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@guria.dodireito Seguridade Social Conceito doutrinário = é o sistema de proteção social instituído pelos Estados que tem como objetivo garantir aos indivíduos a superação de determinadas contingencias a fim de preservar o mínimo existencial e, reflexamente a dignidade humana. Conceito legal = Conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e a assistência social (art.194 da CF) O sistema de proteção social possui 3 fases históricas são elas: Assistência social Seguro social Seguridade social Na primeira fase, temos a assistência social que visa a proteção aos necessitados e era exercida no âmbito familiar ou comunitário, como uma assistência privada, sem a influência do Estado. Após a lei dos pobres surgiu a fase da assistência publica que era responsabilidade da igreja sendo destinadas as crianças, inválidos e idosos. No Brasil, essa primeira fase foi instituída com a criação da primeira Santa Casa em 1543, após isso no Brasil, a Constituição Imperial de 1824 passou a prever socorros públicos enquanto ações de natureza assistencial. A segunda fase, denominada de seguro social começa com Bismarck que instituiu o primeiro sistema de seguro social. Esse sistema foi fruto da pressão popular em face das precárias condições de trabalho (revolução industrial estava se formando) Compreendia: seguro doença, seguro contra acidentes de trabalho, seguro de invalidez e de proteção à velhice Era financiado por contribuições de empregados e empregadores sendo destinado para as pessoas incluídas na sociedade por conta de seu trabalho ou atividades que mantivessem a sua subsistência. No Brasil, o marco inicial da segunda fase do Brasil, foi a Lei Elói Chaves (L.4682/1923) que instituiu o seguro social começando de forma bem restrita, com a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) que era organizado de forma privativa pelas empresas. Em 1835 houve a construção do primeiro mongeral espécie de previdência privada voltado somente para o sistema mutualista A terceira fase denominada de seguridade social possui início em 1941 com o economista Beverdige que criou um plano de proteção social de caráter social denominado de “do berço ao tumulo”. Esse plano não atendia apenas aos trabalhadores, mas toda a sociedade mantendo a tríplice fonte de custeio (Estado, trabalhador e empregador) Foi a CF/88 que instituiu a seguridade social e em 1990 o Decreto n. 99.350/1990 criou o INSS, mediante a fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Princípios do direito previdenciário brasileiro Os princípios são espécies de normas que norteiam a elaboração, aplicação e interpretação de regras jurídicas e tem observância nos princípios gerais da CF. O primeiro e o principal principio é o da solidariedade, pois é objetivo primordial da Rep. Federativa do Brasil, possui caráter de proteção e fundamentando o regime de repartição simples onde as pessoas não pagam para a sua aposentadoria individual, mas para um sistema previdenciário E fundamenta também a compulsoriedade do sistema onde o seguro social não é opção e sim obrigação, justificando assim a aposentadoria por incapacidade permanente e o retorno ao trabalho mesmo sem direito a nova aposentadoria. O sistema previdenciário brasileiro possui objetivos específicos expostos no ar.t. 194, parágrafo único da CF que são eles: Principio da universalidade Principio da universalidade e da equivalência dos benefícios e serviços às populações rurais e urbanas. Princípio da seletividade e distributividade das prestações de serviços e benefícios Principio da irredutibilidade do valor dos benefícios Direito Previdenciário @guria.dodireito Principio da equidade na forma de participação no custeio O primeiro, diz respeito a universalidade de cobertura e de atendimento, e a partir disso tem- se a seguinte pergunta: A universalidade diz respeito a todos os subsistemas? A resposta é não. Quanto a saúde é ampla pois é direito de todos e um dever do Estado, independendo de contribuição, embora o mesmo não ocorra com a assistência que é restrita aqueles que necessitam de apoio estatal comprovado por mais que independa de comprovação. Já no que tange a previdência é o subsistema mais limitado possível pois só vai ter acesso quem contribuir de forma expressa, sendo por isso um sistema contributivo nato. O principio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços as populações urbanas e rurais dizem que antes da CF/88 tinha-se um tratamento diferenciado entre os rurais e urbanos já que para o primeiro era dado um benefício assistencial. Esse sistema visa um “Plano único de benefícios” que tem por objetivo a mesma proteção e uma isonomia financeira de prestações Princípio da seletividade e distributividade das prestações de serviços e benefícios = quanto a isso podemos separa em dois grupos: Seletividade Distributividade O primeiro harmoniza os conflitos e prioriza as prestações de maior essencialidade como por exemplo o salário família e o auxílio-reclusão. Já o segundo é o que tange ao grau de cobertura visando a redução das desigualdades Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, podemos classificar esses valores em dois grupos: Valor nominal Valor real O primeiro trata que não pode reduzir valores sendo medido nos termos de preços vigentes naquele momento, já o segundo é sobre o ajuste nos valores que pode ou não ser vantajoso. A CF preza pelo valor real? A resposta é sim, para o sistema previdenciário (art. 201, §4º) e segundo o STF é impossível a redução do valor nominal dos benefícios Princípio da equidade na forma de participação no custeio. A equidade é ser justo, logo visa garantir uma isonomia material com a adoção de regimes diferenciados de contribuição e a progressividade das alíquotas. (maior alíquota maior o salário) O Princípio da diversidade da base de financiamento objetiva garantir sustentabilidade do sistema social que não precisa gerar lucro, mas também não pode dar prejuízo. Conforme o art. 195 da CF O Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração decorre do art. 10 da CF e visa garantir a participação da sociedade no gerenciamento da seguridade social, pra isso faz uso da gestão quadripartite Beneficiários da previdência Os beneficiários são pessoas físicas cobertas pela proteção beneficiaria e podem ser divididos em dois grupos: Segurados Dependentes Segurados obrigatórios e facultativos Os segurados são divididos em: Obrigatórios Facultativos Os segurados obrigatórios são os elencados no art. 11 da Lei da previdência social O art. 201 da CF estabelece a filiação obrigatória como um pressuposto para a existência do princípio da solidariedade. No âmbito previdenciário é importante traçar a existência de um pacto intergeracional onde eu pago hoje para a pessoa que se aposentou ontem amanhã quando eu estiver aposentado será por contribuição de quem estará trabalhando Será segurado obrigatório quem exerce atividade remunerada e não possui regime próprio de previdência Um servidor publico que possua um regime próprio de previdência pode se vincular ao RGPS? Sim, desde que venha a exercer uma atividade abrangida pelo RGPS @guria.dodireito Vale ressaltar que aquele que exerce mais de uma atividade remunerada sujeito ao RGPS será filiado em relação a cada uma delas (art. 11, §2º) Pode ser de espécies distintas = empregado + contribuinte individual Pode ser de mesma espécie = 2 vínculos de empregado Quanto ao aposentado que continuar ou voltara trabalhar será considerado segurado obrigatório, ele contribuirá no que tange ao seu salário de empregado e não a sua aposentadoria (art. 11, §3º) No caso de dirigente sindical mantem o mesmo enquadramento no regime geral da previdência que possuía anteriormente. Os tipos de segurados obrigatórios são: Empregados Empregado domestico Contribuinte individual Os segurados facultativos são aqueles cuja filiação ao RGPS decorre de ato de sua própria vontade (e não de imposição legal por desempenhar uma atividade remunerada) e é conceituado no art. 13 da Lei de previdência Decorre do princípio da universalidade do atendimento (art. 194, p.ú, I da CF) e ocorre uma vedação da filiação ao RGPS de quem possui regime privado (art. 201, §5º) salvo se houver afastamento do empregado desde que a pessoa pare de contribuir para o regime próprio (art. 201, §2º) No decreto 10.410 de 2020 consta que o segurado poderá contribuir facultativamente durante os períodos de afastamento ou inatividade desde que não receba remuneração nesses períodos Pelo decreto 10.410 pode considerar contribuinte facultativo, todo aquele que se dedique ao trabalho doméstico (sem fazer distinção entre homem e mulher) e de acordo com a Lei 11788 também se enquadra o estagiário Os segurados especiais são aquelas pessoas físicas que residem em imóvel rural ou em um aglomerado urbano ou rural podendo ser em regime de economia familiar, em regime de economia individual ou com auxilio eventual (é o serviço em que não existe subordinação nem remuneração) de terceiros. O regime familiar é aquele tipo de regime rural em que trabalha a família e que todos são indispensáveis para a subsistência e para o desenvolvimento do núcleo familiar sem empregados permanentes. Os segurados especiais é qualquer indivíduo que explore atividade: Agropecuária em área de até 4 módulos fiscais Atividade de seringueiro ou extrativista vegetal (e faça uso dessas atividades como principal meio de vida) Atividade de pescador artesanal ou assemelhado que não utilize embarcação OU que use embarcação de pequeno porte e o assemelhado é aquele que realize atividades de apoio a pesca artesanal (art. 14,§9º e art. 14 A) O cônjuge e/ou o filho maior de 16 anos que trabalhem ativa e comprovadamente com o grupo familiar É importante ressaltar que no art. 11,§8º da lei da previdência (L8213) traz as hipóteses que não descaracteriza a condição de segurado especial Já no art. 11, §9º apresenta a hipótese de excluir a condição de segurado especial quando este perceber outra fonte de renda exceto se essa renda decorrente das hipóteses previstas nesse artigo Dependentes Quem pode filiar-se facultativamente? (art. 11, §1º RPS) = é um rol meramente exemplificativo O segurado especial pode contratar empregados? SIM, desde que siga determinados requisitos Desde que não seja permanente e deve ser contratado em prazo determinado, contados da seguinte forma: no máximo 120 pessoas por dia, em períodos corridos ou intercalados e por tempo equivalente em horas @guria.dodireito Os dependentes estão arrolados no art. 16 da L8213 e são os beneficiários que possuem uma relação reflexa que decorre de um vinculo de dependência presumida ou não com algum segurado As classes de dependentes são: Classe 1 = cônjuge companheiro e filhos Classe 2 = pais Classe 3 = irmãos Quanto a primeira classe precisa-se entender que é subdividido em 2 subclasses que leva em consideração a dependência econômica: Quanto ao cônjuge, companheiro e filhos biológicos ou adotivo existe a presunção de dependência econômica Quanto ao ex cônjuge/ companheiro e aos filhos equiparados (menor sob tutela e enteado) tem que ser comprovada a dependência econômica No que tange ao ex cônjuge ou ao companheiro com quem se mantem uma união estável, será necessário a comprovação da dependência com documento de período inferior a 24 meses. No que tange aos filhos/enteados ou menores tutelados eles não podem ser emancipados e precisam ser menor de 21 anos ou inválidos/com deficiência mental grave. A invalidez precisa ser pré existente a maioridade nos termos do art. 17, §1º No que se refere a segunda classe, é necessário entender que são considerados dependentes para efeitos previdenciários somente os pais e não os ascendentes e para ser validado essa dependência é necessário todo o processo de comprovação igualmente dos filhos. Quanto as relações familiares não convencionais existem orientações que os casais homoafetivos possam ser considerados dependentes previdenciários porem no que tange a vínculos conjugais múltiplos/paralelos os tribunais superiores não reconheceram essa dependência. O art. 17 da lei 3.048/ 99 traz as possibilidades de perda da qualidade de dependentes: Para o cônjuge = pelo divórcio, separação judicial, separação de fato, anulação do casamento, sentença judicial transitada em julgado e pelo óbito do segurado. Para o companheiro = pela cessação da união estável Para o filho e para o irmão = ao completarem 21 anos Filiação e inscrição A filiação previdenciária é o vinculo entre pessoas que contribuem para a previdência e a própria previdência que gera obrigações e deveres (art. 20 L8213), é a partir da filiação que se inicia a relação jurídica previdenciária. A filiação se subdivide em: Custeio = quando o trabalhador é polo passivo Prestacional = quando o trabalhador é polo ativo e o INSS deve prestar o beneficio A idade para se filiar é 16 anos ou 14 para o menor aprendiz. O momento da filiação depende da classificação do segurado: Para o empregado domestico e o avulso ocorre automaticamente com o exercício da atividade remunerada Para o segurado especial ocorre com o exercício da atividade rural ou pesqueira Para o contribuinte individual precisa pessoalmente fazer o recolhimento de suas rendas Para o segurado facultativo começa com a inscrição e com o primeiro recolhimento A comprovação da filiação se dará pelo CNIS, podendo a qualquer a qualquer momento solicitar a inclusão, exclusão ou ratificação das Sumula 336 do STJ = A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito a pensão por morte de ex marido se comprovada a necessidade econômica Existindo dependentes de classe anterior terá preferência aqueles de classe posterior (art. 16, §1º) Entendimentos superiores (STJ) sobre o tema: Invalidez superior a maioridade não afasta a relação de dependência O menor sob guarda permanece com a relação de dependência pois assim está previsto no ECA @guria.dodireito informações desde que comprovada por documentação dos dados divergentes. A inscrição previdenciária é o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS mediante comprovação de dados pessoais e outros elementos necessários a sua caracterização conforme o regulamento da previdência art. 18. A inscrição é posterior a filiação e visa a sua formalização. É importante ressaltar que a inscrição pode retroagir à época da filiação. A inscrição do empregado começa com a assinatura do contrato de trabalho e da CTPS. Ex: empregado entra na empresa na segunda e a empresa prevê a assinatura da carteira dele somente na sexta, porém na quarta feira ele sofre um acidente fatal e vem a falecer os dependentes deles tem direito receber benefício? Sim, pois o trabalhador já era filiado, porém não havia sido materializado a inscrição. A inscrição do domestico começa pela apresentação de um documento que comprove a existência de contrato de trabalho. Para o contribuinte individual inicia pela apresentação de documento que caracterize a sua condição ou o exercício de atividade profissional, se trabalharpor conta a inscrição não gera filiação automática sendo necessário a primeira contribuição. Para o trabalhador avulso, a inscrição começa com o cadastramento e o registro em sindicato ou em órgão responsável. Para o segurador especial a inscrição inicia pela apresentação de documento que comprove o exercício da atividade rural sendo vinculada ao grupo familiar. A inscrição dos segurados facultativos não retroage ao tempo da filiação, e para ser considerada a inscrição deve haver o recolhimento da primeira contribuição. A inscrição dos dependentes se dará a partir de um requerimento do beneficiário. Lembrando que quem realiza duas atividades concomitantemente em mais de uma atividade remunerada será inscrito em cada uma das atividades. A inscrição pós mortem só é possível para o empregado, para o doméstico, para o contribuinte individual que presta serviço a uma empresa, para o avulso e para o segurado especial, já para o contribuinte facultativo e o individual (autônomo) não é possível devido a sumula 52 da TNU. Carência previdenciária Conceito = É um período de tempo mínimo que o segurado deve passar cumprindo determinadas obrigações para que adquira direitos a determinados benefícios ou serviços. Para o segurado especial considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exercício da atividade rural ainda que de forma descontinua igual ao número de meses necessários à concessão do benefício requerido. O conceito legal tem definição legal no art. 24 e 26 das legislações previdenciárias. A contagem do prazo de carência começa partir do transcurso do primeiro dia dos meses de competência das contribuições pagas Para o segurado (inclusive o doméstico, avulso e contribuinte individual quando prestar serviço a empresas) = conta-se desde o primeiro dia do mês que se iniciou a execução da atividade remunerada. Para o segurado individual, para o especial e para o facultativo é considerada presumida a contribuição para a partir da data do primeiro recolhimento sem atraso. Havendo a perda da qualidade de segurado as contribuições só serão computadas para carência quando o segurado contar se filiado novamente e com 1/3 no mínimo de novas contribuições. Tabela de benefícios e prazos de carência = no caso de perda da qualidade de segurado, deverá ter pelo menos metade da carência após a nova filiação Exemplo: se o segurado paga a contribuição da competência fevereiro no mês de março, conta- se o período de carência a partir do dia 1º de fevereiro Exemplo: uma pessoa perdeu a qualidade de segurado em 1/02/200o, filiando-se novamente em 1/08/2001. Depois dessa nova filiação o segurado foi atingido por uma doença que o incapacita para sua atividade laboral por mais de 15 dias, porem para ter acesso a esse beneficio ele precisará cumprir carência de 4 contribuições pois a carência do auxilio doença é 12 meses (1/3 de 12 = 4). @guria.dodireito Os casos em que a carência não precisa ser cumprida estão elencadas no art. 26 e 30 da LGPS e são taxativos. Salario de contribuição = é a base de calculo da contribuição dos segurados, é o valor a partir do qual tem-se o valor de contribuições. Ele respeita um limite mínimo (piso salarial) O art. 28 da L 8212 traz o que se entende por salario de contribuição: Salário de benefício = é o valor básico para o cálculo. De regra, o valor é a media de todas as contribuições do beneficiário. O valor do salario de beneficio não será inferior ao valor de um salário mínimo e nem superior ao valor total das contribuições do desde a data de inicio do beneficio conforme art. 29, §2º da L8213/1991 Renda mensal dos benefícios ou renda mensal inicial = é o valor que o beneficiário recebe Período de graça = quando o segurado continua sendo segurado do RGPS de graça, sem ter que recolher para isso. Quanto aos limites podem ser: Sem limite de prazo = quando estiver em gozo do beneficio Até 12 meses = após a cessação de benefícios por incapacidade, salario maternidade ou contribuições, quando o segurado deixar de exercer atividade remunerada, estiver suspenso ou licenciado sem remuneração
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