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Página 1 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 5 UNIDADE 1 – TRABALHO, CULTURA, SOCIEDADE E OS ELEMENTOS AMBIENTAIS As relações de trabalho e a sociedade As relações de trabalho estão ligadas às nossas relações sociais e à nossa realidade material. O trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. Essa afirmação condiz com a definição dada por Karl Marx quanto ao que seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exista em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se vivo. Dito isso, o impacto do trabalho e do seu contexto exercem grande influência na construção do sujeito. Assim, existem áreas do conhecimento dedicadas apenas a estudar as diferentes formas em que se constituem as relações de trabalho e seus desdobramentos na vida de cada um de nós. Não seria difícil, então, de se imaginar que, quando as relações de trabalho se alteram no fluxo de nossa história, as nossas estruturas sociais também são alteradas, principalmente a forma como se estruturavam nossas relações, posições na hierarquia social, formas de segregação e, em grande parte, aspectos culturais erguidos em torno das relações de trabalho. O trabalho no decorrer da história Tomemos como exemplo o rápido processo de mudança que atingiu os países europeus no início do século XVIII, o qual hoje chamamos de Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho, anteriormente, eram fortemente agrárias, constituídas dentro do âmbito familiar. O ofício dos pais era geralmente passado aos filhos, o que garantia a construção de uma forte identidade ligada ao labor a que o sujeito se dedicava. O indivíduo estava ligado à terra, de onde tirava seu sustento e o de sua família. A economia baseava-se na troca de serviços ou de produtos concretos, e não no valor fictício agregado a uma moeda. Da mesma forma, o trabalho também estava agregado à obtenção direta de bens de consumo, e não a um valor variável de um salário pago com uma moeda de valor igualmente variável. A estrutura social era rígida, com pouca ou nenhuma mobilidade para os sujeitos, ou seja, um camponês nascia e morria camponês da mesma forma que um nobre nascia e morria nobre. As mudanças trazidas pelo surgimento da indústria alteraram profundamente o sentido estabelecido para o trabalho e para a relação do sujeito com ele. A impessoalidade nas linhas de montagem que a adoção do Fordismo trouxe, em que milhares de pessoas amontoavam-se diante de uma atividade repetitiva em uma linha de montagem, sem muitas vezes nem ver o resultado final de seu esforço, passou a ser a principal característica do trabalho industrial. O trabalho presente e futuro As transformações de nossas relações de trabalho não pararam na Revolução Industrial, pois ainda hoje o caráter de nossas atividades modifica-se. Contudo, as forças que motivam essas mudanças são outras. A globalização é um dos fenômenos mais significativos da história humana e, da mesma forma que modificou nossas relações sociais mais íntimas, modificou também nossas relações de trabalho. A possibilidade de estarmos interconectados a todo momento encurtou distâncias e alongou nosso período de trabalho. O trabalho formal remunerado, que antes estava recluso entre as paredes das fábricas e escritórios, hoje nos persegue até em casa e demanda parte de nosso tempo livre, haja vista a crescente competitividade inerente ao mercado de trabalho. A grande flexibilidade e a exigência por uma mão de obra cada vez mais especializada fazem com que o trabalhador dedique cada vez mais tempo de sua vida para o aperfeiçoamento profissional. Essa é uma das origens das grandes desigualdades sociais da sociedade contemporânea, uma vez que apenas aqueles que dispõem de tempo e dinheiro para dedicar- se ao processo de formação profissional, caro e exigente, conseguem subir na hierarquia social e econômica. A introdução da automação na produção de bens de consumo tornou, em grande parte, a mão de obra humana obsoleta, aumentando o tamanho do exército de trabalhadores e diminuindo o valor da força de trabalho nos países que dispõem de grande população, mas com baixa especialização. Como resultado, a situação do trabalho só piora, pois se preocupar com o bem-estar do empregado é algo caro e, na concepção que prioriza o lucro monetário, não é um investimento que garanta renda imediata. A Cultura e a Sociedade A diversidade da vida e da cultura humana e os vários tipos de sociedade em que os homens vivem. O conceito que damos ao nome cultura está entre as noções mais usadas na sociologia. A “cultura” pelo que conhecemos pode ser conceitualmente diferenciada de “sociedade”, mas há conexões muito próximas entre essas noções. Uma sociedade é um sistema de inter- relações que conecta os indivíduos uns com os outros. A Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos são sociedades nesse sentido. Incluem milhões de pessoas. Outras, como as primeiras sociedades de caçadores e coletores, podem ser tão pequenas quanto 30 ou até 40 pessoas. Todas as sociedades são unidas pelo fato de que seus membros são organizados em relações sociais estruturadas, de acordo com uma cultura única. Porém, acima de todo o conhecimento histórico da humanidade, nenhuma cultura poderia existir sem cultura. Sem cultura, não seriamos nem sequer “humanos”, no sentido em que comumente entendemos esse termo. Não teríamos línguas em que nos expressar, nenhuma noção de autoconsciência e Página 2 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 6 nossa habilidade de pensar e raciocinar seria severamente limitada. Esses elementos culturais são compartilhados por membros da sociedade e tornam possível a cooperação e a comunicação, formando o contexto comum em que os indivíduos numa sociedade vivem suas vidas. Há valores e normas fundamentais a todas as culturas que são ideias que definem o que é considerado importante, válido e desejável. Essas ideias abstratas ou valores dão sentido e fornecem direção aos humanos enquanto estes interagem com o mundo social. As normas são regras de comportamento que refletem ou incorporam os valores de uma cultura. Os valores e as normas trabalham em conjunto para moldar a forma como os membros de uma cultura se comportam dentro de seus limites. Os valores e as normas variam enormemente através das culturas. Algumas culturas valorizam altamente o individualismo, enquanto outras podem colocar maior ênfase em necessidades em comum. Mesmo dentro de uma sociedade ou comunidade, os valores podem ser contraditórios: alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças religiosas tradicionais, enquanto outros podem enfatizar o progresso da ciência, assim como há pessoas que preferem conforto material e sucesso, e outras que podem preferir a simplicidade e uma vida tranquila. Os valores culturais e as normas frequentemente mudam através do tempo. Muitas normas que consideramos naturais em nossas vidas pessoais, como relações sexuais pré-matrimoniais e casais vivendo juntos sem estarem casados, contradiziam valores sustentados há poucas décadas. No ano 2000, uma comissão do governo japonês publicou um relatório que resumiu as principais metas para o Japão no século XXI. As principais descobertas da comissão surpreenderam muitas pessoas: os cidadãos japoneses precisam perder seu apego a alguns de seus valores principais se o país quiser enfrentar as suas atuais mazelas sociais com sucesso. Normas e valores culturais são profundamente incrustados e é muito cedo para dizer se um mandato governamental terá sucesso em alterar os valores japoneses tradicionais. Muitos de nossos comportamentos e hábitos cotidianos sãofundados em normas culturais. Um exemplo claro disso pode ser visto na forma como as pessoas sorriem, particularmente em contextos públicos através de diferentes culturas. A diversidade cultural não convém apenas as crenças culturais que diferem através das culturas. A diversidade das práticas e do comportamento humano é também notável. Formas aceitáveis de comportamento variam amplamente de cultura para cultura e, com frequência, contrastam drasticamente com o que as pessoas das sociedades ocidentais consideram “normais”. No Ocidente, comemos ostras, mas não comemos gatinhos ou cães de estimação, sendo que ambos são considerados especiarias em algumas partes do mundo. Os judeus não comem carne de porco, enquanto os indianos comem porco e evitam carne de gado. As pequenas sociedades, como as sociedades primitivas de caçadores e coletores, tendem a ser culturalmente uniformes ou monoculturais. O Japão, por exemplo, tem se mantido bastante monocultural e são também marcados por altos índices de homogeneidade cultural. A maioria das sociedades industrializadas, contudo, está tornando-se culturamente mais diversa, ou multicultural. Nas outras cidades mais modernas, por exemplo, muitas comunidades subculturais vivem lado a lado, indianos ocidentais, paquistaneses, indianos, bangladeshianos, italianos, gregos e chineses podem todos hoje ser encontrados no centro de Londres. As subculturas não se referem somente a grupos étnicos ou linguísticos dentro de uma sociedade maior que tem como âmbitos muito amplos e podem incluir naturalistas, góticos, hackers, hippies, rastafáris, fãs de hip-hop ou torcedores de times de futebol. É importante lembrar que toda cultura tem seus próprios padrões de comportamento, os quais parecem estranhos às pessoas de outras formações culturais. A cultura faz parte daqueles aspectos da sociedade que são aprendidos mais do que herdados. O processo pelo qual as crianças, ou outros novos membros da sociedade, aprendem o modo de vida de sua sociedade é chamado socialização. A socialização conecta diferentes gerações umas com as outras. O nascimento de uma criança altera as vidas daqueles que são responsáveis pela criação, portanto, passam por novas experiências de aprendizado. Os cuidados dos pais ligam comumente as atividades dos adultos às crianças para o restante de suas vidas. Através do processo de socialização, os indivíduos aprendem sobre os papéis sociais na expectativa sociais de uma pessoa segue numa posição social. Os cenários culturais em que nascemos e amadurecemos influenciam nosso comportamento, mas isso não significa que os humanos são privados de sua individualidade ou do seu livre-arbítrio. No decorrer da socialização, cada um de nós desenvolve um sentido de identidade e a capacidade para o pensamento e a ação independentes. No mundo atual, temos oportunidades sem precedentes de moldar a nós mesmos e de criar nossas próprias identidades. Somos nosso melhor recurso para definir o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Em um determinado período curto de nossa existência neste planeta, os seres humanos viveram em sociedades caçadoras e coletoras. Os caçadores e os coletores ganharam seu sustento da caça, da pesca e Página 3 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 7 da coleta de plantas comestíveis que crescem na natureza. Essas culturas continuam a existir em algumas partes do mundo, como em umas poucas partes áridas da África e das florestas do Brasil e da Nova Guiné. Há cerca de 20 mil anos, alguns grupos de caçadores e coletores voltaram-se à criação de animais domésticos e ao cultivo de áreas fixas de terra como meio de sustento. As sociedades pastoris são as que tiram seu sustento principalmente de animais domesticados, enquanto as sociedades agrárias são aquelas que praticam a agricultura. As primeiras civilizações desenvolveram-se no Oriente Médio, comumente em áreas fluviais férteis. O império chinês originou-se cerca de 2000 anos Antes da Era Comum, quando estados poderosos foram também fundados onde hoje são Índia e o Paquistão. O que aconteceu que destruiu as formas da sociedade que dominaram a história até dois séculos atrás? A reposta, numa palavra, seria a industrialização. Do século XVII até o século XX, os países ocidentais estabeleceram colônias em inúmeras áreas antes ocupadas por sociedades tradicionais, usando sua força militar superior quando necessário. O processo de colonialismo, foi crucial, como sabemos, para moldar o mapa social do globo terrestre. Muitas sociedades em desenvolvimento estão em áreas antes submetidas ao domínio colonial na Ásia, África e América do Sul. Os países em desenvolvimento não são uma unidade, a maioria dos países menos desenvolvidos está economicamente bastante atrasado em relação às sociedades ocidentais, algumas partes ingressaram em um processo de industrialização e experimentaram um dramático crescimento econômico. Porém, a mudança social como vimos, os modos de vida e as instituições sociais características do mundo moderno são radicalmente diferentes mesmo das dos passado recente. Durante um período de apenas dois ou três séculos, uma fração de minuto no contexto da história humana, a vida social humana, foi arrancada dos tipos de ordem social em que as pessoas viveram por milhares de anos. E isso é difícil de definir, pois há uma percepção de que tudo muda, o tempo muda, o tempo todo. Assim as mudanças que ocorrem a cada dia, estão indo no curso da história humana, e do mundo, tornando diferentes cada vez mais as culturas e a sociedade independentemente do que jamais foram. À medida que o ritmo do mundo acelera, a mudança persiste, segue, caminha, transforma um ponto ou um lugar do planeta afetando diretamente outras regiões. Agentes Transformadores do Relevo O relevo terrestre, apesar de aparentemente estático, é dinâmico e está em constante transformação. Tal dinâmica deve-se aos processos internos e externos que contribuem para que essa dinâmica aconteça, são os agentes transformadores do relevo. Os agentes transformadores do relevo são classificados conforme a origem de suas ações, aqueles que atuam abaixo dos solos são chamados de agentes endógenos ou internos e aqueles que atuam sobre a superfície são chamados de agentes exógenos ou externos. Agentes Internos Os agentes internos ou endógenos também são chamados de modeladores e costumam ser subdivididos em três grupos: o tectonismo, os abalos sísmicos e o vulcanismo. Vejamos, abaixo, algumas características gerais de cada um. Tectonismo: Também chamado de diastrofismo, é todo e qualquer movimento realizado a partir de pressões advindas da região localizada sobre o magma da Terra. Aqueles processos de duração longa (sob o ponto de vista do tempo geológico) são chamados de epirogênese e aqueles de curta duração são chamados de orogênese. Dentre as paisagens formadas pelo tectonismo, temos as montanhas, as cordilheiras, os vulcões e todas as paisagens que, posteriormente, são novamente modificadas pelos agentes externos de transformação do relevo. Cordilheira do Himalaia – conjunto de cadeias montanhosas onde se encontram as maiores altitudes do mundo. Abalos sísmicos: estão diretamente ligados à dinâmica tectônica. São gerados pelo movimento agressivo das massas da crosta interior da Terra ou do manto terrestre, resultante de abruptas acomodações das camadas rochosas. Podem ser resultantes do choque entre duas placas que se encontram (movimentos convergentes), do afastamento entre elas (movimentos divergentes) ou quando placas vizinhas se movimentam lateralmente, raspando uma na outra (movimentos transformantes). Exemplo da consequência de um abalo sísmico. Página 4 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamentale Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 8 Vulcanismo: são atividades de erupção do magma localizado no interior da Terra em direção à superfície. Esse material quente e pastoso costuma encontrar brechas para a sua ascensão nas zonas de encontro entre duas placas tectônicas, onde existem falhas e fraturas que permitem a sua passagem. Dos agentes endógenos de transformação do relevo, o vulcanismo é o que provoca mudanças na superfície de forma mais rápida, através da ação do magma sobre os solos, mas também atua de forma lenta, durante a formação dos próprios vulcões, o que leva milhares de anos para acontecer. Nyiragongo (erupção efusiva) vulcanismo de vale de rifte. Geralmente, os solos localizados em regiões vulcânicas, ou cuja origem remonta a atividades vulcânicas em tempos pretéritos, costumam ser extremamente férteis, em virtude da quantidade de minerais que são liberados durante as erupções. Agentes externos Os Agentes externos ou exógenos, também chamados de esculpidores, são responsáveis pela erosão (desgaste) e sedimentação (deposição) do solo. Eles são ocasionados pela ação de elementos que se encontram sobre a superfície, como os ventos, as águas e os seres vivos. O agente externo mais atuante sobre a transformação dos solos é a água, seja de origem pluvial (chuvas), seja de origem fluvial (rios e lagos), ou até de origem nival (derretimento do gelo). A ação das águas também pode ser dividida em fluvial, marinha e glacial. A água provoca transformação e modelagem dos solos e contribui para a formação de processos erosivos. A erosão pluvial ocorre pela ação das águas da chuva, que contribuem para o processo de lixiviação (lavagem da camada superficial) dos solos. Forma também alguns “caminhos” ocasionados pela força das enxurradas. Quando mais profundos, esses caminhos podem contribuir para a formação de ravinas (erosões mais profundas) e voçorocas (quando a erosão é muito grande ou quando ela atinge o lençol freático). A erosão fluvial acontece pela ação dos cursos d’água sobre a superfície, modelando a paisagem e transportando sedimentos. Podemos dizer que são os próprios rios que constroem os seus cursos, pois ao longo dos anos, as correntes de água vão desgastando o solo e formando os seus próprios caminhos, que vão se aprofundando conforme a força dos cursos dos rios vai erodindo o solo. Os cursos d’água provocam o desgaste dos solos, formando os seus próprios cursos. A erosão fluvial é causada, também, quando a retirada da mata ciliar provoca danos sobre as encostas dos rios, que ficam mais frágeis e cedem à pressão das águas. A erosão marinha é aquela provocada pela ação das águas do mar sobre a superfície, provocando o desgaste das formações rochosas litorâneas. Tal processo é lento e gradual, contribuindo para a erosão das costas altas (abrasão marinha) e pela deposição de sedimentos nas costas mais baixas. Contribui também para a modelagem do relevo litorâneo, com as falésias, restingas, tômbolas e praias. A erosão glacial é provocada pelo derretimento de geleiras localizadas em regiões montanhosas e de elevadas altitudes, que formam cursos d’água que modelam a superfície por onde passam. Outra forma de ação é o congelamento dos solos, que se rompem com a “quebra” das geleiras. Outro importante agente externo são os ventos, que atuam no relevo também em um processo lento e gradual, esculpindo as formações rochosas e transportando os sedimentos presentes no solo em forma de poeira. A ação dos ventos sobre o relevo é também chamada de erosão eólica. Exemplo de formação rochosa esculpida pela ação dos ventos. Além dos processos erosivos, há também o intemperismo, que é resultante da ação de transformações físicas, químicas e biológicas sobre os Página 5 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 9 solos. Esse processo também é conhecido como meterorização e é responsável pela desintegração e decomposição dos solos e das rochas. O intemperismo físico é causado pelas variações climáticas, que podem provocar a desintegração das rochas, algo comum em regiões extremamente secas ou desérticas. Observe na imagem abaixo um exemplo de intemperismo físico. Intemperismo causado pela ação do clima. Já o intemperismo químico ocorre em função da ação das águas e da umidade sobre a superfície, ocasionando a destruição da base original dos solos. Vejamos na imagem abaixo um exemplo de intemperismo químico. Dissolução do calcário em contato com a água. Exercícios de aprendizagem 01. A teoria da Tectônica de Placas explica como a dinâmica interna da Terra é responsável pela estrutura da litosfera. Diante do exposto, marque a alternativa INCORRETA. (A) A litosfera é a parte rígida que compõe a crosta terrestre; é segmentada em placas que flutuam em várias direções sobre o manto. (B) O movimento das placas pode ser convergente ou divergente, aproximando-as ou afastando- as, ou ainda deslizando-as uma em relação à outra. (C) A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos. (D) As placas continentais e oceânicas possuem semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta terrestre. 02. Com relação à constituição interna da Terra, suas camadas e características gerais, marque a alternativa CORRETA. (A) A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos. (B) O núcleo interno, constituído, principalmente, de ferro e níquel, encontra-se em estado líquido devido às altas temperaturas ali reinantes. (C) O núcleo externo encontra-se em estado sólido e apresenta uma constituição rochosa. Nele, são geradas correntes elétricas que imantam o núcleo interno e criam o campo magnético da Terra. (D) As placas continentais e as oceânicas possuem semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta terrestre. 03. O bloco diagrama representa o processo de formação de um fenômeno natural de grande magnitude, decorrente da movimentação de placas tectônicas. (A) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, sem deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. (B) Em superfície, sem deslocamento do solo oceânico e propagação de ondas gigantes; maremoto. (C) No fundo do oceano, com deslocamento do solo sem propagação de ondas; terremoto. (D) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. 04. A teoria da “tectônica de placas”, hoje mais do que comprovada empiricamente, explica fenômenos como vulcões, terremotos e tsunamis. Segundo essa teoria, as placas tectônicas: (A) Atritam entre si nas extremidades da Terra, derretendo as calotas polares. (B) Movem-se porque flutuam debaixo dos solos dos oceanos, causando abalos no continente. (C) Deslizam sobre o magma do interior da Terra e chocam-se em alguns pontos da crosta. (D) Movimentam-se em conjunto, desenvolvendo abalos sísmicos coordenados e previsíveis. 05. Podemos considerar agentes internos e externos do Globo Terrestre respectivamente: (A) Tectonismo e intemperismo. (B) Vento e vulcanismo. (C) Águas correntes e intemperismo. (D) Vento e águas correntes. Página 6 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 10 06. Terremotos são gerados pelos movimentos naturais das placas tectônicas da Terra, que causam ajustes na crosta terrestre, afetando aorganização das sociedades. Em relação aos sismos naturais, é correto afirmar que eles são causados por: (A) Forças endógenas incontroláveis. (B) Energias exógenas excepcionais. (C) Forças antrópicas descontroladas. (D) Energias antrópicas excepcionais. 07. Como desenvolvimento da Teoria da Tectônica de Placas, fenômenos como a formação das cadeias montanhosas e das fossas submarinas foram melhor compreendidos. Com isso, sabe- se que a Cordilheira dos Andes se encontra em uma região da crosta terrestre que: (A) Apresenta uma área de colisão de placas tectônicas. (B) Forma margem continental do tipo passiva. (C) Se situa em uma área de expansão do assoalho oceânico. (D) Coincide com limites divergentes de placas. 08. O processo que gerou a atual configuração dos continentes na superfície do planeta Terra resultou da fragmentação e do afastamento das terras emersas que, no princípio, constituíam um único bloco chamado Pangeia. Duas teorias tentam explicar esse processo, são elas: (A) A das placas tectônicas e a da descontinuidade de Mohorovicic. (B) A da deriva continental e a da descontinuidade de Gutemberg. (C) A das placas tangenciais e a das placas continentais. (D) A das placas tectônicas e a da deriva continental. Minhas anotações ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Página 7 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 11 UNIDADE 2 – AS RELAÇÕES COTIDIANAS NO ESPAÇO GEOGRAFICO Paisagem, tempo, espaço geográfico e sua construção O espaço geográfico é a superfície terrestre na qual os seres humanos vivem e produzem constantemente medicações. É o resultado da ação humana sobre a natureza. É o espaço produzido e apropriado pela sociedade, composta pela inter-relações entre sistema de objetos – naturais, culturais e técnicos – e sistemas de ações – relações sociais, culturais e econômicas. Deve ser considerado como algo que participa igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido; constituído por lugares, por paisagens, por regiões, por territórios e territorialidades. Tudo o que existe vem da natureza, como os materiais utilizados na construção de uma ponte, de um edifício, de uma hidrelétrica etc., mas esses materiais já não são apenas elementos da natureza em sua forma pura, ou seja, não são mais aquilo que chamamos de primeira natureza. Eles passaram por processos de transformação e adaptação aos diversos usos da sociedade humana. O ferro, por exemplo, dos pregos e das vigas da construção civil foi extraído do subsolo (como visto nas imagens anteriores) e precisou ser bastante modificado. É a transformação da primeira natureza em uma segunda natureza. A transformação das matérias- primas em materiais utilizados nas diversas atividades humanas é realizada por meio do trabalho. Assim, por meio do trabalho, as pessoas estabelecem relações entre si (o trabalho é uma atividade social, realizada pelas pessoas em conjunto e de forma interdependente) e com a natureza (é dela que vêm todas as coisas que utilizamos que transformamos). Logo, o ser humano cria ou produz o seu próprio ambiente, o seu próprio espaço geográfico, modificando constantemente. Atualmente, o espaço geográfico é global, mundial, uma vez que a humanidade ocupa ou provoca modificações em toda a superfície terrestre, e todos os seus lugares são interligados e interdependentes. O lugar pode ser, a um só tempo, espaço do singular e de realização do global, onde ocorrem as relações de consenso e de conflitos, de dominação e de resistência, base da (re) produção da vida, em que o trivial e o familiar revelam as transformações do mundo e servem de referência para identificá-las e explicá-las. É o espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade parecem presentes, revelando especificidades, subjetividades e racionalidades; é no lugar que as empresas negociam seus interesses, de onde querem se instalar ou de onde vão se retirar, o que afeta a organização soco espacial dos locais envolvidos pela sua presença/ausência. Se, por um lado, o conceito de lugar guarda uma dimensão objetiva, por outro, guarda uma dimensão subjetiva, sendo a porção do espaço apropriável para a vida, que faz parte do cotidiano, que é vivido, reconhecido e no qual se cria identidade espacial; é onde a vida acontece de fato. A paisagem é materialização de um instante da sociedade, de um momento histórico, formada por objetos materiais (visíveis) e não materiais (invisíveis). Está relacionada a tudo que os sentidos humanos podem perceber e aprender da realidade de determinado espaço geográfico ou parte dele – relacionado à sensibilidade humana. Embora a visão seja o principal sentido com o qual se observa a realidade, outros sentidos também podem participar da identificação da paisagem, introduzindo-se informações como sons e odores em sua descrição. A paisagem pretérita apresentava um conjunto de muitos elementos naturais, no entanto a paisagem humanizada (artificial) tem se expandido, à medida que o homem altera a natureza. A paisagem artificial é a paisagem construída e transformada pelo homem a partir do trabalho e das técnicas. Se, no passado, havia a predominância de paisagens naturais, hoje essamodalidade praticamente não existe mais. Sendo que quanto mais complexo e desenvolvido for o meio técnico-científico, mais afastado de um mundo natural estaremos emergindo em um mundo artificial. Para que a paisagem possa ser analisada e compreendida, ela precisa ser vista para além de sua aparência; deve-se buscar sua explicação para aquilo que está por detrás, isto é, deve-se ir além da descrição e enumeração dos fatos, compreendendo os processos de sua constituição. Pois a paisagem faz parte de uma totalidade sócio espacial, que é determinada por interesses econômicos e políticos, definidos em diferentes escalas geográficas; atendendo a funções sociais diferentes – heterogêneas –, pois é um conjunto de objetos com diferentes datações e em constante processo de transformação, um híbrido de espaço e tempo. O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”). Um conceito bastante presente na geografia em geral, o espaço geográfico apresenta definição bastante complexa e abrangente. Outros conceitos também relacionados ao espaço geográfico, ou antes, que estão contidos nele são: lugar, que é um conceito ligado a um local que nos é familiar ou que faz parte de nossa vida, e paisagem que é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da percepção. A primeira definição de “espaço” foi feita pelo filósofo Aristóteles para o qual este era inexistência do vazio e lugar como posição de um corpo entre outros corpos. Aristóteles ignorava o homem como constituinte do espaço, contudo, ele já considerava um aspecto importante da estrutura do espaço geográfico, a localização. Página 8 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 12 Mais adiante, no século XVIII, Immanuel Kant define o espaço como sendo algo não passível de percepção, porém, o que permite haver a percepção. Ou seja, Kant introduziu a ideia de que o espaço é algo separado dos demais elementos espaciais. Entretanto, suas ideias não permitem concebê-lo como algo constituído de significado ou estrutura própria. Mais tarde, outros filósofos inserem o homem como um componente essencial para a compreensão do espaço, com ser que cria e modifica espaços de acordo com suas culturas e objetivos. Por último, seguiu-se a concepção filosófica de espaço proposta por Maurice Merleau-Ponty: “O espaço não é o meio (real ou lógico) onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível.”. Todas estas são concepções filosóficas do espaço que, entretanto, diferem um pouco da concepção geográfica. A concepção geográfica de espaço que predominou de 1870 a meados de 1950, embora este ainda não fosse considerado como objeto de estudo, foi a introduzida por Ratzel e Hartshorne para os quais a concepção de “espaço vital” se confundia com a de território a medida em que era atrelado a ele uma relação de poder. Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados. A partir de 1950 o espaço passa a ser associado à noção de “planície isotrópica” (superfície plana com as mesmas propriedades físicas em todas as direções, homogênea) sob a ação de mecanismos unicamente econômicos (uso da terra, relações centro – periferia, etc.). Em 1970 surge uma nova concepção atrelada à geografia crítica, que tem como base os pensamentos marxistas e para a qual o espaço é definido como o locus da reprodução das relações sociais de produção. Nesta concepção espaço e sociedade estão intimamente ligados. Mais tarde surge uma nova concepção epistemológica para geografia que passa a encarar o espaço como fenômeno materializado. Ou, nas palavras de ALVES (1999), o espaço “é produto das relações entre homens e dos homens com a natureza, e ao mesmo tempo é fator que interfere nas mesmas relações que o constituíram. O espaço é, então, a materialização das relações existentes entre os homens na sociedade.”. Não há, no entanto, um consenso entre os geógrafos sobre o que seria, exatamente, o espaço geográfico, haja vista que muitos deles orientam-se a partir de diferentes correntes de pensamento que apresentam diferentes perspectivas. Por exemplo, para a corrente Nova Geografia, o espaço geográfico corresponde à organização da sociedade e seus elementos sobre o meio. Há autores, como Richard Hartshorne, que defendem que o espaço geográfico é apenas uma construção intelectual, não existindo de fato na sociedade. Seria, nesse caso, uma concepção da forma como nós enxergamos a realidade no sentido de apreender como acontece a espacialização da sociedade e tudo o que por ela foi construído. Já Milton Santos afirma que o espaço geográfico é um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os itens e elementos artificiais e as ações humanas que manejam tais instrumentos no sentido de construir e transformar o meio, seja ele natural ou social. Para os geógrafos humanistas, porém, o conceito de espaço geográfico estaria atrelado à questão subjetiva, cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local de morada dos seres humanos e, mais do que isso, é o meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas cotidianamente, proporcionando novas leituras à medida que a compreensão do mundo se modifica. Portanto, se consideramos apenas algumas das várias definições existentes, podemos perceber que o conceito em questão possui várias visões conflitantes entre si. O que, no entanto, pode ser estabelecido como consenso é que o espaço geográfico representa a intervenção do homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, dependendo da abordagem, pode também ser um produtor) das relações humanas e suas práticas sobre o substrato natural. Se ao longo de um rio, por exemplo, constrói-se uma ponte, estamos provocando a alteração das paisagens locais, o que representa a expressão do espaço geográfico. Se em uma cidade adotam-se medidas de revitalização de áreas degradadas, temos aí a transformação do espaço. Portanto, tudo o que é construído pelo homem é, notadamente, geográfico: hidrelétricas, cidades, campos agrícolas, sistemas de irrigação, entre outros elementos, são as construções mais visíveis do espaço geográfico. Quando observamos um lugar, podemos descrever os elementos que formam a paisagem deste lugar: florestas, campos, indústrias, vilas etc., no entanto, para que a paisagem possa ser vista como dado geográfico, temos que estabelecer as relações econômicas e sociais, responsáveis pelo retrato de um lugar no espaço geográfico (a paisagem). Como consequência, as paisagens modicam-se, conforme as relações econômicas e sociais que ocorrem nesse espaço. A região é a busca por fragmentos do espaço geográfico que apresentam internamente características semelhantes, de acordo, sobretudo, com os critérios e elementos elencados por quem está regionalizando – o processo de Página 9 de 50 http://www.infoescola.com/biografias/immanuel-kant/ http://brasilescola.uol.com.br/geografia/richard-hartshorne.htm http://brasilescola.uol.com.br/geografia/milton-santos.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 13 regionalização é o que dá origem às regiões. Os elementos internos de uma região não são idênticos, mas, quando comparados aos elementos de outra região, percebe-se certa homogeneidade interna. Para se empreender um processo de regionalização, é preciso estabelecer um conjunto de objetivos e critérios segundoos quais o espaço será dividido, podendo esses critérios ser de ordem natural, política, econômica, social, cultural etc. Vários tipos de regionalização para o mesmo espaço podem ser propostos, seguindo objetivos e critérios específicos. Atualmente, o desenvolvimento e a aceleração de uma economia que se tornou mundializada, sobretudo pelos progressos realizados no domínio dos transportes e das comunicações, faz com que nenhum espaço do planeta escape ao processo de globalização e fragmentação, isto é, individualização e regionalização. Sendo assim, as diversas regiões tornam-se resultado da combinação de elementos que agem em diferentes escalas geográficas (local, regional, nacional e mundial) impactando ao mesmo tempo, ou seja, não é possível compreender a regionalização de qualquer espaço sem levar em consideração vetores que acontecem fora dela. A compreensão do termo território não se restringe, à sua situação de conceito geográfico, pois faz parte do uso corrente de outras ciências, em que é adotado com significados diferentes. Portanto, na geografia, o significado de território está relacionado ao domínio social sobre o espaço, que se constitui em relações de poder que derivam da ação combinada do ato de ocupar a área, de utilizá-la e de delimitá-la, ou seja, é o meio geográfico apropriado por uma determinada sociedade e, delimitado por uma ação intencional de fechar o espaço e, assim, torná-lo exclusivo para o grupo que o ocupou. Nem sempre estas relações, que constituem e desfazem os vínculos dos grupos humanos com os seus territórios, são harmoniosas, gerando, ora ou outra, conflitos entre grupos que possuem interesses sobre o mesmo espaço. Da mesma forma que ocorre com as outras categorias espaciais, o território pode ser identificado em vários níveis escalares, como, por exemplo, em escala mundial, nacional, regional e local. As discussões a respeito da territorialidade destacam a possibilidade de que as relações de poder não necessariamente efetivem áreas de ocupação e controle de determinados agentes, em que as fronteiras podem se manifestar instáveis. A territorialidade se mantém associada às relações de poder, de gestão, de controle e se apresenta como tentativa de constituir um território, nem sempre materializável, por meio de fronteiras bem delimitadas. As disputas de grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas nas favelas, as áreas de prostituição em diversas regiões das cidades e as ocupações dos movimentos de trabalhadores sem-terra são exemplos de como a territorialidade pode se constituir. Atualmente, a nova economia mundial, baseada nos avanços dos meios de comunicação e nos meios de transportes, provocou o surgimento das chamadas redes geográficas. Essas redes adquirem cada vez mais importância no contexto atual e são o meio pelo qual se desenvolvem e se manifestam os diferentes tipos de -fluxos, conforme o tipo de rede e de seus nós. O desenvolvimento da tecnologia da informação favoreceu a base material para a expansão das redes em toda estrutura social, a ponto de que a tendência seja que, cada vez mais, a sociedade se organize em forma de redes geográficas materiais e não materiais. Entender o conceito e a materialização dessas diversas redes é precípuo para compreender a organização espacial da economia capitalista em seu estágio atual. A rede urbana é uma forma simples de compreender a organização em redes. Nesse caso, identifica- se uma hierarquia de cidades conforme sua importância socioeconômica, sendo seus nós compostos por cidades globais, metrópoles nacionais, metrópoles regionais, centros regionais, sub-centros regionais e cidades locais. Há uma interligação, a partir dos meios de transportes e comunicação, dos nós da rede urbana, entre os quais se estabelecem -fluxos de mercadorias, pessoas, serviços etc. Quanto maior a qualidade e a quantidade de bens e serviços disponibilizados nesses centros urbanos, maior sua importância na rede. Os conceitos geográficos até aqui discutidos tiveram o objetivo de servir como instrumento para a compreensão do mundo. O estudo dos conceitos não deve, no entanto, ser realizado de forma isolada e esgotar-se em si mesmo, pois somente adquirem real significado quando associados às realidades humanas. Faremos isso ao longo dos nossos estudos. A Terra no espaço O Planeta Terra está situado na via Láctea e faz parte do sistema solar, de todos os planetas integrantes somente a Terra possui temperaturas favoráveis ao desenvolvimento e proliferação da vida, isso por que nosso planeta não é muito quente e nem muito frio. Em circunstâncias normais a temperatura média da Terra é de 15ºC. Página 10 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 14 A Terra é o terceiro planeta a partir do Sol. É o quinto maior e mais massivo dos oito planetas do Sistema Solar, sendo o maior e o mais massivo dos quatro planetas rochosos. Além disso, é também o corpo celeste mais denso do Sistema Solar. A Terra também é chamada de Mundo ou Planeta Azul. Abrigo de milhões de espécies de seres vivos, que incluem os humanos, a Terra é o único lugar no universo onde a existência de vida é conhecida. O planeta formou-se há 4,54 biliões (ou bilhões em português do Brasil) de anos atrás, e as primeiras evidências de vida surgiram um bilião de anos depois. Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, bem como a formação de uma camada de ozono. Esta, em conjunto com o campo magnético terrestre, absorve as ondas do espectro eletromagnético perigosas à vida (raios gama, X e a maior parte da radiação ultravioleta), permitindo assim a vida no planeta. As propriedades físicas do planeta, bem como sua história geológica e sua órbita, permitiram que a vida persistisse durante este período. Acredita-se que a Terra poderá suportar vida durante mais 1,5 biliões de anos. Após este período, o brilho do Sol terá aumentado, aumentando a temperatura no planeta, tornando o suporte da biosfera insuportável. A crosta terrestre é dividida em vários segmentos rígidos, chamados de placas tectónicas, que migram gradualmente ao longo da superfície terrestre com o tempo. Cerca de 71% da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada, consistindo os restantes 29% em continentes e ilhas. A água no estado líquido, necessária para a manutenção da vida como se conhece, não foi descoberta em nenhum outro corpo celeste no universo. O interior da Terra permanece ativo, com um manto espesso relativamente sólido, um núcleo externo líquido, e um núcleo interno sólido, composto primariamente de ferro e níquel. A Terra interage com outros objetos no espaço, incluindo o Sol e a Lua. No presente, a Terra orbita o Sol uma vez para cada 366,26 rotações. Isto é o chamado ano sideral, que equivale a 365,26 dias solares. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4°, em relação ao seu plano orbital, produzindo as estações do ano. A Lua é o único satélite natural conhecido da Terra, orbitando o planeta há já 4,53 bilhões de anos. A Lua é a responsável pelas marés, e estabiliza a inclinação do eixo terrestre, além de diminuir gradualmente a rotação do planeta. Há cerca de 4,1 a 3,8 bilhões de anos atrás, durante o intenso bombardeio tardio, impactos de asteroides causaram mudanças significativas na superfície terrestre. Os recursos minerais da Terra, em conjunto com os produtos da biosfera, fornecem recursos que são utilizados para suportar uma população humana em escala global. Os habitantes da Terra estão agrupados em cerca de 200 estados soberanos, que interagem entre si. A estrutura da Terra O interior da Terra, assim como o interior de outros planetas telúricos, é divididopor critérios químicos numa camada externa de silício, denominada crosta, um manto altamente viscoso, e um núcleo que consiste numa porção sólida envolvida por uma pequena camada líquida. Esta camada líquida dá origem a um campo magnético devido à convecção de seu material, eletricamente condutor. O material do interior da Terra encontra frequentemente a possibilidade de chegar à superfície, através de erupções vulcânicas e fendas oceânicas. Grande parte da superfície terrestre é relativamente nova, tendo menos de 100 milhões de anos; as partes mais velhas da crosta terrestre têm até 4,4 mil milhões de anos. As camadas terrestres, a partir da superfície são: Crosta (de 0 a 30/35 km) Litosfera (de 0 a 60,2 km) Astenosfera (de 100 a 700 km) Manto (de 60 a 2900 km) Núcleo externo (líquido - de 2900 a 5100 km) Núcleo interno (sólido - mais de 5100 km) No seu todo, a Terra possui, aproximadamente, a seguinte composição em massa: • 34,6% de Ferro; • 30,2% de Oxigénio; • 15,2% de Silício; • 12,7% de Magnésio; • 2,4% de Níquel; • 1,9% de Enxofre; • 0,05% de Titânio. O interior da Terra atinge temperaturas de 5.270 K. O calor interno do planeta foi gerado inicialmente durante sua formação, e calor adicional é constantemente gerado pelo decaimento de elementos radioativos como urânio, tório e potássio. O fluxo de calor do interior para a superfície é pequeno se comparado à energia recebida pelo Sol (a razão é de 1/20 000). Página 11 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 15 Núcleo A massa específica média da Terra é de 5,515 toneladas por metro cúbico, fazendo dela o planeta mais denso no Sistema Solar. Uma vez que a massa específica do material superficial da Terra é apenas cerca de 3000 quilogramas por metro cúbico, deve-se concluir que materiais mais densos existem nas camadas internas da Terra (devem ter uma densidade de cerca de 8.000 quilogramas por metro cúbico). Em seus primeiros momentos de existência, há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra era formada por materiais líquidos ou pastosos, e devido à ação da gravidade os objetos muito densos foram sendo empurrados para o interior do planeta (o processo é conhecido como diferenciação planetária), enquanto que materiais menos densos foram trazidos para a superfície. Como resultado, o núcleo é composto em grande parte por ferro (80%), e de alguma quantidade de níquel e silício. Outros elementos, como o chumbo e o urânio, são muitos raros para serem considerados, ou tendem a se ligar a elementos mais leves, permanecendo então na crosta. O núcleo é dividido em duas partes: o núcleo sólido, interno e com raio de cerca de 1.250 km, e o núcleo líquido, que envolve o primeiro. O núcleo sólido é composto, segundo se acredita, primariamente por ferro e um pouco de níquel. Alguns argumentam que o núcleo interno pode estar na forma de um único cristal de ferro. Já o núcleo líquido deve ser composto de ferro líquido e níquel líquido (a combinação é chamada NiFe), com traços de outros elementos. Estima-se que realmente seja líquido, pois não tem capacidade de transmitir certas ondas sísmicas. A convecção desse núcleo líquido, associada a agitação causada pelo movimento de rotação da Terra, seria responsável por fazer aparecer o campo magnético terrestre, através de um processo conhecido como teoria do dínamo. O núcleo sólido tem temperaturas muito elevadas para manter um campo magnético (veja temperatura Curie), mas provavelmente estabiliza o campo magnético gerado pelo núcleo líquido. Evidências recentes sugerem que o núcleo interno da Terra pode girar mais rápido do que o restante do planeta, a cerca de 2 graus por ano. Tanto entre a crosta e o manto como entre o manto e o núcleo existem zonas intermediárias de separação, as chamadas descontinuidades. Manto O manto estende-se desde cerca de 30 km e por uma profundidade de 2900 km. A pressão na parte inferior do mesmo é da ordem de 1,4 milhões de atmosferas. É composto por substâncias ricas em ferro e magnésio. Também apresenta características físicas diferentes da crosta. O material de que é composto o manto pode apresentar-se no estado sólido ou como uma pasta viscosa, em virtude das pressões elevadas. Porém, ao contrário do que se possa imaginar, a tendência em áreas de alta pressão é que as rochas se mantenham sólidas, pois assim ocupam menos espaço físico do que os líquidos. Além disso, a constituição dos materiais de cada camada do manto tem seu papel na determinação do estado físico local. O manto superior pode deslocar-se vagarosamente. As temperaturas do manto variam de 100 graus Celsius (na parte que faz interface com a crosta) até 3500 graus Celsius (na parte que faz interface com o núcleo). Crosta A crosta (que forma a maior parte da litosfera) tem uma extensão variável de acordo com a posição geográfica. Em alguns lugares chega a atingir 70 km, mas geralmente estende-se por aproximadamente 30 km de profundidade. É composta basicamente por silicatos de alumínio. A superfície terrestre O terreno da superfície terrestre varia significativamente de região para região. Cerca de 70,8% da superfície terrestre é coberta por água, com muito da plataforma continental localizado abaixo do nível do mar. A superfície submergida possui características montanhosas, incluindo um sistema dorsal oceânica global, bem como vulcões oceânicos, fossas oceânicas, vales oceânicos, planaltos oceânicos e planícies abissais. Os 29,2% restantes não coberto por água consistem de montanhas, desertos, planícies, planaltos e outras geomorfologias. O formato da superfície da Terra muda gradualmente ao longo de períodos geológicos, devido aos efeitos da erosão e das placas tectónicas. Características geológicas criadas ou deformadas pelas placas tectónicas estão sujeitos a condições tais como precipitação, ciclos termais e efeitos químicos, bem como a geleiras, erosão litoral, recifes de corais e impactos de grandes meteoritos, que constantemente modelam o terreno da superfície terrestre. A pirosfera é a camada mais externa da Terra que é composta por solo, e é sujeita a piogênese. A pirosfera é modelada através da interação da litosfera, da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. No presente, cerca de 13,31% da superfície de terra firme do planeta é arável, com apenas 4,71% de área cultivável permanentes. Cerca de 40% da terra firme é utilizada para a agricultura e a pastagem dos animais, com 3,4×107 km² utilizados como pastagens e 1,3×107 km² utilizados como terrenos agrícolas. As elevações dos terrenos em terra firme variam a um mínimo de -418 m no Mar Morto para 8848 m no topo do Monte Evereste. A altura média da superfície localizada acima do nível do mar é de 840 m. A formação do planeta Terra O planeta poderá ter-se formado pela agregação de poeira cósmica em rotação, aquecendo-se depois, por meio de violentas reações químicas. O aumento da massa agregada e da gravidade catalisou impactos de corpos maiores. Essa mesma força gravitacional possibilitou a retenção de gases constituindo uma atmosfera primitiva. Os processos de formação do planeta Terra são a careçam, diferenciação e desintegração radioativa. O envoltório atmosférico Página 12 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 16 primordial atuou como isolante térmico, criando o ambiente na qual se processou a fusão dos materiais terrestres. Os elementos mais densos e pesados, como o ferro e o níquel, migraram para o interior; os mais leves localizaram-se nas proximidades da superfície. Dessa forma, constituiu-se a estrutura interna do planeta, com a distinção entre o núcleo, manto e crosta (litosfera). O conhecimento dessa estruturadeve-se à propagação de ondas sísmicas geradas pelos terremotos. Tais ondas, medidas por sismógrafos, variam de velocidade ao longo do seu percurso até a superfície, o que prova que o planeta possui estrutura interna heterogénea, ou seja, as camadas internas possuem densidade e temperatura distintas. A partir do arrefecimento superficial do magma, consolidaram-se as primeiras rochas, chamadas magmáticas ou ígneas, dando origem a estrutura geológica denominados escudos cristalinos ou maciços antigos. Formou-se, assim, a litosfera ou crosta terrestre. A libertação de gases decorrente da volatizarão da matéria sólida devido a altas temperaturas e também, posteriormente, devido ao resfriamento, originou a atmosfera, responsável pela ocorrência das primeiras chuvas e pela formação de lagos e mares nas áreas rebaixadas. Assim, iniciou-se o processo de intemperismo (decomposição das rochas) responsável pela formação dos solos e consequente início da erosão e da sedimentação. As partículas minerais que compõem os solos, transportados pela água, dirigiram-se, ao longo do tempo, para as depressões que foram preenchidas com esses sedimentos, constituindo as primeiras bacias sedimentares (bacias sedimentares são depressões da crosta, de origem diversa, preenchidas, ou em fase de preenchimento, por material de natureza sedimentar), e, com a sedimentação (compactação), as rochas sedimentares. No decorrer desse processo, as elevações primitivas (pré-cambrianas) sofreram enorme desgaste pela ação dos agentes externos, sendo gradativamente rebaixadas. Hoje, apresentam altitudes modestas e formas arredondadas pela intensa erosão, constituindo as serras conhecidas no Brasil como serras do Mar, da Mantiqueira, do Espinhaço, e, em outros países, os Montes Apalaches (EUA), os Alpes Escandinavos (Suécia e Noruega), os Montes Urais (Rússia), etc. Os escudos cristalinos ou maciços antigos apresentam disponibilidade de minerais metálicos (ferro, manganês, cobre), sendo por isso, bastante explorados economicamente. Nos dobramentos terciários podem haver qualquer tipo de minério. O carvão mineral e o petróleo são frequentemente encontrados nas bacias sedimentares. Já os dobramentos modernos são os grandes alinhamentos montanhosos que se formaram no contato entre as placas tectónicas em virtude do seu deslocamento a partir do período Terciário da era Cenozoica, como os Alpes (sistema de cordilheiras na Europa que ocupa parte da Áustria, Eslovénia, Itália, Suíça, Liechtenstein, Alemanha e França), os Andes (a oeste da América do Sul), o Himalaia (norte do subcontinente indiano), e as Montanhas Rochosas. Rotação e translação, dias e noites e as estações do ano Embora pareça que o Planeta Terra permaneça sempre imóvel, ele, assim como os outros planetas do Sistema Solar, realiza vários movimentos. Os dois principais movimentos realizados pela Terra são: rotação e translação. Vale ressaltar que estes dois movimentos ocorrem simultaneamente. Movimento de rotação É o movimento que a Terra faz em volta de seu próprio eixo. É um movimento feito no sentido anti-horário, ou seja, de oeste para leste. Por isso, o Sol parece nascer no Leste e se pôr no Oeste (esta posição varia no decorrer do ano, por isso não é uma posição fixa). O movimento completo tem a duração de 23 horas e 56 minutos. Graças ao movimento de rotação, existe o dia e a noite. Enquanto a superfície de metade do nosso planeta fica voltada para o Sol temos o dia nesta parte (com presença da luz solar). Já a noite ocorre quando a outra parte do planeta não recebe a luz solar, ficando no escuro. Movimento de Translação É o movimento que o Planeta Terra faz ao redor do Sol. Chamado de órbita terrestre, este movimento é elíptico (forma de elipse). A translação completa tem a duração de 365 dias, 5 horas e, aproximadamente, 48 minutos. Chamamos de ano a volta completa que nosso planeta dá ao redor do Sol. A velocidade da Terra neste movimento é de 107 mil quilômetros por hora. Outros movimentos - Mutação: oscilação pequena e periódica no eixo de rotação da Terra. É gerada pela força de atração gravitacional entre a Lua e o Sol com a Terra. Este movimento tem um ciclo de 18,6 anos. - Revolução: deslocamento no nosso planeta em relação ao centro da Via Láctea. - Precessão dos Equinócios: lenta mudança na direção do eixo de rotação da Terra. É exercida pelas forças da maré da Lua e Sol sobre a protuberância equatorial da Terra. Não se sabe exatamente quando o ser humano descobriu que a Terra é esférica. Os antigos gregos, observando a sombra da Terra sobre a Lua durante os eclipses, já tinham certeza da esfericidade de nosso planeta. O desaparecimento progressivo das embarcações que se distanciavam no horizonte do mar também fornecia argumentos aos defensores dessa ideia. Erastóstenes (276 a.C.-194 a.C.), astrônomo e matemático grego, foi o primeiro a calcular, há mais de 2 mil anos, com uma precisão impressionante, a circunferência da Terra. Página 13 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 17 A diferença entre a circunferência calculada por Erastóstenes (40 000 quilômetros) e a determinada hoje, com o auxílio de métodos muito mais precisos (40 075 quilômetros, no equador), como se vê, é bem pequena. A esfericidade de nosso planeta é responsável pela existência das diferentes zonas climáticas (polares, temperadas e tropicais), porque os raios solares atingem a Terra com diferentes inclinações e intensidades. Próximo ao equador, os raios solares incidem perpendicularmente sobre a superfície terrestre, porém, quanto mais nos afastamos dessa linha, mais inclinada é essa incidência. Consequentemente, a mesma quantidade de energia se distribui por uma área cada vez maior, diminuindo, portanto, sua intensidade. Esse fato torna as temperaturas progressivamente mais baixas à medida que nos aproximamos dos polos. O eixo da Terra é inclinado em relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol (movimento de translação). Uma consequência desse fato é a ocorrência das estações do ano. Em 21 ou 22 de dezembro, o hemisfério sul recebe os raios solares perpendicularmente ao trópico de Capricórnio; dizemos, então, que está ocorrendo o solstício de verão. O solstício (do latim solstitium, ‘Sol estacionário’) define o momento do ano em que os raios solares incidem perpendicularmente ao trópico de Capricórnio, dando início ao verão no hemisfério sul. Depois de incidir nessa posição, parecendo estacionar por um momento, o Sol inicia seu movimento em direção ao norte. Esse mesmo instante marca o solstício de inverno no hemisfério norte, onde os raios estão incidindo com inclinação máxima. Seis meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quando metade do movimento de translação já se completou, as posições se invertem: o trópico de Câncer passa a receber os raios solares perpendicularmente (solstício), dando início ao verão no hemisfério norte e ao inverno no. Em 20 ou 21 de março e em 22 ou 23 de setembro, os raios solares incidem sobre a superfície terrestre perpendicularmente ao equador. Dizemos então que estão ocorrendo os equinócios (do latim aequinoctium, ‘igualdade dos dias e das noites’), ou seja, os hemisférios estão iluminados por igual. Nesses momentos, iniciam-se, respectivamente, o outono e a primavera no hemisfério sul, ocorrendo o inverso no hemisfério norte. O dia e a hora do início dos solstícios e dos equinócios mudam de ano para ano; consequentemente, a duração de cada estação também varia. Os raios solares só incidem perpendicularmente em pontos localizados entre os trópicos (a chamada zona tropical), que, por isso, apresentam temperaturas mais elevadas. Nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares) e polares, o Sol nunca ficaa pino, porque os raios sempre incidem obliquamente. Outra consequência da inclinação do eixo terrestre, associada ao movimento de rotação da Terra, é a desigual duração do dia e da noite ao longo do ano. Nos dois dias de equinócio, quando os raios solares incidem perpendicularmente ao equador, o dia e a noite têm 12 horas de duração em todo o planeta, com exceção dos polos, que têm 24 horas de crepúsculo. No dia de solstício de verão, ocorrem o dia mais longo e a noite mais curta do ano no respectivo hemisfério; já no solstício de inverno, acontecem a noite mais longa e o dia mais curto. Coordenadas geográficas: paralelos, meridianos latitude, longitude e fusos horários Os paralelos e meridianos são linhas imaginárias traçadas para definir cartograficamente os diferentes pontos da Terra. A principal função dessas linhas é estabelecer as latitudes e as longitudes para assim precisar as coordenadas geográficas dos diferentes lugares do planeta. Trata-se, portanto, de círculos ou semicírculos que circundam a Terra nos sentidos norte- sul e Leste-Oeste. Os paralelos são os eixos que circundam imaginariamente o planeta no sentido horizontal. A partir deles, são medidas, em graus, as latitudes, que variam de -90º a 0º para o sul e de 0º a 90º para o norte. Existem alguns paralelos “especiais”, como é o caso da Linha do Equador. Essa linha imaginária possui o mérito de possuir uma igual distância em relação aos dois polos do planeta. Desse modo, tudo que está acima dela representa o hemisfério norte, também chamado de boreal ou setentrional, e tudo o que está abaixo representa o hemisfério sul, também chamado de austral ou meridional. O Equador também é importante por ser a zona da Terra que mais recebe os raios solares no sentido perpendicular, quando eles são mais fortes. Existem outros importantes paralelos: os trópicos. O Trópico de Câncer, localizado ao norte na latitude de 23º 27º (23 graus e 27 minutos), é a linha que indica o limite máximo em que os raios solares incidem verticalmente sobre a Terra durante os solstícios. Página 14 de 50 http://brasilescola.uol.com.br/geografia/coordenadas-geograficas.htm Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 18 O Trópico de Capricórnio, por sua vez, possui a mesma função em relação ao hemisfério sul, com latitude de - 23º27'. Os meridianos representam as linhas imaginárias traçadas verticalmente sobre o globo terrestre. Nesse sentido, ao contrário do que acontece com a Linha do Equador, não existe uma zona de iluminação mais acentuada, não havendo, portanto, um “centro” da Terra. Eles são utilizados para medir as longitudes, que variam de -180º a 0º a oeste e de 0º a 180º a leste. No final do século XIX, por convenção, foi criado o Meridiano de Greenwich, com longitude de 0º. Esse meridiano divide a Terra no sentido vertical, originando, dessa forma, o hemisfério leste ou oriental, com longitudes positivas, e o hemisfério oeste ou ocidental, com longitudes negativas. O Meridiano de Greenwich “corta” a cidade de Londres ao meio, representando, de certa forma, a visão de mundo na época de seu estabelecimento, nitidamente eurocêntrica, ou seja, com a Europa colocada no cerne principal do mundo. Acrescenta-se a isso a função dos meridianos em relação aos fusos horários, igualmente contados a partir de Greenwich. Assim, dividiram-se 24 eixos (12 a leste e 12 a oeste), em que cada um representa a alteração de uma hora em relação ao meridiano mencionado, com horários somados quando se desloca para o leste e diminuídos quando se desloca para o oeste. Coordenadas Geográficas são linhas imaginárias que cortam o planeta Terra nos sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na superfície terrestre. As distâncias das coordenadas geográficas são medidas em graus, minutos e segundos. Um grau corresponde a 60 minutos, e um minuto corresponde a 60 segundos. Dessa maneira, temos dois tipos de coordenadas geográficas: - Latitude: São as linhas que tracejam a Terra no sentido horizontal, também conhecidas como paralelas. O círculo máximo da esfera terrestre, na horizontal, é chamado de Equador. O Equador corresponde à latitude 0°, dividindo o planeta em hemisférios Norte e Sul. As latitudes variam de 0 a 90°, tanto ao Norte quanto ao Sul. A latitude, além de servir para localização geográfica, é uma variável importante para estudar os tipos de clima da Terra, pois a incidência de raios solares no planeta é maior nos lugares com latitudes menores, isto é, mais próximas à linha do Equador. - Longitude: São as coordenadas geográficas que cortam a Terra no sentido vertical, também conhecidas como Meridianos. A distância das longitudes varia de 0° a 180°, nos sentidos Leste e Oeste. Como padronização internacional, adotou-se o Meridiano de Greenwich como ponto de partida, a longitude de 0°. Assim, tal meridiano divide a Terra em Ocidental (a Oeste) e oriental (a leste). Foi a partir das longitudes que se criaram os fusos horários. Todos os meridianos se encontram e se cruzam nos polos Norte e Sul. Por causa do movimento de rotação da Terra, em um mesmo momento, diferentes pontos longitudinais da superfície do planeta têm horários diversos. Para adotar um sistema internacional de marcação do tempo foram criados os fusos horários. Dividindo-se os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de duração aproximada do movimento de rotação 3, resultam 15 graus. Portanto, a cada 15 graus que a Terra gira, passa-se uma hora, e cada uma dessas 24 divisões recebe o nome de fuso horário. Observe a figura. Em 1884, 25 países se reuniram na Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington, capital dos Estados Unidos. Nesse encontro ficou decidido que as regiões situadas num mesmo fuso adotariam o mesmo horário. Foi também acordado pela maioria dos delegados dos países participantes (a República Dominicana votou contra, a França e o Brasil se abstiveram) que o meridiano de Greenwich seria a linha de referência para definir as longitudes e acertar os relógios em todo o planeta. Para estabelecer os fusos horários, definiu-se o seguinte procedimento: o fuso de referência se estende de 7º30’ para leste a 7º30’ para oeste do meridiano de Greenwich, o que totaliza uma faixa de 15 graus. Portanto, a longitude na qual termina o fuso seguinte a leste é 22º30’ E (e, para o fuso correspondente a oeste, 22º30’ W). Somando continuamente 15º a essas longitudes, obteremos os limites teóricos dos demais fusos do planeta. As horas mudam, uma a uma, à medida que passamos de um fuso a outro. No entanto, como as linhas que os delimitam atravessam várias unidades político-administrativas, os países fizeram adaptações estabelecendo, assim, os limites práticos dos fusos, na tentativa de manter, na medida do possível, um horário unificado num determinado território. No caso dos fusos teóricos, bastaria, para se determinar a diferença de horário entre duas localidades, saber a distância Leste-Oeste entre elas, Página 15 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 19 em graus, e dividi-la por 15 (medida de cada fuso). Porém, com a adoção dos limites práticos, em alguns locais os fusos podem medir mais ou menos que os tradicionais 15º. Observe o mapa da página ao lado. O mapa-múndi de fusos mostra que as horas aumentam para leste e diminuem para oeste, a partir de qualquer referencial adotado. Isso ocorre porque a Terra gira de oeste para leste. Como o Sol nasce a leste, à medida que nos deslocamos nessa direção, estamos indo para um local onde o Sol nasce antes; portanto nesse lugar as horas estão “adiantadas” em relação ao localde onde partimos. Quando nos deslocamos para oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um local onde o Sol nasce mais tarde; logo, nesse lugar as horas estão “atrasadas” em relação ao nosso ponto de partida. Além da mudança das horas, tornou-se necessário definir também um meridiano para a mudança da data no mundo. Na Conferência de 1884 ficou estabelecido que o meridiano 180º, conhecido como antimeridiano porque está exatamente no extremo oposto a Greenwich, seria a Linha Internacional de Mudança de Data (ou simplesmente Linha de Data). O fuso horário que tem essa linha como meridiano central tem uma única hora, como todos os outros, entretanto em dois dias diferentes. A metade situada a oeste desta linha estará sempre um dia adiante em relação à metade a leste. Com isso, ao se atravessar a Linha de Data indo de leste para oeste é necessário aumentar um dia. Por exemplo, numa hipotética viagem de São Paulo (Brasil) para Tóquio (Japão) via Los Angeles (Estados Unidos), um avião partiu às 19 horas de um domingo e entrou no fuso horário da Linha de Data às 10 horas desse mesmo dia; imediatamente após cruzar essa linha, ainda no mesmo fuso, continuarão sendo 10 horas, mas do dia seguinte, uma segunda- -feira (identifique essa rota no mapa acima). Ao contrário, a viagem de volta será de oeste para leste e quando o avião cruzar a Linha de Data deve-se diminuir um dia. Esse exemplo pode causar certa estranheza: estamos acostumados a observar, no planisfério centrado em Greenwich, o Japão situado a leste, mas como o planeta é esférico, podemos ir a esse país voando para oeste. Como observamos no mapa de fusos horários, a partir do meridiano de Greenwich, as horas vão aumentando para leste e diminuindo para oeste. Entretanto, diversamente do que muitas vezes se pensa, ao atravessar a Linha de Data indo para leste deve-se diminuir um dia e, ao contrário, para oeste, aumentar um dia. Mapas e seus elementos O mapa é uma das mais antigas formas gráficas de comunicação, precedendo a própria escrita. Na história humana, parafraseando Paulo Freire, a leitura do mundo (e sua representação gráfica) precedeu a leitura da palavra. Mesmo hoje, a leitura do mundo, em sentido amplo, muitas vezes precede a leitura de textos escritos sobre ele. Em Geografia, como vimos na introdução, a observação da paisagem é o primeiro procedimento para a compreensão do espaço geográfico, seguido do registro do que foi observado – daí a importância do mapa. Em um mapa, os elementos que compõem o espaço geográfico são representados por pontos, linhas, texturas, cores e textos, ou seja, são usados símbolos próprios da Cartografia. Diante da complexidade do espaço geográfico, algumas informações são sempre priorizadas em detrimento de outras. Seria impossível representar todos os elementos – físicos, econômicos, humanos e políticos – num único mapa. Seu objetivo fundamental é permitir o registro e a localização dos elementos cartografados é facilitar a orientação no espaço geográfico. Portanto, qualquer mapa será sempre uma simplificação da realidade para atender ao interesse do usuário. Além das coordenadas geográficas ou alfanuméricas (localização) e da indicação do Norte (orientação), que vimos no capítulo anterior, um mapa precisa ter: • Título, que nos informa quais são os fenômenos representados; • Legenda, que nos mostra o significado dos símbolos utilizados; • Escala, que indica a proporção entre a representação e a realidade e permite calcular as distâncias no terreno a partir de medidas feitas no mapa. Os primeiros mapas eram modelados em pedra ou argila. Depois passaram a ser desenhados em tecido, couro, pergaminho ou papiro. Com a invenção da imprensa, começaram a ser gravados em originais de pedra ou metal e em seguida impressos em papel. Hoje, Página 16 de 50 Escola CENED – EJA: Ensino Fundamental e Médio – Cursos Técnicos de Nível Médio pág. 20 são processados em computador e podem ser analisados diretamente na tela. O aprimoramento dos satélites e dos computadores permitiu grandes avanços nas técnicas de coleta, processamento, armazenamento e representação de informações da superfície terrestre, causando grande impacto nos processos de elaboração de mapas e nos conceitos da Cartografia. Numa conceituação de 1994, Fraser Taylor, professor do Departamento de Geografia e Estudos Ambientais da Universidade Carleton, em Ottawa (Canadá), considerou que esses recentes avanços tecnológicos já foram incorporados pela Cartografia, definida por ele como a “disciplina que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização da desinformação nas formas gráfica, digital ou tátil”. Os mapas podem ser classificados em topográficos (ou de base) e temáticos. Num mapa topográfico, procura- se representar a superfície terrestre o mais próximo possível da realidade, dentro das limitações impostas pela escala pequena. Já numa carta topográfica, feita em escala média ou grande, há mais precisão entre a representação e a realidade. Na carta topográfica, as variáveis da superfície da Terra são representadas com maior grau de detalhamento e a localização é mais precisa. Isso torna possível identificar a posição planimétrica – fenômenos geográficos representados no plano, na horizontal: cidades, campos agrícolas, florestas, etc. – e a altimetria – representação vertical, altitude do relevo – de alguns elementos visíveis do espaço. Mapas e cartas topográficas são resultantes de levantamentos sistemáticos feitos por órgãos governamentais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do governo federal, o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), do governo do estado de São Paulo, o Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), do governo do estado do Paraná, ou por empresas privadas. Os mapas topográficos servem de base para outras representações de temas selecionados da realidade: os mapas temáticos. Os mapas temáticos contêm informações selecionadas sobre determinado fenômeno ou tema do espaço geográfico: naturais – geologia, relevo, vegetação, clima, etc. – ou sociais – população, agricultura, indústrias, urbanização, etc. Inicialmente é importante fazer uma distinção entre escala geográfica e escala cartográfica, embora haja uma correspondência entre elas. A primeira define a escala da análise geográfica, o recorte espacial. Uma análise do espaço geográfico pode ser feita em escala local, estadual, regional, nacional, continental ou mundial. A segunda define a escala de representação, ou seja, indica a relação entre o tamanho dos objetos representados na planta, carta ou mapa e o tamanho deles na realidade. A seguir, ao estudarmos a escala cartográfica e suas relações matemáticas, vamos perceber sua permanente relação com a escala geográfica. Por exemplo, a análise de fenômenos em escala local necessita de plantas em escala grande, já a análise de fenômenos mundiais exige mapas em escala pequena. Para a representação da realidade no mapa ou na planta, é necessário estabelecer uma correspondência entre as dimensões dos objetos representados e as do papel. Essa relação é feita por meio de uma escala cartográfica, que expressa quanto os elementos do espaço foram reduzidos para caberem em uma folha de papel ou tela de computador (veja indicação de sites, no final do capítulo, nos quais é possível observar representações em diversas escalas). Por exemplo, é impossível encontrarmos uma rua de qualquer cidade brasileira em um mapa-múndi ou no mapa político do Brasil (a escala utilizada nessa representação – 1: 37 000 000 – é pequena, nela até mesmo uma metrópole se torna apenas um ponto;). Para representar uma rua, é preciso usar uma escala grande, na qual seja possível visualizar os quarteirões, como a de 1: 10 000 Representações
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