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ACÚSTICA E ÓPTICA AULA 3 Prof. Hugo Henrique Amorim Batista 2 CONVERSA INICIAL Falar sobre física é compreender as revelações da natureza por intermédio das equações, compreendendo as suas temáticas, verificando as suas abordagens e esclarecendo seus conceitos e suas leis, interagindo com o conhecimento de forma a aprender os mistérios que a física vem a esclarecer. Nesta aula abordaremos os elementos relacionados a instrumentos musicais, além de compreender o que nos cerca a respeito do Efeito Doppler. TEMA 1 – ACÚSTICA Ao observarmos a civilização moderna, percebemos que a música é cada vez mais comum em sua dinamicidade, seja para estar em sua residência ou em deslocamentos para a escola, trabalho ou atividades esportivas. O fone de ouvido parece ter se transformado em um amigo inseparável no transporte coletivo ou mesmo nas residências. A música, em muitos casos, chega a descrever a personalidade das pessoas. Figura 1 – Atividades físicas relacionadas a músicas Crédito: Misfire_Studio/Shutterstock. Algumas animações, seriados, tokusatsu, animes, desenhos e filmes têm aquela música que, em muitos casos, chega a marcar uma geração. A sétima arte sabe como relacionar esses conceitos de forma que, ao ouvir aquele som, você lembra daquele personagem. É assim com Missão Impossível, Star Wars ou 007. Porém, para se chegar a esse estágio, é necessária uma manipulação adequada dos instrumentos musicais. Como é produzido o som em instrumentos musicais? Podemos dividir os instrumentos musicais em três categorias: percussão, sopro e cordas. 3 TEMA 2 – INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO Os instrumentos de percussão são os instrumentos musicais que demandam impacto para proporcionar o som. Alguns instrumentos, por exemplo, podem ter o som produzido com o impacto da mão (pandeiro, por exemplo); já outros dependem de um instrumento para que se tenha a colisão: xilofone, tímpano, berimbau, tambor, triângulo, castanhola etc. Figura 2 – Instrumentos musicais de percussão Crédito: Vectors Bang/Shutterstock. Podemos determinar que, conforme o impacto, temos um tipo de som. Assim, no caso do xilofone, as características do instrumento geram um som diferenciado. O som dos instrumentos de percussão geralmente é mais grave, característicos e tradicionais em algumas modalidades de apresentação. As fanfarras, que são tradicionais no desfile civil no brasil, são de grande importância para o patriotismo, apresentando-se em diversas localidades brasileiras. TEMA 3 – INSTRUMENTOS DE SOPRO Os instrumentos de sopro são utilizados com o deslocamento do ar em seu interior, fazendo com que tenha as características do som típicas daquele instrumento. Temos então instrumentos que podem ter a sua utilização pelo ar que vem dos pulmões (flauta, por exemplo) ou ar comprimido (órgão), porém o funcionamento é o mesmo. 4 Figura 3 – Instrumentos de sopro Crédito: Anatolir/Shutterstock. Figura 4 – Instrumentos de sopro Crédito: Posztos/Shutterstock. 3.1 Colunas de ar vibrantes Vamos trabalhar em um experimento hipotético. Imagine um diapasão vibrando e, abaixo dele, um suporte cilíndrico formando uma coluna de ar e, em seu interior, uma determinada quantidade de água. A vibração do diapasão fará com que o ar se desloque até o líquido que, por sua vez, entrará em ressonância, e o fluxo da movimentação retorna à parte superior. https://www.shutterstock.com/pt/g/posztos 5 Figura 5 – Experimento hipotético de colunas de ar vibrante Perceba que, quanto menor for o nível de água no interior dessa coluna, maior será o espaço preenchido por ar e, consequentemente, mais átomos poderão vibrar. Com isso, maior será a quantidade de harmônicos que poderão ser originados dentro dessa coluna. 3.2. Tubos fechados Esse elemento, por sua vez, pode ser representado como um tubo fechado, pelo seu estilo de vibração. Nesse contexto, o que acontece é que só existe uma entrada para o fluxo da vibração (já que a outra extremidade está lacrada), em uma situação da onda que denominamos como ventre. Do outro lado, onde não há para onde se deslocar e ele acaba sendo obrigado a colidir na superfície interna desse tubo fechado e retornar, percorrendo o comprimento 𝑳𝑳 do tubo, ou seja, o comprimento de onda λ precisa se adaptar ao comprimento do tudo, como mostra a Figura 6. Figura 6 – Representações dos harmônicos ímpares em um tubo fechado Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. https://www.shutterstock.com/pt/g/Fouad+A.+Saad 6 Podemos perceber que o espaço aberto, sempre terá um ventre e, no espaço fechado, sempre terá um nó. No espaço interno desse tubo, onde ocorre a vibração do ar, surgirão os harmônicos. O primeiro harmônico é também chamado de harmônico fundamental, e ele consiste em um ponto máximo, um nó e um ponto mínimo. Podemos representar essa sistemática observada na equação: 𝑳𝑳 = 𝝀𝝀𝟏𝟏 𝟒𝟒 → 𝝀𝝀𝟏𝟏 = 𝟒𝟒𝑳𝑳 Ao observarmos os outros tubos, perceba que a relação se repete de forma sistemática. Figura 7 – A representação das divisões por harmônico Nessa imagem, podemos perceber nitidamente que cada tubo tem uma sequência definida com um máximo, um nó e um mínimo, que corresponde ao que denominamos de harmônico, e fica nítido observar que, por intermédio da parte fechada, temos apenas harmônicos ímpares. Assim, podemos definir uma equação de referência que seria: 𝝀𝝀𝒊𝒊 = 𝟒𝟒𝑳𝑳 𝒊𝒊 (𝒊𝒊 = 𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟓𝟓,𝟕𝟕, … ) Quando nos referimos então à frequência fundamental, teremos: 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝒊𝒊 𝒗𝒗 𝟒𝟒𝑳𝑳 (𝒊𝒊 = 𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟓𝟓,𝟕𝟕, … ) 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝒊𝒊.𝒇𝒇𝟏𝟏 (𝒊𝒊 = 𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟓𝟓,𝟕𝟕, … ) 3.𝜆𝜆3 4 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆3 = 4𝐿𝐿 3 5.𝜆𝜆5 4 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆5 = 4𝐿𝐿 5 3. 𝜆𝜆7 4 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆7 = 4𝐿𝐿 7 7 Dessa maneira, de forma bem prática, podemos definir que a frequência do 3º harmônico equivale ao triplo da frequência do harmônico fundamental (𝒇𝒇𝟑𝟑 = 𝟑𝟑.𝒇𝒇𝟏𝟏), que a frequência do 5º harmônico é cinco vezes maior do que a frequência do harmônico fundamental (𝒇𝒇𝟓𝟓 = 𝟓𝟓.𝒇𝒇𝟏𝟏) e assim, sucessivamente. Os tubos fechados têm uma característica muito semelhante à coluna de ar vibrante, mas com o acesso da embocadura, no qual se forma o ventre. Exemplo: 1) Em um tubo sonoro fechado de comprimento igual a 0,5 m, forma-se um harmônico de frequência igual a 850 Hz. Sendo a velocidade do som no interior do tubo igual a 340 m/s, o harmônico formado nesse tubo no terceiro harmônico. Resolução: Para o desenvolvimento da equação, temos: 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝒊𝒊 𝒗𝒗 𝟒𝟒𝑳𝑳 Sabemos que a velocidade do som é de 340 m/s, o comprimento l = 0,5m e o harmônico i = 3, temos: 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟒𝟒.𝟑𝟑,𝟓𝟓 = 𝟏𝟏𝟑𝟑𝟏𝟏𝟑𝟑 𝟏𝟏 = 𝟔𝟔𝟏𝟏𝟑𝟑 𝑯𝑯𝑯𝑯 3.3. Tubo aberto Já quando temos tubos abertos, temos as duas extremidades abertas, favorecendo a passagem do ar, o que favorece a passagem de fluxo de ar, mantendo o ventre nas extremidades e os nós em seu interior. Mas a característica dos ventres sempre se formarem nas extremidades propicia às ondas deslocarem-se em seu interior, porém, nesse caso específico, a caracterização do deslocamento do ar garante que se tenha a metade do comprimento de onda, deixando a equação da seguinte forma: 𝝀𝝀𝟏𝟏 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝝀𝝀𝟏𝟏 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 8 Figura 8 – Formação de harmônico nos tubos abertos Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. No caso de tubos abertos, existe uma breve diferença, pois o harmônico avança de um ventre até o próximo ventre. No caso, o que podemos observar é que existe a possibilidade também de harmônicospares, representados pela equação: 𝝀𝝀𝒏𝒏 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 𝒏𝒏 (𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟒𝟒, … ) Já a frequência definida como fundamental, é definida como: 𝒇𝒇𝟏𝟏 = 𝒗𝒗 𝟏𝟏𝑳𝑳 Generalizando assim a equação para os demais harmônicos, temos: 𝒇𝒇𝒏𝒏 = 𝒏𝒏 𝒗𝒗 𝟏𝟏𝑳𝑳 (𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟒𝟒, … ) 𝒇𝒇𝒏𝒏 = 𝒏𝒏. 𝒇𝒇𝟏𝟏 ( 𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑,𝟒𝟒, … ) Podemos correlacionar esse tipo de vibração com o que ocorre com cordas vibrantes. Exemplo: 2) Um pequeno alto-falante é alimentado por um oscilador de áudio. Um tubo cilíndrico possui 34 cm de comprimento e as duas extremidades abertas, e é colocado próximo ao alto-falante. Sabendo que a velocidade do som no interior do tubo é de 340 m/s, determine a frequência no harmônico fundamental. 2𝜆𝜆2 2 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆2 = 𝐿𝐿 3.𝜆𝜆3 2 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆3 = 2𝐿𝐿 3 4.𝜆𝜆4 2 = 𝐿𝐿 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝜆𝜆4 = 𝐿𝐿 2 https://www.shutterstock.com/pt/g/Fouad+A.+Saad 9 Resolução: Para o desenvolvimento da equação, temos que converter o comprimento do tudo para metros. Assim, 34 cm = 0,34 m. Desta forma, temos: 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝒏𝒏 𝒗𝒗 𝟏𝟏𝑳𝑳 Sabemos que a velocidade do som é de 340 m/s, o comprimento l = 0,34 m e o harmônico n = 1, temos: 𝒇𝒇𝒊𝒊 = 𝟏𝟏 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟏𝟏.𝟑𝟑,𝟑𝟑𝟒𝟒 = 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑,𝟔𝟔𝟔𝟔 = 𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑 𝑯𝑯𝑯𝑯 TEMA 4 – CORDAS VIBRANTES Alguns instrumentos musicais se baseiam nas cordas, porém em cada um deles precisa de cordas tensionadas para que se tenha a produção sonora. Cada corda possui espessuras distintas, uma massa 𝒎𝒎 e um comprimento 𝑳𝑳. Essa configuração da massa com a unidade de comprimento, damos o nome de densidade linear. 𝝁𝝁 = 𝒎𝒎 𝑳𝑳 A unidade de medida da densidade linear é dada por quilograma por metro (𝒌𝒌𝒌𝒌/𝒎𝒎). Nesse contexto, ao esticar as cordas, iremos gerar uma certa tração 𝑻𝑻, definida em newton (n) ou 𝒌𝒌𝒎𝒎.𝒎𝒎/𝒔𝒔 que, ao se dedilhar, provocará ondas transversais devido à percussão dos dedos ou da paleta. Pode-se perceber que ocorrerá uma propagação sonora, que envolvem três constituintes: massa 𝒎𝒎, comprimento da corda 𝑳𝑳 (onda ambos são a base da densidade linear 𝝁𝝁 e a tração 𝑻𝑻. Assim, temos que: 𝒗𝒗 = � 𝑻𝑻 𝝁𝝁 A propagação dessas ondas, associada à reflexão que ocorre nas extremidades, define a formação das ondas estacionárias, com os nós sendo nas extremidades. Tal situação provoca uma rarefação e uma compressão, o que tem como resultado a onda sonora. Figura 9 – Formação dos harmônicos em instrumentos de corda 10 Crédito: Emre Terim/Shutterstock. Perceba que a vibração no harmônico fundamental (ou primeiro harmônico) corresponde a metade do comprimento da onda e, assim sendo, podemos equacionar. 𝝀𝝀𝟏𝟏 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝝀𝝀𝟏𝟏 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 Observando as demais formas de harmônicos, percebemos essa simetria. A cada nó formado, reduz-se o tamanho do espaço de vibração das cordas, o que permite ouvir som de maneira diferente e, para essas ondas estacionárias, podemos definir uma relação: 𝝀𝝀𝒏𝒏 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 𝒏𝒏 (𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑, … ) A frequência dita fundamental pode ser observada no primeiro harmônico, relacionando a velocidade de propagação da conda em função do comprimento 𝑳𝑳 da corda. 𝒇𝒇𝟏𝟏 = 𝒗𝒗 𝟏𝟏𝑳𝑳 Porém, se quisermos generalizar a equação, podemos defini-las como: 𝒇𝒇𝒏𝒏 = 𝒏𝒏 𝒗𝒗 𝟏𝟏𝑳𝑳 (𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑, … ) 𝒇𝒇𝒏𝒏 = 𝒏𝒏.𝒇𝒇𝟏𝟏 ( 𝒏𝒏 = 𝟏𝟏,𝟏𝟏,𝟑𝟑, … ) 𝟏𝟏𝝀𝝀𝟏𝟏 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝝀𝝀𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝟑𝟑.𝝀𝝀𝟑𝟑 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝝀𝝀𝟑𝟑 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 𝟑𝟑 𝟒𝟒.𝝀𝝀𝟒𝟒 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝝀𝝀𝟒𝟒 = 𝑳𝑳 𝟏𝟏 𝟓𝟓.𝝀𝝀𝟓𝟓 𝟏𝟏 = 𝑳𝑳 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝝀𝝀𝟓𝟓 = 𝟏𝟏𝑳𝑳 𝟓𝟓 https://www.shutterstock.com/pt/g/EmreTerim 11 4.1. Timbre O que podemos perceber também é que se estimularmos a corda, percutindo-a arbitrariamente, uma ou mais frequência poderão ser estimuladas, definindo então a forma da onda, que denominamos como timbre. Figura 10 – O timbre é uma característica própria, seja de instrumentos musicais ou da voz de pessoas ou animais Crédito: Vecton/Shutterstock. Definição: O timbre está associado à forma da onda, o que nos permite distinguir sons de mesma frequência, porém verificados em instrumentos diferentes. O timbre é a caracterização da composição da frequência que constitui a onda sonora emitida pelo instrumento. Podemos definir também que o timbre se relaciona com a qualidade do som. Exemplo: 3) Sobre uma corda vibrante de 2 m de comprimento é formada uma onda estacionária correspondente ao primeiro harmônico (frequência fundamental). Qual é o comprimento de onda dessa oscilação? https://www.shutterstock.com/pt/g/Vecton 12 Resolução: Para formarmos um harmônico nessa corda vibrante, necessita-se que os nós estejam nas extremidades dessas cordas. Assim, temos: 𝑳𝑳 = 𝒏𝒏. 𝝀𝝀 𝟏𝟏 Assim, temos que l = 2m, n = 1 (harmônico fundamental), temos: 𝝀𝝀 = 𝟏𝟏.𝑳𝑳 𝒏𝒏 = 𝟏𝟏.𝟏𝟏 𝟏𝟏 𝝀𝝀 = 𝟒𝟒 𝒎𝒎 TEMA 5 – EFEITO DOPPLER Considere um observador em repouso, sentado em um banco de praça no litoral contemplando o mar, quando houve-se o “barulho” de uma sirene de ambulância se aproximando. Ele muda o olhar, visualizando a ambulância se aproximar com o seu som aumentando ao desloca-se pela rodovia. Ao passar por ele, a ambulância segue o seu deslocamento enquanto o nosso ouvinte, percebe que o som está diminuindo. Após pensar sobre a situação, o nosso personagem chega à conclusão de que o som da ambulância na aproximação é maior do quando a ambulância se afasta. Essa experiência pela qual o nosso hipotético personagem passou é a mesma que muitos de nós já passamos e talvez nunca tenhamos nos dados conta desse efeito sonoro, que se justifica pelo efeito doppler. Vamos imaginar agora duas pessoas em repouso, a uma determinada distância entre elas, e uma ambulância passa em alta velocidade entre eles. Perceba que nesse deslocamento não devemos desconsiderar a velocidade do som, que é de aproximadamente 340 m/s. O descolamento que ocorre na aproximação com o homem com terno, então é “comprimido” esse “espaçamento”, porém, quando se observa a relação com a mulher (à esquerda), esse “espaçamento” vai aumentando. Assim, podemos ver pela Figura 11 uma representação gráfica. 13 Figura 11 – Efeito doppler Crédito: Designua/Shutterstock. Ao se observar esse fenômeno, percebe-se que o comprimento de onda λ fica menor conforme se tem a aproximação, e o comprimento de onda λ aumenta conforme ocorre o afastamento dessas ondas. Essa variação ocorre em virtude da fonte emissora do som estar em movimento, e essa velocidade não deve ser desconsiderada. Perceba que em ambas as situações, estamos trabalhando com pessoas que observam essa ambulância se aproximar e se afastar, mas sempre estando em repouso. Para essa situação (que é uma das que podem ser observadas), temos a relação entre a frequência emitida e a frequência aparente, mas tudo isso decorre porque se tem um comprimento de onda que é aparente λ’, o que causa essas mudanças. Então assim, temos: Λ’ = vt’ - vft’ → λ’ = (v - vf)t’ → 𝟏𝟏 = (𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭).𝑻𝑻′𝝀𝝀′ → 𝟏𝟏 𝑻𝑻 = 𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭 𝝀𝝀′ → 𝟏𝟏 𝑻𝑻′ = 𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭 (𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭).𝑻𝑻 → 𝟏𝟏 𝑻𝑻′ = 𝟏𝟏 𝑻𝑻 𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭 (𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭) → 𝟏𝟏 𝑻𝑻′ = 𝟏𝟏 𝑻𝑻 𝒗𝒗− (𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭) → f’ = f. 𝒗𝒗 (𝒗𝒗− 𝒗𝒗𝑭𝑭) Assim, temos uma frequência aparente quando a fonte emissora se aproxima do observador, em repouso. Mas quando a fonte se afasta, podemos representar então pela equação: f‘ = f. 𝒗𝒗 (𝒗𝒗+𝒗𝒗𝑭𝑭) https://www.shutterstock.com/pt/g/designua 14 5.1 Compreendendo os conceitos De uma forma mais generalizada, podemos descrever a equação em que o sistema da frequência emitida e do ouvinte podem ser compactados dentro de uma mesma equação, relacionando a frequência emitida e a frequência aparente da seguinte maneira: 𝒇𝒇′ = 𝒇𝒇. ( 𝒗𝒗 𝒗𝒗+𝒗𝒗𝑭𝑭 ) Observação: quando o objeto se aproxima, a distância fica menor (usa-se o sinal de menos); quando o objeto se afasta, o objeto fica cada vez maior (usa- se o sinal de mais). Figura 12 – Representação esquemática do efeito doppler Crédito: Elias Aleixo. Porém, em alguns casos acontece de o observador estar em movimento. Esse observador em movimento pode estar se aproximando da fonte ou se 15 afastando. Dessa forma, temos uma equação universal para esse fenômeno, definido por: 𝒇𝒇′ = 𝒇𝒇 ( 𝒗𝒗+𝒗𝒗𝒐𝒐 𝒗𝒗+𝒗𝒗𝑭𝑭 ) Exemplo: 4) Deslocando-se à velocidade de 144 km/h por uma via, uma viatura da polícia rodoviária, em perseguição, toca a sirene, cujo som tem frequência igual a 1500 Hz. Uma mulher parada num ponto de ônibus, na mesma via, percebe uma variação brusca no som, no instante em que a viatura passa pelo ponto onde ela se encontra. Qual é, em valor aproximado, a variação de frequência, em Hz, ouvida pela mulher, tendo como parâmetro os períodos anterior e posterior à passagem da viatura? Adote a velocidade do som vs = 340m/s Resolução: Em um primeiro momento, é necessário converter a velocidade para m/s. Assim, temos que 144 km/h = 40 m/s. Como a observadora está em repouso, a velocidade do observador é zero. Assim, temos (de uma forma genérica) os dados pertinentes da equação: 𝒇𝒇′ = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑. ( 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑+𝟒𝟒𝟑𝟑 ) Na aproximação (a distância do veículo e do observador está diminuindo) 𝒇𝒇′ = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑. ( 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 − 𝟒𝟒𝟑𝟑 ) 𝒇𝒇′ = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑. � 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑� = 𝟏𝟏𝟕𝟕𝟑𝟑𝟑𝟑 𝑯𝑯𝑯𝑯 No afastamento (a distância do veículo e do observador está aumentando) 𝒇𝒇′ = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑. ( 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 + 𝟒𝟒𝟑𝟑 ) 𝒇𝒇′ = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟑𝟑𝟑𝟑. � 𝟑𝟑𝟒𝟒𝟑𝟑 𝟑𝟑𝟔𝟔𝟑𝟑� = 𝟏𝟏𝟑𝟑𝟒𝟒𝟏𝟏,𝟏𝟏𝟑𝟑 𝑯𝑯𝑯𝑯 NA PRÁTICA Agora é a sua vez! 16 Em sua residência, possivelmente você tem o hábito de cantar alguma música. Existem aplicativos que podem ser instalados em seu aparelho celular que podem reproduzir um som em diversos instrumentos musicais. Verifique essa canção e, com a presença de um familiar, deixe-o escutar essa música e, pergunte a eles em qual instrumento musical está sendo tocada essa melodia. Posteriormente, pergunte a ela(a) o porquê dessa diferença sonora e justifique por intermédio da Física. FINALIZANDO Nesta aula, abordamos os elementos relacionados aos instrumentos musicais e o efeito doppler. Além de relacionar os elementos sonoros com as suas características musicais, tem-se também os elementos de deslocamento de uma fonte sonora, tendo então uma frequência variável a ser ouvida. EXERCÍCIOS 1) Uma corda de metálica vibra no 3° harmônico entre rastilho e a pestana de um violão de comprimento de 40 cm. Sabendo que a velocidade da propagação da onda é de 100m/s, o valor da frequência emitida é de: 2) Um observador em repouso percebe uma ambulância se aproximando com velocidade de 144 km/h. Sabendo que a velocidade do som é de 340m/s, calcule a frequência aproximada percebida pelo ouvinte (frequência emitida pelo veículo é de 800 Hz). Gabarito: 1) 375 Hz 2) 906,66 Hz