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DIREITOS AUTORAIS & INTELIGÊNCIA ARTIFCIAL: Quem está por trás dos Geradores Automáticos de Texto? Você já ouviu falar, ou até mesmo utilizou geradores automáticos de textos? E você sabe a procedência do resultado oferecido pelas mais diversas plataformas, em relação aos direitos autorais que permeiam o mundo digital atualmente? Pois estamos aqui para te ajudar! Em um contexto de discussão de direitos do autor, proteção de textos e imagens, responsabilização por pirataria, plágio e cópia parcial de materiais sem a devida citação, contrafações e demais desdobramentos jurídicos, nos deparamos com as diversas plataformas que, atualmente, são responsáveis por criar “de maneira criativa, diversificada e autoral o conteúdo que você precisa para atrair mais leitores e clientes”, mas de que modo se garante a autoralidade do material nesses casos? EM RESUMO: A elaboração de textos criativos, inteligentes, com ótimas abordagens e fundamentações exigem do autor uma série de responsabilidades e capacidades que podem abranger toda a rede de informações dispostas no mundo digital. Sendo assim, publicitários, vendedores, redatores, copywriters e demais escritores podem se utilizar das ferramentas que possuem a sua disposição para a elaboração de um material bem direcionado e definido, os famigerados geradores automáticos de textos. Muitos são os exemplos de aplicativos, plataformas e sites que realizam essa espécie de serviço, inclusive de modo gratuito, prometendo bons números de produção de conteúdo em um curto espaço de tempo. O poder da inteligência artificial para geração de textos online é realmente impressionante, entretanto se faz IMPRESCINDÍVEL, em conjunto, verificar o percentual do plágio do material resultado do uso dessas plataformas. Pense bem, se o resultado é instantâneo, de que maneira se dá a formulação do seu conteúdo, dependendo de cada desenvolvedor, sem uma prévia e demorada pesquisa multidisciplinar para lhe oportunizar um conteúdo realmente autoral? PAPEL DOS COMPUTADORES O uso corrente dos computadores, principalmente no que tange à informação e trabalho, vem abrangendo conceitos como “Infoliteratura” e “Cyberliteratura” designando procedimentos e funções novas e inerentes às redes digitais. Nascido com a tecnológica informática, os computador pode vir a ser utilizado de forma criativa como “manipulador de signos verbais e do conteúdo já disposto no espaço virtual desenvolvido para a utilização de toda a comunidade de utilizadores da Internet” como coloca o investigador e escritor Pedro Barbosa (2003) diante da Literatura Gerada por Computador (LGC). Os programas relacionados aos geradores automáticos de textos assentam, normalmente, em um algoritmo de base combinatória, aleatória, estrutural, interativa e mista consoante as potencialidades às quais foi submetido o gerador que, a partir de um texto matriz, é responsável por extrair todas as instâncias de etiquetas existentes nele de modo a criar a base lexical de cada uma que será usada na operação de seleção aleatória. O texto, ou antes o “texto virtual” produzido por essas plataformas, é definido como um “motor de uma pluralidade de realizações textuais por materializar-se significamente” (Barbosa 1996, 14). Por sua vez, o computador torna-se num “telescópio de complexidade” responsável por expandir o texto e o espectro de significado. Em suma, com base no enunciado que você irá disponibilizar à plataforma, de modo seletivo, interativo e aleatório, o programa elaborará o resultado segundo a rede de dados e de etiquetas que ele dispõe, relacionando principalmente com as palavras chaves que o usuário apresentou. Como por exemplo, “Modelo de Contrato de Trabalho” – certamente, a plataforma irá centrar o resultado, principalmente, no que tange à “Contrato de Trabalho”, podendo, inclusive, apresentar acerca do que se trata um contrato, e por fim disponibilizar um modelo, meramente exemplificativo, para o usuário utilizar-se. *Lembramos que o uso de contratos genéricos pode ser prejudicial, hein! Estamos aqui para te ajudar. DIREITOS AUTORAIS X INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A forma autônoma de criação dos Sistemas de Inteligência Artificial alterou, e segue alterando, os processos criativos na contemporaneidade. Nesse ínterim, a legislação de direitos autorais, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, não reconhece o poder criativo desses sistemas, caindo sob domínio público obras autorais. A criação de algoritmos complexos, e cada vez mais desenvolvidos e suficientes em si mesmo, em adição à criação em larga escala de softwares de aprendizado nos torna clara a percepção de que “não somos mais as únicas fontes criativas”. (THALER, 2013). Estes autores não-humanos ainda não receberam o devido respaldo jurisdicional, uma vez que o reconhecimento do avanço tecnológico que presenciamos, negligencia a proteção legal para as obras desenvolvidas autonomamente por meio dos Sistemas de Inteligência Artificial, prejudicando, principalmente os desenvolvedores, detentores, em princípio, de direitos autorais colocados em xeque diante da formulação de softwares. Como é possível que uma das mais importantes inovações, sendo os Sistemas de Inteligência Artificial, que são capazes, em determinados tipos de inteligência artificial, criar obras artísticas e inovadoras sem qualquer assistência humana, como na maioria das vezes, não receberem o mínimo de respaldo jurídico? A ideia de que o mundo digital e as obras que o compõem é “terra de ninguém”, já ficou no passado. Nesse contexto, diversos pesquisadores alertam que não se deve correlacionar a Inteligência Artificial com a inteligência humana, pois diferente desta última, o raciocínio inteligente competente aos processadores está, simbolicamente, relacionado à capacidade de inovar, proporcionando habilidades próprias, soluções originais. Desta forma, cabe à legislação, que trata dos direitos autorais, passar a reconhecer que os sistemas de IA é o resultado de um serviço prestado ao contratante do trabalho ou ao desenvolvedor do programa, assim, far-se-á possível a proteção daquilo que é produzido autonomamente, no viés patrimonial e moral, pelo ordenamento jurídico. Por fim, com ânimo à passagem da autoria do resultado da máquina para o desenvolvedor, a criação de aparatos jurídicos que pudessem garantir essa transmissão é de suma importância, resolvendo em definitivo a problemática das obras criadas por sistemas de IA caírem em domínio público. AFINAL, DE QUEM SÃO OS DIREITOS AUTORAIS, ENTÃO? http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument Como vimos, com o desenvolvimento das redes, urge necessidade de revisar o processo criativo e, por consequência, a legislação autoral que dispõe acerca da proteção autônoma das obras. No contexto dos geradores automáticos de textos, defende-se a necessidade da Lei nº 9.610/98 considerar autor, definitivamente, o desenvolvedor do programa ou o contratante do serviço, desde que, verdadeiramente, autoral o material disponibilizado pelas plataformas. O reconhecimento dos Sistemas de Inteligência Artificia no processo criativo e de elaboração de conteúdo, protege e incentiva não apenas quem acessa o Sistema, mas também os próprio Sistema, credibilizando, ainda, o desenvolvedor do programa, sob pena de desconsiderarmos o trabalho árduo dos desenvolvedores e reconhecermos como sem efeito o processo criativo, o uso e a melhoria da Inteligência Artificial. Por fim, lembramos mais uma vez, que os usuários de softwares voltados à geração automática de conteúdo deve se atentar ao fato de que, por não estar resguardado pelos direitos autorais, o conteúdo, ainda assim, pertence à rede, mesmo que venha a cair em domínio público. Em adição, é necessário verificar a procedência dos resultados, pois, mais uma vez, o amontoado deinformações pode estar relacionado à bibliografia alheia e, assim, sem a devida citação, os desdobramentos jurídicos por plágio ou cópia parcial botem bater na sua porta. Toc toc!
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