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CONSELHO DELIBERATIVO DA COMUNIDADE ESCOLAR: CONSTITUIÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES, COM BASE NA LEI Nº 7.040/98. Profa. Ma. Maria Salete da Silva A fim de compreendermos a criação dos conselhos escolares no Estado de Mato Grosso, listamos abaixo as Legislações que regulamentam esse novo modelo de organização da gestão. Dessa forma, a escola poderá ter autonomia pedagógica, administrativa e financeira, em conformidade com as legislações vigentes: • Constituição Federal de 1988, art° 206, inciso VI; • Lei nº 9.394/1996 (LDB), Art. 14, inciso II; • Lei Complementar nº 49 (MATO GROSSO, 1998 Art° 51, que trata da gestão democrática do Ensino; • Lei nº 7.040, de 1º de outubro de 1998, estabelece a Gestão Democrática do Ensino Público Estadual; • Plano Nacional de Educação, lei nº 13.005/2014, Meta 19; • Plano Estadual de Educação, LEI Nº 11.422, DE 14 DE JUNHO DE 2021. A CF 1988 prevê, em seu Art. 206, o princípio da gestão democrática no ensino público. Todavia, não se pronuncia sobre os Conselhos Escolares de forma direta. A LDB nº 9394/1996, seguindo o princípio constitucional da gestão democrática, trata da matéria no que se refere tanto à elaboração do Projeto Político- Pedagógico, quanto aos Conselhos Escolares. Assim, como a Lei Complementar nº 49 (MATO GROSSO, 1998 Art° 51, que trata da gestão democrática do Ensino; o Plano Nacional de Educação, lei n.º 13.005/2014, Meta 19 e o Plano Estadual de Educação, LEI Nº 11.422, DE 14 DE JUNHO DE 2021. No entanto, cumpre ressaltar que as leis indicadas acima não estabelecem normas específicas relacionadas às formas de instituição, finalidades, natureza e atribuições dos conselhos escolares e, sendo assim, tal responsabilidade fica atribuída aos sistemas estaduais e municipais de ensino, por meio de criação de legislação local. Nessa lógica, o Estado de Mato Grosso, por meio da Lei n° 7.040/98, institui os conselhos escolares no âmbito das escolas públicas estaduais, que tem por objetivo a participação em projetos e ações da escola e deliberação sobre eles, além de tomarem parte na elaboração coletiva do projeto político-pedagógico. Por conseguinte, a participação da comunidade escolar nas atividades e projetos da escola é fundamental para legitimar o processo, lembrando que todas as atividades da escola têm um caráter educativo. Entretanto, não é uma tarefa fácil instituir a cultura de participação na escola, assim, cabe ao gestor, como líder do processo, articular para que todos participem do planejamento, execução e avaliação do projeto Político Pedagógico e melhorias das práticas da gestão escolar. Os conselhos escolares, na concepção da Lei estadual nº 7.040/98, são organizados por segmentos dos profissionais da educação e comunidade local, uma vez institucionalizados e não se resumem a uma simples representação, constituindo-se como espaços de realização de democracia participativa, com a competência de promover diálogo entre os diferentes segmentos, pais, alunos e profissionais da educação, corroborando para uma gestão democrática e participativa. Nesse contexto, acreditamos que é necessária a sensibilização da comunidade escolar acerca da importância do Conselho, bem como sobre as suas funções, para que verdadeiramente aconteça a participação, desmistificando as práticas autoritárias de gestão. Nessa lógica, a comunidade escolar deixa de exercer a escuta das ações já deliberadas pelo gestor escolar e torna-se o agente do processo. Assim, a participação da comunidade escolar nos processos decisórios da gestão escolar deve ser pautada em princípios democráticos, enquanto compreendida como forma de legitimar a democracia. Dessa maneira, os objetivos comuns ampliam-se a partir dos interesses coletivos. Em Mato Grosso, as unidades escolares estaduais, de acordo com a Lei nº 7.040 (MATO GROSSO, 1998), são geridas pelo diretor e pelo Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) (órgão consultivo e deliberativo), composto pelos segmentos pais, alunos e profissionais da educação, compreendidos como comunidade escolar. Nessa lógica, o Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar deverá ser constituído paritariamente por profissionais da Educação Básica, lotados ou em exercício na instituição, pais ou responsáveis pelos estudantes e alunos matriculados e regularmente frequentes, tendo no mínimo 08 (oito) membros titulares e no máximo 16 (dezesseis) membros titulares. Sendo que 50% (cinquenta por cento) devem ser constituídos de representantes do segmento escolar e 50% (cinquenta por cento) de representantes da comunidade escolar. É importante ressaltar que por representantes do segmento escolar entende-se professores e funcionários, já por representantes do segmento comunidade entende-se pais ou responsáveis pelos alunos e alunos. A referida Lei ainda aponta que para fazer parte do conselho o candidato do segmento aluno deverá ter no mínimo 14 (quatorze) anos ou estar cursando ao 5º ano do Ensino Fundamental, assim como o representante do segmento de pais não poderá ser profissional da educação básica da escola. Ainda, conforme a referida Lei, fica assegurada a eleição de 1 (um) suplente para cada segmento, que assumirá a função do titular apenas em caso de vacância ou destituição do membro titular do segmento que o representa. Os representantes do Conselho Escolar sejam escolhidos democraticamente em Assembleia de cada segmento da comunidade escolar, ou seja, professores, alunos, funcionários e pais, vencendo por maioria simples. Por sua vez a “diretoria executiva” do CDCE (presidente, tesoureiro e secretário) é escolhida entre os membros titulares, já eleitos em seus segmentos. Salientamos que os alunos membros do CDCE só poderão exercer a função de presidente ou tesoureiro, se maiores de 18 (dezoito) anos. Outrossim, a Lei estadual nº 7.040/98 traz a obrigatoriedade da constituição do Conselho Fiscal, sendo escolhidos em Assembleia Geral Ordinária, anualmente, por cada segmento da comunidade escolar, ou seja, professores, alunos, funcionários e pais, vencendo por maioria simples, composto conforme art. 37 da Lei nº 7.040/98, sendo 03 (três) membros efetivos e 03 (três) suplentes. Destacamos, ainda, que os membros do Conselho Fiscal não podem fazer parte do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar e fica vedado, conforme Legislação vigente, a eleição de alunos para o Conselho fiscal, salvo se maiores de 18 (dezoito) anos. O CDCE, enquanto Associação de Direito Privado, sem fins lucrativo e de duração indeterminada, precisa ser registrado em cartório e em seguida ter criado o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, uma vez que este possui função de Unidade Executora. A posse para os novos membros do CDCE será dada pelo CDCE anterior e ocorrerá na unidade escolar, em data prevista no edital de eleição editado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. No contexto da Lei 7.040/98, o CDCE deverá elaborar seu estatuto seguindo o modelo editado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, constando os seguintes itens: constituição, finalidade, composição, atribuições dos conselheiros do CDCE, atribuições da diretoria executiva, dos direitos, deveres, proibições e medidas disciplinares dos conselheiros, do funcionamento do CDCE, assim como descrever sobre a forma de composição e competência do conselho fiscal, das eleições e do voto, e, por fim, da Assembleia Geral, da dissolução do conselho deliberativo e disposições gerais. Diante do rol de atribuições que permeiam as dimensões política, pedagógica, e financeira, o Conselho constitui-se como um grande canal de articulação e de gestão corresponsável pelas ações educativas, estabelecendo-se como uma entidade consultiva, deliberativa e mobilizadora, com responsabilidade de averiguar as necessidades da unidade escolar e tomar decisõessobre o que se caracteriza como ações prioritárias dessa instituição no tocante à execução do Projeto Político Pedagógico e do Plano de Ação da Escola, a destinação e aprovação de contas dos recursos financeiros por ela recebidos e, sobre o processo e os resultados da avaliação interna e externa da escola, conforme preceitua a legislação vigente. Ademais, a consolidação da gestão democrática é um mecanismo fundamental para a materialização da autonomia da unidade escolar, uma vez que possibilita a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar. Assim, uma das competências exigidas ao CDCE é o Controle Social dos Recursos, como forma de garantir o direcionamento dos recursos advindos para a escola na viabilização das ações pedagógicas, administrativas e financeira. Contudo, a construção da autonomia depende de ações e práticas sociais desenvolvidos pelos sujeitos nos diferentes espaços e tempos estruturais. Dessa forma, a articulação entre equipe gestora e CDCE é um elemento importante, como requisito básico para efetuar o processo de descentralização do poder de decisão e de construção da autonomia da escola, sendo uma das condições de criação e sustentação de ambientes que favoreçam a participação. Vale destacar que o exercício da autonomia é um mecanismo essencial para a efetivação da gestão democrática, pois possibilita a participação dos diferentes atores da comunidade escolar, se configurando como um dos princípios da gestão democrática previamente estabelecido no art. 15 da LDBEN (BRASIL, 1996): “os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de Educação Básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. É importante salientar que as decisões coletivas de cunho pedagógico, administrativo e financeira devem estar alinhadas com as políticas educacionais propostas pelo órgão central e com as legislações vigentes, para que não haja equívocos e possíveis prejuízos aos envolvidos no processo. Ressaltamos, ainda, a necessidade da comunicação efetiva entre Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar, Diretorias Regionais de Educação /DRE, e Secretaria de Estado de Educação/SEDUC/MT para as orientações necessárias. Para o fortalecimento dos conselhos, entendidos como principais espaços de decisão e deliberação das questões pedagógicas, administrativas, e financeiras, aponta-se a necessidade de mudanças na prática da gestão escolar, buscando envolver a comunidade nas discussões do Projeto Político Pedagógico da Escola, de forma que a comunidade escolar se desassocie da função de usuária da escola pública e passe a desempenhar o papel de protagonista do processo de decisão, visto que não se muda a cultura escolar sem o trabalho coletivo, definindo claramente o papel político e as atribuições do CDCE na sua relação com a gestão da escola. Sendo assim, algumas estratégias poderão ser utilizadas no intuito de estimular a participação da comunidade nas reuniões do CDCE, tais como: Utilização de recursos tecnológicos atrativos que estimulem a participação da comunidade para que a mesma possa sentir-se integrante do CDCE; Horários de reuniões flexíveis, para que os pais possam participar; As reuniões devem ter pautas definidas, objetividade. Priorização do cumprimento do calendário de reuniões e assembleias; Organização das reuniões de modo que elas sejam, ao mesmo tempo, agradáveis e produtivas para atingir os objetivos; Evitar que todos falem ao mesmo tempo; Não realizar as reuniões em salas pequenas, mal ventiladas. Todas as pessoas devem se sentir bem acomodadas; Mudança de assunto logo que se esgote o primeiro; Atenção à fala de cada um para evitar repetições; Expressão das ideias com clareza; Oportunidade para que todas as pessoas expressem as suas ideias e considerações; Após as decisões aprovadas, deverão ser definidos os responsáveis pelos encaminhamentos; Registro em ata de toda a dinâmica da reunião, falas e encaminhamentos; Fixação de uma cópia da Ata no Mural do CDCE. Cumpre aqui evidenciar outro elemento importante da gestão escolar, que é dar transparência e divulgar os trabalhos do CDCE, evidenciando a Convocação, bem como o Cronograma, pauta das reuniões ordinária e a Ata com as deliberações, que deverão ser estar afixados em lugar visível na unidade escolar, para que todos tenham conhecimento. Por fim, entendemos a instituição desses colegiados nas escolas públicas estaduais de Mato Grosso, como espaços de discussão e decisões em relação as dimensões anteriormente elencadas, tem se mostrado um dos caminhos para avançar na democratização da gestão escolar, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência política e social. REFERÊNCIAS: MARQUES, Solange de Lima Lula. D’AVILA, Juliano. Conselhos Escolares: a participação da comunidade escolar no fortalecimento da gestão democrática. 1° ed. Cuiabá: Governo do Estado de Mato Grosso, 2017. VASCONCELOS, Francisco Herbert Lima. SOARES, Swamy de Paula Lima. MARTINS, Cibelle Amorim. AGUIAR, Cefisa Maria Sabino. Conselho Escolar: Processos, Mobilização, Formação e Tecnologia. 1° ed. Fortaleza: Edições UFC, 2013. SEBA, Maria Salete da Silva. Planejamento Educacional No Estado De Mato Grosso E Plano Estadual De Educação: Monitoramento, Avaliação e adequação. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Acadêmico Educação, Faculdade de Educação e Linguagem) - Universidade do Estado de Mato Grosso. Cáceres, MT. 2020.
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