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10 APG ENDOCARDITE INFECCIOSA (EI) A EI é uma infecção microbiana das valvas cardíacas ou do endocárdio mural, onde leva a formação de vegetações compostas de fragmentos trombóticos e organismos, frequentemente associados a destruição dos tecidos cardíacos subjacentes. • Aorta, aneurismas, outros vasos sanguíneos e dispositivos protéticos também podem se tornar infectados. • A maioria das infecções são bacterianas, mesmo sabendo que fungos e outros microrganismos também podem causar EI. • Diagnóstico imediato, identificação do agente e tratamento são importantes para redução de morbidade e mortalidade. A EI tem sido classificada em: aguda e subaguda. De acordo suas manifestações clinicas. A subdivisão permite observar a variação da gravidade da doença e seu ritmo, que é em muita das vezes determinado pela virulência dos microrganismos e presença ou não de doença cardíaca subjacente A EI aguda é normalmente causada pela infecção de uma valva cardíaca anteriormente normal por um organismo altamente virulento, por exemplo, Staphylococcus aureus, que produz rápida lesão necrosante e destrutiva. São infecções difíceis de se curar com antibiótico e geralmente precisa de cirurgia. Ainda com tratamento adequado, a morte pode ocorrer em dias ou semanas. A EI subaguda é causada por um microrganismo de baixa virulência, por exemplo, Streptococcus viridans que causam infecções insidiosas das valvas deformadas com menor destruição total. A doença pode persistir por um período mais lento e a cura pode ser obtida com antibióticos. Anormalidades cardíacas, como: prolapso da valva mitral, estenose valvar calcificada degenerativa, valva aórtica bicúspide, valvas artificiais e defeitos congênitos reparados ou não podem aumentar o risco do desenvolvimento de EI. • Microrganismos altamente virulentos podem infectar valvas anteriormente normais. Endocardite de valvas naturais, mas anteriormente danificadas ou anormais, é mais frequentemente causada pelo S. viridans (componente da flora da cavidade oral). Já os S. aureus são comumente encontrados na pele e podem infectar tanto as valvas saudáveis quanto as danificadas (é o principal agente infectante na EI entre usuários de drogas intravenosas). • Outras causas bacterianas incluem os enterococos e os microrganismos do grupo chamado HACEK (Haemophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella, e Kingella), todos comensais na cavidade oral. • Endocardite da valva protética é causada com mais frequência pelos estafilococos coagulase-negativos (S. epidermidis). • Fungos, bacilos gram-negativos, entre outros, também são causados de EI. • Na EI os microrganismos não podem ser isolados do sangue, as razoes podem ser: antibioticoterapia anterior, dificuldade em isolar o agente ou porque os microrganismos estão entranhados na vegetação de forma que não é liberado na corrente sanguínea. Meios pelos quais podem ocorrer a disseminação do microrganismo para corrente sanguínea: infecção em qualquer lugar, procedimento odontológico ou cirúrgico, agulhada contaminada, rompimento das barreiras epiteliais do intestino da cavidade oral ou da pele. Paciente com anormalidades valvares ou bacteremia o risco de EI pode ser reduzido por profilaxia antibiótica. Morfologia: • Presença de vegetações nas valvas cardíacas, são lesões friáveis (desfaz com facilidade), volumosas, potencialmente destrutivas com fibrina, células inflamatórias e bactérias ou outros microrganismos. Valva aórtica e mitral são as mais envolvidas. • As vegetações elas podem ser: isoladas ou múltiplas e podem evolver mais de uma valva. Podem sofrer erosão e atingir o miocárdio subjacente, produzindo abscesso. As vegetações estão propensas à embolização, os fragmentos dos êmbolos muitas vezes contêm organismos virulentos, e assim é frequente o desenvolvimento de abscessos nas áreas onde os êmbolos se alojam, levando a infartos sépticos ou aneurismas micóticos. • Vegetações da E subaguda estão associadas a destruição valvar menos do que a da EI aguda. Na EI aguda em exame microscópico normalmente apresentam tecido de granulação em suas bases, indicando cicatrização. Com o tempo pode se ter fibrose, calcificação e infiltrado inflamatório. • Vegetações não infectadas (estéreis) ocorrem na endocardite trombótica não bacteriana e na endocardite do lúpus eritematosos sistêmico LES/ endocardite de Libman-Sacks Endocardite trombótica não bacteriana ETNB: caracterizado pela deposição de pequenos trombos estéreis nos folhetos das valvas cardíacas. São compostos por trombos macios que estão inseridos na valva subjacente, são vegetações não invasivas e não produzem qualquer reação inflamatória. Elas podem ser a fonte de êmbolos sistêmicos que produzem infartos significativos no cérebro, coração ou qualquer outro lugar. É frequentemente encontrada em pacientes debilitados. Aqueles com câncer ou sepse. Ocorre frequentemente com trombose venosa profunda, êmbolos pulmonares ou outros achados que sugerem um estado de hipercoagulação sistêmica subjacente. Endocardite do Lúpus Eritematoso Sistêmico (Doença de Libman Sacks): observa-se valvulite mitral e tricúspide com pequenas vegetações estéreis. Com uso de esteroides, essa incidência foi reduzida consideravelmente. São vegetações que podem estar localizadas nas superfícies inferiores das valvas atrioventriculares, no endocárdio valvar, nas cordas ou no endocárdio mural dos átrios e ventrículos. Consiste em material eosinofílico, fibrinoso e finamente granular, com restos celulares. As vegetações estão associadas a intensa vasculite, caracterizada por necrose fibrinoide da substância da valva, o que ativa o complemento e o recrutamento das células portadoras de receptores Fc. Resumo do Tratado de Doenças Cardiovasculares e Golgam Cecil Medicina: A EI é uma infecção geralmente bacteriana, da superfície endocárdica do coração. A EI acomete principalmente as valvas cardíacas, mas os septos entre as câmaras ou o endocárdio mural também podem ser comprometidos. É uma infecção que pode ser classificada como aguda ou subaguda. A EI é uma síndrome heterogênea influenciada pela epidemiologia da infecção. Por exemplo, em países em desenvolvimento em que a FR é endêmica, adultos jovens com doença cardíaca reumática de longa duração apresentam formas subclínicas com evoluções que envolvem as valvas nativas do lado esquerdo e são causadas por estreptococos do grupo viridans. Já em grandes hospitais de países desenvolvidos, os pacientes com exposição prévia a procedimentos médicos apresentam formas de apresentação mais agudas, causadas por S. aureus, com focos metastáticos de infecção e pior prognóstico. A EI é influenciada por fatores do próprio paciente que podem determinar o risco para as infecções. São eles: • Condições anatômicas valvares que provocam fluxo sanguíneo turbulento e a disrupção de células endoteliais. • A cardiopatia reumática com disfunção valvar foi a condição sujacente mais comum, no entanto a redução de FR (principalmente em países desenvolvidos na era antibiótica) diminuiu o risco global de EI em indivíduos mais jovens. Nos EUA mais de 50% da população com EI têm mais de 50 anos, esse número pode estar relacionado a baixa incidência de FR e baixa prevalência de cardiopatia reumática, comparando com épocas anteriores, além da elevação da prevalência de cardiopatia degenerativa, com aumento da expectativa de vida. • Avanços na medicina, como por exemplo a redução do uso de cateteres tunelizados por uso crescente de fistulas arteriovenosas para hemodiálise crônica permitem reduzir o risco de bacteremias. Melhoria do cuidado de saúde oral também pode afetar a incidência de EI nos países desenvolvidos. • Historicamente, tem se notado mais homens afetados, mas esse fato se deve a contribuiçãoimportante do uso de drogas injetáveis que ocorre com mais frequência em homens. A incidência em usuários de drogas injetáveis pode ser 30x mais elevada que na população geral e 4 vezes mais alta que o risco em adultos com cardiopatia reumática. Nesses casos, mais em aproximadamente 20% das vezes, mais uma valva é infectada. • Contato com cuidados de saúde, sendo nosocomial (hospitalar) ou não, é um fator importante para o desenvolvimento de EI. Cateteres venosos centrais e hemodiálise predispõe a ocorrência de bacteremias e também expõe o paciente a infecção por agentes resistentes a antibióticos. Os pacientes que se submetem a hemodiálise no longo prazo e pacientes com DM estão sob maior risco devido ao acesso vascular para hemodiálise e a imunossupressão de baixo grau associado as duas condições. • Defeitos cardíacos congênitos conferem maior risco de endocardite, principalmente: doença cianótica complexa como ventrículo único, transposição dos grandes vasos e tetralogia de Fallot. • Atualmente o prolapso da valva mitral é a condição subjacente mais comum em pacientes com EI. Pacientes com miocardiopatia hipertrófica estão sob maior risco de EI, particularmente na presença de obstrução da via de saída do VE. • As valvas cardíacas protéticas também são importante fator de risco de EI. A infecção nessas valvas se desenvolve em 1% a 4% dos pacientes no primeiro ano após a substituição e em aproximadamente 0,8% dos receptores anualmente do primeiro ano em diante. • Condições clínicas sistêmicas predispõem os pacientes ao desenvolvimento de EI. Em pacientes com HIV é um fator independente de risco para desenvolver EI em usuários de drogas injetáveis, e o risco aumenta à medida que a contagem de CD4 (células do sistema imunológico e principal alvo do vírus HIV) diminui. 90% dos casos de EI em valva nativa, adquiridos na comunidade (as infecções comunitárias são aquelas que o paciente já chega ao hospital acometido pela infecção, diferente da infecção hospitalar que o paciente adquire no ambiente médico) devem-se a estafilococos, estreptococos ou enterococos, são germes comuns da pele, orofaringe e trato urogenital, com acesso à corrente sanguínea. Os microrganismos citados, possuem receptores específicos para fixação e aderência a superfícies valvares danificadas. Os estreptococos são os maiores causadores de EI comunitária e sem histórico de drogas injetáveis ou tratamento medico recente. Quando se tem um desses fatores, o S. aureus é o agente principal. Os estreptococos viridans são os estreptococos mais comuns da EI em valva nativa adquiridas na comunidade, normalmente abriga na flora orofaríngea. A sua forma de apresentação é a subaguda, com sintomas de infecções evoluindo ao longo de semanas a alguns meses, a febrícula, hipersudorese noturna e a fadiga os sintomas mais comuns. A cardiopatia valvar reumática é substrato comum para a infecção por esse microrganismo. Estreptococos desse grupo tem desenvolvido resistência a alguns antibióticos, mas nos casos de EI, a resistência a penicilina é vista em apenas uma minoria. Os estafilococos são o segundo grupo de cocos gram-positivos mais regularmente implicado na origem da EI. O S. aureus é o caso mais comum em infecção de valva nativa e protética. É o patógeno de maior preocupação entre os usuários de drogas injetáveis e pacientes com histórico de tratamento médico recente. A sua apresentação é aguda e associa-se a manifestações toxicas sistêmicas. Aproximadamente 12% das pessoas com bacteremia por S. aureus terão EI. Estafilococos coagulase- negativos são causa incomum de doença em valva nativa, mas são importantes na EI em valvas protéticas. A mortalidade e morbidade associadas são consideráveis. Esses são mais resistentes a antibioterapia do que os S. aureus. Em infecções por enterococos a idade está associada ao desenvolvimento de EI, a maioria são causados por Enterococcus faecalis e está associada a alterações no trato urogenital. Antes, a EI provocada por ele era adquirida na comunidade e os enterococos eram conhecidos por fazerem parte da flora intestinal humana normal. Atualmente as espécies de enteroccos associadas aos cuidados de saúde e ao uso de cateteres venosos centrais são os que mais contribuem para predisposição a esse tipo de infecção. Sua apresentação costuma a ser subaguda e seu tratamento implica na utilização de penicilina. O grupo HACEK de microrganismos gram-negativos é responsável por 5% da endocardite. O contato com o tratamento de saúde é o principal fator de risco para EI por essas enterobactérias. A endocardite fúngica é mais difícil de diagnosticar e é mais comum em usuários de drogas injetáveis, cirurgia cardíaca ou uso prolongado de cateteres vasculares. Os fungos mais encontrados são: aspergillus e Candida. A mortalidade é muito elevada e quase sempre é necessário fazer a cirurgia de substituição valvar. Fisiopatologia: O desenvolvimento da doença costuma obedecer a uma sequência previsível: Lesão endocárdica que pode ser causada por vários fatores já citado, agregação de plaquetas e fibrinas, criando uma vegetação estéril que se denomina de endocardite trombótica não bacteriana, quando ocorre bactéria transitória a vegetação estéril pode sofrer semeadura por bactérias. Algumas bactérias, como os estafilococos e estreptococos são mais aderentes as vegetações e por isso causam endocardite com mais frequência, logo acontece a proliferação microbiana sobre a superfície endocárdica e a invasão dela, com infecção metastática para órgãos viscerais e cérebro. A superfície das valvas e as vegetações são avasculares, e isso dificulta a antibioticoterapia e a cura. Explicação melhorada: O primeiro passo importante é a predisposição para o desenvolvimento de EI quando existem as alterações estruturais cardíacas valvares e não valvares, que vão provocar o fluxo sanguíneo turbulento, uma lesão endotelial e a deposição de fibrina e plaquetas. Essa lesão vai ser denominada de endocardite bacteriana não trombótica, é nessa lesão que as bactérias e os fungos da corrente sanguínea se aderem. Durante a bacteremia transitória, microrganismos podem aderir a este foco, fornecendo nutrição e proteção contra as defesas do hospedeiro. As camadas de plaqueta e fibrina formam uma barreira física efetiva entre as bactérias incrustadas e os leucócitos oriundos do sangue. Esta situação possibilita o crescimento bacteriano. Os microrganismos formam colônias densas junto aos agregados de plaqueta e fibrina, e as próprias bactérias podem promover mais trombose. A apresentação inicial da endocardite vai mudar de paciente para paciente, dificultando a realização de um diagnóstico. A apresentação da EI abrange um leque de sintomas e é influenciada por fatores como: virulência do microrganismo infectante, extensão da destruição tecidual local das valvas envolvidas e sequelas hemodinâmicas, extensão perivalvar, embolização séptica para outros órgãos supridos pela circulação e consequências dos complexos imunes circulantes. A febre é o sinal inicial mais comum, e ocorre em cerca de 95% dos pacientes, mas pode estar ausente em indivíduos idosos imunodeprimidos, pacientes submetidos a antibioterapias e em pacientes com infecção de dispositivos cardíacos implantáveis. A diminuição da febre ocorre cinco a sete dias após antibioterapia adequada. Persistência da febre pode indicar extensão perivalvar sob forma de abcesso, embolização séptica e foco de infecção extracardíaco. Sintomas como: suores, tosse, arrepios, cefaleia, mal estar geral, náuseas, mialgias e atralgias são menos frequentes, mas podem ser referidos. Em casos mais arrastados de EI subaguda, sinais e sintomas de: anorexia, perda de peso, fraqueza, artralgias e dor abdominal. É importante reconhecer a presença de dispneia,pois esse sintoma pode ser indicativo de lesão hemodinâmica grave, com uma insuficiência valvar do coração esquerdo. • Reconhecer precocemente a IC é importante, já que se trata de uma complicação da EI e tem impacto no prognóstico, é a indicação mais frequente para cirurgia e é preditor de mal prognóstico em pacientes com EI tratados cirurgicamente. A IC complica o curso dos pacientes com EI, e ainda com a intervenção cirúrgica precoce, pode duplicar a mortalidade intra-hospitalar. • A EI vem acompanhada de dores torácicas. A dor torácica pleurítica pode ser resultado da embolização séptica, e consequente infarto pulmonar, com origem em uma EI tricúspide. Exame físico: Sopro audível está presente em pelo menos 80% dos pacientes na apresentação inicial, particularmente na EI do coração esquerdo. A presença de um sopro cardíaco novo está presente mais frequente em pacientes que apresentam IC complicando a EI, sendo que um ritmo de galope com presença de B3 e a existência de crepitações confirmam diagnóstico. Alterações neurológicas centrais são frequentes sendo que déficits focais compatíveis com um AVC podem estar presentes. Em formas subagudas de evolução lenta de EI, o AVC é um dos eventos que leva a procura medica, o AVC é frequentemente cardioembólico. Convulsões, déficits visuais, déficits de pares cranianos, hemorragia subaracnóidea e a encefalopatia tóxica são complicações potenciais da EI. No exame abdominal pode estar presente dor a palpação, em especial no quadrante superior esquerdo sugestivo de embolização e infarto esplênico. A esplenomegalia esta normalmente associada a formais mais arrastadas de EI subaguda. • A estudo que diz que o baço é o segundo local mais comum de embolização séptica a seguir do cérebro. São observados petéquias (20 a 40%) que ocorrem nas conjuntivas, mucosa oral ou nas extremidades. As lesões de Janeway são máculas hemorrágicas indolores com predileção pelas plantas dos pés e palmas das mãos, são sequelas de embolização sépticas periféricas, particularmente da EI de origem estafilococos. Mais comum na forma aguda. As lesões hemorragias subungueais são lesões lineares vermelho escuras, indolores, localizadas na parte proximal do peito ungueal, conhecidas por Manchas de splinter, também são as chamadas hemorragia em lascas. Mais observadas em pacientes geriátricos. Os nódulos de Osler são lesões nodulares eritematosas, dolorosos e geralmente localizadas na polpa dos dedos das mãos e dos pés e resultam da deposição de complexos imunes circulantes e de fenômenos de vasculite focal. Exame do fundo de olho deve ser realizados em busca de manchas de Roth. Pontos de Roth são hemorragias retinianas com centro pálido de fibrina coagulada e estão relacionados com vasculite secundaria à EI mediada por imunocomplexos. Achados laboratoriais: devem incluir hemograma completo com diferencial, eletrólitos séricos, medida da função renal, exame de urina, radiografia de torax e ECG. Os pacientes devem fazer pelo menos três pares de hemocultura e necessitam de ecocardiograma. A maioria dos pacientes com EI subaguda tem anemia crônica. A contagem de leucócitos pode ou não estar elevadas, sendo que está mais elevada em casos de EI aguda por S. aureus ou por algum fungo. Pode-se observar hemetúria (sangue na urina) microscópica e proteinúria. Manifestações Hematológicas: - Síndrome anêmica (doença crônica) - Hemólise por fragmentação - VHS elevado - Leucocitose com neutrofilia (S. aureus) Radiografia do tórax é anormal, demonstra consolidação, atelectasia (colapso do tecido pulmonar), derrame pleural ou êmbolos sépticos transparentes. O ECG deve ser examinado quanto ao bloqueio de condução AV, especialmente quando intervalo PR prolongado sugestivo de abscesso do anel aórtico ou IAM franco. Embolização sistêmica: Pulmonar: dor torácica pleurítica, hemoptise, dispneia. Encefálica: hemiplegia, alteração visual, alteração sensitiva, afasia, ataxia, rebaixamento do sensório, cefaleia. Velocidade de hemossedimentação está elevada (indicativo de inflamação) em quase todos os casos de endocardite. Fator reumatoide está positivo em cerca de metade dos casos. Complicações da EI: • Lesão local ao endocárdio ou miocárdio, a infecção pode infiltrar diretamente a valva cardíaca comprometida ou a parede miocárdica, resultando em perfurações valvares ou fístulas cardíacas. Essas complicações se apresentam como ICA. Encontra-se abscesso do anel valvar, abscesso miocárdico, pericardite. Infarto do miocárdio devido à embolia de material de vegetação nas artérias coronárias. • Eventos embólicos, principalmente quando há vegetações grandes, móveis, particularmente quando a cúspide anterior da valva mitral está envolvida. Êmbolos mais comuns se alojam nos pulmões, rins, baço, grandes vasos ou SNC, além da pele. • Abscessos renais são raros, mas o infarto renal é visto em mais de 50% dos casos. Ocorre ainda infarto esplênico. Aneurismas vasculares. • Disseminação bacteriêmica causando infecção metastática em local distante. Pacientes podem apresentar: osteomielite, artrite séptica ou abscesso epidural. Diagnóstico: Padrão ouro para diagnóstico de EI é a cultura do microrganismo patogênico de uma válvula ou de superfície endocárdica. Criterios de Duke modificados para o diagnóstico de EI: Tratamento: O tratamento definitivo da EI será guiado a partir do resultado da hemocultura, incluindo a pesquisa de suscetibilidade do microrganismo a antimicrobianos. • É recomendado iniciar o tratamento empírico (quando se usa a antibioticoterapia sem saber ao certo o agente da infecção), mas não é sempre necessário. Pacientes clinicamente estáveis, com apresentação subaguda e sem evidência de IC ou de complicações em órgãos alvos podem ser observados sem antibióticos, permitindo que se realize a hemocultura seriada. • Pacientes estáveis que iniciaram antibióticos empíricos que começaram tratamento antes da hospitalização ou da retirada de sangue, pode interromper para que as hemoculturas sejam obtidas. • Pacientes agudamente enfermos, com evidências de complicação ou com alta suspeita da endocardite devem ser tratados com antibiótico antes que o resultado das culturas chegue. • Pacientes com suspeita de endocardite de valva nativa. Esquemas de antioticoterapia empírica: nafcilina (ou axacilina) + penicilina + gentamicina ou vancomicina + gentacimina. • Pacientes com indicativo de estafilococos meticilino resistente, a terapia deve consistir em vancomicina e gentamicina. Também em casos de pacientes com alergia a penicilina. • Pacientes com valvas protéticas devem ser tratados empiricamente com vancomicina, gentamicina e rifampicina. Quando o microrganismo já está identificado deve se desenvolver esquemas padronizados. Gentamicina apenas para cura de casos de endocardite enterocócica. Assim, não deve ser utilizado em bacteremia por S. aureus. Na endocardite estreptocócica viridans dose diária de ceftriaxone é eficiente. Terapia padrão para EI por enterococos inclui penicilina ou ampicilina mais estreptomicina ou gentamicina. Além dos antibióticos, os cuidados apropriados de paciente internado inclui vigilância, ecocardiografia repetida, ECGs seriados. Pressão de pulso que se alarga pode indica possível desenvolvimento de insuficiência aórtica aguda. Exame cardíaco diário para avaliar novos sopros. Exames neurológicos. Função renal monitorada para que ajuste dose de antibióticos. Hemoculturas de acompanhamento podem ser obtidas no fim da primeira semana de terapia. Alguns pacientes vão precisar de cirurgia, paraestabelecer cura ou impedir a morte. Grupos com indicação para cirurgia: - Extensão da infecção pro miocárdio - Disfunção valvar protética - Insuficiência cardíaca por dano valvar - Endocardite por alguns germes (pseudomonas, brucela, cocciela, cândida) - Algumas recidivas em prótese valvar Referências: Fisiopatologia de Robbis Tratado de Doenças Cardiovasculares Goldman Cecil Medicina
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