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SANEAMENTO AMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos compreender aspectos do manejo dos resíduos sólidos 
como um serviço público de saneamento básico e conheceremos o conjunto de 
infraestruturas e instalações operacionais que servem aos seus objetivos. Para 
isso, abordaremos alguns pontos importantes sobre a legislação da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, entendendo a dimensão dos seus desafios. 
Conheceremos a problemática da destinação dos resíduos sólidos e as 
principais formas de destinação final utilizadas e seus impactos no meio 
ambiente. Nesse contexto, estudaremos sobre as águas subterrâneas, um bem 
precioso e estratégico, buscando entender como prevenir e controlar a sua 
poluição. 
Após, vamos estudar o que são os planos municipais de saneamento 
básico e como está garantida a participação popular na formulação e controle 
das políticas públicas relacionadas ao saneamento. 
Em nossa prática, conheceremos uma tecnologia revolucionária que 
transforma resíduos humanos em adubo, sem água ou conexão a um sistema 
para funcionar. 
TEMA 1 – POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei n. 
12.305, de 2 de agosto de 2010, regulamentada pelo Decreto n. 7.404, de 23 de 
dezembro de 2010 (Brasil, 2010). 
O art. 1º resume os objetivos, a saber, disciplina a gestão integrada e o 
gerenciamento dos resíduos sólidos, fazendo uso de princípios, objetivos e 
instrumentos que a viabilizem e atribuindo responsabilidade aos geradores, ao 
poder público e às pessoas físicas ou jurídicas responsáveis, direta ou 
indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações 
relacionadas à gestão de resíduos sólidos. 
Depois de 19 anos tramitando no Congresso, foi sancionada em agosto 
de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PNRS trouxe 
propostas modernas para o que fazer com todo o material gerado pelo consumo 
humano, seja ele orgânico (como restos de alimentos), reciclável (embalagens 
de plástico, vidro, papelão etc.) ou, finalmente, um rejeito comercialmente 
irrecuperável. 
 
 
3 
Essa lei inovou, distribuindo a responsabilidade do problema entre os 
diferentes setores envolvidos: governantes, setor privado e sociedade civil, como 
um todo. 
Os principais pontos abrangidos pela lei são os seguintes: 
 Acabar com os lixões até o ano de 2014, ou seja, no país não poderiam 
mais existir lixões a céu aberto devendo estes serem substituídos por 
aterros sanitários ou aterros controlados; 
 Aterros sanitários somente podem receber rejeitos, ou seja, a parte do lixo 
que não pode ser reciclada; 
 Os municípios devem adotar planos municipais para os resíduos sólidos 
bem como planejar e instalar de meios para a logística reversa. 
Por fim, até o mês de agosto do ano de 2014, os 2.810 municípios do país 
deveriam apresentar práticas de tratamento do lixo, incluindo cuidados com a 
contaminação do solo, da água e disseminação de doenças; 
A lei também apresenta três conceitos cruciais, a saber, a gestão 
integrada dos resíduos sólidos, a responsabilidade compartilhada e a logística 
reversa, assim definidas: 
Quadro 1 – Conceitos da PNRS 
 
RESPONSABILIDADE 
COMPARTILHADA, 
GESTÃO INTEGRADA DOS 
RESÍDUOS SÓLIDOS 
LOGÍSTICA REVERSA. 
 
A cada setor foram atribuídos 
diferentes papéis a fim de 
solucionar ou mitigar os problemas 
relacionados aos resíduos sólidos: 
 Governantes: estabelecer 
planos, garantir a 
infraestrutura para disposição 
adequada dos resíduos, 
organizar e fiscalizar o 
cumprimento da lei. 
 Setor privado: introduziu o 
conceito de “logística 
reversa”, que deu às 
empresas envolvidas na 
cadeia de um produto a 
responsabilidade de recuperá-
lo e fazer seu descarte 
corretamente depois de 
usado. 
 População: separar e 
descartar seus resíduos e 
rejeitos de modo adequado. 
O conjunto de ações voltadas 
para a busca de soluções para 
os resíduos sólidos, 
considerando as dimensões 
política, econômica, 
ambiental, cultural e social, 
com controle social e sob a 
premissa do desenvolvimento 
sustentável. 
Instrumento previsto para, por 
meio de ações, procedimentos e 
meios adequados, viabilizar a 
coleta e restituição pós-consumo 
dos resíduos, embalagens, 
produtos com validade vencida, 
equipamentos obsoletos ou 
avariados aos setores 
empresariais para 
reaproveitamento nos ciclos 
produtivos ou outras destinações 
ambientalmente adequadas. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/gestao-integrada-dos-residuos-solidos/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/gestao-integrada-dos-residuos-solidos/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/responsabilidade/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/logistica-reversa/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/logistica-reversa/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/responsabilidade/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/responsabilidade/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/gestao-integrada-dos-residuos-solidos/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/gestao-integrada-dos-residuos-solidos/
http://hotsite.mma.gov.br/4conferencia/pnrs/logistica-reversa/
 
 
4 
No entanto, mesmo após o longo período desde a promulgação da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos pelo governo brasileiro até a atualidade, 
tem-se, por um lado, a ausência de um plano com medidas e metas claras a 
serem adotadas por estados e municípios; por outro, o descumprimento do 
prazo, vencido em 2014, 
De acordo com dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de 
Limpeza Pública e Resíduos Especiais), 59% dos municípios disseram não 
contar com planos próprios sobre o tema, 48% dos municípios disseram 
descartar todo resíduo sólido coletado em lixões (dados de 2016) e 8% em 
aterros controlados (espaços com estrutura mínima e, por isso, também 
considerados inadequados). No conjunto, então, apenas 41% dos municípios 
descartam seus resíduos sólidos coletados em aterros sanitários, (Abrelpe, 
2017). 
TEMA 2 – LIXÕES E ATERROS SANITÁRIOS 
Como vimos no tema anterior, aos municípios cabe a atribuição de coletar 
e dispor o seu lixo adequadamente, mas, por diversas razões, como escassez 
de recursos, deficiências administrativas e falta de visão ambiental na maioria 
dos municípios, os resíduos são colocados em locais inapropriados, o que 
provoca degradação do solo, contaminação dos rios e lençóis freáticos, por meio 
do chorume e poluição atmosférica, devido à liberação do biogás (Abrelpe, 
2017). 
Para resolver as disposições em locais inadequadas, existem os aterros 
sanitários, obras de engenharia projetadas sob critérios técnicos, que têm por 
finalidade garantir a disposição dos resíduos sólidos urbanos sem causar danos 
à saúde pública e ao meio ambiente. 
Atualmente, os aterros são uma das técnicas mais eficientes e seguras de 
destinação de resíduos sólidos, pois permitem um controle eficiente e seguro do 
processo e quase sempre apresentam a melhor relação custo-benefício, pois 
podem receber e acomodar vários tipos de resíduos, em diferentes quantidades, 
sendo adaptáveis a qualquer tipo de comunidade, independentemente do 
tamanho. 
Todo projeto de aterro sanitário deve ser elaborado segundo as normas 
preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
 
 
5 
De acordo com a Norma NBR 8419/84, o projeto de um aterro sanitário 
deve ser obrigatoriamente constituído das seguintes partes: memorial descritivo, 
memorial técnico, apresentação da estimativa de custos e do cronograma, 
plantas e desenhos técnicos. Assim como os aterros sanitários de resíduos 
sólidos urbanos têm normas específicas, outros tipos de aterros, como os de 
resíduos perigosos, também devem ser elaborados seguindo os princípios 
técnicos estabelecidospelas normas (ABNT, 1992). 
Por outro lado, ainda temos os lixões, que são a forma inadequada de 
dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo, sem nenhuma 
impermeabilização, sem sistema de drenagem de lixiviados e de gases e sem 
cobertura diária do lixo, causando impactos à saúde pública e ao meio ambiente. 
É comum encontrar nos lixões vetores de doenças e outros animais. 
Nesses locais também é frequente a presença de pessoas excluídas 
socioeconomicamente, inclusive idosos e crianças, trabalhando como catadores, 
em condições precárias e insalubres. Essas áreas devem ser remediadas e 
fechadas para propiciar segurança à população do entorno, melhoria da 
qualidade dos solos e das águas superficiais e subterrâneas, e minimização dos 
riscos à saúde pública, garantindo harmonia entre o meio ambiente e a 
população local (Van Elk, 2008). 
Concluindo, cabe-nos fazer uma ressalva em relação aos aterros 
sanitários, pois diante dos graves problemas que os lixões apresentam, a 
implantação de um aterro sanitário pode ser vista como uma solução definitiva e 
eficiente, mas que, no entanto, não leva em consideração as possiblidades de 
reaproveitamento e reciclagem. Nesse sentido, é importante que as soluções 
para esse imenso desafio sejam também direcionadas não somente ao 
reaproveitamento e transformação da maior quantidade possível de todo o 
resíduo gerado pela nossa sociedade, mas também por meio do 
desenvolvimento de novas tecnologias, estímulo à economia de matéria-prima e 
energia. Outro aspecto de suma importância que o tema traz relaciona-se ao 
nosso modelo de desenvolvimento econômico, que privilegia o consumo 
excessivo, sem levar em consideração os limites físicos de nosso planeta. 
 
 
 
 
6 
TEMA 3 – MEDIDAS DE CONTROLE DE POLUIÇÃO EM CORPOS D’ÁGUA 
SUBTERRÂNEOS 
 As aguas subterrâneas, um dos recursos mais importantes em termos de 
disponibilidade de uso, como já apresentado ao longo das aulas, apesar de 
estarem protegidas por camadas de solos e de rochas, também estão 
suscetíveis a fontes de contaminação de águas subterrâneas. 
Segundo nos explica Hirata (2008, citado por Feitosa, 2008), o processo 
de contaminação dessas águas ocorre por meio da percolação de líquidos com 
potencial contaminante que, ao se infiltrarem no solo, atingem o nível d’água. A 
vulnerabilidade das águas subterrâneas à contaminação é definida então em 
função de um conjunto de características físicas, químicas e biológicas da zona 
não saturada e/ou do aquitardo confinante que, juntas, controlam a chegada do 
contaminante ao aquífero, como mostra a ilustração a seguir: 
Figura 1 – Aquífero 
 
Créditos: Designua/Shutterstock. 
Esses líquidos contaminantes podem ter origem diversa, como se mostra 
no quadro a seguir com as atividades que potencialmente geram carga 
contaminante para o subsolo, de acordo com Hirata (2008). 
AQUITARDO: uma formação geológica 
que, embora possa armazenar 
quantidades importantes de água, é de 
natureza semipermeável e, portanto, 
transmite água a uma taxa muito baixa. 
ZONA SATURADA: a parte 
de um aquífero, abaixo 
do lençol freático (water 
table), em que a maioria 
dos poros e fraturas se 
encontram saturados com 
água 
 
 
7 
Quadro 2 – Origem dos líquidos contaminantes 
URBANIZAÇÃO INDUSTRIALIZAÇÃO 
Saneamento sem rede de esgoto Vazamentos na 
rede; Lagoas de oxidação de efluentes; Área de 
descarga de efluentes; Descarga de efluentes em 
rios; Lixiviação de efluentes de aterros sanitários 
ou lixões; Tanques de combustível; Drenagem de 
estradas. 
Vazamento de tanques ou tubulações; 
Derramamentos acidentais de produtos químicos; 
Lagoas de águas de processo ou efluentes; Área 
de descarga de efluentes; Descarga de efluentes 
em rios; Lixiviação em aterros de resíduos sólidos 
e lixões; Drenagem por valas de infiltração; 
Deposição de poluentes transportados por 
dispersão aérea. 
PRÁTICAS AGRÍCOLAS MINERAÇÃO 
Culturas Utilização de 
agroquímicos; 
Irrigação; Com 
excremento animal; 
Com utilização de 
efluentes na irrigação. 
Mudanças no regime de fluxo; Descarga de águas 
drenadas; Lagoas de água de processo e 
efluentes; Lixiviação em aterros de resíduos 
sólidos e bota foras. 
Criação de gado e 
processamento de 
culturas 
Lagoa de efluentes; 
Área de descarga de 
efluentes; Descarga de 
efluentes em rios 
Fonte: Elaborado pela autora. 
Os processos que ocorrem estão submetidos à lenta circulação das águas 
subterrâneas, à capacidade de adsorção dos terrenos e pequeno tamanho dos 
canalículos e por isso uma contaminação pode levar muito tempo até manifestar-
se de forma clara. O poder de depuração dos aquíferos, em relação a muitos 
contaminantes, somados ao grande volume de água que armazenam, fazem 
com que as contaminações extensas se manifestem muito lentamente e as 
contaminações localizadas somente apareçam depois de algum tempo e, 
mesmo assim, quando deslocadas para captações em explotação. 
Em outras palavras, os aquíferos são muito menos vulneráveis à poluição 
do que as águas superficiais, mas, uma vez produzida, a recuperação, a 
depender do tipo de contaminante, pode levar muitos anos e até mesmo tornar-
se economicamente inviável. 
Dessa forma, segundo Hirata (2008), programas de proteção das águas 
subterrâneas devem buscar inicialmente a identificação de áreas que 
necessitam de maior atenção ambiental ou mesmo atividades que representem 
maior ameaça à qualidade das águas subterrâneas; o controle da ocupação, seja 
urbana ou rural, nessas áreas que são mais sensíveis bem como proteção de 
mananciais importantes que são ou serão utilizados para o abastecimento 
público. 
 
 
 
8 
TEMA 4 – OS PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO 
Como já vimos anteriormente, a legislação brasileira para o saneamento 
básico é considerada avançada e ambiciosa ao estabelecer as diretrizes 
nacionais para o saneamento básico e para a Política Nacional de Saneamento 
Básico. A lei também trouxe como diretrizes a universalização ao acesso aos 
serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, além de englobar 
a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos como componentes do 
saneamento básico. 
Nesse sentido, os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) são 
as ferramentas para o alcance dessas diretrizes e, portanto, essenciais na 
medida em que condicionam tanto a prestação dos serviços, que precisam ser 
regulados e submetidos ao controle social; quanto o acesso aos recursos 
orçamentários da União para fins de implantação de ações de saneamento 
básico. 
Os PMSB devem ser elaborado por técnicos da prefeitura e abranger 
quatro áreas: serviços de água, esgotos, resíduos sólidos e drenagem das águas 
pluviais urbanas. Após a sua conclusão são, então, encaminhados para 
aprovação pelo Governo Federal e somente após essas etapas é que as verbas 
para obras de saneamento serão liberadas. 
Esses planos devem estar em consonância com os planos diretores, com 
os objetivos e as diretrizes dos planos plurianuais (PPA), com os planos de 
recursos hídricos, com os planos de resíduos sólidos, com a legislação 
ambiental, com a legislação de saúde e de educação, além de dever ser 
compatível e integrado com todas as demais políticas públicas, planos e 
disciplinamentos do município relacionados ao gerenciamento do espaço 
urbano. Também deve ser assegurada a efetiva participação da população em 
todas as fases da elaboração do PMSB, prevendo o envolvimento da sociedade 
inclusive durante a aprovação, execução, avaliação e revisão – a cada quatro 
anos – do PMSB. A figura a seguir apresenta os principais direcionamentos da 
elaboração do PSMB. 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 2 – Principais direcionamentos da elaboração do PSMB 
 
Fonte: Funasa, 2012. 
No entanto, como temos visto ao longo das nossas aulas, o acesso e a 
universalização dos serviços de saneamento, a garantia da qualidade dos 
serviços e a sustentabilidade financeirados serviços ainda são desafios com que 
o setor se depara. 
Decorrente disso observamos a existência de grandes disparidades 
regionais entre as populações urbanas e rurais observadas. Nesse aspecto, 
segundo dados dos Planos Municipais de Saneamento, num levantamento 
realizado pelo Ministério das Cidades (Brasil, 2017), cerca de 5.570 municípios 
brasileiros, 1.667 (em torno de 30%) não informaram quaisquer informações, 
2.091 (cerca de 38%) estão elaborando os planos; 1.692 (cerca de 30%) já 
possuem os PMSB; e 120 (cerca de 2%) possuem inconsistências nas 
informações do PMSB como podemos ver na tabela a seguir: 
 
 
10 
 
Tabela 1 – Informações do PMSB 
ELABORAÇÃO DO PMSB QUANTIDADE % DOS MUNICÍPIOS 
BRASILEIROS 
Municípios com informações 3.903 70% 
Municípios com PMSB 1.692 38% 
Municípios com PMSB em 
elaboração 
2.091 20% 
Municípios com 
Inconsistência na Informação 
120 2% 
Municípios sem informações 1.667 30% 
Fonte: Brasil, 2017. 
No mapa a seguir, visualizamos essa grande disparidade em termos 
regionais, ou seja, a concentração nas regiões Sul e Sudeste de municípios com 
planos elaborados e de municípios com planos elaborados ou sem informações 
nas demais regiões. 
Figura 3 – Panorama dos Planos Municipais de Saneamento Básico 
L 
Fonte: Brasil, 2017. 
 
 
11 
Um último aspecto a salientar em relação à elaboração dos planos 
municipais são as dificuldades de municípios com menor capacidade de 
formulação de projetos, de captação de recursos, de execução de obras e de 
manutenção dos serviços, o que se torna um agravante no provimento dos 
serviços de saneamento e, por conseguinte, afetando a situação dos recursos 
hídricos como um todo. 
TEMA 5 – A PARTICIPAÇÃO POPULAR PARA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS NA ÁREA DO SANEAMENTO 
O Marco Legal Nacional do Saneamento também institui a participação 
dos cidadãos e, por isso, as discussões em relação ao seu cumprimento têm 
enfatizado a importância do exercício da cidadania ativa, expresso mediante a 
participação da comunidade na solução de problemas de interesse público. A 
participação e controle social são interpretadas como ferramentas 
compartilhadas para a gestão e a avaliação das ações recomendadas pela Lei 
n. 11.445/2007. Nesse cenário, portanto, são definidos como um conjunto de 
mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, 
representações técnicas e participações nos processos de formulação e de 
fiscalização das políticas relacionadas aos serviços de saneamento. 
Num contexto histórico, podemos considerar que a participação e o 
controle social na gestão do saneamento no Brasil nunca existiram, 
considerando-se, inclusive na época do Planasa (Plano Nacional de 
Saneamento Básico), a participação de usuários como um elemento ameaçador 
de uma gestão racional, técnica e eficiente dos serviços, estando, portanto, 
descartada (Britto, 2001). 
Brito (2001) entende que, segundo as leis relativas à área de saneamento 
básico, são dois canais distintos em que pode ocorrer a participação popular: 
a. Participação dos usuários como consumidores, dentro de padrões 
adequados de qualidade; e 
b. Participação dos usuários nos órgãos colegiados normativos ou 
deliberativos da estrutura de regulação e controle. 
Mas o que geralmente acontece é que as questões como participação e 
controle social e prestação de contas à sociedade são ignoradas ou deixadas 
em segundo plano. 
 
 
12 
Informações obtidas por meio de uma pesquisa realizada pelo Instituto 
Trata Brasil / IBOPE (Cresce..., 2012), que teve por objetivo verificar o nível de 
conhecimento do brasileiro sobre os serviços de saneamento básico, 
demonstrou que, quando se trata de mobilização para cobrar melhorias dos 
serviços, o cidadão brasileiro, apesar de reconhecer a importância do 
saneamento básico, não se mobiliza para conquistar avanços nesses serviços. 
A pesquisa mostrou que, ao serem perguntados sobre o tema, 75% das pessoas 
afirmaram não fazer cobranças, e a maior parte daqueles que cobram referem-
se à solicitação de limpeza de bueiros (7%) e de desentupimento do esgoto 
existente (5%). Além disso, as perguntas questionavam o que o cidadão poderia 
fazer para ajudar a melhorar o saneamento, e cerca de 25% afirmaram não saber 
ou não respondeu; 18% opinaram que os problemas encontrados deveriam ser 
informados à Prefeitura; 15% achou que os serviços deveriam ser fiscalizados; 
e 10% atribuem a garantia de conquistas à mobilização dos moradores. 
Dessa forma, resumidamente, pode-se concluir que, apesar da existência 
de marcos regulatórios que asseguram direitos sociais, de mecanismos e 
instrumentos de gestão compartilhada, do processo de descentralização de 
recursos e de atribuições legais para a gestão municipal e dos líderes 
trabalhados se encontrarem como representantes da comunidade, isso não tem 
contribuído para elevar a participação dos cidadãos 
Estimular o diálogo social e a difusão dos mecanismos que garantam o 
poder das autoridades governamentais e comunidades, em um esforço de 
diálogo e cooperação nos serviços de saneamento, continua sendo um desafio 
para o exercício da democracia representativa no Brasil. 
NA PRÁTICA 
Saiba mais 
Bill Gates apresentou vaso sanitário tecnológico que não usa água ou 
esgoto para funcionar 
O fundador da Microsoft, o milionário Bill Gates, no dia seis (6) de 
novembro de 2018, apresentou um vaso sanitário que transforma os resíduos 
humanos em adubos, sem usar água ou precisar de conexão a qualquer sistema 
de depuração para funcionar. Na exposição “Vaso Sanitário Reinventado”, em 
evento realizado em Pequim, que contou com apresentação de novas 
 
 
13 
tecnologias, na busca pela inibição da propagação de doenças, Bill 
Gates carregou um pote com fezes humanas .O filantropo milionário disse em 
seu discurso que, naquele pote, poderia haver “nada menos que 200 trilhões de 
rotavírus, 20 bilhões de bactéria Shigella e 100 mil ovos de vermes parasitas”, e 
brincou sobre seu interesse no assunto: “Eu preciso admitir: uma década atrás, 
eu não poderia imaginar que um dia saberia tanta coisa sobre cocô. Eu 
definitivamente nunca pensei que a Melinda precisaria me pedir para parar de 
falar sobre vasos sanitários e dejetos fecais na mesa de jantar”. 
A Fundação Bill & Melinda Gates, do milionário e de sua esposa, já gastou 
mais de US$ 200 milhões em pesquisas nessa área nos últimos sete anos, 
mostrando a importância crescente do tema e o surgimento de uma nova 
oportunidade de mercado. Na China, a “revolução do banheiro” é vista como uma 
prioridade política e, para isso, a presença de Gates ajuda a divulgar o evento, 
que teve duração de três dias e exibiu 20 produtos sanitários de ponta, que são 
destinados a revolucionar as tecnologias sanitárias, separando os líquidos de 
sólidos e eliminando subprodutos nocivos à saúde. O fundador da Microsoft 
acredita que são “os avanços sanitários mais significativos em 200 anos”. 
Em sua conta oficial no Twitter, Gates falou sobre a importância do tema 
e explicou que alguns modelos de vasos sanitários tecnológicos já estão sendo 
testados na cidade de Durban, África do Sul, onde também estão sendo 
adotados modelos alimentados por outras fontes, como a energia solar. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2,3 bilhões de 
pessoas ao redor do mundo ainda não têm acesso a instalações sanitárias 
básicas, o que pode provocar doenças que matam centenas de milhares de 
pessoas a cada ano, como cólera, diarreia e disenteria. A Organização das 
Nações Unidas informa que quase 900 milhões de pessoas se veem obrigadas 
a defecar ao ar livre por não ter acesso a um banheiro. A fundação de Bill 
Gates espera que os novos vasos sanitários sejam implementados primeiro em 
escolas e edifícios residenciais, até que os custos caiam e se tornem acessíveis 
para residências individuais. 
Fonte: Bill Gates...,2018. 
 
 
 
14 
FINALIZANDO 
 Ao longo da nossa aula, conhecemos uma das leis mais importantes que 
apoiam diretamente a gestão do saneamento no Brasil, que é a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS). 
Na sequência, aprendemos a diferença entre os lixões e os aterros 
sanitários. Diretamente associado a esses conceitos, entendemos um pouco 
mais sobre os processos de contaminação das águas subterrâneas, sua 
vulnerabilidade e, portanto, a complexidade na sua proteção. 
Após, aprendemos sobre os Planos Municipais de Saneamento Básico 
(PMSB) e ainda sobre a importância da participação popular na formulação das 
políticas de saneamento. 
Em nossa prática, conhecemos uma nova tecnologia apresentada pelo 
fundador da Microsoft e que pode revolucionar todo o universo do saneamento 
caso seja bem-sucedida na sua implantação, e os indícios vão ao encontro 
exatamente disso, uma vez que há o apoio da ONU e da China, um dos maiores 
interessados. Dessa leitura podemos pensar como ficarão as tradicionais 
estruturas de saneamento: serão alteradas? Desaparecerão? E os países mais 
pobres ou na situação do Brasil onde há tanto a fazer? No entanto o projeto 
aponta que há soluções rápidas e eficientes para todos os desafios do 
saneamento. 
 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação 
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos – 
Procedimento. NBR-8419/84. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. 
ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017. Disponível em: 
<http://abrelpe.org.br/download-panorama-2017/>. Acesso em: 22 jan. 2019. 
BILL GATES apresentou vaso sanitário tecnológico que não usa água ou esgoto 
para funcionar. Brasil Econômico, 7 nov. 2018. Disponível em: 
<https://tecnologia.ig.com.br/2018-11-07/bill-gates-vaso-sanitario.html>. Acesso 
em; 22 jan. 2019. 
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