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Organização e Hierarquia das Memórias SST Moreira, Marcelo dos Santos Organização e Hierarquia das Memórias / Marcelo dos Santos Moreira Ano: 2020 nº de p. : 12 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Organização e Hierarquia das Memórias 3 Apresentação Em nosso estudo, compreenderemos a organização da memória dos computadores e como funciona um sistema de memória, suas características de localização, capacidade, unidade de transferência, método de acesso, tipos e características físicas e organização. Ao final, veremos a hierarquia das memória em um sistema computacional. Organização da memória Paixão (2014, p. 71) define genericamente memória como “[...] todo meio que tem a capacidade de guardar informações que posteriormente podem ser recuperadas, sem prejuízo de conteúdo”. Assim, por definição, a memória de um computador tem por função armazenar dados ou informações, que deverão estar disponíveis a qualquer momento para serem recuperadas e manipuladas de acordo com a necessidade. Quando estudamos a memória de um computador, vemos que existem diferentes tipos, tecnologias, organizações, desempenhos e até mesmo custos. Mas qual o tipo de memória ideal para satisfazer aos requisitos necessários ao funcionamento de um computador? A resposta é: nenhuma em específico. Um computador típico é composto por uma hierarquia de subsistemas de memória (subsistemas internos), acessíveis pelo processador ou subsistemas externos, acessíveis pelo processador por meio de um módulo de E/S (Entrada e Saída). O elemento básico de armazenamento físico na memória de um computador é o bit, representado pelo sistema numérico binário (0 ou 1), na forma de sinais elétricos, conforme podemos ver na figura a seguir: 4 Representação de um bit. Fonte: Monteiro (2007, p. 82). Um computador é incapaz de interpretar letras e números como nós, seres humanos. Ele só consegue interpretar sinais elétricos na sua forma mais rudimentar: sem corrente (0) ou com corrente (1). Atenção Dada a complexidade do nosso dia a dia, torna-se impossível registrar as informações apenas com a combinação de zeros e uns. Diante disso, os sistemas computacionais agrupam combinações de bits, identificando-os como células. 5 Sistemas de memória - Visão geral Veja, no quadro a seguir, como classificamos os sistemas de memória: Características de Memória dos Computadores Localização Interna • registradores do Processador cache • memória principal Externa • discos óticos • discos magnéticos • fitas magnéticas Capacidade • número de palavras• número de bytes Unidade de transferência • palavra• bloco Método de acesso • sequencial • direto • aleatório • associativo Desempenho • tempo de acesso • tempo de ciclo • taxa de transferência Tipos físico • semicondutor • magnético • ótico • magneto-ótico Características físicas • volátil ou não volátil• apagável ou não apagável Organização • módulos de memória Fonte: Stallings (2010, p. 90). Detalhando um pouco mais, veja, a seguir, as características de cada item. • Localização: demonstra se a memória é interna ou externa ao computador. É muito comum chamar a memória interna de memória principal, porém exis- tem outros tipos de memória interna. A memória cache também é outro tipo de memória interna. Já a memória externa representa o local de armazena- mento de dispositivos periféricos, como discos e fitas, acessíveis pelo proces- sador por meio dos controladores de E/S. 6 • Capacidade: ao nos referir à memória interna, expressamos a sua capacidade em bytes ou palavras. Já a memória externa tem a sua capacidade expressa somente em bytes. • Unidade de transferência: ao considerarmos a memória interna, a unidade de transferência é representada pelo número de linhas elétricas dentro e fora do módulo de memória. Geralmente, esse número é representado por 64, 128 ou 256 bits. • Método de acesso: podemos classificar os métodos de acesso da seguinte forma: • Acesso sequencial: a memória é organizada em registros, também chamadas de unidades de dados. O acesso deve ser feito por meio de uma sequência linear específica. As informações de endereça- mento armazenadas são usadas para separar registros e auxiliar no processo de recuperação. Um exemplo típico de dispositivo que se utiliza do acesso sequencial são as fitas. • Acesso direto: o acesso direto, de forma similar ao acesso sequen- cial, utiliza-se de um mecanismo compartilhado de leitura e de grava- ção. O que difere um método do outro é que os blocos ou registros individuais têm um endereço exclusivo baseado na sua localização física. Isso quer dizer que o acesso é realizado por acesso direto em uma região endereçada e, a partir daí, ocorre a busca sequencial den- tro dessa região. Exemplo: os discos. Exemplo de acesso direto. Fonte: Plataforma Deduca (2020). • Acesso aleatório: cada setor da memória tem um mecanismo exclu- sivo de endereçamento fisicamente conectado. O tempo para aces- sar um determinado local é independente da sequência de acessos anteriores e é constante. Assim, qualquer setor pode ser seleciona- do aleatoriamente e endereçado e acessado diretamente. Exemplos: memória principal e alguns sistemas de cache. 7 • Associativo: representado também como acesso aleatório de me- mória, permitindo que seja feita uma comparação dos locais de bits desejados em uma palavra para uma correspondência especificada. Isso representa que uma palavra é recuperada com base em uma parte de seu conteúdo e não em seu endereço. O tempo de recupera- ção é constante, independentemente da localização ou dos padrões de acesso já citados. Exemplo: memórias cache. • Desempenho: para um usuário de computador, os pontos mais relevantes da memória são a capacidade e o desempenho. Detalhamos o desempenho da memória em três parâmetros: Latência Se considerarmos a memória de acesso aleatório, esse é o tempo necessário para executar uma operação de leitura ou gravação. Já a memória de acesso não aleatório se refere ao tempo necessário para posicionar o mecanismo de leitura e gravação no local desejado. Tempo de ciclo da memória Aplicável à memória de acesso aleatório. Consiste no tempo de acesso mais qualquer tempo adicional necessário antes do início de um próximo acesso. Vale ressaltar que o tempo de ciclo da memória está relacionado ao barramento do sistema e não ao seu processador. Taxa de transferência Representa a taxa na qual os dados podem ser transferidos de/para uma unidade de memória. Na memória de acesso aleatório, ela é representada por 1/tempo de ciclo. Na memória de acesso não aleatório, a taxa de transferência é representada pela fórmula: Em que n = Número de bits Tn = Tempo médio de leitura e gravação de n bits TA = Tempo médio de acesso R = Taxa de transferência em bits por segundo (bps) 8 • Tipos físicos São muitos os possíveis tipos físicos de memória. Atualmente, os mais usados são memória semicondutora, memória de superfície magnética – usada em discos e fitas – memória ótica e memória magneto-ótica. • Características físicas: Destacamos aqui as características físicas de uma memória volátil, na qual a informação pode se perder, por exemplo, na ocorrência de queda ou desligamento da energia elétrica. Isso já não acontece com a memória não volátil, pois a informação gravada jamais é alterada ou apagada sem que haja algum comando para isso (PAIXÃO, 2014). Exemplos: • memória de superfície magnética: não volátil; • memória de semicondutores – em circuitos integrados: pode ser tan- to volátil como não volátil; • memória não apagável – não volátil – não pode ser alterada, exceto por meio da destruição da unidade de armazenamento – memória somente para leitura (ROM). Hierarquia das memórias Acabamos de citar a existência de diversos tipos de dispositivos de armazenamento que, conceitualmente, podem ser organizados de forma hierárquica, conforme a figura a seguir: Hierarquia das memórias.Fonte: Monteiro (2007, p. 86). 9 • Registradores O princípio fundamental de um sistema computacional é processar informações e a função principal da memória, seja de qual tipo for, é abastecer o processador para, a qualquer momento, processá-las. A função do processador é executar instruções por meio da manipulação de dados e gerar os resultados das suas operações. Para que todo o processo ocorra, ele deve buscar instruções onde quer que elas estejam armazenadas – memória cache ou memória principal – e armazená-las em si próprio, em um compartimento denominado “registrador de instrução”. Como demonstrado na figura apresentada, o registrador se encontra no topo da hierarquia das memórias, tem a maior taxa de transferência de dados do sistema computacional e, consequentemente, o menor tempo necessário para o seu acesso. Em contrapartida, tem a menor capacidade de armazenamento e um custo elevado. • Memória Cache Descendo na pirâmide de hierarquia das memórias, em seguida podemos encontrar o conjunto de memórias cache e principal. Ao executar uma instrução, o processador acessa diretamente a memória principal (sem cache) ao menos uma vez, a fim de buscar uma instrução e depois a transfere aos registradores do processador. Esse processo é denominado “ciclo de memória”. Fato é que o tempo gasto pelo processador para a realização de uma operação é muitas vezes menor que o tempo do ciclo de memória e isso ocasiona uma demora demasiada em todo o processamento. Os processadores geralmente são capazes de executar operações lógico-aritméticas de maneira mais rápida que o tempo de acesso da memória principal de um computador. Embora a memória semicondutora possa operar a velocidades comparáveis com a operação do processador, torna-se economicamente inviável utilizar toda a memória principal com memória semicondutora. O problema pode ser contornado com a utilização de um pequeno bloco de memória de alta velocidade, denominado “cache”, entre a memória principal e o processador. A fim de diminuir esse tempo e minimizar o problema, engenheiros de computação criaram um dispositivo de memória entre o processador e a memória principal, ou seja, a memória cache. 10 Quando uma solicitação de acesso à memória principal é gerada, essa solicitação é apresentada primeiro à memória cache e, se ela não puder atender, a solicitação é direcionada à memória principal. Dessa forma, a memória cache pode servir de buffer entre a CPU e a memória principal. Na figura a seguir, veja como funciona esse esquema: Funcionamento das memórias cache e principal. Fonte: Stallings (2010, p. 96). Para uma melhor compreensão do conceito de memória cache, vamos usar uma metáfora: considere que um mecânico esteja em seu posto de trabalho para reparar motores e que, de tempos em tempos, ele necessite de uma chave fixa para ajustar os parafusos, porém a chave fixa fica guardada em uma prateleira a 10 metros de distância. Ou seja, toda vez que ele precisar da chave fixa para ajustar os parafusos de um motor, ele terá de se deslocar até a prateleira, pegar a chave fixa, retornar ao seu posto de trabalho, fixar os parafusos necessários e devolver a chave fixa na mesma prateleira e novamente retornar ao seu posto de trabalho para dar continuidade ao processo. Fica aqui uma sugestão: logo no início do expediente, o borracheiro vai até a prateleira, pega a chave fixa e a pendura em um gancho ao lado do seu posto de trabalho e, ao final do dia, devolve a chave fixa na prateleira. De forma análoga, a memória cache seria o gancho ao lado do posto de trabalho do borracheiro. Ela é um bloco de memória de armazenamento de dados temporários que estarão disponíveis para serem utilizados frequentemente. 11 • Memória Principal Conceitualmente, um processador acessa instruções, uma após a outra, devido à capacidade de armazenamento interno do computador. Daí se justifica a existência das memórias. Dessa forma, a memória principal de um computador é a sua memória básica, que tem por finalidade processar programas que manipularão dados e armazenarão o resultado das operações, seguindo instrução por instrução. • Memória Secundária Situada na base da hierarquia das memórias de um sistema computacional, a memória secundária, também chamada de auxiliar, é uma memória que detém maior capacidade de armazenamento, menor custo por byte armazenado e, em contrapartida, com os maiores tempos de acesso. Então, você pode nos perguntar: qual a finalidade desse tipo de memória? Simples. É o tipo de memória mais adequado para armazenamento permanente de dados. Podemos citar os discos rígidos, CD-ROMs, DVDs, fitas magnéticas etc. Fechamento Chegamos ao final do estudo sobre organização e hierarquia de memória, e compreendemos que todo sistema computacional tem uma memória para o armazenamento de dados com características específicas para o armazenamento, como localização, capacidade, unidade de transferência, método de acesso, desempenho, características físicas e organização. Vimos também a hierarquia das memórias, como os registradores, memória cache, memória principal e secundária. 12 Referências MONTEIRO, M. A. Introdução à organização de computadores. Rio de Janeiro: LTC, 2007. ISBN: 978-85-216-1973-4. PAIXÃO, R. R. Arquitetura de computadores: PCs. São Paulo: Érica, 2014. ISBN: 9788536518848. STALLINGS, W. Arquitetura e organização de computadores. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2010. ISBN: 9788587918536.
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