Buscar

Regionalização e Geopolítica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Regionalização e Geopolítica 
APRESENTAÇÃO 
 
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser 
 
● Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Paraná – Campus de 
Paranavaí. 
● Especialista em MBA de Auditoria, Perícia e Educação Ambiental pela UniFatecie. 
● Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá. 
● Professora de Geografia da Educação Básica da UniFatecie. 
 
Experiência docente com a educação básica, cursos pré-vestibulares e demais cursos 
preparatórios para concursos e afins. 
 
Link de acesso para o Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/7768522098002460 
 
 
 
 
 
 
 
http://lattes.cnpq.br/7768522098002460
 #APRESENTAÇÃO DA APOSTILA# 
 Querido(a) aluno(a), 
 
Seja muito bem-vindo (a) à disciplina de Regionalização e Geopolítica, espero que 
os conhecimentos adquiridos ao longo dessa etapa de sua formação, sejam substanciais 
para a construção do seu saber geográfico. 
No decorrer deste percurso iremos estudar quatro unidades, sendo elas: Unidade 
I: Geopolítica e poder; Unidade II: Fundamentos históricos e geopolíticos das relações 
internacionais contemporâneas; Unidade III: Geopolítica e a Nova Ordem Mundial; e a 
Unidade IV: Geografia Política e a Geopolítica no Brasil. 
Pois bem, na unidade I, vamos conhecer os principais conceitos, origens e limites 
que envolvem a geografia política e a geopolítica, assim como as contribuições das 
escolas alemãs, francesas e norte americana na elaboração e desenvolvimento da 
geografia. 
Enquanto que na unidade II, iremos compreender um pouco mais sobre as 
relações internacionais contemporâneas, assim como a formação e o desenvolvimento 
do sistema interestatal capitalista, sendo este o atual modelo econômico vigente na 
sociedade. 
Na sequência, na unidade III, falaremos a respeito da ordem mundial, 
compreendendo os acontecimentos ocorridos durante a formação, desenvolvimento e 
declínio da Ordem Bipolar, popularmente conhecida como Guerra Fria. E para fechar a 
unidade, você irá conhecer a Nova Ordem mundial e o seu poderio militar. 
Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina, 
compreendendo a construção do Estado brasileiro e a produção do seu território, assim 
como a sua atual divisão territorial. 
Sendo assim meu (minha) caro(a), espero que a nossa construção do saber 
geográfico ocorra da maneira mais atrativa possível, afinal faremos uma viagem no 
tempo, com o objetivo de compreender a atual organização do espaço geográfico global 
e seus arranjos. 
 
Bons estudos! 
 
UNIDADE I 
GEOPOLÍTICA E PODER 
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser 
 
 
Plano de Estudo: 
● Conceitos, origens, limites e novas abordagens da Geografia Política; 
● Fundamentos da Geografia Política e da Geopolítica; 
● Princípios da teoria do poder terrestre; 
● Contribuições das escolas alemãs, francesas e norte americanas. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Compreender os principais conceitos da Geografia, assim como a origem e limites 
das novas abordagens da Geografia Política; 
● Entender a diferença existente entre os conceitos de Geografia Política e 
Geopolítica; 
● Apresentar os princípios da teoria do poder terrestre; 
● Expor as contribuições das escolas alemãs, francesas e norte americana na 
construção da ciência geográfica. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno (a) iniciaremos a nossa primeira unidade do curso de 
Regionalização e Geopolítica, denominada Geopolítica e poder. Essa unidade está 
dividida em quatro tópicos. Vamos lá, vou explicar certinho para você como ficou 
distribuído o conteúdo em cada um dos tópicos. 
No tópico 01: Conceito, origens, limites e novas abordagens foi definido os 
principais conceitos da geografia, chamados inclusive de conceitos chaves. No final 
deste tópico, estão organizadas as definições de alguns conceitos importantes do ramo 
da Geografia Política. Esse conteúdo é de extrema importância para a compreensão dos 
demais tópicos, tanto dessa unidade, quanto das próximas. 
Já no tópico 02: Fundamentos da Geopolítica e da Geografia Política estão 
organizadas as contribuições dos autores ao longo da história para a definição da 
Geografia Política e da Geopolítica. 
Enquanto que no tópico 03: A Teoria do Poder Terrestre é apresentada, 
inicialmente e são expostos seus antecedentes, posteriormente o seu autor e suas 
contribuições acerca da formulação dessa teoria, por fim, é realizada uma análise dos 
principais fatos históricos correlacionados com essa teoria e a sua aplicação atual. 
Por fim, no tópico 04: Escola Alemã, Francesa e Norte Americana vamos 
conhecer as contribuições das escolas de desenvolvimento da geografia, assim como os 
seus principais autores e contribuições. A contextualização histórica desse tópico é de 
suma relevância para entender a formação da Geografia enquanto ciência. Lembrando 
que esse momento é tratado como a Geografia Tradicional. 
Pois bem, meu (minha) caro (a), espero atender todas as suas expectativas no 
ramo do conhecimento geográfico. No final da unidade, deixei várias sugestões para 
complementar seus estudos, espero que gostem. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
1 CONCEITOS, ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS DA GEOGRAFIA 
POLÍTICA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/sketch-geography-class-working-little-people-
1377498509 
 
Para dar início ao nosso curso de Regionalização e Geopolítica é de extrema 
importância que tenhamos muito bem claro alguns conceitos, que são essenciais para a 
compreensão do conteúdo que virá por seguinte. 
Porém é necessário enfatizar que tais conceitos, são amplamente discutidos ao 
longo da história, e recebem contribuições de diferentes autores em diferentes 
momentos. Então, para isso, tentaremos compreender de uma forma um pouco mais 
simplista, mas sem perder a essência acerca da definição. 
 
 
1.1. Conceitos Geográficos 
 
Nesse primeiro momento, não iremos nos preocupar com as contribuições de 
cada autor para cada conceito ao longo da história, mas sim, com a definição mais 
próxima do que queremos estudar nesse momento. 
 
Diante dessa necessidade, inicialmente, iremos buscar definições acerca dos 
conceitos mais amplos da Geografia, sendo eles: espaço geográfico, território, região, 
paisagem e lugar. 
 
 
1.1.1. Espaço Geográfico 
 
Iniciaremos com o conceito que é o objeto de estudo da atual ciência geográfica, 
o conceito de espaço geográfico, ao qual é amplamente discutido por Milton Santos 
(2003), em inúmeras obras, porém para a nossa definição, iremos utilizar a obra 
denominada a Natureza do Espaço: Técnica, Razão e emoção. 
Sendo assim Milton Santos (2003) define o espaço geográfico como sendo o 
espaço com um conjunto indissociável de sistema de objetos (conjunto de forças 
produtivas) e de ações (conjunto de relações sociais de produção). 
Outra importante contribuição de Milton Santos ocorreu em 1986, quando o autor 
destaca que o espaço é resultado da ação dos homens sobre o espaço, ele enfatiza que 
essa ação é dotada de técnica, ao qual o próprio homem produz e transforma o espaço. 
Henrique (2003) ao analisar as obras de Milton Santos, nos conta que o espaço 
geográfico é a transformação inicialmente da natureza natural pela natureza socializada, 
com a utilização das técnicas desenvolvidas pelos homens, ou seja, os humanos 
transformam a natureza e produzem o espaço. 
Dentro de toda complexidade envolvendo o conceito de espaço geográfico 
desenvolvem-se conceitos como os que veremos por seguinte. 
 
 
1.1.2. Território 
 
Sobre o território, Costa e Rocha (2010), já nos alerta que o conceito vendo sendo 
amplamente discutido recentemente, porém os autores nos apresentam a definição da 
palavra território, sendo ela proveniente do latim, “territorium”, compreendida como um 
pedaço de terra apropriado, dentro dos limites de uma jurisdição político-administrativa.Um dos estudos mais emblemáticos da contemporaneidade acerca do conceito 
de território é o de Jean Gottmann publicado originalmente em 1975 denominando de 
“The evolution of the concepto of territory”, traduzido como a Evolução do conceito de 
território, publicado no Brasil no ano de 2010. 
Então, segundo Gottmann (2012) território é: 
 
 
[...] uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão 
espacial da jurisdição de um governo. Ele é o receptor físico e o suporte 
do corpo político organizado sob uma estrutura de governo. Descreve a 
arena espacial do sistema político desenvolvido em um Estado nacional 
ou uma parte deste que é dotada de certa autonomia. Ele também serve 
para descrever as posições no espaço das várias unidades participantes 
de qualquer sistema de relações internacionais. Podemos, portanto, 
considerar o território como uma conexão ideal entre espaço e política 
(GOTTMANN, J. 2012, p.523). 
 
Diante dessas contribuições, podemos considerar o território uma parte integrante 
do espaço, onde ocorrem relações/disputas de poder. 
 
 
1.1.3. Região 
 
A escola francesa já nos definiu que o conceito de região está associado à 
diferenciação de áreas. Nesse sentido, Côrrea (2003, p.22) nos alertou que a “superfície 
terrestre é composta por áreas diferentes”. 
Cunha (2000) nos apresenta as atuais definições do conceito de região, ao qual o 
autor define que: 
“A região – enquanto fração do espaço geográfico catalisador de 
determinadas relações e convenções -- como um ator social fundamental na 
transformação de comunidades regionais e locais” (CUNHA, L.A.G., 2000, p.53-54). 
 Diante disso, o atual processo de globalização tem influenciado não só o conceito de 
região, mas também a sua delimitação, devido ao processo de desigualdade de 
distribuição das técnicas desenvolvidas pelos homens para modificação do espaço 
geográfico. 
 
 
 
1.1.4. Paisagem 
 
O conceito de paisagem sempre se fez muito presente na Geografia. Inicialmente 
estudava-se somente a paisagem natural, depois preocupou-se com a questão da 
relação do homem com a natureza, na chamada paisagem humanizada. 
Segundo Santos (1986) a paisagem é tudo aquilo que a visão alcança, ou seja, 
tudo aquilo que vemos, ouvimos, sentimos, em suma tudo o que percebemos. 
Claval (2001) nos alerta que a paisagem nos traz sempre lembranças, sempre 
algumas cicatrizes, sobre as formas antigas de ocupação e modificação na natureza em 
determinado espaço, esse poder de alteração está diretamente associado ao grau de 
capacidade técnicas de cada sociedade, assim como as influências culturais ao longo do 
tempo. 
Mas é importante deixar bem claro que a paisagem não é a mesma coisa que 
espaço geográfico. Segundo Maximiano (2004) a paisagem deve ser compreendida 
como uma manifestação do espaço, e o espaço é o objeto de estudo da geografia. 
 
 
1.1.5. Lugar 
 
As contribuições da geografia tradicional e da geografia humanistas foram 
substanciais para a definição do conceito de lugar. De acordo com Costa e Rocha (2010) 
Lugar é o espaço vivido, dotado de significados próprios e particulares que são 
transmitidos culturalmente. 
Sendo assim, podemos, então, compreender que o conceito de lugar, refere-se à 
porção do espaço que é carregada de sentimentos, afetividade e significado, para 
aqueles que habitam ou habitavam aquele espaço. 
 
 
1.2. Geografia Política: Conceitos 
 
 
Para finalizar este tópico, iremos, então, discutir alguns conceitos que são mais 
específicos no ramo da Geografia Política, sendo eles: escalas, fronteiras, limites, poder, 
Estado moderno, povo e nação. Novamente, não focaremos no processo de construção 
histórica dos conceitos, e sim, no atual uso e definição. 
 
 
1.2.1. Escalas 
 
O conceito de escala é um dos mais polêmicos na ciência geográfica, primeiro 
devido à confusão que gera entre escala cartográfica e escala geográfica. Mas, neste 
momento, nos nossos estudos, focaremos na definição de escala geográfica e sua 
relação com a Geografia Política. 
O conceito de escala geográfica, está sempre em construção e reformulação. 
Nesse sentido, usaremos as contribuições de Santos e Silva (2014) que estudaram o 
geógrafo norte americano Neil Smith (1954-2012) e suas contribuições para definição do 
conceito de escala geográfica. 
O autor Smith afirma que: “[a] produção e reprodução da escala expressa tanto a 
disputa social quanto à geográfica para estabelecer fronteiras entre diferentes lugares, 
localizações e sítios de experiência” (SMITH, 2000, p.42. Apud SANTOS e SILVA, 2014, 
p.22). 
Para isso, o autor criou “sete categorias de escala geográficas para análise, sendo 
elas: 1) corpo; 2) casa; 3) comunidade; 4) espaço urbano; 5) região; 6) nação; 7) 
fronteiras globais” (SANTOS e SILVA, 2014, p. 23). 
Sendo assim, é importante salientar que a escala geográfica não é apenas uma 
hierarquia de níveis de análise, mas ela é uma representação de fenômenos, dos quais 
serão visíveis mediante o tipo/grau de escala utilizados para representá-los. 
Para fechar nossa definição acerca de escalas geográficas, usaremos a fala de 
Castro (2014): 
“O jogo de escalas é, pois, um jogo de relações entre fenômenos de amplitude e 
natureza diversas, e a compreensão da escala como a pertinência da medida para a 
 
análise permite estabelecer recortes espaciais nos quais a investigação do fenômeno 
propicia respostas mais adequadas” (CASTRO, 2014, p. 96). 
 Nesse sentido, a questão crucial é entender que a escala é socialmente produzida 
a partir das relações das sociedades, daí a sua importância para a Geografia Política. 
 
1.2.2. Fronteiras X Limites 
 
Uma das utilizações mais comuns para o conceito de fronteira, é a que se refere 
ao limite entre dois países. Porém essa definição está no campo do senso comum. Na 
Geografia Política, o fim e o começo de um domínio político territorial linear, são 
conhecidos como limites, ao qual é visível somente em mapas. 
O conceito de fronteira é mais amplo e polêmico nesse campo. Ferrari (2014) nos 
alerta que o termo fronteira faz referência a uma zona geográfica entre dois sistemas 
estatais diferenciados. 
Nesse sentido, as zonas de fronteiras apresentam características muito 
particulares, devido à interação e trocas entre povos de diferentes nacionalidades, 
sendo, então, um sistema muito complexo. 
Portanto, é preciso deixar claro que fronteiras e limites não são sinônimos. 
 
1.2.3. Poder 
 
Raffestin (1993) escreveu um livro denominado “Por uma Geografia do Poder”, 
em sua obra ele apresentou a seguinte definição: “O poder visa o controle e a dominação 
sobre os homens e sobre as coisas” (RAFFESTIN, 1993, p. 58). 
Diante dessa definição, utilizaremos as contribuições dos estudos feitos por 
Fonseca et al. (2020) em que eles afirmaram que o poder indica os meios pelos quais o 
homem governa o homem. 
Nesse sentido, podemos compreender que estar no poder significa que você foi 
colocado nessa posição por algum grupo humano, sendo assim, o poder não é uma 
propriedade de um indivíduo, ele pertence a um grupo, ao qual existe enquanto esse 
grupo estiver unido, caso esse grupo desapareça, o poder também irá desaparecer. 
 
 
 
1.2.4. Estado Moderno 
 
O Estado Moderno é entendido como a atual organização política de uma 
sociedade, sendo produto da modernidade. Para definir o Estado, vamos usar a 
contribuição feita por Lopes (2010): Estado é a organização político-jurídica de uma 
sociedade para realizar o bem público/comum, com governo próprio e território 
determinado. 
O Estado Moderno surge como uma necessidade para a união da soberania, 
territorialidade e do povo, garantindo assim um único governo soberano, diante disso o 
termo Estado como sociedade política só vai aparecer no século XVI, devido à 
decadência do sistema feudal, porém existem algumas controvérsias a respeitoda sua 
origem. 
Sobre esse assunto, não nos aprofundaremos aqui neste tópico, pois na unidade 
II, vamos falar com mais propriedade sobre ele, a ideia aqui é apenas expor o conceito 
básico. 
 
1.2.5. Povo X Nação 
O termo povo refere-se à população do Estado, diante do aspecto jurídico. Sendo 
também caracterizada como grupo humano encarado na sua integração numa ordem 
estatal determinada; “E é o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas leis, são os 
súditos, os cidadãos de um mesmo Estado, detentores de direitos e deveres” (LOPES, 
2010, p. 11). 
Enquanto que Nação é uma representação coletiva. “Sendo entendida como uma 
entidade moral. Também reconhecida como um grupo de indivíduos que se sentem 
unidos pela origem comum, pelos interesses comuns, e principalmente, por ideias e 
aspirações comuns. É uma comunidade de consciência, unidas por um sentimento 
complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo” (LOPES, 2010, p. 11). 
Sendo assim, podemos considerar o povo como sendo meramente a população 
de um local que respeita às mesmas leis, e a nação refere-se ao grupo de pessoas que 
 
se sentem parte integrante de um território, possuindo, assim, um elo de união mais forte 
e delimitado. 
 
 Fechamos assim, o nosso primeiro tópico, em que foi apresentado alguns 
conceitos básicos, que irão aparecer sempre no decorrer do nosso curso. Fique atento 
(a)! No próximo tópico vamos conhecer a diferença entre Geografia Política e 
Geopolítica, assim como as contribuições dos autores ao longo do tempo. 
 
 
2 FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GEOPOLÍTICA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/definition-word-political-dictionary-264652433 
 
Caro (a) aluno (a), existe uma situação muito emblemática na ciência geográfica, 
tal situação se refere à diferenciação dos conceitos de geografia política e da geopolítica. 
Embora tais conceitos aparentam ser sinônimos, existe uma diferença cultural e temporal 
que os separa. Para entender as reais definições e as atuais aplicações desses 
conceitos, teremos que voltar um pouco no tempo para compreender em que momento 
histórico eles foram discutidos, e quais foram as suas reformulações e novas 
estruturações. 
 
 
1.1. Geografia Política 
 
O termo geografia política foi utilizado de maneira subentendida por inúmeros 
filósofos em vários momentos da história. Por exemplo, Aristóteles (384-322 a.C.) 
 
quando apresentou suas definições acerca de cidades-Estados, explorou o tamanho e a 
localização do território. Maquiavel (1469-1527) discutiu sobre a localização e a defesa 
da fortaleza do príncipe. Em ambos os casos, o conceito de geografia política estava 
diluído em meio às discussões apresentadas por tais estudiosos (VESENTINI, 2011). 
Porém, em meados do século XIX, mais precisamente, em 1897, quando o alemão 
Friedrich Ratzel (1844-1904) publicou sua obra Politische Geographi, traduzida como 
Geografia Política, houve uma sistematização do conceito. De acordo com Costa (2008), 
nesta obra, o autor procurou definir o conceito de geografia política, como sendo o estudo 
geográfico da política. 
Antes de nos aprofundarmos nos estudos de Ratzel sobre a geografia política, 
devemos fazer um breve resgate do contexto histórico do momento em que o autor 
realizou os seus estudos. 
Conforme relata Costa (2008), Ratzel teve sua formação inicial como zoólogo e 
não como geógrafo, recebendo influência das ideias darwinistas, além do mais, ele viveu 
o momento de unificação da Alemanha e presenciou o atraso de seu país em relação às 
demais nações europeias. 
Conforme exposto acima, tais situações contribuíram para a formulação do 
conceito de Estado por Ratzel. Sendo definido como um organismo vivo que deve ser 
concebido com íntima relação com o espaço. Sendo assim, o Estado como forma de vida 
deveria se comportar como organismos na natureza. Nesse sentido, o Estado precisa de 
certas condições naturais para se desenvolver (COSTA, 2008). 
Essas definições a respeito do Estado, por Ratzel, auxiliaram para a formulação 
do seu conceito mais memorável, o conceito de Espaço Vital, ao qual é definido como 
sendo a quantidade dos elementos naturais necessários para o desenvolvimento de uma 
sociedade. 
Essas ideias que nortearam a definição de espaço vital por Ratzel, receberam 
influências de Thomas Malthus (economista britânico, responsável por alegar que a 
população cresceria em proporção geométrica e os alimentos em proporções 
aritméticas). Daí a necessidade da ampliação de espaços dominantes por parte dos 
Estados. 
 
Embora tais ideias tenham sido formuladas no século XIX, foi durante a II Guerra 
Mundial, que Hitler utilizou o conceito de espaço vital, proposto por Ratzel, para justificar 
a sua tomada de território na Europa, houve algumas contribuições de Haushofer, que 
também se inspirou em Ratzel. 
Esse princípio da Geografia Política proposto por Ratzel caracterizou-a como um 
elemento de dominação por parte do Estado, dado o contexto instável em que a 
Alemanha se encontrava na época. 
A escola alemã representada por Ratzel, recebeu uma crítica significativa da 
escola francesa, apresentada por Camille Vallaux (1870-1935), cuja obra principal foi o 
El Solo y el Estado (1914), traduzida como O solo e o Estado. 
O título da obra de Vallaux já expõe suas ideias contrárias a Ratzel, pois ele 
questiona de que forma os solos (elemento físico da natureza) poderia influenciar a 
maneira como os Estados se organizaram. 
Costa (2008) nos conta que Vallaux entende que, cada lugar tem sua base física 
diferente, assim como o tempo em que as sociedades ocupavam esses lugares. 
Resultando, portanto, em diferentes desenvolvimentos de Estados. Essa diferenciação 
se dá pelo tempo e o espaço. 
Diante desses fatos, podemos já evidenciar que uma das suas principais críticas 
diz respeito à aproximação das ciências da natureza com as ciências sociais, que acaba 
se equivocando ao definir o Estado como um organismo biológico. Vallaux, vai ainda 
mais longe e acaba afirmando que as teorias naturalistas mais atrapalharam do que 
auxiliaram no desenvolvimento das ciências sociais. Mas esse posicionamento de 
Vallaux era visto como algo muito avançado para a época, pois a geografia tradicional 
via a sociedade e a natureza como uma unidade (COSTA, 2008). 
Em suma, podemos perceber que as contribuições do francês Vallaux no campo 
da geografia política se contrapõem de maneira explícita com as contribuições do alemão 
Ratzel. “Afinal, Vallanaux propõe que o objeto de estudo da geografia política seja o 
estudo das sociedades políticas e dos Estados como entidades particulares” (COSTA, 
2008. p. 46) 
 
 
 
1.2. Geopolítica 
 
O termo geopolítica é um pouco mais recente que o termo geografia política. O 
sueco Rudolf Kjellén (1864-1922) foi quem criou a palavra geopolítica, para expor a 
relação entre o Estado e o território. Tal conceito fica explícito em suas obras As Grandes 
Potências (1905) e O Estado como forma de vida (1916). Em ambas as obras, o autor 
atribui a geopolítica como um ramo da geografia política, que é um sub-ramo da geografia 
(COSTA, 2008). 
Kjellén era um fã do imperialismo e estimava a unificação da Europa sob o 
comando de um império germânico, sendo assim, o autor era um crítico da forma 
tradicional como a geografia política vinha sendo desenvolvida, e afirma que os objetivos 
dessa nova ciência seriam desenvolvidos e aplicados por Estados maiores, dos quais 
ele o denominou de geografia política da guerra, ou simplesmente geopolítica (COSTA, 
2008). 
Esses ideais propostos por Kjellén, contribuíram para o termo geopolítica ganhar 
forma e se espalhar, principalmente, nos discursos de poder de vários líderes políticos e 
militares de países com regimes fascistas na Europa da época. 
Não há como falar de geopolítica e não citar o geógrafo-general alemão Karl 
Haushofer (1869-1946),que viveu no período entre as duas grandes guerras. “E após a 
derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, o autor desenvolve a ideia de que a 
Alemanha deveria se tornar uma grande potência mundial” (ARCASSA e MOURÃO, 
2011). 
Arcassa e Mourão (2011), apresentam a diferenciação feita por Haushofer para 
os conceitos de geografia política e a geopolítica: 
 
 
[...] a geografia política interroga-se sobre a distribuição do poder 
estadual no espaço, bem como sobre o seu exercício nesse espaço, 
enquanto a Geopolítica tem por objeto a atividade política em um espaço 
natural. A Geografia Política observa as formas do ser estadual‖, 
enquanto a Geopolítica se interessa pelos processos políticos do 
passado e do presente (ARCASSA E MOURÃO, 2011, p. 8). 
 
 
Porém o fracasso da Alemanha na II Guerra Mundial, vem acompanhado da 
queda da geopolítica alemã, olhada como ciência alemã, entra em uma crise, a qual 
ocorre questionamento dos seus pressupostos fundamentais (ARCASSA e MOURÃO, 
2011). 
Após a II Guerra Mundial, muitos autores passaram a utilizar o termo geografia 
política em seus estudos, pois houve uma redução pragmática do termo geografia 
política e geopolítica, para aplicar em situações concretas do jogo de poder. Provocando 
o empobrecimento teórico das análises apresentadas por exemplo de Ratzel e Vallaux e 
outros. 
Vesentini (2011) afirma que em meados de 1970, a geopolítica ganha uma 
ascensão e passa ser novamente debatida principalmente em pequenos círculos 
militares, e ganha uma nova “roupagem”, não mais como ciência, mas sim como técnicas 
à serviços dos Estados. Sendo então a geopolítica estratégia de disputas de poder no 
espaço mundial. 
Ainda com base nos estudos de Vesentini (2011), podemos sintetizar a Geografia 
Política como uma modalidade da ciência geográfica e a Geopolítica como sendo uma 
parte constituinte da geografia política. 
 
 Ao longo desse tópico, compreendemos o processo histórico de definição dos 
conceitos de Geografia Política e Geopolítica, assim como a sua diferenciação. No 
próximo, iremos compreender os princípios da teoria do poder terrestre e como este se 
deu ao longo do tempo e espaço. 
 
 
 
 
3 PRINCÍPIOS DA TEORIA DO PODER TERRESTRE 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ancient-old-globe-on-vintage-map-1526476961 
 
Neste tópico, iremos conhecer uma das mais importantes teorias da geopolítica, 
que foi fundada no século XX, mas se faz tão presente nos dias de hoje. Deixei para 
você uma sugestão de leitura complementar no final dessa unidade, essa leitura irá 
ilustrar perfeitamente a contemporaneidade da Teoria do Poder Terrestre. Pois bem, 
vamos conhecer um pouco sobre os antecedentes de sua criação, o seu criador e sua 
obra. 
Para compreender a Teoria do Poder Terrestre, precisamos conhecer alguns 
conceitos que fundamentam essa teoria. Começaremos pelo conceito de Heartland, 
posteriormente o de World Island e iremos finalizar com a definição de Midland Ocean. 
Antes da formulação da teoria do poder terrestre, existia a teoria do poder marítimo, que 
foi proposta pelo norte americano Alfred Thayer Mahan (1840-1914), “o autor via os 
Estados Unidos como uma ilha geopolítica, devido às saídas para os principais oceanos 
do planeta e a ausência de ameaças territoriais, tais condições proporcionaram aos 
Estados Unidos a conquista de alguns territórios como por exemplo o Mar do Caribe” 
(SCALZARETTO e MAGNOLI, 1996, p. 6). 
A grande oposição a teoria do poder marítimo é a teoria do poder terrestre, 
proposta pelo britânico Halford John Mackinder (1861-1947), estudioso das 
representações cartográficas (mapas e globos terrestres), ao qual “hierarquizou o espaço 
 
geográfico, criando ilhas de importância estratégica, pois para o autor o mundo era um 
sistema fechado, onde um evento em um local poderia provocar consequências em 
outro” (ASSIS, 2008, p. 9). 
Para Halford a junção da Europa, Ásia e África, formaria a World Island, traduzido 
como a Ilha Mundial, com 20% das terras emersas e grande parte da população mundial, 
“enquanto que a América e a Austrália seriam denominadas de Ilha do Exterior, e a área 
central dentro da Ilha Mundial, seria denominada de Heartland (figura 1), traduzida como 
terra coração” (ASSIS, 2008, p. 9). 
 
 
Figura 1: Localização de Heartland. 
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51165319 
 
Essa área denominada de terra coração, que também pode ser chamada de 
região pivô, apresentava um certo isolamento em relação ao mundo exterior, conforme 
apresentado na figura 1, também possuía reservas de recursos naturais e uma topografia 
plana que facilitava a mobilidade na região. 
Para Halford, “quem domina a Europa Ocidental, controla o Heartland; quem 
domina o Heartland controla a World Island; quem domina a World Island controla o 
mundo.” 
O autor ainda cogitava a ascensão de um poder anfíbio, que consistia na 
dominação da região pivô, juntamente com a dominação do poder marinho. Sobre esse 
conceito de poder anfíbio, Mello (1999) nos esclarece que: 
 
 
O poder terrestre poderia conquistar as bases do poder marítimo, caso 
conseguisse adicionar à sua retaguarda continental uma frente oceânica 
que lhe possibilitasse tornar-se um poder anfíbio, ou seja, 
simultaneamente terrestre e marítimo (MELLO, 1999, p. 39). 
 
A noção de região pivô tinha como objetivo alertar os políticos ingleses sobre a 
posição geoestratégica da área. Na época da definição do conceito, a região era ocupada 
pela Rússia. 
Halford evidenciava as inovações tecnológicas como elemento de garantia de 
hegemonia. Para o autor, o poder marítimo era decorrente das técnicas de navegação 
oceânicas (bússola – barco à vapor), mas as novas técnicas dos meios de transporte 
terrestres (locomotivas – ferrovias) favorecem a conexão entre espaços, proporcionando, 
então, a ascensão do poder terrestre. 
Nesse cenário, a Alemanha, que era detentora dos processos industriais, sendo 
a maior potência da época, caso se juntasse com a Rússia, possuidora da região pivô, 
poderiam se tornar a grande potência mundial, desequilibrando a balança de poder. 
Mello (1999) apresenta em sua obra “Quem tem medo de geopolítica?”, as 
derrotas conceituais da teoria do poder terrestre de Halford em vários momentos da 
história: 
● O primeiro aconteceu na I Guerra Mundial (1914-1918): Quando a Rússia se aliou 
à Inglaterra contra a Alemanha, e retirou-se do conflito em 1917 após a Revolução 
Russa. Halford atribuiu a vitória do poder marítimo inglês sobre o poder terrestre 
alemão ao fato da Rússia ter se aliado à Inglaterra e não à Alemanha, dividindo 
suas forças. 
● O segundo ocorreu na II Guerra Mundial (1939-1945): A Inglaterra não foi invadida 
pelos nazistas devido à proteção no Canal da Mancha, enquanto que a URSS 
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – atual Rússia), foi invadida pelo 
exército alemão em 1941, mesmo sendo expulso tempo depois, essa situação 
mostra as fragilidades das fronteiras terrestres frente à marítima. 
● O terceiro momento se deu com o fim da Guerra Fria (1947-1991): A URSS se 
dissolveu, dando origem a 15 países independentes e os Estados Unidos saiu 
vitorioso, lembrando que a URSS representava o poder terrestre e os Estados 
Unidos o poder marítimo. 
 
A morte de Halford ocorreu em 1947, mas antes disso o autor deixa um outro 
conceito importante, “o de Midland Ocean (Oceano Central) que envolvia a região do 
Atlântico Norte, os mares do Caribe, Mediterrâneo e Báltico, as áreas insulares da 
Inglaterra, Groenlândia e Islândia, e as regiões marginais da Europa e leste da América 
do Norte” (ASSIS, 2008, p 10). 
Conforme afirma Mello (1994), essa região apresentava três elementos: 1) A 
cabeça de ponte na França; 2) Aeródromo protegidos por mares e canais na Inglaterra; 
3) Reservas de forças e recursos nos Estados Unidos e Canadá. O elemento 1 e 2 é 
essencial parao desenvolvimento do poder anfíbio. 
Ainda segundo Mello (1994), esse conceito de Midland Ocean previu dois 
acontecimentos históricos, sendo eles: 
● O primeiro, ficou conhecido como Dia D (6 de junho de 1944): Quando ocorreu o 
desembarque de tropas de soldados dos Estados Unidos, Reino Unido, França e 
Canadá na costa da Normandia na França. 
● O segundo, foi a formação da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte – 
1949): Quando se agrupou as potências marginais e insulares dos dois lados do 
Atlântico Norte. 
Mello (1994, 1999) destaca que Halford no início do século XX, em 1904, já 
propunha o mundo como um sistema fechado, onde a política e a economia mundial se 
interagia independente da distância, sendo uma formulação revolucionária para época, 
o que hoje conhecemos como Globalização ou Mundialização. 
Essa definição não ocorre de maneira genérica, Halford aponta constatações 
fidedignas, quando apresenta “o sistema global fechado como resultado da sua pesquisa 
histórica sobre o final da exploração europeia colombiana, e também quando enfatiza as 
novas tecnologias de transportes terrestres da época” (MELLO, 1999, p.50). 
A teoria do poder terrestre já foi vista como “cachorro morto”, mas Mello (1994) 
nos alerta: 
 
 
O núcleo duro do pensamento de Halford continua vivo e atual: é uma 
ferramenta útil e necessária à análise realista da política de poder das 
 
grandes potências que controlam o tabuleiro geopolítico mundial 
(MELLO, 1994, p.69). 
 
Diante dos fatos apresentados podemos verificar que a Teoria do Poder Terrestre 
é composta de vários conceitos: Word Island, Heartland e Midland Ocean. E que mesmo 
sendo elaborada no século XX, ainda se faz presente nos dias atuais. 
 No próximo tópico, iremos conhecer as principais escolas que ajudaram na 
formulação da Geografia Tradicional, assim como seus principais estudiosos e suas 
principais teorias e conceitos. 
 
4 CONTRIBUIÇÕES DAS ESCOLAS ALEMÃS, FRANCESAS E NORTE 
AMERICANAS 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-globe-on-vintage-map-background-1397061767 
 
Agora, iremos finalizar a nossa primeira unidade. Este tópico é de suma 
importância para a compreensão do surgimento da Geografia enquanto ciência. 
Inicialmente, iremos abordar quais foram as contribuições da escola alemã, bem como 
os seus principais autores/estudiosos, posteriormente iremos fazer a mesma reflexão 
acerca das contribuições das escolas francesas e norte americanas, buscando sempre 
destacar a diferença entre elas. 
Para fundamentar os nossos estudos, iremos utilizar a obra de Ruy Moreira (1993) 
O que é Geografia, e também a obra de Antônio Carlos Robert Moraes (1990) Geografia: 
Pequena História Crítica. Além de outros autores que publicaram artigos no meio 
acadêmico, organizando os fatos e pensamentos sobre o assunto que estamos 
estudando. 
Pois bem, para iniciarmos, precisamos compreender quando e como surgem as 
primeiras discussões a respeito da ciência geografia. Moreira (1993) já nos alerta que a 
geografia é um saber tão antigo quanto a própria história dos homens. Então, para isso, 
 
iremos retornar à Antiguidade Grega, mas é preciso deixar claro que nesse momento a 
geografia estava dispersa e diluída em relatos e estudos da época. 
Nesse sentido, podemos elencar as contribuições feitas por Tales (624 a.C.- 546 
a.C) e Anaximandro (610 a.C. – 547 a.C) que privilegiaram a medição do espaço e 
construíram uma discussão a respeito da forma da Terra, que hoje é definida como 
Geodésia. Podemos ir mais adiante no tempo e recordar também as contribuições de 
Cláudio Ptolomeu (100-168) em sua obra denominada Síntese Geográfica, em que o 
autor procurou fazer um resgate das descobertas do pensamento grego clássico 
(MORAES, 1990). 
Então, durante a antiguidade, a geografia ainda não era vista como uma ciência, 
ela aparecia de maneira subentendida em alguns relatos de viagens, ou curiosidades a 
respeito de lugares exóticos, ou somente como dados quantitativos e estatísticos da 
administração de um local. Essa situação se mantém até meados do século XVIII. 
Moraes (1990) nos alerta que somente no século XIX, a sistematização da ciência 
geográfica acontece e, esse processo, só ocorre devido ao avanço das relações 
capitalistas de produção. Pois o interesse por parte dos Estados nos territórios começa 
a mover uma busca técnica, sobre os recursos presentes no espaço. Paralelamente a 
isso, houve o aprimoramento das técnicas cartográficas que foram utilizadas para 
dominação do espaço. 
Moreira (1993) pede para que tenhamos a compreensão de que antes do século 
XVIII, a geografia não apresentava nenhuma escola, porém, é a partir daí, que a escola 
alemã começa a se desenvolver. Já Moraes (1990) nos conta que é na Alemanha, que 
a geografia apresenta suas primeiras teorias e propostas metodológicas, assim como as 
suas primeiras correntes de pensamentos. 
 
 
1.1. Escola Alemã 
 
Em 1754 a geografia, então, inicia seu caminho para o status científico. Para 
compreender esse caminho iremos estudar três autores alemães, sendo eles: Alexandre 
Von Humboldt (1769-1859), Karl Ritter (1779-1859) e por fim iremos retomar algumas 
 
contribuições de Friedrich Ratzel (1844-1904), lembrando que já fizemos uma 
abordagem inicial sobre Ratzel no tópico 2, a respeito da Geografia Política. 
Humboldt possuía formação naturalista e realizou inúmeras viagens, ele foi 
conselheiro do rei da Prússia. Para o autor a geografia era uma ciência de síntese dos 
conhecimentos da Terra. Esse viés naturalista, garantiu a Humboldt o título de Pai da 
Biogeografia, onde ele define que o mundo é uma unidade cósmica e o homem é um dos 
elementos (CAMPOS, 2001). 
Humboldt define o “objeto da geografia como sendo a contemplação da 
universalidade das coisas, de tudo o que coexiste no espaço concernente a substâncias 
e forças, da simultaneidade dos seres materiais que coexistem na Terra” (MORAES, 
1990, p.47-48). 
Um conceito importante deixado por Humboldt, é o conceito de “empirismo 
raciocinado”, como sendo a impressão que a paisagem causa no observador, que 
combinada pela observação sistemática e filtrada pelo raciocínio lógico, explicaria a 
causalidades das conexões (MORAES, 1990). 
Diante disso, podemos concluir que Humboldt define a geografia como uma 
disciplina com base na observação e contemplação da natureza, daí o seu viés 
naturalista. 
Karl Ritter, foi tutor de uma família de banqueiros, inicialmente formado em 
Geografia e História, sua obra mais conhecida foi a “Geografia Geral Comparada” (1817-
1859), seus estudos apresentava um forte viés religioso, por conta disso o homem era 
colocado como o centro das reflexões, caracterizando suas ideais antropogênicas 
(CAMPOS, 2001). 
O autor considerava a Geografia uma ciência empírica, baseada em observações, 
cujo objeto era a superfície terrestre. Sua metodologia de estudo era inicialmente realizar 
as observações do espaço, depois fazer comparações e, por fim, proceder às categorias. 
Nesse sentido, ele buscava compreender as particularidades de cada área, 
caracterizando a Geografia como o estudo dos lugares, buscando a individualidade do 
lugar, sendo um dos precursores da geografia regional. Sempre entendendo os arranjos 
individuais, das relações do homem com a natureza utilizando a observação (CAMPOS, 
2001). 
 
Sobre Ratzel, ele foi responsável por sistematizar a Geografia. Seus 
conhecimentos foram utilizados como estratégia de poder para a expansão do Estado 
alemão, após o processo de unificação da Alemanha, e ainda em seus discursos fica 
muito claro, a sua admiração pelo imperialismo (CAMPOS 2001). 
Na sua obra, Moraes (1990) nos conta sobre essa admiração de Ratzel: 
“Semelhante à luta pela vida, cuja finalidade básica é obter espaço, as lutas dos povos 
são quase sempre pelo mesmo objetivo. Na história moderna a recompensa da vitória 
sempre foium proveito territorial” (MORAES, 1990, p. 55). 
Ratzel foi considerado o pai do determinismo, por dizer que “o homem é produto 
do meio, e as condições naturais é quem determina a história”. Essas ideias foram 
radicalizadas por seus discípulos, o que gerou uma forte contribuição errônea para 
fundamentar teorias racistas, como a do “Subdesenvolvimento como fruto da 
tropicalidade” (CAMPOS, 2001). 
Um dos conceitos mais importante de Ratzel foi o do Espaço Vital, e Moraes 
(1990) esclarece o conceito dito por Ratzel como: “A proporção de equilíbrio, entre a 
população de uma dada sociedade e os recursos disponíveis para suprir as 
necessidades, definindo assim suas potencialidades de progredir as suas permanências 
territoriais” (MORAES, 1990, p.56). 
A última teoria proposta por Ratzel, foi a da escola “ambientalista”, em que a 
natureza não é vista como uma determinação, mas um suporte para a vida, essa corrente 
propõe o estudo do homem em relação aos elementos do meio em que ele se insere 
(MORAES, 1990). Entretanto o nome de Ratzel se faz mais presente no determinismo 
do que no ambientalismo. 
Finalizamos assim, o conhecimento sobre as contribuições da escola alemã, em 
especial os estudiosos Humboldt, Ritter e Ratzel, que auxiliaram para com o 
desenvolvimento da ciência geográfica. 
 
 
 
1.2. Escola Francesa 
 
Agora daremos início as informações referentes à escola francesa, em que 
iremos abordar dois autores, sendo eles: Paul Vidal de La Blache (1845-1917) e Elisée 
Reclus (1830-1905). 
De acordo com Moreira (1993) a escola francesa surge após a derrota da França 
para Alemanha na guerra prussiana (1870), como uma estratégia de servidão à 
burguesia e recuperação de perdas territoriais. No momento da guerra prussiana a 
geografia da França era atrasada e meramente descritiva associada ao ensino de 
História, enquanto que na Alemanha já havia grandes evoluções no campo da geografia. 
Então, graças às críticas por parte dos franceses para as contribuições do alemão Ratzel, 
surge a escola francesa com a teoria do possibilismo. 
La Blache, inicialmente, é formado em história, porém ao longo de sua trajetória 
acadêmica conheceu o campo da geografia e passou a se dedicar a aprender o ofício de 
geógrafo, e uma das suas tarefas mais importantes foi a produção de um grande atlas 
para a França (CLAVAL, 2014). 
Porém não podemos deixar de enfatizar a teoria mais importante da escola franca, 
o possibilismo geográfico: 
 
O possibilismo é uma teoria apoiada em dados da história e da etnografia, 
onde é apresentado as influências entre o homem e o meio, destacando 
que o homem possui uma ampla possibilidade de dominação do meio, 
essa situação fica evidente quando encontramos meios iguais com 
culturas diferentes e vice-versa (MOREIRA, 1993, p. 38-39). 
 
Outra contribuição de La Blache foi feita em sua obra denominada “Geografia 
Universal”, onde expõe um dos seus principais conceitos, o de região, definindo-o como 
uma unidade de análise geográfica, onde o homem organiza o espaço (MORAES, 1990). 
Quando estudamos as escolas francesas, fica evidente o papel de destaque de 
La Blache, porém as contribuições de Reclus, foram muito significativas para a época, 
mas Reclus não teve a mesma visibilidade que La Blache naquele momento, para 
entender isso, vamos conhecer um pouco sobre outro autor francês. 
 
Reclus foi aluno de Ritter assim como Ratzel na Universidade de Berlim. Devido 
às guerras napoleônicas (1803-1815) sofreu com o exílio em vários países e se tornou 
um geógrafo por ocasião dessas viagens, nesse sentido, ele é considerado um cidadão 
do mundo, sendo uma grande figura internacional anarquista. Suas principais obras 
foram: A Terra (1868) e a Geografia Universal (1876-1894), a qualidade de seus 
trabalhos era fruto do produto de suas viagens pelo mundo (CLAVAL, 2014). 
De acordo com Claval (2014) as ideias de Reclus não eram aceitas pela academia 
francesa, afinal ali só havia espaço para as ideias lablacheana, e Reclus era visto como 
anarquista, engajado no movimento socialista desde a juventude. O autor, analisa a 
difusão espacial do povoamento humano pelo mundo, e as vitórias conquistadas contra 
a opressão, caracterizando um verdadeiro hino à liberdade. 
Uma das maiores contribuições da escola francesa é o possibilismo, porém essa 
junção da geografia com o pensamento possibilista se perpetuar até 1950, quando 
ocorre, então, a ascensão da geografia nas escolas norte americanas. 
 
 
1.3. Escola norte-americana 
 
Então, para finalizar a nossa caminhada pelas escolas geográficas, iremos, agora, 
verificar as contribuições da escola norte americana, para isso, vamos conhecer um 
pouco sobre os estudos de Richard Hartshorne (1899-1992). 
Hartshorne foi formado em Matemática em 1920 e finalizou o doutorado em 
Geografia em 1924. Já em 1938 foi para a Europa e realizou estudos sobre a evolução 
do pensamento geográfico, e em 1939 publicou o resultado desse estudo em sua obra 
mais emblemática denomina “The Nature of Geography”, traduzida como a Natureza da 
Geografia, onde buscou propor soluções sobre a teoria e o método da Geografia 
(ARCASSA, 2014). 
Ainda de acordo com Arcassa (2014), Hartshorne foi um grande estudioso de 
Geografia Política, e sua definição mais emblemática, está apresentada no conceito de 
fronteira, ao qual ele define como: “associações de todo tipo das diferentes partes da 
border área com cada um dos bordering states”. 
 
Arcassa (2014) expõe as classificações genéticas das fronteiras propostas por 
Hartshorne (1936) em quatro subdivisões, sendo elas: 
 
I) Fronteira Antecedentes: antes do povoamento; II) Fronteiras 
Subsequentes: posteriores ao desenvolvimento econômico; III) Fronteiras 
Superpostas: áreas de unidade cultural; IV) Fronteiras Consequentes: 
regiões escassamente povoadas, ou desabitadas, ou ainda com barreiras 
físicas; (ARCASSA, 2014, p. 276). 
 
Hartshorne foi um dos geógrafos mais emblemáticos da Geografia Tradicional, 
afinal suas contribuições de caráter teórico-metodológico foram substanciais para o 
desenvolvimento da Geografia enquanto ciência. Além do mais, não podemos deixar de 
mencionar as mudanças significativas propostas e o resgate da Geografia Política, 
juntamente com o conceito de fronteiras. 
 
 Após essa longa caminhada de conhecimento, desde os primórdios da Geografia 
até meados da década de 1970, quando finalizamos a etapa do que se chama de 
Geografia Tradicional, ficou evidente quais foram as contribuições das escolas alemãs, 
francesas e norte-americana na formação da Geografia enquanto ciência. 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
QUANTO CUSTARIA RESTABELECER CONTROLES DE FRONTEIRA NA 
EUROPA? 
Por: Nils Zimmermann 
 
Em junho de 1985, um acordo para formar na Europa uma zona sem controles de 
fronteira foi assinado na pequena cidade de Schengen, em Luxemburgo. Na época, o 
acordo incluía apenas a Alemanha, a França e os três países do Benelux: Bélgica, 
Holanda e Luxemburgo. Desde então, o chamado Espaço Schengen se expandiu, a 
ponto de hoje abranger 22 dos 28 países da União Europeia (UE), além de Liechtenstein, 
Noruega, Islândia e Suíça. 
O Acordo de Schengen é largamente considerado uma das principais conquistas 
da integração europeia. Ele permitiu que pessoas e bens circulassem livremente através 
das fronteiras dentro da Europa, sem ter que parar para verificações de passaporte ou 
controles de qualquer tipo. 
Isso tem sido especialmente útil para empresas de caminhões que transportam 
mercadorias pela Europa. Antes do Acordo de Schengen, os motoristas às vezes ficavam 
na fila por longas horas, aguardando inspeções de carga. Isso causava atrito, atrasos e 
incertezas para as cadeias de suprimento europeias, em bens que vão desde frutas 
frescas sendo transferidas a partir do sul da Europa até partes de automóveis e outros 
bens industriais. 
Nos últimos três anos,no entanto, o Espaço Schengen tem sido cada vez mais 
colocado em questão. O motivo: a livre circulação de pessoas, bens e serviços sem 
controles nas fronteiras também significa a livre circulação de migrantes ilegais, bem 
como de criminosos e terroristas. Vários países chegaram a introduzir controles 
temporários de fronteira – entre Áustria e Alemanha, por exemplo. 
Como disse a Comissão Europeia num comunicado de 2016: 
 
 
 
O conflito e a crise na Síria e noutros locais da região [Oriente Médio] 
provocaram um número recorde de refugiados e migrantes chegando à 
União Europeia, o que, por sua vez, revelou sérias deficiências em partes 
 
das fronteiras externas da União e resultou numa abordagem de portas 
abertas aplicada por alguns Estados-membros. 
 
[...] 
 
Isso levou à criação de uma rota através dos Bálcãs Ocidentais, que 
permite que os migrantes se desloquem rapidamente em direção ao 
norte. Em reação, vários Estados-membros recorreram à reintrodução de 
controles temporários nas fronteiras internas, ameaçando o bom 
funcionamento do Espaço Schengen de livre circulação e os seus 
benefícios para os cidadãos europeus e para a economia europeia, 
prosseguiu o texto. 
 
A reação da Comissão foi tentar evitar a reintrodução dos controles fronteiriços 
por parte dos governos nacionais. “A restauração do Espaço Schengen, sem controles 
nas fronteiras internas, é de fundamental importância para a União Europeia como um 
todo”, afirmou o órgão em 2016. 
Mas com governos populistas sendo eleitos grande parte da Europa, com seus 
partidários motivados principalmente pela hostilidade à imigração descontrolada do 
Oriente Médio e da África, a Comissão Europeia está gradualmente perdendo a luta 
contra a reintrodução de controles de fronteira nos pontos de fiscalização fronteiriça 
nacionais dentro da Europa. Isso terá efeitos econômicos significativos – embora sua 
magnitude não possa ser conhecida com precisão. 
 
Fonte: ZIMMERMANN, Nils. Quanto custaria restabelecer controles de fronteira na Europa. Carta Capital. 
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/mundo/quanto-custaria-restabelecer-controles-de-
fronteira-na-europa/. Acesso em: set. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
https://www.cartacapital.com.br/mundo/quanto-custaria-restabelecer-controles-de-fronteira-na-europa/
https://www.cartacapital.com.br/mundo/quanto-custaria-restabelecer-controles-de-fronteira-na-europa/
 
REFLITA 
Com base nos conhecimentos aprendidos na Unidade I, reflita 
sobre o título da Obra o importante geógrafo Yves Lacoste, 
denominada de: “A geografia serve em primeiro lugar para fazer 
guerra” de 1988. 
Reflita: 
● O que será que o autor quer dizer com esse título? 
● Quais foram as suas referências? 
● Quais foram as situações vividas para o autor elaborar e 
escrever esse livro? 
 
Fonte: o autor. 
 
#REFLITA# 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Bom, aluno(a) (a), chegamos ao final na nossa primeira unidade da disciplina de 
Regionalização e Geopolítica, espero ter atendido às suas expectativas, neste primeiro 
momento. Vamos, então, dar uma breve revisada no que aprendemos ao longo desta 
unidade. 
No tópico 01: conceito, origens, limites e novas abordagens da geografia política, 
conhecemos os principais conceitos geográficos, dentre eles: espaço geográfico, 
território, região, paisagem e lugar. 
Depois foi a vez de conhecermos os principais conceitos da Geografia Política, 
como: escalas, fronteiras, limites, poder, Estado Moderno, povo e nação. Nesse primeiro 
momento, foi buscada a definição desses conceitos, que são tão importantes para nos 
ajudar a entender os próximos conteúdos. 
 Já no tópico 02: Fundamentos da Geografia Política e da Geopolítica, fizemos 
uma verdadeira viagem no tempo, e voltamos mais precisamente no século XIX, quando 
o alemão Ratzel usou o termo Geografia Política e depois conhecemos as contribuições 
do francês Vallaux sobre o tema já no século XX. 
Sobre a Geopolítica, inicialmente, entendemos a colocação do sueco Kjellén, no 
início do século XX, que usou o termo pela primeira vez, depois conhecemos as 
contribuições do alemão Haushofer. Por fim, pudemos compreender que, atualmente, a 
Geografia Política é usada como uma modalidade dentro do campo da Geografia, 
enquanto que a Geopolítica é uma parte da geografia política e não uma ciência. 
No tópico 03: Princípios da teoria do poder terrestre, conhecemos o britânico 
Halford John Mackinder, que desenvolveu essa teoria. Para Halford criar a teoria do 
poder terrestre, ele criou alguns conceitos, como: o de ilha mundial, de região pivô, e o 
de oceano central. 
O autor acreditava que quem dominasse a região pivô seria considerada a 
potência mundial. Essa teoria, proporcionou o autor a antever várias situações que viriam 
a acontecer no tabuleiro da geopolítica mundial. 
E, por fim, no tópico 04: Contribuições das escolas alemãs, francesas e norte-
americanas. Voltamos ao primórdio da geografia, inicialmente na escola alemã 
 
conhecemos Alexandre Von Humboldt, Karl Ritter e Fredrich Ratzel e suas contribuições 
como, por exemplo, o determinismo geográfico, na escola francesa conhecemos Paul 
Vidal de La Blache e Eliseé Reclus e a teoria do possibilismo geográfico em resposta ao 
determinismo alemão. 
Para fechar esse tópico, conhecemos a escola norte-americana e o autor Richard 
Hartshorne, que contribuiu para a evolução teórica e metodológica da Geografia 
enquanto ciência. 
Sendo assim, fechamos essa unidade com a clareza das contribuições teóricas 
ao longo da história. Lembrando que, para darmos continuidade na nossa caminhada de 
conhecimento geográficos, se torna indispensável a dominação dos conceitos aqui 
apresentados, assim como as contribuições dos autores citados e suas respectivas 
teorias, pois, agora, iremos continuar, porém com situações e exemplos práticos que 
foram ocorrendo ao longo da história. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Caro(a) (a) estudante, como leitura complementar, deixo para você uma 
reportagem da BBC, acerca da utilização da teoria do poder terrestre (discutida no tópico 
03 dessa unidade) no século XXI. 
● Título: Heartland: como um geógrafo do século 19 desenvolveu a teoria que rege 
a geopolítica atual 
● Link: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57353573 
● Data: 26 janeiro 2020 
● Autor: Phil Tinline 
Boa leitura! 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: A invenção da natureza: A vida e as descobertas de 
Alexander Von Humboldt 
• Autora: Andrea Wulf 
• Editora: Crítica 
• Sinopse: A invenção da natureza revela a extraordinária 
vida do explorador, geógrafo e naturalista alemão Alexander 
von Humboldt (1769-1859). Com suas descobertas, fruto de 
expedições pelo mundo afora (escalando os vulcões mais 
altos do mundo, cruzando a Sibéria em plena epidemia de 
praga, navegando pela então ameaçadora Amazônia), gerou 
inveja em Napoleão Bonaparte, inspirou Simón Bolívar em sua revolução e Darwin a 
zarpar com seu navio Beagle. Sua história é contada neste livro de forma saborosa e 
profunda, partindo de uma ampla pesquisa sobre o homem que concebeu a maneira 
como vemos a natureza hoje. 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: A lista de Schindler 
• Ano: 2019 
• Sinopse: A inusitada história de Oskar Schindler (Liam 
Neeson), um sujeito oportunista, sedutor, "armador", 
simpático, comerciante no mercado negro, mas, acima de 
tudo, um homem que se relacionava muito bem com o 
regime nazista, tanto que era membro do próprio Partido 
Nazista (o que não o impediu de ser preso algumas vezes, 
mas sempre o libertavam rapidamente, em razão dos seus 
contatos). No entanto, apesar dos seus defeitos, ele amava 
o ser humano e assim fez o impossível, a ponto de perder 
a sua fortuna, mas conseguir salvar mais de mil judeus dos campos de concentração. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARCASSA, Wesley de Souza. MOURÃO, Paulo Fernando Cirino. Karl Haushofer: a 
Geopolitik alemãe o III Reich. Departamento de Geografia da FCT/UNESP, 
Presidente Prudente, n. 11, v.1, janeiro a junho de 2011, p. 1-14. 
 
ARCASSA, Wesley de Souza. Anais do I Congresso Brasileiro de Geografia Política, 
Geopolítica e Gestão do Território, 2014. Rio de Janeiro. Porto Alegre: Editora Letra1; 
Rio de Janeiro: REBRAGEO, 2014, p. 267-280. ISBN 978-85-63800-17-6. 
 
ASSIS, José Ferreira. A teoria geopolítica clássica de Mackinder validada pelas 
ações e acontecimentos envolvendo a Rússia na atualidade. Monografia. Escola 
de Guerra Naval. Rio de Janeiro – RJ, p. 25. 2008. 
 
CAMPO, Rui Ribeiro de. A escola alemã de geografia. Geografia, Rio Claro, V. 26, N. 
2, p. 9-67, 2001. 
 
CASTRO, Iná Elias de. Escala e pesquisa na geografia. Problema ou solução? 
Espaço Aberto, PPGG - UFRJ, V. 4, N.1, p. 87-100, 2014. 
 
CLAVAL, Paul. A geografia francesa. Espaço aberto, PPGG – UFRJ, V.4, N.1, p. 7-
22, 2014. 
 
CLAVAL, Paul. A geografia cultural. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2001. 
 
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 2003. 
 
COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Política e Geopolítica: discursos sobre o 
território e o poder. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. 
 
COSTA, Fábio Rodrigues. ROCHA, Márcio Mendes. Geografia: Conceitos e 
Paradigmas – apontamentos preliminares. Rev. GEOMAE Campo Mourão, PR v.1n.2 
p.25 - 56 2ºSem 2010. 
 
CUNHA, Luiz Alexandre Gonçalves. Sobre o conceito de região. Revista de História 
Regional. V. 5, N.2, p. 39-56, 2000. 
 
FERRARI, Maristela. As noções de fronteiras em Geografia. Revista Perspectiva 
Geográfica. UNIOESTE V.9, N.10 2014. 
 
FONSECA, Witer Naves. BARREIRA, Celene Cunha, OLIVEIRA, Adão Francisco. As 
categorias poder e território na geografia. Revista Sapiência: Sociedade, Saberes e 
Práticas Educacionais. v.9, n.2, p.128-148. 2020. 
 
GOTTMANN, Jean. A evolução do conceito de território. Boletim Campineiro de 
Geografia, v. 2, n. 3, 2012. 
 
 
HENRIQUE, Wendel. A natureza nos interstícios do social – uma leitura das ideias de 
natureza nas obras de Milton Santos. Revista Terra Livre: São Paulo. Ano 19, v. 2, n. 
21, jul/dez. 2003. 
 
LOPES, André Luiz. Noções de Teoria Geral do Estado. Escola Superior Dom Helder 
Câmara. Belo Horizonte, 2010. 
 
MAXIMIANO, Liz Abad. Considerações sobre o conceito de paisagem. RAEGA, 
Curitiba, n. 8, p. 83-91, 2004. Editora UFPR. 
 
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. A geopolítica do poder terrestre revisada. Revista 
Lua Nova, n.34, p. 54-69, 1994. 
 
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da geopolítica? Editora: Hucitec, 
São Paulo, 1999. 
 
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: Pequena história crítica. Editora Hucitec, 
9° edição, p. 138, 1990. 
 
MOREIRA, Ruy. O que é geografia. Editora brasiliense, 13° edição, p. 113, 1993. 
 
RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Editora Ática, 1993. 
 
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica, Razão e Emoção. 3ª Edição. São 
Paulo: Edusp (Editora da USP), 2003. 
 
SANTOS, Milton. Por uma Nova Geografia: da crítica da geografia a uma geografia 
crítica. São Paulo: Hucitec, 1986. 
 
SANTOS, Elizete de Oliveira. SILVA, Francisco Antônio Carneiro. Revisando o conceito 
de escala na geografia. Boletim de geografia, Maringá, v. 32, n. 3, p. 16-27, set.-dez., 
2014. 
 
SCALZARETTO, Reinaldo. MAGNOLI, Demétrio. Atlas de geopolítica. Editora 
Scipione, São Paulo, 1996. 
 
VESENTINI, José William. O que é geografia política? O que é geopolítica?. 
Disponível em: 
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/50640689/Geopolitica_x_geografia_politica-with-
cover-page-
v2.pdf?Expires=1629169005&Signature=BxRzMmYi9HWJa3RQkskW7WLLHB2AFiDrQ
WWMFhQVOfqho0~aq-dKhCGF68IuKC53jLrT-
8Lca0a0R1QyAZHyA9wHs6n4KwPKQS~u5AbSXv7HEnk-
aouUWVwsf1qwV1io6tCipYF~1UxRd6GP55jcHf0VjdAE2GXkQP1cNSK~CJE7J~FqayT
9dkXxoVCcn~xDKOT8oGiUkXYndGy-
 
bbpSQGoy4feyGu9kldjJIFOy60F5MrYKF6CKlKsEoxopYJB-OlQ0v2v0Z7-fhiDp-
gRCJSYDZnRJWE9QYB9iH41MFU91-
B9Y7t2rBCIAxVbsoRM4CRVyNgHgWiNeKzrJMlXPew__&Key-Pair-
Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA. Acesso em: 16 ago. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E GEOPOLÍTICOS DAS RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS 
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser 
 
 
Plano de Estudo: 
● Fundamentos das teorias dos Estados nacionais e das teorias das relações 
internacionais; 
● Formação do sistema interestatal capitalista; 
● Origens do poder, do desenvolvimento e da pobreza. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Diferenciar as teorias dos Estados nacionais e das relações internacionais; 
● Apresentar a formação do sistema interestatal capitalista; 
● Expor a origem do poder, do desenvolvimento e da pobreza no mundo. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Estudante, agora iremos dar início à segunda unidade intitulada Fundamentos 
Históricos e Geopolíticos das Relações Internacionais Contemporâneas, da nossa 
disciplina de Regionalização e Geopolítica. Essa unidade está segmentada em três 
tópicos. 
O primeiro tópico, Fundamentos das teorias dos Estados nacionais e das teorias 
das relações internacionais, está subdivido em dois momentos. Inicialmente está 
apresentada a Teoria dos Estados Nacionais, e por fim, é apresentada a Teoria das 
Relações Internacionais, juntamente com seus pressupostos históricos. 
No segundo tópico, A Formação do Sistema Interestatal Capitalista, também está 
segmentada em dois momentos. No primeiro momento, conheceremos a Origem do 
Capitalismo e, no segundo momento, estão apresentadas as fases do capitalismo, 
juntamente com o seu modelo econômico, com destaque para o papel das empresas e 
do Estado. 
E, no terceiro e último tópico, vamos conhecer as Origens do Poder, do 
Desenvolvimento e da Pobreza. Para isso vamos nos pautar nas obras dos autores 
Daron Acemoglu e James Robinson, que escreveram o livro “Por que as nações 
fracassam: As origens do poder, da prosperidade e da pobreza”, publicado no ano de 
2012. 
Portanto, espero que nesta unidade, você compreenda um pouco mais da 
dinâmica envolvendo as relações entre os países no mundo atual. 
 
Bons Estudos! 
 
1 FUNDAMENTOS DAS TEORIAS DOS ESTADOS NACIONAIS E DAS TEORIAS DAS 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/country-flag-symbols-on-chessboard-figures-
1310671316 
 
Para facilitar nosso estudo, neste tópico, irei dividir a explicação em duas partes, 
inicialmente iremos compreender como surgiram os Estados Nacionais e quais são as 
suas principais características, posteriormente iremos conhecer a teoria das Relações 
Internacionais. 
 
 
1.1. Teoria dos Estados Nacionais 
 
A palavra Estado vem do latim que significa estar firme, e aparece pela primeira 
vez na obra “O Príncipe” em 1513, do italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), depois 
disso, o termo ganha uma certa popularidade entre os italianos e, somente, durante os 
séculos XVI e XVII a expressão passa também ser utilizada por franceses, alemães, 
ingleses e espanhóis (DALARI, 1998). 
 
Porém, alguns autores, acreditam que o Estado só existiu em algumas sociedades 
políticas que apresentaram características bem definidas, ou seja, nem sempre ele 
existiu. Diante dessa situação, o alemão Carl Schmidt (1888-1985), afirma que o Estado 
surge apenas quando nasce a prática de soberania. O italiano Balladore Pallieri (1905-
1980) é ainda mais preciso ao afirmar que o Estado surge somente com o acordo da 
“Paz de Vestfália” em 1648. 
Antes de dar continuidade, vamos entender um pouco do que foi o acordo de Paz 
de Vestfália e quais foram as suas contribuições. De acordo com Silva (2012) em 1648, 
foi assinado um conjunto de acordo entre o sacro Império Germânico, a França e a 
Suécia, que colocaria fim à Guerra de Trinta Anos e traria a essas nações, o chamado 
equilíbrio de poder baseado no respeito da soberania nacional de cada território. 
O acordo de Paz de Vestfália marcou o início do que iremos chamar a partir de 
agora, de Estado Moderno,que tem como característica um território ocupado por um 
povo e um poder soberano sobre esse território. Para compreender essa estrutura do 
Estado Moderno, vamos, então, definir alguns conceitos que são alicerces para a 
estrutura do Estado Moderno, como: soberania, território e povo, para isso iremos utilizar 
a obra de Dalari (1998). 
O conceito de soberania aparece, pela primeira vez, na obra do teórico político 
francês, Jean Bodin (1530-1596) em seu livro intitulado “Les Six Livres de la République”. 
“O autor afirma que a soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República. A 
palavra República, faz referência ao atual Estado” (DALARI, 1998, p. 31). 
Em 1762, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) publicou sua obra “Contrato 
Social”, em que destacou o conceito de soberania quando afirmou que, “O contrato 
social gera um corpo político, chamado Estado quando passivo, Soberano quando ativo 
e Poder quando comparado com os seus semelhantes”. O autor atribui à soberania a 
característica de inalienável e indivisível, para isso o autor ainda afirma que: “O pacto 
social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus membros, e este poder 
é aquele que, dirigido pela vontade geral, leva o nome de soberania” (DALARI, 1998, p. 
31). 
 
Sendo assim, a soberania é o poder soberano que o Estado exerce sobre seu 
território e sobre o povo que está dentro do seu território. Nesse sentido, o Estado tem 
a obrigação jurídica de respeitar a soberania de outros Estados em outros territórios. 
Para ficar mais claro essa situação, vamos compreender o segundo conceito 
elementar do Estado Moderno, o território, para isso, ainda, vamos continuar usando a 
obra de Dalari (1998). 
Para Dalari (1998) o território é um comente do Estado Moderno, e a existência 
de soberania limitada a esse espaço, que foi denominado de território, foi fundamental 
para garantir o equilíbrio de poder entre os Estados Modernos. 
Em seus estudos, Dalari (1998) apresenta três conclusões sobre a relação do 
território com o Estado, sendo elas: 1) Não existe Estado sem território; 2) O território 
estabelece a delimitação da ação soberana do Estado; 3) O território é um elemento 
construtivo necessário e um objeto de direitos do Estado. 
Para fechar nosso eixo elementar de elementos formadores do Estado Moderno, 
vamos discutir sobre o conceito de povo. Para Dalari (1998) é unânime a aceitação da 
necessidade do elemento pessoal para a constituição e a existência do Estado, uma vez 
que sem ele não é possível haver Estado e é para ele que o Estado se forma. 
Sendo assim, o povo é um componente essencial do Estado, mesmo após ele ser 
constituído. Portanto, o povo refere-se ao conjunto de indivíduos que se uniram para 
constituir o Estado em um território, e depois passa a ser subordinado ao poder soberano 
do Estado. 
Para fechar a nossa discussão sobre a Teoria dos Estados Nacionais, vamos 
conhecer um pouco sobre as funções do Estado, conforme os objetivos que esse busca 
atingir (DALARI, 1998): 
● FINS EXPANSIVOS: visa o crescimento do Estado, anulando o indivíduo. Essa 
teoria é a base dos Estados Totalitários, sendo subdividida em Utilitárias (teoria 
de bem-estar material) e Éticas (teoria da moral oficial); 
● FINS LIMITADOS: refere-se à baixa participação do Estado nas atividades da 
sociedade, sendo popularmente conhecida como o Estado mínimo (teoria do 
Estado-Liberal), outro viés é o Estado apenas como aplicador de leis, em que 
pode haver criação de leis que beneficiam os próprios governantes; 
 
● FINS RELATIVOS: popularmente conhecida como teoria solidarista, em que o 
Estado manifesta a vida solidária dos homens com três grandes categorias, 
conservar, ordenar e ajudar, sendo indispensável garantir igualdade entre todos 
nas condições da vida social. 
 
Neste subtópico conhecemos um pouco sobre o surgimento do Estado Moderno, 
e seus principais pilares, a soberania, o território e o povo, juntamente com os seus 
principais objetivos e finalidades. Compreender o Estado Moderno é de suma 
importância para entender as Relações Internacionais, que será apresentado no 
subtópico seguinte. 
 
 
1.2. Teoria das Relações Internacionais 
 
A história das Relações Internacionais é marcada pelas contribuições do francês 
Pierre Renouvin (1893-1974), que se torna historiador após perder seu braço em um 
conflito no meio da I Guerra Mundial (1914-1918), após esse triste episódio Renouvin 
decide coletar documentos e materiais para compreender a história da guerra e suas 
consequências e, em 1934, foi lançado seu livro “Le crise européenne et la Première 
Guerre Mondiale” (GONÇALVES, 2007). 
Tais fatos evidenciam como a I Guerra Mundial despertou um interesse por parte 
dos Estado para compreender as relações internacionais, com o objetivo de evitar novos 
grandes conflitos. 
Diante disso, em 1919 ocorreu a Conferência da Paz de Paris, estudiosos da 
Europa e dos Estados Unidos perceberam que para haver paz no mundo seria 
necessário realizar algumas mudanças nas instituições, como: 
● Respeito à autodeterminação dos povos; 
● Utilização de regimes democráticos, invés de autoritários; 
● Adoção do livre-comércio e fim das barreiras protecionistas; 
● Livre navegação nos mares; 
● Melhorias no direito internacional; 
 
● Cumprimento dos acordos de Paz por parte dos Estados; 
Mas todas essas ideias, que foram estabelecidas durante a Conferência da Paz 
de Paris, foram abaladas em 1929, quando os Estados Unidos sofreram com a crise de 
superprodução, que acabou por quebrar a Bolsa de Valores de Nova York. 
Diante dessa situação, algumas medidas foram reforçadas, como: a volta de 
regimes autoritários, o protecionismo econômico e o nacionalismo exacerbado. Tais fatos 
provocaram a Segunda Grande Guerra entre 1939-1945. 
Após a II Guerra Mundial, é a vez do mundo viver a bipolaridade imposta pela 
Guerra Fria (1947-1991), em que de um lado está a URSS (União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas) com o modelo econômico socialista e do outro lado estão os 
Estados Unidos com o modelo econômico capitalista. Nesse contexto de Guerra Fria, 
que Reunovin publica sua obra, traduzida como “Introdução à história das Relações 
Internacionais” em 1964. 
Outro autor, pioneiro importante para a compreensão da Teoria da Relações 
Internacionais, foi “Hans Morgenthau (1904-1980), ele afirmou que o meio internacional 
é uma arena, onde os Estados vivem em luta pelo poder, e é essa luta pelo poder que 
dá sentido às relações internacionais” (GONÇALVES, 2007, p. 33). 
Morgenthau ainda nos conta que “cada Estado mobiliza seus recursos com o 
objetivo de aumentar seu poder e isso iria possibilitar a realização dos interesses 
nacionais, que dizem respeito à defesa da soberania nacional, sendo comum a todos 
Estados” (GONÇALVES, 2007, p. 33). 
Para a definição mais atual das relações internacionais (RI) iremos no pautar nas 
palavras de Seitenfus (2004), que diz o seguinte: 
As RI é o conjunto de contatos que se estabelecem através das fronteiras 
internacionais entre grupos socialmente organizados. Portanto, são internacionais todos 
os fenômenos que transcendem as fronteiras de um Estado, fazendo que os sujeitos, 
privados ou públicos, individuais ou coletivos, se relacionem entre si. “As RI surgem 
quando dois ou mais grupos socialmente organizados intercambiam bens, ideias, valores 
e pessoas, tanto em um contexto juridicamente definido, quanto de maneira 
circunstancial e pragmática” (SEITENFUS, 2004, p. 2). 
 Tanto a teoria dos Estados, quanto a teoria das Relações Internacionais, foram 
 
sendo formuladas ao longo da história, mediante modificação de acordo com os 
acontecimentos ao longo do tempo, mas se faz presente nas discussões atuais. No 
próximo tópico, vamos compreender um pouco da formação do sistema capitalista. 
 
 
2 FORMAÇÃO DO SISTEMA INTERESTATAL CAPITALISTA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/accumulation-wealth-capitalism-1886792233Neste tópico, compreenderemos qual foi o contexto histórico em que surgiu o 
sistema econômico capitalista. Posteriormente, conheceremos suas mudanças 
estruturais ao longo do tempo de acordo com a inserção das doutrinas econômicas. Ao 
longo dessa trajetória histórica, vamos sempre nos atentar ao papel do Estado na 
sociedade. 
Antes de realizarmos a definição do conceito de capitalismo, vamos retornar no 
tempo e voltar no momento em que o capitalismo surge, acredito que, dessa forma, ficará 
mais fácil compreender a sua definição. 
 
 
 
1.1. Origem do Capitalismo 
 
Pois bem, antes da existência do capitalismo como sistema econômico, era o 
feudalismo quem ditava as regras na Idade Média (V – XIV) na Europa Ocidental. 
Somente quando o feudalismo entra em crise, por volta do século XIV e XV, é que o 
capitalismo entra em cena. 
Porém esse processo foi uma transição que se deu ao longo dos séculos XVIII e 
XIX, ocorrido com base em crise demográficas, revoltas no campo e nas cidades, fome 
e a peste negra. É nesse cenário caótico, que a burguesia se fortalece e o modo de vida 
urbano se consolida, paralelamente a isso, ocorreu a expansão marítima. Tais fatos 
contribuíram para a acumulação de capital, consolidando a transição do feudalismo para 
o capitalismo. 
De acordo com Catani (1979) no ideal marxista, o capitalismo é um sistema 
econômico: 
 
 
[...] pelo qual os meios necessários à produção são apropriados, como as 
relações se estabelecem entre homem a partir de suas vinculações ao 
processo de produção. Sendo assim, o capitalismo não significa apenas 
um sistema de produção de mercadorias, mas também um sistema no 
qual a força do trabalho se transforma em mercadoria e se coloca no 
mercado como qualquer objeto de troca. Para que exista capitalismo faz-
se necessária a concentração da propriedade dos meios de produção em 
mãos de uma classe social e a presença de uma outra classe para que a 
venda da força de trabalho seja a única fonte de subsistência (CATANI, 
1979, p. 10). 
 
Sendo assim, podemos entender que o capitalismo é um sistema econômico que 
envolve as forças produtivas e as relações de produção, com o objetivo de gerar mais 
riquezas, ou seja, maximizar o lucro. 
Ainda, segundo os estudos realizados por Catani (1979), o capitalismo apresenta 
algumas características fundamentais, como: 1) propriedade privada dos meios de 
produção; 2) Divisão da sociedade em classes (burguesia x proletariado); 3) Economia 
de mercado; 4) Busca pelo lucro. 
 
Neste subtópico não iremos nos aprofundar na definição e estruturação do 
capitalismo, aqui é importante apenas que você tenha conhecimento de quando e como 
surgiu o capitalismo, e seu conceito básico. A seguir, vamos fazer uma caminhada ao 
longo do desenvolvimento do capitalismo, sempre destacando o papel do Estado. 
 
 
1.2. Fases do Capitalismo e Doutrinas Econômicas 
 
O capitalismo como sistema econômico apresenta inúmeras contradições e crises 
econômicas, que receberam diferentes respostas ao longo da história, basicamente por 
dois agentes: Estado e empresas. Diante disso, desde seu surgimento o capitalismo 
apresentou diferentes fases e modelos econômicos, conforme apresentado na tabela 1. 
 
Tabela 1 - Fases do capitalismo e seus modelos econômicos 
FASE COMERCIAL INDUSTRIAL FINANCEIRO INFORMACIONAL 
MODELO 
ECONÔMICO 
Mercantilismo Liberalismo Fordismo-
Keynesianism
o 
Neoliberalismo 
DATA XVI-XVII XVIII-XIX 1930-1970 Atual 
Fonte: autor. 
 
A primeira fase ocorreu entre o século XV e XVII e foi denominada de capitalismo 
comercial, nesse momento, a produção artesanal foi convertida em manufaturas, os 
artesãos passaram a fazer parte do processo de produção de um produto e não mais de 
todo o processo e recebiam um salário por isso, enquanto que os donos das manufaturas 
disponibilizavam matérias primas e ferramentas para a produção, os produtos eram feitos 
mais rápidos e apresentavam maior semelhança. 
Outra importante caraterística desse momento foi a forte intervenção do Estado 
(nacionais e absolutistas) na economia, em que o objetivo era de fortalecer o Estado e 
aumentar as riquezas, baseando-se na busca de metais preciosos, e no protecionismo 
econômico. Esse momento ficou marcado como mercantilismo, sendo que as Grandes 
 
Navegações e o colonialismo foram ferramentas fundamentais para a consolidação 
desse modelo econômico. 
Ao final do século XVIII e início do século XIX, ocorre a Primeira Revolução 
Industrial na Inglaterra, e o capitalismo comercial é substituído pelo capitalismo industrial, 
o modelo econômico mercantilista é trocado pelo liberalismo econômico. 
A chegada da máquina à vapor, a expansão da indústria têxtil e das ferrovias, 
deram novos rumos para a sociedade capitalista. Agora mulheres e crianças vão servir 
de mão de obra barata nas fábricas, as cidades apresentaram divisão socioespacial, 
onde os donos das fábricas moram em bairros ricos e os operários em bairros pobres. 
No modelo econômico do liberalismo, o Estado apresenta participação mínima, 
estipulando apenas leis gerais, como, por exemplo, a propriedade privada dos meios de 
produção e a definição da moeda nacional. 
O liberalismo econômico tem como seus principais teóricos o Adam Smith (1723-
1790) e David Ricardo (1772-1823), que definiram a lei da oferta e da procura e a 
concorrência. 
A lei de oferta e da procura refere-se ao preço da mercadoria de acordo com a 
quantidade de produto no mercado. Já a concorrência refere-se ao livre-comércio entre 
as empresas, que com o tempo iriam melhorar e baratear suas mercadorias. 
Porém, as ideias liberalistas foram abaladas pelo fortalecimento das empresas, 
que formaram grandes conglomerados, o que contribuiu para uma grande concentração 
de capital na mão de poucas pessoas. Os trabalhadores tinham baixos salários, pois as 
empresas visavam cada vez mais o seu lucro, com isso, o consumo diminuiu, gerando 
crises de superprodução, afinal tinha-se mercadorias, mas não se tinha consumidores, 
ou seja, houve um aumento da produção sem um aumento de venda, a situação piora 
com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. 
As empresas começaram a quebrar, o desemprego aumentar, o consumo cair 
mais ainda. E o modelo liberalista dá lugar para o modelo fordista-keynesianista, e o 
capitalismo industrial sai de cena, para a entrada do capitalismo financeiro. 
No final do século XIX e início do século XX ocorreu a Segunda Revolução 
Industrial, e as mudanças provocadas pela chegada do petróleo e do motor de 
 
combustão interna revolucionaram a sociedade. A popularização do automóvel 
promoveu a popularização do modelo econômico fordista. 
O modelo fordista baseava-se na produção em massa e no consumo em massa. 
Essa produção se dava com os ideais de Taylor (1856-1915) que consistia na 
especialização do trabalhador em apenas uma tarefa, ou seja, uma parte do meio de 
produção, com o tempo ele se tornaria especialista e faria o processo mais rápido. 
Henry Ford (1863-1947) aperfeiçoou as técnicas de Taylor e aplicou a metodologia 
da esteira rolante, em que o trabalhador não iria precisar se locomover para realizar a 
tarefa, fazendo-a, assim, mais rápida ainda. 
Ford não se preocupava somente com a produção em massa de produtos, mas 
também com os seus consumos em massa. . E utilizava-se dos meios de comunicação 
em massa para despertar desejos e criar a ideia de necessidade nas pessoas, em 
paralelo a isso, havia um aumento de salário e diminuição dos preços, evitando, assim, 
crises de superprodução como as ocorridas anteriormente. 
Mas essas ideias de Ford não foram suficientes para superar o liberalismo, foi 
necessário a intervenção do modelo proposto por Keynes (1883-1946), que consistia na 
interferência do Estado na economia, afinal o modo de agir somente das empresas não 
seria o bastante para acabar com as crises econômicas. 
No keynesianismo

Continue navegando