sempre nas mesmas direções, como se fossem larguíssimos “rios” dentro do mar. As correntes marítimas são movimentadas pela ação dos ventos e pela influência da rotação da Terra, que as desloca para oeste – no hemisfério norte as correntes circulam no sentido horário, e no hemisfério sul, anti-horário. Diferenciam-se em temperatura, salinidade e direção das águas do entorno dos continentes. Causam forte influência no clima, principalmente porque alteram a temperatura atmosférica, e são importantes para a atividade pesqueira: em áreas de encontro de correntes quentes e frias, aumenta a disponibilidade de plâncton, que atrai cardumes porque lhes serve de alimento. A corrente do Golfo, por ser quente, impede o congelamento do mar do Norte e ameniza os rigores climáticos do inverno em toda a faixa ocidental da Europa. A corrente de Humboldt, no hemisfério sul, e a da Califórnia, no hemisfério norte, ambas frias, causam queda da temperatura nas áreas litorâneas, respectivamente, do norte do Chile e do sudoeste dos Estados Unidos. Isso provoca condensação do ar e chuvas no oceano, fazendo que as massas de ar percam a umidade. Ao atingirem o continente, as massas de ar estão secas e originam assim, desertos, como o de Atacama (Chile) e o da Califórnia (Estados Unidos). Já as correntes quentes do Brasil (no leste da América do Sul), das Agulhas (no sudeste da África) e Leste-Australiana estão associadas a massas de ar quente e úmido, que aumentam a pluviosidade e provocam fortes chuvas de verão no litoral, fato que se acentua quando há presença de serras no continente, que retêm a umidade vinda do mar. Vegetação - Os diferentes tipos de cobertura vegetal – tundra, floresta tropical, campos, etc. – apresentam grande variação de densidade, o que influencia diretamente a absorção e irradiação de calor, além da umidade do ar. Numa região florestada, as árvores impedem que os raios solares incidam diretamente sobre o solo, diminuindo a absorção de calor e a temperatura. As plantas, por sua vez, retiram umidade do solo pelas raízes e a transferem para a atmosfera através das Página 32 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 36 folhas (transpiração), aumentando a umidade do ar. Isso ajuda a transferir parte da energia solar ao processo de evaporação, diminuindo a quantidade de energia que aquece a superfície e, consequentemente, o ar. Quando ocorre um desmatamento de grandes proporções, há acentuada diminuição da umidade e elevação significativa das temperaturas médias por causa do aumento da absorção e irradiação de calor pelo solo exposto. Relevo- Além de estar associado à altitude, que é um fator climático, o relevo influi na temperatura e na umidade ao facilitar ou dificultar a circulação das massas de ar. Na Europa, por exemplo, as planícies existentes no centro do continente facilitam a penetração das massas de ar oceânicas (ventos do Oeste), provocando chuvas e reduzindo a amplitude térmica anual. Nos Estados Unidos, as cadeias montanhosas do Oeste (serra Nevada, cadeias da Costa) impedem a passagem das massas de ar vindas do oceano Pacífico, o que explica as chuvas que ocorrem na vertente voltada para o mar e a aridez no lado oposto. No Brasil, a disposição longitudinal das serras no centro-sul do país forma um “corredor” que facilita a circulação da Massa Polar Atlântica e dificulta a circulação da Massa Tropical Atlântica, vinda do oceano. Não por acaso a vertente da serra do Mar voltada para o Atlântico, em São Paulo, apresenta um dos mais elevados índices pluviométricos do Brasil. Como veremos a seguir, nessa região predominam as chuvas de relevo. Atributos ou elementos do clima - Os três atributos climáticos mais importantes são a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica. A temperatura é a intensidade de calor existente na atmosfera. Como vimos na explicação sobre o fator altitude, o Sol não aquece o ar diretamente. Se não incidirem sobre uma partícula em suspensão (como poeira e vapor de água), os raios solares atravessam a camada da atmosfera sem aquecê-la e atingem a superfície do planeta. Só depois de aquecidas, as terras, as águas e os demais elementos presentes na superfície – prédios, calçadas, áreas agrícolas, etc. – irradiam o calor para a atmosfera. A umidade é a quantidade de vapor de água presente na atmosfera num determinado momento, resultado do processo de evaporação das águas da superfície terrestre e da transpiração nas plantas. É comum ouvirmos um apresentador de telejornal ou um locutor de rádio dizer que a umidade relativa do ar é, por exemplo, de 70%. Passadas algumas horas, ele diz que a umidade relativa subiu para 90%. O que significa isso? A umidade relativa, expressa em porcentagem, é uma relação entre a quantidade de vapor existente na atmosfera num dado momento (umidade absoluta, expressa em g/m3) e a quantidade de vapor de água que essa atmosfera comporta. Quando este limite é atingido, a atmosfera atinge seu ponto de saturação e ocorre a chuva. Se ao longo do dia a umidade relativa estiver aumentando, chegando próximo a 100%, há grande possibilidade de ocorrer precipitação, pois a atmosfera está atingindo seu ponto de saturação. Para chover, o vapor de água tem de se condensar, passando do estado gasoso para o líquido, o que acontece com a queda de temperatura. Em contrapartida, se a umidade relativa for constante ou estiver diminuindo, dificilmente choverá. É importante destacar que a capacidade de retenção de vapor de água na atmosfera também está associada à temperatura. Quando a temperatura está elevada, os gases estão dilatados e aumenta sua capacidade de retenção de vapor; ao contrário, com temperaturas baixas, os gases ficam mais adensados e é necessária uma menor quantidade de vapor para atingir o ponto de saturação. As condições de umidade relativa do ar são importantes para a saúde e a sensação de conforto ou desconforto térmico. Nos dias quentes e úmidos, nosso organismo transpira mais, enquanto nos dias secos se agravam os problemas respiratórios e de irritação de pele. O gráfico da página ao lado nos mostra a relação entre temperatura e umidade do ar para a saúde das pessoas. Em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e várias outras cidades sujeitas ao clima tropical e distantes do oceano, durante alguns dias do inverno, a umidade relativa do ar pode ficar muito baixa (15% a 30%, índice semelhante aos do deserto do Saara, no norte da África), ameaçando a saúde da população. No Distrito Federal isso ocorre quase todos os anos e o governo chega a suspender as aulas de educação física nas escolas. O desconforto obriga as pessoas a colocar toalhas molhadas e bacias com água em seus quartos, durante a noite, para que o ar fique menos seco. A precipitação pode ocorrer de várias formas,dependendo das condições atmosféricas. Além da chuva, existem outros tipos de precipitação, como a neve e o granizo. A neve é característica de zonas temperadas e frias, quando a temperatura do ar está abaixo de zero. Quando isso ocorre, o vapor de água contido na atmosfera se congela e os flocos de gelo, formados por cristais, precipitam-se. Já o granizo é constituído por pedrinhas formadas pelo congelamento das gotas de água contidas em nuvens que atingem elevada altitude, chamadas cúmulos-nimbos, que também estão associadas aos temporais com a ocorrência de raios. Esse congelamento acontece quando uma nuvem carregada de gotículas de água encontra uma camada de ar muito fria. Os tipos de chuvas Os três principais tipos de chuva que ocorrem no Brasil são: Chuva frontal: nas frentes, que são zona de contato entre duas massas de ar de características diferentes, um quente e outra fria, ocorre a condensação do vapor e a precipitação da água na forma de chuva. A área de abrangência (em quilômetros quadrados) e o volume de Página 33 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 37 água precipitada estão relacionados com a intensidade das massas, variável no decorrer do ano. Chuva de relevo ou orográfica (oro = ‘montanha’): barreiras de relevo levam as massas de ar a atingir elevadas altitudes, o que causa queda de temperatura e condensação do vapor. Esse tipo de chuva costuma ser localizada, intermitente e fina, e é muito comum nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do Brasil, onde as serras e chapadas dificultam o deslocamento das massas úmidas de ar provenientes do oceano Atlântico para o interior do continente (serra do Mar, no Sudeste; chapadas da Borborema, Ibiapaba e Apodi, no Nordeste; e serra Geral no Sul). Chuva de convecção ou de verão: em dias quentes, o ar próximo à superfície fica menos denso e sobe para as camadas superiores da atmosfera, carregando umidade. Ao atingir altitudes maiores, a temperatura diminui e o vapor se condensa em gotículas que permanecem em suspensão. O ar fica mais denso e desce frio e seco para a superfície, iniciando novamente o ciclo convectivo. Ao fim da tarde, a nuvem (cúmulo-nimbo) resultante está enorme, provocando chuvas torrenciais rápidas e localizadas. Após a precipitação, o céu costuma ficar claro novamente. São as principais responsáveis por alagamentos, sobretudo em grandes centros urbanos, onde há extensas áreas impermeabilizadas. Tipos de climas Polar (ou glacial): ocorre em regiões de latitudes elevadas, próximas aos círculos polares Ártico e Antártico, onde, por causa da inclinação do eixo terrestre, há grande variação na duração do dia e da noite e, consequentemente, na quantidade de radiação absorvida ao longo do ano. Aí também os raios solares sempre incidem de forma oblíqua. São climas que se caracterizam por baixas temperaturas o ano inteiro, atingindo no máximo 10 ºC nos meses de verão, em regiões em que a camada de neve e gelo que recobre o solo derrete e o dia é muito mais longo que a noite. Temperado frio: é apenas nas zonas climáticas temperadas e frias desta classificação que encontramos uma definição clara das quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Há uma nítida distinção entre as localidades que sofrem influência da maritimidade ou da continentalidade. No clima temperado oceânico a amplitude térmica é menor e a pluviosidade, maior. No clima temperado continental as variações de temperatura diária e anual são bastante acentuadas e os índices pluviométricos são menores. Mediterrâneo: regiões que apresentam esse clima têm verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos. Observe sua distribuição nas médias latitudes, em todos os continentes. Tropical: as áreas de clima tropical apresentam duas estações bem definidas: inverno, geralmente Página 34 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 38 ameno e seco; e verão, geralmente quente e chuvoso. Equatorial: ocorre na zona climática mais quente do planeta. Caracteriza-se por temperaturas elevadas (médias mensais em torno de 25 ºC), com pequena amplitude térmica anual, já que as variações de duração entre o dia e a noite e de inclinação de incidência dos raios solares são mínimas. Quanto ao regime das chuvas, não é possível generalizar como no caso da temperatura. Nas áreas mais chuvosas o índice supera os 3 000 mm/ano e não há ocorrência de estação seca, mas nas regiões menos chuvosas o índice cai para 1500 mm/ano com três meses de estiagem. Subtropical: característico das regiões localizadas em médias latitudes, como Buenos Aires, nas quais já começam a se delinear as quatro estações do ano. Tem chuvas abundantes e bem distribuídas, verões quentes e invernos frios, com significativa amplitude térmica anual. Árido (ou desértico): por causa da falta de umidade, caracteriza-se por elevada amplitude térmica diária e sazonal. Os índices pluviométricos são inferiores a 250 mm/ano. Semiárido: clima de transição, caracterizado por chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. Ocorre tanto em regiões tropicais, onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro, quanto em Zonas temperadas, onde os invernos são frios. Desde sua origem a Terra sempre sofreu mudanças climáticas. Como vimos, o planeta era uma esfera incandescente que foi se resfriando lentamente e há cerca de 250 milhões de anos os continentes formavam um único bloco, com condições climáticas muito diferentes das atuais. Vários fenômenos naturais provocam alterações climáticas em diversas escalas de tempo, por exemplo: No transcorrer da história geológica, o planeta passou por vários períodos glaciais – o último terminou há cerca de 11 mil anos; Em anos de ocorrência do fenômeno El Niño a dinâmica das massas de ar é alterada, provocando secas em algumas regiões e enchentes em outras; Erupções vulcânicas lançam imensas quantidades de partículas sólidas na atmosfera e chegam a interferir no clima em escala planetária. Entretanto, recentemente foram detectados alguns fenômenos provocados pela ação humana que têm alterado o clima no planeta bem mais rapidamente do que os acontecimentos naturais. Entre eles se destacam: A poluição atmosférica, que provoca aumento da temperatura, redução da camada de ozônio e ocorrência de chuvas ácidas; O desmatamento, que provoca aumento da temperatura média e redução da umidade do ar, entre outros impactos. A poluição atmosférica é provocada por fontes: Estacionárias, como indústrias, usinas termelétricas e incineradores; Móveis, como caminhões, ônibus e carros; Esporádicas, como incêndios em fontes diversas. É um dos grandes problemas de saúde pública, principalmente nas grandes aglomerações urbanas. Na zona rural brasileira, a prática de queimadas em canaviais e os incêndios em florestas e outras formações vegetais são os principais responsáveis pela poluição atmosférica. Com o lançamento de gases e partículas sólidas na atmosfera, tanto pode ocorrer um desequilíbrio nas proporções de gases que já a compõem (caso da elevação da concentração de dióxido de carbono ou gás carbônico), quanto a presença de gases estranhos a ela, como é o caso do dióxido de enxofre, dos óxidos de nitrogênio e do monóxido de carbono. Ocorre também o aumento de elementos ou partículas que naturalmente não aparecem na composição atmosférica, como o chumbo, as poeiras industriais, os aerossóis, as fumaças negras, os hidrocarbonetos, os solventes, etc. A elevação dos níveis de poluentes na atmosfera traz uma série de desconfortos às pessoas, tais como irritação nos olhos e na garganta – os mais imediatos – e problemas respiratórios, principalmentepara os que já têm predisposição a eles, como aqueles que têm doenças crônicas (asma e bronquite, por exemplo). Alguns fenômenos naturais, como a ocorrência de inversões térmicas, os longos períodos de estiagem ou a própria configuração do relevo, aumentam a concentração de poluentes na atmosfera ou dificultam sua dispersão. O efeito estufa é um fenômeno natural e fundamental para a vida na Terra. Ele consiste na retenção do calor irradiado pela superfície terrestre nas partículas de gases e de água em suspensão na atmosfera, evitando que a maior parte desse calor se perca no espaço exterior. A consequência é a manutenção do equilíbrio térmico do planeta e a sobrevivência das várias espécies vegetais e animais que compõem a biosfera. Sem esse fenômeno, seria impossível a vida na Terra como a conhecemos hoje. O fenômeno tem esse nome porque se assemelha àquilo que ocorre nas estufas de plantas, frequentemente utilizadas nos países de clima temperado para abrigar determinadas espécies durante o inverno. Uma estufa é uma construção com paredes e teto de vidro ou plástico transparente, a qual tem a capacidade de reter calor, mantendo a temperatura interna mais elevada que a externa. Você pode perceber o efeito estufa no cotidiano. Por exemplo, num dia ensolarado os motoristas procuram estacionar seus veículos em uma vaga na sombra porque o interior de um carro exposto ao sol fica quente e abafado. Um carro funciona como se fosse uma estufa: os raios solares entram pelo vidro, mas depois o calor não consegue sair. A crescente emissão de certos gases que têm capacidade de absorver calor, como o metano, os clorofluorcarbonos (CFCs) e, principalmente, o dióxido de carbono, faz com que a atmosfera retenha mais calor do que deveria em seu estado natural. O problema, Página 35 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 39 portanto, não está no efeito estufa, mas em sua intensificação, causada pelo desequilíbrio da composição atmosférica. A intensa e permanente queima de combustíveis fósseis e de florestas tem elevado os níveis de dióxido de carbono na atmosfera desde a Primeira Revolução Industrial, com efeitos cumulativos. A mudança climática decorrente do aquecimento global provocado pela intensificação do efeito estufa levaram a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) a criar, em 1988, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um grupo formado por 2500 cientistas de 130 países. Segundo o relatório de 2007 do IPCC, poderá ocorrer um aumento entre 1,4 e 5,8 ºC na temperatura do planeta entre 1990 e 2100. Nesse mesmo período o nível do mar poderá subir de 10 a 90 centímetros por causa da fusão do gelo do topo das montanhas, do derretimento da camada que recobre as terras polares e da dilatação da água dos mares. Outra possível consequência do aquecimento global é a alteração nos climas e na distribuição das plantas pela superfície do planeta. O aumento da temperatura modifica o metabolismo das plantas e a transpiração, alterando a quantidade de água necessária ao seu desenvolvimento. Disso deve decorrer o aumento da produtividade agrícola em algumas regiões e a diminuição em outras. Vegetação A natureza não faz nada em vão. Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.), filósofo grego. As formações vegetais são tipos de vegetação facilmente identificáveis na paisagem e que ocupam extensas áreas. É o elemento mais evidente na classificação dos biomas. Estes, por sua vez, são sistemas em que solo, clima, relevo, fauna e demais elementos da natureza interagem entre si formando tipos semelhantes de cobertura vegetal, como as Florestas Tropicais, as Florestas Temperadas, as Pradarias, os Desertos e as Tundras. Em escala planetária, os biomas são unidades que evidenciam grande homogeneidade nas características de seus elementos. Há Florestas Tropicais na América, África, Ásia e Oceania que, embora semelhantes, possuem comunidades ecológicas com exemplares distintos. Alguns desses exemplares são chamados de endêmicos, ou seja, não ocorrem em nenhuma outra área do mundo. No mundo há climas secos, úmidos e alternadamente úmidos e secos ao longo do ano, que interagem com climas quentes, frios e alternadamente quentes e frios. Esses diferentes climas interferem na cobertura vegetal, definindo a altura das plantas, a forma das folhas, a espessura dos caules, a fisionomia geral da vegetação, etc. Eles servem de base para a seguinte classificação de plantas: Perenes (do latim perenne, ‘perpétuo, imperecível’): plantas que apresentam folhas durante o ano todo; Caducifólias, decíduas (do latim deciduus, ‘que cai, caduco’) ou estacionais: plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas do ano; Esclerófilas (do grego sklerós, ‘duro, seco, difícil’): plantas com folhas duras, que têm consistência de couro (coriáceas); Xerófilas (do grego xêrós, ‘seco, descarnado, magro’): plantas adaptadas à aridez; Higrófilas (do grego hygrós, ‘úmido, molhado’): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita umidade; Tropófitas (do grego trópos, ‘volta, giro’): plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida; Aciculifoliadas (do latim acicula, ‘alfinete, agulhinha’): possuem folhas em forma de agulhas, como os pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior é a retenção de água pela planta; Latifoliadas (do adjetivo lato, ‘largo, amplo’): plantas de folhas largas, que permitem intensa transpiração; são geralmente nativas de regiões muito úmidas. Principais características das formações vegetais A formação vegetal é o elemento mais evidente na classificação dos ecossistemas e biomas, o que torna importante a observação da escala usada em sua representação, pois os mapas e planisférios que os delimitam trazem grandes generalizações. Observe novamente o mapa de climas brasileiros elaborado pelo IBGE, na página 155, e veja que ele delimita doze diferentes regimes de temperaturas e chuvas em nosso país. Como sabemos, os elementos climáticos, em especial a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de vegetação de uma área. Esses índices termo pluviométricos, associados a outros fatores de variação espacial menor e que também influem no tipo de vegetação, como maior ou menor proximidade de cursos de água, os diferentes tipos de solo, a topografia e as variações de altitude, determinam a existência de diferentes ecossistemas não contemplados nos mapas- múndi. Há diversas formações vegetais no planeta, tantas quanto a diversidade de climas e solos permite. Há formações florestais muito densas, como as florestas tropicais, além daquelas com menor densidade e diversidade de espécies. É o caso das florestas temperadas, além da taiga, cujas espécies são relativamente homogêneas. Há também formações herbáceas, como as pradarias e os campos; formações Página 36 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 40 complexas, como as savanas de climas tropicais; e aquelas adaptadas a climas rigorosos, como a tundra, em regiões de clima subpolar. Todas as formações vegetais têm grande importância para a preservação dos variados biomas e ecossistemas da Terra. Estudaremos a seguir as mais expressivas. Tundra: vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares, desenvolvem-se apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo. As espécies típicas são os musgos, nas baixadas úmidas, e os liquens, nas porções mais elevadas do terreno, onde o solo é mais seco, aparecendo raramente pequenos arbustos. Floresta boreal (taiga): formação florestal típica da zona temperada. Ocorre nas altas latitudes do hemisfério norte, em regiões de climas temperados continentais, como Canadá, Suécia, Finlândia e Rússia. Neste último país, cobre mais da metade do território e é conhecida como taiga. É uma formação bastante homogênea, na qual predominam coníferas do tipo pinheiro. Foi largamente explorada com a retirada de madeira para ser usada como lenha e para a fabricação de papel e móveis. Atualmente a madeira é obtida de árvores cultivadas (silvicultura). Floresta subtropical e temperada: diferentemente das coníferas, esta formação florestal caducifólia, típica dos climas temperados e subtropicais, é encontrada em latitudes mais baixas e sob maior influência da maritimidade. Isso permitiu o desenvolvimento de atividades agropecuárias: seu desmatamento resultou da incorporação de novas áreas para a agricultura mecanizada de grãos. Estendia-se por grandes porções da Europa centro-ocidental. Atualmente subsiste na Ásia, na América do Norte e em pequenas extensões da América do Sul e da Oceania. Na Europa, restam apenas pequenas extensões, como a floresta Negra, na Alemanha, e a floresta de Sherwood, na Inglaterra. Mediterrânea: desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresentam verões quentes e secos e invernos amenos e chuvosos. É encontrada em pequenas porções da Califórnia (Estados Unidos), do Chile, da África do Sul e da Austrália. As maiores ocorrências estão no sul da Europa – onde foi largamente desmatada para o cultivo de oliveiras (espécie nativa dessa formação vegetal) e videiras (nativas da Ásia) – e no norte da África. Pradarias: compostas basicamente de gramíneas, são encontradas principalmente em regiões de clima temperado continental. Desenvolvem-se na Rússia e Ásia central, nas Grandes Planícies americanas, nos Pampas argentinos, no Uruguai, na região Sul do Brasil e na Grande Bacia Artesiana (Austrália). Muito usada como pastagem, essa formação é importante por enriquecer o solo com matéria orgânica. Um dos solos mais férteis do mundo, denominado tchernozion (‘terras negras’, em russo), é encontrado sob as pradarias da Rússia e da Ucrânia. Estepes: nessas formações a vegetação é herbácea, como nas Pradarias, porém mais esparsa e ressecada. Desenvolve-se em uma faixa Página 37 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 41 de transição entre climas tropicais e desérticos, como na região do Sahel, na África, e entre climas temperados e desérticos, como na Ásia central. O cultivo de alfafa em antiga área de pradaria (Dakota do Sul, estados Unidos), em 2011. Antigamente as pradarias constituíam pastagens naturais; atualmente, porém, são quase sempre cultivadas tanto para alimentação do gado quanto para produção de grãos. Deserto: bioma cujas espécies vegetais estão adaptadas à escassez de água em regiões de índice pluviométrico inferior a 250 mm anuais. Apresenta espécies vegetais xerófilas, destacando-se as cactáceas. Algumas dessas plantas são suculentas (armazenam água no caule) e não possuem folhas ou evoluíram para espinhos, reduzindo a perda de água pela evapotranspiração. Essas plantas aparecem nos desertos da América, África, Ásia e Oceania – todos os continentes, com exceção da Europa. No Saara, em lugares em que a água aflora à superfície, surgem os oásis, onde há palmeiras. Savana: em regiões onde o índice de chuvas é elevado, porém concentrado em poucos meses do ano, podem desenvolver-se as savanas, formação vegetal complexa que apresenta estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo. As savanas são encontradas em grandes extensões da África, na América do Sul (no Brasil, corresponde ao domínio dos Cerrados) e em menores porções na Austrália e na Índia. Sua área de abrangência tem sido muito utilizada para a agricultura e a pecuária, o que acentuou sua devastação, como tem ocorrido no Brasil central. Floresta equatorial e tropical: nas regiões tropicais quentes e úmidas encontramos florestas que se desenvolvem graças aos elevados índices pluviométricos. São, por isso, formações hidrófilas e latifoliadas, extremamente heterogêneas, que se localizam em baixas latitudes na América, na África e na Ásia. Nessas regiões predominam climas tropicais e equatoriais e espécies vegetais de grande e médio porte, como o mogno, o jacarandá, a castanheira, o cedro, a imbuia e a peroba, além de palmáceas, arbustos, briófitas e bromélias. Vegetação de altitude: em regiões montanhosas há uma grande variação latitudinal da vegetação. À medida que aumenta a altitude e diminui a temperatura, os solos ficam mais rasos e a vegetação, mais esparsa. Nessas condições, surgem as florestas nas áreas mais baixas e, nas mais altas, os campos de altitude. A vegetação e o impacto do desmatamento Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente. Pode resultar também de acidentes naturais: a erupção de um vulcão pode provocar poluição atmosférica; o choque de um meteoro, destruição de espécies animais e vegetais; um raio, incêndio numa floresta, etc. Quando os ecossistemas sofrem impactos ambientais, geralmente a vegetação é o primeiro elemento da natureza a ser atingido, pois é reflexo das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre. Observe, no mapa acima, como era a distribuição das formações vegetais pelo planeta antes das intervenções humanas. Perceba como atualmente todas elas, em maior ou menor grau, encontram-se modificadas. Em muitos casos, sobraram apenas alguns redutos em que a vegetação original é encontrada, nos quais, embora com pequenas alterações, ainda preserva suas características principais. Essa devastação deve-se basicamente a fatores econômicos. Suas principais causas são: Extração de madeira; Instalação de projetos agropecuários; Implantação de projetos de mineração; Instalação ou expansão de garimpos Construção de usinas hidrelétricas; Urbanização; Incêndios; Queimadas (técnica de cultivo rudimentar usada sobretudo em países e regiões pobres). A primeira consequência do desmatamento é o comprometimento da biodiversidade, por causa da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. As florestas tropicais têm uma enorme biodiversidade e, por isso, possuem uma importância incalculável para a preservação das condições naturais e para a busca do desenvolvimento sustentável. Muitas espécies, hoje ainda desconhecidas da sociedade urbano-industrial, podem vir a ser a solução para a cura de doenças, e poderão ser usadas na alimentação ou como matérias-primas. Com o desmatamento, há o risco de essas espécies serem destruídas antes de serem descobertas e estudadas. Na floresta Amazônica há uma enorme quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio genético é conhecido pelas várias etnias indígenas que ali habitam. No entanto, a maioria dessas comunidades nativas está sofrendo um processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem levado à perda do patrimônio cultural desses povos, dificultando a preservação dos seus conhecimentos. Outro ponto importante que afeta os interesses nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas empresas assumem práticas ilegais para garantir o direito de explorar, futuramente, uma possível matéria-prima para a indústria farmacêutica e de cosméticos, entre outras. Relevo O relevo da superfície terrestre apresenta elevações e depressões de diversas formas e altitudes. É constituí- do por rochas e solos de diferentes origens, e vários processos os modificam ao longo do tempo. A disciplina que estuda a dinâmica das formas do relevo terrestre é a geomorfologia(‘estudo das formas da Terra’). O relevo resulta da atuação de agentes internos e externos na crosta terrestre. Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela energia contida no Página 38 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 42 interior do planeta – as forças tectônicas, ou tectonismo, que movimentam as placas e provocam dobramentos, falhamentos, terremotos e vulcanismo. Como vimos, esses fenômenos deram origem às grandes formações geológicas existentes na superfície terrestre – as cadeias orogênicas, os escudos cristalinos, as escarpas, as montanhas de origem vulcânica – e continuam a atuar em sua transformação. Agentes externos, também chamados exógenos, atuam na modelagem da crosta terrestre, transformando as rochas, erodindo os solos e dando ao relevo o aspecto que apresenta atualmente. Os principais agentes externos são naturais – a temperatura, o vento, as chuvas, os rios e oceanos, as geleiras, os microrganismos, a cobertura vegetal –, mas há também a ação crescente dos seres humanos. As forças externas naturais são, portanto, modeladoras e atuam de forma contínua ao longo do tempo geológico. Ao agirem na superfície da crosta, provocam a erosão e alteram o relevo por meio de suas três fases: intemperismo, transporte e sedimentação. Intemperismo: é o processo de desagregação (intemperismo físico) e decomposição (intemperismo químico) sofrido pelas rochas. O principal fator de intemperismo físico é a variação de temperatura (dia e noite; verão e inverno), que provoca dilatação e contração das rochas, fragmentando-as em formas e tamanhos variados. Outro exemplo é o congelamento de água nas fissuras das rochas, fato comum em regiões polares e de altitudes elevadas – ao congelar, a água dilata as fissuras das rochas e provoca sua fragmentação. Já o intemperismo químico resulta sobretudo da ação da água sobre as rochas, provocando, com o passar do tempo, uma lenta modificação na composição química dos minerais. O intemperismo físico e o intemperismo químico atuam ao mesmo tempo, mas dependendo das características climáticas um pode atuar de maneira mais intensa que o outro. Por exemplo, em regiões onde há escassez de água, as rochas sofrem mais intemperismo físico do que químico. Transporte e sedimentação: o material intemperado os fragmentos de rocha decomposta e o solo que dela se origina– está sujeito à erosão. Nesse processo, as águas e o vento desgastam a camada superficial de solos e rochas, removendo substâncias que são transportadas para outro local, onde se depositam ou se sedimentam. O material removido provoca alterações nas formas do relevo – por exemplo, aplainamento e rebaixamento, mudança na forma das encostas e alargamento das margens de um rio. O material que se deposita também modifica o relevo, formando ambientes de sedimentação: fluvial (rios), glaciário (gelo e neve), eólico (vento), marinho (mares e oceanos) e lacustre (lagos), entre outros. A atuação do intemperismo é acentuada ou atenuada conforme características do clima, da topografia, da biosfera, do tipo de material que compõe as rochas – os minerais – e do tempo de exposição delas às intempéries. Os diferentes minerais apresentam maior ou menor resistência à ação do intemperismo e da erosão. Rochas com quantidades significativas de quartzo, por exemplo, têm mais resistência. Já as sedimentares, como o calcário e o arenito, são mais suscetíveis ao intemperismo e à erosão. Em ambientes mais quentes e úmidos, o intemperismo químico é mais intenso, enquanto em ambientes mais secos predomina o intemperismo físico. As rochas que compõem os escudos cristalinos, por serem de idades geológicas remotas, sofreram por mais tempo a ação do intemperismo e da erosão, o que se reflete em suas formas. As altitudes modestas e as formas arredondadas, como nos montes Apalaches (Estados Unidos), nos alpes Escandinavos (Suécia e Noruega), na serra do Espinhaço (Brasil) e nos montes Urais (Rússia), mostram a ação desses processos modeladores nas formas do relevo. Relevo Brasileiro O território brasileiro possui uma grande diversidade de formas e estruturas de relevo, como serras, escarpas, planaltos, planícies, depressões, chapadas, tabuleiros, cestas e muitas outras. Apesar de tentativas anteriores, somente na década de 1940 foi criada uma classificação dos compartimentos do relevo brasileiro considerada mais coerente com a geomorfologia do nosso território. Ela foi elaborada por um dos primeiros professores do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), o geógrafo e geomorfologia Aroldo de Azevedo (1910- 1974), que, considerando as cotas altimetrias, definiu planaltos como terrenos levemente acidentados, com mais de 200 metros de altitude, e planícies como superfícies planas, com altitudes inferiores a 200 metros. Essa classificação divide o Brasil em sete unidades de relevo, com os planaltos ocupando 59% do território e as planícies, os 41% restantes – veja a tabela com os dados isométricos de acordo com esses intervalos de altitude. Em 1958, Aziz Ab’Sáber (1924-2012), também professor e pesquisador do Departamento de Geografia da USP, publicou um trabalho propondo uma alteração nos critérios de definição dos compartimentos do relevo. A partir de então, foram consideradas as seguintes definições: Planalto: área em que os processos de erosão superam os de sedimentação. Planície: área mais ou menos plana em que os processos de sedimentação superam os de erosão, independentemente das cotas altimetrias. Adotando-se essa classificação geomorfológica, o Brasil apresenta não sete, mas dez compartimentos de relevo: os planaltos correspondem a 75% da superfície do território; e as planícies, a 25%. Observe nos mapas a seguir que em ambas as classificações o Brasil apresenta dois grupos de planaltos. O maior deles foi subdividido de acordo com as diferenciações de estrutura geológica e de formas de relevo encontradas Página 39 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 43 em seu interior. A planície do Pantanal se mantém nas duas classificações. Já a chamada planície Costeira pela classificação de Azevedo é denominada planícies e terras baixas Costeiras pela de Ab’Sáber. O mesmo acontece com a planície Amazônica, que passa a ser denominada planícies e terras baixas amazônicas (o termo planície se refere às várzeas dos rios, onde a sedimentação é intensa, e a expressão terras baixas, aos baixos planaltos ou platôs de estrutura geológica sedimentar). Em 1989, Jurandyr Ross, outro professor e pesquisador do Departamento de Geografia da USP, ainda na ativa em 2012, divulgou uma nova classificação do relevo brasileiro, com base nos estudos de Aziz Ab’Sáber e na análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 a 1985 pelo Projeto Radam Brasil. Note que o planalto Central, o planalto Atlântico e planalto Meridional na classificação de Azevedo correspondem ao planalto Brasileiro na classificação de Ab’Saber. Esse projeto consistiu num mapeamento completo e minucioso do país, no qual se desvendam as potencialidades naturais do território, como minérios, madeiras, solos férteis e recursos hídricos. Observe no mapa a seguir que, além dos planaltos e planícies, foi detalhado mais um tipo de compartimento: Depressão: relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu entorno; nele predominam processos erosivos. Os cortes esquemáticos referentes às linhas AB, CD e EF, aqui indicadas, são apresentadas nos perfis topográficos abaixo. É importante destacar que cada nova classificação não substitui completamente a anterior. Note, comparando os mapas,que os limites dos compartimentos não são Página 40 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 44 muito diferentes entre si. Os recursos tecnológicos disponíveis em 1989 permitiram a Ross fazer um levantamento muito mais detalhado e preciso que os anteriores. Porém, os mapas de Azevedo e Ab’Sáber são simplificações didáticas. Ambos fizeram muitas observações in loco de boa parte do território brasileiro, munidos apenas de máquinas fotográficas e auxiliados por poucas imagens aéreas. Aziz Ab’Sáber, por exemplo, elaborou mapas de relevo com finalidade científica bem mais complexos que o apresentado com fins didáticos. Nas três classificações do relevo brasileiro, que vimos anteriormente, as áreas de sedimentação situadas em maiores altitudes, ou seja, as planícies encaixadas em compartimentos de planalto, não aparecem. Isso ocorre porque a escala utilizada para retratar o país inteiro num único mapa é muito pequena e, portanto, não permite um detalhamento que mostre planícies pouco extensas. Por isso, o Vale do Paraíba, uma bacia sedimentar localizada entre as serras do Mar e da Mantiqueira, não aparece nessas classificações, tratando-se assim de uma planície encaixada no planalto Atlântico (Azevedo), nas serras e planaltos do leste e sudeste (Ab’Sáber) ou nos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste (Ross). O mesmo ocorre com algumas outras formas de relevo, como as escarpas e as cuestas, que estudaremos a seguir. Ao estudarmos as formas do relevo brasileiro, encontramos ainda outras categorias: Escarpa: declive acentuado que aparece em bordas de planalto. Pode ser gerada por um movimento tectônico, que forma escarpas de falha, ou ser modelada pelos agentes externos, que geram escarpas de erosão. Cuesta: forma de relevo que possui um lado com escarpa abrupta e outro com declive suave. Essa diferença de inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram sobre rochas com resistências diferentes. Chapada: tipo de planalto cujo topo é aplainado e as encostas são escarpadas. Também é conhecido como planalto tabular. Morro: em sua acepção mais comum é uma pequena elevação de terreno, uma colina. Em sua classificação dos domínios morfoclimáticos, Ab’Sáber destacou os “mares de morros. Montanha: cadeia orogênica, como a cordilheira dos Andes, do Cenozoico. Na estrutura do atual território brasileiro existiram, há milhões de anos, montanhas que ao longo do tempo geológico foram modeladas pelos processos exógenos, constituindo o que hoje conhecemos como serras e planaltos. No dia a dia, costuma-se chamar de montanha qualquer grande elevação do relevo. Serra: esse nome é utilizado para designar um conjunto de formas variadas de relevo, como dobramentos antigos e recentes, escarpas de planalto e cestas. Sua definição e uso não são rígidos, sofrendo variação de uma região para outra do país. Inselberg (‘monte ilha’, em alemão): saliência no relevo encontrada em regiões de clima árido e semiárido. Sua estrutura rochosa foi mais resistente à erosão que o material que estava em seu entorno. População: conceito, estrutura das populações, teorias populacionais e crescimento das populações O conceito de população vem do termo latim populatĭo. Na sua acepção mais habitual, a palavra faz referência ao conjunto de pessoas que habitam a Terra ou qualquer divisão geográfica desta. Também permite referir-se ao conjunto de edifícios e espaços de uma cidade e à ação e ao efeito de povoar. Convém ressaltar que o estudo das populações costuma ser regido pelas leis da probabilidade, pelo que as conclusões desses trabalhos podem não ser aplicáveis a certos indivíduos. A disciplina que estuda as populações humanas é a demografia. Existem diversas teorias que explicam o crescimento da população humana em diferentes países do mundo. A relação entre o número de pessoas e a quantidade de recursos disponíveis para alimentá-las e satisfazer o seu nível de consumo sempre foi motivo de grande preocupação. Afinal, os recursos naturais disponíveis serão capazes de, no futuro, atender aos sucessivos crescimentos populacionais? Essas questões já foram há muito tempo formuladas, e diferentes respostas surgiram. Trata-se das teorias demográficas, também chamadas de teorias do crescimento demográfico. A primeira delas foi a proposta por Thomas Malthus, conhecida como Malthusianismo. Malthusianismo Thomas Robert Malthus (1766-1834), economista liberal e historiador inglês, elaborou ao final do século XVIII uma teoria populacional que apontava para o desequilíbrio existente entre os crescimentos demográficos e a disponibilidade de recursos na Terra. Em seu livro Ensaio sobre o princípio da população, ele afirmava categoricamente que o planeta, em pouco tempo, não seria capaz de atender ao número de habitantes existentes. De acordo com a Teoria Malthusiana, as populações aceleravam sempre o seu ritmo de crescimento, que seguia a linha de uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, …), enquanto a disponibilidade de recursos e de alimentos aumentaria conforme uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, …), sendo menor, portanto. Como solução, Malthus apontava para o controle moral da população. Em virtude de sua filiação religiosa, ele era contra a adoção de qualquer tipo de método contraceptivo, dizendo que os casais só deveriam Página 41 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 45 procriar caso houvesse condições para sustentar seus filhos. Além disso, Malthus também dizia que os trabalhadores mais pobres deveriam apenas receber o mínimo para o seu sustento, pois acreditava que a melhoria nas condições sociais elevaria ainda mais o número de nascimentos. Apesar de suas previsões serem fundamentadas em dados demográficos de sua época, Malthus errou em subestimar os avanços tecnológicos nos processos de produção, que fizeram com que a oferta de recursos e alimentos se ampliasse muito acima do previsto. Além disso, observa-se atualmente que a tendência é que as sociedades mais desenvolvidas gerem menos filhos, ao contrário do que o economista inglês imaginava. Teoria reformista ou marxista Muitas contestações foram feitas ao pensamento de Malthus, frequentemente acusado de legitimar os efeitos perversos da economia capitalista sobre a desigualdade social e favorecer os ideais da burguesia. Afinal, a teoria malthusiana sugeria que a miséria e a disseminação de doenças, catástrofes e guerras ajudariam a conter o crescimento populacional acentuado. O socialista utópico do século XIX, Pierre-Joseph Proudhon, afirmava: “Há somente um homem excedente na Terra: Malthus”. E nessa mesma linha seguiam muitos teóricos que acreditavam que a desigualdade na relação entre recursos naturais, alimentos e o crescimento populacional não estava no número de habitantes, mas na distribuição de renda. Em geral, muitas dessas ideias aproximavam-se dos ideais defendidos por Karl Marx, sendo então relacionadas com o que se chamou de Teoria Marxista ou Reformista da população. Assim, para essa concepção, não é o “controle moral” da população o necessário para combater a ocorrência da fome e da miséria, mas a adoção de políticas sociais de combate à pobreza, com a aplicação de leis trabalhistas que assegurem a melhoria na renda do trabalhador. A democratização dos meios sociais e de produção também é considerada uma estratégia nesse mesmo sentido. Teoria neomalthusiano Logo após o final da Segunda Guerra Mundial (1939- 1945), os principais países desenvolvidos do mundo iniciaram um processo de explosão demográfica, com um aumento rápido e repentino de sua população. Da mesma forma, nosanos seguintes, muitos países subdesenvolvidos (incluindo o Brasil) passaram pelo mesmo processo, sobretudo porque nesses países, com históricos de altas natalidades e mortalidades, o número de óbitos foi reduzido e a expectativa de vida, elevada. Por isso, a população do planeta novamente começou a crescer, por isso as teorias de Malthus ganharam um novo eco entre muitos pensadores e governantes. O Neomalthusianismo é, pois, a retomada desse pensamento, com diferenças no que diz respeito às formas de controle do crescimento populacional. Para o neomalthusianismo, as populações, sobretudo as de baixa renda, deveriam ter os seus índices de natalidade controlados. Para isso, a difusão dos métodos contraceptivos tornou-se fundamental. Em alguns países, governos adotaram medidas de esterilização em massa sobre pessoas pobres, além de distribuírem anticoncepcionais gratuitamente e promover campanhas de conscientização. Difundem- se, até os dias atuais, muitas campanhas ou imagens publicitárias com o modelo ideal de família formado pelos pais e dois filhos apenas. Transição demográfica A concepção da transição demográfica é uma proposição mais atual que afirma que todos os países, cedo ou tarde, apresentarão padrões gerais no que diz respeito à ordem do crescimento demográfico. A transição demográfica considera que a explosão demográfica é um fenômeno transitório, geralmente causado pelo desenvolvimento econômico e social das nações, o que resulta na queda imediata das taxas de mortalidade, o que eleva o número de habitantes. Por outro lado, a natalidade também diminui, mas em um ritmo mais lento, o que faz com que a explosão demográfica inicial seja substituída gradativamente por uma diminuição no ritmo de crescimento do número de habitantes. Foi assim, por exemplo, que ocorreu na Europa, que hoje apresenta baixíssimos crescimentos populacionais. No Brasil também não foi diferente, pois a população aumentou rapidamente ao longo do século XX, mas teve seu crescimento diminuído nas últimas décadas. O principal efeito disso – e também o principal motivo de preocupações – é o envelhecimento populacional. O Brasil, até pouco tempo atrás, era considerado um país jovem, com boa parte da população com média de idades baixas. Atualmente, passou a ser considerado um país adulto, com potencial para tornar-se um país idoso nas próximas décadas. Na Europa, o envelhecimento populacional já é uma realidade, o que ocasiona uma série de problemas relacionados com a previdência social e com a diminuição da PEA (população economicamente ativa). Ironicamente, no continente europeu, o problema atual é exatamente o contrário imaginado por Malthus, pois não é o crescimento acelerado da população a principal tônica da questão, mas o crescimento moderado além da conta. Em países como França e Alemanha, políticas de incentivos à natalidade são realizadas, incluindo o pagamento de bolsas e benefícios para casais que tiverem um terceiro filho. A estrutura da população A estrutura da população deve ser analisada considerando sua distribuição por gênero (sexo), número, idade, renda, educação, saúde e outros indicadores que expressam os aspectos quantitativos e qualitativos da organização social importantes para as Página 42 de 50 http://brasilescola.uol.com.br/geografia/explosao-demografica.htm http://brasilescola.uol.com.br/geografia/explosao-demografica.htm http://brasilescola.uol.com.br/geografia/a-populacao-europa-esta-envelhecendo.htm http://brasilescola.uol.com.br/geografia/a-populacao-europa-esta-envelhecendo.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 46 ações de planejamento, tanto governamental quanto privado. Para fins didáticos vamos dividir o estudo da estrutura da população em quatro categorias: gênero e faixa etária; atividades econômicas, distribuição de renda e desenvolvimento social. Pirâmide etária A pirâmide etária é um gráfico que expressa o número de habitantes e sua distribuição por gênero e faixa etária. Pode retratar dados da população mundial, de um país, um estado, uma cidade, etc. Sua simples visualização nos permite tirar algumas conclusões referentes à taxa de natalidade e a expectativa de vida da população. Se a pirâmide apresentar um aspecto triangular com a base larga, quer dizer que a população jovem no conjunto da população é alta, assim como a sua taxa de natalidade; o topo será estrito indicando uma pequena participação da população idosa, portanto, com baixa expectativa de vida. Esse tipo de pirâmide etária é característica dos países subdesenvolvidos e pobres. Já se a pirâmide não apresentar grande diferença da base ao topo, podemos concluir que a população apresenta baixa taxa de natalidade e alta expectativa de vida, com uma população adulta predominante. Isso são características de países desenvolvidos e de alguns países emergentes. Como podemos perceber uma pirâmide etária divide a população por idade (população jovem, população adulta e população idosa); também está indicado neste tipo de gráfico a divisão de sexo (números de mulheres e homens), como a população total do local analisado. O exemplo ao lado: a África indica um exemplo de pirâmide etária de locais subdesenvolvidos; já a Europa representa um exemplo de locais desenvolvidos. No Brasil, o aumento da expectativa de vida da população, acompanhado da queda das taxas de natalidade e mortalidade, vem promovendo uma mudança na pirâmide etária brasileira. Está ocorrendo um significativo estreitamento em sua base, que corresponde aos jovens e, um alargamento do meio para o topo, por causa do aumento da participação percentual da população de adultos e idosos. De 1992 para 2008, a participação dos menores de 10 anos na população total do país caiu de 22,1% para 15,5%, enquanto a de pessoas acima de 60 anos aumentou de 7,9% para 11,1%. Quanto à distribuição da população brasileira por gênero, o país se enquadra nos padrões mundiais: nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres; entretanto a taxa de mortalidade masculina, tanto infantil, juvenil e adulta é maior e a expectativa de vida, por isso menor. Assim, embora nasçam mais homens que mulheres, a população feminina é ligeiramente maior. A mulher tem maior expectativa de vida, além disso, as mortes violentas vitimam mais homens jovens. Segundo o IBGE a população de homens no Brasil corresponde a 48,6% do total da população; e das mulheres, 51,4%. Um aspecto demográfico da população brasileira que vem se tornando cada vez mais preocupante é o aumento das mortes de adolescentes e adultos jovens do sexo masculino por causas externas, como assassinatos e acidentes automobilísticos causados por excesso de velocidade, imprudência e uso de álcool. Isso provoca impactos na distribuição etária da população e na proporção entre os sexos, além de trazer implicações socioeconômicas. Segundo o IBGE, se não ocorresse morte prematura da população masculina, a esperança de vida média dos brasileiros seria maior. Como resultado dessa realidade, vem aumentando o predomínio de mulheres na população total. Em 1980 havia 98,7 homens para um grupo de 100 mulheres. Em 2010 esse número baixou de 96,3 homens para cada grupo de 100 mulheres. População e atividades econômicas Tradicionalmente, é comum classificar as atividades secundárias (industriais e construção civil) e terciárias (comércio, serviços) como urbanas; e as atividades primárias (agropecuária) como rurais. Hoje, em dia, porém, devido à modernização dos sistemas de transportes e comunicações, verificada em várias regiões do planeta, ampliaram-se as possibilidades de industrialização e a oferta de serviços no campo. Por exemplo, nas modernas agroindústrias localizadas na zona rural, é maior o número de pessoas que trabalham operando ecuidando da manutenção de máquinas diversas, organizando a administração e informatizando a empresa que o número de pessoas que trabalham em atividades tipicamente primárias, como o preparo do solo, cultivo e colheita. Em outras palavras, nas modernas agroindústrias, as atividades industriais e de serviços empregam mais pessoas do que as atividades agrícolas ou primárias. Também, o setor industrial (secundário) passou por muitas transformações nas últimas décadas. O processo de automação nas linhas de montagem e produtiva tem elevados índices de robotização, reduzindo o número de operários. Já as atividades administrativas, jurídicas, de publicidade, vendas, alimentação, segurança, limpeza e vários outros empregam um número crescente de trabalhadores. Assim, a maioria dos empregados das indústrias de ponta migraram para o setor terciário, ocupando atividades no comércio ou em serviços. Página 43 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 47 Dessa forma, a PEA (população economicamente ativa) de um país indica de certa forma o seu nível de desenvolvimento. O país desenvolvido possui a maior parte da sua PEA no setor terciário, principalmente o de serviços. Já o país mais atrasado e pobre tem maior participação da sua população economicamente ativa no setor primário. Veja a tabela abaixo: PAÍS PEA – SETOR PRIMÁRIO PEA – SETOR SECUNDÁRIO PEA – SETOR TERCIÁRIO Alemanha 2,4% 29,7% 67,8% China 43,0% 25,0% 32,0% Estados Unidos 1,2% 19,2% 79,6% Inglaterra 1,4% 18,2% 80,4% Índia 60,0% 12,0% 28,0% Uganda 82,0% 5,0% 13,0% A população economicamente ativa no Brasil se distribuiu de maneira bem irregular: 42,3% estão nos serviços; 17,4% trabalham no comércio, mesmo índice dos trabalhadores nas atividades agropecuárias (17,4%); já a indústria possui 15,1% dos trabalhadores ativos e a construção emprega 7,5%. Os índices demonstram que uma parcela significativa da população brasileira trabalha em atividades agropecuárias. Embora esse número venha diminuindo devido à modernização e a mecanização do campo, em algumas localidades, nas regiões mais pobres a agricultura é praticada de forma tradicional e ocupa muita mão-de-obra. O setor secundário brasileiro absorve 22,6% da PEA, valor comparável à de países desenvolvidos. A partir da abertura econômica que se iniciou na década de 1990 houve grande modernização do parque industrial brasileiro. Hoje o Brasil possui multinacionais como a Petrobras, a Vale, a Gerdau e a Embraer. Já as atividades terciárias apresentam mais problemas, por englobar os maiores níveis de subemprego. No Brasil 59,7% da PEA exercem atividades terciárias. No entanto, na maioria das vezes, essas pessoas estão apenas em busca de sobrevivência, de complementação da renda familiar, ou tentando “driblar” o desemprego em atividades informais, como a de camelo, guardador de carro nas ruas ou vendedor ambulante. Mesmo no setor formal de serviços como escolas, hospitais, repartições públicas, transportes, etc.; as condições de trabalho e nível de renda são muito contrastantes: há instituições avanças tecnologicamente e com boas condições de trabalho e salários, ao lado de outra bastante atrasada. Outro, problema, mas especificamente no setor de serviços (em algumas funções) que exige alta qualificação, é que não se encontra facilmente no mercado brasileiro devido à baixa formação da população. Quanto à composição da PEA por gênero, nota-se no Brasil certa desproporção: 42,4% dos trabalhadores são do sexo feminino. Nos países desenvolvidos a participação é mais igualitária, com índices próximos a 50%. Mesmo assim, referente às décadas passadas, houve um grande crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho. Esse aumento ganhou grande impulso com os movimentos feministas das décadas e 1970 e 1980, que passaram a reivindicar igualdade de gênero no mercado de trabalho, nas atividades políticas e demais esferas da vida social. Além disso, a perda de poder aquisitivo dos salários em geral fez com que as mulheres cada vez mais entrassem no mercado de trabalho para complementar a renda familiar. As mulheres muitas vezes se sujeitam a salários menores do que dos homens, mesmo quando exercem função idêntica, com o mesmo nível de qualificação e na mesma empresa. Embora, ainda seja minoritária, isto tem feito que parte dos empresários prefira a mão-de- obra feminina. Distribuição de renda Se o planejamento governamental de um país não considerar a distribuição da renda nacional, suas políticas de educação, saúde, habitação, transporte, abastecimento, lazer, etc., estarão condenadas ao fracasso. A análise dos indicadores da distribuição da riqueza mostra que nos países subdesenvolvidos e emergentes há grande concentração da renda nacional em mãos de pequena parcela da população., enquanto nos países desenvolvidos ela está mais bem distribuída. O que ocasiona isso? Além dos baixos salários que vigoram nos países pobres e alguns emergentes e de dificuldade de acesso à propriedade regular urbana e rural, há basicamente dois fatores que explicam a concentração de renda: o sistema tributário – os impostos pesam mais para os pobres; e a inflação – quase sempre não repassada aos salários, que faz diminuir o poder de compra de quem ganha menos. O sistema tributário de um país constitui o modo como são arrecadados os impostos – que podem ser diretos e indiretos -, além de ser um poderoso mecanismo de distribuição de renda, principalmente na forma de serviços públicos. O imposto direto é aquele que recai diretamente sobre a renda ou sobre a propriedade dos cidadãos. É considerado mais justo, pois é cobrado de maneira progressiva e proporcional, ou seja, quem recebe Página 44 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 48 salários maiores obtém mais renda (imóveis, automóveis, etc.) paga parcelas mais elevadas, enquanto os que tem menos rendimentos e poucas posses pagam menos ou até ficam isentos. O governo que arrecada de forma diferenciada parte da renda nacional pode distribui-la na forma de escolas e hospitais eficientes, financiando a aquisição da casa própria, subsidiando setores econômicos que gerem empregos, investindo em saneamento básico, etc. ou criando mecanismos de transferência direta de renda. Já os impostos indiretos são incluídos no preço das mercadorias e dos serviços que a população consome. Podem ser considerados injustos quando assumem proporções elevadas, já que é cobrado sempre o mesmo valor do consumidor, não importando a sua faixa de rendimento. Por exemplo, um operário que ganha três salários mínimos e compra um litro de leite paga o mesmo valor de impostos que um profissional liberal que compra o mesmo litro de leite e ganha 60 salários mínimos. É, por isso, um imposto que pesa mais no bolso de quem ganha menos, pois não há possibilidade de aplicar a progressividade na arrecadação e, portanto, de distribuir renda. Em muitos países pobres e em desenvolvimento, a carga de impostos indiretos é elevada, enquanto nos países desenvolvidos o maior volume de recursos arrecadados pelo governo recai sobre os impostos diretos. Outro fator preponderante é que, nos países pobres e emergentes, os serviços públicos são muito precários, prevalecendo um mecanismo perverso de reprodução da pobreza. Filhos de trabalhadores de baixa renda dificilmente tem acesso a sistemas eficientes de educação, constituindo, na maioria dos casos, mão-de-obra sem qualificação e, como consequência, mal remunerada. Ano 10%+ pobres 20%+pobres 60%intermediários 20%+ricos 10%+ricos 1999 0,70% 2,10% 30,40% 67,50% 51,30% 2007 1,1% 3,00% 38,30% 58,70% 43,00% Quantoà distribuição de renda, o Brasil apresenta um dos piores índices do mundo. A tabela mostra que a participação dos mais pobres na renda nacional é muito pequena e a dos mais ricos é muito expressiva. Esse mecanismo de concentração de renda, com resultados perversos para a maioria da população, foi construído principalmente no processo inflacionário de preços. Os reajustes da inflação nunca foram totalmente repassados aos salários. Além disso, no sistema tributário brasileiro a carga de impostos indiretos (ICMS, IPI, ISS), que não distinguem faixas de renda, chega a 50% da arrecadação. Ao longo do tempo, sucessivos governos agravaram o processo de concentração de renda ao aplicar seus recursos em benefícios de setores ou atividades privadas, em detrimento dos investimentos em educação, saúde, transporte coletivo, habitação, saneamento e outros serviços públicos. Entretanto, como podemos observar na tabela, embora a participação dos mais pobres seja muito baixa, o índice vem apresentando lenta melhora. A partir de 1994, com a estabilização da moeda (o real) e os programas assistenciais, os mais pobres vêm lentamente aumentando a sua participação na renda nacional. Crescimento econômico e desenvolvimento social O grande crescimento do PIB mundial ocorrido nas últimas décadas é resultado do desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à produção agrícola, industrial e de serviços. Embora o PIB apresente um crescimento superior ao da população, o aumento da renda mundial raramente beneficia os habitantes das regiões e dos países mais pobres do planeta, assim como não beneficia por igual à população dos países mais ricos. Entre outubro de 2008, quando eclodiu uma crise econômica mundial e o final de 2009, em muitos países houve recessão e em outros ocorreu queda do PIB e o aumento nos índices do desemprego, mas no início de 2010 já havia sinais de recuperação na economia mundial. O crescimento econômico e o desenvolvimento social estão intimamente ligados. O que mede a qualidade de vida de uma população é denominado de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Este índice criado pela ONU leva em conta três variáveis (longevidade, educação e renda). O IDH é medido de 0 a 1; quanto mais próximo do 1 melhor é a qualidade de vida da população analisada. Países com melhores IDH País IDH Noruega 0,955 Austrália 0,938 EUA 0,937 Holanda 0,921 Alemanha 0,920 Nova Zelândia 0,919 Irlanda 0,916 Suécia 0,913 Suíça 0,912 Japão 0,911 Os países que possui IDH a partir acima de 0,800 são considerados muito elevados; a partir de 0,700 é elevado; a partir de 0,500 é médio e, inferior a isso é considerado como baixo desenvolvimento humano. Página 45 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 49 Apesar de ser considerado como elevado o Brasil ocupava em 2012 a 85º, com um IDH de 0,730. Levando em conta que o Brasil possui um dos dez maiores PIBs do mundo, o índice de desenvolvimento humano brasileiro deixa muito a desejar, lembrando que a distribuição de renda do nosso país é uma das mais desiguais do planeta. Por outro lado, duas variáveis contribuíram para a elevação do IDH brasileiro: a expectativa de vida que em 1975 era de 59,5 anos passou para 72,02 anos atualmente. Os índices de analfabetismo também baixaram sensivelmente, na década de 1980 ele girava em torno dos 17%; hoje ele chega a 10% da população, o que ainda é considerado alto. Apesar do número de analfabetos ter diminuído a educação no Brasil ainda peca pela média de estudo, apenas 15,6% da população apresenta mais do que 11 anos de estudo; a grande maioria, 48,9% estudo no máximo entre 5 a 11 anos (o que correspondo no máximo à conclusão do ensino médio, aos que chegam há 11 anos de estudo); e 33,1% estudam no máximo de 1 a 4 anos, o que hoje não conclui nem o ensino fundamental séries iniciais. Cabe aqui lembrar que os números, principalmente aqueles que podem ser considerados positivos não refletem a qualidade do estudo, apenas a quantidade de anos estudada. Mas a variável que mais compromete o IDH brasileiro sem dúvida nenhuma é a renda. Enquanto no DF a renda per capta gira em torno de R$1.665,00; no Maranhão ela de R$348,00. A média nacional fica em torno de R$767,00, o que é uma renda baixa, um pouco mais que o salário mínimo. Índices socioeconômicos no Brasil por região – Ano base 2012 - IBGE REGIÃO PIB R$ RENDA PER CAPTA R$ % DE POBREZA % DE ANALFABETOS % CURSO SUPERIOR EXPECTATIVA DE VIDA (ANOS) IDH CENTRO- OESTE 350.000.000 992,00 4,1 6,4 10,3 73,6 0,818 NORDESTE 507.000.000 456,00 15,4 17,6 5,0 71,2 0,716 NORTE 201.000.000 543,00 18,3 10,6 5,1 70,8 0,764 SUDESTE 2.100.000.000 889,00 3,9 5,1 9,7 75,4 0,816 SUL 623.000.000 926,00 2,5 4,7 9,3 75,8 0,830 MÉDIA BRASIL 761,00 8,8 8,9 7,9 73,3 0,730 O crescimento populacional no mundo É caracterizado como o aumento do número de habitantes no planeta. Esse fenômeno é consequência do crescimento vegetativo, obtido através do saldo entre as taxas de natalidade (nascimentos) e de mortalidade (mortes). Quando a taxa de natalidade é superior à taxa de mortalidade, temos um crescimento vegetativo positivo, caso contrário, a taxa é negativa. Somente no final do século XVII e início do século XVIII, o crescimento populacional no mundo se intensificou, visto que antes desse período a expectativa de vida era muito baixa, fato que elevava as taxas de mortalidade. Em 1930, a Terra era habitadas por cerca de 2 bilhões de pessoas e, em 1960, esse número atingiu a marca de 3 bilhões, com média de crescimento populacional de 2% ao ano. Durante a década de 1980, a população mundial ultrapassou a marca de 5 bilhões de pessoas. Atualmente, a taxa de crescimento populacional mundial, inferior a 1,2% ao ano, está em constante declínio. Porém, a expectativa de vida está em ascensão em virtude dos avanços na medicina, saneamento ambiental, maiores preocupações com a saúde, entre outros fatores. Sendo assim, o número de habitantes no mundo continua aumentando. De acordo com dados divulgados em 2010 pelo Fundo de População das Nações Unidas (Fnuap), a população mundial é de 6,908 bilhões de habitantes. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o contingente populacional do planeta atingirá a marca de 9 bilhões de habitantes em 2050, ou seja, um acréscimo de aproximadamente 2,1 milhões de habitantes, sendo a taxa de crescimento de 0,33% ao ano. É importante ressaltar que o aumento populacional ocorre de forma distinta conforme cada continente do planeta. A África, por exemplo, registra crescimento populacional de 2,3% ao ano. A Europa, por sua vez, apresenta taxa de 0,1% ao ano. América e Ásia possuem taxa de 1,1% ao ano e a Oceania, 1,3% ao ano. Distribuição e movimentos populacionais: questões afrodescendentes e indígenas O Brasil se formou da união de diferentes povos, raças e culturas. As de origem africana chegaram através da escravidão. Trouxeram com eles uma infinidade de Página 46 de 50 http://brasilescola.uol.com.br/geografia/saneamento-ambiental.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 50 costumes e saberes que contribuíram com o desenvolvimento de nossa sociedade. Entretanto, sabemos que tudo isso ocorreu por práticas de dominação europeia. Ao longo da história, os mantiveram em condição de servidão. Somos marcados pela produção de profundas desigualdades e preconceitos. É preciso entender os elementos que contribuíram com a construção de nossa sociedade, das relações sociais que se fizeram ao longo do tempo. Todo momento, pessoas deixam sua cidade de origem rumo a outras para ficar permanentemente ou só morarpor um tempo (determinado ou não). São os migrantes, que aqui, no Brasil, representam 40% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora os fluxos migratórios tenham sido mais intensos nas décadas de 1960 e 70, a circulação ainda é grande: recentemente, 10 milhões de brasileiros (5,4% da população) se mudaram para outro lugar. Os movimentos migratórios estão relacionados com as dinâmicas demográficas dos locais e são motivados por fatores de atração e repulsão. Ao longo da história do Brasil, vários movimentos migratórios foram importantes e eles continuam ocorrendo constantemente, seja em âmbito internacional ou interno. O que são migrações? Os fenômenos migratórios são, basicamente, deslocamentos populacionais. Existem duas categorias principais para definição da pessoa que migra: o imigrante (aquele que chega em um determinado local) e o emigrante (aquele que deixa um local). As migrações podem ser de diferentes tipos, dependendo da forma como estes deslocamentos são feitos. Existem as migrações internacionais, ou seja, quando os indivíduos migram de um país para outro. Elas podem também ser internas, ou seja, quando o indivíduo se desloca dentro do mesmo país, mudando apenas de região ou estado. Além disso, existem ainda as migrações rural-urbanas, quando as pessoas deixam o meio rural para viverem nos espaços urbanos. Este fenômeno ficou bastante conhecido no Brasil como êxodo rural, e foi intenso no contexto da industrialização brasileira. Destacam-se também as migrações pendulares, que são aquelas que os sujeitos efetuam diariamente com a finalidade de trabalhar ou estudar em um local diferente de sua moradia. Os movimentos migratórios dinamizam as sociedades, pois com a saída ou a chegada de pessoas, há uma mudança na configuração social. Podem ocorrer processos de hibridização cultural, miscigenação da população, mas também desestabilização econômica e de oferta de trabalho. Além disso, os fenômenos migratórios estão relacionados com preconceitos étnicos, religiosos e culturais. Além de perseguições de cunho político, fuga das escassezes alimentares, econômicas e sociais, buscando melhores acessos à alimentação, empregos e desenvolvimento social. Migrações no Brasil Mesmo antes da chegada dos europeus para a colonização das Américas (aliás, que também não passou de uma migração), já havia um dinâmico fluxo migratório no que hoje denotamos como o território nacional brasileiro, mas estendendo ao espaço continental americano entre os povos indígenas, possibilitando trocas culturais, material e econômicas entres as civilizações pré-colombianas e tribos indígenas. Após o século XVI, o território hoje compreendido pelo Brasil, passa a receber imigrantes portugueses (em toda faixa litorânea do Sudeste ao Norte) e espanhóis (ao Sul e Oeste) no sentido de explorar e colonizar o continente. Além destes, há uma migração francesa, no sentido de disputar territórios com as nações ibéricas (Portugal e Espanha) no Sudeste brasileiro e no Norte (Amapá). Ainda, no período colonial há migração holandesa no Nordeste, disputando a região com os portugueses. Migrações forçadas Em todo período de colonização, por parte dos europeus, do território brasileiro, são realizadas as “migrações forçadas”, de negros oriundos de várias partes do continente africano e de indígenas do interior do continente sul-americano como mão de obra escrava, no âmbito do desenvolvimento colonial. Imigrantes estrangeiros Após a independência, o Brasil passou por um intenso processo de imigração entre os anos de 1850 até 1934, quando o Estado brasileiro incentivava a vinda de imigrantes ao Brasil para trabalharem nas lavouras cafeeiras. Esse período teve como ponto central o fim da escravidão de africanos, o que gerou uma necessidade maior de mão-de-obra nas lavouras brasileiras. Muitos países estavam desestabilizados com o contexto da Primeira Guerra Mundial (1914- 1918) e não haviam empregos suficientes para toda população. Mesmo com a reestruturação após a guerra, começava também um processo de industrialização e urbanização, o que expulsou do campo muitas pessoas, que vieram para o Brasil para continuar trabalhando no campo. Êxodo Rural Um segundo momento importante em relação às migrações no Brasil, foram as migrações internas, também chamadas de inter-regionais. Estas já vinham acontecendo durante toda história do Brasil, mas tiveram uma intensificação expressiva após 1934, quando há também registros de queda nas imigrações. Naquele contexto, a indústria paulista já possuía prestígio e se tornava um atrativo para pessoas de outras regiões do Brasil, principalmente nordestinos, Página 47 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 51 que buscavam melhores condições de vida nos grandes centros. No mesmo sentido, destacam-se também no Brasil as migrações rural-urbano, também chamadas de êxodo rural, as quais aceleraram-se após a década de 1950, com a crescente modernização do campo, industrialização e urbanização brasileira. Vários fatores influenciam este tipo de migração, como o crescimento demográfico maior do que as áreas cultiváveis, o que ocorre tanto pela diminuição das áreas físicas disponíveis, quanto pela monopolização das terras (formação de latifúndios). Migrações pendulares Também desde a década de 1950 vem se destacando no Brasil as migrações pendulares, as quais são caracterizadas como o movimento diário de pessoas nos grandes centros urbanos. Ou seja, é o movimento dos trabalhadores ou estudantes para que possam trabalhar ou estudar em outros municípios. Esse tipo de migração é mais comum de municípios menores, com menos infraestrutura e serviços, para municípios maiores, onde a oferta de serviços e as oportunidades de trabalho são maiores. O Brasil no contexto das migrações recentes Diante dos conflitos mundiais mais recentes, bem como das catástrofes naturais que assolaram alguns países ao redor do mundo, os fenômenos migratórios têm se intensificado na atualidade. As migrações são movidas por elementos de repulsão e elementos de atração. Nos casos mais recentes, como dos Sírios, os conflitos violentos têm sido caracterizados como fenômenos de repulsão das pessoas na Síria. Do mesmo modo, entende-se que o terremoto que atingiu o Haiti em 2010, foi um forte fator de repulsão da população local. Imigração brasileira Atrelado a isso, existem fatores de atração, ou seja, elementos que atraem os imigrantes. Exemplos disso são melhores condições de vida, ofertas de emprego, segurança contra conflitos internos, guerras civis e governos ditatoriais. As oportunidades de uma vida mais digna têm atraído pessoas para países como o Brasil, que se constitui enquanto um país emergente. No Brasil, principalmente os frigoríficos de abate de aves na região Sul do país têm tido boa parte de suas vagas de emprego ocupadas por imigrantes. Há uma diferença grande entre o imigrante que migra por questões econômicas e aquele que migra forçadamente. Muitas pessoas sofrem perseguições políticas, religiosas e culturais e são vítimas de violências diversas. Estas pessoas são amparadas por legislações específicas, e caracterizadas como refugiados. Elas são amparadas em outros países e não podem ser encaminhadas forçadamente de volta para seus países de origem. Basicamente, são consideradas pessoas que precisam de proteção. Emigração brasileira O Brasil é hoje um país que recebe uma significativa parcela de imigrantes, mas também são importantes os índices de emigração no caso brasileiro, embora não mais tão expressivos como nas décadas de 1980 e 1990. O que acontecem neste período foi muito semelhanteao que acontece no Brasil hoje. Os Estados Unidos eram o principal alvo dos brasileiros, onde haviam empregos que exigiam baixa qualificação e nos quais os estadunidenses já não tinham mais interesse. Hoje verifica-se fenômeno parecido no Brasil, especialmente com o uso de mão de obra estrangeira nos frigoríficos. Canadá, Japão e Paraguai também foram países para os quais muitos brasileiros migraram. Migrações de retorno Apesar da expressividade das migrações internacionais, no Brasil os fenômenos migratórios internos, dentro de uma mesma região, ou interestaduais são bastante comuns. Estes geralmente são motivados por fatores econômicos, ou seja, uma busca pela melhoria das condições de vida. Destacam- se ainda as migrações de retorno, as quais ocorrem quando os indivíduos voltam para seus locais de origem, seja pela saudade dos familiares ou por não adaptação no novo local de moradia, ou ainda, pela melhoria das condições no local em que habitavam anteriormente. De volta ao passado Milhares de famílias africanas foram separadas durante o período de escravidão no Brasil. Outros povos já viviam em nosso país. Essa mistura resultou numa imensa pluralidade étnica e cultural. Ainda mantiveram suas práticas, crenças, tradições e saberes. Esse longo período foi marcado por resistências e lutas contra a escravidão. Não impediu, mais tarde, o desenvolvimento de atitudes racistas. Existe preconceito na medida em que tratamos desigualmente pessoas de diferentes etnias. Mesmo com todas as conquistas obtidas nos últimos anos, persistimos no mito da inferioridade do negro e do índio em relação ao branco. Atualmente essa questão aparece nos discursos de muitas pessoas, charges, textos, na mídia (ataque a artistas negros que se destacam profissionalmente) e até mesmo nos livros. Reconhecer as desigualdades A partir da abolição da escravidão no Brasil, os afrodescendentes têm trilhado um longo caminho com o objetivo de promover maior igualdade no país, através de manifestações de reconhecimento dessas desigualdades, a valorização da diversidade e de afirmação das identidades afro-brasileiras. Reconhecendo que o racismo é um crime sujeito à prisão, dessa forma o país deu o direito de dignidade aos cidadãos negros e índios. Página 48 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 52 Recentemente, vimos na mídia o crime de racismo cometido por uma adolescente de 14 anos contra a filha adotiva de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Depois que o ator fez a denúncia, a investigação conseguiu encontrar o culpado, ou seja, a garota usou o perfil de outra pessoa para cometer o crime. Onde está a educação moral que deve ser dada dentro da família numa fase importante do ser humano? Desde as origens de nossa sociedade, fomos marcados pela discriminação racial e a exclusão dos negros. Mais do que um problema, é uma herança deixada pelos nossos antepassados. Depois que a escravidão se estabeleceu em nosso país, instituiu-se uma ideia - que dura até os dias de hoje - de que os negros nasceram para os trabalhos braçais, sendo subalternos dos brancos civilizados. Valorizar a contribuição das culturas Nossa sociedade precisa dar atenção à identidade étnico-cultural e ampliar sua compreensão em todos os setores. A finalidade deste debate é construir um país que valoriza seu passado, sua cultura e realidade social, encontrando em sua diversidade a integração dos diferentes, autor espeitando e respeitando o outro, independente de características físicas ou sociais. Destacamos a contribuição dos povos africanos, indígenas e europeus, na formação da nação brasileira, não somente nos conhecimentos rudimentares, mas, sobretudo, nos conhecimentos tradicionais milenares transmitidos de geração em geração, notadamente os respeitantes à preservação e o respeito à natureza e ao meio ambiente. Exercícios de aprendizagem 01. Nos limites convergentes, as placas tectônicas colidem dando origem às grandes cadeias de montanhas. A esse fenômeno damos o nome de: (A) Chocamentos. (C) Empacotamentos. (B) Batimentos. (D) Dobramentos. 02. Sobre a hidrosfera terrestre, assinale a alternativa INCORRETA. (A) A hidrosfera forma um sistema biológico e geográfico amplo, dinâmico, rico em espécies e autônomo. (B) As águas presentes na Terra atuam sobre os demais sistemas terrestres, como na modelagem do relevo e na distribuição dos seres vivos. (C) A água presente na atmosfera em forma de vapor interfere no clima por meio das chuvas e da umidade. (D) A hidrosfera terrestre encontra-se em uma relação de equilíbrio com a atmosfera, a litosfera e a biosfera. Ver Resposta 03. Dentre os elementos abaixo enumerados, assinale aquele que NÃO é um fenômeno atmosférico. (A) Variação de temperatura. (B) Índice de umidade. (C) Formação de nuvens. (D) Derretimento de geleiras. 04. Todo o planeta Terra é envolvido por uma camada de ar. Essa camada gasosa que envolve a Terra é chamada de: (A) Hidrosfera. (C) Biosfera. (B) Atmosfera. (D) Litosfera. 05. Sobre a teoria das placas tectônicas, marque a alternativa CORRETA. (A) A atmosfera compõe-se de placas rochosas, denominadas placas tectônicas ou placas litosféricas. Essas placas flutuam sobre o manto e movem-se muito lentamente cerca de alguns centímetros por ano, ora se aproximando, ora se afastando uma da outra. (B) A litosfera compõe-se de placas rochosas, denominadas placas tectônicas ou placas litosféricas. Essas placas flutuam sobre o manto e movem-se muito lentamente cerca de alguns centímetros por ano, ora se aproximando, ora se afastando uma da outra. (C) A hidrosfera compõe-se de placas rochosas, denominadas placas tectônicas ou placas litosféricas. Essas placas flutuam sobre o manto e movem-se muito lentamente cerca de alguns centímetros por ano, ora se aproximando, ora se afastando uma da outra. (D) A biosfera compõe-se de placas rochosas, denominadas placas tectônicas ou placas litosféricas. Essas placas flutuam sobre o manto e movem-se muito lentamente cerca de alguns centímetros por ano, ora se aproximando, ora se afastando uma da outra. 06. A crosta terrestre é a camada superior e sólida da Terra onde se encontram as rochas e as formas de relevo em geral. Os três tipos de rochas, classificadas conforme a gênese, que constituem essa camada são: (A) Ígneas, magmáticas e vulcânicas. (B) Sedimentares, metamórficas e magmáticas. (C) Metamórficas, fósseis e minerais. (D) Superficiais, intrusivas e extrusivas. 07. A população do Brasil é: (A) Regularmente distribuída no território. (B) Irregularmente distribuída no território. (C) De elevado crescimento vegetativo. (D) De crescimento vegetativo nulo ou negativo. Respostas dos exercícios de aprendizagem Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3 1D 2A 3D 1D 2A 3C 1D 2A 3D 4C 5A 6A 4C 5C 6C 4B 5B 6B 7A 8D 7A 7B Página 49 de 50 http://br.blastingnews.com/porto-alegre/2016/03/jovens-criam-revista-para-divulgar-cultura-afro-no-brasil-e-lutar-contra-preconceitos-00832541.html http://br.blastingnews.com/porto-alegre/2016/03/jovens-criam-revista-para-divulgar-cultura-afro-no-brasil-e-lutar-contra-preconceitos-00832541.html http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-hidrosfera.htm#questao-3 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. 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