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LESÕES CEREBROVASCULARES: AVC ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) O AVE, popularmente conhecido por derrame cerebral, há pouco tempo era chamado de AVC e essa nomenclatura ainda pode ser encontrada com bastante facilidade nas bibliografias que tratam sobre o assunto. O AVE é uma doença complexa, multifatorial e das mais importantes da medicina, atribuído à sua alta incidência, mortalidade e morbidade. É uma urgência neurológica sendo um dos principais líderes de morte e de incapacitação no mundo. Frente a possibilidade de doença, é fundamental: ➢ Prevenção; ➢ Tratamento específico e correto; ➢ Reabilitação: funcionalidade e independência. EPIDEMIOLOGIA/INCIDÊNCIA DO AVE A doença cerebrovascular é a terceira principal causa de morte (após cardiopatia e câncer) nos Estados Unidos, e a causa mais prevalente de morbidade e mortalidade de doença neurológica (KUMAR et al., 2021). - Prevalência aumentada em adultos e idosos; - Considerada umas das maiores causas de mortalidade no mundo, e uma das principais causas de internações hospitalares. - Incapacidade funcional e morbidade por complicações após o AVC: muito frequentes. - 50% dos pacientes que sofrem um AVC isquêmico agudo recebem alta do hospital; - 50% restantes precisam de assistência adicional em unidades especializadas ou centros de reabilitação ou cuidados paliativos. Brasil: maior causa de incapacitação da população na faixa etária superior a 50 anos. Responsável por: ➢ 10% do total de óbitos; ➢ 32,6% das mortes com causas vasculares; ➢ 40% das aposentadorias precoces no Brasil. CONCEITO AVE De uma forma simplificada e objetiva, podemos citar: ● AVC como uma manifestação clínica e/ou anatomopatológica, devido ao comprometimento da circulação cerebral (GAGLIARDI, 2019). Definido como qualquer alteração na qual uma área cerebral é, transitória ou definitivamente, afetada por isquemias ou sangramentos decorrentes de processos patológicos nos vasos cerebrais. CLASSIFICAÇÃO DO AVE Do ponto de vista da fisiopatologia e da anatomia patológica, é conveniente considerar a doença cerebrovascular como tendo dois processos: ➢ Hipóxia, isquemia e infarto (AVE Isquêmico): resultantes do prejuízo do suprimento de sangue e oxigênio ao tecido do SNC. ➢ Hemorragia (AVE Hemorrágico): resultante da ruptura de vasos do SNC. Etiologia comuns incluem hipertensão e anomalias vasculares (aneurismas e malformações). CLASSIFICAÇÃO DO AVEI Acidente Isquêmico Transitório (AIT): - Quadro agudo em que ocorre perda da função em alguma região encefálica, que geralmente regride em 24 horas. - É típico quando há formação de placas de ateromas nas artérias carótidas, que diminuem consideravelmente o fornecimento de sangue para o encéfalo. Déficit Neurológico Isquêmico Reversível (DNIR): - Quadro neurológico de tempo superior a 24 horas e inferior a três semanas. Déficit Neurológico Isquêmico Completo (DNIC): - Quadro neurológico progressivo por mais de três semanas. FISIOPATOLOGIA DO AVE ● Estima-se que o intervalo de tempo desde a oclusão vascular até o infarto completo varie, na maioria dos casos, de 3 a 6h, dependendo das características do fluxo colateral. ETIOLOGIA DO AVE Podem ser causados por fenômenos: Obstrutivos ou Hemorrágicos. Obstrutivos: - Trombose: aterosclerose; - Embolia: principais origens - o coração e as artérias aorta ou carótidas; - Arterite: inflamações específicas das artérias cerebrais (são raras - difícil diagnóstico); - Dissecção da parede arterial; - Compressão; - Malformação. Hemorrágicos: parenquimatosos ou subaracnóideos. Ocorrem por: - Rotura de microaneurismas: hemorragia intraparenquimatosa classicamente conhecida como AVEH; - Rotura de aneurismas: hemorragia subaracnóidea; - Distúrbios de coagulação do sangue, como a hemofilia; - Malformações; - Traumas na cabeça ou pescoço com danos nos vasos; - Outros. FATORES DE RISCO PARA O AVE FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS - Idade; - Sexo; - Raça; - Genética. - Hipertensão arterial; - Tabagismo; - Diabetes; - Dislipidemia; - Dieta; - Atividade física; - Obesidade; - Cardiopatias; - Alcoolismo. QUADRO CLÍNICO DO AVE ➢ Apresentação clínica: maneira como o paciente manifesta os primeiros sintomas. Aguda: - “Íctus” clássico; - Sintomatologia abrupta, com nível dos sintomas iniciais, sem grandes modificações; - Sintomas intensos ou moderados, dependendo da área comprometida. Evolutiva (progressiva ou subaguda): - Manifestada pelo comprometimento de alguma função de modo progressivo; - Evolução rápida ou lentamente progressiva; - Quadro pode completar-se em questão de horas e até estender-se para outros territórios entre 24h a 72h. Intermitente (transitória): - Instalação de uma sintomatologia deficitária, de modo agudo; - Permanece por um período de tempo inferior a 24 horas e desaparece espontaneamente; - “Ataque Isquêmico Transitório” (AIT). ➢ Sintomatologia: local da lesão (topografia), tipo e a sua extensão. Os sinais e sintomas mais típicos e recorrentes do AVC são: - Disfunção sensorial; - Disfunção do equilíbrio e coordenação; - Distúrbios de comunicação; - Déficit no campo visual; - Comprometimento cognitivo e intelectual. ➢ Comprometimentos anatomofuncionais: Comprometimento motor: - Ocorre quando a área afetada é responsável pelo movimento; - Hemiplegia: paralisia de um lado do corpo; - Tonturas; - Dificuldade de ficar na posição bípede; - Dificuldade de pegar ou segurar objetos. Comprometimento sensitivo: - Ocorre quando a área afetada é responsável pela sensibilidade, podendo ou não estar acompanhadas por espasmos. ➢ Comprometimento da linguagem/comunicação: Afasia: ● Afasia de expressão: o paciente entende o que você fala, mas é incapaz de se expressar pela linguagem falada; ● Afasia de compreensão: o paciente consegue se expressar de todas as formas, mas não entende o que lhe é dito. Apraxia: capacidade de se expressar por sinais e mímicas e de efetuar tarefas motoras em série. Disartria: dificuldades de articular e pronunciar corretamente as palavras. Disfagia: dificuldade no ato de deglutir. ➢ Comprometimento visual: Agnosia visual: é a incapacidade da pessoa de reconhecer objetos e pessoas por meio da visão. ➢ Distúrbio de comportamento: Humor alterado, agressividade, outros; ➢ Distúrbio de consciência: Coma, sonolência excessiva e convulsão. ➢ Funções cognitivas: Comprometimento da memória, concentração, raciocínio lógico e a capacidade de compreensão. ➢ Funções autonômicas: Problemas de respiração, sudorese e incontinência urinária e fecal. DIAGNÓSTICO DO AVE ● Reconhecimento das manifestações: ● Exames de imagem: Tomografia computadorizada: diferenciação entre hemorragia cerebral e isquemia (resultados mais precisos após 6h); Ressonância magnética: resultados mais precisos de AVCI antes de 6h; Técnicas de imagens vasculares: angiotomografia computadorizada e angiorressonância magnética; Técnicas de imagem de perfusão: diferenciação da área de penumbra do cerne infartado. TRATAMENTO DO AVE ● Tratamento agudo: - Hospitalização imediata; - Tratamento farmacológico: administração intravenosa de ativador de plasminogênio tecidual (tPA); - Procedimentos cirúrgicos. ● Reabilitação: Tratamento multiprofissional: - Médico; - Fonoaudiólogo; - Enfermeiro; - Psicólogo; - Terapeuta ocupacional; - Fisioterapeuta. ● Fisioterapia: - Mobilização articular; - Facilitação neuromuscular proprioceptiva; - Eletroestimulação; - Uso de estímulos visuais, auditivose vestibulares; - Atividades musculares de extensores do tronco; - Alinhamento postural vertical por meio de estímulos e de membros inferiores; - Atividade funcional: encaixe de objetos.