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Transtornos do neurodesenvolvimento e formas de intervenção

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Transtornos do neurodesenvolvimento e formas de intervenção
Prof.ª Patricia Rossi Carraro
Descrição
A compreensão dos transtornos do neurodesenvolvimento como assuntos fundamentais de conhecimento para as áreas da saúde, da educação e
para a área organizacional.
Propósito
O conhecimento dos transtornos do neurodesenvolvimento é essencial para a formação e atuação do psicólogo em diferentes contextos, como
clínicas, hospitais, organizações, escolas, entre outros.
Objetivos
Módulo 1
Transtorno especí�co da aprendizagem
Identificar o transtorno específico da aprendizagem.
Módulo 2
Transtornos da comunicação
Reconhecer os transtornos da comunicação.
Módulo 3
Transtorno do espectro autista e a síndrome de Asperger
Analisar o transtorno do espectro autista e a síndrome de Asperger.
Módulo 4
Transtorno de dé�cit de atenção com hiperatividade
Identificar o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade.
1 - Transtorno especí�co da aprendizagem
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o transtorno especí�co da aprendizagem.
De acordo com o DSM-5 (APA, 2014), os transtornos do neurodesenvolvimento seriam um grupo de diversas condições que se manifestam
cedo no desenvolvimento e, de um modo geral, antes de a criança frequentar a escola. São caracterizados por déficits no desenvolvimento
que ocasionam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.
Podemos afirmar que os transtornos do neurodesenvolvimento gerarão demandas ao psicólogo e, nesse sentido, adquirir conhecimento para
lidar com esse assunto torna-se imprescindível para as possibilidades e estratégias de intervenções.
Introdução
Di�culdade de aprendizagem e o transtorno especí�co da aprendizagem
Aprendizagem: di�culdade de aprender ou um transtorno?
De acordo com Ohlweiler (2016), dificuldade de aprendizagem é um termo amplo que se relaciona aos diferentes problemas que podem alterar as
possibilidades de a criança aprender, apesar de contar com condições neurológicas para fazê-lo. Essas dificuldades podem ser ocasionadas por
problemas familiares e/ou escolares, em alguma matéria, metodologia utilizada pelo professor, ou em algum momento da vida, bem como causados
por falta de motivação e baixa autoestima, manifestando-se de forma pontual.
Já os transtornos específicos da aprendizagem são resultados de alterações do sistema nervoso central, referentes às dificuldades para leitura,
escrita ou matemática. Nesse sentido, esses transtornos são capazes de comprometer o desenvolvimento da criança.
Transtorno especí�co da aprendizagem: especi�cações
Encontramos no transtorno específico da aprendizagem especificadores com prejuízo na leitura, na expressão escrita e na matemática. A seguir,
apresentaremos algumas características:
Com prejuízo na leitura
Dificuldade na precisão da leitura de palavras, velocidade ou fluência da leitura e compreensão da leitura.
Com prejuízo na expressão escrita
Dificuldade na precisão da ortografia, da gramática e da pontuação, na clareza ou na organização da expressão escrita.
Com prejuízo na matemática
Dificuldade em senso numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência de cálculo e precisão no raciocínio matemático.
Identificamos o transtorno específico da aprendizagem em crianças que possuem: inteligência normal, nível socioeconômico e cultural bom e que
não apresentam problemas motores, sensoriais e psicológicos.
A pessoa que possui esse comprometimento pode apresentar outros transtornos associados como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,
transtorno de comunicação, transtorno do espectro autista, entre outros.
Dislexia
Conceito
A dislexia é uma dificuldade específica da área da leitura e da escrita. Alguns estudos apontam que pode estar ligada ao processamento da
informação (dificuldade em processar símbolos), pois as pessoas com esse comprometimento têm déficit no processamento fonológico (fonemas
de uma determinada língua).
Características gerais
Conforme Barros (2007), podemos considerar disléxicas as crianças com evidentes dificuldades de ler e escrever, mas que são saudáveis, com
inteligência normal ou superior, com órgãos sensoriais perfeitos, cuja estimativa gira em torno de 5% a 15% dos escolares. A causa da dislexia pode
ser genética, adquirida ou multifatorial (genética e adquirida).
A escrita invertida é um indicativo de dislexia.
Certamente, uma pessoa disléxica ao ler ou escrever apresentará dificuldades como:
inverter a ordem das palavras;
trocar letras;
má lateralização, na maioria das vezes;
em alguns casos, escrita invertida, que é denominada “escrita espelhada”.
É fundamental lembrar que, no início da alfabetização, as crianças têm essas dificuldades, mas quem não tem dislexia supera em pouco tempo.
Porém, para as crianças disléxicas, tais dificuldades podem permanecer por bastante tempo ou durante toda a vida, de modo mais moderado ou
mais grave.
Outro aspecto se relaciona aos erros na leitura e escrita. Estes parecem ser não apenas da própria dificuldade em lidar com símbolos, mas também
de dificuldades emocionais que vão se acumulando pelos diversos fracassos.
A ansiedade também se faz presente. Dessa forma, a criança com essa dificuldade não gosta de ler nem de escrever, pois essas atividades
representam um esforço que causa muito sofrimento.
Podemos apontar também que existe comprometimento com os símbolos: além de prejudicar o aluno na leitura e escrita, vai afetar a área da
matemática.
Exemplo
A professora pede que a criança subtraia 572 de 335. Ela pode ler os números como se fossem 752 e 353, sem perceber a inversão. Dessa forma,
ela não entende que a resposta está errada.
Diagnóstico
Altreider (2016) nos esclarece que até o 3º ano escolar seria uma hipótese diagnóstica. Nesse período, deve-se observar atentamente as expressões
do rosto da criança e, por meio delas, verificar paulatinamente se a leitura ou a interpretação estão evoluindo de forma adequada.
O diagnóstico só poderá ser elaborado a partir do 3º ano do ensino fundamental, ou seja, entre os 8 e 10 anos de
idade, por uma equipe multidisciplinar.
quipe multidisciplinar
Formada por neuropediatra, neuropsicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo.
Os professores e pais proporcionarão informações que auxiliarão no diagnóstico.
Formas de intervenção
Nos anos iniciais do ensino fundamental, encontramos crianças com dificuldade em compreender que as palavras são “divididas em partes”;
incapazes de associar letras a sons; com erros de leitura (não veem conexão entre fonemas/grafemas — por exemplo, leem panela, ao invés de
boneca); incapazes de ler palavras simples. Além disso, reclamam e também se recusam a ler em determinados momentos, quando solicitadas.
Nesse sentido, Rodrigues e Ciasca (2016), a partir da proposta de Adams et al., sugerem a estimulação da consciência fonológica, a qual tem sua
ação comprovada com crianças de 5 a 8 anos.
Saiba mais
O diagnóstico, bem como a intervenção, podem ter características multidisciplinares, e principalmente interdisciplinares. A Sociedade Internacional
de Dislexia nos alerta que na dislexia deve ser sempre observado que as diferenças são pessoais, o diagnóstico é clínico, o entendimento é científico
e o tratamento é educacional (ALTREIDER, 2016).
Discalculia
Conceito
Para Bastos (2016), a discalculia é um transtorno específico que interfere na aquisição de forma espontânea das habilidades aritméticas, o qual
pode ter causas pedagógicas (fatores escolares, como ensino inadequado), bem como pode ser causado por privações ambientais, ansidedade pela
matemática, capacidade intelectual limitada e disfunções do sistema nervoso central, entre outros.
É importante compreendermos que é um transtorno de origem neurobiológica e que apresenta componente genético. Três elementos caracterizam a
discalculia:

Dificuldade no reconhecimento do número e sua associação às grandezas correspondentes.

Falta de compreensão dos números e das operaçõesmatemáticas relacionadas à posição espacial deles.

Dificuldade na compreensão do raciocínio envolvido.
Embora seja um transtorno específco da aprendizagem importante, reconhecido e com prevalência tão alta quanto a dislexia (de 3% a 6% das
crianças em idade escolar, afetando de igual modo meninos e meninas), ainda existem poucos estudos sobre o assunto.
Características gerais
Segundo DSM-5 (APA, 2014), na discalculia, os sintomas encontrados e que aparecem com frequência seriam:
Diagnóstico
Para a realização do diagnóstico de discalculia, de acordo com o DSM-5 (APA, 2014), quatro critérios precisam estar presentes:
A
Erro na formulação de
números, que geralmente
ficam invertidos, como se
fosse uma imagem em
espelho.
B
Dificuldade para efeturar
somas simples.
C
Dificuldade para reconhecer
os sinais das operações.
D
Dificuldade para ler
corretamente o valor dos
números com vários dígitos.
Critério A
Existência de dificuldades evidentes e persistentes em cálculos aritméticos e raciocínio matemático, as quais interferem no cotidiano
da pessoa.
Critério B
O desempenho do indivíduo nas habilidades acadêmicas deve estar bem abaixo da média para a idade.
Critério C
As dificuldades de aprendizagem estão prontamente aparentes nos primeiros anos escolares, na maior parte dos indivíduos. Esses
problemas podem surgir mais tarde, período em que as exigências de aprendizagem aumentam e vão além das capacidades
individuais limitadas.
Formas de intervenção
De acordo com Bridi Filho et al. (2016), a discalculia é um transtorno persistente. A realização de uma intervenção precoce e multidisciplinar
(neurologista, neuropsicólogo, psicopedagogo) beneficiará estratégias de adaptações com as quais o aluno/paciente poderá ter ao longo da
evolução do seu aprendizado. Dessa forma, um tratamento contextualizado no seu ambiente familiar, escolar e cultural auxiliará na minimização dos
sintomas.
Atenção!
Apesar de percebermos alguns sinais de discalculia na educação infantil, o diagnóstico só poderá ser realizado após ter frequentado dois anos de
ensino fundamental.
Contudo, isso não impede o atendimento psicopedagógico precoce, aproveitando, assim, uma maior plasticidade cerebral, um melhor prognóstico e
também o alívio do sofrimento, pois esse profissional pode auxiliar a elevar a autoestima, valorizando seu potencial, suas atividades e seus
esforços.
Disgra�a
Conceito
Para Drouet (2006), a disgrafia é a dificuldade na utilização dos símbolos gráficos (letras e números) para exprimir ideias. A criança conhece as
letras que compõem a palavra que deve utilizar, mas apresenta traçado irregular e uma má distribuição das palavras no papel.
É capaz de copiar um texto, porém, se o texto for ditado ou se for uma dissertação, aparecerão problemas de escrita.
Não sei se você já sabia, mas a disgrafia é conhecida como a letra feia ou letra ilegível.
Critério D
As dificuldades de aprendizagem devem ser consideradas “específicas”. Elas não decorrem de deficiências intelectuais, de atraso
global do desenvolvimento, de deficiências auditivas ou visuais, nem de problemas neurológicos ou motores.
É importante que você compreenda que a criança consegue construir mentalmente a palavra, mas ela não é capaz de fazer a construção motora. A
dificuldade é no traçado.
A pessoa disgráfica não possui nenhuma deficiência visual ou motora, e tampouco comprometimento intelectual
(JOSÉ; COELHO, 2008).
Características gerais
Existem vários níveis de disgrafia, desde a criança incapaz de segurar um lápis/traçar uma linha, de ter uma postura inadequada e até a apresentada
por pessoas que são capazes de elaborar desenhos simples, mas não conseguem fazer cópia de figuras ou palavras mais complexas.
Vejamos os principais tipos de erro da criança disgráfica, na visão de José e Coelho (2008):
Apresentação desordenada do texto.
Margens malfeitas ou inexistentes na folha.
Espaço irregular entre palavras, linhas e entrelinha.
Traçado de má qualidade e letras irregulares, distorcidas e retocadas.
Irregularidade no espaçamento das letras na palavra.
Direção da escrita oscilando para cima ou para baixo.
Diagnóstico
A disgrafia é constatada quando a criança está na escola e começa a demonstrar dificuldade no traçado das letras. É importante saber que essa
dificuldade vai aparecer após 6 ou 7 anos quando a criança inicia a aprendizagem de uma forma mais efetiva.
O professor deve prestar atenção nas alterações da escrita e especificar o tipo e a frequência do erro gráfico. Isso pode ser feito por meio do ditado,
da escrita espontânea e da cópia. Além disso, poderá ficar atento às possíveis posturas inadequadas da criança para corrigi-las o quanto antes.
Formas de intervenção
De acordo com Rodrigues e Teixeira (2015), várias são as formas de intervenção à criança que apresenta disgrafia:
Exercícios psicomotores
É importante realizar treinamento de habilidades psicomotoras, pois melhora a capacidade de escrever, fortalece o tônus muscular e auxilia a
destreza e a coordenação óculo-manual.
Observar a lateralidade
É importante verificar aspectos da lateralidade da criança na primeira infância. Caso ela não esteja definida, pode atrasar as habilidades motoras
finas.
Exercícios grafomotores
Realizar exercícios grafomotores, pois melhora a coordenação motora e o domínio das mãos para movimentar um lápis sobre o papel. Com a
caligrafia, a criança treinará a habilidade da escrita.
Como regra geral, é importante que a criança seja motivada e que se evite sua desqualificação nos processos acadêmicos, buscando ajudá-la a
descobrir as melhores estratégias para superar suas dificuldades.
Disortogra�a
Conceito
De acordo com José e Coelho (2010), a pessoa diagnosticada com disortografia é incapaz de escrever corretamente a linguagem oral, ocorrendo
trocas ortográficas e confusão de letras. Esse comprometimento, porém, não interfere na qualidade do traçado das letras.
Podemos ressaltar que na disortografia existem dificuldades relacionadas à construção da ortografia da palavra. Esse tipo de problema não existe,
entretanto, para as sílabas simples. A criança escreve errado, pois não compreendeu como se constrói determinados fonemas. Não entende, por
exemplo, porque a palavra mesa se escreve com s, e não com z.
Características gerais
Vamos verificar os principais tipos de erro que a criança com disortografia costuma apresentar, conforme José e Coelho (2010):
1. Confusão de letras (trocas auditivas).
2. Confusão de sílabas com tonicidade semelhante.
3. Confusão de letras (trocas visuais).
4. Confusão de palavras com configurações semelhantes.
5. Uso de palavras com um mesmo som para várias letras.
A pessoa com disortografia poderá ter dificuldades em recordar a sequência dos sons das palavras, que são elaboradas mentalmente.
Diagnóstico
Para Fernandez et al. (2010), é necessário que a escola, no caso o professor, oriente a família para a realização de uma avaliação fonoaudiológica da
ortografia. Esta deverá apresentar informações do nível ortográfico da criança, apontando quais são os erros ortográficos e a frequência com que
ocorrem na escrita, para que alterações ortográficas resultantes de problemas no processo de alfabetização não sejam classificadas incorretamente
como disortografia.
Formas de intervenção
A partir da classificação dos erros encontrados na avaliação, a intervenção deve apontar atividades que se adaptem às características de cada tipo
de erro e aos aspectos cognitivos ou linguísticos envolvidos.
As orientações de como realizar o trabalho com a ortografia devem ser oferecidas aos professores e aos pais, sem
ocasionar angústia e ansiedade na criança, na escola ou em casa (FERNANDEZ et al., 2010).
Habilidades básicas para a leitura e escrita
Neste vídeo, a especialista apresenta os elementos fundamentais para que a criança desenvolva as habilidades básicas para a leitura e escrita, bem
como o papel dessa prática na prevenção da dislexia, da disortografia,da discalculia e da disgrafia.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise a afirmação a seguir:
É considerado um transtorno específico da aprendizagem, de base genética ou adquirida. Compromete em maior ou menor grau a compreensão
da leitura, bem como as habilidades de escrita. É diagnosticada em pessoas com capacidade intelectual, visual e auditiva normal, sendo
caracterizada como um problema que poderá persistir até a vida adulta.
Essa definição se refere à
Parabéns! A alternativa B está correta.
A dislexia refere-se a um transtorno específico da aprendizagem (da leitura), resultante de anormalidades anatômicas do lobo temporal,
estabelecendo dessa maneira uma predisposição genética. Está presente desde os primeiros anos de escolaridade e pode acompanhar a
pessoa até a vida adulta. Se for considerada adquirida, está relacionada a uma lesão cerebral. Na dislexia, o comprometimento interfere na
leitura e na escrita, mas o desenvolvimento intelectual, visual e auditivo é normal.
Questão 2
Analise a situação abaixo:
Diego apresenta uma dificuldade na qualidade do traçado gráfico. A professora e a família sempre se queixam de que a escrita dele é ilegível e
muito lenta. Todos os professores consideram sua letra muito feia.
Diego apresenta características da
A disortografia.
B dislexia.
C discalculia.
D gagueira.
E disgrafia.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A disgrafia, a disortografia, a dislexia e a discalculia estão relacionadas ao transtorno específico da aprendizagem, porém a disgrafia e a
disortografia são específicas da expressão escrita. A criança disgráfica apresenta letra ilegível. Tem a famosa letra feia. Ela escreve devagar,
fica retocando cada letra, realiza de forma errada a união entre as letras. Em resumo, não consegue realizar no plano motor o que compreendeu
no plano visual. Nesse transtorno, não há compromentimento neurológico e/ou intelecutal. Já a criança com disortografia tem dificuldade de
produzir textos escritos, cometendo diversos erros ortográficos, de gramática, de pontuação, entre outros, mas não tem letra ilegível.
2 - Transtornos da comunicação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os transtornos da comunicação.
Transtorno da articulação da palavra
A disgrafia.
B disortografia.
C dislexia.
D discalculia.
E dislalia.

Segundo José e Coelho (2010), é comum encontrarmos, na educação infantil, crianças com problemas em articular determinados sons. Essa
dificuldade visível na maioria das crianças é considerada normal, pois até aproximadamente 7 ou 8 anos, os órgãos da fala não possuem maturidade
para produzir todos os sons linguísticos.
As consoantes que exigem maior controle motor (v - j - s - z - tr - st - sl - sp) são as últimas a serem aprendidas, contudo as crianças com mais de 7
anos que não pronunciam corretamente todas as consoantes e suas combinações apresentam um problema de articulação.
O transtorno da articulação da palavra pode se manifestar por meio da dislalia ou da disartria, definidas de acordo
com suas características.
Dislalia
Conceito e diagnóstico
Para José e Coelho (2010), a dislalia é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons à palavra falada. É uma falha de articulação de
origem orgânica que pode ser causada por problemas anatômicos desde malformações dos órgãos da boca até defeitos na laringe. Poderá envolver
também problemas motores. Nesse caso, seria uma deficiência no movimento dos maxilares, o que vai dificultar a articulação correta das palavras.
Encontramos também a dislalia funcional. Nesse caso, a criança não sabe mudar a posição da língua e dos lábios. Esse tipo de dislalia é comum em
filhos caçulas. Essas crianças ocupam um lugar de destaque na família e, por não necessitarem de muito esforço para serem compreendidas,
permanecem com articulação infantil.
Ao ingressarem na escola e conviverem com outras crianças, serão motivos de brincadeiras, risadas, deboches, exclusão e provavelmente sofrerão
com tal situação.
O profissional envolvido no diagnóstico da dislalia pode ser o pediatra, que já acompanha a criança. Ele encaminhará ao médico
otorrinolaringologista, que deverá compreender a história da criança e examinar os órgãos envolvidos na articulação. Caso seja necessário,
solicitará outros exames.
Não podemos esquecer da área da fonoaudiologia. O profissional fará um exame fonético, realizará diálogos e verificará a situação da fala da
criança por meio de listas de palavras a serem lidas ou repetidas.
Formas de intervenção
No processo de intervenção, a fonoaudióloga exercerá um papel fundamental.
Trabalhará exercícios articulatórios realizados em frente ao espelho e o treino de movimentação da língua e dos lábios. Essas são as orientações
para tratar a dislalia.
Tal intervenção deve ser realizada por meio de jogos e brincadeiras, trabalhando, assim, igualmente a parte emocional e evitando a correção
mecânica e o sofrimento.
Atenção!
Não podemos esquecer que a dislalia impactará o aprendizado da língua escrita.
Disartria
Conceito e diagnóstico
A disartria é considerada também um transtorno articulatório. Trata-se de uma dificuldade para realizar movimentos necessários à comunicação
verbal. Nesse transtorno, temos uma fala explosiva, com interrupções bruscas e sem precisão nos movimentos articulatórios, ocorrendo inclusive
pausa longa entre as palavras. A disartria está relacionada a um problema motor no controle dos músculos envolvidos na fala.
Nas formas mais leves desse transtorno, os problemas só aparecem quando a pessoa tenta falar com rapidez, em situações de tensão ou fadiga.
Saiba mais
A disartria é comum em casos de paralisia, nos quais ela se manifesta associada a outros distúrbios de linguagem. Pessoas com problemas de
tumores cerebrais também podem apresentar esse comprometimento.
Para a realização do diagnóstico, o neurologista poderá realizar exames físicos e solicitar diagnóstico por imagem. O fonoaudiólogo poderá realizar
alguns exercícios que analisarão a força e o movimento dos músculos ligados à fala.
Em geral, esse transtorno está associado a outros que envolvem dificuldades auditivas e incapacidades de lembrar ou fazer a sequência de
movimentos necessários para completar tarefas complexas ou de habilidade simples. Além disso, poderá estar associado à disfasia, que
estudaremos em breve.
Formas de intervenção
No processo de intervenção, o fonoaudiólogo poderá intervir com exercícios de respiração e também musculares, além da repetição de palavras e de
frases.
Caso a disartria seja severa, é importante trabalhar com a tecnologia assistiva (recursos e serviços de acessibilidade ao computador). Pode ser
utilizada carta, cartão de imagem ou dispositivo baseado em um computador com um teclado e uma tela de mensagem. Tais ferramentas ajudarão
e muito.
Transtorno do ritmo (gagueira)
Conceito e diagnóstico
Esse transtorno da comunicação se relaciona a bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. É
acompanhado, de maneira geral, de tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas.
Notamos que o gago, às vezes, usa respostas curtas, diretas e, outras vezes, palavras em demasia, com o objetivo de não utilizar palavras mais
difíceis, pois tem receio de gaguejar. A gagueira pode ser constante ou aparecer apenas em alguns momentos que geram estresse e tensão na
criança.
A gagueira é frequentemente acompanhada por alguns sintomas considerados inclusive secundários, a saber: caretas, sapateado, pulos e outras
atitudes consideradas estranhas que não têm relação com a produção da fala. Esses sintomas comportamentais estão relacionados ao medo de
gaguejar e aparecem à medida que aumenta a gravidade do problema.
E o que causa a gagueira?
Estudos apontam que as causas da gagueira podem ser diversas. Encontramos teorias que ressaltam a genética, outras a parte neurobiológica,em
função das alterações de estruturas encontradas nos exames de imagem do encéfalo.
Por outro lado, pode haver causas funcionais, como perda de uma pessoa querida, acidente, pressão social ou pais muito rígidos exigindo
perfeccionismo de seus filhos. Os fatores emocionais podem piorar a gagueira, especialmente em pessoas com predisposição.
Esse transtorno poderá aparecer entre os 3 e 4 anos, aos 7 anos e também antes da adolescência. Sua prevalência é maior no sexo masculino.
Poderemos encontrar em quase todas as crianças a gagueira fisiológica, que costuma ocorrer entre 2 e 4 anos. É um período em que a
criança parece pensar de forma mais rápida do que consegue articular as palavras, sem que tenha uma consciência do acontecimento. Essa
forma de gagueira desaparece, na maioria das vezes, após os 4 anos, mas é fundamental esclarecermos que vai depender da maneira como
for conduzida desde o início. A orientação nessas situações é escutar a criança com muita calma, para evitar a ansiedade no momento da
fala. Importante não humilhar, criticar ou castigar a criança quando ela gagueja.
O especialista responsável pela área da fluência é o fonoaudiólogo. Ele deverá realizar o diagnóstico e verificar se a criança apresenta esse
comprometimento num período de seis meses ou mais. É importante também que esse profissional compreenda o histórico pessoal e familiar da
criança considerada gaga.
Formas de intervenção
O tratamento para gagueira relaciona-se a exercícios respiratórios. É necessário ensiná-la a articular adequadamente as sílabas e palavras e a
construir aos poucos a sua fluência.
A psicoterapia também é importante nesse momento, pois tem a finalidade de desenvolver a tolerância da gagueira, a dessensibilização emocional,
a redução da ansiedade e a fala controlada. Normalmente, a criança gaga é sensível, emotiva e insegura, necessitando de apoio na interação social.
Atraso no desenvolvimento da fala
Conceito e diagnóstico
Conforme Pedroso e Rotta (2016), o atraso da fala é relativo a falta de vocabulário, dificuldades na articulação das palavras, supressão, trocas e
inversões de fonemas. Além disso, encontramos dificuldade nas capacidades de formular ideias e estruturar sentenças.
Você já ouviu falar sobre gagueira fisiológica? 
Sabemos que a partir dos 14 meses a criança se torna capaz de pronunciar palavras com significado e espera-se que ela tenha sua linguagem
estruturada por volta dos 3 anos. Entretanto, quando não ocorre, podemos definir uma forma de atraso na linguagem.
Saiba mais
Os estudos revelam que em algumas crianças essa forma de atraso é superada somente depois dos 4 anos. Em outras, o problema se transforma
em transtorno específico de articulação, com duração de alguns anos, e depois é resolvido naturalmente ou com tratamento especializado.
Problemas de audição interferem com frequência nos casos de atraso na linguagem. O fator emocional também pode ser destaque. Nesse tipo de
transtorno, as causas podem ser: traumas, necessidade de afeto, superproteção e até o uso de outro idioma em casa.
Ao pensarmos no diagnóstico e no tratamento, é importante que o pediatra, o neuropediatra e o fonoaudiólogo estejam envolvidos nessa avaliação.
Às vezes, é necessária a realização de exames complementares.
Ainda, o profissional psicólogo também poderá oferecer suporte aos familiares.
Formas de intervenção
Diferentes crianças com atraso de linguagem não demonstram necessariamente as mesmas dificuldades. Algumas não precisarão de atendimento
especializado e somente com orientações aos pais poderão ultrapassar esse período.
Após o diagnóstico do atraso do desenvolvimento da fala, cabe ao fonoaudiólogo elaborar um programa de intervenção para cada situação
específica. Caso o profissional perceba a necessidade de encaminhar a família para uma orientação ou acompanhamento psicológico, deverá fazê-
lo.
Afasia
Conceito e diagnóstico
Para Pedroso e Rotta (2016), a afasia é um transtorno da comunicação resultante de uma lesão cerebral ou ocasionada por acidente vascular
cerebral (AVC). Contudo, pode aparecer também em decorrência de tumores, traumatismos cranianos e outras doenças, por exemplo, metabólicas
ou degenerativas.
Os sintomas desse transtorno de comunicação envolverão diferentes dimensões: emocional, parte visomotor, linguagem (falada, escrita, auditiva,
visual). Manifesta-se como uma incapacidade para estabelecer relação entre o que é percebido com seu significado, ou de transformar o
pensamento em forma de expressão.
Verificamos que, dependendo do tipo de afasia, a pessoa pode apresentar dificuldades na fluência do discurso, na compreensão auditiva, na
nomeação ou na repetição de sílabas, palavras ou frases.
Atenção!
A afasia ocorre em indivíduos com linguagem já desenvolvida, por isso é mais comum encontrarmos em adultos. Na criança, não podemos chamar
de afasia, a não ser que ela já consiga formar frases, e isso só acorre a partir dos 2 anos.
Na visão de Pedroso e Rotta (2016), a afasia pode ser classificada em dois tipos: fluente (áreas associativas e de compreensão) e não fluente
(habilidades de ordenação dos movimentos da fala).
Na afasia fluente encontramos:
Já na afasia não fluente encontramos:
Afasia sensorial ou de percepção ou de Wernicke
A pessoa, ainda que sem déficit sensorial, tem dificuldade parcial ou até total na compreensão da linguagem falada ou na linguagem
escrita. A fala está fora do contexto tratado.
Afasia de condução
A pessoa não comete muitos erros ao escolher as palavras, mas apresenta comprometimento na repetição e nomeação delas.
Afasia transcortical sensorial
A pessoa tem uma boa capacidade de repetição, mas não compreende o que repete. A leitura pode ser afetada em vários níveis e a
compreensão escrita habitualmente está gravemente alterada.
Afasia anômica
A pessoa tem dificuldade para nomear objetos.
Diagnóstico e formas de intervenção
O diagnóstico da afasia é realizado por um neurologista que deverá solicitar exames de imagem cerebral e executar testes neuropsicológicos.
Estudos apontam que quanto mais cedo se iniciar o tratamento com o fonoaudiólogo, após o diagnóstico ser realizado, melhor será a recuperação.
Deve-se dar importância a aspectos como tipo, localização, etiologia e tamanho da lesão, bem como a dados pessoais, como idade e dominância
manual.
O fonoaudiólogo realizará programas de reabilitação de linguagem que envolverão a prática de habilidades linguísticas e poderá ensinar aos
pacientes a compensar as dificuldades com outras maneiras de se comunicar. O apoio da família também é primordial no processo de reabilitação.
Disfasia
Afasia global
A pessoa apresenta comprometimento em todas as formas de linguagem.
Afasia mista
A pessoa tem dificuldades tanto na percepção quanto na expressão da linguagem.
Afasia motora, expressiva ou de broca
A pessoa tem percepção adequada da linguagem falada ou escrita, porém tem dificuldade ou impossibilidade de se expressar.
Afasia transcortical motora
A pessoa não apresenta dificuldades na percepção ou expressão, mas apresenta problemas na elaboração da resposta.
Conceito e características
De acordo com Pedroso e Rotta (2016), a disfasia é considerada um transtorno do desenvolvimento, conceituada como uma incapacidade para
adquirir a linguagem oral em uma criança que apresenta boas condições cognitivas, sem doença e/ou lesão cerebral significativa.
Podemos classificar a disfasia em três grupos:
A disfasia expressiva pode ser de dois tipos. A dispraxia verbal ou disfluente é caracterizada por grave dificuldade na articulação, tanto de
fonemas quanto de palavras, podendo a criança apresentar inclusive ausência completa da fala. A percepção de um modo geral é normal,
porém pode apresentar-se um pouco alterada. A disfasia fluente corresponde à dificuldade na programação ou na produção da fala.
É a disfasia mais frequente. O tipo denominado de agnosia verbal auditiva é caracterizado por uma grave dificuldade na compreensãoauditiva. Nessa situação, ocorre a ausência de expressão.
Outro tipo que podemos encontrar nesse grupo é a dificuldade fonológico-sintática, que se relaciona a produções com omissões,
substituições e distorções de consoantes, com pequeno déficit na linguagem compreensiva.
Aqui encontramos a dificuldade semântico-pragmática, que se relaciona à fraca compreensão e o pragmatismo ligado a uma fluência
normal ou quase normal. As crianças apresentam excelente memória verbal e possuem discursos decorados, sendo comum nos autistas
verbais.
A outra disfasia desse grupo é a dificuldade léxico-sintática, caracterizada por pobre habilidade sintática, dificuldade em encontrar as
palavras, mas com preservação da semântica, da fonologia e da pragmática.
Diagnóstico
Conforme Pedroso e Rotta (2016), as queixas que levam crianças disfásicas à consulta são, com frequência, relacionadas ao atraso da linguagem,
porém, essa queixa é, muitas vezes, somente um pequeno aspecto de um transtorno maior, nem sempre desconfiado pela família.
Podemos encontrar tal transtorno em crianças autistas, com déficit intelectual, perda auditiva ou com dificuldades motoras envolvidas no ato de
falar.
Para o diagnóstico de disfasia, é importante realizar uma anamnese, explorando a queixa principal e as situações em que mais surge.
Disfasia expressiva 
Disfasia receptiva/expressiva 
Disfasia processamento de ordem superior 
É necessário também verificar como a família enfrenta a dificuldade de comunicação da criança e quais são suas atitudes.
Os profissionais envolvidos no diagnóstico seriam:
Médico neurologista
Otorrinolaringologista
Fonoaudiólogo
Psicólogo
Na maioria das vezes, é necessária a avaliação psicológica completa, incluindo testes cognitivos, como WISC e Bender, e projetivos, como
Rorschach e CAT, que contribuem para o conhecimento do potencial intelectual e do componente afetivo envolvido em cada situação.
Atenção!
Os aspectos socioeconômicos e culturais precisam ser pesquisados e levados em consideração no momento da avaliação.
Formas de intervenção
A intervenção para a disfasia seria sessões de reeducação com um fonoaudiólogo. Além disso, a participação da família é primordial para o sucesso
do tratamento e a escola também deve ser informada para que os professores possam ajudar.
Acerca do prognóstico, deve-se observar os seguintes indicativos:
Prognóstico bom
Se somente uma área for atingida, podemos considerar que o prognóstico é bom, pois os aspectos atingidos podem ser trabalhados, uma vez
que não ocorreu comprometimento grave do desenvolvimento e da linguagem.
Prognóstico ruim
Se a criança apresentar mais de uma área ou mais de uma função comprometida, e se houver intervenção tardia para o caso e/ou outros
transtornos associados, o prognóstico é ruim e o caso é grave para o desenvolvimento da sua linguagem.
Transtorno da comunicação social
Neste vídeo, a especialista aborda os aspectos do transtorno da comunicação social, características gerais, diagnóstico e formas de intervenção.
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
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise o seguinte caso:
Jorge, quando fala, troca o R pelo L. Ele tem vergonha de falar em público e, por isso, busca conversar somente com pessoas próximas. O
transtorno que ele tem se manifesta na pronúncia de palavras de formas diferentes.
Jorge apresenta características do transtorno de comunicação denominado de
A afonia.
B disfemia.
C dislalia.
D afasia.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A dislalia é um transtorno da comunicação, mais especificamente denominado transtorno de articulação da palavra. A pessoa pode omitir,
substituir, distorcer ou acrescentar sons à palavra falada. Causa também desconforto e vergonha na pessoa que apresenta esse
comprometimento, por isso a importância do tratamento. O psicólogo poderá auxiliar nesse momento, conscientizando o paciente sobre a
problemática.
Questão 2
Sabemos que a afasia pode ser classificada em dois tipos: fluente e não fluente. A partir dos nossos estudos sobre a afasia fluente, leia o
seguinte caso:
Anderson foi encaminhado à Clínica de Neuropsicologia: Espaço Psi por não conseguir se expressar em resposta a questionamentos. Na
avaliação, a neuropsicóloga verificou que o paciente tem adequada percepção de linguagem oral e escrita, mas o vocabulário é reduzido e ele
consegue dizer de forma repetitiva somente uma ou duas palavras.
É correto afirmar que essa situação se trata de um quadro de afasia fluente do tipo
Parabéns! A alternativa B está correta.
A pessoa com afasia sensorial ou de percepção ou de Wernicke apresenta dificuldade parcial ou total no entendimento do que se escuta ou no
que se lê. Ela pode falar muito bem, porém pode estar fora do que está sendo conversado, além de apresentar dificuldades em repetir palavras.
E disfonia.
A transcortical sensorial.
B sensorial ou de percepção ou de Wernicke.
C condução.
D transcortical motora.
E anômica.

3 - Transtorno do espectro autista e a síndrome de Asperger
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o transtorno do espectro autista e a síndrome de Asperger.
História do autismo
Aspectos históricos
O transtorno do espectro autista (TEA) é um novo transtorno do DSM-V que abrange: o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o
transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação.
Essa junção do transtorno autista, do transtorno de Asperger e do transtorno global do desenvolvimento ao transtorno do espectro autista veio para
melhorar a especificidade dos critérios para o diagnóstico de transtorno do espectro autista e para detectar pontos mais importantes de tratamento
para os prejuízos específicos observados.
Os sintomas desses transtornos representam um contínuo único de prejuízos com intensidades leve, moderada e grave nos aspectos de
comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos, em vez de constituir transtornos distintos.
No DSM-5, o diagnóstico de TEA passa a ser baseado em duas categorias:
Déficits na comunicação social e interação social.
Padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades.
Notamos, assim, na atualidade, a constituição de uma díade, e não mais de uma tríade diagnóstica do passado, em busca de um diagnóstico mais
fidedigno.
O que é o autismo?
Conceito de TEA
Gadia e Rotta (2016) afirmam que o TEA é denominado como um transtorno de desenvolvimento que se manifesta na infância e se estende para a
vida adulta. É caracterizado como um importante atraso na aquisição da linguagem, na interação social, com interesses restritos e comportamentos
estereotipados ou repetitivos. As patologias congênitas adquiridas e as genéticas metabólicas podem estar associadas a o TEA.
Nesse sentido, o TEA é considerado um transtorno complexo, heterogêneo e de etiologia diversificada e se caracteriza por graus variados de
gravidade. Existem diferentes combinações de fatores de risco ambientais (principalmente intrauterinos) e genéticos, além disso, anormalidades na
sinalização molecular e celular parecem estar envolvidas na sua etiologia.
Esse transtorno se tornou um grande desafio para pediatras, neurologistas e psiquiatras infantis desde a sua descoberta, cuja prevalência tem
aumentado gradativamente, sendo atualmente de 1 para cada 44 crianças, de 8 anos de idade, de acordo com o relatório do CDC (CENTER OF
DISEASES CONTROL AND PREVENTION, 2018). Há predominância no sexo masculino, com uma relação de 4 meninos para 1 menina.
O DSM-5 aponta que as frequências do transtorno do espectro autista, nos Estados Unidos e em outros países, estão em 1% da população, com
estimativas similares em amostras de crianças e adultos. No Brasil, ainda não existem estudos de prevalência de TEA.
Curiosidade
As pessoas com TEA podem apresentar de 2 a 5 comorbidades (2 ou mais doenças presentes na pessoa) e quepodem de uma certa forma
dificultar o diagnóstico. As evidências clínicas mais constantes relacionadas ao TEA seriam: transtornos de ansiedade, transtornos de déficit de
atenção e hiperatividade, deficiência intelectual, déficit de linguagem, alterações sensoriais, doenças genéticas, como síndrome do X frágil, síndrome
de Williams, epilepsia, distúrbios do sono e outros.
Na perspectiva de Riviére (2004), é preciso destacar as duas principais diferenças entre a síndrome de Asperger e o transtorno autista clássico de
Kanner:
Diagnóstico de TEA
Conforme Gadia e Rotta (2016), apesar dos avanços, o diagnóstico de TEA tem como base as características comportamentais que podem tomar
formas qualitativamente diferentes na primeira infância.
O diagnóstico é clínico e raramente acontece antes dos 2 anos de idade, principalmente por existirem formas diferentes na trajetória do
desenvolvimento dessas crianças. Pouco se sabe sobre os sintomas iniciais quanto ao desenvolvimento neurológico, comportamental e cognitivo
dos lactentes com TEA.
Há indícios de que os primeiros sintomas comportamentais são manifestados ainda no primeiro ano de vida.
Na avaliação clínica, pais lembram que o bebê não fixava os olhos nos da mãe enquanto mamava, não percebia modificações afetivas no rosto da
mãe, era muito tranquilo, não acordava durante a noite, ou acordava várias vezes ou, ainda, chorava muito, um choro estereotipado e aparentemente
sem afeto.
É fundamental que uma criança, ao demonstrar atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, seja encaminhada para avaliação e acompanhamento
por um médico especialista em desenvolvimento neuropsicomotor, para avaliação formal, com o neuropediatra ou psiquiatra infantil.
Atenção!
Os pediatras que não possuem especialização na área da neurologia precisam estar capacitados para detectar os sinais do TEA e fazer o devido
encaminhamento para ajudar os familiares.
As crianças ou os adultos com síndrome de Asperger não apresentam deficiências nas estruturas linguísticas. Sua linguagem pode
ser inclusive superficialmente correta, com formulações complexas e um vocabulário que chega a ser impróprio por seu excessivo
rebuscamento. A linguagem dessas pessoas é estranha e tem limitações.
As crianças e os adultos com a síndrome de Asperger têm capacidades normais de inteligência e frequentemente superiores em
contextos restritos.
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A família diante do transtorno do espectro autista: a importância do apoio e
da orientação
Neste vídeo, a especialista apresenta os aspectos relacionados à importância do apoio e da orientação à família da criança com o TEA.
Formas de intervenção
O tratamento da criança com TEA é multidisciplinar. As intervenções com diferentes combinações devem ser realizadas dependendo das
necessidades de cada caso e podem ser: tratamento fonoaudiológico, ocupacional, psicopedagógico, psicológico, farmacológico, musicoterapia,
arteterapia, hidroterapia, técnicas de modificação do comportamento e programas educacionais e/ou trabalho.
As intervenções precisam ter como finalidade ajudar a criança a adquirir habilidades funcionais para poder usar todo seu potencial e reduzir os
comportamentos mal adaptativos que impactam a sua adaptação ao meio.
Os estudos na área partem do princípio de que toda criança com TEA tem potencial para aprender, cada uma com
suas condições específicas (GADIA; ROTTA, 2016).
De acordo com Rodrigues e Teixeira (2015), várias são as possibilidades educativas para ajudar uma criança ou adolescente com transtorno do
espectro autista:
1. Sempre explique o que será feito e tenha certeza de que a criança/adolescente entendeu a solicitação.
2. Faça uso de linguagem simples, clara e com frases curtas. Vá direto ao ponto.
3. Procure não fazer questões com interpretação ambígua.
4. Evite a ironia, o sarcasmo e as metáforas, pois não são compreendidas por indivíduos com TEA.
5. Permita que tenham um tempo a mais para realizar avaliações, entrega de trabalhos e para pensar sobre o que é dito em sala de aula.
�. A falta de contato visual não significa que o estudante está apático ou faltando com o respeito. Isso é característico desse comprometimento.
7. Mudanças na rotina não são indicadas: o ambiente deve ser o mais previsível possível (incluem-se professores, metodologia, turma, prazos e
outros aspectos).
�. A rotina das aulas (transparências, textos, ementas) deve ser fornecida previamente ao estudante com TEA.
9. Observe as relações do estudante com os colegas, evitando que ele seja motivo de piadas e gozações pela sua maneira de ser.
10. Auxilie na inclusão para facilitar o acolhimento no grupo, interferindo quando isso se fizer necessário.
11. Enfatize e incentive atividades sociais para todos os estudantes, procurando mediar as relações do indivíduo com TEA.
12. As explicações devem ser claras e diretas quanto aos trabalhos escritos ou orais até que o estudante consiga completar a tarefa.
13. Busque a atenção do estudante de forma discreta, quando ele estiver desatento.
14. Conceitos abstratos necessitam de mais explicações e devem ser expostos de forma simples.
15. Minimize o estresse mostrando formas alternativas para resolver situações-problema.
1�. Muitos desses estudantes são pensadores visuais, ou seja, melhor processam informações gráficas do que auditivas. Assim, o uso de recursos
visuais, como a escrita no quadro, a projeção, o fichamento de aulas e os mapas conceituais, pode ser essencial no processo de aprendizagem
deles.
17. Sons, como o barulho do ar-condicionado e de pessoas falando em voz alta, podem causar ansiedade e irritação nesses estudantes. Ao perceber
o incômodo do discente (inquietação, tampar os ouvidos, expressão facial tensa), o professor pode pedir silêncio à turma ou, ainda, perguntar se
ele gostaria de sair da sala por alguns minutos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Conselho Federal de Psicologia – CFP/XII Concurso de Provas e Títulos – 2020) Quando a criança recebe o diagnóstico de espectro do
autismo, a família constata que é preciso fazer adaptações. O processo educativo em geral fica mais fácil quando as pessoas se libertam de
seus medos e passam a compreender o que leva a criança a se comportar, algumas vezes, de modo incomum. A respeito do transtorno do
espectro do autista, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A
Os problemas apresentados pela criança com autismo podem aparecer em apenas um de seus contextos desenvolvimentais,
por exemplo, podem aparecer na escola, mas não em casa.
B
A área social não é prejudicada. A criança com autismo tem facilidade de expressar suas emoções e de compartilhar seus
brinquedos.
C
Dificuldades de linguagem e comunicação e desenvolvimento precário da imaginação são características essenciais do
autismo.
D As crianças com espectro do autismo não gostam de rotinas e procuram sempre as alterar para evitar a monotonia.
E
A criança com espectro do autismo faz sempre uso de linguagem abstrata, por isso, algumas vezes, a comunicação fica
prejudicada.
De acordo com o DSM-V, são três características que identificamos no TEA: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da
linguagem e uso da imaginação, dificuldade de socialização e padrão de comportamento repetitivo e restritivo.
Questão 2
Sabemos que várias são as características presentes do transtorno do espectro autista (TEA) e que este é cada vez mais conhecido,
pesquisado e com um maior número de médicos especializados. Sobre esse transtorno, é correto afirmar que
Parabéns! A alternativa B está correta.
As pessoas diagnosticadas com TEA podem ainda apresentar outros transtornos ou até doenças que ocasionam outras dificuldades. Podemos
ressaltar que, além do TEA, a deficiência mental está presente em 70% dos casos. Pode também estar relacionado ao TDAH, transtorno
obsessivo-compulsivo, epilepsia, distúrbio de humor, do sono, ansiedade, entre outros.
4 - Transtorno dedé�cit de atenção com hiperatividade
A o prejuízo é somente na comunicação e na interação social.
B
muitos indivíduos com esse transtorno também podem apresentar deficiência intelectual, ansiedade, TDAH, entre outras
doenças ou outros transtornos associados.
C é diagnosticado com mais frequência no sexo feminino.
D seus sintomas costumam manifestar-se mais na fase adulta.
E o grau de gravidade da condição autista vai do nível 1 a 5, conforme o DSM-V.

Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o transtorno de dé�cit de atenção com hiperatividade.
Transtorno de dé�cit de atenção com hiperatividade (TDAH)
Conceito de TDAH
Na atualidade, o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é considerado por diversos autores como uma síndrome
neurocomportamental cuja etiologia é multifatorial (fatores genéticos e ambientais em diferentes combinações). É definido por meio de dois
aspectos: dificuldade de manter um bom nível de atenção e a hiperatividade com impulsividade.
De acordo com o DSM - V (2014), as pessoas diagnosticadas com esse transtorno apresentam um padrão no qual persiste a desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade e que impacta o funcionamento e o desenvolvimento.
Estudos afirmam que o TDAH é uma síndrome heterogênea. Tal transtorno se apresenta como um dos maiores problemas clínicos e também de
saúde pública, mais comum em crianças e adolescentes, afetando inclusive as pessoas que convivem com elas. Ocasiona prejuízos significativos
na sociedade pelo alto custo, pelo estresse que gera, pelas dificuldades acadêmicas, ocupacionais, interpessoais, pelos problemas de conduta e
pela baixa autoestima.
eterogênea
Integra fatores genéticos, neurobiológicos, familiares e ambientais.
Características gerais do TDAH
Conforme Rotta (2016), o TDHA ocorre em torno de 3% a 6% em crianças em idade escolar, podendo estar presente em crianças com outros
trantornos neurológicos de desenvolvimento. Considera-se que a prevalência ao redor do mundo seja entre 3% e 30%.
Curiosidade
Esse transtorno é mais comum em meninos do que em meninas, com uma relação de 2 para 1. Justifica-se esse fato em função da hiperatividade e
impulsividade serem mais facilmente detectadas pela família no sexo masculino.
Nota-se que, em mais de 50% dos casos, o transtorno vai acompanhar a pessoa na fase adulta, principalmente os sintomas da desatenção que não
regridem com o desenvolvimento neurológico.
Crianças e adolescentes com TDAH apresentam com maior frequência outros problemas de saúde mental, como problemas de conduta, ansiedade
e depressão, constituindo-se um quadro de comorbidade.
Infelizmente, a frequência de outros problemas é alta, com aproximadamente 70% das crianças e adolescentes com TDAH apresentando demais
problemas de comportamento. Eles podem ser agressivos, mentir e roubar. Além disso, possuem comportamento opositivo desafiador, delinquência,
desafio às normas estabelecidas e às solicitações dos adultos.
omorbidade
Ocorrência em conjunto de dois ou mais problemas de saúde.
Encontramos adultos com TDAH que enfrentaram problemas sérios de conduta antissocial e de desempenho acadêmico, bem como dificuldades
profissionais. Na maioria dos casos, não foram diagnosticados ou foram mal diagnosticados e até tratados de maneira incorreta.
Em uma parcela significativa de casos, existe forte história familiar do transtorno. É comum encontrar várias pessoas com um quadro mais evidente,
outras com manifestações mais sutis, só percebidas por profissionais que estão familiarizados com o TDAH.
Independentemente do fator causal do transtorno, sabe-se que existe um mau funcionamento de uma porção do cérebro. O principal envolvido,
portanto, é o lobo frontal e suas conexões com as outras áreas cerebrais.
O lobo frontal situa-se na porção anterior do cérebro e é responsável pelo planejamento do nosso comportamento e de nossas ações, constituindo-
se na estrutura cerebral mais importante envolvida no controle de impulsos e na regulação da atenção.
A região pré-frontal tem a função de ativar o foco de atenção e de mantê-la em tarefas monótonas, e pode ser ativada pela formação reticular. Daí
ativa outras áreas cerebrais e evoca as funções relacionadas ao controle da noção espacial e da linguagem.
Estudos do fluxo sanguíneo cerebral têm demonstrado, além de hipoperfusão no lobo frontal, redução do fluxo sanguíneo do núcleo caudado,
estrutura também envolvida no controle dos movimentos. O metilfenidato é uma droga psicoestimulante que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral
dos núcleos da base e diminui o aporte sanguíneo do lobo frontal. Ele tem sido utilizado com sucesso no tratamento do distúrbio do déficit de
atenção com hiperatividade.
Devido a todas essas questões apontadas, estudos revelam que existe maior ocorrência de reprovação, problemas de condutas que geram castigos,
suspensões, desligamentos da escola, evasão escolar, desempenho acadêmico inferior, problemas psicológicos e de interação em crianças com
TDAH.
Consideramos que os sintomas do TDAH tornam as crianças suscetíveis ao fracasso em dois pontos fundamentais para um bom desenvolvimento:
a escola e a interação com os colegas.
Comentário
A partir do momento em que os profissionais da área da saúde e da educação obtiverem mais conhecimento acerca do TDAH, cada vez mais
pessoas estarão sendo corretamente identificadas, diagnosticadas e tratadas.
As crianças com TDAH têm condições de aprender: a maioria tem inteligência normal e alguns possuem inteligência acima da média. Podem
apresentar, contudo, dificuldades em ter um desempenho acadêmico adequado, pois os sintomas interferem em uma boa atuação.
Uma criança que apresenta TDAH e que, em função desse problema, tem dificuldades de relacionamento pode desenvolver sentimentos de
ansiedade, baixa auto-estima e depressão como consequência.
O TDAH e o impacto na dinâmica familiar
Neste vídeo, a especialista fala sobre os impactos do TDAH nas relações familiares, os desafios no convívio diário e a necessidade de apoio à
família.
Diagnóstico do TDAH
Rotta (2016) nos esclarece que o diagnóstico do TDAH é eminentemente clínico comportamental, pois não há um marcador biológico definido para
todas as pessoas com o TDAH.
Para a realização do diagnóstico, é preciso ficar atento a alguns aspectos:
1. Conhecer a história de vida para identificar os fatores de risco.
2. Verificar a queixa que levou à consulta. Esta constitui a primeira preocupação. É necessário checar se foi motivada por desatenção, se predomina
a hiperatividade ou se as duas aparecem com a mesma intensidade.
3. Saber desde quando a família observou os sintomas e em que circunstâncias eles ocorreram.
4. Comprender se os sintomas ocorrem em casa, na escola e em situações de estresse. Considera-se para o diagnóstico de TDAH que os sintomas
ocorram em mais de um local.
5. Investigar a história clínica, para ser destacada a presença de alguma causa com potencial de lesão cerebral, como prematuridade, traumatismo
craniano, hidrocefalia, entre outras.
�. Identificar síndromes que podem ter comportamento semelhante, como síndrome de Down, do X frágil, de Williams ou alcoólica fetal.
7. Excluir a possibilidade de que a desatenção e a hiperatividade-impulsividade sejam secundárias ao transtorno opositor desafiante ou de conduta.

�. Verificar atrasos de linguagem e dificuldade de aprendizagem. As informações oferecidas pela escola, as avaliações e as observações dos
professores são valiosas para o diagnóstico.
9. Compreender a história dos familiares (pais, avós, tios e primos) pode contribuir para o entendimento do caso clínico.
10. Observar os critérios do DSM-V e solicitar a realização de exames neurológicos.
Conforme o DSM-5 (2014), o TDAH é denominado pela frequência de seis ou mais sintomas de desatenção e/ou seis ou mais sintomas de
hiperatividade-impulsividade presentes em um período de, no mínimo, seis meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nívelde
desenvolvimento, em crianças antes dos 12 anos de idade, e verificados em mais de um contexto.
Na atualidade, o transtorno caracteriza-se da seguinte maneira: com predomínio da desatenção; com predomínio da hiperatividade-impulsividade; e
combinado. Ainda, é classificado como leve, moderado e grave, e vai depender do grau de comprometimento que os sintomas causam na vida do
paciente.
Atenção!
Para o diagnóstico de TDAH é fundamental que os sintomas sejam mal adaptativos e inconsistentes com o nível de desenvolvimento esperado para
a idade da criança ou do adolescente, sendo de extrema relevância o conhecimento profundo de desenvolvimento normal e patológico.
As crianças menores de 7 anos são geralmente bastante ativas, sendo difícil a diferenciação entre hiperatividade como sintoma e atividade intensa
como parte do desenvolvimento normal.
Formas de intervenção
De acordo com Rotta (2016), após a realização do diagnóstico do TDAH, inicia-se o processo do tratamento, cujo objetivo não é a cura — por ser um
problema crônico —, mas sim reorganizar e viabilizar um comportamento funcional satifatório desse indivíduo em casa, na escola, no ambiente de
trabalho e na sociedade, para evitar que sejam discriminados e excluídos por suas diferenças.
É necessário que a intervenção seja multifatorial e interdisciplinar. Todos os fatores específicos envolvidos no caso devem ser avaliados: os
sintomas predominantes, nível de desenvolvimento, sexo, idade, contexto familiar, escolar e nível social.
O tratamento deve ser planejado individualmente, pois não há uma única abordagem terapêutica que seja comum a todos os casos. Devem ser
considerados quatro aspectos no manejo do caso:
Modificação do comportamento
Ajustamento acadêmico
Atendimento psicoterápico
Terapêutica medicamentosa
Em termos da escola, o conhecimento do problema e as estratégias na execução de um programa educacional adequado são fundamentais. É
importante que o professor coloque a criança/adolescente sentado na primeira fila, em turmas que tenham poucos alunos. Oferecer aulas de reforço
e um tempo maior para a realização de tarefas e provas, bem como estabelecer rotinas com relação às tarefas são atividades que precisam
acontecer.
Verificamos que, muitas vezes, a criança e o adolescente precisam fazer avaliação psquiátrica para realizar tratamento específico em psicoterapia
e/ou uso de medicação, quando estão presentes outros transtornos, como o de humor, de conduta e opositor desafiante.
Quanto ao acompanhamento psicoterapêutico, a psicoterapia cognitiva comportamental (TCC) é a que evidenciou os melhores resultados para
crianças ou adolescentes com TDAH. Essa linha identifica as convicções fundamentais da pessoa com dificuldades, referentes aos sentimentos de
fracassos frequentes gerados pelo transtorno.
Além de contribuir para um melhor autocontrole, recupera a autoestima e regula a atenção e a resolução de problemas, ou seja, beneficia a vida do
paciente e da sua família. Não podemos deixar de ressaltar que auxilia também em situações de quadro de ansiedade e depressão, ocasionadas por
experiências de rejeição, fracasso e também exclusão social.
Existem várias abordagens terapêuticas, entre elas a medicamentosa, que deve ser usada de forma muito criteriosa. São utilizadas drogas
psicoestimulantes, que podem melhorar significativamente o distúrbio de atenção e reduzir os sintomas de hiperatividade, tendo menor ação nas
demais manifestações clínicas.
Os psicoestimulantes são dose-dependentes. A medicação é usada durante o período letivo e, na maioria das vezes, suspensa nos finais de semana,
a não ser que a hiperatividade e a impulsivadade sejam tão intensas que impactam negativamente o convívio social. O uso no fim de semana
também está liberado se a criança ou adolescente tem provas ou está de recuperação.
Saiba mais
No Brasil, está disponível o metilfenidato, que tem a melhor ação terapêutica, podendo ser utilizado na forma tradicional, ou seja, de liberação
imediata (Ritalina, duração pequena de 3 a 4 horas) e, mais recentemente, as formas de liberação prolongada, SODAS – Spheroidal Oral Drug
Absorption System (Ritalina LA, duração de 6 a 8 horas) e OROS (Concerta, duração de 10 a 12 horas). Outro psicoestimulante com boa atuação é o
dimesilato de lisdexanfetamina, comercializado com o nome de Venvanse, com duração de 10 a 14 horas e lançado no Brasil em 2011.
A família deve não só conhecer e entender o TDAH, como ser orientadada para lidar com as situações próprias desse indivíduo. É fundamental o
envolvimento de todos os membros da família. Esclarecer e orientar a família da pessoa com TDAH é imprescindível na exteriorização das angústias
e dúvidas que permeiam o contexto do transtorno.
Às vezes, é necessário sugerir acompanhamento psicoterápico aos familiares, com objetivo de melhorar as relações existentes, que podem estar
comprometidas e desgastadas com os acontecimentos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O TDAH, além de ser considerado por algumas pessoas como um modismo, vem sendo usado para explicar o comportamento de crianças sem
limites, sem educação ou cheias de energia. Contudo, não podemos nos basear nessas ideias apenas por elas apresentarem comportamentos
agitados ou desatentos em determinados contextos. Com base nessa afirmação, escolha a alternativa correta.
A
O TDAH é caracterizado como um problema de saúde pública, por impactar de forma severa as condições físicas e psicoafetivas
da criança.
B Estudos nacionais e internacionais afirmam que a causa do TDAH é especificamente genética.
C
A pessoa com esse transtorno pode ou não apresentar desatenção, mas a hiperatividade estará presente tanto em meninos
quanto em meninas, considerado um quadro grave.
D No tratamento para a criança ou adolescente com TDAH, o mais importante é o medicamento.
E
Parabéns! A alternativa E está correta.
Para o TDAH, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014) propõe a necessidade de pelo menos seis ou mais
sintomas de desatenção e/ou seis ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade presentes em um período de, no mínimo, seis meses, em
grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento, em crianças antes dos 12 anos de idade, e constatados em mais de um
local (casa, escola, situações sociais, com colegas). Estudos revelam que mais importante do que o número de sintomas no diagnóstico de
adolescentes é avaliar o grau de prejuízo que causam. É um transtorno que ocasiona prejuízos significativos no contexto familiar, escolar e
social da criança.
Questão 2
(Concurso Público UFMG/2018 – Cargo Psicólogo) Considerando ser o TDAH um transtorno comum na infância e que se alonga para a vida
adulta, é incorreto afirmar que
Parabéns! A alternativa C está correta.
As causas do TDAH são multifatoriais. Não há relação alguma com dieta, com aspecto hormonal e nem com uma educação inadequada. As
causas estão associadas às alterações neuroquímicas, de origem genética, com a contribuição de fatores ambientais ao seu desenvolvimento e
múltiplos genes associados. Os traumatismos neonatais, baixo peso ao nascer, tabagismo e álcool também podem ser considerados como
fatores causais.
O TDAH é considerado um padrão no qual persiste a desatenção e/ou hiperatividade de modo mais frequente do que no padrão
observado em crianças de mesma idade em fase de desenvolvimento.
A
segundo alguns estudos, o uso de medicamentos é considerado a primeira escolha para tratamento do TDAH, porém,
geralmente são necessárias outras frentes de tratamento para uma resposta mais consistente, como psicoterapia, intervenções
escolares e aconselhamento de pais.
B
não valorizar o estágio de desenvolvimento da criança (por exemplo, crianças menores costumam ser mais agitadas e
adolescentes podem apresentar impulsividade e sensação de tédio intenso, simulando desatenção) pode fazer o profissional
incorrer em errodo diagnóstico de TDAH.
C
existem evidências de que o TDAH seja causado por algum tipo de dieta, problema hormonal, má-educação provinda dos pais ou
de um ambiente adverso (violento, inseguro).
D
no TDAH, há alterações no desenvolvimento e no funcionamento de diversas áreas do cérebro, que levam a problemas de
comportamento relacionados à desatenção, à hiperatividade e à impulsividade.
E uma criança com TDAH terá dificuldade de ficar parada em um lugar, de fixar a atenção na realização de uma tarefa.
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Considerações �nais
Ao longo deste material, discutimos os transtornos do neurodesenvolvimento e as formas de intervenção. Vimos o quanto esse conhecimento é
imprescindível para a formação e atuação do psicólogo em diferentes contextos, sejam estes educacionais, clínicos ou organizacionais.
Verificamos a existência dos transtornos específicos da aprendizagem e dos transtornos da comunicação, que podem também prejudicar a
aprendizagem da criança.
Estudamos ainda o transtorno do espectro autista, a síndrome de Asperger e o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, assuntos
intrigantes que, a partir de pesquisas, de observações, de estudos clínicos e de profissionais mais preparados, estão proporcionando mais
conhecimento para a prática e a experiência profissional dos psicólogos.
Acreditamos que, ao lado dos avanços da ciência, possibilidades promissoras se abrem para as intervenções precoces, auxiliando, assim, as
pessoas que precisam de suporte.
Podcast
Neste podcast, a especialista fala sobre a idade mais comum para o diagnóstico do TEA e como identificar sinais precoces do transtorno.
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Referências
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DROUET, R. C. da R. Distúrbios da aprendizagem. 4. ed. São PAulo: Ática, 2006.
FERNANDEZ, A. Y. et al. Avaliação e intervenção da disortografia baseada na semiologia dos erros: revisão da literatura. Revista CEFAC, v.12, n. 3, p.
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ROTTA, N. T. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: aspectos clínicos. In: ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. dos S. (orgs.).
Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema:
Pesquise o artigo Mudanças apontadas no DSM-5 em relação aos transtornos específicos de aprendizagem em leitura e escrita, e veja como
Renata Mousinho e Ana Luisa Navas abordaram as diferenças encontradas na versão mais recente em comparação à 4ª edição do DSM, sobre as
alterações importantes para a classificação dos transtornos do neurodesenvolvimento.
Assista Como estrelas na Terra, toda criança é especial. O filme destaca aspectos da dislexia e o quanto é primordial o apoio dos educadores e
da família para que as crianças diagnosticadas com esse transtorno possam superar as dificuldades e o sofrimento gerado.
Leia o artigo Dificuldades de mães e de pais no relacionamento com crianças com transtorno do espectro autista, de Lorena David Pereira e
outras pesquisadoras, e verifique a importância dos vínculos com as crianças com risco ou diagnóstico do TEA, uma vez que são eles os
responsáveis pelo desenvolvimento de aspectos nesse transtorno.
Leia o livro Mentes inquietas, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. Segundo a autora, as pessoas com TDAH são injustamente rotuladas de
preguiçosas, mal-educadas, “bicho-carpinteiro”, avoadas, irresponsáveis ou rebeldes, mas, na realidade, possuem um funcionamento cerebral
diferente, que as faz agir dessa forma.
Assista no YouTube ao vídeo Mentes em Pauta – TDAH, e compreenda melhor os aspectos relacionados a esse transtorno. Você vai se
surpreender com as explicações da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva.

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