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MATERIAL DIDÁTICO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 0800 283 8380 www.portalprominas .com.br 2 SUMÁRIO UNIDADE 1: A ESCOLA E A DEMOCRACIA... A ADMINISTRAÇ ÃO ESCOLAR... ...NOVOS TEMPOS, NOVA MISSÃO... ................... ................................................... 4 UNIDADE 2: ESTILOS DE GESTÃO ESCOLAR .............. ......................................... 8 UNIDADE 3: MECANISMOS PARA UMA ADMINISTRAÇÃO ESCOLA R DEMOCRÁTICA ....................................... ................................................................ 11 3.1 - A ESCOLHA DOS DIRIGENTES ............................................................................. 11 3.2 - OS LEGISLADORES ........................................................................................... 12 3.3 - OS MECANISMOS.............................................................................................. 16 3.4 - AS PARCERIAS ................................................................................................. 19 UNIDADE 4: DOCUMENTOS QUE NORTEIAM A PRÁTICA DA GES TÃO ESCOLAR ........................................... ...................................................................... 22 UNIDADE 5: PERFIL IDEAL DO ADMINISTRADOR ESCOLAR NO S DIAS ATUAIS .................................................................................................................................. 26 UNIDADE 6: O ADMINISTRADOR ESCOLAR E A ÉTICA....... ............................... 29 UNIDADE 7: PAPÉIS E FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR ESCOLA R .................. 30 7.1 - FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS: ............................................................................. 31 7.2 - FUNÇÕES PEDAGÓGICAS .................................................................................. 33 7.3 - FUNÇÃO SOCIAL ............................................................................................... 36 UNIDADE 8: ATRIBUIÇÕES DO DIRETOR ESCOLAR ......... ................................. 41 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 3 “A escola é uma instituição de natureza educativa. Cabe ao diretor, então, o papel de garantir o cumprimento da função educativa que é a razão de ser da escola. Nesse sentido, é preciso dizer que o diretor de escola é antes de tudo, um educador; antes de ser administrador, ele é um educador.” Demerval Savianni - 1996 4 UNIDADE 1: A ESCOLA E A DEMOCRACIA... A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR... ...NOVOS TEMPOS, NOVA MISSÃO... A sociedade vive novos tempos. Tempos de conquistas científicas, mas, sobretudo, tempos de reflexão sobre o cuidado com a natureza, sobre o cuidado com o humano, sobre o valor da cidadania, sobre o papel da democracia como valor e como processo, sobre o papel dos gestores. Para que qualquer assunto possa ser discutido é importantíssima a definição dos conceitos, das ideias. No caso da Administração Escolar tem-se uma expressão relacionada à atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio-educacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos. O conceito de gestão escolar foi criado para superar um possível enfoque limitado do termo administração escolar. Foi constituído a partir dos movimentos de abertura política do país, que começaram a promover novos conceitos e valores, associados, sobretudo à ideia de autonomia escolar, à participação da sociedade e da comunidade, à criação de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às associações de pais. Assim, no âmbito da gestão escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser entendido como um sistema aberto, com uma cultura e identidade próprias, capaz de reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem. Dentro da reflexão sobre o papel da democracia, surge o diálogo, o debate sobre a função da gestão democrática em todos os segmentos da sociedade. E como não pode ser diferente surge a necessidade de se pensar, de forma especial, sobre a gestão democrática nas escolas. Por que de forma especial? Porque não se desvincula qualquer cargo ou função da escola da missão de educar, emancipar pessoas, transformar vidas e realidades. Mas, o que é gestão democrática escolar? Para responder a essa pergunta é importante definirmos bem o significado de cada palavra. Por gestão entende-se a ação de gerir alguma coisa, administrar, dar direção e democracia é uma forma de 5 governo em que os representantes do povo são eleitos pelo povo. Então parece simples: alguém que é eleito pelo povo para representá-lo, deve administrar, da melhor forma possível, algo que é do povo. De acordo com Rodrigues (1991, s/p): ...A democracia não é algo a que se chega em um determinado momento, pois ela é uma possibilidade. E por isto, então, que a eleição de diretores não é a democracia, é um momento de democracia, é a condição de possibilidade... Porém, gestão democrática escolar é muito mais do que isso, a gestão que é democrática no âmbito escolar traz junto de si a autonomia, a ideia e a recomendação de gestão colegiada, com responsabilidades compartilhadas pelas comunidades interna e externa da escola. Esse tipo de gestão é resultado de um processo pedagógico coletivo que envolve o conhecimento da legislação e também a implantação e consolidação de mecanismos de participação tais como conselho ou colegiado escolar e grêmios estudantis, que contribuem de maneira eminente para a autonomia da escola. Lembrando que, a autonomia, somente existe na proporção em que ela acontece nas relações sociais e por esse caminho ela é construída, quer seja no plano individual, no plano coletivo ou institucional. De acordo com Barroso (2000): Não há ‘autonomia na escola’ sem ‘autonomia dos indivíduos’ que a compõem. Ela é, portanto, resultado da ação concreta dos indivíduos que a constituem, no uso de suas margens de autonomia relativa. Não existe uma ‘autonomia’ da escola em abstrato, fora da ação autônoma organizada de seus membros. Esse novo modelo de gestão não só abre espaço para iniciativa e participação, como cobra isso da equipe escolar, alunos e pais. Ele delega poderes (autonomia administrativa e orçamentária) para a Diretoria da Escola resolver o desafio da qualidade da educação no âmbito de sua instituição. A dimensão sócio- política da escola torna-se mais exigente e complexa e exige parceria e co- responsabilidade na sua gestão. A responsabilidade sócio-política da escola não dispensa seus agentes sociais inseridos na comunidade escolar, nem o governo, 6 nem a sociedade de lutar pela universalização da educação de qualidade e excelência. Quanto ao poder, assim diz Paro (1995): “O fato de alguém ser investido de autoridade, ou seja, probabilidade de ter cumpridas determinadas ordens, não significa que essas ordens representem a sua vontade”. A gestão educacional passa pela democratização da escola sob dois aspectos: a) interno - que contempla os processos administrativos, a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógicos; b) externo - ligado à função social da escola, na forma como produz, divulga e socializa o conhecimento. Esse processo, sustentado no diálogo e na alteridade tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola. O fato é que a ideia de gestão educacional desenvolve-seassociada a um contexto de outras ideias como, por exemplo, transformação e cidadania. Isso permite pensar gestão no sentido de uma articulação consciente entre ações que se realizam no cotidiano da instituição escolar e o seu significado político e social. A gestão democrática na legislação é assim representada: - CF1/88: Art. 206 – O ensino será ministrado nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais de ensino... VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei, VII – garantia de padrão de qualidade. - LDB/96 – Art. 3º - O ensino será ministrado nos seguintes princípios: 1 Constituição Federal. 7 VIII - gestão democrática, do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos sistemas de ensino. Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público. A gestão democrática do ensino e da escola assegura o direito de todos à educação, fortalece a escola como instituição plural, sem preconceitos e contribui para a redução das desigualdades sociais, culturais e étnicas. A convivência pedagógica e o projeto pedagógico da escola devem estar sempre em sintonia para que a escola seja verdadeiramente uma escola que promova as pessoas, que intervenha na socialização de seus alunos, que esteja inserida no mundo do trabalho, que ensine que é preciso aprender sempre. A qualidade da educação deve ser de interesse tanto da equipe escolar, quanto dos alunos e de suas famílias (além do Estado, das autoridades educacionais e da nação como um todo). Sua melhoria depende da busca de sintonia da escola com ela mesma e com seus usuários. 8 UNIDADE 2: ESTILOS DE GESTÃO ESCOLAR As funções que o diretor deve desempenhar para fazer a escola funcionar mediante o trabalho conjunto estão divididas em administrativas, pedagógicas e sociais. Antes de citar o perfil ideal do diretor é importante citar quais os estilos de gestão que estão presentes nas escolas: � Gestão burocrática : na qual as normas e as regras são previamente definidas, com forte ênfase na determinação rígida de tarefas e no controle do comportamento das pessoas. O diretor é do tipo que se acha no centro de tudo, decide tudo sozinho e pouco se comunica com sua equipe sobre suas atividades. Suas decisões são tomadas de cima para baixo sem a participação dos professores, dos funcionários e dos alunos. � Gestão democrático-participativa: na qual se acentua tanto a necessidade de estabelecer objetivos e metas quanto a de prever formas organizativas e procedimentos que propiciem a participação de todos nas decisões, em discussão aberta e pública dos fatos, com confiança e respeito aos outros. O diretor que adota esse estilo toma as decisões de forma coletiva, ouvindo os outros envolvidos e, além disso, ele delega poderes para que os membros de sua equipe assumam sua parte no trabalho, permite que todos dirijam e sejam dirigidos, que todos avaliem e sejam avaliados. Ele passa a atuar na coordenação e avaliação sistemática das ações, além de acreditar no exercício da gestão democrática e participativa. Atualmente, não se concebe mais o primeiro estilo de gestão citado. Toda a legislação, todo o discurso contemporâneo, traz à tona a necessidade da gestão democrático-participativa em todos os segmentos da sociedade. Portanto, é de acordo com esse estilo de gestão que se define o perfil ideal do gestor escolar. O diretor tem o poder de fazer com que a vivência na escola seja autoritária ou democrática. Tais vivências fazem parte o tempo todo do cotidiano escolar, o bom gestor deve desenvolver habilidades para buscar sempre a vivência 9 democrática. A diferença entre as duas vivências pode ser verificada no quadro a seguir: VIVÊNCIA AUTORITÁRIA VIVÊNCIA DEMOCRÁTICA Ausência de Diálogo Liberdade de expressão, diálogo Nas relações escolares há apenas um ganhador A relação não é entre ganhadores e perdedores, mas um grupo em que todos ganhem Desigualdade no exercício do poder. Determina-se quem dá as ordens e quem as obedece Estimula-se o comportamento de independência, solicitam-se opiniões, evita-se a distância hierárquica. Valorização da posição hierárquica, rejeição ao questionamento da ordem institucional ou do poder instituído Busca-se participação responsável, incentivo ao questionamento, à descoberta. Autoridade exercida sem crítica, revisão ou avaliação Autoridade exercida possibilitando a crítica ao que está posto, avaliando e revendo posições. De acordo com Luck (2000), o diretor escolar é um gestor da dinâmica social, um mobilizador e orquestrador de atores, um articulador da diversidade para dar-lhe unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos. Atualmente, o diretor de escola além das atividades de administrador escolar é chamado a admitir seu papel político frente aos desafios exigidos pelo seu cargo. 10 Apesar de grande parte dos gestores escolares terem conhecimento das características de uma liderança democrática, muitos deles na hora de desempenhar suas funções ainda adotam outros tipos de liderança definidas no quadro abaixo: ESTILOS DE LIDERANÇA CARACTERÍSTICAS CONSEQUÊNCIAS Autocrático Prioriza a vontade própria, a dominação e o diretivismo. A submissão, a obediência cega, a revolta, o distanciamento e o esfriamento das relações profissionais e interpessoais. Laissez-faire Dá carta branca a qualquer pessoa sem se preocupar com a competência e a disposição para a tarefa. A escola perde seu rumo, fica sem referência; não há projetos e nem vontade política para produzi-los; o insucesso é evidente Burocrático Evidencia a preocupação exclusiva com o cumprimento dos ordenamentos do sistema escolar emitidos por leis, decretos, resoluções e regulamentos. O desempenho dos professores, funcionários e alunos torna-se apático, pois não se sentem co- autores das atividades propostas e, desmotivados, se tornam reprodutores da hierarquização de um sistema distante e normativo Carism ático É possuidor de uma irradiação pessoal, quase magnética e sedutora, acompanhada de empatia, que o torna capaz de influenciar as pessoas de forma intensa. Essa liderança pode aflorar seguidores e pode despertar fanatismo, pela consciência ingênua dos influenciados. Grande parte dos diretores exerce sua função misturando esses diversos estilos, mas um sempre se destaca dos demais, portanto o desejável é que o estilo democrático se sobreponha ganhando um desenvolvimento progressivo. 11 UNIDADE 3: MECANISMOS PARA UMA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA 3.1 - A escolha dos dirigentes As formas de escolhas dos administradores escolares não definem nem o tipo nem a qualidade da gestão, mas, certamente, neles interferem efetivamente. Dessa forma, é necessário articularmosa modalidade de escolha do gestor escolar e o exercício da função. Conforme algumas pesquisas realizadas em nosso país, existem os seguintes tipos de modalidade de escolha de dirigentes: 1. Livre indicação: o diretor é indicado pelo Poder Executivo e/ou Legislativo. Essa forma de escolha do dirigente escolar está presente em algumas unidades da Federação e se caracteriza, na maioria das vezes, por prescindir do respaldo da comunidade escolar. 2. Concurso público: modalidade que procura mensurar, por meio de exames técnicos, a capacidade dos candidatos ao cargo de dirigente escolar. Atualmente, não é adotada de forma exclusiva em nenhum estado de federação. 3. Eleição: o diretor é eleito por voto dos seguimentos que compõem a comunidade escolar. Trata-se de modalidade defendida pelo movimento docente e implementada em vários estados. 4. Formas mistas: consistem na adoção de duas ou mais modalidades de escolha articuladas ou pela combinação de critérios mistos de seleção. Já a destituição da função de diretor poderá vir a ocorrer normalmente em função de transgressão disciplinar ou por conduta incompatível com a função, tudo isso depois de apurados os fatos em sindicância e processo administrativo disciplinar. Para isso é necessário observar a legislação sobre o servidor público do estado, o estatuto do magistério e o próprio regimento interno da escola. Caso ainda restem dúvidas, deve-se consultar a Secretaria estadual de educação, que é o órgão superior competente para resolver esses casos. 12 3.2 - Os Legisladores Alguns órgãos que atuam na esfera estadual e federal são coordenadores e legisladores da gestão democrática. Devem ser considerados parceiros na construção da qualidade da educação em nosso país. Dentre eles destacam-se: 1. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: cabe ao CNE garantir a execução das diretrizes, prioridades e metas do Plano Nacional de Educação, interpretar a legislação de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, opinar sobre alterações de iniciativa do poder executivo e estabelecer normas para os sistemas de ensino, articulando-os com os órgãos normativos dos sistemas de educação e com as comissões de educação do Congresso Nacional. Deve, ainda, estimular a integração entre as redes de educação federal, estaduais e municipais, públicas e privadas. 2. INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu cacionais): Autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que tem a função de organizar e manter o sistema de informações e estatísticas educacionais, com o objetivo de subsidiar ações do poder público (governos federal, estadual e municipal) na área da educação. Possui dois objetivos principais: reorientação das políticas de apoio a pesquisas educacionais, buscando melhorar seu desempenho no cumprimento das funções de suporte à tomada de decisões em políticas educacionais; e reforço do processo de disseminação de informações educacionais, incorporando novas estratégias e modalidades de produção e difusão de conhecimentos e informações. O INEP realiza pesquisas censitárias nacionais, destacando-se o Censo Escolar, que abrange um universo de cerca de 250 mil escolas, públicas e particulares, e 44 milhões de estudantes; o Censo do Ensino Superior, englobando as 851 instituições desse ensino do País; censos especiais, estudos sobre financiamento e gasto em Educação, que traz análises da receita e do gasto das diversas esferas de governo no componente educação. As informações censitárias são anuais e subsidiam os órgãos formuladores e implementadores de políticas educacionais nos três níveis de governo. 13 Além disso, desde 1996, o INEP desenvolve o Sistema Integrado de Informações Educacionais - SIEd, que promove a descentralização da coleta do Censo Escolar e do acesso a seus resultados, além de propiciar a interação das demais bases do INEP. O objetivo destas ações é o fortalecimento da capacidade gerencial das escolas, das secretarias estaduais e municipais de educação e do próprio MEC. 3. FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ): Órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), responsável pela captação de recursos financeiros para o desenvolvimento de uma gama de programas que visam à melhoria da qualidade da educação brasileira. Tais recursos são canalizados para escolas públicas de ensino fundamental, municípios, Distrito Federal, governos estaduais e entidades não-governamentais (ONG’s), em consonância com uma estratégia educacional e diretrizes definidas pelo MEC que abrangem, ainda, ações de pesquisa, de capacitação de professores e de fiscalização do poder público por parte da sociedade. O FNDE financia, nas áreas de ensino fundamental, de educação especial, de educação de jovens e adultos e de educação pré-escolar, vários projetos com foco na melhoria da qualidade de ensino e no incremento de melhores condições físicas das unidades escolares, na capacitação e formação de professores e técnicos, na adequação e qualificação do material didático/pedagógico, além de propor alternativas metodológicas mais atualizadas no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. As transferências de recursos do FNDE aos Municípios são realizadas por meio de transferência automática e celebração de convênios. Entre os programas que o FNDE utiliza para os repasses de recursos federais estão o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) e o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). 4. FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da E ducação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educaç ão: Em 20 de junho de 2007 foi sancionada a Nº. Lei 11494/2007 que regulamenta o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 14 Profissionais da Educação (Fundeb). Em vigor desde o dia 1º de janeiro por medida provisória, o novo fundo substitui o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). O Fundeb se estenderá até 2021. Os recursos do Fundeb destinam-se ao financiamento de ações de manutenção e desenvolvimento da educação básica pública, independentemente da modalidade em que o ensino é oferecido (regular, especial ou de jovens e adultos), da sua duração (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos), da idade dos alunos (crianças, jovens ou adultos), do turno de atendimento (matutino e/ou vespertino ou noturno) e da localização da escola (zona urbana, zona rural, área indígena ou quilombola), observando-se os respectivos âmbitos de atuação prioritária dos Estados e Municípios, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição. Com o novo fundo, a educação básica atenderá 47 milhões de estudantes de creches, educação infantil e especial, ensinos fundamental e médio e educação de jovens e adultos. 5. CEE - Conselhos Estaduais de Educação: Órgãos estaduais responsáveis pela definição de normas que devem ser seguidas na área educacional. Essas normas devem seguir as diretrizes propostas pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Os Conselhos foram criados com o objetivo de orientar a política educacional do Estado, tendo como tarefa regulamentar, por atos normativos, as bases e diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Educação e a função de ordenar o Sistema de Ensino em diversos níveis. A criação desses conselhos surgiu da ideia de descentralização sobre os sistemas de ensino, mas, atualmente, pretende-se que os órgãos de autorização, reconhecimento e deliberação estejam ainda mais próximos dos órgãos de gestão escolar, com a proposta de criação dos Conselhos Municipais. 6. CONSED (Conselho Nacionalde Secretários de Educaçã o): Entidade que reúne os Secretários de Educação dos Estados e do Distrito Federal, criada em 1986 com a finalidade de discutir e apoiar a implementação de políticas nacionais de Educação, estimular e promover o desenvolvimento qualitativo e quantitativo do 15 ensino público no país, além de interagir com todos os segmentos da sociedade civil, com vistas à construção de relações sociais mais justas e igualitárias. A atuação do CONSED orienta-se, prioritariamente, com base na realização de Reuniões Técnicas, organização de Comissões Especiais e desenvolvimento de Projetos. Muitas ações contam com diversas parcerias, sistema utilizado permanentemente pela entidade para a implementação de projetos especiais. O Consed atua também em apoio à fiscalização e controle de programas descentralizadores, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), e na promoção de eventos de natureza educacional, como seminários, encontros e workshops. 7. UNDIME - Sigla da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, a Undime é uma organização não-governamental, criada em 1986, que reúne mais de cinco mil secretários municipais de educação de todo o país e trabalha pela formulação de políticas que garantam um ensino público de qualidade. Contribuiu na elaboração da Constituição de 1988, e participou da discussão da nova Lei de Diretrizes e Bases, de 1996. Também busca garantir, na reforma tributária, que os recursos para educação sejam ampliados e procura apresentar soluções para o funcionamento das escolas na região do semi-árido. 8. CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente): O Conanda é um órgão vinculado ao Ministério da Justiça que formula as diretrizes políticas voltadas para a criança e o adolescente no País. Foi criado em 1991, como exigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Engloba uma rede de 26 Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente, além do Distrito Federal e dos Conselhos Municipais existentes, onde estão representadas as áreas de governo que atuam na implementação das políticas emanadas pelo Conselho, além de entidades não-governamentais que trabalham em favor da criança e do adolescente. O Conanda atua de acordo com a “política nacional dos direitos de crianças e adolescentes” e, entre vários pontos, destaca a formação de cidadãos, no sentido mais abrangente da palavra, com ênfase na difusão dos conhecimentos dos direitos humanos. Entre as ações que defende está a inclusão no currículo escolar de uma 16 disciplina específica sobre o ECA, a garantia de retorno à escola e a inserção daqueles que se encontram à margem da formação escolar fundamental assegurada por lei, além do acesso à Educação, de forma universal e igualitária, tanto no seu aspecto formal quanto naquele que se forma no cotidiano do cidadão. Desse modo, a organização da educação brasileira se faz pela convivência do sistema federal e dos sistemas estaduais e municipais, articulados pelas normas gerais fixadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 e pela Constituição Federal de 1988, e coordenadas pela política nacional de educação estabelecida pela união. 3.3 - Os Mecanismos Alguns mecanismos são importantes na gestão democrática, entre eles estão a Conferência Municipal de Educação, o Conselho Municipal de Educação, o Conselho do FUNDEB; outros conselhos, Orçamento Participativo na Educação, Eleições para diretores, Conferência local da comunidade escolar, Assembléia Escolar, Conselho de Escola, Orçamento Participativo Local, Associação de Pais, Grêmio Estudantil, rotatividade do quadro de diretores da escola. Uma boa conceituação de cada parceiro da gestão democrática é necessária, no Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil, encontra-se as seguintes definições: 1. Associação de Pais e Mestres : Entidade civil com personalidade jurídica própria, sem caráter lucrativo, formada por pais, professores, alunos e funcionários da escola. Geralmente, é regida por estatuto ou regulamento próprio definido por seus membros, de acordo com a legislação em vigor e as diretrizes do colegiado da unidade escolar. Algumas das responsabilidades da APM são: analisar e estudar os seus estatutos, procedendo às necessidades de mudança para a realidade da escola e comunidade junto ao conselho deliberativo; aprovar o estatuto em assembléia geral; administrar a associação segundo as normas expressas no estatuto; e manipular recursos financeiros oriundos de promoções realizadas pela comunidade e de convênios firmados com a secretaria de Educação, aprovados pelo colegiado nas escolas. 17 2. Colegiado Escolar : Órgão coletivo, consultivo e fiscalizador que atua nas questões técnicas, pedagógicas, administrativas e financeiras da unidade escolar. Como órgão coletivo, adota a gestão participativa e democrática da escola, a tomada de decisão consensual, visando à melhoria da qualidade do ensino. Embora com esse nome, suas funções, sua estrutura e constituição são semelhantes às do conselho escolar. O Colegiado Escolar geralmente é constituído pelo diretor da unidade escolar e por representantes dos segmentos de professores, coordenadores pedagógicos, funcionários, alunos, pais ou responsáveis legais pelos alunos, de acordo com as normas definidas em estatuto. As funções do Colegiado Escolar são exercidas nos limites da legislação em vigor, das diretrizes da política traçadas pelas Secretarias de Educação, a partir do compromisso com a universalização das oportunidades de acesso e permanência na escola pública de todos os que a ela têm direito. 3. Caixa Escolar : Instituição jurídica, de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como função básica administrar os recursos financeiros da escola, oriundos da União, estados e municípios, e aqueles arrecadados pelas unidades escolares. Ou seja, são unidades financeiras executoras, na expressão genérica definida pelo Ministério da Educação. Os recursos recolhidos por ela destinam-se à aquisição de bens e serviços necessários à melhoria das condições de funcionamento da escola, incluídos no seu plano de desenvolvimento. A estrutura da Caixa Escolar é geralmente constituída de um presidente, que é o diretor ou o coordenador da escola, de um tesoureiro e do conselho fiscal. Recomenda-se que o conselho fiscal seja integrado por membros do colegiado. Ela é composta de três órgãos: assembléia geral, diretoria e conselho fiscal. Esse último compõe-se de representantes de pais de alunos e de outras pessoas da comunidade. A Caixa Escolar e o Colegiado Escolar, juntos, se complementam, cabendo ao colegiado aprovar as prioridades propostas pela escola para a alocação de recursos e a prestação de contas de sua aplicação. A caixa viabiliza a aplicação dos recursos, observando os instrumentos legais em vigor e de acordo com as prioridades aprovadas pelo colegiado. 4. Conselho Escolar : órgão colegiado composto por professores, especialistas, funcionários operacionais, pais e alunos da unidade escolar, obedecendo ao 18 princípio da representação. A principal ação do Conselho é deliberar sobre: diretrizes e metas da unidade escolar; solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica; atendimento psico-pedagógico e material ao aluno; integração escola - família - comunidade; criação e regulamentação das instituições auxiliares; aplicação dos recursos da Escola e das instituições auxiliares; homologar a indicação do vice-diretor quando oriundo de uma outra unidade escolar; aplicação de penalidades disciplinares aos funcionários, servidores e alunos do estabelecimento de ensino. O conselho de escola também é responsável pela elaboração do calendário e doregimento escolar. A participação no conselho não é obrigatória, pois seus membros são eleitos por seus pares. Ainda podem ser citados: 5. Conselho de Classe – é um órgão colegiado, presente na organização escola, em que os professores de diversas disciplinas, juntamente com a direção, equipe pedagógica e alunos representantes de turma, reúnem-se para refletir, avaliar e propor ações no acompanhamento pedagógico da escola. 6. Grêmio Estudantil – é o órgão máximo de representação dos estudantes a serviço da ampliação da democracia na escola, através de suas funções de representação e organização dos alunos, contribui para a efetivação de uma educação emancipatória e transformadora. É necessário que o gestor garanta a participação das comunidades interna e externa, a fim de que assumam o papel de co-responsáveis na construção de um projeto pedagógico que vise ensino de qualidade para a atual clientela e para que isso aconteça é preciso preparar um novo diretor, libertando-o de suas marcas de autoritarismo redefinindo seu perfil, desenvolvendo características de coordenador, colaborador e de educador, para que consigamos implantar um processo de planejamento participativo de representantes dos segmentos da comunidade interna (diretor, vice-diretor, especialistas, professores, alunos e funcionários) e externa (pais, órgãos/instituições, sociedade civil organizada, etc.), com um conselho não só consultivo como também deliberativo. 19 O diretor pode encontrar algumas dificuldades para executar uma gestão democrática. Essas dificuldades podem ser: externas à escola, como a pouca vontade e participação política; internas, como a visão patrimonialista e a resistência à socialização de ideias; gerais, como a falta de consolidação da cultura democrática em vários segmentos da sociedade. E é na confrontação com os desafios postos que se pede uma radical mudança nos conceitos de ensinar e aprender, do aprender a aprender, do dirigir a instituição, ou melhor, administrar a Escola para atingir os objetivos propostos num mundo de mudanças, que precisamos refletir sobre como se tem processado as iniciativas de gestão no espaço educativo. A gestão democrática deve ser concebida como processo participativo em construção constante, no qual há respeito às diferenças e aos conflitos sociais, observando diretrizes legais e a ética social. 3.4 - As Parcerias Para que a escola seja lugar de participação e caminho para a democracia, o diretor necessita, porém, realizar a transição da figura do diretor-capataz para a figura do educador-dirigente. Essa nova figura é, também, fundamental para a realização da democracia. Pensar na gestão escolar democrática para as escolas é uma tarefa que merece ser vista e vivenciada por todos aqueles que têm compromisso na formação do cidadão numa sociedade onde ainda prevalece a exclusão e a falta de cidadania. Dentro da dinâmica social, na qual o diretor democrático se encontra, é importante a busca de parcerias, convênios, voluntariado, como estratégia do Projeto pedagógico diante a necessidade de colaboração para resolver problemas e/ou enfrentar problemas comuns e buscar novos horizontes. Luis Eduardo Magalhães, da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em sua publicação intitulada Gerenciando a Escola Eficaz: conceitos e instrumentos, considera que as parcerias mais comuns nas escolas são: � Campanhas iniciadas por um parceiro em prol de uma ou mais escolas; 20 � O parceiro oferece produtos, serviços, espaço físico ou recursos humanos e materiais para a escola; � Convênios para utilização de áreas, laboratórios ou equipamentos do parceiro; � Assessoria à escola em projetos ou problemas específicos; � Patrocínio de equipes esportivas, grupos de teatro, excursões, campeonatos, festivais e feiras de ciências, entre outros eventos; � Prêmios oferecidos; � Oferta de cursos, palestras ou bolsas de estudo para professores; � Estudos e pesquisas desenvolvidos por instituições acadêmicas a respeito de problemas identificados em trabalho conjunto com uma escola; � Produção de materiais didáticos ou de apoio; � Elaboração conjunta de diagnósticos e planos de ação; � Auxílio aos alunos e suas famílias em atividades de acompanhamento escolar; � Participação em campanhas de saúde, educação ambiental e segurança, entre outras. Na mesma obra de Luis Eduardo Magalhães, encontra-se uma lista de onde a parceria pode surgir. Na lista parece: � Escolas mais próximas; � Associações, centros ou clubes existentes na comunidade; � Agentes econômicos, associações comerciais e industriais; � Autoridades religiosas; � Responsáveis pela proteção e segurança da comunidade; � Representante local da Justiça e do Ministério Público; � Serviços de outros setores da administração pública (saúde, transporte, abastecimento de água, energia elétrica) 21 � Organizações não-governamentais. A mesma publicação afirma que a escola deve oferecer benefícios aos parceiros, tais como: � Criar programas e projetos educacionais voltados para a realidade economia e social da região; � Ceder espaço físico, como sala de aula, auditório, pátio, quadra e cantina, sem fins lucrativos; � Divulgar na comunidade ações importantes desenvolvidas pelos parceiros; � Promover cursos de formação profissional para as empresas parceiras; � Promover cursos de alfabetização, supletivos ou outros de interesse dos parceiros ou de seus funcionários. É muito importante saber que as parcerias não funcionam sozinhas, é necessário ter um gestor qualificado para coordená-las ou administrá-las, para montar uma estrutura gerencial. Para que a gestão escolar tenha um estilo democrático, desenvolva parcerias e verdadeiramente construa a convivência democrática torna-se importantíssimo que o diretor esteja atento à importância da inserção social da escola, as estratégias de mobilização social, os processos de escolha, de negociação, monitoramento e avaliação das parcerias. 22 UNIDADE 4: DOCUMENTOS QUE NORTEIAM A PRÁTICA DA GESTÃO ESCOLAR O diretor da escola que prioriza uma gestão democrática deve conhecer, estudar e participar ativamente da elaboração de determinados documentos que são vitais para o funcionamento organizado e saudável da escola. Lembrando que todos são planejados com a participação dos professores, funcionários, supervisores, alunos e conselhos escolares. Dentre os vários documentos importantes na escola, podem-se destacar alguns que foram bem definidos por Ebenezer Takuno Menezes e Thais Helena Santos no Dicionário Interativo da Educação Brasileira do EducaBrasil: 1. Regimento Escolar: Documento legal, de caráter obrigatório, elaborado pela instituição escolar que fixa a organização administrativa, didática, pedagógica e disciplinar do estabelecimento que regula as suas relações com o público interno e externo. Com origem na Proposta Pedagógica, o regimento escolar a ela se volta para conferir-lhe embasamento legal, incorporando no processo de sua elaboração os aspectos legais pertinentes e as inovações propostas para o sistema de ensino, assim como as decisões exclusivas da escola no que concerne a sua estrutura e funcionamento. Por tratar-se de um texto legal, para a elaboração do regimento escolar devem ser observadas as normas sobre elaboração e redação de atos normativos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê que o regimento escolar deve disciplinar os seguintes assuntos: a quem cabe elaborar e executar a Proposta Pedagógica e quem tem autonomia para sua revisão; incumbência dos docentes; estudos de recuperação; reclassificação, considerando a normatização do sistema de ensino; dias letivos e carga horária anual equivalente; classificação; sistema de controle e de apuração de frequência; expedição de documentosescolares; e jornada de trabalho escolar. 2. Projeto Político Pedagógico : Instrumento técnico-político utilizado com base no princípio da escola autônoma, que pressupõe a descentralização administrativa e 23 a autonomia financeira da escola. O projeto político pedagógico (PPP) contém a definição do conteúdo que deve ser ensinado e o que deve ser aprendido na escola. Ele caracteriza-se, principalmente, por expressar os interesses e necessidades da sociedade e por ser concebido e construído com base na realidade local e com a participação conjunta da comunidade. O projeto político pedagógico passou a ter importância a partir de meados da década de 90, quando o MEC passou a transferir recursos financeiros diretamente para as unidades escolares, de acordo com os princípios da descentralização e da escola autônoma, estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. 3. Projeto Pedagógico : Também chamado de proposta pedagógica, é um instrumento de caráter geral, que apresenta as finalidades, concepções e diretrizes do funcionamento da escola, a partir das quais se originam todas as outras ações escolares. Não há um padrão de proposta pedagógica que atenda a todas as escolas, pois cada unidade escolar está inserida num contexto próprio, determinado por suas condições materiais e pelo conjunto das relações que se estabelecem em seu interior e entorno social. Assim, cada escola deve desenvolver o seu modelo, aquele que melhor expressa sua identidade e seu compromisso com o aluno, com a comunidade, com a educação. A ideia de projeto pedagógico entende que ele deve ter uma construção coletiva, com a participação ativa de todos os envolvidos (alunos, pais, professores, funcionários, representantes da comunidade, etc.). Alguns aspectos considerados relevantes na elaboração do documento final do projeto pedagógico são: Histórico e identificação da instituição de ensino e da entidade mantenedora; Fins e princípios norteadores; Diagnóstico e análise da situação da escola; Definição dos objetivos educacionais e metas a serem alcançadas; Seleção das ações; Organização curricular; Forma de gestão administrativa e pedagógica da escola; Avaliação; Organização da vida escolar e do regime escolar; Capacitação continuada de pessoal; Profissionais envolvidos na Proposta Pedagógica; e Anexos. 4. Currículo Escolar: Conjunto de dados relativos à aprendizagem escolar, organizados para orientar as atividades educativas, as formas de executá-las e suas finalidades. Geralmente, exprime e busca concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano cultural que eles personalizam como modelo ideal de escola defendido pela sociedade. A concepção de currículo inclui desde os aspectos 24 básicos que envolvem os fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação até os marcos teóricos e referenciais técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de aula. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, orienta para um currículo de base nacional comum para o ensino fundamental e médio. As disposições sobre currículo estão em três artigos da LDB. Numa primeira referência, mais geral, quando trata da Organização da Educação Nacional, define-se a competência da União para "estabelecer em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum". Outras referências, mais específicas, estão no capítulo da Educação Básica, quando se define que "os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela". Finalmente, são estabelecidas as diretrizes que deverão orientar os "conteúdos curriculares da educação básica", que envolvem: valores, direitos e deveres e orientação para o trabalho. A LDB sugere uma flexibilização dos currículos, na medida em que se admite a incorporação de disciplinas que podem ser escolhidas levando em conta o contexto local. No ensino nas zonas rurais, por exemplo, é admitida a possibilidade de um currículo "apropriado às reais necessidades e interesses dos alunos". 5. Calendário Escolar : é o Sistema de divisão do tempo que considera o ano letivo e estabelece os períodos de aula, de recesso e outras identificações julgadas convenientes, tendo em vista o interesse do processo educacional e o disposto no projeto pedagógico. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), de 1996, na educação básica, que engloba a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, “o calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nessa Lei.” 25 A LDB prevê, ainda, que a educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns para o calendário escolar: a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por no mínimo duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluindo o tempo a reservado aos exames finais, quando houver. A LDB, no entanto, prevê a possibilidade de ampliação dos dias e horas de aula de acordo com as possibilidades e necessidades das escolas e do sistema. Na oferta de educação básica para a população rural, por exemplo, os sistemas de ensino devem adequar o calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas. Ferreira (1998, p.139) afirma: Um processo de gestão que construa coletivamente um projeto pedagógico de trabalho tem já, na raiz, a potência da transformação. Por isso, é necessário atuar nas escolas com o máximo de competência, a fim de que o ensino realmente se faça, a aprendizagem se realize, as convicções se construam no diálogo e no respeito e as práticas se efetivem no companheirismo e na solidariedade. O mais importante para o diretor escolar competente e democrático, além de organizar documentos, é sentir-se entusiasmado (dimensão política) ao dirigir a escola e ter clareza na proposição de objetivos e metas orientadoras das ações coletivas (dimensão técnica). De acordo com Nóvoa (1995, s/p) “ ...é importante que os diretores sejam considerados líderes profissionais ( ou pedagógicos) e não apenas executivos.” 26 UNIDADE 5: PERFIL IDEAL DO ADMINISTRADOR ESCOLAR NOS DIAS ATUAIS Para que o diretor escolar, consiga exercer em plenitude este papel democrático, que tem aspectos políticos e filosóficos, é importante que ele possua os seguintes valores ou características: � Ter seriedade e responsabilidade na execução de qualquer trabalho; � Ter clareza sobre os motivos que o levam a assumir o cargo atual e sobre as expectativas do grupo e dos colaboradores; � Estar aberto ao trabalho coletivo: saber trabalhar em equipe; � Ser organizado e disciplinado. Os exemplos arrastam multidões; � Ter dedicação, executar os trabalhos com afinco; � Ser mediador de conflitos, sempre colocando o diálogo como ponto básico; � Estar preparado para lidar com decisões problemáticas, que contrariam interesses de pessoas, grupos ou entidades; � Ser capaz de tomar decisões próprias, além de dividir atribuições comuns e responsabilidades, tendo em vista a melhoria do padrão de qualidade da aprendizagem dos alunos e, portanto, da educação como um todo; � Saber considerar e preservar os usos e costumes da escola que deram certo no passado; � Ser articulador e mediador dos segmentos internos e externos: ser uma pessoa que abra o diálogo com os diferentes gruposexistentes tanto dentro da escola como fora dela; � Saber ouvir e saber falar na hora certa; � Ser sensível às dificuldades dos outros; � Saber reconhecer, valorizar o mérito das pessoas e da equipe; � Ter iniciativa e firmeza: o diretor precisa ter ideias inovadoras, sair na frente, ser uma pessoa sempre disposta a estimular e incentivar as ações positivas de seu estabelecimento; 27 � Saber delegar funções e responsabilidades; � Ser estudioso dos assuntos técnicos, pedagógicos, administrativos, financeiros e legislativos: o diretor deve estar atualizado com relação a todos esses temas e como eles afetam a gestão da escola; � Procurar conhecer e entender as linguagens da atualidade traduzidas em forma de gráficos, tabelas, porcentagens, etc., e as linguagens tecnológicas; � Ter espírito ético e solidário; � Ser entusiasmado, motivado, alegre e capaz de transmitir entusiasmo, motivação e alegria; � Estar apto a desenvolver o espírito de cooperação entre as pessoas; � Ser conhecedor da realidade da escola: o diretor precisa conhecer não apenas a escola internamente, mas deve entender o contexto da sociedade em que a escola está inserida, conhecer o meio em que os alunos vivem, entender suas famílias e descobrir os problemas que cercam a escola e também os pontos positivos existentes em volta dela; � Ter credibilidade na comunidade: o diretor precisa ser uma pessoa que transmita credibilidade, quer na sua conduta profissional, como pessoal e até mesmo na familiar; � Ter fé e ser um defensor da educação: o diretor precisa acreditar no modelo de ensino, nas práticas educacionais e no sistema de educação como um todo e passar essa crença com entusiasmo para toda sua comunidade; � Ser capaz de auto-avaliar-se e promover a avaliação do grupo; � Ter a capacidade de resolver problemas: o diretor deve ser capaz de ver, ouvir, sentir o problema no momento e no local em que está acontecendo, sem fugir dele e sem tentar adiar a sua solução; � Ser transparente e coerente nas ações. O diretor deve prestar contas de seus atos e, para isso, poderá utilizar os diversos meios de comunicações existentes e disponíveis na escola para dar clareza e retidão aos seus atos. Não deve agir por impulso e demonstrar coerência entre aquilo que ele diz e aquilo que ele faz; 28 � Ser solícito e ser humilde: é importante ao bom diretor estar disposto a obedecer e seguir regras do sistema; � Ser inovador, flexível, aberto; � Ser crítico, participativo, ligado às atualidades e ao aprendizado constante; � Ser um agregador de ideias e sugestões, possibilitando uma gestão nova, eficiente e ativa; � Possuir qualificação e competência profissional, estar sempre buscando a formação continuada; � Estar disposto a buscar parcerias, convênios, voluntários; � Estar disposto a cumprir uma carga horária de trabalho de quarenta horas semanais, sendo oito horas diárias, distribuídas de tal forma que o diretor esteja presente em todos os turnos. � Ser um bom comunicador. A palavra chave hoje é comunicação, o bom gestor deve saber falar, ouvir, escrever e colocar às claras todas as informações; � Ser amoroso, carinhoso, gostar de crianças e jovens, gostar de lidar com gente. Para Antônio Carlos Gomes da Costa, pedagogo e consultor, há três perfis básicos na função de gestor escolar democrático: � O administrador escolar — mantém a escola dentro das normas do sistema educacional, segue portarias e instruções, é exigente no cumprimento de prazos; � O pedagógico — valoriza a qualidade do ensino, o projeto pedagógico, a supervisão e a orientação pedagógica e cria oportunidades de capacitação docente; � O sócio-comunitário — preocupa-se com a gestão democrática e com a participação da comunidade, está sempre rodeado de pais, alunos e lideranças do bairro, abre a escola nos finais de semana e permite trânsito livre em sua sala. 29 UNIDADE 6: O ADMINISTRADOR ESCOLAR E A ÉTICA O diretor escolar, já se sabe, é um líder e como líder tem funções importantíssimas e, que para que possa desempenhá-las bem, precisa ser democrático, empreendedor, capaz de apontar caminhos, capaz de mobilizar a escola e a comunidade. Sabendo que a ética pessoal é a base de todas as relações do líder com a sociedade e que para ser um verdadeiro líder, o diretor precisa manter o seu senso ético. Daí vem as dúvidas: o que vem a ser ética? Ética é o mesmo que Moral? Ética não é moral. Ela é produto da moralidade Ética é um conjunto de princípios para a vida e para o trabalho. Moral é uma filosofia pessoal baseada na capacidade de distinguir o certo do errado. A Ética representa ações baseadas no conceito de certo e errado. Palavras relacionadas à ética: moral, integridade, honestidade, valores, confiança, dever, virtude, verdade, decência, coragem, prudência, lealdade, honra, bondade, fidelidade, consciência. A participação democrática é condição fundamental para a administração ética da escola em todos os seus aspectos, sendo que o nível da maturidade do gestor é fundamental. Para desenvolver essa maturidade é essencial que o administrador escolar procure sempre a formação nos aspectos pessoal, técnico e político. Paralelamente ao próprio amadurecimento, o administrador escolar deve contribuir para a formação pessoal, técnica e política dos membros de sua escola. Treinamentos, cursos de aperfeiçoamento pessoal, programas de capacitação, avaliação contínua e permanente, grupos de discussão, valorização do professor e a inserção da comunidade no projeto pedagógico da escola são iniciativas necessárias ao efetivo gerenciamento ético da escola, nos seus variados aspectos. 30 UNIDADE 7: PAPÉIS E FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR ESCOLAR Dirigir e coordenar significa assumir, no grupo, a responsabilidade por fazer a escola funcionar mediante o trabalho em conjunto. E é com base no estilo de gestão democrático-participativo que estudaremos as funções do diretor escolar. Cabe ao diretor da escola, preocupado com uma gestão democrática, assegurar: � A execução coordenada e integral de atividades dos setores e dos indivíduos da escola, conforme decisões coletivas anteriormente tomadas; � Assegurar também o processo participativo de tomada de decisões, cuidando, ao mesmo tempo, que essas se convertam em medidas concretas efetivamente cumpridas pelo setor ou pelas pessoas em cujo trabalho são aplicadas; � Garantir a articulação das relações interpessoais na escola e no âmbito em que o dirigente desempenha suas funções; � Assegurar que a escola realize a sua missão: ser um lugar de educação, entendida como elaboração do conhecimento, aquisição de habilidades e formação de valores; � Animar a comunidade educativa na execução, com qualidade, do projeto educacional; � Incrementar a gestão democrática e participativa da ação pedagógico- administrativa; � Conduzir a gestão da escola nos seus aspectos administrativos, econômicos, jurídicos e sociais. O bom diretor exerce funções de caráter administrativo, pedagógico e social, porém nada pode desviar o seu caminho do pedagógico, é o bom resultado da aprendizagem, a educação de qualidade que deve ser o foco central de todo seu trabalho. 31 7.1 - Funções Administrativas: a. Entender a legislação escolar e as normas administr ativas e cuidar de sua aplicação: O diretor precisa ter à sua disposição as leis e os regulamentos oficiais, relacionados à escola. Além disso, ele deve divulgar o conteúdo desses documentos à equipe escolar e assegurar seu cumprimento. Vejamos alguns desses documentos: documentos jurídicos sobre a vida funcional de funcionários e professores, regimento interno; organograma, proposta curricular, projeto político pedagógico, planos de trabalho e controles financeiros, Parâmetros Curriculares Nacionais, a LDB e outros.b. Administrar os recursos físicos, materiais didát icos e financeiros e zelar dos mesmos. Esse aspecto está relacionado primeiramente à gestão da infra-estrutura porque envolve as ações de manutenção e conservação do edifício e suas instalações e a garantia de adequação desses aos objetivos escolares. É o diretor quem deve dar garantia aos alunos, aos serviços administrativos e pedagógicos e aos professores, das condições necessárias para desenvolvimento do trabalho e garantia da qualidade, através da adequação e suficiência do mobiliário e material didático. c. Ser responsável pela previsão das despesas e rec eitas da escola, escrituração, avaliação e controle dos recursos rec ebidos e gastos efetuados. As escolas públicas recebem recursos para os quais existem regras de aplicação. Com os recursos o diretor pode adquirir bens e contratar serviços que atendam ao interesse coletivo. Ele é o responsável pela supervisão e organização financeira e o controle das despesas da escola, mas isso deve ser feito em comum acordo com o Conselho Escolar e os membros de sua equipe, além de seguir as normas que determinam o que podem comprar ou contratar e como prestar contas. Os diretores, juntamente com o vice-diretor, naquelas escolas em que existe essa função, e o conselho escolar têm que lembrar que eles são responsáveis e responderão pelos recursos financeiros recebidos da Secretaria estadual de 32 educação, dos recursos financeiros provenientes das eventuais doações, dos recursos destinados à unidade escolar e pela movimentação bancária dos suprimentos de fundos. O diretor deve estar ciente de que deverá submeter à apreciação do conselho escolar os balancetes mensais dos recursos da escola além de outras obrigações legais. d. Dirigir, organizar e administrar as rotinas orga nizacionais e administrativas Refere-se a todas as atividades de coordenação e de acompanhamento do trabalho das pessoas envolvendo o cumprimento das atribuições de cada membro da equipe, a realização do trabalho em equipe, a manutenção do clima de trabalho e a avaliação do desempenho. Ao diretor cabe aplicar diretrizes de funcionamento na instituição, assim como normas disciplinares, como também responsabilizar-se pelo desenvolvimento do grupo. Também é responsabilidade do diretor a distribuição do pessoal administrativo de acordo com os diversos turnos de funcionamento da escola. O diretor deve listar as atividades rotineiras da escola que compõem a organização da escola e "intencionalizá-las" do projeto educacional para que superem o império da rotina e da burocracia (matrícula, composição das turmas, início do ano letivo,...) e. Organizar e gerir a secretaria escolar e os serv iços gerais O diretor deve coordenar as ações da secretaria escolar que dentre outras reúne as funções de recepção e de contato com as pessoas e as atribuições administrativas propriamente ditas relativas ao registro escolar de alunos e professores, registros, arquivos, e outros. Nesse papel de coordenador, o diretor deverá proceder a conferência e assinatura de documentos escolares, encaminhamento de processos, correspondências ou expedientes da escola. Deve coordenar os serviços gerais zelando pela qualidade das atividades da: zeladoria que é realizada pelos serventes e dia respeito à manutenção, conservação e limpeza do prédio, à guarda das dependências, instalações e equipamentos, à 33 cozinha e à preparação e distribuição da merenda escolar; à execução de pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola. Da vigilância que cuida do acompanhamento dos alunos em todas as dependências da escola, menos na sala de aula, orientando-os quanto às normas disciplinares, atendendo-os em caso de acidente ou doença como também do atendimento às solicitações dos professores quanto a material escolar, assistência e encaminhamento de alunos. E do serviço de multimeios que compreende a biblioteca, os laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros recursos didáticos. O gestor deve fazer reuniões com seus funcionários operacionais para informar-se sobre o que cada um realiza no estabelecimento, como o executa e quais problemas e sugestões têm para a melhoria do serviço. 7.2 - Funções Pedagógicas Essas funções respondem pela viabilização do trabalho pedagógico-didático e por sua integração e articulação com os professores em função da qualidade do ensino. De acordo com Paro (1993, s/p): Envolvido, assim, com os inúmeros problemas da escola e enredado nas malhas burocráticas das determinações formais emanadas dos órgãos superiores, o diretor se vê grandemente tolhido em sua função de educador, já que pouco tempo lhe resta para dedicar-se às atividades mais diretamente ligadas aos problemas pedagógicos no interior de sua escola. a. Organizar, coordenar e acompanhar as atividades do planejamento e do projeto pedagógico curricular, O diretor é responsável pelo planejamento de ações e procedimentos orientados para o alcance dos objetivos declarados nos documentos da escola. Esses documentos são: O Projeto Político Pedagógico da Escola e a Proposta curricular. São eles que dão a direção política e pedagógica para o trabalho escolar e o desenvolvimento do currículo, que é o referencial concreto da proposta pedagógica. Neles estão sistematizados os objetivos a alcançar, os métodos de ensino, a sistemática de avaliação, a estrutura organizacional, enfim, os propósitos, os valores, princípios e regras da escola, então é responsabilidade do diretor dar 34 vida a esse projeto cuidando para que esteja bem definido, que os professores e toda a equipe estejam preparados para desenvolvê-lo. Cabe ao diretor articular os propósitos e as ações contidos nesses dois documentos. Vejamos como o diretor deve fazer: � Propor e supervisionar a elaboração de diagnósticos para o projeto curricular da escola e para outros planos e projetos; � Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo; � Estimular a realização de projetos conjuntos entre os professores; � Diagnosticar problemas de ensino e aprendizagem estimulando a adoção de medidas pedagógicas preventivas, a adequação de conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. Essa função deve ser exercida juntamente com a coordenação pedagógica, porém nas escolas onde não existe essa figura, o diretor deve buscar o apoio direto dos professores para executá-las. Para acompanhar a aprendizagem de todos os alunos da escola, o diretor precisa ter relatórios organizados em forma de fichas, tabelas ou quadros constando informações gerais sobre o desempenho das turmas. Juntamente com a coordenação pedagógica deve acompanhar também outros processos do ensino-aprendizagem como a elaboração e execução do planejamento de ensino, o uso de metodologias e procedimentos adequados à matéria e as condições de aprendizagem dos alunos, as práticas avaliativas, o relacionamento professor-aluno, a organização dos níveis escolares, os horários, a distribuição dos alunos por turma, a evasão, a distorção idade-série. 35 De acordo com Sander (1995, s/p) A dimensão pedagógica da administração da educação refere-se ao conjunto de princípios, cenários e técnicas educacionais intrinsecamente comprometidos com a consecução eficaz dos objetivos do sistema educacional e de suas escolas e universidades Um diretor comprometido, parceiro da construção das políticas de sua Secretaria e do MEC, poderá ajudar a escola a cumprir sua vocação. Poderá ajudar a definir os rumos necessários para reverter os quadros dramáticos apresentados pelo Censo Escolar e pelo SAEB. Não basta o acesso e a permanência, é preciso que o aluno aprenda. Há que se criar, através da gestão democrática e compartilhada, as condições para a viabilização destamissão. Deve acompanhar também o desenvolvimento das ações educativas realizadas fora da sala de aula que também estão direcionadas para a formação dos alunos como também assegurar a realização da reunião dos vários órgãos da escola (conselho deliberativo, de classe, ...) com a finalidade de promover a reflexão crítica sobre a prática pedagógica. b. Viabilizar a escola como centro de formação continuada dos educadores, entendendo-se por isto: � qualificar, formativamente (através da reflexão sobre a ação e nova ação), as reuniões formais já existentes; � promover condições institucionais para consolidação do projeto educacional; � oportunizar a participação em congressos, encontros; � Aliar-se a corpo docente para instalar a capacidade de agir, pensar e agir, em contínuo processo de reflexão sobre a própria prática docente, para criar um "clima institucional" de prática pedagógica consciente, crítica, competente e transformadora. O diretor não precisa ser profundo conhecedor de temas pedagógicos para administrar pedagogicamente a escola. O que ele precisa é ter visão, ter clareza e firmeza de objetivos, inspirar o grupo, escutar as ideias, conhecer as necessidades e 36 expectativas de alunos e professores e liderar as pessoas para fazerem o que lhes cabe da maneira mais eficiente e humana possível. c. Dar assistência pedagógica sistematizada aos pro fessores O diretor precisa apoiar o professor através do desenvolvimento de um sistema de assistência pedagógico-didática que forneça subsídios para a concepção, construção e administração de situações de aprendizagem adequadas às necessidades educacionais dos alunos e que ajude o professor a cumprir o programa de ensino, dando apoio para que ele consiga um melhor envolvimento dos alunos, sua participação ativa, o desenvolvimento de habilidades, capacidades intelectuais e valores. 7.3 - Função Social a. Organizar atividades que assegurem a relação ent re escola e comunidade Implica em desenvolver ações que envolvam a escola e suas relações externas, tais como os níveis superiores de gestão do sistema escolar, os pais, as organizações políticas e comunitárias, a cidade e os equipamentos urbanos. Ao desempenhar esse papel, o diretor está buscando as possibilidades de cooperação e apoio, oferecidas pelas diferentes instituições, que contribuem para o aprimoramento do trabalho da escola. O diretor deve favorecer a participação dos pais na gestão escolar mediante canais de participação bem definidos e estreitar o relacionamento, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e didático da escola, à comunicação das avaliações dos alunos e a interpretação que se faz delas. O bom gestor deve desenvolver algumas estratégias fundamentais na tentativa de construir ambientes de participação e mobilização de pessoas na escola, são elas: � estar atento às solicitações da comunidade; 37 � ouvir com atenção as opiniões e o que os membros da comunidade têm a dizer; � mostrar a responsabilidade e a importância do papel de cada membro da escola e de cada família para o bom andamento do processo educacional; � deixar que todos falem; � respeitar as decisões tomadas em grupo; � tornar a escola um espaço de sociabilidade; � criar ambientes físicos confortáveis para assembléias e reuniões; � destacar a importância da integração entre as pessoas; � valorizar o trabalho coletivo e participativo; � desenvolver projetos educativos voltados para toda a comunidade e não somente para alunos; � tornar a escola um espaço aberto e disponível à comunidade, mesmo em dias e horários que não são letivos; � ressaltar a importância da comunidade na identidade da escola; � valorizar ao máximo a presença de cada um que frequenta ou visita a escola. b. Assumir cada vez mais a função de líder comunitá rio O diretor da escola como parceiro no projeto de construção de uma nação melhor, no qual a escola tem um papel fundamental, deve se preocupar com esta função de líder. c. Promover a comunicação da escola com os pais ou responsáveis, de forma a garantir que as suas necessidades sejam exp ressas e para que se comprometam com o projeto educacional da escola. A participação da comunidade como co-gestora, através dos conselhos escolares e da comunidade escolar na construção do projeto político-pedagógico, no gerenciamento financeiro dos recursos da escola, na definição das relações que a escola tem com seus alunos e com a própria comunidade. A escola como bem 38 público e a serviço desse mesmo público, é fundamental, passando a centro dinamizador da comunidade. Segundo afirma Nóvoa (1999, s/p), As escolas constituem uma territorialidade espacial e cultural, onde se exprime o jogo dos actores educativos internos e externos; por isso, a sua análise só tem verdadeiro sentido se conseguir mobilizar todas as dimensões pessoais, simbólicas e políticas da vida escolar, não reduzindo o pensamento e acção educativa a perspectivas técnicas, de gestão ou de eficácia stricto sensu Garantir a participação da comunidade interna e da comunidade que está no entorno social de uma escola é fundamental para uma gestão democrática. Para que o diretor consiga estabelecer objetivos comuns a partir de interesses compartilhados por pais, alunos, professores e funcionários, é necessário que ele fique atento às seguintes dicas: � Descubra um horário compatível para conversas informais com os diferentes atores sociais na escola (Ex: o horário da merenda com professores, a entrada ou saída de alunos com os pais, o início ou o final do dia com funcionários). � Estabeleça uma periodicidade para esses encontros (não precisam ser diários, mas não dilate por demais o espaço entre um e outro, pois isto dificulta a formação do hábito de dialogar). � Organize as sugestões colhidas e apresente-as nas reuniões do colegiado da escola (destaque os meios sugeridos para viabilizá-las). � Promovam o encontro de pessoas diferentes (pais, professores, outros profissionais) com ideais semelhantes para a troca de experiência e coleta de sugestões. d. Dividir responsabilidades na execução, organizaç ão e avaliação de ações. Para que o diretor tenha condições de cumprir essa tarefa é importante que ele: 39 � Quando das deliberações coletivas, insista sobre a designação dos responsáveis. � Indique pessoas responsáveis pela execução de uma proposta daquelas que apresentaram a ideia inicialmente. � Destaque a importância de incorporar novas pessoas em um grupo de trabalho, evitando a concentração responsabilidades entre poucos. � Auxilie informalmente nas atividades desenvolvidas por outras pessoas, procurando superar obstáculos. � Organize seu horário de trabalho de modo a divulgar suas disponibilidades (evite ficar isolado em uma sala preenchendo formulários, relatórios, etc. Envolva-se mais com a vida da escola). � Procure indicar alternativas possíveis para a realização de uma atividade. � Promova a integração de grupos que trabalham em horários diferenciados, possibilitando a troca de ideias, experiências. e. Gerenciar Conflitos Uma das funções que mais exigem sabedoria do administrador escolar é a função de administrar conflitos. A compreensão de que o conflito é inerente e inevitável na organização escolar é acompanhada da visão da importância da função do conflito e da crença de que ele pode contribuir positivamente para o desenvolvimento da escola. Porém, uma concepção excessivamente formal e burocrática da escola tende a interpretar o conflito como disfuncional, como fonte de alterações das regras estabelecidas. Para uma eficaz resolução dos conflitos é preciso compatibilizar alguns passos a serem seguidos, conhecer e aplicar alguns saberes e, também,definir o estilo a ser adotado. Os seguintes passos são considerados de suma importância: a) criar uma atmosfera afetiva; b) esclarecer as percepções; 40 c) focalizar em necessidades individuais e compartilhadas; d) construir um poder positivo e compartilhado; e) olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado; f) gerar opções de ganhos mútuos; g) desenvolver passos para a ação a ser efetivada; h) estabelecer acordos de benefícios mútuos. Para que a negociação possa ocorrer, é necessário que ambas as partes tenham as seguintes capacidades: � Saber comunicar - sem diálogo não há comunicação nem solução possível para os problemas; a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos é causada por uma comunicação inadequada. � Saber ouvir - ouvir ativamente, pois metas e intenções não compreendidas levam sempre a uma resolução sem sucesso; demonstrar interesse genuíno pela pessoa que fala e pelo assunto; evitar criticar ou tentar dirigir a conversa; adotar uma posição afirmativa, mostrando respeito pela outra pessoa. � Saber perguntar - saber perguntar é uma outra faceta do ouvir ativamente, pois quem pergunta conduz a conversa. Quanto ao estilo a ser adotado, é recomendável adotar um estilo que leve à solução do conflito da forma mais pacífica possível. O que vai definir seu atual estilo de administrar conflitos está diretamente ligado a duas importantes características de comportamento: assertividade e cooperação. O manejo de situações de conflito é essencial para as pessoas e as organizações como fonte geradora de mudanças, pois das tensões conflitivas, dos diferentes interesses das partes envolvidas é que nascem oportunidades de crescimento mútuo. 41 UNIDADE 8: ATRIBUIÇÕES DO DIRETOR ESCOLAR São muitas as atribuições do diretor da escola, ele deve estar atento ao cumprimento de todas elas, por isso o bom diretor dever ter um bom planejamento de suas ações para que possa organizar, executar e controlar melhor a sua gestão. Embora as atribuições do diretor estejam distribuídas ao longo de todo o ano, a separação pode ser feita da seguinte forma: 1. Atribuições do início do ano � Organizar a escola, a distribuição das salas, a formação de turmas; � Elaborar e apresentar plano de trabalho no início de cada ano letivo; � Elaborar e cuidar do cumprimento o calendário escolar; � Coordenar a elaboração e a implantação do projeto político pedagógico, ou proposta pedagógica e do regimento escolar, junto com o vice-diretor e com o coordenador pedagógico; � Elaborar e divulgar o calendário de eventos, de reuniões administrativas e outras; � Elaborar o plano de aplicação dos recursos financeiros para avaliação e aprovação; � Promover a escolha dos livros didáticos. 2. Atribuições próprias do final do ano: � Programar as atividades para o período de férias escolares; � Realizar o inventário do patrimônio da escola: O diretor deverá uma vez por ano levantar os bens patrimoniais disponíveis na escola, ou seja, fazer a contagem física de todo o patrimônio, como por exemplo, mesas, cadeiras, armários, etc., e registrar nos formulários de inventário de bens móveis e no termo de 42 responsabilidade (pedir modelos na Secretaria de Educação para mostrá-los na TV) que ele assina junto à Secretaria Estadual de Educação; � Realizar o balanço anual: Balanço esse em que o diretor irá fazer sua prestação de contas do exercício daquele ano, junto ao conselho escolar, aos órgãos competentes e a comunidade geral; � Fazer a distribuição das turmas para os professores do ano seguinte, bem como a organização do horário do quadro de funcionários; � Promover uma avaliação de sua gestão com a participação de toda a comunidade escolar interna e externa. 3. Atribuições ao longo do ano: � Participar das designações dos professores que assumirão as aulas ou outros funcionários; � Receber os novos professores; � Executar as determinações dos órgãos aos quais a unidade escolar está subordinada; � Manter atualizado o inventário dos bens públicos, zelando por sua conservação; � Apresentar à comunidade, dentro dos prazos estabelecidos, os resultados da avaliação de desempenho e a movimentação financeira da unidade escolar; � Propor ações que visem à melhoria da qualidade dos serviços prestados; � Submeter à apreciação do Conselho escolar as transgressões disciplinares dos alunos, ouvida a coordenação pedagógica e o conselho escolar; � Cumprir e fazer cumprir o estatuto do magistério; � Coordenar o processo pedagógico, articulando as ações entre os turnos de funcionamento da unidade escolar; � Participar de programas de formação propostos para os coordenadores pedagógicos; 43 � Assegurar que os alunos estejam nas salas de aula ou em atividades ou em locais apropriados; � Assegurar que os professores estejam nas classes e estimular o cumprimento do programa de trabalho; � Aplicar e analisar as avaliações do corpo docente e pedagógico pedidas pela Superintendência e Secretaria de Educação; � Assegurar o cumprimento das rotinas de limpeza, segurança e merenda; � Verificar saldos e pagamentos; � Submeter as contas à aprovação do Conselho escolar; � Assegurar a manutenção do clima cordial na escola entre alunos, professores, funcionários e pais; � Assegurar que os professores estejam cumprindo com os seus planos de curso; � Assegurar o atendimento às solicitações de documentos fornecidos pela escola; � Verificar na secretaria como estão organizados os documentos, identificando a existência da documentação obrigatória, a forma como os documentos estão sendo arquivados corretamente e por completo; � Avaliar a frequência de alunos, dos professores e dos demais servidores da escola; � Avaliar o andamento do plano individual de trabalho, para que possa rever as metas do plano, rever os resultados, rever o calendário anual e corrigir os rumos; � Analisar a situação financeira da escola; � Verificar o suprimento e as necessidades de compras; � Avaliar o rendimento do aluno e acionar medidas de recuperação. O diretor a cada dois meses deve analisar o resultado dos alunos no bimestre e nos anteriores a ele verificando o desempenho deles e sua evolução ou retrocesso. O diretor também deve analisar os mecanismos de avaliação utilizados, verificar e rever as estratégias de ensino de cada professor, definir as atividades que proporcionem a 44 recuperação dos alunos e informar a esses e aos pais os resultados apresentados e as medidas a serem adotadas; � Acompanhar a aplicação de avaliações internas e externas (Saeb, ENEM, PROALFA, SIMAVE, Olimpíadas de Matemática, Física e outros), como também analisar o resultado dessas avaliações utilizando os mesmos para verificação do perfil da escola e elaborando de metas e planos de intervenção; � Verificar o índice de evasão, transferências, dependências e médias perdidas por alunos; � Tomar providências com relação a alunos que estão evadidos; � Promover reuniões periodicamente com pais, alunos e professores para a divulgação de resultados, planejamento coletivo e busca de soluções para os problemas de evasão, indisciplina, baixo rendimento e outros. É necessário que o diretor, além de traçar planos de ações que serão executadas durante o ano, o semestre, o mês, a semana, elabore a agenda do dia, pois assim ele será capaz de atualizar e conciliar o que é urgente com o que é prioridade e também poderá delegar para outras pessoas tudo aquilo que ele ver que não poderá cumprir. As atribuições detalhadas acima, principalmente as que envolvem o pedagógico deverão ser compartilhadas com o supervisor, orientador, coordenador, professores e pais, porém é necessária a liderança democrática do bom gestor. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA BÁSICA FILHO
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