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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSOR Esp. Hernandes Vieira Garcia Princípios de Sistema de Comunicação https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12627 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. GARCIA, Hernandes Vieira. Princípios de Sistema de Comunicação. Hernandes Vieira Garcia. Maringá - PR: Unicesumar, 2021. 352 p. ISBN: 978-65-5615-705-4 “Graduação - EaD”. 1. Modulação Angular 2. Sistema de Comunicação 3. Onda Eletromagnéticas. EaD. I. Título. Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin Designer Educacional Daniele Bellese dos Santos Curadoria Rafaela Benan Revisão Textual Carla Cristina Farinha Editoração Adrian Marçareli dos Santos; Lucas Pinna Silveira Lima Ilustração Eduardo Aparecido Alves; Geison Odlevati Ferreira Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel; Matheus Alexander de Oliveira Guandalini Fotos Shutterstock. CDD - 22 ed. 30.2 Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Hernandes Vieira Garcia Quando criança, tinha uma admiração muito grande por quadri- nhos e séries, como Star Trek, ficção científica me impressionava muito. Por volta dos 15 anos, eu e alguns amigos andávamos cerca de dez quilômetros para irmos a uma loja chamada HM (Hermes Macedo). Nessa loja, havia um computador que a loja disponibilizava para atrair o público, pois era uma novidade na época. Ninguém se interessava e a loja permitia que usássemos a máquina o dia todo. Aprendi a programar e, mais tarde, em um laboratório de informática, pude abrir um computador e analisar o que estava por trás de tudo. Quando abri, vi, apenas, uma placa fina com algumas pedrinhas pretas e fiquei impressionado e, ao mesmo tempo, decepcionado, pois como tão pouco poderia fazer tudo aquilo. Minha curiosidade me levou a estudar elétrica e eletrô- nica, que me direcionou às Telecomunicações e às Redes de Computadores e, de volta, à tecnologia da Informação. Fiquei muito preocupado quando me pediram para falar, aqui, um pouco sobre meus hobbies, porque, na verdade, acho que eles acabaram virando minha profissão e se confundem a todo instante. Atualmente, li em um livro de um jornalista ame- ricano, chamado Philip Yancey, que dizia que o ser humano é reducionista e, para entender as coisas, ele desmonta e reduz em pedaços. Acredito que, no início, eu era muito assim: um reducionista por natureza. Porém, com o tempo, eu entendi que https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9511 meu verdadeiro fascínio era pela ciência e, apesar das divisões feitas pelos estudiosos, tudo se conecta e faz parte de um todo muito maior. Não adianta você se fechar em uma única área e perder oportunidades. Trabalhei em várias empresas envolvendo tecnologia, como Telepar, Cocamar, Cetil Informática, Indústria eletroeletrônica e Copel (Companhia Paranaense de Energia), fui instrutor do Senai e Professor da Unicesumar e acabei percebendo que uma técnica utilizada em uma área pode oferecer soluções de problemas em outra. Atualmente, tenho uma empresa chamada Fibersoft Sistemas, responsável pelo desenvolvimento de sistemas no segmento de operadores de Telecomunicação. Hoje, costumo dizer que Deus foi muito bom comigo, tive três filhos: Lucas, Fernanda e João, todos maiores de idade, tive muitos “protegidos”, alunos e estagiários, com os quais pude par- tilhar um pouco de conhecimento e de vida. Sou muito família e grato à minha esposa, Silvana, que me apoiou e, ainda, apoia-me nessa longa jornada, nesse mundo incrível a ser explorado, feito pelo maior dos engenheiros. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/3005080117663998 PRINCÍPIOS DE SISTEMA DE COMUNICAÇÃO Imagine você, nesse exato momento, lendo seu livro de Princípios de Sistema de Comunicação, à noite, em um local que, provavelmente, existe consumo de energia elétrica entregue por uma distribuidora de energia. Você pode se adiantar e dizer: “tudo bem, professor, mas estou em uma praça, lendo o livro em um local sem computadores e smarthphone, não existe nenhum meio de comunicação aqui, apenas, iluminação pública, o que Telecomunicações teria a ver com isso agora?” Na história do mundo, muitas tentativas de comunicações, a longa distância, foram feitas. Desde sinais de fumaça, espelhos e sinais visuais até a invenção do telégrafo com o código Morse, que foi um divisor de águas. Embora desacreditado de início e o governo ter recusado o invento, Morse não se deu por derrotado e abriu uma empresa de telecomunicações para poder explorar, comercialmente, sua invenção. Foi o início das comunicações usando eletricidade. Mais tarde, com a invenção do telefone, foi criado todo um sistema, que passou a ser a base das comunicações no mundo, sendoacessível não só a empresas, mas à maioria das pessoas. Então, talvez, você não tenha refletido ainda, mas, nos dias atuais, essa malha de comunicação elétrica, às vezes, passa desapercebida pela maioria das pessoas do mundo. Ela vem de várias for- mas em um “pano de fundo” necessário e torna possível disponibilizar outros tipos de tecnologias, que acabam sendo o foco do consumo. Ela está presente em inúmeros serviços que hoje utilizamos, servindo de suporte ou, até mesmo, como o meio principal para fornecimento da tecnologia. Sugiro que você faça o seguinte experimento: tente anotar, em uma planilha, durante as ativida- des do seu dia a dia (não, apenas, dentro de sua casa, mas no trabalho, no mercado, no posto de gasolina etc.), quantos serviços que são disponibilizados através de telecomunicações e, ainda, tente identificar e relacionar o tipo de tecnologia de telecomunicações que está sendo utilizado. Talvez, você precise perguntar, converse um pouco, vai ser uma experiencia interessante. Você poderá ver que a infraestrutura será diversa com fibras ópticas ponto a ponto, redes ópticas passivas, radio- frequências, pares metálicos, satélite, redes moveis, PLC (Power Line Communication), entre outras. Diante do experimento anterior, acredito que você tenha ficado surpreso(a) com tantas coisas do seu dia a dia que dependem das telecomunicações. Nesse contexto, em relação ao exemplo que citei, em que você estava inserido em uma praça, com, apenas, o consumo de energia elétrica, a telecomunicação, também, está inserida por trás, como um “pano de fundo”. Você sabia que a comunicação é uma peça fundamental para que o Sistema Elétrico funcione? Na verdade, Telecomu- nicações é utilizada tanto na Geração como na Transmissão e Distribuição no SEP (Sistema Elétrico de Potência). Por exemplo, na origem do Sistema Elétrico, para que sua geração opere de forma confiável, o sistema precisa ser retroalimentado com informações sobre o consumo instantâneo para que seja gerada a potência, conforme a necessidade de consumo, nem mais, nem menos. Trabalhei em uma Concessionária de Energia e, lá, tínhamos uma área específica de telecomunicações, justamente para confiabilidade dos canais. Por estes canais, trafegam dados de remotas de supervisão que monitoram o consumo nas subestações de energia em cada cidade, além das automações para controle. O sistema elétrico possui centenas de pontos de supervisão espalhados, o que permite auxiliar o sistema no Controle Automático da Geração. Esta informação, que chega de diversos locais, normalmente, é centralizada no COS (Centro de Operação do Sistema), onde o sistema, dinamicamente, decide, de forma gradual, abrir, ou fechar, mais as comportas das hidroelétricas, aumentando, ou diminuindo, a geração de potência. Gosto de citar aplicações de telecomunicações em concessionárias de energia, porque muitos alunos que vêm para um curso de Engenharia Elétrica tem o conceito de que seu trabalho estará reduzido a conhecimentos relacionados à transmissão, à geração e à distribuição de um SEP. Já ouvi até alunos se perguntando o porquê de aprender eletrônica ou disciplinas relacionadas à Tecnologia da Informação. A Engenharia Elétrica tem sofrido muitas mudanças nas últimas três décadas e o advento de técnicas empregadas com eletrônica, tecnologia da informação e telecomunicações dá vida a no- vos conceitos em uma área que pouco mudava no passado. Hoje, Eletrônica, Sistemas Digitais e Telecomunicações estão, intrinsecamente, engendrados em sistemas elétricos de potência, ficando difícil dizer que essas áreas não fazem parte do cerne da Engenharia Elétrica. Você, porém, não verá Telecomunicações inseridas, apenas, em um SEP. Para aquele que já tem uma visão mais ampla das comunicações elétricas, sabe que ela se faz presente em infinitos setores. Ela fornece orientação para navegação, foguetes e aeronaves, mantém serviços essenciais em operação e, até mesmo, na previsão do tempo que você vê na sua TV. Na Copel, como empresa do governo, mantínhamos canais para algumas remotas do SIMEPAR (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), responsáveis pelos serviços de previsão do tempo, os quais transmitiam informações de diversos sensores espalhados no estado. Quando você está usando a internet em seu celular ou notebook, você não está fazendo uso de, apenas, uma tecnologia. Normalmente, as pessoas dizem “estou usando a INTERNET”, como se fosse uma única tecnologia, mas, por trás, existem diversas especialidades, padrões distintos e hierarquias padronizadas. Os dados gerados passam por diversos equipamentos, como rádio en- laces, fibras ópticas, MUX, cabos metálicos, SDHs, PDHs, roteadores, switchs etc., podendo haver diversas redes determinísticas e estatísticas envolvidas de forma dinâmica, e o mais interessante: com um sistema de gerência que permite a supervisão, alarmes e operação remota dessas tecno- logias, ou seja, as comunicações dentro das telecomunicações. Como campo para trabalho, as telecomunicações, também, possuem suas especialidades e divisões e é mais ampla do que aparenta. Existem profissionais em áreas de Telefonia Comutada, Telefonia IP e Telefonia Celular; especialistas em redes baseadas em pacotes, como redes Giga- bit Ethernet, protocolos de roteamento e redes determinísticas com Multiplex; especialistas em transmissão em SDH e WDM com fibras ópticas; especialistas em protocolos de gerenciamento e redes de acesso variadas, envolvendo fibras ópticas, rádio acesso e cabo metálico; especialistas na área de transmissão a longa distância, com Rádio Enlaces digitais ou analógicos e PLC (Power Line Communication); entre outras tecnologias inseridas em meio digital ou analógico. Em 1837, quando Samuel Morse transmitiu as primeiras palavras “O que Deus Forjou”, talvez, não tivesse ideia, ainda, do quanto Deus continuaria forjando nos próximos anos. Em 1875, o telefone foi inventado, em 1864, Maxwell já previa as ondas de Rádio, em 1897, a comutação telefônica, em 1904, Fleming inventou a válvula, em 1918, Armstrong inventou o receptor de rádio, em 1928, o sistema de Televisão e, em 1937, Reeves inventou o PCM. Este teve que esperar o invento do tran- sistor em 1948, que tornou possível as comunicações digitais, e, em 1950, os terminais começaram a se comunicar a longas distâncias. Até 1970, vários avanços em estudos de redes de computadores foram realizados. Em 1971, a ARPANET entrou em operação e as bases da futura Internet começam a serem lançadas (CARVALHO, 2009). A pandemia da Covid-19, mais do que nunca, revelou ao mundo a importância dos serviços de telecomunicações, pois foi um dos poucos serviços do mercado que manteve aquecidas as vendas de links de internet e a procura por upgrades (aumento da velocidade dos links) aumentaram. Atualmente, o Home Office se tornou popular, aulas online e, até mesmo, o meio logístico de entregas estiveram em foco, tudo sendo possível devido às telecomunicações. Hoje, com as trans- missões ópticas e a computação digital, as Telecomunicações passam por uma evolução tremenda. Para você, que será um(a) profissional da área de Engenharia, mais do que nunca, este conhecimento se torna essencial como profissional. Quero fazer um convite a você. É difícil prever o que ocorrerá de novo nos próximos anos, mas uma coisa é certa, cada vez mais, a dependência por telecomunicações tem aumentado e, junto a ela, a necessidade de especialistas. Então, tenho certeza de que esta disciplina fará muita diferença em sua vida acadêmica e será um divisor de águas na sua vida profissional. Então, venha aprender e a fazer parte dessa nova história no mundo das Telecomunicações. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar.Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 3 1 2 4 5 6 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 13 87 49 115 ONDAS ELETROMAGNÉTICAS, SINAIS E SISTEMAS 177 TEORIA DA INFORMAÇÃO E MODULAÇÕES DIGITAIS MODULAÇÃO ANGULAR MODULAÇÃO EM AMPLITUDE CÁLCULO DE ENLACES, CANALIZAÇÃO E TRANSLAÇÃO DE FREQUÊNCIA MULTIPLEXAÇÃO FDM 145 7 8 9 211 249 HIERARQUIA DIGITAL SÍNCRONA - SDH PCM E MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO DO TEMPO 293 REDES ÓPTICAS, PON E DWDM 1 Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao mundo das telecomuni- cações! Nesta unidade, você conhecerá um pouco mais sobre ondas eletromagnéticas e seu emprego em comunicações. Estudaremos, também, propriedades da radiofrequência e como ocorre a sua pro- pagação, além de conhecermos um pouco de análise de Fourier, que será muito útil na exploração de sinais no domínio da frequência. Ondas Eletromagnéticas, Sinais e Sistemas Esp. Hernandes Vieira Garcia 14 UNICESUMAR Você já parou para pensar quanta tecnologia existe por trás de uma simples ligação telefônica quando você está usando seu smartphone? Você já imaginou que o seu smartphone não é, nem de perto, toda a complexidade do sistema utilizado para se estabelecer uma simples ligação telefônica? Além disso, você já se perguntou se, a cada ligação realizada, os recursos utilizados são os mesmos? Será que al- guém com o mesmo smartphone, que está dentro de uma mesma cidade, está utilizando sempre os mesmos recursos? E, para complicar um pouco mais: quando, por meio do mesmo aparelho, você envia mensagens de texto, da origem ao destino, os recursos utilizados e os equipamentos de comunicação envolvidos são os mesmos da ligação telefônica? Para que um sistema de comunicação atinja o seu objetivo, diversas tecnologias são utilizadas e combinadas. Como no exemplo citado, uma pessoa pode estar em uma cidade utilizando uma tecno- logia de celular da década passada e estar falando com outro indivíduo, em outro estado, utilizando uma tecnologia diferente e mais moderna, porém isso tem de ser transparente aos usuários finais. A mensagem enviada pela origem, independentemente de ser voz ou dados, deve chegar ao seu destino, ou seja, deve existir uma interconexão e compatibilização entre esses sistemas, que podem ser analógicos ou digitais bem como estatísticos ou determinísticos, com tecnologias de acesso diversas que permitam que a mensagem trafegue e chegue ao seu destino final, mesmo passando por diversos equipamentos que utilizem infraestruturas diferentes. Caro(a) aluno(a), para que você comece a perceber que existem muito mais coisas por trás dos meios de comunicação e que a infraestrutura é muito maior do que a maioria das pessoas percebe, vou propor uma pesquisa real da situação em relação ao seu próprio serviço de telefonia. Acesse o site Teleco, o qual possui dados da Associação Brasileira de Telecomunicações. 15 UNIDADE 1 Neste site, você poderá verificar quantas antenas de ERBs (Esta- ções Rádio Base) existem em sua cidade e qual tecnologia está sendo usada. Você poderá ver as torres e suas coordenadas em cima do mapa de sua cidade. Clique em cima de cada torre e pesquise qual o tipo de tecnologia empregada na ERB. Depois, entre nas configurações de seu celular e compare o tipo de rede disponível em seu aparelho com a tecnologia utilizada nas torres de seu bairro e operadora. Realizando essa pesquisa, acredito que você deve ter ficado, real- mente, surpreso(a) com o número de torres que aparecem no mapa de sua cidade, mas é isso mesmo! São essas torres que levam o sinal até os celulares e, muitas vezes, operadoras diferentes com tecnologias diferentes compartilham uma mesma localidade, pois torres são um ativo caro. Outro aspecto que chegamos à conclusão com essa pesquisa é que estamos envoltos por sinais de RF- Radiofrequência (ondas eletromagnéticas) bem mais do que podemos perceber no dia a dia; portanto, é sobre isso que discorreremos nesta unidade: sinais de radiofrequência, como se propagam no espaço livre e como utilizá-los da melhor forma. DIÁRIO DE BORDO https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11398 16 UNICESUMAR O objetivo básico de um sistema de comunicação é transmitir uma mensagem de um ponto a outro. Um dos primeiros desafios ocorridos em telecomunicação sem fio foi o de transportar a voz humana. Em comunicações por fio, o primeiro passo foi converter a voz, que é uma onda mecânica, em sinais elétricos, mas isso não é suficiente para comunicações sem fio, em que não existe um elemento físico de transporte como os cabos, já que uma onda eletromagnética não necessita de um meio material para se propagar, tanto que se propagam, também, no vácuo. Você já deve ter estudado eletromagnetismo em engenharia elétrica e, nesse momento, visto ondas eletromagnéticas na disciplina, porém a representação delas, pela primeira vez, apesar de todos os cálculos aprendidos, pode gerar uma grande dificuldade de imaginá-las na prática. Como pode algo ser formado por duas grandezas simultaneamente, um campo elétrico e outro magnético? Você já deve ter visto a Figura 1 a seguir, que é a representação clássica de uma onda eletromagnética no tempo. Tive muita dificuldade, no início, para entender essa representação e imaginar como a onda se propaga, fisicamente, no espaço, ainda mais depois que comecei a trabalhar com telecomunicações e tive provas delas, realmente, propagando-se de forma a utilizar instrumentais adequados. Ondas Eletromagnéticas Fonte Direção Comprimento de Onda Campo elétrico Campo Magnético A m pl itu de Figura 1 - Onda Eletromagnética Descrição da Imagem: a figura mostra a representação de uma onda eletromagnética no domínio do tempo, de forma a demonstrar que ela é formada por um campo elétrico (E) e um campo magnético (B), os quais possuem a mesma frequência, porém defasados em 90 graus. Uma seta percorre o eixo, indicando o sentido da propagação, e, ao lado esquerdo, temos a fonte. No centro da figura, há a representação da largura de um ciclo da senoide, que representa o comprimento de onda. 17 UNIDADE 1 É importante relembrarmos de eletromagnetismo, em que B (campo magnético) será proporcional ao módulo da carga em movimento, e o campo total produzido por diversas cargas que se movem será a soma vetorial dos campos gerados por cada carga. O eletromagnetismo possui duas propriedades: Figura 2 - Campo Magnético em um condutor / Fonte: Quevedo-Lodi (2009, p. 185). Para ajudar você a compreender, mudaremos um pouco essa representação. A onda se propaga no espaço e é formada por dois campos. A representação gráfica na Figura 3, apesar de simplória, dá-nos uma boa ideia da interação dessa dualidade. Na representação da Figura 2, vemos os campos no domínio do tempo, ou seja, o eixo vertical representa o tempo. Porém, fisicamente, para imaginarmos melhor como as coisas acontecem, é importante lembrarmos que esses campos se propagam no espaço. Para facilitar o entendimento dessa coexistência, na Figura 3, é mostrado como esses campos se formame coexistem no espaço simultaneamente, facilitando o entendimento de como a onda se propaga. Descrição da Imagem: a figura demonstra uma corrente elétrica variando sua intensidade no tempo e induzindo um campo magnético em volta do condutor. Ao lado do campo, temos a equação: B i r = µ π 0 2 , onde i = intensidade de corrente elétrica, r = raio, μ0= permeabi- lidade do vácuo e B = campo magnético. O sentido do vetor i (intensidade de corrente) está da esquerda para direita e o sentido do campo induzido é horário. • Uma carga móvel ou uma corrente elétrica cria campo magnético em suas vizi- nhanças (além do campo elétrico). • O campo magnético exerce força sobre qualquer outra corrente ou carga que se mova no interior do campo (YOUNG, 2009). 18 UNICESUMAR B=> Campo Magnético E=> Campo Elétrico Condutor A Condutor B Sentido da propagação E E E B B B Figura 3 - Onda eletromagnética se propagando no espaço / Fonte: o autor. Como você deve recordar, em Física, a inserção de uma corrente variando no tempo em um condutor gera um campo magnético com intensidade proporcional ao redor de um condutor. O condutor A da Figura 4 representa nossa antena de transmissão envolta por este campo magnético B. Consequen- temente, este campo magnético gerará um campo elétrico no espaço, o qual, novamente, gerará um campo magnético ortogonal, dando-se, assim, a propagação no espaço. No final da cadeia, que se repete sucessivamente, nosso condutor B está sendo envolvido pelo cam- po magnético, e este está induzindo uma corrente nesse condutor. Desta forma, o referido condutor se porta como uma antena de recepção, recebendo uma parcela da potência do sinal originado no condutor A. Como nem tudo são flores, grande parte da intensidade do sinal é perdida pelo caminho, como veremos em cálculos de rádio, enlaces que faremos na Unidade 2. Dessa forma, fica bem mais fácil entender o que o gráfico da Figura 2 está querendo dizer, já que essa propagação ocorre na velocidade da luz no meio; os campos estão sincronizados no domínio do tempo; e qualquer variação no campo magnético envolto na antena A refletirá em uma variação proporcional no campo da antena B, ocasionando uma variação de corrente proporcional na recepção do lado B. Descrição da Imagem: a figura mostra a representação de uma onda eletromagnética se propagando no espaço com um condutor, de forma a gerar um campo magnético, o qual gera um campo elétrico e assim sucessivamente, defasados em 90 graus entre si. Ao lado esquerdo, temos um “Condutor A” sendo percorrido por uma corrente “I”, com um vetor desenhado com o sentido de baixo para cima. Ao redor desse condutor, há um círculo que representa o campo magnético B, que se formou ao redor desse condutor. Ao lado direito desse campo, há um círculo azul, ortogonal ao círculo do campo magnético vermelho, que está representando o campo elétrico. Ao lado desse círculo, forma-se o desenho de um novo círculo, que representa um novo campo magnético, ortogonal ao elétrico. Sucessi- vamente, há o desenho de um novo círculo (campo elétrico) ao lado direito. Novamente, ao lado direito, forma-se um campo magnético, mas, desta vez, esse círculo (campo magnético) envolve o condutor B, que está desenhado no canto direito da figura. Esse “Condutor B” tem a indicação de um vetor “I” no sentido de cima para baixo, indicando a indução da corrente nele. Ao lado dos dois condutores, há o desenho de uma senoide, com fase e frequência iguais, demonstrando que qualquer variação de corrente no “Condutor A” será refletida no “Condutor B”, por meio dos campos magnéticos e elétricos induzidos no espaço livre. 19 UNIDADE 1 Como citamos anteriormente, a velocidade de propagação se dá na velocidade da luz; então, consi- deraremos que a velocidade de propagação da luz no vácuo é Vc x= 3 108 metros por segundo. Desta forma, podemos calcular o comprimento de onda (Wavelength) visto na Figura 2: l = v f mc [ ] Em que: l = comprimento de onda. f = frequência. vc = velocidade da luz no vácuo. É importante, aqui, não confundirmos o comprimento de onda com o período (T), que se refere ao tempo que leva um ciclo. O comprimento de onda refere-se ao deslocamento, e não ao tempo, e é dado em metros. Para que haja entendimento, já que estamos considerando a velocidade da luz, vamos usá-la como referência, até porque a própria luz, também, é uma onda eletromagnética. Se explorarmos a natureza corpuscular da luz, veremos que ela é emitida em pequenos pa- cotes de energia, chamados fótons. A frequência da luz dá a sua cor, e ela é, exatamente, a fre- quência com que esses fótons são emitidos dentro de uma janela de tempo de um segundo. Já o comprimento de onda é a distância entre esses fótons no espaço, por isso, é dado em metros. 20 UNICESUMAR �� � �� �� �� �� �� � �� �� �� �� �� �� �� �� ����������������������������������� ���������������� ����� � ��������������������������������������������������� �� �� �� ����� �������� ������������ ��������������� ������ ������� ��� ����������� ������ ���������� ����������� �� ���� ������ ������� ���������� ���� ��� ����� ����� ���������� ����������� ����� ����������� ������������� ����������� ������������ ������� ���������� ��������������������������������� ���� ��� ����� ���������������� ���������������������� � �� ��� �������� � ��� �� ��� � �� � ������������������������ Figura 4 - Onda eletromagnética se propagando no espaço Descrição da Imagem: a figura mostra a faixa de ondas eletromagnéticas e suas frequências; além disso, compara o tamanho do comprimento de onda com grandezas existentes. Da esquerda para a direita, há os desenhos de fontes geradoras de ondas, que são: TV (ondas de rádio), forno de micro-ondas (micro-ondas), controle de TV (infravermelho), lâmpada incandescente (luz visível), Sol (luz ultravioleta), máquina de raio X (raio x) e elemento radioativo (raios Gama). Logo abaixo, temos a comparação do tamanho de comprimentos de onda com o tamanho de objetos físico da mesma proporção da onda; da esquerda para direita, vemos: prédio, bola de beisebol, bactéria, vírus, átomo e partículas subatômicas. Esses elementos tem seu tamanho sendo, respectivamente, comparado a: 10 10 10 5 10 10 103 1 5 6 8 10, , , , ,− − − − −x e 10 12− metros. Na página ao lado, há o espectro eletromagnético da luz, indicando o comprimento de onda das cores do vermelho (700 nanômetros) ao violeta (400 nanômetros). Na extrema esquerda, no mesmo desenho, temos o infravermelho e, na extrema direita, o ultravioleta. Na parte superior direita, há o desenho de duas senoides, ortogonais entre si, representando uma onda eletromagnética formada pelos campos elétrico e magnético, simultaneamente. 21 UNIDADE 1 Então, fica claro que esses fótons têm a mesma velocidade, quando emitidos em uma quantidade maior por segundo, assim, a distância entre eles será menor e teremos um comprimento de onda menor. Veja, na Figura 5, a representação da emissão de uma luz violeta com o comprimento de onda de 400 nm (nanômetros) em comparação com a luz vermelha de 700 nm. É perceptível que a distância da emissão de um fóton para o outro, na luz violeta, é bem menor, porque esta fonte de luz emite mais fótons, ou seja, emite os fótons numa frequência maior. Como a velocidade dos fótons é a mesma, o que muda é a distância entre eles. �� � �� �� �� �� �� � �� �� �� �� �� �� �� �� ����������������������������������� ���������������� ����� � ��������������������������������������������������� �� �� �� ����� �������� ������������ ��������������� ������ ������� ��� ����������� ������ ���������� ����������� �� ���� ������ ������� ���������� ���� ��� ����� ����� ���������� ����������� ����� ����������� ������������� ����������� ������������ ������� ���������� ��������������������������������� ���� ��� ����� ���������������� ���������������������� � �� ��� �������� � ��� �� ��� � �� � ������������������������22 UNICESUMAR Este conhecimento do espectro da luz nos será útil, também, em comunicações por redes ópticas, até porque, em telecomunicações, utilizamos o comprimento de onda para se referenciar as janelas de transmissão. Voltando à Figura 5, podemos calcular, também, a quantidade de fótons que são emitidos, em um segundo, em cada cor, já que conhecemos a velocidade de cada fóton, que é 299.792.458 m/s. Calcularemos quantos espaços de 400 nm caberiam em 299.792.458 metros. Se fizermos essa divisão, descobriremos quantos fótons foram emitidos até o primeiro fóton chegar nessa distância. 12 9 299792458 749.481145 10 (400 10 ) f x x − = = fótons/s Essa é a quantidade de fótons emitidos durante um segundo para esse comprimento de onda. Ela, consequentemente, dá-nos a frequência para esta cor de luz, que é igual a, aproximadamente, 749 THz, frequência da luz violeta. 400n metros 700n metros 1550n metros 400n metros Violeta 700n metros Vermelho 1550n metros infraVermelho 299 792 458 m / s = Velocidade da luz no vácuo. Figura 5 - Frequência de emissão de fótons e seu comprimento de onda / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta a relação entre a frequência de emissão da luz e o seu comprimento de onda, utilizando os comprimentos de onda de 400 nm, 700 nm e 1550 nm. Na Parte superior da figura, do lado esquerdo, temos um cilindro violeta emitindo luz violeta. Essa luz é formada pela emissão de fótons, os quais foram representados, na figura, como pequenos círculos, da esquerda para direita. Foram emitidos nove fótons, e todos eles estão distanciados em 400 nm em uma escala de medida. Logo abaixo, temos um cilindro vermelho emitindo luz vermelha. Foram emitidos sete fótons e a distância entre eles, em linha reta, é de 700 nm. Logo abaixo, temos um cilindro cinza, representando a luz infravermelha, a qual não é visível ao olho humano. Foram emitidos quatro fótons, e a distância entre eles é de 1550 nm. Na parte inferior da figura, ao centro, é expressa a velocidade da luz (299.792.458 m/s), indicando que a velocidade de todos esses fótons é igual, mas a frequência em que os fótons são emitidos é diferente. 23 UNIDADE 1 Propositalmente, coloquei, na Figura 5, a emissão da luz infravermelho e podemos notar que ela tem uma frequência menor. Os comprimentos de onda de 1550 nm e 1310 nm são muito utilizados em telecomuni- cações com fibras ópticas e não são visíveis ao olho humano. Na Figura 6, é apresentado um transceiver óptico SFPs (Small Form Pluggable) de 1550 nm, o qual é utilizado em redes Gigabit Ethernet. Figura 6 - SFP Gigabit Ethernet Você deve recordar que citei que um dos primeiros desafios das telecomunicações foi o de transmitir a voz humana. Porém, na voz humana, a maior parcela de energia está na faixa de frequência entre 150 a 4000 Hertz (veja a densidade espectral de potência da voz humana na Figura 7). Se fôssemos calcular o comprimento de onda para a frequência de 4 kHz utilizando a equação 1, teríamos: Descrição da Imagem: a figura apresenta a foto de dois módulos transceivers ópticos plugáveis em equipamentos de telecomunicação para transmissão de dados, podendo chegar a alcance de 80 km com transmissão na faixa de 1550 nm. Eles possuem duas aberturas no topo, onde há o laser emissor (TX) e o foto diodo receptor (RX). Existem, também, as tampas feitas em borracha, para mantê-los fechados, de forma a evitar poeira, caso não estejam plugados em um equipamento. 24 UNICESUMAR l = = 3 10 4 10 75000 8 3 x x metros D en si da de e sp ec tr al d e po tê nc ia , P (f) Frequência (Hz) 0 800 1.600 2.400 3.200 4.000 30 dB Figura 7 - Densidade espectral média de potência da voz humana / Fonte: Carvalho (2009, p. 398). O objetivo deste cálculo foi demonstrar um problema que enfrentamos em telecomunicações. Irradiar essa frequência seria inviável pela dificuldade mecânica em construir uma estrutura para transferência desse sinal. Tudo isso se deve ao fato de precisarmos de uma antena adequada para irradiar a onda eletromagnética ao meio, onde o comprimento da antena está, intimamente, ligado à mesma ordem de grandeza do comprimento de onda do sinal. Imagine, então, construir uma antena de 75 km para transmissão de um canal de voz! Por isso, em telecomunicações sem fio, surge o conceito de portadora, onde utilizamos um sinal com maior frequência para levar a informação do sinal que queremos transmitir. Por exemplo: para irradiar uma portadora de 158 Mhz, a qual é utilizada em rádios na faixa de VHF, ao aplicar o mesmo cálculo, teríamos: l = = 3 10 158 10 1 89 8 6 x x , metros Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico representando a densidade espectral média de potência da voz humana. Ele indica que o nível de potência acima da frequência de 3600 Hz é de mais de 30 dB inferior ao valor máximo que ocorre em 800 Hz. O eixo x é o da frequência em Hertz, que inicia em 0 e vai até 4000 Hz. O eixo y é o de potência. De 0 a 800 Hz, o gráfico mostra uma ascendência a mais de 30 dB; com o aumento da frequência acima de 800 Hz, o gráfico começa a cair novamente, registrando uma diferença de 30 dB até chegar a frequência de 4000 Hertz. 25 UNIDADE 1 Agora sim há uma antena viável com um custo bem melhor. Em um sistema de comunicação via rádio, a propagação do sinal modulado é realizada por meio de uma antena transmissora cuja função é dupla (HAYKIN, 2004): Interessante que podemos comprovar essa relação do comprimento da antena com o comprimento de onda da portadora para uma máxima transferência de energia. Para isso, podemos utilizar um Wattímetro de RF. Quando trabalhei na Copel (Companhia Paranaense de Energia), instalávamos rádios VHF em veículos para que os eletricistas pudessem se comunicar com o centro de operação e realizar suas manobras na rede elétrica. A antena fornecida pelo fabricante com esses rádios é uma vareta de cerca de dois metros. Depois da fixação da antena na parte superior do veículo, realizávamos duas medições de potência: • Converter o sinal elétrico modulado em um campo eletromagnético. Nessa capa- cidade, a antena de transmissão age como transdutor “transformador de impe- dância”, casando a impedância da antena com o espaço livre. • Irradiar a energia eletromagnética nas direções desejadas. Descrição da Imagem: a figu- ra mostra a antena de rádio VHF, em um carro utilitário, interligando ao rádio via cabo coaxial. O comprimento da an- tena é proporcional à frequên- cia utilizada na faixa de VHF. Se fosse um PX na faixa de HF, a antena seria muito maior. Figura 8 - Antena de Rádio VHF em Veículo / Fonte: o autor. 26 UNICESUMAR Potência Direta: colocando um Wattímetro em série com cabo coaxial que vai para antena e saída de potência do rádio, é possível medir a potência direta que será transmitida pela antena (ver Figura 9). Porém, com o comprimento não ajustado, um Rádio VHF veicular com uma potência de 45 W de saída pode dar uma pequena parcela dessa potência. Se você for cortando o tamanho e, logo em seguida, transmitir, você perceberá que a potência indicada pelo Wattímetro aumentará. Potência Refletida: com o mesmo Wattímetro, é possível medir a potência refletida, apenas, ajus- tando o sentido da pastilha no instrumental. A potência refletida é a potência que volta, caso a vareta da antena estiver com um comprimento não proporcional ao comprimento de onda. Uma refletida alta pode até queimar a etapa de potência do transmissor, e isso ocorre, às vezes, quando a antena de um veículo quebra e o usuário não percebe e tenta transmitir com o rádio. O ideal, durante o ajuste, é zerar esta potência refletida. Antena Wettímetro Radio VHF Figura 9 - Medição de Potência com Wattímetro Descrição da Imagem: a figura demonstra como se liga um Wattímetro Thruline em série com a saída de potência do Rádio VHF e a antena para medição de potência direta e potência refletida. No lado superior esquerdo, temos o desenho de um Rádio VHF com o seumicrofone ao lado. Ao centro da figura, vemos um Wattímetro de RF com conectores de RF, à direita e à esquerda. Um cabo coaxial saindo do Rádio VHF está ligado à saída de antena da etapa de potência do rádio até ao lado esquerdo do Wattímetro. Ao lado direito do Wattímetro, vemos um novo cabo coaxial interligando-o a uma antena no lado superior direito. Olhando, novamente, a figura, vemos que o Rádio VHF, à esquerda, está ligado à antena, à direita, através do Wattímetro (em série). 27 UNIDADE 1 Um Wattímetro interessante para se usar nesse tipo de medi- da é o tipo Thruline, “através da linha”. Ele é inserido em série e mede a amostra do sinal trans- mitido através de indução, não dissipando potência. Portanto, se for realizar uma medida sem antena, é necessário colocar uma carga. Outro ponto importante é: nunca relar na haste da antena durante a transmissão, pois você poderá sofrer queimaduras (digo isso por experiência própria). Basicamente, ao cortar, sucessivamente, a haste da antena e ela estiver chegando próximo ao comprimento de onda da portadora, você verá que o nível da potência refletida cairá e o da potência direta subirá. Mas você deve estar se perguntando: “e se eu errar e continuar cortando?” Bem, se isso ocorrer, você perceberá que a potência refletida começará a subir novamente, e a direta, a cair. Descrição da Imagem: a figura apre- senta uma foto de um Wattímetro Thruline, que é utilizado para medir potências em sistemas de RF (radio- frequência), faixas HF, UHF e VHF. Vemos escalas analógicas graduadas em Watts no seu mostrador, na parte superior. Abaixo, vemos uma pastilha de 50 W para medidas de frequências de 200 a 500 MHz. Essa pastilha tem uma seta que indica a direção da po- tência que se quer medir, que pode ser girada em 180 graus para medir a potência refletida, a qual volta para etapa de potência do rádio. O pontei- ro está em zero Watts e não existem cabos conectados. Existem conecto- res para cabos coaxiais, normalmen- te conector RG213 ou RG58, do lado direito e esquerdo do instrumental, pois o equipamento realiza a medida em serie com o rádio e a antena. Figura 10 - Wattímetro tipo Thruline 28 UNICESUMAR O comprimento de onda, também, é importante para entendermos como ocorre a atenuação no espa- ço livre. Para calcular a atenuação do meio sobre a portadora de RF, utilizamos a seguinte equação: Atenuação d� � � � � � � 4 2π λ Em que: l = comprimento de onda em metros. d = distância percorrida em metros. Em dB, temos: Atenuação d dB� � � � � � �20 4 log π λ Lembrando que ganho e atenuação são adimensionais. Na unidade seguinte, detalharemos cálculos de enlace e demonstraremos como realizá-los em dB. Também, podemos simplificar o cálculo em dB em função da frequência: Atenuação d f� � �32 5 20 20. log( ) log( ) Em que: f = frequência em MHz. d = distância percorrida em Quilômetros. Em Telecom, existe uma classificação para ondas de rádio, separando-as em bandas. Por exemplo, con- forme citamos, anteriormente, no exemplo de rádio, a abreviação VHF significa que a faixa de frequência da portadora utilizada nesse rádio está na ordem de 30 a 300 MHz. Você deve lembrar-se que, no cálculo, utilizamos a frequência de 158 MHz, e este é um exemplo de portadora que está na faixa de VHF. Faixa Sigla Frequência Comprimento de Onda Frequência muito baixa (Very Low Frequency) VLF 10 a 30 kHz 30.000 a 10.000 m Frequência baixa (Low Frequency) LF 30 a 300 kHz 10.000 a 1.000 m Frequência média (Medium Frequency) MF 300 a 3000 kHz 1.000 a 100 m Frequência alta (High Frequency) HF 3 a 30 MHz 100 a 10 m 29 UNIDADE 1 Faixa Sigla Frequência Comprimento de Onda Frequência muito alta (Very High Frequency) VHF 30 a 300 MHz 10 a 1 m Frequência ultra alta (Ultra High Frequency) UHF 300 a 3.000 MHz 100 a 10 cm Frequência super alta (Super High Frequency) SHF 3.000 a 30.000 MHz 10 a 1 cm Frequência extremamente alta (Extremely High Frequency) EHF 30000 a 300.000 MHz 1 a 0,1 cm Tabela 1 - Bandas de Radiofrequências / Fonte: adaptada de Nascimento (1992). Esta tabela é uma classificação comercial, porém ela, também, está associada com a aplicação des- sas OEM (ondas eletromagnéticas). Quando ondas eletromagnéticas de frequências diferentes se propagam no meio, elas são afetadas de formas diferentes também. Por exemplo: as frequências LF e MF são muito utilizadas na navegação aérea, nos serviços marítimos e na radiodifusão. A banda (frequências) de HF, além de radiodifusão local, é, também, utilizada em radiodifusão distantes e por radioamadores, devido ao alcance. As frequências de VHF e UHF são muito utilizadas, tendo aplicação em TV, radiodifusão, rádio navegação aeronáutica, serviços móveis, sistemas comerciais e particulares de comunicação, serviços públicos (como bombeiros e policiais), distribuidoras de energia (como o caso da Copel, conforme citamos) etc. Já as bandas de SHF e EHF são de rádio visibilidade e aplicadas em sistemas interurba- nos, internacionais, tropodifusão e satélite. Como trabalhei em uma empresa de energia na área de transmissão da concessionária, utilizávamos, também, frequências de VLF e LF, que eram usadas em OPLAT (onda portadora sobre linhas de alta tensão). A aplicação do OPLAT, também chamado Sistema Carrier (portadora), vai desde levar canais de voz e dados até função de proteção do sistema elétrico, sendo muito eficiente nesses casos. Como a frequência da rede é 60 Hz, é possível jogar essas portadoras na faixa de KHz na linha de Alta Ten- são e filtrá-las (separá-las), na chegada, em uma subestação de energia, usando bobinas de bloqueio e capacitores, tudo dimensionado para alta tensão. Na Copel, o sistema foi utilizado para interligar sistema telefônico, automação de subestações e, ainda, Sistemas de Teleproteção e Transfer-Trip das linhas de alta tensão. Reconheço que, apesar da eficiência, não gostava muito de dar manutenção nesses sistemas, devido ao risco elétrico. Quando a OEM se propaga da antena para o meio, passa a sofrer influência de grandezas que são muito variáveis. O grau de influência desses fatores na onda dependerá, fortemente, de sua faixa de frequência, o que, também, influencia, diretamente, na sua aplicação. Quanto à propagação, as ondas se classificam em: • Ondas ionosféricas ou celestes (skywaves). • Ondas troposféricas. • Ondas terrestres. 30 UNICESUMAR Ionosfera Estratosfera Troposfera Cam ada F2 Cam ada F1 Cam ada E Camad a D Terra 11km 50km 90km 150km 250km Figura 11 - Camadas Atmosféricas / Fonte: Gomes (1985, p. 353). “A ionosfera é a camada superior da atmosfera e está localizada a altitudes superiores a 70km em média” (NASCIMENTO,1992, p. 9). Existem diversas camadas ionizadas na atmosfera que podem ser usadas para refletir ondas eletromagnéticas na faixa de HF, as quais possuem um comprimento de onda curto, o que permite um alcance enorme, porém esta ionização varia durante o dia, durante a noite e, também, nas estações do ano. Descrição da Imagem: a figura apresenta as camadas da Terra, as quais são: Troposfera, Estratosfera e Ionosfera. Na figura, há uma semicircunferência representando o planeta Terra. Logo acima, seguindo a curvatura da Terra, está a Troposfera; a 11 km, começa a Estratosfera; e, seguindo na altura de 50 Km, inicia-se a ionosfera. Esta última está dividida, debaixo para cima, em: Camada D (a 50 km), Camada E (a 90 km), Camada F1 (a 150 km) e Camada F2 (a 250 km). 31 UNIDADE 1 As ondas Troposféricas, na faixa de VHF e acima dessa banda, propagam-se em linha reta, sendo chamadas, por essa razão, ondas diretas ou espaciais. Um veículo, por exemplo, usando um VHF, de- pendendo da posição que se encontra, pode ter dificuldades em se comunicar (caso existam morros, ele poderá estar dentro de uma zona de sombra). Título: Alta Frequência Ano: 2000 Sinopse: o que você faria se tivesse a chance de voltar no tempo e mudar, apenas, um evento na sua vida? John Sullivan (JamesCaviezel) desfaria os eventos de 12 de outubro de 1969, quando um incêndio matou seu pai (Dennis Quaid). John sonha em ter conseguido impedir a tragédia daquele dia fatal, que fez com que sua vida como adulto se tornasse cheia de raiva e solidão. Mas, agora, John pode conseguir realizar seu desejo. Um dia antes do aniversário da morte do pai, em meio a uma terrível tempestade, John encontra o rádio velho de seu pai e ele consegue conversar com um homem. Será que John está falando com seu pai, ambos na mesma casa e no mesmo rádio, mas com três décadas de distância entre eles? Comentário: você já deve ter visto filmes em que os interpretes fazem uso de rádios para se comunicar a longa distancias. Este filme mostra um bombeiro radioamador sendo afetado por essas intempéries que variam durante o dia, a noite e estação do ano. Radioamadores usam essa faixa de frequência e esse artifício de reflexão na ionosfera e, com isso, conseguem falar com o mundo afora a grandes distâncias. Sugiro a você, aluno(a), que pesquise sobre o assunto radioa- madorismo, já que existe toda uma comunidade ativa. Quem sabe você não encontra um hobby! 32 UNICESUMAR Antena transmissora Onda direta Superfície terrestre Obstáculo (bloqueia a onda direta) Onda difratada (Zona de sombra) Antena receptora Figura 12 - Difração em OEM / Fonte: Nascimento (1992, p. 7). Trabalhando com UHF e fazendo alinhamento de antenas que concentram mais o sinal em uma di- reção, você percebe que a RF (radiofrequência) fica mais suscetível, ainda, a um obstáculo à sua frente, como um prédio ou um morro. As ondas diretas estão sujeitas à reflexão, à difração e à absorção em obstáculos, e elas não acompanham a curvatura da Terra, por isso, são limitadas pelo horizonte óptico. Nesses casos, a altura da antena, em um sistema como esse, faz muita diferença para que os dois rádios se comuniquem. Em telecomunicações, usamos o termo “visada” para definir se um rádio conseguirá fazer sua portadora chegar ao outro, ou seja, é como se, em sistemas operando nessas fre- quências, uma antena devesse ter visibilidade da outra. As ondas Terrestres são frequências inferiores a 3 Mhz e propagam-se acompanhando a superfície da Terra, ou seja, realizando a curvatura do globo. Para ondas de superfície ou terrestre (VLF, LF e MF), a superfície da Terra se comporta como um condutor. Em radiofrequência, a OEM pode sofrer os seguintes efeitos: Descrição da Imagem: a figura apresenta uma onda eletromagnética direta sendo difratada por um obstáculo. Ao lado esquerdo da figura, há o desenho de um cone, representando uma antena transmissora. Desta antena, saem ondas diretas de radiofrequência, e elas estão desenhadas em semicírculos no sentido da esquerda para direita, formando um cone que se abre da antena até um obstáculo no centro da figura e uma onda direta até este obstáculo. Esse obstáculo é um desenho que representa uma montanha e, do topo desse obstáculo, surge uma nova onda difratada, a qual possui o desenho de um novo cone que se abre da esquerda para a direita, com semicírculos sucessivos representando a onda difratada. Embaixo desse cone, ao pé da montanha, forma-se uma “zona de sombra”, que tem a forma de um triangulo com o solo. A hipotenusa desse triangulo vai do topo da montanha, onde a onda foi difratada, até o solo, próximo ao pé da antena receptora, no canto direito da figura. Embaixo, ao pé da montanha, está escrito “obstáculo (bloqueia a onda direta)” e, na parte debaixo da figura, entre a antena e a montanha, está escrito “superfície terrestre”. • Reflexão. • Refração. • Difração. • Espalhamento. • Absorção. 33 UNIDADE 1 A Reflexão é uma propriedade já citada e aproveitada, em telecomunicações, em ondas ionosféricas, que são refletidas de volta à Terra. O efeito refração é quando a RF (radiofrequência) passa por meios diferentes e sofre um desvio, mesmo fenômeno observado na luz, e isto pode prejudicar enlaces de longa distância. A difração é quando a OEM se torna fonte secundária de ondas ao tocar objetos, como no caso de ondas na água, quando jogamos uma pedra e ela tende a contornar obstáculos. O espalhamento é quando a onda se choca com um objeto e se espalha, largamente, em todas as direções. O espalhamento acontece quando, no meio pelo qual as ondas viajam, existem objetos com dimensões pequenas, quando comparados ao comprimento de onda, e o número desses objetos por volume de unidade é muito grande (SANCHES, 2005). A absorção é quando o sinal de RF atinge um objeto e tem parte de sua energia absorvida ou, até mesmo, ela deixa de existir. Isso depende da frequência e do material que penetram. Um efeito se- cundário que pode ocorrer em RF é o desvanecimento, também conhecido por “Fading”, um efeito comum em ondas curtas. Caracteriza-se pela recepção de ondas multipercursos, devido à reflexão, à difração e ao espalhamento. As ondas secundárias de diferentes percursos, por isso, denominadas ondas multipercurso, chegam à antena receptora com diferentes intensidades, defasadas entre si e da onda principal. Para o receptor, o sinal resultante é a soma vetorial dos diversos sinais captados pela antena. A intensidade desse sinal varia, a cada instante, aumenta e diminui, e passa por um nulo ou zero de tensão, resultado da com- posição vetorial instantânea (MEDEIROS, 2007). Caro(a) aluno(a), que tal conversarmos um pouco sobre a importân- cia das telecomunicações dentro de uma empresa de energia? Tra- balhei na Copel e, devido às telecomunicações permearem vários setores da empresa dentro das subsidiárias de Geração, Transmis- são e Distribuição, posso contar um pouco sobre essa experiência no setor elétrico bem como os desafios e as evoluções que passei durante esses 24 anos de empresa. Todas essas frequências definidas que estudamos até agora e, até mesmo, essas classificações em bandas ou definições comerciais de suas aplicações referem-se à frequência das portadoras, as quais levarão as informações que queremos transmitir. O processo para inserir a nossa informação na portadora é chamado modulação. Porém, para que você esteja apto(a) a este estudo, caro(a) aluno(a), devemos entender como os sinais podem ser formados e decompostos. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8813 34 UNICESUMAR Figura 13 - Osciloscópio Em telecomunicações, quando utilizamos portadoras, multiplexação, modulação e translação de frequências, torna-se útil observá-las no domínio da frequência. Como você já deve ter visto em eletrônica ou em sinais e sistemas, quando a representação do sinal, em um gráfico, demonstra sua variação instantânea de amplitude em função do tempo, chamamos essa representação de forma de Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de um osciloscópio, instrumental utilizado para medir sinais no domínio do tempo. Vemos uma senoide sendo medida em uma tela, onde o eixo x é a base do tempo, e o eixo y, a base de tensão. Do lado direito, vemos duas entradas dos canais horizontais e seus controles, além dos controles de sincronismos e de base de tempo. Há uma ponta de prova em um dos canais realizando a medição. Normalmente, estamos mais acostumados a ver sinais no domínio do tempo. Por exemplo: em eletrônica, utilizamos muito o osciloscópio, instrumental que permite analisarmos as variações de amplitude do sinal no domínio do tempo, ou seja, o eixo x de sua tela representa o tempo, e o eixo y, a amplitude. Tais características ajudam muito quando os sinais são periódicos, ou seja, repetem-se no tempo, pois o equipamento, através do circuito de trigger, consegue sincronizar o sinal da tela como se estivesse parado na tela. 35 UNIDADE 1 onda. Porém, quando a representação das componentes de um sinal, em um gráfico, mostra sua am- plitude em função da frequência, passamos a chamá-la de espectro. Por exemplo: para observar o espectro de uma portadora modulada em AM (Amplitude Mo- dulation) e entender as componentes que são apresentadas, faz-se necessárioentender um pouco de análise de Fourier. Essa análise foi criada por Jean-Baptiste Joseph Fourier, um matemático francês que estudou a decomposição de funções periódicas (como nossas portadoras) em séries trigonomé- tricas, que passou a se chamar “Séries de Fourier”. Vamos analisar a frequência da rede elétrica como um movimento harmônico simples. A rede elétrica é um sinal periódico, pois este se repete no tempo, mas também tem outra característica: é senoidal, que é um dos sinais mais puros que podemos classificar. Ele se origina da projeção de um vetor rotacionando em volta de um ponto. Para expressarmos essa forma de onda periódica de forma trigonométrica, precisamos lembrar que radiano é um arco cujo comprimento é igual ao raio da circunferência. r 57,296° r 1 radiano Figura 14 - Velocidade angular / Fonte: Boylestad (2004, p. 375). A medida desse arco refletirá em um ângulo de 57,296º (um radiano). Esse ângulo formado caberá na proporção 3,14159... vezes em 180º. Desta forma, chegamos na definição de , onde 2 p rad é: 2 2 3 1415 57 296 360prad X X= =. . º º Se pensarmos em um vetor “r” percorrendo o ângulo de 0 a 360º para frequência de 60 Hertz, temos esse ciclo se repetindo 60 vezes por segundo. Desta forma, podemos expressar a velocidade angular em: Descrição da Imagem: a figura apresenta o valor de um radiano em graus e como chegar nesse valor por meio do raio de uma circun- ferência. Ela apresenta o desenho de um círculo com um raio. O comprimento desse raio é demarcado na circunferência, formando um semicírculo, e chegamos à conclusão que esse comprimento de circunferência “r” forma um ângulo de 57,296º com o raio original. Esse ângulo formado é o valor de 1 radiano. Essa área formada pelo ângulo caberá em 180 graus na proporção de 3,14159... vezes, daí, chegamos, então, no valor de π 36 UNICESUMAR ω π= 2 f (rad/s) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X Y N N1 N1 A P P1 P2P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10O Tempo em Segundos Po le ga da s Figura 15 - Função senoidal Analisando a Figura 15, se considerarmos o eixo “y” o da amplitude, para obtermos o valor instantâneo de tensão, pegaremos o tamanho desse vetor “r” (amplitude) e multiplicaremos pelo seno do ângulo. V A e= s n a Ou, ainda, podemos considerar a velocidade angular em função do tempo e obtemos: V t Asen t( ) ( )= w Agora, a nossa análise começa a ficar superinteressante. Qualquer sinal periódico, na prática, é composto, ou, também, decomposto em uma série de ondas senoidais, com frequências múltiplas inteiras da frequência fundamental (f ). Até mesmo, uma forma de onda quadrada pode ser de- composta em somas de senoides. Descrição da Imagem: a figura demonstra como chegar nos valores de amplitude de uma onda senoidal, por meio do ângulo forma- do pelo eixo y e do comprimento de um vetor V r e= .s n( )q . Do lado esquerdo, temos o desenho de uma circunferência com diversos raios (P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10). Do eixo x da circunferência até esses raios, é medido o ângulo que se forma e, então, é realizado o produto do comprimento do raio pelo seno deste ângulo, refletindo em um valor no eixo y, que é a amplitude. Esse valor de amplitude está marcado, ao lado direito da circunferência, no eixo x com o eixo y. O eixo x, ao lado direito do gráfico, é graduado em tempos de 0 a 10, e o eixo y, em três divisões positivas e três divisões negativas. Os dez pontos de amplitudes, os quais são formados pelos ângulos da circunferência, estão marcados no gráfico do lado direito, e, interligando esses pontos, forma-se uma senoide, com um ciclo positivo na esquerda e um ciclo negativo na direita. 37 UNIDADE 1 Figura 16 - Forma de onda quadrada composta por 83 harmônicos / Fonte: o autor. Vejamos a seguinte equação: V t Asen t A sen t A sen t A sen t A( ) ( ) / [ ( )] / [ ( )] / [ ( )] /� � � � �w w w w3 3 5 5 7 7 99 9[ ( )] ...sen tw � Ela nos dá a forma de onda quadrada. O primeiro termo é a senoide com a frequência fundamental, que, no nosso exemplo, seria a senoide com 60 Hz. Os termos múltiplos da fundamental chamamos, em tele- comunicações, de harmônicas do sinal fundamental. Podemos compor uma forma de onda quadrada de 60 Hz somando a frequência fundamental às suas harmônicas de ordem ímpar. Por exemplo, a terceira harmônica, A sen t/ [ ( )]3 3 w , mais a quinta harmônica, A sen t/ [ ( )]5 5 w , e assim sucessivamente. Descrição da Imagem: a figura apresenta uma forma de onda quadrada sendo construída com 83 harmônicos senoidais ímpares em um simulador. Essa forma de onda possui um semicírculo negativo à esquerda, um positivo ao centro e outro negativo à direita. Ela possui pequenas componentes senoidais ainda, mas em alta frequência, em seu nível máximo positivo e negativo. 38 UNICESUMAR 100 KOhm 100 KOhm 100 KOhm 100 KOhm 100 KOhm 100 KOhm 12 V 60 Hz 0 Deg 4 V 180 Hz 0 Deg 2.4 V 300 Hz 0 Deg 1.71 V 420 Hz 0 Deg 1.33 V 540 Hz 0 Deg Figura 17 - Circuito demonstrando que onda quadrada é composta de senoidais / Fonte: o autor. Se analisarmos a terceira harmônica do sinal, ela está nos dizendo que tem um terço da amplitude da frequência da fundamental ( A / 3 ) e três vezes a frequência dela ( sen t3( )w ), ou seja, 180 Hz. Descrição da Imagem: a figura demonstra como construir e medir um circuito com vários geradores de forma de onda senoidal, a fim de somar sinais para simular a composição de uma forma de onda quadrada. Ao lado esquerdo da figura, vemos cinco geradores: o primeiro, que simula a fundamental, tem uma tensão senoidal de 12 V de pico e uma frequência de 60 Hertz; o segundo tem uma tensão senoidal de 4 V de pico e 180 Hertz de frequência; o terceiro tem uma tensão senoidal de 2,4 V de pico e 300 Hertz de frequência; o quarto tem uma tensão senoidal de 1,71 V de pico e 420 Hertz de frequência; e o quinto gerador tem uma tensão senoidal de 1,33 V de pico e 540 Hertz de frequência. Todas as saídas desses geradores estão ligadas em série com resistores de 100 kOhms e com uma chave que permite inserir ou extrair o gerador no ponto que soma todas essas senoides. Ao lado direito, podemos ver a forma de onda quase quadrada que será formada com a soma dessas frequências. As frequências são os termos ímpares até o nono termo. 39 UNIDADE 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 f A Na Figura 19, podemos ver, na prática, um circuito compondo o sinal quadrado que está utilizando senoides. Nesse circuito, o nosso sinal está sendo formado pelas somas das harmônicas ímpares até o nono termo. É importante frisar que, para essa forma de onda, para obter um sinal quadrado perfeito, tenderíamos ao infinito em número de termos ímpares, por isso, o sinal apresentado, ainda, possui algumas ondulações. A primeira raia é a nossa senoide fundamental de 60 Hz, depois, vem a 3º harmônica, 5º, 7º e 9º. Descrição da Imagem: a figu- ra demonstra o espectro do sinal de uma forma de onda quadrada composta por har- mônicos ímpares até a 11ª ordem, os quais são formados pelo eixo horizontal f (frequên- cia) e o eixo vertical A (Amplitu- de). O termo fundamental tem a amplitude A; o terceiro ter- mo, a amplitude A/3; o quinto termo, a amplitude A/5; o sé- timo termo, a amplitude A/7; o nono termo, a amplitude A/9; e o décimo primeiro tem a amplitude A/11. O eixo f está graduado de 0 a 11. Figura 18 - Espectro da forma de onda quadrada composta de harmônicos impar até 11ª ordem Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico tridimen- sional, em que podemos ver, si- multaneamente, a forma de onda quadrada e seu espectro. Conse- guimos, em uma única imagem, ver a forma de onda no domínio do tempo (eixo t) e o espectro no domínio da frequência (eixo f) de cada termo ímpar que compõe a forma de onda. A forma de onda quadrada, na figura, é resultante da soma da fundamental senoidal e seus harmônicos senoidais ímpa- res até o 11º termo, com amplitude inversamente proporcional ao nú- mero do termo. No eixo x (horizon- tal), vemosa frequência; no eixo Y, o tempo; e, no eixo Z (vertical), vemos a amplitude. Figura 19 - Espectro da forma de onda quadrada, composta de harmônicos ímpares até 11 / Fonte: o autor. 40 UNICESUMAR Para uma forma de onda quadrada perfeita, ela deveria ter a quantidade de termos tendendo para o infinito. Isto fica fácil de perceber quando comparamos a forma de onda da Figura 19, composta até o harmônico ímpar de ordem 11, quando se usa o sinal da Figura 16, composta por 83 harmônicos. Ainda não entramos em teoria da informação, mas farei você pensar, aqui, na importância de estudar a série de Fourier e espectro de frequência em Telecom. Você já deve saber que a representação de dados gerados em computadores é digital e, portanto, existe a necessidade de transmitir estes dados em canais de telecomunicação. Por exemplo, em canais analógicos de voz (4 kHz), transmitimos da- dos também. Gostaria que você parasse e refletisse: será que é possível compor uma forma de onda quadrada (digital) com uma taxa de linha de 2400 baud rate (2400 vezes por segundo) para trafegar em um canal com banda passante de 4 kHz? Figura 20 - Espectro da forma de onda quadrada e sua decomposição até ordem 11 / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta a tela de um simulador de espectro da forma de onda quadrada e todas as formas de onda senoidais que a compõem até o termo 11. Na parte superior esquerda, vemos as medidas dos termos senoidais, em um eixo horizontal t (tempo) versus eixo vertical V (tensão). A primeira forma de onda é a fundamental, que aparece com um ciclo completo e a tensão máxima V. A segunda forma de onda é o terceiro termo, que aparece com 0,33 V e três ciclos completos no eixo t. A terceira forma de onda é o quinto termo, que aparece com um nível máximo de 0,2 V e cinco ciclos completos. A quarta forma de onda é o sétimo termo, que aparece com um nível máximo de 0,14 V e sete ciclos completos. A quinta forma de onda é o nono termo, que tem um nível máxi- mo de 0,11 V e nove ciclos completos. A sexta forma de onda é o decimo primeiro termo, que tem uma amplitude máxima de 0,09 V e apresenta, na figura, nove ciclos completos. A última forma de onda é a forma de onda resultante de todos esses harmônicos ímpares; ela tem um aspecto de uma forma de onda quadrada com um semiciclo positivo e outro negativo. Essa forma de onda, ainda, apresenta pequenas componentes senoidais no seu topo, indicando que seriam necessários mais termos ímpares senoidais para compor uma forma de onda quadrada quase perfeita. Abaixo, vemos a figura do espectro desse sinal, sendo representado em um eixo f (frequên- cia) versus eixo vertical A (amplitude), em raias de frequência 1 x fundamental, 3 x fundamental, 5 x fundamental, 7 x fundamental, 9 x fundamental e 11 x fundamental, todas sem fase. Do lado direito, vemos o painel que permite configurar os valores dos termos no simulador (níveis e ângulo de fase), do termo 0 ao 11. 41 UNIDADE 1 Fica fácil entender, olhando para a Figura 20, que não conseguiríamos trafegar, diretamente, a forma de onda quadrada em um canal de voz de 4 kHz, pelo simples fato da composição dessa forma de onda. Ou seja, mesmo o sinal tendo a frequência inferior a 4 kHz, ele é composto por harmônicos de ordem muito maiores, de frequências muito maiores que 4 kHz, e essas frequência não passariam na largura de banda do canal. Uma linha telefônica é um bom exemplo de um canal de 4 KHz. Então, você deve estar se perguntando neste momento: “eu já vi computadores ligados à linha telefônica no passado”. Sim, é verdade, mas não transmitimos a forma de onda quadrada pura, apenas, a informação que a onda quadrada possuía. Para realizar este feito, alteramos propriedades em uma portadora para que ela leve a informação sem levar, de fato, a forma de onda quadrada diretamente, pois precisaríamos de um canal com uma banda passante muito maior. Na Figura 20, foi utilizado o programa didático RZ1, desenvolvido pelo professor Roland M. Zurmely, onde foram configurados, no simulador, os níveis nas harmônicas ímpares de 3 a 11 e a frequência fundamental. E, em amarelo, podemos ver o sinal resultante da soma de todos os harmônicos senoidais mais a fundamental que o simulador calculou e desenhou. Também, podemos usar outro artifício para composição dos harmônicos: o desloca- mento de fase, veja a equação a seguir: V t Asen t( ) ( )� �ω φ Apenas, deslocando a fase de um dos termos, conseguiremos compor novos sinais e formas de ondas completamente diferentes. Também, poderemos incluir uma componente de DC de ordem 0, ou seja, sem frequência. Veja a equação a seguir, em que inserimos uma componente DC de 50 V, somada às harmônicas de ordem 2, 4, 6, 8 e 10 com uma defasagem de 270° em relação à fundamental. O sinal que compomos com estes termos mais a fundamental é bem conhecido por você: um sinal retificado de meia-onda. V t sen t sen t sen t s ( ) ( ) [ ( º )] [ ( º )] [ � � � � � � � �50 78 0 33 2 270 7 4 270 3 w w w een t sen t sen t6 270 1 8 270 1 10 270( º )] [ ( )] [ ( )]w w w� � � � � Incluindo a equação no simulador, podemos verificar a forma de onda composta. 42 UNICESUMAR Figura 21 - Espectro de um sinal DC retificado de meia-onda / Fonte: o autor. Assim como temos o osciloscópio para medir formas de onda no domínio do tempo, temos o ana- lisador de espectro para medir o espectro no domínio da frequência. Na Figura 20, é demonstra- do um analisador da HP de 9 kHz a 6,5 GHz. A Anritsu possui modelos de analisadores portáteis MS2720T-0709, os quais medem o espectro entre a banda de 9 kHz a 9 GHz. Na mesma linha da Anritsu, existe, também, o modelo MS2720T-0743, que mede de 9 kHz a 43 GHz. Descrição da Imagem: a figura apresenta a tela de um simulador e, nela, aparece o espectro da forma de onda “meia-onda”, sendo composto por senoides defasadas. Na parte superior da tela, vemos a forma de onda e, logo abaixo, o espectro da forma de onda, o qual é formado pelos termos 0, 1, 2 ,4, 6, 8 e 10. O Termo “0” não possui frequência, é um nível DC com amplitude de 50; o termo “1” possui amplitude de 78 e fase de 0º; o termo 2 possui amplitude de 33 e fase de 270º; o termo 4 possui nível 7 e fase de 270º; o termo 6 possui nível 3 e fase de 270º; e os termos 8 e 10 possuem nível 1 e fase de 270º. 43 UNIDADE 1 Figura 22 - Analisador de Espectro HP Caro(a) aluno(a), estamos quase concluindo esta primeira unidade. No início da unidade, propomos a você uma pesquisa de levantamento de torres e da tecnologia presente no sistema de telefonia ce- lular na sua região geográfica. Você, provavelmente, deve ter encontrado 2G, 3G e 4G na tecnologia empregada nas ERBs de telefonia celular. Mas o que significam estas siglas? Descrição da Imagem: a figura apresenta um instrumental analisador de espectro da HP, de 9 kHz a 6,5 GHz, o qual é utilizado em telecomunicações. À esquerda, há uma tela graduada, em que o eixo horizontal representa a frequência, e o eixo vertical, o nível. À direita, vemos diversos botões para operação do instrumental. Na parte central inferior, podemos ver um conector de entrada 50 ohms, de 9 kHz a 6,5 GHz, para medir sinais de RF. Por meio desse conector, é possível medir em uma antena ou sinal transmitido por um equipamento. Na figura, o conector está com um adaptador. Este instrumental, além de analisador de espectro, permite a geração de radiofrequências. Existem botões que permitem digitar a frequência que se deseja, ou um KNOB (botão rotacional), que permite ajustar a frequência, o SPAN ou a amplitude da função selecionada. Na tela, aparece um espectro de um sinal sendo medido. 44 UNICESUMAR Figura 23 - Torres de ERBs / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta um print do mapa da cidade de Maringá com o desenho georreferenciado das torres de telecomunicação que existem na cidade. Essas torres são utilizadas como Torres de Estações Rádio Base de telefônica celular. Na parte superior, aparecemas informações a respeito de uma das torres que foi clicada com o mouse, as quais são: operadora: Claro; endereço: R. Dez de Maio, 389, Jd. Universitário; município: Maringá-PR; tecnologias: 2G, 3G, 4G; latitude: 23S243566; e longitude: 51W560816. As informações contidas nessa página têm fonte oriunda na ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações). • 2G significa segunda geração: utiliza a Tecnologia GSM (Sistema Global para Co- municações Móveis) e pode ocupar faixas de frequência entre 900 e 1800 MHz. • 3G significa terceira geração: utiliza a Tecnologia UTMS (Sistema Universal de Te- lecomunicações Móveis), que é mais eficiente que o GSM, e ocupa bandas entre 900 e 2100 MHz. • 4G significa quarta geração: utiliza a tecnologia LTE (Long Term Evolution) e fre- quências, como 2600, 1800, 800 e 700 MHz. 45 UNIDADE 1 Não vamos nos aprofundar aqui porque, ainda, precisamos estudar técnicas de modulação e multiplexação, as quais serão abordadas nas próximas unidades. Entretanto já podemos adiantar que, pela tecnologia, conseguimos definir a faixa de frequência e o método de acesso múltiplo (FDMA, CDMA, W-CDMA e OFDMA) utilizado. O importante para você entender no momento é que: apesar de técnicas diferentes, estão sendo utilizadas portadoras de radiofrequência para estabelecer comunicação e que estamos envoltos dessas OEM com finalidades diferentes, porém advindas do mesmo princípio físico e sujeitas às mesmas influências dentro de sua faixa de frequência. 46 Chegamos ao final da primeira unidade e, agora, convido-o(a) a avaliar o quanto você aprendeu até aqui. Importante lembrar que, ainda, estamos no início da caminhada e muitos dos conhe- cimentos passados até aqui são subsídios para as próximas unidades. Vale ressaltar, também, que, nas próximas unidades, o conteúdo visto aqui ficará mais sólido, já que será aplicado em exercícios para obtenção de mais conhecimentos em cálculo de rádio enlaces. Para avaliarmos seu aprendizado até aqui, proponho o Mapa Mental a seguir, o qual apresenta, de forma resumida, os conhecimentos adquiridos sobre a transmissão de informações através de Ondas Eletromagnéticas. Para isso, observe as palavras-chave escritas no Mapa Mental a seguir e complete os espaços de acordo com a relação das palavras na mesma linha de tópicos. Ondas Eletromagnéticas Domínio do Tempo VLF LF MF SHF HF EHF Rádio Frequência Propagação Terrestre Ionosférica 47 1. Sobre antenas utilizadas para propagação de portadoras em radiofrequência, é correto afirmar que: I) No cálculo do comprimento da antena, o tamanho dela é, diretamente, proporcional à frequência da Portadora de RF. II) Para uma boa transmissão, quanto maior a Potência Direta e a Potência Refletida medidas no sistema, melhor será a Transmissão de Potência. III) Em ondas de VHF e UHF, a atenuação do espaço livre aumenta com a frequência. É correto o que se afirma em: a) Apenas, I e II. b) Apenas, I e III. c) Apenas, II e III. d) Apenas, III. e) I, II e III. 2. Em relação à propagação das ondas eletromagnética no meio, assinale com V para verdadeira e F para falso: ) ( Radioamadores utilizam a banda HF e, por essas frequências poderem ser refletidas na Ionosfera, eles podem falar com pessoas, a grandes distâncias, pelo mundo afora. ) ( As ondas Troposféricas acompanham a curvatura da Terra, por isso, não sofrem reflexão. ) ( As ondas Terrestres são muito usadas em telefonia celular porque são OEM de alta frequência, o que possibilita uma enorme banda para transmissão de voz e dados. A sequência correta para a resposta da questão é: a) V, F, V. b) V, V, F. c) F, V, V. d) F, F, V. e) V, F, F. 3. Observe a tabela de frequências, a seguir, e indique quais afirmações estão corretas. Frequência muito alta (Very High Frequency) VHF 30 a 300 MHz Frequência ultra alta (Ultra High Frequency) UHF 300 a 3.000 MHz Frequência super alta (Super High Frequency) SHF 3.000 a 30.000 MHz Fonte: o autor. 48 I) As três bandas de frequência, na tabela, são ondas Terrestres. II) O comprimento de onda da frequência de VHF é menor do que a de UHF. III) A difração é quando a OEM se torna fonte secundária de ondas ao tocar objetos, como no caso de ondas na água, quando jogamos uma pedra e ela tende a contor- nar obstáculos. IV) A atenuação no espaço livre, para um rádio enlace de VHF com portadora de trans- missão em 158 M Hz, será menor do que um rádio enlace de UHF com a frequência de transmissão em 483 MHz. É correto o que se afirma em: a) Apenas, II e III. b) Apenas, I, II e III. c) Apenas, I, III e IV. d) Apenas, II e IV. e) Apenas, III e IV. 4. Considerando o espectro do sinal de voz, por que, em comunicações sem fio, utilizamos portadoras de RF para transmitir esse sinal? 2 Olá, caro(a) aluno(a)! Estamos começando mais uma unidade de Princípios de Sistemas de Comunicação. Na Unidade 1, você conhe- ceu um pouco mais sobre ondas eletromagnéticas, artifícios para irradiação de uma portadora de radiofrequência e características de sua propagação no meio. Agora, nosso próximo passo é estudar as técnicas de modulação existentes, que se caracterizam em como colocar a informação que queremos transmitir dentro de uma onda eletromagnética, para que chegue até o destino. Modulação em Amplitude Esp. Hernandes Vieira Garcia 50 UNICESUMAR Imagine a seguinte situação: você é um(a) estudante de Engenharia Elétrica e está ouvindo, tran- quilamente, um rádio em seu veículo e um amigo, chamado José, aproxima-se e lhe pergunta: o que define FM, é sua faixa de frequência? Ele olha mais atento ao sintonizador do seu rádio e vê a faixa de 87,8 a 108 MHz e lhe pergunta novamente: então, todos os rádios FM estarão dentro dessa banda de frequências? Antes que você possa respondê-lo, ele faz uma nova pergunta: morávamos em um sítio afastado e lá só “pegava” rádio AM e, depois que a radiodifusão mudou para FM, não conseguimos sintonizar as rádios na faixa de FM no sítio. Por quê? Caro(a) aluno(a), acredito que, talvez, já tenha tido as mesmas dúvidas do seu amigo José, ou, melhor, talvez nem tenha tido essas dúvidas, porque nem, ao menos, pensou nisso. Importante, aqui, é que, para podermos responder à pergunta de José, teremos que definir o que são FM e AM. Essas siglas são o tipo de modulação na portadora e não estão presentes, apenas, em radiodifusão. Muitas vezes, ouvi essa pergunta: “qual a faixa de frequência do FM?”, e a resposta é: “depende”. Normalmente, quando as pessoas estão fazendo esta pergunta, elas estão imaginando que a faixa de frequência de um rádio FM é definida pela faixa de frequência FM, a qual é determinada para radio- difusão e, também, pode variar de país para país. Você já estudou as bandas de frequência e sabe que a banda de 87,8 a 108 MHz está dentro da faixa de VHF (30 a 300 MHz). O importante é entender que FM é um tipo de modulação e que você poderá encontrar rádios em frequências diversas utilizando essa técnica de modulação. Por exemplo, já trabalhei muito com rádio enlaces modulados em FM utilizando a frequência na faixa de 480 MHz, que é banda de UHF (300 MHz a 3 GHz), ou seja, fora da faixa destinada à radiodifusão, com modulação em FM definida no Brasil. 51 UNIDADE 2 Figura 1 - Painel de operação de um receptor de Rádio AM e FM Descrição da Imagem: a figura apresenta um painel de operação de um receptor de Rádios AM e FM e mostra, também, as faixas de frequência de radiodifusão. 1 2 3 Convido você a acessar um dos links de rádio disponibiliza- dos a seguir. Esses rádios fazem parte de um grande projeto de Rádios Definidos por Software (SDR), os quais estão espalhados pelo mundo. Você poderá conferir o espectro de radiofrequência na faixa de 10 a 30 MHz. Lembre-se do que discutimos, na unidade anterior, sobre a faixa de frequência utilizada e o alcance dessa faixa em HF. Então, não se espante ao estar conectado(a) na França e ouvir uma conversa em Mandarim. É importante frisar que
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